Gazeta das Províncias nº8 29-12-1898

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ANNO |
CERTA — Quinta feira 29 de Dezembro de 1898
N.º 8
sSemanario independente
ASSIGNATURA.
CERTA, mez, 100 18, FÚRA DA CERTA, trimestre, 330 rs. AFRICA, semestre, 48000 rs. BRAZIL, semestre, 29500 15. Numero avulso, JO rs.
Poda a correspondencia dirigida à Administração,
R. Sertorio, 17. Os originaes recebidos não se devolvem
Ernesto Marinha — Director
FUBLICAÇÕES
No corpo do jornal, cada linha 80 75. Annuncios, 40 rs. à linha. Repetição, 20 rs. a linha. Permanentes, preço convencional; os srs, assiquantes
têm 0 desconto de 25 0/9. Esta folha é impressana Imprensa Academica, R. da Sophia, Coimbra
j Augusto Rossi — Editor
DOUTOR JOSE TAVARES
A individualidades que
não precisam de biogra-
é phia para merecerem
AS jus á consagração pu-
blica. O dr. José Tava-
” res é uma dessas indi-
vidualidades. Basta vél-o e ouvil-o para
saber de que força é a sua estatura
intellectual e moral. Eis o seu primeiro
titulo de gloria, Não obstante, o dr.
José Tavares tem egualmente a recom-
mendal-o uma biographia extensa e
honrosissima.
Nasceu no Valle-da-Urra, humilde
aldeia do concelho de Villa-de-Rei, em
novembro de 1873. Seus paes, hones-
tos e activos, esmeraram-se em propor-
cionar-lhe, como a outros seus irmãos,
uma educação levantada e digna. De-
ram-lhe como destino a vida ecelesias-
tica, internando-o para esse fim no se-
minario de Portalegre, Porque eram
outras as suas tendencias, pouco tempo
se demorou ahi, matriculando-se no
lyceu da mesma cidade, onde fez uma
frequencia distinctissima, ainda hoje
rememorada na tradição academica.
Completos os preparatorios, seguiu
em Coimbra a faculdade de Philosophia.
Se como estudante do lyceu attingiu
uma reputação pouco vulgar, como es-
tudante de curso superior excedeu essa
mesma reputação, impondo-se não só
pelo seu talento, que é excepcional,
mas tambem pelo seu caracter, que é
illibadissimo. As luzes e doutrina que
o seu fino espirito assimilou n’esta glo-
riosa frequencia, notaram-se depois
consideravel e beneficamente na orien-
tação que adoptou na sua applicação
ao estudo-das sciencias sociaes. Ardente
e enthusiasta, como todos os talentos
peninsulares, não se satisfez com a sim-
ples educação naturalista que havia re-
cebido na faculdade de Philosophia :
aspirava mais longe, lançava vistas
mais ao longe! As questões sociaes,
reconhecidamente complexas e imme-
diatamente interessantes, não podiam
deixar de despertar-lhe a sua attenção,
viva e animada, Matriculou-se por isso
em 1893 no primeiro anno jurídico da
universidade ao mesmo tempo que no
ultimo da faculdade de Philosophia. É
como estudante de Direito, senhor dos
mais solidos elementos que póde for-
necer uma educação naturalista, que o
seu priviligiado espirito se sentiu ex-
pandir-se em toda a sua força e em
toda a sua gran-
deza. Obteve as
mais altas classifi-
cações de que ha
memoria nos an-
naes universita-
rios, — classifica-
ções que foram lo-
gicamente. coroa-
das com umacto de
licenciado distin-
ctissimo em março
de 1898 e com
uma defeza de the-
ses não menos no-
tavel em 13 de de-
zembro do corren-
te anno. No dia 18
do mesmo mez e anno, perante uma
concorrencia extraordinaria e unica,
tomava solemnemente capello, vendo-
se assim elevado a uma altura, que,
no nosso paiz, é sem duvida a pri-
meira a que póde attingir um homem
da craveira intellectual do dr, José Ta-
vares.
Commemorando esse facto e pre-
stando homenagem a uma das melho-
res esperanças desta nossa pobre pa-
tria decadente, inserimos hoje na Ga-
zeta das Provincias o retrato do novo
doutor e as modestas linhas que o acom-
panham. Que s. ex,* nol-as desculpe.
Veem sinceras e enthusiasticas do co-
ração; mas, vindo do coração, nem
por isso a inteligencia as comprova
menos. O nosso juizo não é isolado nem
singular. Com a apreciação que faze-
mos do dr. José Tavares condizem com
a de alguns ilustres homens de scien-
cia.
O dr. Lopes Praça, cuja capaci-
dade e competencia ninguem ousa con-
testar, dissera d’elle «que seria sem-
pre o primeiro, querendo elle, entre”
os grandes homens de qualquer paiz».
O dr. Affonso Costa, o mais denodado
e fino defensor do movimento socia-
lista em Portugal, não teve duvidas
em affirmar que sentia muitas vezes
abalado, ao ouvir a logica clara e pre-
cisa do dr. José Tavares, qualquer
conceito que jul-
gavater definitiva-
mente sobre um
principio de scien-
cia. O dr. Daniel
de Mattos, que no
ultimo congresso
medico de Lisboa
se affirmara como
uma legitima glo-
ria da medicina
portugueza, segue
na mesma ordem
de apreciações,
não hesitando em
reconhecer a já va-
liosa e altamente
promettedora indi-
vidualidade do dr. José Tavares.
Mas o dr. José Tavares não se re-
velou apenas nas escolas, teve tambem,
fóra disso, os seus triumphos como
orador.
Está ainda presente ao nosso espi-
rito a manifestação assombrosa da sua
eloquencia n’uma das mais agitadas e
concorridas assembleias geraes da aca-
demia de Coimbra. Frequentava elle
então o 4.º anno da faculdade de Di-
reito. O momento era de exaltação
para a mocidade estudiosa por virtude
d’uns factos graves em que se invol-
veram dois estudantes. Havia-se for-
mado tenção de organisar cooperativas,
que dispensassem em Coimbra a ne-
cessidade de recorrer aó trabalho e ao
concurso dos futricas. Para levar a
cabo uma tal resolução, constituira-se
uma grande commissão de que faziam
parte os academicos mais graduados
de todas as faculdades. Como era lo-
gico, não podia deixar de apparecer
n’essa commissão o dr. José Tavares.
A maioria dos estudantes achava
perativas e exigia-as a todo o custo.
Para quem, porém, conhecia a engre-
nagem politica de Coimbra e os attri-
ctos que de futuro naturalmente emer-
geriam, facilmente via que a commis-
são se desfaria em breve na impossibi-
lidade manifesta de se desempenhar do
encargo. Por taes motivos, despedi-
ram-se da commissão, com mais ou
menos habilidade, em plena assembleia
geral, os membros que a compunham.
Faltava, porém, ainda o dr. José Ta-
vares por se despedir. Era o unico.
Quando todos suppunham que iria
adoptar procedimento identico a dos
seus collegas, vêem-no adeantar-se, no
meio d’uma expectação geral, para, com
um calor e uma argumentação sem
egual, repellir e refutar os fundamen-
tos porque se haviam retirado da com-
missão os diversos membros nomeados.
Alguns d’estes tentaram ainda respon-
der-lhe; outros balbuciaram palavras
de effeito. Mas nada assustou o dr. José
Tavares. Com a sua logica de ferro e
com a sua linguagem vibrante, desfez
todas as duvidas e dificuldades, obri-
gando a entrar novamente na commis-
são todos os que della se tinham des-
pedido. Não podia ser mais completo
o seu triumpho. A assembleia accla-
mou-o delirantemente, Todos reconhe-
ceram no dr. José Tavares um espirito
lucidissimo a par d’uma alma ardente
de orador peninsular.
Ha, porém, ainda, alem d’estas,
uma outra feição do talento do dr. José
Tavares: é como escriptor publico. Os
seus livros são, chronologicamente
enunciados, os seguintes :
A freguezia ou parochia como divi-
são administrativa — 1896.
A pratica extrajudicial e o tabel-
liado — 1896.
A fiança no direito commercial —
1897.
Das sociedades commerciaes— 1898.
Theses ex-universo jure — 1898.
Fazer d’esses livros a critica que
merecem seriam precisas longas pagi-
nas; e, infelizmente, nem a estreiteza
| lisonjeira e praticavel a ideia das coo- | do nosso jornal nem a da nossa intel-el-@@@ 1 @@@
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GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 29 DE DEZEMBRO DE 1898
ligencia comportam esse desenvolvi-
mento, =
Basta-nos, todavia, dizer que as
obras do dr. José Tavares contêem as
afirmações mais avançadas na evolu-
ção das doutrinas sociaes e as mais em
harmonia com as tendencias do orga-
nismo nacional portuguez. À forma em
que as modela e redige é irreprehen-
sivel e elegante, sem prejudicar aliás
as exigencias duma conveniente cla-
reza e precisão.
Mais e muito mais teriamos a dizer
em honra e justiça do dr, José Tava-
ves. Fallecem-nos as forças e o espaço,
O que ahi deixamos escripto representa
apenas uma modesta homenagem ás
suas excepcionaes qualidades de talento
e de caracter. E o talento e o caracter,
quando se fundem na mesma entidade.
formam um astro; e esse astro no ceu
nebuloso da politica d’um paiz como
o nosso, é incontestavelmente uma es-
perança luminosa e segura!…
——— dp affotpee — ——
Ãos nossos presados
assignantes, colaboradores e leitores
MARÇALINAS.
IV
Alta noite, termina a consoada,
Pouco depois, n’aldeia socegada,
A somno solto já tudo dormia
Até que ontra vez rompesse o dia,
Homem nédio, de cara rubicunda
Ressonava com voz cáva, profunda,
Quem diria que all, nºaquella mente
Corria um sonho, suave e dôcemente? |
Sonhava com o tempo já distante
Em que elle nem sequer era estudante; |
Usava ainda abertas as calcinhas !
Mas já escrevia p’ra todas as Polhinhas.
Já meio despido, fôra de carreira
Depór os sapatinhos na lareira,
P’ra que no outro dia lá tivesse
Qualquer brinquedo ou coisa que o valesse,
Pois n’essa noite, julgam as creanças,
Que o Deus Menino lá põe umas lembranças.
Elle estava na cama já esperando
Que a densa treva se fosse dissipando
* Pra elle ir correndo, açodado
Buscar aquillo que lhe fôra dado.
Que sonho venturoso! Que idear!
Se não fôra-tão cruel o despertar…
Levanta-se dºum salto, em pesadelo
Na cosinha tropéça n’um escabelo
E fica na lareira então estirado,
Pisando um gato que fero, assanhado,
O desperta com forte arranhadura
(Depois de tanto gôso ! oh! desventura!)
Sentiu-se muito frio, então espirrou
— Constipação no caso, — accrescentou,
ECHOS DA SEMANA
Foi declarada sem efeito a nomeação de
tabellião de notas do antigo julgado de Sou-
zel, do nosso presado amigo sr. Eduardo
Barata Correia e Silva, sendo nomeado para
o officio de escrivão e tabellião do juizo de
direito d’esta comarca.
Ao agraciado as nossas cordeaes felici-
tações,
— Tem logar no dia 4 de janeiro a ex-
tracção da pauta dos jurados para o primeiro
semestre do anno futuro.
— Foram concedidos 30 dias de licença
ao sr. dr. Braz Augusto Pereira Gomes, de-
legado da comarca de Mação,
— Foi agraciado com a mercê de caval-
leiro de Christo o sr. José dos Santos Coe-
lho Godinho, digno escrivão da 2.º vara civel
de Lisboa, que durante 11 annos exerceu
aqui o logar de escrivão e tabellião com su-
perior inteligencia.
— No dia 31 de dezembro tem logar,
n’esta villa, a arrematação de duas tarefas
de terraplenagem e uma d’obra d’arte, no
“Jango da estrada n.º 123, de Pedrogam Pê-
queno ao Valle do Couro.
— Tomam posse no dia 2 de janeiro
os novos vereadoures da Camara Municipal,
eleitos para servirem no triennio de 1899
a 1901.
— Entram em exercicio de seus cargos,
no primeiro de janeiro, os corpos gerentes
do Monte-pio Certaginense e Confraria do
Santissimo Sacramento d’esta villa.
ÃO CO) nm
Caça aos javalis
Realisou-se no dia 26, nas costas de
Matto du Aldeia da Ribeira, d’esta freguezia,
uma caçada aos porcos bravos, tomando parte
n’ella alguns cavalheiros d’esta villa.
Devido ao mau dia que se proporcionou,
a caçada não deu o resultado que se espe-
rava, e só ao declinar do dia appareceram
5 javalis, a que não deram caça por falta de
tempo. 3
Projecta-se nova caçada com maiores
elementos, devido ao enthusiasmo que ha
nos promotores da primitiva.
essa (E) iss
CHRONICA ELEGANTE
Já regressou a esta villa o sr. dr. José
Carlos Ebrhardt e sua ex.”2 esposa.
ES
Sahiu para Agueda o sr. Augusto Hen-
riques Martins, abastado proprietario.
mx
Já regressaram a esta villa os nossos
amigos srs. Eduardo Correia Barata é Adrião
Moraes David.
e
Está entre nós no goso de ferias o nosso
amigo sr. Antonio Rosa Mella.
ee
Está em Sernache do Bom-Jardim o nosso
partleular amigo sr. dr. Antonio Ildefonso
Victorino.
MES
Regressou de Lisboa o nosso amigo sr.
Luiz da Silva Dias, conceituado commer-
clante. ao
*
Já regressou a esta villa a ex.” sr. D,
Conceição da Silva Baptista.
me
Estão tambem nºesta villa onde, vieram
passar o Natal, o sr. dr. Accacio Marinha e
sua ex.”* esposa,
a
Está em Ferreira do Zezere o nosso
amigo Guilherme Godinho Felix Faria.
x
Passa no dia 31 o anniversario natalício
– da ex.”º sr.º D. Branca do Ceu Guimarães
Rocha.
E
Está entre nós o nosso presado amigo
sr. José Miguel Coelho Godinho.
E
Sabiram para Thomar, regressando já a
esta villa, as ex.mas sr. D, Isabel da Ga-
mara Frazão e D. Emilia Grande.
me
De passagem para Oleiros, esteve nºesta
localidade o ex.”º sr. José Antonio Pinto.
MUNDO EM FÓRA
Bilhetes postaes
A validade dos bilhetes postaes comme-
morativos do centenario da descoberta da
India, uteis para as relações internacionaes,
da taxa de 2º) réis, termina em 31 do cor-
rente, devendo a troca dos referidos bilhetes
postaes, por outros validos, ser feita até 1
de março de 1899.
A troca effectuar-se-ha: em: Lisboa e
Porto, nas 1.º secções das estações centraes
dos correios, nas outras capitaes de distri-
cto, nas agencias do Banco de Portugal; em
outras localidades, nas recebedorias de co-
marca ou concelho,
A esmola
Velho e triste, mal coberto de sordidos
andrajos, um pobre mendigava, sentado na
orla de uma estrada.
Passou alguem, que era riquissimo, com
seguito de creados de rica librê.
— Por caridade, senhor! Tive outr’ora
cofres cheios de ouro e pedrarias; hoje nem
um soldo no meu sacco. Por caridade, se-
nhor !
O opulento, enternecido, lançou uma
peça de ouro ao mendicante.
— Agradecido, senhor! Graças a esta
moeda, pensarei nas opulencias passadas e
lograrei a illusão das riquezas dispersas.
Passou um general de grande uniforme,
seguido de uma escolta, soprando em guer-
reiras trombetas e empunhando na mão di-
reita ramos de louro, que agitava gloriosa-
mente no ar.
— Por caridade, senhor! Fui outr’ora
um altivo vencedor rodeado d’acclamações,
e a magia dos triumphos agitava bandeiras
na minha frente. ;
O general, enternecido, deu uma folha
de louro ao pobre homem. |
— Obrigado, senhor! Graças a esta fo-
lha de louro, sonharei com as vitorias de
outros tempos e lograrei a illusão das ba-
talhas esquecidas.
Passou com o seu namorado uma
mosa rapariga de dezeseis annos.
“O pedinte disse, com desalento:
— Outr’ora era eu amado por mulheres
formosas e moças louras tambem, e cujos
labios eram tão frescos como os seus. Ago-
ra, velho e alquebrado já não sei como é o
perfume dos beijos.
À rapariga que passava commoyveu-se.
— Com licença do meu namorado —
disse ella ao mendigo — concedo à tua bocca
triste a esmola d’um beijo fresco.
E o apaixonado disse com mizeria:
— Permitto-o.
Mas o mendigo replicou :
— Não! não quero o beijo dos teus la-
bios frescos, creança! uma peça de ouro ou
uma folha de louro pódem fazer uma vez à
ilusão das opulencias ou das victorias. Mas
um beijo fresco, juvenil, não restitue o amor
a um velho coração. Parti, parti, creanças:
que eu não ouça a ternura das vossas fal-
las e dos vossos risos! pois o que ha de
for-
“mais cruel para o morto que jaz sob a relva
emmurchecida, do que o arrular de duas
pombas no cipreste da sua sepultura !
Catulle Mendés.
8 FOLHETIM
ODIO DE FIDALGOS
Almeida Mendes |
O nosso homem subiu às nuvens, esbra-
vejou, tergiversou, talvez por modestia, mas
acceitou: vestiu-se no requinte da moda e
só uma cousa O afíligiu durante este tempo:
procurou por todos os sapateiros umas bo-
tas à «Voltaire,» — patusco seu favorito —,
em linguagem sua, mas todos os esforços
foram baldados, porque não poude encontrar
o almejado objecto.
Viu então que era tempo de levantar
campo e apregoando com o desafinado ran-
ger dos tufos da camisa o seu titulo de vis-
conde da Estrella, poz-se a caminho para B..
A novidade da sua chegada e ainda mais
a fama da sua riqueza espalhou-se logo pela
povoação, e todos à porfia, fidalgos e plebeus,
se apressaram a cumprimentar o novo Creso
e a oferecer-lhe os seus serviços. Este re-
cebeu-os lisongeiramente descambando sem-
pre no fim de qualquer visita para a immu-
tavel phrase:
ia
—- Adeus, meu senhor, tem aqui um
criado ás suas ordens, que deseja vêr c>-
roadas todas as suas esperanças, realisados
os seus menores desejos…
E mais outras phrases que vinham pro-
var absolutamente a estupidez d’aquelle todo
idiota.
Uma tarde passeava o infatuado visconde
no jardim de D. Ignacio em companhia de
Catharina, em quem já tivemos occasião de
falar n’um dos capitulos precedentes: era
realmente bella esta mulher de faces palidas
e olhos negros e rasgados que semelhavam
duas fulgidas estrellas ostentando-se em bri-
lhante céo de amores: os labios eram folhas
de fragrantes rosas, os cabellos, quaes fios
de ouro tecidos por mão de encantadora fada,
caiam-lhe em ondas pelos eburneos hombros
que apenas occultava fina renda de Sevilha:
as suas fórmas quasi que tinham umas som-
bras divinas — tal a perfeição com que eram
talhadas.
Que contraste |
Um personagem obeso, ridiculo, a par
de um outro bello e arrebatador !
Emfim… são cousas.
— Acceite esta flór, D. Catharina, disse-
lhe o visconde inclinando-se respeitosamente.
— Ora, sr. visconde, que gostos tem !
— Porque?
— Um martyrio que me olferece: se al-
guem o visse diria que essa flôr era…
— à imagem verdadeira da amargura
que me enlucta 0 coração.
— O sr. visconde está hoje muito original.
— Cruel! exclamou elle voltando-se nos
calcanhares e fazendo um gesto que estava
muito longe de exprimir o seu pensamento.
— Não sei em que.
— Então não advinharia ainda a affeição
que lhe consagro, sr.? D. Catharina ?
A donzella aprumou-se com as faces co-
loridas por vivo carmim, os seus olhos ani-
maram-se com um brilho desusado, expres-
são do despreso que lhes infundia a decla-
ração do brazileiro moderno e exclamou:
— Sr. visconde da Estrella, olhai para a
relva que pisais e para a flôr que alli se os-
enta virente.
Voltando-lhe as costas ia a retirar-se do
jardim quando Manuel de Sousa travando-lhe
d’um braço, disse em voz cava:
— Se diz a alguem o que se passou en-
tre nós…
E completou o sentido da phrase fazendo
| Uns esgares sinistros,
— Alê no ameaçar é covarde, replicou
ella fugindo em direcção ao palacio. |
— Minha pombinha, murmurou elle, rin-
do-se sordidamente, és só minha; tenho aqui
a cadea que não te deixará fugir.
Lançou mão d’um papel que tinha na
carteira e leu:
«Declaro eu, D. Ignacio de Sousa Mene-
zes é Albuquerque, que cedo a mão de mi-
nha filha D. Catharina ao ex.Ӽ sr. Manuel
Candido de Sousa, visconde da Estrella, com
a condição de este senhor pagar as minhas
dividas que menciono n’um pergaminho que
fica em meu poder.
«D. Ignacio de Sousa Menezes e Albuquerque».
– Não escaparás: ou a lua mão ou q
opprobio e a miseria para sempre !
E venha agora alguem negar-me a ver-
dade d’esta asserção: que hoje em dia a
verdadeira nobreza é — milhão e meio em
bilhetes de banco que não sejam — falsos—,
Disse.se.@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTA, 29 DE DEZEMBRO DE 1898
Sciencias & Letras
INSIRUÍ!
A praça está deserta. A noite é fria
como gelo. E emquanto as begonias dermem
no conforto das estufas, ha ali uma creatu-
ra humana que dorme na pedra das cal-
cadas.
E” um mendigo e um ladrão. De dia
pede esmola, é à noite exige-a. A” hora da
missa encontra-se à porta das egrejas, & 6
mendigo; à hora do crime encontra-se à
esquina das ruas, é é ladrão. De dia traz
moletas; de noite traz navalha.
Vedê-o,. E” uma ignominia embrulhada
nºum farrapo. Cahiu alli como um fardo de
miseria, estupidamente, brutalmente, mas-
cando pragas. Gs
D’onde veio esse homem? Da prostitui-
ção, do lado anonymo. Entrou na vida pelo
postigo de uma roda e ha de sahir da vida
pelo alçapão duma guilhotina. Rompeu de
um ventre, como um sapo d’um esgoto.
A mãe, quando o deu à luz, não viu O
fructo do seu amor: viu a prova do seu
crime. Esconde-o no mysterio como o as-
sassino esconde a sua victima.
E o pae? seria um principe ou um con-
demnado das galês? E” indiferente. Em
ambos os casos, um bandido.
E de resto, que importa a elle! E’ um
fructo do chão, um fructo pôdre. Sahiu do
estrume e vae para a fossa.
Aos dez-annos conhecia todos os vícios,
ignorava todas as virtudes. Na epocha em
que as crianças roubam ninhos, elle rou-
“ bava relogios. Precocidade.
Quando as outras são anjos, elle era
gatuno. Na edade em que se aprende a lêr,
elle aprendia a assobiar.
Os preconceitos e os crimes buscam ce-
rebros analphabetos, como os morcegos é
os chacaes buscam os subterraneos às es-
curas. Ha mais luz nas vinte e quatro let-
tras do abecedario, do que em todas as
constelações do firmamento.
Não teve mãe nem teve pae, não teve
escola. Germina como um tortulho venenoso.
A lama ensanguentada da miseria tem d’estas
gerações espontaneas.
Aos quinze annos deixou de ser gatuno
para começar a ser ladrão. Já não tirava
lenços das algibeiras; tirava notas das ga-
vetas. Ao principio entrava pelas portas,
depois chegou a entrar pelos telhados.
Progrediu por tal modo, que na edade
em que se recebe na egreja a primeira com-
munhão, elle récebia no tribunal a primeira
sentença. Seis annos de cadeia: uma for-
matura em ladroagem. Quando entrou le-
vava uma gazua; quando sahiu trouxe uma
navalha. Foi rapazola e veio tigre. A cadeia
enguliu um malandro e vomitou um assas-
sino. Aperfeiçoou-o no roubo e leccionou-o
na facada.
D’ahi em diante destribuiu o seu tempo
d’este modo: tres annos nas galês e tres
mezes na taberna. Um assassino sahe mui-
tas vezes d’uma garrafa. O vinho, proprie-
dade tenebrosa !… combinado com o san-
gue.
Aº bebedeira seguiu-se indigencia, o de-
lirium tremens. Nº’aquelle cerebro da per-
versidade passou um terremoto de loucura.
Por fim alli o tendes. E âmanhã, a estas
horas, quem sabe ! estará talvez numa gui-
lhotina, dentro de uma cova, ou no fundo
de um rio. O cutelo, a miseria e o suicidio
disputam-no entre si: tres à espera dum
cadaver.
Philantropos sociaes, respondei-me a
isto. As vossas estatisticas dizem — a in-
strueção diminue a perversão: quer dizer,
o alphabeto diminue o crime, que é uma
doença dos pulmões.
Para doença ha um remedio e para 0
envenenamento ha um antidoto. Como se
deita abaixo uma cadeia? Acotovelando-a
com uma escola. O professor ha de elimi-
nar O carcereiro.
A luz absorve os miasmas do espirito
como os arvoredos os miasmas dos panta-
nos. No homem ha duas cousas — o instin-
cto, que é um cego, e a consciencia, que é
um pharol. As consciencias são as sentinel-
las dos instinctos. A razão é o domador dos
appetites. Como se faz a separação? Illu-
gminando as ruas? não, iluminando os ce-
rebros. A grilheta castiga os assassinos :
mas não resuscita os assassinados. Não in-
demnisa, vinga.
vu… e… “eso na. o.
cs… evoca.
Se a sociedade tivesse fornecido um a b c
ao ignorante e um officio ao mendigo, a
somma da ignorancia com a miseria não
produziria este resultado — crime.
ne. 0… aco o a a n a n u a o Du.
Guerra Junqueiro.
MARCO POSTAL
Oleiros, 26. -— Fez um anno no
dia 43 do corrente que aqui chegou um
grupo dramatico d’amadores certaginenses;
demorou-se 3 dias e, por egual tempo, Olei-
ros regorgitou de jubilo. N’uma d’essas
noites nos mimoseou com a representação
das seguintes peças: O escravo, Dois estroi-
nas, Não acha minha senhora, O ereado,
Um alho, e (Quem eu sou, em que os acto-
res, revelando-nos decidida vocação, nos en-
cheram de encanto! Ainda hoje ficamos es-
taticos ante a lembrança d’essa festa tão
deliciosa ! Mas, porque ao bom se antepõe
o mau, — damos razão ao auctor das Com-
pensações — bem nos magoaram,-no fim de.
tantos prazeres sem par, as aventuras a que
o azar da sorte expoz esse grupo de sym-
pathicos mancebos no seu regresso à terra
mãe !
A todos esses amigos que já conheciamos,
e então conhecemos, enviamos as boas fes-
tas, desejando-lhes que o proximo anno lhes
seja mais prospero. a
— Regressa no proximo sabbado o dis-
tincto medico deste partido, o ex.Ӽ sr. dr.
Faria. Folgamos em registar esta noticia.
— Nºeste concelho só a cadeira do Mos-
teiro está a concurso; a de Oleiros está
provida. :
— Tem dado origem a largas conversa- .
ções o conflicto levantado na camara de
Alemquer em virtude da nomeação do se-
cretario. Esperamos anciosos o resultado
d’esta questão.
— Acaba de chegar a esta localidade o
ex.Ӽ sr, Antunes Pinto.
Alguns assignantes da Gazeta, d’esta
terra e residentes fóra, nossos amigos, nos
têm manifestado todo o seu agrado pela pu-
blicação das noticias do canto que lhes foi
berço; declaramos-lhes não deixar de as
transmittir em quanto a Gazeta uzar para
comnosco d’essa immerecida deferencia.
Singelas sim, mas de boa vontade.
O:
———pe io dem
Pedrogão Pequeno, 4% —
Celebrou-se n’esta pittoresca villa com toda
a pompa a tradicional missa do galo, que
correu muito animada, pois estava a egreja
repleta de povo, não só d’esta freguezia, mas
tambem das circumvisinhas.
Foi celebrante o nosso prezado amigo
sr. P.º Antonio Alves. .
Abrilhantou a festividade a Phylarmonica
Pedroguense, que muito nos agradou, devido
aus seus dignos directores srs. Adelino Pes-
soa e José Fernandes.
— Está entre nós o sr. dr. Francisco
David.
Tambem veio passar o Natal a esta villa
o nosso amigo José Nunes David e Silva, que
já retirou para Lisboa.
-— Está em ferias na Castanheira de
Pera o nosso amigo sr. Miguel Alexandre
Alves Correia.
— Faz annos no dia 31 do corrente o
sr. Alfredo Henriques Serra.
eg
UTILIDADES
Ras feitas à academica
Aproveitem-se-lhe unicamente as per-
nas, lavem-se em differentes aguas, met-
tam-se em clara d’ovo, pulverisem-se com
farinha e frijam-se depois até ganharem
ECOr.
Sirvam-se depois com rodas de limão.
Biscoites reaes
Por espaço de tres horas ponham-se
n’um tacho quinze ovos, tirando-se a clara
a cinco, e juntam-se-lhe 500 grammas de
assucar em pó. (Quando tudo estiver ba-
tido deitem-se na massa 500 grammas de
farinha de trigo, mexendo-se até que aquel-
las substancias se encorporem, e em se-
goida cortem-se os biscoitos sobre papel
no comprimento de um palmo e na altura
de uma pollegada, devendo acto continuo
ir ao forno com assucar em pó por cima.
Depois de cosidos tirem-se para fóra
despreguem-se do papel com uma faca, e
mettam-se outra vez no forno a biscoitar.
—— spp
Larapio que prende o roubado
Lê-se no Primeiro de Janeiro:
– Antonio da Silva, de Sinfães, e com re-
sidencia nesta cidade, estando ultimamente
na sua terra foi-lhe lá pedida pousada por
um individuo que elle conhecia de vista do
Porto e que se chama Manuel Rodrigues de
Azevedo, ferreiro, da rua do Bomjardim.
Da melhor vontade o Silva recolheu na
sua casa o Azevedo, que de mais a mais no
outro dia lhe faria companhia para o Porto.
Ante-hontem, porém, recebe o Silva aqui
uma carta da esposa, dando-lhe conta de que
tinham desapparecido de casa um relogio e
corrente de prata e que o larapio não fôra
outro senão o mariola que lá pernoitára.
Fulo, o roubado procurou immediata-
mente 0 ferreiro, intimando-o a apresentar-
lhe relogio e corrente, de contrario o pren-
deria.
— Preso está você e vai já para a esqua-
dra, retrucou o arguido, porque eu sou
agente da auctoridade.
E mettendo no braço uma fita azul e
branca, distintivo de cabello de policia, le-
vou o roubado para a esquadra policial.
Ali, porém, averiguou se o facto e até
que o arguido tinha vendido o relogio por
29900 n’uma relojoaria do Bomjardim.
– Hontemse apurou que o ferreiro e effe-
ctivamente cabo de policia, visto que é re-
servista e na administração do bairro orien-
tal nomeiam cabos, indistintamente, todos
Os reservistas do exercito, tenham ou não
qualidades moraes para occupar tal Cargo.
“Este de que se trata é até larapio rein-
cidente, tendo cadastro na policia.
Optio mem
Movimento insurreccional
As noticias recebidas de Tanger falam
de graves rebeliões na fronteira, indicando
que ellas fazem perigar muito o principio
d’autoridade do sultão. Em Tatilete a insur-
reição assume aspecto inquietador.
Diz-se que os principaes sherifes effe-
cluaram uma reunião em que se resolveu
manter a altitude sediciosa.
-À revolução conta com muita
armada.
– Para Tafilete partiram 45:000 soldados
imperiaes, afim: de bater os insurrectos.
gente bem
VIII
O meu viver 6 triste, porque é rocha batida
Por mar de desventuras do mundo no escarceu,
Não tenho quem minore tormentos d’esta vida,
Que resignado soífro voltando o rosto ao ceu!
Rangel de Quadros,
Dias depois o sol espraiava Os seus ful-
gidos raios sobre as campinas vicejantes, OS
ceus eram de formoso anil, as aves Lrinayam
occultas nos verdes salgueiraes e a agua
correndo brandamente entre os seixinhos que
lhe formam o leito, urdiam uma musica sua-
vissima. ;
So Catharina chorava: as aias haviam
acabado ha pouco a sua toillete: trajava um
magnifico vestido de seda branca, todo ren-
dilhado, com saia de cauda lisa, corpo do
mesmo estofo decotado em redondo com bêr-.
the bordada a ouro, franja branca e prata é
laços de seda azul sobre 0s hombros ; na ca-
beça, d’onde os anneis de espesso cabello
caiam aos montões, ostentava uma corôa de
flôres de larangeira.
= Aperta-me esta pulseira, disse ella me |
voz magoada, para uma criada que acabava
de lhe compôr o laço do pescoço. Vê se es-
tou bem… assim… achas que a victima
está bem preparada para o holocausto ?
— Minha senhora…
— Não achas que tenho algum vislúmbre
d’aquellas martyres que outr’ora caminhavam
para o supplício em defesa da sua religião?
Commigo só tenho a trocar um dos dados:
eu sou a martyr que devo subjeitar-me às
vontades, que são leis de meu pae.
E a formosa donzella levou o lenço aos
olhos para deter as lagrimas que lhe corriam
a flux pelas macilentas faces. A aia compre-
hendeu a sua dôr e conservou-se silenciosa
por momentos: depois disse:
— Farieis melhor se colorisseis o rosto.
Encaminhou-se para uma meza onde ha
via em profusão todos os objectos pedidos
para a toillete de uma dama.
— Estou pallida, Maria? Melhor. Pode-
rão dizer que essa palidez é proveniente da
alegria que me causa tal consorcio e assim
ficará illibada a honra de meu pae. O gr.
visconde da Estrella não reparará n’isto e
se o fizer… está no seu direito. Que faz
D. Vasco? .
— SÔ vos sei dizer que quando soube que
se estavam fazendo as escripluras do vosso
casamento, saiu de casa apressadamente le-
vando uma arma e ha já quatro dias que
não apparece.
— Matar-se-hia. . .?
— Por vossa causa ? replicou a criada em
tom amargo.
— Ás vezes…
— Por acaso podestes acreditar as pala-
vras de vosso primo que não passa de um
mediocre seductor, que nunca vos tributou
um verdadeiro affecto? N’elle- só existe 0
egoismo profundo: é materialista, basta
dizel-o. . .
— E Estevão? perguntou-lhe Catharina,
levando as mãos ao coração em quanto que
a imagem do alferes se apresentava à sua
mente despedaçada pelo pensar de muitos
dias e muitas horas.
— Tinheis-lhe muito amor ?
— E tenho ainda, Maria: não imaginas
a affeição que eu lhe consagrava… E eu
nunca o esquecerei, podes dizer-lh’o se al-
gum dia o vires.
— E não desejarieis fallar com elle antes
que fosseis mulher, que vos unisseis com o
visconde ?
— Qh, sim, amo-o tanto : mas para longe,
tentação, exclamou ella crispando os dêdos
para longe… Vou hoje contrahir esse sa-
cramento que a religião santifica e não devo
mais fallar-lhe. Não, diz-lhe que não. En-
tre nós ha um abysmo, que só poderá des-
fazer a eternidade. Lá, pois, nos encontra-
remos.
— Se Soubesseis, senhora, quanto anda
ralado pelos desgostos, compadecer-vos-ieis
delle e concederieis a ultima entrevista. E
porque não? O que se passar entre ambos
n esta sala ninguem O saberá: aquella porta
irei eu postar-me como vigia: d’esse lado
ninguem poderá entrar,
-— E a porta falsa ?
— Será essa ‘a que lhe dará entrada, res»
pondeu a aia com resolução.
— Não possô, não devo… respondeu
Catharina, deixando-se cair sobre uma cad eira
desanimada pelos successss d’aquelle dia.
— D. Calharina, se não lhe permittis fal-
lar-vos hoje, eu vos lomarei como 0 braço
homicida da sua morte,
E mediu com um olhar frio a donzella
que tremia de susto.
— Maria |
— Minha senhora……@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 29 DE DEZEMBRO DE 1898
SERVIÇO DE DILIGENCIAS
Da Certã a Fhomar (via Serna-
che do Bom Jardim, Valles, e Ferreira do
Zezere). Sahe da Certã às 2 h. da t. e chega
a Thomar às 9 h. da noite; Sahe de Tho-
mar às 5 da m. e chega a Certã ás 42 1/9
da tarde.
Da Certã à Proença a Nova.
Sahe da Certã à 1 1/o da t. e chega à Proença
às 5 da tarde; Sahe de Proença às 5 da m.
e chega a Certã ás 9 1/o da manhã. Esta
diligencia communica com a de Proença a
Castello Branco.
Da Certã a Pelrogam Pe-
quemno. Sahe da Certã ás 2 da t. e chega
a Pedrogam às 5 1/a da tarde; Sahe de Pe-
drogam às 7 da m. e chega a Certã às 10
da manhã.
— og o —
KALENDARIO DE DEZEMBRO
Domingo —| A [14/18/25
Segunda-feira — | 5 |12/19/26
Terça-feira — | 6 |13/20/27
Quarta-feira —| 7 /144/21/28
Quinta-feira : 1/8 15/22/29
Sexta-feira: ‘2:] 9 16/23/30
Sabbado 3 /40/17/24/31
Quarto minguante a 6.
Lua Nova a 13.
Quarto crescente a 20.
Lua Cheia a 27.
ANNUINCIOS
Esdital
O Doutor Albano de Oliveira Frazão,
Administrador do Concelho da
Certã, etc.
Faz saber que se acha aberto con-
curso documental que, ha de findar trinta
dias depois da publicação d’este no Dia-
rio do (Governo, para o provimento do lo-
gar de Amanuense d’esta secretaria, com o
ordenado fixado no art.º 287 do Codigo
Administrativo e os emolumentos que por
lei lhe são assegurados. Os concorrentes
deverão instruir os seus requerimentos,
que apresentarão n’esta secretaria, com
os documentos enumerados no Decreto de
24 de dezembro de 1892.
Administração do Concelho da Gertã,
99 de dezembro de 1898.
Albano Frazão.
Direcção das Obras Públicas
DO DISTRICTO DE
Castello Branco
Pelo presente annuncio são convida-
dos os proprietarios confinantes com as
estradas que constituem as 3.º, 5.º e 9.º
secções de conservação, e quizerem tomar
a seu cargo durante o período de tempo
que decorrer de 4 de janeiro até 31 de
outubro de 1899, a conservação continua
de quaesquer troços das estradas que con-
finarem respectivamente com as’suas pro-
priedades, no todo ou em parte, a faze-
rem as suas propostas e a apresental-as
na administração do concelho de Castello
Branco, até ás 12 horas do dia 30 de
dezembro de 1898.
Base de licitação — 15:415 por
kilometro d’estrada.
Deposito provisorio == 2,5 º/ da .
importancia da tarefa, segundo à
base da licitação.
Deposito definitivo = 5 º/ da im-
portancia da tarefa, segundo a pro-
posta apresentada.
As condições do concurso e as da
adjudicação acham-se patentes todos os
dias não sanclificados, das 10 horas da
manhã ás 4 da tarde, na Administração
do Concelho de Castello Branco e na Se-
cretaria d’esta Direcção.
Castello Branco, 10 de dezembro de
| 1898.
O Engenheiro Director,
Francisco Lobo de Vasconcellos.
PROCESSO DREYPUS
CARTA Á MOCIDADE
POR
EMILIO Z0LA
Preço 30 réis
Acaba de sahir do prélo este vibrante
opusculo dirigido à mocidade academica.
Vende-se nas livrarias.
GUEDES TEIXEIRA
BOA VIAGEM
– POESIA
dita pelo auctor na recita de despedida
do quinto anno juridico de 97-98
Preço 200 réis
mesm
Vende-se no Porto, Empreza da ARTE
Editora.
João Marques dos Santos
FLORES DE MAIO
; (Versos)
Um vol. Preço 400 réis.
Vende-se nas livrarias.
Historia dos Juizes ordinarios e de paz
POR
Antonio Lino Netto
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do Instituto de Coimbra
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