Progresso Beirão nº7 20-03-1926

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Certa, 20 de e Marco à
FERREIRA DO ZEZERE
ne 1920
Composto e impresso na Tip. de O ZEZERE
— QUINZENARIO DEFENSOR DOS INTERESSES REGIONAIS
PELA PATRIA E PELA REPÚBLICA
eu dido dpacho Ep cep para rja pie
Carlos dos Santos -e-Silva
PApige brisas al Leitagii:
DIRECTOR E NT REDAOÇÃO E. ADMINISTRAÇÃO
*Sernache do Bomjardim
Pidpnedaie da Empr FRocnRião BEIRÃO
sãos culigadoras
(Continuado do numero antecedente)
-—=Quando lá chegaram encon-
traram algumas habitações para
se instalarem?
— Encontramos duas;casas por.
concluir, que muito ‘nos’ vale=
ram, tanto mais que, quando lá
chegamos, estava:se em: plena
epoca das grandes chuvas. O en=
contrar-mos onde nos abrigar de-
vemos á boa vontade do sr. che-
fe da circunscrição, meu grande
amigo, o capitão Antonio Correia
Alemão. Embora tivesse recebi:
do ordens superiores, outro que
fosse, não teria sido tão diligen-
“te, tanto mais que andava ocu-
pado com a instalação da sua
circunscrição. Devo porem dizer=
lhe que todas as .despezas com o
levantamento dessas construções
foram. custeadas pela, referida
verba de dez mil escudos.
—E ha lá muita população?
-—Ao tempo. da nossa chega-
da, as. proximidades da Missão,
num. raio de três leguas, eram
completamente deshabitadas, A?
data, porem, da minha. partida,
cincoenta familias, pouco mais
ou menos, tinham já ido fixar-se
perto da missão. Tendo reconhe-
cido as vantagens que: teriam,
estando mais em contacto com a
“missão, muitas outras familias se
dispunham a mudar as aldeias,
(quimbos) e fixar-se; nas suas
proximidades, Se a missão con-
tinuar a merecer ao indigena a
confiança que tem merecido até
aqui, estou certo que em breves
anos lá teremos. um grande nu-
cleo de população.
—Encontraram nessa região
algumas outras missões portu-
guesas ou estrangeiras?
—Na região em que a minha
Missão exerce a sua influencia,
encontram-se três, todas elas pro-
testantes, Isto no nosso territo-
rio, porque no territorio inglês e
belga, mas a pequena distancia
da fronteira, ha talvez cinco ou
seis. Claro está que o unico fim
destas missões-é chamar o indi-
gena para os territorios do seu
pais. E à contrapôr á perniciosa
y
DA CAMPANA STA!
Em alguns jornais da capital iniciou-se ultimamente uma fe-
rós campanha contra o Instituto de Missões Coloaiais e as suas
Missões Civilisadoras, que não podemos deixar passar em julgado
sem O nosso mais veemente protesto.
Assim, na «Epoca» de 4 de Janeiro ultino, para gue só ago-
ta nos chamaram a atenção, vem um desses artigos, que, depois
de algumas perguntas sobre o estado da sindicancia ultimamente
feita aquele estabelecimento do Estado, atira-se numa estafada ca-
tilinaria contra as missões laicas,
Principia por repetir a afirmação, já tantas vezes desmentida,
de que essas missões te criadas para substituir as missões re-
ligiosas.
Não é verdade. As Missões Civilisadoras não REA criadas
nem para substituir, nem para hostilisar as missões religiosas,
Isso seria mesmo um erro! ;
As missões laicas foram criadas não só para a civilisação do
Vindigena, mas, sobretudo, para se poder dar cumprimento aos pa-
ctos internacionais que subscrevemos e a que dignamente não po-
diamos: faltar, alem ‘do perigo que, para a integridade das nossas
colonias, essa falta nos poderia; trazer.
Diz mais 0 articulista ‘edos seus serviços resam as reclama-
ções constantes, as missões laicas não teem prestado qualquer be-
neficio ás colonias, como, “até, teem prejudicado por vezes, a vida
dos nossos dominios -cóloniais!l |»
Pasma-se ante tamanha audacia e tão refalsada má. fé!
Onde estão essas sindicancias e esses protestos ? Quando e
como essas missões prejudicaram a vida dos nossos dominios: ul:
tramarinos? | , :
A unica sindicancia que houve nas missões laicas, foi feita-ao
chefe da Missão «Camões» em Moçambique, que, tendo-lhe sido
‘desfavoravel, foi imediatamente demitido. Entretanto as irregulari-
dades que cometeu em nada se parecem: com-as cometidas por
outras missões que lá estiveram em Moçambique, na Cabaceira e
‘que não eram por certo as missões laicas, que ainda não existiam:
O, que esses organismos teem encontrado em algumas partes
das nossas colonias é uma ferós má vontade da parte de algumas
autoridades
O tal governador do distrito de Moçambique a que o articu-
lista se refere, era um modélo de má vontade contra essas missões.
Inimigo declarado da Republica não perdia vasa para a guerrear e
para a desacreditar e as missões laicas são uma creação da Republica,
E* preciso desconhecer por completo a obra realisada por es-
sas missões no curto espaço de quatro anos, para se afirmar que
elas nada fizeram, Todavia elas lá estão lançando uma grande obra |
com intensa devoção patriótica e com admiravel espirito de sacri-
ficio nas mais Jonginguas e inhospitas regiões de Mogambique e
de Angola. Em Angola, sobre tudo, vamos encontra-las nos Cua-
rihamas,’ na Damba, na Eunda em: Alem-Zambeze, no Cubango,
nos extremos daquela provincia e não ha noticia que lá tenham
encontrado missão alguma religiosa, a não ser as protestantes —
belgas, inglesas e alemás! :
Vão para onde os governos as méndam e-as julgam necessa-
rias á nossa soberania é à civilisação. As religiosas não; vão para
onde querem e fixam’se onde mais lhes convem.
o — Emquanto ás religiosas são concedidos: chorudos subsídios,
(Conclue na 2.º pagina)
)
Miss iiligador
(Contináado da 1.3
colina)
influência de desnacionalização
de tantas e tão poderosas mis-
sões, temos apenas à Capelo e
Ivens!
—Dispõem iémt£o: de rautito
s, cessás “missões estrán
geiras?
—Não sei ao certo, como de
ve calcular, quantas libras teem
de. dotações, mas“ o que posso
afirmar, é que tudo o que naces-
sitam, tudo oque pedem, lhes é
enviado pelas-varias associações
que as subsidiam. Se as nossas
missões tivessem os recursos, a
proteção e os meios de atração
de que dispõem as missões ingles
sas, não teriamos receio da con-
correncia, nem haveria o receio
da sua influencia: desnacionali-
zadora.
—Nas missões estrangeiras que
estão no nosso territorio fala-se
e ensina-se a lingua portuguesa?
| -—Pelo decreto n.º 77 do Alto
Comissario, todas as missões na-
cionais e estrangeiras são obris
gadas a ensinar a nossa lingua,
Mas: como a “hão-de: ensinar,
nessas missões, se a maioria dos
missionarios: a não: conhece? A
catequese é sempre ministrada na
lingua indigena.
—Teem sido sempre boas-as.
relações da missão com as auto-
ridades locais?
—As mais amigaveis possivel.
Em cada funcionario da-circuns-
crição tinhamos nós um amigo,
mas em especial no chefe,
—E teem elas auxiliado a mis-
‘são de que é chefe?
= Alguma. coisa, nos auxilia-
ram, quer emprestando-nos fera
tamentas, quer mesmo emptes-
tando-nos, dinheiro para conti-
nuarmos os trabalhos começados,
rantes. de ser recebida a verba
dos dez mil escudos,a que já fiz
referencia. Certamente mais te-,
ria sido, o auxílio prestado sa
não fosse uma circunscrição tam»
bem em trabalhos de instalação.
— Mas não lhe teem-sido en-
tregues as dotações que figuram;
nos orçamentos da provincia?a provincia?@@@ 1 @@@
s
— Como já disse, de cincoenta
contos que ás missões são desti-
nados para a sua instalação ape-
nas dez foram distribuidos para
a minha missão, Como dotação
teem as missões quarenta contos
anuais, mas, até à data da minha
saída da missão, nem um centa-
vo lhe foi distribuido. Em suma,
não tendo no ano economico de
1924-1925 recebido verba algu-
ma, manteve-se a minha missão,
todo o tempo que lá estive, com
a reduzida verba de dez mil es-
cudos, Consta-me que, depois da
minha saída, foram destinados á
Capelo e lvens; setenta contos,
mas essa verba não poderá ter
sido toda aplicada, dentro do exer-
cicio economico porque no Mo-
xico, que é um meio comercial
pequeno, não ha materiais, fer=
ramentas, medicamentos e outras
coisas necessatias à vida da mis-
são, que, para se requisitarem do
Bié ou ds Benguela, muito tarde
lá chegarão, quando ja se não
possa dispor dessa verba pot ter
terminado o exercicio.
— E os vencimentos do pessoal
da missão teem sido pagos?
— Posto que não fosse com a
regularidade necessaria, Os nos-
sos vencimentos nunca deixaram
de ser pagos. Sucedeu estarmos
um ano. sem receber, mas isso,
nos distritos pobres do interior,
é comum a todos os funcionarios.
—E os progressos da missão
são gtandes?
-——Não poderão ser muito apre-
ciaveis os progressos que até à
data da minha saida tinha. To-
davia, alguma coisa se tem feito,
mormente no que toca a assis-
tencia medica ao indígena. Na-
queles quinze meses fizeram-se
para cima de dois mil curativos,
sem exagero. Temos tambem
uma escola a funcionar com uma
frequencia de 20 a 25 alunos! A
frequencia não é grande, mas de-
vemos atender que a população
é, por emquanto, diminuta. No
campo agricola tambem não es-
tivemos inativos e mais desenvol.
vimento teriamos dado aos tra-
balhos se as verbas O permitis-
sem… Numa palavra, meu ami-
go, se mais não fizemos é por-
que mais não podemos. Resta-nos
a consolação do dever cumprido,
—Quais os seus projectos pa-
ra o progresso da missão ?
—Quere o meu amigo que lhe
diga quais os meus projectos?
Mas para que hei-de eu fazer
projectos se a realidade é tão
triste?l,.. Apenas lhe direi que
o meu maior desejo é ver a Mis-
são Capelo e Ivens desenvolvida
e prospera. Para conseguir esse
desideratum farei tudo quanto em
minhas forças caiba e os recursos
que me derem o permitirem.
Não quizemos continuar a abor-
recer o nosso amigo e por isso
demos por terminada a interessan-
te palestra que amavelmente nos
concedeu e que fielmente trans-
mitimos aos nossos leitores,
PROGRESSO BEIRÃO
MA CAMBRA SIA!
(Cóntinuado da 1.º pagina)
que aplicam como querem e entendem sem dar satisfações a nin-
guem, ás pobres missões laicas são, até, negadas as verbas que
por lei lhes são devidas e muitas vezes figuram nos orçamentos
apenas para inglês ver. ;
Ha missões a que ainda não foi abonado o subsidio para ins-
talação e se aínda se mantem, deve-se somente ao abnegado espi-
rito de sacrificio do pessoal que as compõem.
E” assim que elas podem progredir e mostrar serviços ?
Se teem defeitos, corrijam-se, se teem dificiencias encaminhem-
nas, porque não ha instituição que os não tenha.
Pedir, porem, a sua extinção é não só uma flagrante injusti-
ça, mas tambem uma ‘grande falta de patriotismo, porque, quer
queiram quer não, elas são já uma grande barreira posta em algu-
mas. partes á desnacionalisação das nossas colonias, pela influen-
cia das missões extrangeiras.
Porque um soldado é indisciplinado não se dissolve um bata-
lhão, assim como, porque um membro de uma ordem religiosa não
cumpre a regra se não extingue a ordem,
O facto de algumas autoridades, numa falsa compreensão dos
seus deveres, negarem utilidade às pobres missões laicas, não jus-
tifica a guerra que se lhes vem movendo, A maior parte, que essa
opinião teem, nem as conhecem de visu, curam pot informações.
Não as visitam; não procuram saber das suas necessidades,
nem dos progressos morais e materiais obtidos na região onde es-
tão instaladas; limitam-se a regatear-lhes os precisos recutsos para
que elas possam ser alguma coisa na grande obra da civilisação e
na afirmação da nossa soberania.
Nem mesmo se pode dizer que sejam escusadas, para esse
grande desideratum, Nem essas, nem as religiosas—mas portU=
guesas.
Umas e outras teem uma grande obra a relisar nos nossos
vastos dominios coloniais, muito embora, cada uma delas tenha os
seus meios de acção. Todas elas, porem, são insuficientes em nu-
mero para poder realisa-la,
Voltaremos ao assunto.
Do sr. Tenente José Antonio |
Ferreira recebemos a seguinte
carta:
Lisboa, 3 de Dezembro de
1925,
Sr. Directo do Progresso Beirão
Apesar de não ter a honra
de pessoalmente conhecer V.,
atrevo-me contudo, como filho
dessa linda terra que é Serna-
che e como ex-aluno desse mo-
delar estabelecimento de ensino
que é o Instituto de Missões
Coloniais, a enviar-lhe a ex-
pressão das minhas felicitações
pela obra admiravel que en
preendemu e que vem preencher
uma lacina que ha muito se
fazia sentir nesse meio.
Por toda a parte se levanta
um intenso movimento de vida
regional numa descentraliza-
ção que estimula as energias
mais adormecidas e essa re-
gião de Sernache e seus arre-
dores, perdida nas serranias
da Beira, mas rica entre as
mais ricas de Portugal, não
podia ficar indiferente; ainda
envolta em crépes, pela morte
do mais benemerito dos seus fi-
lhos, Sernache precisa bem des-
se orgão de imprensa que q
defenda, que a torne conheci-
da, que chame para si a aten-
/
ção dos poderes centraes e que
vingue no sei povo os princi-
pios firmes du educação repu-
blicana.
Quanto a mim, póde V. con-
siderar-me como seu assinante,
enviando o jornal para a mir
nha morada: R. Marques da
UVA NERO Ras ES
Com a mais subida conside-
ração
Sou de V., etc.
“Tosé finfonio Serreira
Tenente de Infantaria
e aluno da Faculdade de Direito
Penhoram-nos vivamente as
palavras do sr. Tenente Perrei-
ra, que não é para nós, como
diz, um desconhecido,
As suas palavras animadoras,
são para nós um incentivo para
proseguir no programa que en-
cetamos e, ao mesmo tempo, um
linitivo aos aborrecimentos que
a factura de um jornal, na pro-
vincia, sempre traz,
Muito gratos ficamos por eias.
s$gCpCprS ARS atos
Exibiu-se ontem no Teatro Tasso
o «film» religioso «A vida de Christo».
—Está em ensaios, para ser de-
sempenhada neste Teatro, no dia 4
de. Abril, pelo «Grupo de Amadores
Sertaginenses», a engraçadissima co-
media em 3 actos «Expedientes de
Sogras».
“ora,
EXPLICANDO
Ha quasi três meses que, con-
tra nossa vontade, está suspensa
a publicação do «Progresso Bei-
rão».
Essa suspensão foi-nos impos-
ta por uma coterie que cerca o
actual director do Instituto de
Missões Coloniais e que não te-
ve escrupulos em envolver aquêle
funcionario e aquêle estabeleci-
mento do Estado em uma ques-
tão com o que nada tinham que
ver.
Infelizmente aquêle funciona-
rio não teve a fôrça precisa pa-
ra resistir ás sugestões e impo-
sições que lhe eram feitas, dei-
xando, assim, pôr em cheque
não só a sua auctoridade, mas
tambem as solenes compromis-
sos que com êste jornal havia
tomado,
Por isso o «Progresso Beirão»,
não pôde continuar a ser impres-
so na oficina tipografica do Ins-
tituto de Missões, porque a essa
coterie e em especial ao indivi-
duo que ali tem estado ilegal-
mente a exercer as funções de
administrador, não convinha a
sua publicação, chegando, auda-
ciosamente, a desrespeitar as vr-
dens do director, retirando da-
quela oficina as requisições vi-
sadas e auctorisadas por êle e
impondo aos mestres que as
não cumptrissem.
Esta desobediencia e êstes
actos de indisciplina eram aco-
lhidos pelo director daquêle es-
tabelecimento, com uma tal in-
sensibilidade, que nos chegamos
a convencer da sua cumplicidade.
A’s nossas instantes reclama-
ções respondia sempre com al-
gumas promessas a que, aberta
ou sofismadamente, no dia se-
guinte, faltava e, assim, O «Pro-
gresso Beirão» continuava a não
ser publicado, com grande gau-
dio dos seus gratuitos inimigos
e continuaria por muito tempo
suspenso se não tomassemos a
resolução de ‘o fazer imprimir em
outra tipografia. g
Recorremos por isso á tipogra-
fia do nosso presado colega «Ze-
zere» que gentilmente nos aten-
deu e onde, deora em diante, será
impresso o « Progresso Beirão».
Foram estes factos que, por
resumidamente relatamos,
que nos forçaram a esta ausen-
cia, de que pedimos mil descul-
pas aos nossos leitores, na cer-
teza de que, estas ou outras per-
seguições, só nos podem enco-
rajat a proseguir no programa
que a nós mesmo traçamos,
custe O que custar e dôa a quem
doer.
Fóra dos assuntos scientificos, as
nossas opinidis não têm oniras foi
tes que não sejam o contagio e a sita
gestão,
Gustavo Le BonBon@@@ 1 @@@
9
incendio que causa
a morte a uma senhora
e a duas creanças
No dia 31 de Janeiro, pelas
22 horas foi a povoação de Ser-
nache alarmada pelo sino gande
da torre da igreja matriz, tocan-
do a fogo.
Como de costume, toda a po-
pulação saiu de sua casa para
prestãr socorros, mas poucas
pessoas chegaram a ir ao local
do incendio porque algumas
que primeiro lá chegaram,
voltavam já, informando que o
fogo tinha sido em Milheirós, ar-
rabalde de Sernache, na casa de
habitação do sr. Manuel dos San-
tos Antunes, comerciante desta
praça, mas que fora já extinto.
Mal supunham esses informado-
res a horrivel desgraça que só de-
pois da sua retirada, se verificou.
COMO SE DEU O SINISTRO
&
ê
Como dissemos acima, o nos-
so amigo e’presado assinante,
móra com sua familia em Milhei-
rós e tinha saido depois do jan-
tar para o Club Bomjardim, não
estando tambem em casa os seus
filhos mais veihos, D. D, Otilia,
Silvia, Idilia e Armando que ti-
nham ido para.o Pampilhal pas-
sar a noite em casa do sr. Anto-
nio Cadete.
Estavam em casa a D,-Clotil-
de, esposa do sr. Antunes com
seus filhos menores, Alcindo de
11 anos, Hortence de 8 e Arlete
de 4, alem de um seu parente e
empregado, chamado Joaquim,
iimão do nosso assinante sr.
Marcelino Nunes, Agente de ci-
vilisação, actualmente nas Mis-
sões de Angola,
D. Clotilde recolheu cedo, com
as duas filhas, ao seu quarto,
situado no primeiro andar, O
mesmo fazendo Alcindo e Joa-
quim, que foram para o seu, que
era fronteiroao da infeliz senho-
ra, tendo, porem, antes deixado
em uma brazeira, ainda com al-
gumas brazas, que havia numa
sala de rez do chão, que servia
de sala de costura, uma peque-
na chocolateira com leite, para
o marido, quando chegasse.
Supõe-se que tenha sido al-
guma braza que caiu ao chão e
pegou fogo ao assoalho e este
ao pano que cobria a mêsa da
brazeira, fazendo as chamas ex-
plodir um candieiro de petrolio,
suspenso sobre a referida mêsa.
O Joaquim. ouvindo ruido jul-
gou que fossem ladrões e acor-
dando Alcindo, foram bater á
porta do quarto de D. Clotilde,
descendo todos ao andar infe-
rior verificaram então a causa do
ruido, voltando D. Clotilde ao
primeiro andar para trazer as fi-
lhas, em quanto os dois rapazes
saltavam para o quintal a gritar
por socorro.
Acudiram imediatamente os
– visinhos a apagar o fogo, que já
lavrava com grande intensidade,
PROGRESSO BEIRÃO
não se lembrando, no: meio d’a-
quela atrapalhação, da pobre se-
nhora e das pobres crianças, que
foram talvez, surpreendidas pela
grande quantidade de fumo que
afluio acima, com a abertura das
portas do rez do chão.
Extinto o fogo e notando a
falta Jdelas, só então se lembra-
tam de que estariam no primei-
ro andar, onde as foram procu-
rar, não sem grande dificuldade,
porque o fumo era muito, en-
contrando a pobre senhora caida
ao cimo da escada, a pequena
Hortence por detraz da porta do
quarto de dormir e a Arlete, ao
fundo do corredor, juato a uma
janela de sacada, já sem sinais
de vida.
Apezar dos esforços feitos pe-
los ilustres clínicos Drs. Gualdim
e Vidigal para as salvar a infe-
liz senhora” falecia no dia 3 e a
pequena Hortence no dia 4, no
meio de horrorosos sofrimentos.
Esta grande desgraça causou
profunda consternação em toda
a população de Sernache, tendo-
se incorporado nos enterros, ape=
zar de tempo chuvoso e agreste,
quasi todas as pessoas de Ser-
nache entre as quais muitas se-
nhoras.
A” familia enlutada e especial-
mente ao nosso amigo Antunes,
envia «Progresso Beirãô» os seus
mais sentidos pezames, pela in-
felicidade que tão cruelmente os
veio ferir na sua vida.
Lemos no Diario de Noticias
a segninte correspondencia :
PEZO (VILA DE REI),—Começada
ha pouco mais de um ano, encontra-
se em estado quasi transilavel a es=
trada que o povo desta terra resolveu
fazer e que nos liga com Vila de Rei
e, com a estação do caminho de ferro
mais proxima — Alferrarede.
É a alma desta iniciativa o sr. Pa-
dre Sebastião Cardoso, que dirige
com muita competencia todos os tra-
balhos, tendo a auxilia-lo elementos
de valor.
Dizer-se que está transitavel, não
quere dizer que esteja concluida e por
isso muito ha a fazer, sendo indispen-
savel que os filhos desta terra, que
longe desta a elevam com o seu lra-
balho honesto e com a sua conducta
exemplar, contribuam com uma mi-
galha das suas economias para a obra
que a todos honra e aproveita.
Em breve, se o concurso desses a
quem especialmente este apêlo é diri-
gido não se fizer esperar, faremos em
duas horas a viagem que agora se faz
em um dia !
Filhos desta terra, façamos pro-
gredir este cantinho abençoado, e, as-
sim, seremos duplamente patriotas!
Só podem merecer elogios ini-
ciativas destas. Pena é Ique não
fructifiquem por esse paiz fóra.
Se, por essas terras se tratas-
se mais do progresso local e me-
nos de questiunculas politicas
de corrilho, da satisfação de vai-
dades e de interesses, nem sem-
pre legitimos, outra seria a si-
tuação do nosso paiz. !
De esperar é que o apêlo d
correspondente do Diario de
Noticias seja ouvido.
2 EXPEDIENTE
Com a nossa forçada suspen-
são, ficaram interrompidos todos
os serviços de redáção e admi-
nistração dêste jornal.
Vae, porém, entrar tudo na nor-
malidade e. por isso, vamos pro-
seguir tambem na cobrança já ini-
ciada,
Infelizmente algum noticiario
que tinhamos, perdeu a oportuni-
dade, pelo que não o podemos re-
gistrar nas nas nossas colunas.
Por absoluta falta de espaço,
não publicamos neste numero al-
gumas das nossas secções.
ASSINATURAS:
Continente e Ilhas, série de 12 n.º8 4880
Colonias portuguesas, Ss. » 24 » 15800
Extrangeiro, série de Dé n.º8,,… 20800
ANUNCIOS:
Na primeira pagina, por linha… 1k00
Na segunda 3 y Dre 470)
Na terceira » » » co 890
Na quarta > » peca ANN BTO.
Para antncios permanentes fazem con-
tractos.—Pagamentos adeantados.
FALECIMENTO
Faleceu no dia 16, ás 10 horas da
noite a sr,º D. Maria da Conceição
Teixeira, estremosa mãe do nosso pa-
trício e amigo, Capitão Salvador Nu-
nas Teixeira.
O seu enterro foi uma verdadeira
manifestação de saudade pela extinta
e de carinho pelo nosso amigo.
Ao Capitão Salvador Teixeira en-
viamos Os nossos pezames.
CHFICHEO CHE CHEICAEO
Pedrógão Grande
No dia 1 de Janeiro foi inau-
gurada naquela vila, a luz elé-
trica, publica e particular.
Aquele melhoramento, que é
uma prova de que Pedrógão
Grande não quer ficar para traz
na senda do progresso, deve-se
especialmente á preseverante
vontade do nosso bom amigo o
sr, Manuel Rodrigues, digno ac-
tivo comerciante e industrial da-
quela terra.
Daqui enviamos as nossas sin-
ceras felicitações ao nosso ami-
go e ao povo de Pedrógão Gran-
de por aquele grande mellíora-
mento.
Anuncio
Por sentença de 22 de Janei-
ro ultimo, que transitou em jul-
gado, foi decretado o divorcio
litigiozo dos conjuges José An-
tunes, ou José Antunes Duarte e
Carolina da Conceição, proprie-
tarios da Quintã, desta comarca,
declarando dissolvido para to-
dos os efeitos legaes o seu casa-
mento.
Certã, 13 de Fevereiro de 1926
O escrivão,
Francisco Pires de Moura
Visto—O Juiz de Direito,
M, Ribeiro
3
0 CLOB BOMJARDIM EO CINEMA
Às linhas que se seguem, já esta-
vam escritas ha bastante tempo e se
já não as dei á publicidade foi por-
que julgava passada a oportunidade.
Os factos ultimamente ocorridos vol-
taram porem a dar-lhe oportunidade,
pela necessidade que tenho de justifi-
car a minha acção neste caso, peran-
te as pessoas de bôa fé, que não co-
nhecem toda a sua historia.
E” uma exposição clara e serena
com alguns comentarios adquados e
nada mais,
“À quem, ignorando os factos pas-
sados com o caso da cedencia do tea-
tro Taborda para a instalação de um
cinematografo, possa estranhar a mi-
nha atitude, eu venho expôr esses fa-
ctos, para que a ninguem fique, se-
quer, a suspeita de que ceu, por e:
pricho mal cabido on malquerenç
pretendesse entravar qualquer medi-
da que representasse um progresso
para Sernache.
Não venho reevendicar direitos
ofendidos nem tão pouco defender in-
teresses, mas somente expôr os fa-
ctos para que toda a gente e muito
especialmente os socios do Club
Bomjardim possam avaliar a lealda-
de e lisura de algumas pessoas que
no caso intervieram.
Passemos a historiar os factos:
Aí por Fevereiro de 1925 aparece-
ram em Sernache uns saltimbancos a
quem a Direcção do Club Bomjar-
dim, imprudentemente alugou o tea-
tro, propriedade daquela associação,
para duas sessões cinematograficas.
Digo imprudentemente, porque os
tais saltimbancos foram instalar a
maquina projectora na primeira ga-
leria do teatro em uma cabine impro-
visada com algumas pobres cobertas
de cama imundas e mal cheirosas,
sem as necessarias cautelas para evi-
tar qualquer desastre que seria de
gravissimas consequencias.
Como era novidade não faltou pu-
blico e os sallimbancos tiraram gôr=
da maquia, ficando, com certeza, a
rir-se da pacovia curiosidade da po-
pulação desta terra, sempre tão pron-
ta a receber fidalgamente e a acari- –
nhar todos os que os vai-vens da sor-
te para cá encaminha, tanto mais que
o aparelho não prestava e o espeta=
culo foi um verdadeiro logro.
Foi, sem duvida, o bom resultado
“colhido pelos saltimbancos que des-
pertou a cabiça do comerciante desta
praça, Francisco Nunes Teixeira e o
levou a pensar em montar um cine-
ma em Sernache. ;
Antolhava-se-lhe, porem, o receio
de que a iniciativa não tivesse tão feliz
resultado como o obtido pelos ciga-
nos e, como o mal de muitos é con-
fôrto, resolveu-se a procurar socios
para a empreza e nesse sentido. diri-
giu-se a alguns socios no Club.
Confiado nas relações de amizade
que inalteravelmente até ali sempre
tinha mantido com Teixeira, cha-
mei-o de parte e fiz-lhe sciente que
eu já tinha negociações entaboladas
para a aquisição de um aparelho ci-
nematografico . mas que se o seu de-
sejo era, como dizia, dotar esta ter-
ra com um meio recreativo, eu ia ao
encontro dos seus desejos e até tinha
prazer em o associar a essa empre-
za. Declarou-me então que em vista
de eu estar já tratando desse assun-
to, desinteressava-se dêle.
Para que ele não podesse ter duvi=
das sobre a veracidade das minhas
afirmações, fui no dia seguinte ao
seu estabelecimento mostrar-lhe a cor=
respondencia trocada sobre o assunto
expondo-lhe com toda a sinceridade
os projectos que Linha, e oferecendo=
lhe novamente parte na empreza, não
calculando que ele viria a servir-se
das minhas indicações com a mais
descarada má fé.
(Continta)
Dus;
o nanao nana@@@ 1 @@@
4 PROGRESSO BEIRÃO | sua
| Gosssssssos DES Ms
Lamonaos do Sema
– Carreiras enfre Semache ea Estação de DPauyalvo
A’S SEGUNDAS, QUINTAS E SABADOS
roda a correspondencia deve ser dirigida a
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Recomenda-se aos Srs. Vijatad e Turistas ae
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“Para quem pretenda demorar-se, fazemos: preços especian;
O PROPRIETARIO, cá Tulio Vietorino
Bemjamim dos Santos Pires SERNACHE DQ BOMJARDIM 5
Laura: SEssaUE ; Ooscosnencosssssssssssê
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Esinhelecimendo Comensiati ATOS Fernandes Cueo
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GASTMINHO < SGsSoPAa ag] Mio Edi ferragens, mercearias, adubos quimicos, í ; vers ti Grande e variado sortido de je fazendas; miudezas, quinquilharias, i louças e di QMBEGAS. mercearias e papelaria : Vi ea Agencia da Companhia de Seguros Fidelidade (Casa em, frente do; Correio) AL O ; e SERNACHE DO BOMI ARDIM | Sernache do Bomjardim LOJA NOVA SR AL ANTONIO AGOSTINHO e DE Er + da e À EE e Pe V de Jojo da Silva Carvalho G Hi. Martins Cardoso & E. b. E sp a çã j Sutessares, Limitada E e Eat a e - Fazendas, Ferragens, Metosarias, Artios de Retro- Der E Fazendo de algodão, lãs linho; | = 2eiro, L uças, Vidros é Tabacos j ar e seda. Mercearias, ferragens, | + | Rae Ei irado; em — ovjnquilhárias, hijgutarias. ato. “ [pat erATEPIGOS DE NOVIDADE = E RCE ———— — E : “de faro, folha de Flandres, 3 Alfaias Agricolas, Sulfato de cobree Enxofre = RR ua de ho- rro, àço, etc. q it ; ; E 7 e » et Correspondente dos E Po js ADUBOS QUIMICOS 5 BANCOS DE PORTUGAL, LISBOA & AÇORES, Res Borel especial para capas alentejanas E ORGANICOS RES COMERCIAL DE MOÇ: AMBIQUE, ETC. dci a a = go) Compra ou froca Já por fio Deposito de tabacos e fosforos | 31, Run Bandido. tos Reis, 49 — Rua Dr. Sentos: Valonte, 1 $= | Du por fazendas. ' —& eg Nm Encontra-se todos. os dornin- RR assa EE REA e e EmA o Ge Ss PRENSA o gos no; Mercado. Bittencourt, em 4 CERTÁ 9 au EECRREIICENTEESTITETOCETITENITETNTTTTE TS | Sernacho do Bomiaraim, SU De SSIS SPD omitir 1 : FABRICO ESPECIAL PARA CON- ij SUMO E EXPORTAÇÃO | Sc E e EScScarscScSebl Es ROO, “e GR Bson A | Eaesá eaneledsceçãe | i PAVILHÃO CENTRAL i| Sociedade Viação Edi BITTENCOURT Pedroguense, h,* , CARREIRA DE CAMIONETTES | | ar lã diúlla IN E D SE DE tp Amendoa, marmelada, brôas, frutas co- j sia a É cristalizadas ebuçados de ruta musgo e alteia Ê dd Entre a vila de Pedrogão Pequeno, EIS Isa: | Especialidade e pastelaria, d j P' a da aa aioso de: o Sen ehe io Bom tdo Casa E ita gm: m CAPILÉ, GROZEILHE E SALSAPARRILHA 9 | Ferreira do Zezere, Tomar e Payalvo ce ea ES AA pio doado Frans ds alamais rugas do: 5. ROQUE Eai dean Ae ntCiAsSo ba pu d meas, arroz, cereais, bolachas, Fornecem-se lunchs para casamentos e bã- if à tisados, de todas as qualidades de docerias 3] 3 de Dezembro, ás segundas, quintas e saba- ER? É | dos, saindo de Pedrogão ás -6 1), da Certã às Tauecos nacibrais e estrangeiros É Fabrica monida a elecfricidade 7a e de Sernache ás 8 horas. ARTIGOS DE CAPELISTA E FERRAGENS Para informações, com. o director. dele-. k |) Telefone: Nye 1743 y São feitas com toda a regularidade, desde azeites, vinhos e licores | = acacpcPSPPsEsEsPEEcpsESPSpr ESCORE SCECERSES| CEsTsusasastE gado, SEM CO À Rua de S. Bento, 363 ; Adelino Nunes Marinha ns ga ge ! | IARA : SERNACHE DO BOMJARDIM | deseo EScopoescScScrESpo Sra: E E