Voz da Beira nº3 24-01-1914

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Ge sz

Redação e Faministração:

-que’ nos interessa: regionalmente,

w do paiz, precisando para isso de ir

torino ?
+

ADMINISTRADOR ;
A. Pedro E e
Suas E PROPRIETARIO:

— Bus Dr. Samtos, Valente Resp
CISGERERA O ge 4 pai

»

ASSIGNATURAS | dpbeçal

Anno, 15200 réis; Semestre, 600 réis,
Brazil, (fracos) 55000 rs. Avulso, 30 rs,

Não ‘se restiluem os originaes

 

“SEMANARIO. INDEPENDENTE a
—DEFEZA DOS INTERESSES DA COMIRÇA DA CERTI

 

PUBLICA-SE AOS SABADOS
COMPOSTO E IMPRESSO NA miNERVA GELINDA DE RAMALHOSA & VALENTE — CERTÃ

PONTE SOBRE O LEZERE

Parece estar superiormente re-
solvida a ligação dos dois distri-
ctos—Castello Branco e Leiria—
por meio da ponte sobre o Zezere,
cuja arrematação parcial já foi pos-
ta em praça.

Disso nos felicitamos, por ser
uma medida de grande alcance
economico para o futuro de ‘to-
dos os povos que compõem o ex-
tremo sul da Beira, e cremos ser
razão não menos justificada para
felicitarmos todos os nossos leito-
res que aqui tenham interesses, ou
que pelo menos se empenhem pela
prosperidade do seu paiz.

Uma ponte nestas condições, li-
gando duas províncias, com seus
districtos e concelhos, é alguma
cousa mais para à vida nacional
do que uma simples ponte entre
povos da mesma jurisdição ‘admi-
nistrativa. Vae nisso muito do en-
grandecimento e progresso do paiz
que no seu conjuncto politico-so-
cial tudo tem a lucrar com estas
audaciosas obras de fomento.

Debaixo deste ponto de vista, a
nova ponte sobre o Zezere, a rea-
lisar-se, constituirá um fácto gran-
dioso nos annaes da vida social da
nação, só por si capaz de fazer’ a
consagração patriótica do seu de-
fensor.

rão tudo a lucrar duma tal redu-
ção de distancia que até agora os
conservava isolados do resto do
paiz.

Porem, onde mais se refletem di-
rectamente as vantagens: proveni-
deste melhoramento, é no nosso
concelho, pela sua ligação proxi-
mo com Figueiró, estreitando laços
de comercio e relações pessoaes
importantes, de que por certo ha-
de résultar o seu progresso mutuo.

O nosso melhor comercio de
pescado fáz-se por intermedio deste
concelho com a Figueira da Fóz e
praias do norte, tendo de se fazer
morosamente o seu transporte em
cargas, alem do perigo que se cor-
re na ocasião das grandes cheias,
em que succede o rio não dar pas-
sagem a barcos, ficando a nossa
praça privada deste artigo de pri-
meira necessidadade, |

Similarmente a nossa exporta-
ção de azeite para Coimbra e Fi-
gueira é toda feita por almocreves
que em carroça tem/ de ir; dar a
volta por Ferreira e Cabaços, fóra
de toda a comodidade e conve-
niencia.

Certã e Figueiró, como sédes
dos dois concelhos fronteiriços, em
cuja area se levantará a ponte, tem
tudo a lucrar em beneficios de to-

 

ricbeiposqueid Ando ole dado genes

deve-se dizer que, d’ha muito, ne-
cessidadesde toda a especie, de que
enferma o nosso meio, clamavam
por este melhoramento, unico, de-
pois do caminho de ferro em proje-
cto, capaz de resolver a incognita
de tantos problemas de que depen-
de ‘o nosso futuro. ‘

Mal se comprehende que, sendo
a nossa região bastante exportado-
ra de generos de primeiro consu-
mo, tomo azeite, castanha, batata,
carvão vegetal, e madeira, não ti-
vesse ate ao presente nenhuma li-
gação directa com o norte e litoral

dar a volta por Payalvo até Pom-
bal, num percurso de mais de 100
kilometros.

Os concelhos de Oleiros, Proen-
ça Nova, e sobretudo Vila de Rei,
cujo trafego comercial se faz ape-
nas pela estação de Abrantes, te-

 

dg agr fer e wmpnindoslhe Rox já
to, até sua final conclusão. |

Não é preciso dize-lo, para que
se saiba, porque é um principio
assente sem discordancia, que os
melhoramentos materiaes duma re-
gião devem sempre ser estudados
em harmonia com os interesses e
necessidades dos povos, não se vá,
sob uma falsa aparencia de mtil-
dade, fazer o contrario do que se
pretende, ou pelo menos: prejudi-
car interesses geraes, tantas vezes
sacrificados à vindicta e comodis-
mo particular.

| Não se dará aqui esse cáso, pois
cremos bem que, tanto num conce-
lho como no outro, não haverá

diserepancia na interpretação, a
dar a uma obra de tão ne al-
cance material. T
Deverá ter-se apenas, em vista,
a mais curta e mais rapida apro-
ximação dos dois districtos,. apro-
ximação que operará-como factor

principal para o, estabelecimento
duma permuta comercial vantajo-
sa para ambos.

Concluida que seja a estrada de
Oleiros, já bem perto do seu termo
e feita a ligação com Villa de Rei,
depois de lançada a ponte sobre o
Zezere, a Certã e com ella toda a
região ficará gozando duma situa-
ção admiravel para se desenvol-
ver debaixo de todos os pontos de
vista.

Estarão então lançadas as ma-
lhas principaes donde hade sahir
uma rede de estradas vicinaes, li-
gando concelhos e freguezias

A Certã, pela sua posição topo-
graphica, será o ponto de reunião
de todas as estradas que aqui con-
vergirão de todos os pontos da co-
marca. Aqui será o centro de to-
do o movimento de trafego, que
depois seguirá com rumo ao seu
destino, trazendo-nos uma nova
animação comercial e pessoal, fó-
ra de toda a expectativa.

Soará então nma nova aurora
de progresso e de vida com o ro-
dar dar viaturas pejadas de gente
e de mercadorias.

Estrugirão as officinas ao im-
pulso de novas artes necessarias
ás industrias que se hão de criar
por força das cirennatancias.

A agricultura, animada com a
facilidade do consumo e EERRAS,

E) rará no sem perjado: Biro
GROo Br curar nov e! mercados

ra à permuta de seus generos tão
apreciados.

Somos unia região, por assim
dizer isolada do grande moyiimen-
to comercial do paiz, devido á fal-
ta de meios de comunicação. Tudo
quanto seja, pois, abrir novos pon-
tos de contacio com as forças vi-
vas da nação, reduzindo distan-
cias e aproximando mercados, de-
ve satisfazer a nossa aspiração
mais intima de ver progredir a
nossa terra, |
– Agora que se trata dum tão no-
tavel melhoramento que vem fazer
nova luz sobre as trevas em que
tem jazido a nossa, actividade, es-
tirilisando vontades e energias de
trabalho, bom é que todos se ani-
mem com a prespectiva do futuro
vidente que nos fica ussegurado.

Os beneficios, dahi provenien-

tos, sendo comuns à todo o distri-

cto, são-n’o muito especialmente à

 

ANNUNCIOS

Na 3.º e 4,º paginas cada linha, 30 réis
Noutro logar, preço convencional
Annunciam-se publicações de que se
receba um exemplar

nossa região, até hoje tão carecida
de providencias desta natureza, pe-
lo que todos colectivamente unidos
debaixo da mesma bandeira de in-
teresse comum deveremos -exfor-
çar-nos para que’ uma tal obra
chegue bem depressa 4 sua reali-
dade.

 

D. Isabel Frazão

Sahiu definitivamente para a sua casa
do Salgueiro (Beira Baixa), no dia 18, a
ex.”* snr,* D. Isabel Frazão, extremosa,
esposa do nosso amigo Dr. Albano d’Oli-
veira Frazão, dignissimo juiz em Almo-
dovar, que por mais de 20 annos aqui
exerceu o Cargo de Conservador do
Registo Predial.

Esta simples notícia que poderá pas-
sar desapercebida a muitos dos nossos
leitores, não será decerto indiferente a
todos aquelles que alguma vez. tiveram
ocasião de conversar com s. ex.º e ad-
mirar-lhe a expontaneidade senhoril do
trato afavel e captivante.

Finamente educada e com um capital
enorme de virtudes christãs, donde lhe
vinha o reflexo d’uma sympathia atra-
hente, a snr.º D. Isabel, durante a sua
permanencia n’esta villa, soube vincar
indelevelmente no seu brazão de senhora
fidalga a fidalguia do caracter no que
elle possa ter de mais genuinamente
nobre e prestimoso.

A Caridade era a principal manifesta-
ção de sua vida social, As suas reu-
niões, as suas festas de familia, a come-
moração das festas religiosas, tudo emfim
que podesse dar pretexto às efusões do
sentimento, era, finamente, aproy: sitado
+ | Re Qmáa. espiri ito bondoso para exercitar

Pode-se bem dizer que s, ex,* estabe-
leceu na Certãca escola do bem que
sempre exemplificou evangelicamente,
sem respeitos nem considerações pela
critica:

Orientada nos mesmos principios des-
s’oulra estrella do bem que se chamou
Duqueza de Palmella, s. ex.” contentava-
se apenas com o aplauso da sua conscien-
cia satisfeita, evitando a popularidade,
O seu melhor premio de trabalho era 9
dever cumprido.

À retirada de s, ex.º, que deixa na
tristeza tantos infelizes que sua mão so-
corria, impõe-nos o dever de em nome
desses pobres lhe dar aqui o adeus da
despedida.

Não tem elles palavras que traduzam
o seu sentir; mas têm lagrimas de afeto
que s. ex.º guardará no seu escrinio da
bondade, como o melhor penhor de seus
rudes agradecimentos.

— espero

Para a sua casa da Quintã, re-
tirou Vesta villaa ex.”* snr.“ D, Ma-
ria Henriqueta da Camara Magas
lhães.Camara Magas
lhães.

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Voz da Beira

 

‘yiy Mo e: es Sage amtsiças a

PRA TM
RO E, ra

 

Br. aintonio Wictorino

Fez annos no dia 21, este nosso
sympatico amigo,
o seu presado director, todo
o grupo da redacção da Voz da Beira
envia os seus respeitosos cumpri-
mentos de felicitação; -‘

 

VASSOURA

A Travessa do Penedo é das
mais imundas travessas d’esta vil-
Ja não obstante constituir uma ar-
teria da rua principal, a rua Ser-
pa Pinto. Não tem sido olhada com
olhos de ver por quem devia fazer
respeitar o codigo de posturas mu-
nicipaes e regulamentos sobre sa-
lubridade publica.

Ali vaza-se, a quaiquer hora do
dia ou da noite, tudo quanto ape-
tece a qualquer cidadão: aguas
imundas, materias fecaes, lixo, ca-
cos, ate,, ete. e a guarda encarre-
gada de fazer cumprir o codigo de
posturas e os regulamentos sobre
salubridade publica, passa (se pas-
sa) tapa o nariz e… vae andando,
dando de barato tudo quanto viu
e sentiu.

Ora isto não póde continuar as-
sim. À Certã não. é o Chão da
Forca. À Certã é uma villa, séde
d’um concelho e d’nma comarca,
das mais importantes do districto.

Aos seus. habitantes compete,
por decoro proprio, mantel-a ao
nivel das suas congeneres, respei-
tando o que se acha estatuido em
regulamentos sobre policia da vil-
la, que foram feitos para utilidade
dos mesmo habitantes; mas quan-
do estes, esquecidos dos seus de-
veres civicos, menosprezain e des-
respeitam esses mesmos regula-
mentos, às auctoridades compete
serem enexoraveis, € fazer cumprir,
com todo o rigor, aquillo que cons-
titue Lei.

À Voz da Beira, que tem por
unico objectivo o bem. estar e de-
senvolvimento material dos povos
que se propoz defender, lamenta
profundamente, ter de tocar nºes-
sa assumptos, mas folgará, se em

drasaiizerstra estroma logar
babes fico resultado das medidas
que forem tomadas no sentido de
obviar à continuação de tanta in-
mundicie na travessa a que vimos
de nos referir.

y e IEEE pipas
Fallecimentos

Falleceu nas Caldas da Rainha,
a madrasta do nosso amigo Ânto-
nio Augusto Rodrigues, habil es-
crivão de direito n’esta comarca,
a quem como, á restante familia,
enviamos 08 nossos sentidos peza-
mes. ir

No logar d’Aldeia Nova do
Fundão, falleceu a sr.” D. Maria
José de Mendonça Gerardo Castro
e Lemos, natural d’este concelho,
onde ainda possuia uma rasoavel
fortuna.

Luiz Domingues

Fez annos, no dia 20, este nog-
so simpatico amigo,
Felicitamo-lo. E

 

Joaquim Aidipal

Comemerando o trigessimo dia;
de falecimento d’este nosso amigo,
sua ex.” familia mandou resar duas
missas, sufragando a sua alma.

Foram celebrantes os revd,*
padres Antonio Fernandes e Edu-
ardo. Dias, assistindo toda a
população de Pedrogam Pequeno
e seus logares visinhos.

A Voz da Beira, se | existisse,
quando do seu passamento, ter-se-
hia feito representar no prestito
| funebre, mas presta aqui uma sin-
gela mas sincera homenagem á
memoria do homem honesto que
se chamou Joaquim Henriques
Vidigal e que foi um honrado cida-
dão e um amigo devotado d’este

concelho. |

e

GAZETILHA

Segundo a imprensa nos diz,
A que bebe do mais fino,
Suas despedidas gentis

Já fez o bom Bernardino;

Lá na terra dos saguiís.

 

Por isso inda n’este mês,
A conceder beijamão

E distribuir tagatés,
Todo janota e pimpão,
Cã o temos outra vez.

Com tal noticia fiquei
Jubiloso e sorridente,
Todo entusiasmado dei
Quatro pulos de contente,
Grande alegrão apanhei,

Pois dei sempre o cavaquinho
Plo republicano real,

Com suas barbas de linho,
Sempre festivo e cordial,
Elegante e maneirinho.

Que a saudar todo gazil,
A mão em apertos, gasta,
Faz barretadas ás E

E sem nunca dizer basta
No seu aplomb. senhoril.

Mas aiiráenhareadmnia timbç
Teso que nem um harrote,
Armado em seu paladino,
Qual um outro D. Quixote?

Ou por não mer’cer agrado
Em terras de Santa Cruz,
O democrata expatriado,

O diplomata de truz

Teria sido mandado,

Num ‘axcesso de cortezia,
Ir apanhar pés de burro,
Pregar n’outra freguezia,
Visto já cheirar a esturro
Sua cordeal diplomacia?

Ou por ter amor ao pêlo,
De beicinho e orelha baixa,
Teve de dar ao chinelo,
Corrido a toque de gaixa,
Sem agravo nem apelo?

Um d’estes motivos fez

(Eu cá assim o imagino)
Com que ao solo portuguez
Volte o nosso: Bernardino
—Se não forem todos três !!

 

RUTRA

 

ÉS LISBORTAS

Morenitas de Lisboa

Porque sois assim galantes?
Porque prendeis n’um sorriso
A vida dos estudantes?

Porque nos roubaes o tempo
Precioso d’estudar?

Para que tanta meiguice
N’esse vosso lindo olhar.

Para que são, dizei cá,
O’ risonhas lisboetas,
Esses passinhos miudos
Quaes ligeiras borboletas?

Para que a travadinha
Mostrando lindos contornos?
Para que meias rendadas?

* Para que tantos adornos?

Esses decótes que deixam
Ver o cólo cór das rosas
Dizei-me para qne são
O” divinaes mariposas?

Ai, não nos prendaes assim
Nas rêdes da illusão!
Deixae viver descuidado
Nosso pobre coração.

Deixae-nos passar tranquillos
Atravez desta cidade

Onde oveu da phantasia
Cobre a nudez da verdade.

LrsBoA
J. SILVA
0 ——— 4

TELEGRAMA

Do nosso correspondente em Lisboa,
recebemos o seguinte:

VOZ DA BEIRA — Certã

Reune congresso para adiar
parlamento. Evolucionis-
tas eunionistas tentam de-
balde derribar ministerio

SERTORIO

 

REPORTAGEM

Encontra-se doente, tendo sen-
tido ligeiras melhoras nestes ulti-
mos dias, a ex.”” sr? D. Albertina
de Seabra Matoso Corte Real, di-
gnissima esposa do integerrimo jniz
de direito desta comarca, sr. dr.
Fernando Matoso Corte Real,

 

Com uma angina, aguarda tam-
bem 0 leito; Gun asse Amioo Lo RSSÃ| à
da Quinta do Pinhal de Baixo.

Tem experimentado ligeiras me-
lhoras o nosso assignante e amigo
sr, João da Silva Carvalho.

Continua doente em Sant’Anna,
da Cumeada, o nosso assignante
sr. João Marçal Nunes.

Aos illustres doentes, deseja

| Voz da Beira o seu completo resta-

belecimento.

Regressou no dia 23 a Lisboa o
sr, José Augusto Maria da Silva,
que durante algum tempo esteve
nesta villa cuidando dos negocios
da casa da ex.” sr.º D, Clementi-
na Relvas.

Para Lisboa, afim de prestar
provas ao concurso para secreta-
rio de finanças, sahiu hontem o
nosso amigo e assignante sr. An-
tonio Barata e Silva.

 

LITERATURA e

& INVERNO

Pta

Já lá vão as poeticas e sugesti-
vas tardes de outono em que a al-
ma suspira de saudades, presentin-
do no horisonte o desflorir das suas
mais intimas alegrias! Das arvores
que nos mimosearam com seus
uberrimos e saborosos frutos cai-
ram a pouco e pouco as ultimas
folhas amarelecidas, tal como do
coração humano amargamente des-
ilndido vão fugindo as derradei-
ras esperanças e douradas aspira-
ções!…. Estamos no rigoroso,
monotono e frio inverno. Nou-
tes grandes e sombrias em que os
ventos lugubremente sibilam como
furias e em torno da lareira, aque-
cendo os membros enregelados, as
louras criancinhas, inexperientes e
credulas, falam de bruxas e de
fadas nos seus contos fantasticos.

A natureza, despida dos seus
mais belos e lindos ornatos, da
luxuriante vegetação e das pers-
peetivas amorosas, repletas do
mais inspirativo idealismo — mos-
tra-se árida, nda, triste e sombria,
Emudeceram os alegres cantores
dos bosques, Inumeraveis avesi-
nhas emigraram para longiuquas
paragens. Os homens e animaes
procuram abrigos contra a imi-
nencia das tempestades e das chu-
vas.

Os rios perdem a serenidade,
rolam as suas correntes, caudalo-
sas e torvas sem respeito ás balisas
e nas gargantas das montanhas
sussurram as levadas, precipitan-
do-se rumorosas e turbulentas sos
bre os vales que alagam.

Ao longe alvejam as neves nos
cumes das serras, e, emquanto nos
salões do rico e opulento crepita
ruidosamente o fogão e abundam
os confortos —no tugurio do pobre
amontoam-se as lastimas e mise-
rias. ao mesmo tempo que na rua,
exposto ao vento e á chuva, tirita
de frio e rala-se de fome o desgra-
cado que não tem sequer um tecto
que o defenda e abrigue das aspe-
ridades da estação.

Tal é o inverno, que, apesar
E Ray adoersmrio Ho plano di natas
reza que, sem êle, a terra empobres
vida e fatigada deixaria de ser fe-
cunda — morreriamos de fome.

Pois, assim como o homem tem
absoluta necessidade de repouso,
todos os dias, para restaurar as
forças perdidas na lueta pela vida,
tambem a terra precisa de refazer
todos os anos as suas forças exgo-
tadas em proveito da humanidade;
e, Se à primavera prepara, O estio
gasona o outono subministra os
mais necessarios alimentos, o in=
verno repara e revigora as forças
d’aquella nutriente mãe — a terra,

Certã, janeiro de 1914

JOAQUIM PIRES DE MOURA

Aviso ao comercio

Tem aparecido ultimamente nesta vil-
la algumas moedas falsas, do valor de

50 centavos.tavos.

 

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Voz da Beira

 

Gremio Gertaginense

No proximo domingo, 25, fes-
teja esta casa de recreio 0 seu 26.º
anniversario,

Por este motivo a direcção do
Gremio convida todos Os seus so-
cios- e familias, para uma soirée,
nas suas salas,

5

Com muita animação, teve logar
no passado domingo a reunião
quinzenal. Lembra-nos ter visto as
exPs sr“ D. Arminda Ebrhardt,
D. Laura Curnciro, D. Albertina
Silva, D. Izabel Marinha, D. Lu-

“cia e D. Aura Magalhães, D. Ame-

lia e D. Anna Lima, D. Ernestina
Guimarães, D. Elisa Barata, D.
Maria d’Assumpção e D. Eduviges
Guimarães, D. Laura Batista, D.
Conceição Baptista, D. Maria Ma-
gdalena, D, Faustae D. Joanna
Soares, e D. Clotilde Cesar Pires.

—e

? Belas escolas

“Terminou no dia 17 o concurso
para o provimento das escolas de
Boafarinha, Vila de Rei e Sarna-
das de Baixo. Ao menos as duas
primeiras tiveram concorrentes,

E ME sem. ‘
Devem ser providas, muito bre-
vemente, as escolas masculinas do
Castelo e Varzea.

A bandeira nacional
SUBSCRIÇÃO
Transporte. *….. 14500
Club Bomjardim………,–» 10900

(Continua)

 

HA QUEM DIGA…

 

=… « «Que O Ciriaco

na sessão, segunda feira,
dera um certo cavaco,

por causa da frigideira
que lhe deu volta ao caco.

Que se atirou à caçarola
com tal senha, o sujeito,
que a deixou n’uma bola,
salvo o devido respeito
à sua sabia paróla.

Que o Emidio defendeu

como pôde, a tradicção,

mas que o seu tempo perdeu,

apanhou uma lição

de se tirar o chapeu.

Que o senadorgem questão,
boa pessoa, na verdade,
mas um grande maganão,
divertiu a edilidade

com a sua erudição,

Fulminou como um corisco

as armas, certã e… tudo,
chegando a pôr em risco

o nariz d’um pato-mudo

que lhe fez as de. …S. Christovam,

SATURNINO |
E a ma

Luiz da Cruz

Retirou já desta villa para a
sua casa na Praia do Ribatejo,
o nosso amigo e assignante sr.
Luiz da Cruz,

Boa viagem.

 

=

Morreu o “Velhito,,

A” hora a que nosso jornal
ia entrar na maquina, passa á
porta da nossa tipografia, o pres-
tito funebre do «Velhito».
. Era um tipo da rua, que todos
conheciam, e que todos estimavam.
Aos baldões da sorte foi va-
gueando por essavilla fóra, des-
de que perdeu a mãe que elle tan-
to estimava,
A morte veio pôr termo ao seu
itenerario de miseria e sofrimento.
Pobre «Velhito», pobre Carlos!
Adeus, descança em paz.

Sernache do Bomjardim

Fez annos no dia 19 o nosso
amigo sr. dr. Virgilio Nunes da
Silva, digno presidente da camara
municipal.

Parabens.

Para Lisboa, sahiu hontem o
nosso simpatico amigo sr, Daniel
Bernardo de Brito, do Brejo. Que
encontre seu filho melhor da ope-
ração a que se sujeitou, é o que
sinceramente lhe desejamos.

 

PELOS CONCELHOS

Milla de Bei

Foi ha pouco tempo mudada a esta-
ção telegrapho-postal para uma casa que
fica situada no extremo da vila; esta
mudança causou grande transtorno aos
povos d’aqui, e muito principalmente ás
repartições publicas. Estamos certos, que
se houvesse um pouco de boa vontade
da parte de quem superintende neste
assumpto, poder-se-hia ter conseguido
uma casa em local mais central e acces-
sivel ao publico, com o que todos te-
riamos à lucrar.

 

Tem causado grande transtorno ao
publico a supressão da caixa postal da
Fundada; era uma caixa que recebia é

expedia 5 malas diarias, o que dava, como,

se vê, grande trabalho ao encarregado.
Pediu o mesmo que a mesma caixa fos-
se transformada em estação de 4.º clas-
ses gor uma gratificação de 20 2030800
sósse o não eridssé a dita cestaçãoy como
até que a mesma caixa fôsse suprimida,
e por tal motivo assim se conserva
aquella freguezia, na sua maior parte
privada d’um beneficio a que tinha di-
reito, tendo elles de vir aqui à distan-
cia de 12 kilometros levantar qualquer
carta que para lá seja dirigida, ou en-
tão pedir a qualquer pessoa que por
mão propria a leve.

Passou o tempo frio e começou o das
chuvas.
‘ €.

Proença a diova

De sua casa em Aguas Santas, Erme-
zinde, regressou a esta villa o veneran-
do prelado desta diocese, ex.”º e rev.mº
sr. D. Antonio Moutinho.

De Arantes chegaram as meninas Ma-
ria de Lourdes Pereira e Maria Vicencia
Pereira e seu tio sr. Antonio Pereira
Lisboa.

C.

IGORRETO
|
| Dignaram-se pagar as suas assignatu-
ras OS n( 3 presados assignantes STS.
Adelino Nogueira Godinho, de Proença a
| Nova; Manoel da Silya Cardoso dos Reis,
da Delvira e Antonio dos Santos Lima,
[dos Ramalhos,

| Os nossos agradecimentos.

 

| Voz da Beira—A todos os
protlesas que sesdiguaram noliciar o nos-
‘so aparecimento e nos honraram com a
ipermuta. e ainda aos que se referiram
diadividualmente ao nosso director, agra-
| decemos penhoradissimos à sua amabi-
lidade.

 

M. F. DAVID – LISBOA— Recebemos
a sua carta e agradecemos a collabora-
ção. Oportunamente faremos uso dos
originaes recebidos.

 

EXPEDIENTE

A todas as pessoas,
que se dignarem pres-
tar-nos q favor da sua
assignatura, agradece-
mos reconhecidos; áquel-
las a quem enviar-mos o
nosso semanario e não
queiram assignal-o, pe-
dimos o favor de nol-o
devolverem na volta do
correio.

Aos que nos queiram
honrar com os seus es=
critos, sempre que elles
não toquem a nota poli-
tica ou pessoal, agrade-
cemos a colaboração.

 

dYa cultura da batata
as maiores e melhores COLHEI-
TAS só se conseguem com a aplica-
ção da

POTASSA

em dôze elevada, juntamente com 0
azote e o acido fosforico
À Potassa é a principal exigen-
cia da cultura da Batata, mas para
que a Potassa possa influir com a
sua favoravel áção, quer no dezen-
volvimento da vegetação, quer na
produção das batajhs, é indispen-
savel que a terraffenha suficiente
quantidade dos gtrtros elementos;
por consequen aplicar as adu-
braffeviMBaE apropriadas ABA
tata segundo a natureza de cada
terra,

A SECÇÃO AGRONONICA da caza O.
Herold & O.’, de Lisboa e com
sncursais em Porto, Rego, Pampilhoza,
Faro, Santarem Bvora é Beja, dá gratui-
tamente todos os esclarecimentos que
lhe sejam pedidos sobre us adubações
apropriadas a qualquer culinra.

Presta todos os esclarecimentos

e informações no concelho da Cer-
ti CARDOSO GUEDES.

LANDAU

ENDE-SE um em bom

estado, pertencente a um
rico proprietario d’Elvas, onde o
mesmo se encontra,

 

Prestam-se informações nesta
redação.

 

Centro União Agricula
Fabrica a vapor
de adubos chimicos

FRANCISCO MORAES
9 ALPBRRAREDE

Do Sindicato Agricola de Pernes, em
4 de novembro de 1913:

a temos o prazer de o informar que
a PURGUEIRA A. E3. O. SUPERIOR
COMPOSTA, que V. nos vem fornecendo
de ha annos, tem satisfeito por comple-
to os nossos consocios que com ela
teem conseguido ótimos resultados, tan-
to em batata, como en milho
e hortas.

Mais o informamos que no ultimo for-
necimento do ano passsdo, conseguimos
os seguintes numeros, na analise feita
pela Estação Agronomica de Lisboa:
—aAzote 39/ — Acido fosforico 2,78 Jo
—otassa 3,18 0) de que temos boletim.

E, pois, uma PURGUEIRA recomenda
vel a todo o desejoso de seméar com
exito.

O Secretario da Diréção,
(a) Bernardino Rosa
— E &——

E” unico nosso depositario d’esta e
outras marcas na CERTA, JOAO JOA-
QUIM BRANCO

Semea de 1.º qualidade-=’Tour=
teamux para engordo de animaes,
sulfato de cobre,jsal, etc.

JOÃO d. BRANCO
—CERT×

Wim a quarta parto d’um
chão do semeadura conhecido
pelo Chão do Layadouro, na baixa
do Boeiro. 2

Trata da venda o solicitador encartado
Pructuoso Cezar Pires.

ANUNCIO

Pelo Juizo de Direito da co-
marca da Certã e cartorio do es-
erivão David, correm seus termos
uns autos de inventario orphano-
logico a que se procede por falle-
cimento do Doutor Antonio Adol-
pho Sanches Rollão Preto, morador
que foi nestawillZ, e comarca da
Certã, e em/qud é Inventariante
cabeça de cas sua, filha Dona
Hreio Mendes pesada ve rest aleio
ma villa; e nos mesmos autos cor-
vem editos de trinta dias a contar
da segunda e ultima publicação
deste anuncio no Diario Governo,
citando os credores 4 herança re-
sidentes fóra da comarca, Luiz Do-
via, de Coimbra; a Irmandade do
Santissimo de Castello Novo; a Ir-
mandade do Santissimo, de Alpe-
drinha; Joaquim dos Santos Al-
meida Moraes, commerciante, de
Alpedrinha; José Maria Barbosa,
do Fundão; Doutor José Luiz Men-
des Pinheiro, director d’um | colle-
gio na Belgica e o Banco Hipote-
cario, Credito Predial, para assis-
tirem a todos os termos até final
do mesmo inventario.

Certã, 20 de janeiro de 1914.
O escrivão do 4.º officio,
Adrião Moraes Drvid
| Verifiquei a exactidão:
O Juiz de Direito,
Mattoso,
Mattoso

 

@@@ 1 @@@

Voz da Beira

ANUNCIO

– Pelo Juizo de direito da comar-
ca da Certã, cartorio do quarto
officio, a cargo do escrivão David,
correm seus termgs uns autos de
inventario orp gico por falle-
cimento de Jo: ves, morador
que foi no logarão Casal Formozo
freguezia de Villa de Rei, diest
mesma comarca e em que éi e
tariante cabeça de casal e suatvin
va Maria Luiza, residente n’aquellê
mesmo logar; e nos mesmos autos
corem editos de trinta dias, a con-
tar da segunda e ultima publicação
d’este annuncio no DIARIO DO
GOVERNO, citando o interessado
JOÃO ALVES, solteiro, maior,
AUSENTE EM PARTE INCER-
TA FORA DA NAÇÃO. para as-
sistir atodos os termos até final
do mesmo inveutario.

Certã, 5 de janeiro de 1614
O escrivão,
Adrião Moraes David
Veriflquei a exatidão

O Juiz de Direito, — Mattoso

LOJA NOVA

João da Silva Carvalho

Praça da Republica— CERTA

Fazendas Yrancas de algodão,

“Jà, knho e sêÃa; mercearia, ferra-

gens, quingwlherias, papel, linho,
sola, relogios de mêsa, de parede
e de prata para algibeira; louças
e vidros, candieiros, camas deferro,
winhos finos e licôres; folha de
Elandres,tintas, tabacos e fosforos,
etc. etc.

Gazobina e adubos quimicos

Agente da companhia de segu-
ros TAGUS e REPRESENTANTE
DE DIVERSAS CASAS NACI-
ONAES E ESTRANGEIRAS.

ANUNCIO

Pelo Juizo de Direito da comar-
ca da Certã e cartorio do escrivão
Corrêa e Silva eãos autos de in-
ventario orph
procedeu por fflecimento de Rosa
de Jesus, morfdora que foi no lo-
gar do Gravkó, freguezia do Cabe-
çudo, correm Edita de trinta dias,
que se começarão a contar da se-
gunda e ultima publicação deste
no Diario do Governo citando para
todos os termos até final do mesmo
inventario a interessada Joaquina
Rosa e marido Antonio Martins
Leitão, residentes em parte incerta
nos Estados Unidos da Republica
do Brazil, sem prejuizo do regular
andamento do inventario.

Pelo presente são citados quaes-
quer credores incertos para dedu-
zirem os seus direitos querendo-o.

Certã, 12 janeiro de 1914.

E eu Eduardo Baráta Corrêa e
Silva, escrivão o substrevi
Verifiquei,
O Juiz de Direito

Mattoso

 

1
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1

MENDES & ALBUQUERQUE

ogico a que se

0000006 ag

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066 806

ga

 

AmOmOvEL

ENTDR-E em bom esta-

do, de F bjos, 4 luga-
res. Quem pr Ea dirija-se a
Luiz qua po do Castello
— CERTA.

“CASA DIAS

RESPASSA-SE este esta-

belecimgngo tom um peque-

no stoch de fatendas e armação ou
subarrenda-sd patte das lojas.

Quem pretender dirija-se a L.

RANALEOSÃ & VALENTE

R. Candido dos Reis

 

Mora Soratártá
24 de digosto

— Dario unas Siva

XECUTADM-2E todos os
trabalhos desta, e que

ha grande variedafie defmaterial.

Aceitam-se eméommendas para
o Brazil e Africa.

— e

 

Compra e geghia. azeites. S. Dias, Rua do Onro, 265, 2.º D.|R. CANDIDO DOS REIS — cennE
Praça do fommercio |-Lisboa, ou a José Lopes da Sil- nie
CERTA va, Rua Direita-Certã. As NE SER
À

 

FERREFRENSE

DOS os tias, com exceção

dos domingos, esta Empresa

têm carreira d’auto-omnibus entre

a estação de Payalvo e a villa da

Certã.

A partida da Certã é ás 8 horas

prefixas e da estação de Payalvo ás
13 horas

 

É Completo sortido de

| pin SERRA
| CASA COMMERCIAL

1— DE —

UAXIMO PIRES FRANCO

e seda. Mercearia, ferragens, quingquilharias
Papelaria, chapeus, guarda-chuvas,
-. sombrinhas, cordas, tintas, cimento, cera
em velas e em grnmo, tabacos, atos ete..

o AGENCIA DE DIVERSAS CASAS BANCÁRIAS
à E DA COMPANHIA DE SEGUROS «PROBIDADE»

 

ua Gundido dog Reis— uu Dr, Suntog Bulente,

*

perereca.

das de algodão, lã linho &

PETER

Wo

EMPRESA VIAÇÃO |

 

7

b a a maxima prompti-
|

o

dão e ligeireza se execu-
tam todos os trabalhos da arte

Ria Candido os — CERTÃ

 

DE-22 uma machina
Rs dei 12 quasi
nova.

Trata-se com OLYMPIO CRAVEIRO — Certã

 

cântonio dVunes da onte

DRE
CATELIER D’ALFAIATE
q chao per-

feição todos os trabalhos
da arte.

RUA CANDIDO DOS REIS—Certã

BEGIGLiA

JEANNE SE

a um preço baratissimo.

teriaes de construcção.

ERCEARIA de primeira qualidade, vinhos fi-

nos, licores, outras bebidas e conservas.
Camas de ferro, lavatorios, louças, malas de viagem, espelhos e Daguetes
Caixões, urnas, corõas em diversos tamanhos
e outros aríigos funerarios

COMERCIAL E INDUSTRIAL

FICINA de marceneiro e estabelecimento de fer-
ragens, louças, vidros, tintas, oleos, vernizes e ma-

Diz-se n’osta redação.

20800000

009060

LARGO FERREIRA RIBEIRO = CE RT À