Gazeta das Províncias nº36 22-12-1899

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CERTA — Sexta feira 22 8:
Dezembro de 1899
SEMANARIO INDEPENDENTE.
E oi
tra PS TEMIA TUTA.
– RGERTÃ, mer, AO ra. FÓRA DA crari; trimestre, 898 rs. APRICA, -somestro, 48088 rs. BRAZIL, somestro, 28900.r5. Numero amalso, 30) re
Edo a correspondencia. dirigida & Administração, R. Sertorio, 17. Os originaes recebidos não se devolvem
Ernesto Marinha — Director
ma ee
‘ PUBLICAÇÕES
toda! do jornal, cada Jinha 80 gs. Anouncios, 40 re. a linha Repetição, 20 rs. ca linha, Permonentes, preço convencional; os srs. assiguantes
têm p desconto de 25 0/y- Esta folha é impressa na Typ. da (Gazeta dasij Provincins, Certã. ;
Augusto Rossi — Editor
e e eram
== =
À Redacção-da, .
“GAZETA DAS PROVINCIAS
AOS Seus estimaveis assignans-
tes e colaboradores
BOAS FESTAS
CHRONICA
«Castello Velho, T1–12..DD.
‘Os passarinhos .
Cantam nos ninhos
“Com os filhinhos
Natal! Natal l
ESTEVES PEREIRA,
E chegado-o-dia de Natal, o dia com-
smemorativo do” nascimento ‘do Grande
Redemptor; o-dia de festa universal con-
«sagrado ás familias. Dia de paz e união! |
Todos o recordam, uns por avida sa- |
“tis[ação-e outros pela immarcescivel sau-
«dade-da ventura -que perderam. Os que
smoirejam longe de suas familias, são |
-chamados:por estes ao lar domestico, ‘
para ossestreitarem ao coração n’esse
“austuoso dia etomarem parte na consoa- |
«da da noute, para complemento da feli-
«cidade que então predomina.
Os que vivem em paragens longiquas,
-contentam-se em dirigir aos entes que-
idos cartas repassadas de amor 6 sau-
«dade, com os auspícios de felizes festas.
‘Para estes 0 dia de Nátal é uma soleda-
de. Oh! mas ainda os ha mais desgraça-
«dos, Quantos infelizes andam por esses
“caminhos soluçando, sem familia, sem
“guarida onde se abriguem do frio incle-
mente do presente periodo, periodo de |
“esta por excellencial Quantas esposas
«choram seus maridos? quantas mães os
seus filhos queridos e quantos orphãos
«desprotegidos procuram em vão os cari-.
mhos e afiagos/ de seus extremosos pais?!
Avida é assim; tem d’estes quadros
«que só a Natureza comprebende e cujos
agros os favorecidos da sore não sa-
bem avaliar. À estes imploramos a sua
protecção para os pobres, Dae-lhe uns
fatinhos usados para os agasalhar, e tu
gentil leilóra repatto com as pobres
pensa d’Aquelle, cujo nascimento, junto
de tua familia alegremento festejarás.
*
Apesar de longe viver dos. amigos,
não deixam de se lembrar, nas occasiões
de festa, do pobre «Manél Feijão». To-
dos os dias recebo diferentes convites
para if passar ahi o dia 25.
Os amigos Zeferino e Bastos, que me
esperam para o jantar; o amigo Mella,
deseja que lhe ajude a comer um bocca- :
dode perú; o velho amigo Leitão, quer
forçosamente que lhe beba um copo de
«Bucellas»; o amigo Silva que lhe pro-
ve o seu «Cliampagne»; os amigos Mou-
ras que lhe assista ao «loasto, enfim to-
dos à porfia querem lá’o rapazole para
os acompanhar-nas suas festas intimas,
cheias de alegria e satisfação.
“Agradeço a todos, penhorado, os seus
convites, mas, desta vez não acceito
para não offender susceptibilidades. To-
davia, ao meu magro jantar, levantarei
um brinde aos amigos a quem desejo:
Boas festas.
MANEL FEIJÃO.
E o
ERNESTO MARINHA
reclor d’esta folha.
— Umas ferias felizes, são os nossos vo-,
tos mais sinceros.
— eat 1 6 e qe
A GUERRA
Escreve o chronista da guerra
«Heraldo de Madrid»:
«—Por abi comecei eu—dizia o candemna-
do da conhecida historia, e o mesmo devemos
dizer nós, generaes, ao vér que os inglezes
começam a sublituir generaes em frente ao
inimigo logo que a sorte lhes manifeste adversa.
«A substituicão de «sir» Redvers Buller por
lerd Robarts, apresenta o incsveniente de
que, durante nm mes, pelo menos, vão ficar
paralysadas ou falhas de direcção as operações,
tempo este que não deixarão de aproveitar os
bares; e além d’isso, corre-se o risco de que
esiro Redvers Buller, à imitação do que teem
feito outros generaes demissionarios, se lance,
pare recuperar O seu preatigio, nslguma aven-
no
| tura d” onde resulte receberem as suas tropas
um novo e decisivo golpe.
«Falta depois saber se lord Roberts e.o seu
chefe do Estado Maior, o «sirdar» Kidchener,
conseguirão corrigir as consequencias dos
erros commetidos até agora, erros que se pão
devem somente impular aos generaes e á ofh-
cialigade ingleza, mas tambem, e muito pria-
cipaimente, ao governo do sr. Chamberlain.
«Os generaes teem efilectivamente commet-
tido importantes erros dc tactica, porém, al-
guns d’esses erros podam ser devidos ao fa-
cto de se lhes, exigir que operem com, forças
insuficientes. Ager assim, aculps é de quem
08 pas nesse estado.
«Com relação aos chefes dos
que elles teem demostrado um grande valor;
| mae pelos movimentos das tropas no campo
eviancinhas os sobejos da tua apelitosa |
consoada, porque assim terás a recom-
da batalha nota-se que fo exercito inglez não
tem seguido os progressos da tactica e a vel-
dadeira responsabilidade disto não compete
tanto a essa oficialidade como aos directores
d’esse exercito, que não procuraram organizar
no seu paiz a instrucção militar pelos proces-
sos seguidos na Allemanha e na França.
«Poder se ha objectar que em Hespanha
succederam casos sinlhantes. E” certo, mas
aos mesmos effeitos correspondem as mesmas
causas, Se ha deflciencias na instrucção dos
nossos batalhões. esquadrões e baterias, a
culpa não é dos seus chefes e olliciaes, mas
sim dós que, nos altos commandos militares,
se não preoccupam com a exeução dos regu-
lamentos tacticos e preferem, seguindo as
normas viciosas da escola em que aprende-
ram, que se perpetuem ás evoluções rotinei-
corpos do.
exercito, mesmo a toda a oficialidade, é certo
ras, o bonito, o apparatoso, em prejuizo do
util, do que dá ao official e ao soldado a pra-
tica de inutilisar as excellencias do armamento
moderno e a conformaeão do terreno, a fim
de fazer o maior damne possivel ao inimigo.
«O mal, tanto na Inslaterra, como na Hes-
“panha” como em toda a parte, vem de cima.
Se o imperador da Allemsnha podesse” impri-
| mir os habitos do seu exercito a qualquer ou-
tro, depressa o mudificaria.»
Do eae dp qm
MONTE-PIO
CERTAGINENSE:
ELEIÇÃO
Como noliciamos, realisou-se no do-
mingo, em assembleia geral, de socios,
Chegou. hoje de Coimbra este nosso :
| amigo, estudante da Universidade e di-
a eleição dos corpos gerentes desta
sympalhica associação, para funccióna-
rem no futuro anno.
Presidiu o sr. Antonio Eugenio de
| Carvalho Leitão, secretariado pelos srs.
Fructuoso Pires e Augusto Rossi, ser-.
vindo de escrutinadores os srs. Gustavo
Bartholo e Joaquim B. Xona.
Antes de começar o acto eleitoral, o
sr. presidente fez sciente à assembleia,
alguns socios. por falta de pagamento
de quotas.
A eleição foi. bastante renhida, por-
que appareceram listas dilferentes. Do
apuramenta verificou-se que haviam si-
do eleitos os srs.:
DIRECÇÃO
Zeferino Lucas de Moura, presidente;
JoséjNunes e Silva, vice-presidente; Eu-
| sebio do Rosario, lhesoureiro; Fructno-
so Pires, secretario; a Joaquim Affonso
Junior, vogal.
SUBSTITUTOS
Maximo Pires Franco, presidente;
João da Silva Carvalho, vice-presidente;
Joaquim Nunes e Silva, lhesoureiro;
Joaquim Branco Xona, secretario é An-
tonio Francisco, vogal.
CONSELHO FISCAL
Antonio Eugenio de Carvalho Leitão-
presidente; Eduardo Barata Correia e
Silva, selator e Gustavo Bartholo, secre,
Lario.
SUBSTITUTOS »
Antonio Dias Tavares, presidente; Au-
gusto Rossi, relator, e Francisco Barata,
secretario,
ASSEMBLEIA GERAL
João Joaquim Branco, presidente;
Francisco Pires de Moura e Luiz da Sil-
va Dias, secretarios.
“SUBSTITUTOS
Joaquim Francisco, presidente; A-
drião Moraes David e David Nunes e
Silva, secretarios.
Tio SEE [nome
Está entre nós o nosso amigo José
Farinha Tavares, estudante do ara de
Coimbra.
Boas Térias.
ema a ee eme
Na madrugada de hoje faleceu ines-
peradamente uma filhinha do digno de-
legado d’esta comarca o sr. dr. Lemos
da Rocha.
À disditosa Mimi era o enlevo’ de sua
extremosa familia, a quem enviamos as
nossas condoléncias e a alegria dos que
hoje pranteiam o seu passamento.
— rea Tp pm
CONSORCIO |
“Teve logar no sabbado em Lisboa o
enlace matrimonial da exӼ sr? D. Gui-
lhermina de Portugal Durão com o sr.
Dr. Affonso Mendes Cid.
Eum enlace auspiciosissimo, atlenden-
do-aos nobres; predicados] dos nubentes.
À noiva é uma senhora qne alla á
sua fina educação, primorosas virtudes
que muilo a exornam e o noivo é um
cavalheiro distincto é um medico. muito
querido em Figueiró dos Vinhos, aonde
exerce com preficiencia 0 seu mislér.
Aos syupathicos noivos agoutamos
| uma prolougada lua de mel.
que haviam sido expulsos pela direcção |.
emana Dam mo
Está n’esta villa-de visita a sua fami-
lia: o sr. Eugenio de Carvalho Leitão é
sua ex.” esposa e filha.
Em ec o e
INCEN DIO
Hontem, pela 4 hora.da tarde, mani-
festou-se incendio n’uma: casa do largo
das Accacias, propriedade do sr. Fran-
cisco Alves.
O fogo communicou-se a uma porção
de achas que-estavam, proximas da la-
reira a seccar, na accasião em que a’ca-
sa estava completamente deshabitada.
Descoberto-o incendio pela visinhan-
ça, promptamente se localisou, evitando-
se assim grandes prejuizos.
A porta da entrada, da casa foi ar-
rombada-por alguns populares, por ser
o unico ingresso que havia na habitação.
= CRETA
Está em goso de férias, no Montinho,
Proença a Nova, o nosso amigo Joa-
quim Farinha Tavares, estudante do 2.º
anno de direito.
ce e mm
Nos termos do artº. 18 do decreto
de 16 de julho de 1899, são recebido
perante o secretario da Camara, os
requerimentos de todos os individos, que
sobuerem ler e escrever, e desejem ser
inscriptos no recenseamento eleitoral,
devendo os requerimentos para a inscri-
pção ser escriptos e asignados pelos in-
teressados e reconhecidos por tabellião
nos termos do $ unico do art. 2436 do
codigo civil.
Us documentos passados para este
effeito, são isentas do imposto do sello
e de quasquer emulementos ou salarios.os.@@@ 1 @@@
REUNIÃO Diz
PROFESSORES
Devia ter logar hontem nesta villa,
uma reunião de professores deste con-
celho, promovida pelo: habil. professor
de Pedrogam Pequeno, o sr, José Rodri-
gues Correia. Por motivos justificados,
não pôde comparecer a maior parte dos
professores; não ficando todavia, prea-
dicado o objecto da reanião, que Unha
por (im nontear-o delegado vo congres-.
so pedagogicosque ha de realisar-se em
Coimbra, ros -dras 27 430″ do comente. –
O sr. Correia, depois de expor
aos seus collegas «da Varzea e do
Troviscal o fr da reunião, apresenton
as adhesões dos-srs. padre Antonio José.
da Silva Serra, professor «de Sernache;
José Ribeiro, do “Castello; padre José
“Mathias, do Marmelleiro e da professo-:
ra desta vila.
A nomeação do delegado áquelle con-
gresso, recahiu no ar. José dos Santos
Muques, professor do Troviscal, que:
proferiu 0 – discurso que -adeante -gosto-
samente publicamos.
A escolha foi acertada, pois estamos
centos que o sr. Marques, ha de desem-
penhar-se da sua, missão dignemente,
porque é «um, rapaz. inteligente, «que
muito honra a classe:a que pertence.
Meus: ilustres-cóllegas:
+ Hoje, que pela primeira vêz tenho a honra
de vos conhecer, conto professer mais novo
“Peste concelho, «quer légo a Providencia-que
sejumos reunidos «por «uma casa tão justa e
interessante para-a nossa-classe, quão sympa-
tico é subremaneira Shonrosano cenceito de
dos que apreciam e-amam-a-instrueção «po-
pular.
“O movimento que ora se mota sa nossa!
eclosse fuz-nos prevérsgue uma nova epocha se
approxiza para ella, Será, porém, essa épo-
“ela de prosperidades, ou de infortunios? En-
ceutar-se ha.cem ella uma nova edade nossan-
naes do n.ysterio primario?
Nas nossas mãos está cem grande parte a.
transfonmação-da-afilictivo periodo que ha al-
guDS ennos alravessamos, € Que parece que-
“Ter terminar, num periodo de-renascença e re-
surgimento parasesta numerosa pleisde-de fa-
eteres da juz-exdo progresso -que todos .for-.
Mámos.
Se permanecermos indifferentessperante’Lo-
das as crhilrariedades que sobre nós “tão pet.
“sadamente >carregam ecnes oppriment, «cemo
“ojndillerentes-e’ jnepÃos seremos – olhados estra-
tados pelos poderes publicos espela sociedade
«rem geral; e cem osnosso silencio esmal enten-
DR emas
GAZETA DAS PROVINCIAS—CERTA 22 DE DEZEMBRO DE 1899
dida resignação irão crescendo velozmente as
exacções e extorções de direitos, que à digni-
dade da nossa nobre missão merece e Tequer,
e, se, pelo contrario, invocarmos a justiça, ser-
nos-ha, «certamente feia, ou inlegrelmente
deuma só vez, ou por partes e em dieren-
tes occnsiões.
E não nos consideremos infelises, se Dão
obtivermos inteira justiça desde já; a nossa .
epníraria é mova, creonça ainda; a rehigião
que préramos é noxa, ainda não está bem ra-
dicada, ea sua utilidade ajuda não bem com-
prehendida pela totslidade da sociedade; e,
todavia, na sua curta edae, tem já passado
por cilcrentes phases, algumas das quaes.
bastante resplandecentes; vamos, pois, -c0n-
| linuando a derrota ora
ros € cen sereno, ora entre perigos e receios
com wentos prospe-
do naufrágio, até que Deus seja servido asse-
sgurar-nos um tempo bonençoso até ao fim da
viagem. Mas é preciso que não descoroçoe-
mos, nem desesperemos do, auxilo divino, €
que, emgquanto elle não chega, vamos sempre
trabaliímado pela salvação do batel.
E como deveremos nós trabalhar pela sal-.
vação do batel a que alludo, que é a nossa
tão prestimosa classe, alcançanto para ella
melhores dias € a consideração a que tem di-
reito ?
das as nossas apiniões em uma só e justa
vontade, ecimpetrar depois dos poderes publi:
cos a satisfação dos nossos-direitos.
E paraschegar a um’ta! accordo é indispen-:
savél a reunião destodos, ou que se delegue
| a lima parte delles os poderes necessarios pa-,
ra que, reunidos em sessão -selemne, ahi dis-
culam e apurem oque nos convém alcançár,
para depois o implorarmos; é é 1850 da que:
vae tratar 0 congreseo que brevemente -se rea-.
ligará ne cidade deiCoimbra, promovido, prin-:
eipalmente, por dois vultos que ao prófessora-
do primario teem prestado relexantissimos ser-.
viços, impondo-se, porcisso «à sua indelevel
gratidão, como são o-exº ar, dr. Bernardino
Machado e Francisco José Cardoso, aostguaes .
secunilam outros nossos colegas que, pelos
seus exforços e “boa vontade procuram que à
reálisação de Lal «congresso seja 0 mais solem-
ne possivel, e que d’ella nos advenham os
bons resultados a-que »visa, e-que, por isso,
não são menos alignos da-nossa -admiração e |
estima.
Proced:mos, pois, á eleição do delegado
que nos cabe enviar, precedendo esse aclo
com um
Niva a Patnal Niva a união do “Prefesso-
rado Primario Portuguêz! Viva o delegado pe-
lo concelho dasCerta ao &.º Congresso “Peda-
gogicô! Viva o dr. Beruardino. Machado e:
Francisco José Gardoso..
sCertã, 21 de dezembro de 4899.
“Yosso alfectucsissimo collega
JOSE DOS SANTOS MARQUES.
É prevendo sos potieres ;pulíticos que temos
vida, e não permanecendo immoveisna sombra,
do esquecimento; é patenteando-lhes que não
ignoramos o que pertences à diguidade do nosso |.
mistér, e clamandostodos:á-uma esunisonamente |
pelacessão de direitos que aos assistem Té
conglabando, e barmonisando finalmente, ‘to-,
CHRONICA LOCAL
Regressaram de Lisboa, os st. Emy-
edio de Sá Xavier Magalhães e João da
Siiva Carvalho. Ê
%
ME *
Acompanhado do sr. padre Sebastião
Dias Lopes, professor do Seminario das
Missões Ultramarinas esteve de visita a
esta villa, no dia 18, o sr. padre Eu-
genio Augusto d” Oliveira, professor do
Lyceu Nacional dº Angra de Heroismo.
xe
Me *
“Devem chegar amanhã a esta localida- |.
de o sr. Antonio J. Simões David, acom-.
panhado de suas sympathicas sobrinhas
as ex sr, Maria do-Geu Aguiar e
D. Zulmira Aguiar, do Bolo,
mx a *
Regressou a esta villa a ex” sr. D.
Amelia Moraes David.
*
x +
Deve rogressar: amanhã de Lisboa, a |
ex.” sr*:D. Anoa Emilia Grande F. Lu-.
melima.
*
ae
Teem-se aggravado ullimamante, os
paflecimentos da eg.” mê. D.
Adelaide Mascarenhas Pimenta.
se
Desejamos á virtuosa senhora, vapidas
melhoras.
ocre dp eeem
“MISSA DO NATAL
Assiste a -esta missa a phylarmorrica
desta villa, como nos mais annos, locan-
do antes e depois da sua celebração,”
varias peças de musica do seu variado
reportorio.
— a re
MARCO POSTAL
OLEIROS,—19—XH-—99.
Terminou’hontem o prazo-do concurso
do partido medico d’este -concelho. “Sio
k os-concorrentos,
to Albuquerque, le Sarzedas. |
— Partiu para soa casa da: Arnola
a exe se, D. Maria E. Phoidvade.
1 RSA a My ilrii e j Ra
=—Uhegou a esta Jocalidade-—e gá
tremem aspedras da calçada a seas pas-
sos terriveis—o-sr. Antemo Markus dos
| Santos, inteligente e honrado commer-
ciante, quanto admirado do “bello sexo,
em Semache do Bom Jardim.
Maria.
—Consta-nos estar projectada uma
caçada aos javalis, no concelho de Pro-
ença-a-Nova, com assistencia, de sua
magestade, el-rei BD. Carlos.
—Reclificando a ultima phrase duma,
das nossas noticias da allima correspon-
cia: —pelo lançamento das novas aalnt=
es.
maço
Daqui enviamos aos nossos «amigos
certaginenses cumprimentos de lboas
festas, ficando-nos o desejo de que :sa-
boreiem as largas consoadas da noite do
Deus Menino.” ;
C.
O
Garatujas
——
– Não mais mizerias! ..
Espera-se com viva anciedade que o
nº 4:733 Lire muita gente de apuros;
para isso continnam com toda a devo-
ção e extraorilinania «concorrencia, no
estabelecimento do Dias, as novenas ao
Santo Antonio.
| pena, mas, vozes de… infelizes
nunca chegaram ao céu.
Ê Mt
Já fuma 10 réis de cigarros por dia,
o nosso Sebastião. Para desenvolvimen-
to das indasirias, deve Tamar 6… « gas-
tar muito.
O Fructaoso não podendo supportar
a vida monotona que por cá se arrasa,
vae passar o dia 25 a Sernache.
SA RR ae
Brevemente vae- set’ posto à venda
umlivro de versos to nosso: amigo Ls.
Dias; intitula-se «Lamurias de Cupi-
doa e é prefaciado pelo Rosa Mella.
A” direcção do club lembramos -a ac-
quisição d’um exemplar p’ra saa biblio-
theca.
A nossa visinha Alves, por falta de
bonecos não armou este anno 0 « prese-
pes,
Em compensação, teremos filhóses á
— Esleve n’esta terra o sr. João Pin-: «papa-bina.
E A mm
A rapaziada cá de casa, agradeoe ao
Tyisinho Bastos, a amabilidade de lhes
oferecer as dnas garrafitas do «verde».
E
(Como nos mais, annos, 0 Natal é no
dia25 e a missa do «Gallo» na noite
do dia 26. – É
side; gé
Visitas ao cAézinhos.
POL HE TIM
Uma flor d’entre-o.gelo
a e a
os seus doentes, einda que salulares, pesavam
“como um fuso, impertinente «lé para os de
-apimo mais docil e aubmisso “Quem se coblfias-.
se á sciencia do velho facultativo tinhaide de-
positar-préviamente -nas-mãos -d’élle toda a
liberdade-de seção esde pensamento durante 0
“tempo porque se prólongasse: a-molestia,
“Exigia-que o doente: pensasse: pela. cabeça
do-medico, eque-não formasse uma só reslução
sem expressamente He ser auctorisada elas
prescripções regularmentares que para cada
“q elóinititma.
A completa resignação da vontade «propria
ma sua, a inteira abstenção de Ludo «quanto
fossem perzuntas qu objecções sobre otrata-
mento seguido, -a cega observancia sdos;pre-
ceitor, apparentemente mais insignificantes,
que tivessem sido -oconsrlhados por-eHe,eram:
a“ condições fóra das -quaes:não se encarre-‘
gava de tratamento algum; e ármenor infrao-:
ção, dechnava-de sia incambeneia, para mun;
ca mais A AssUnE,
Este despotismo medico valta no “doutor Ja-
cob uma clientela numerosissima e inspirava
uma confiança ilimitada na sua medicina.
Escutavani-mo e oliedeciam-lhe como aum.
oraculo, e os mais usados tremiam de -con-
– |rtrariálcocou de lhe fazer -seguer uma d’essos
“Os! cuidados-de-que JacobGrenada rodeava | observações, ás vezes “absurdas, que-todo o:
doente se julga quétosisedo para dirigir ao:
seu-assistente.
“As formas asperas–e -sarcatsicas com que
Sacob Granada respondia “ás mais fimidas io-
terpellações, nas quaes via sempre suna tenta-.
tiva de revolta, “tirevam a cvoritade de as
reprodusir.
Gra, para oschomens questem de viver «com
as multidões, esteyprocedimento é sempre ‘fe-
“cundo em crésultados.
Apresentar-sos pernte «Has «como «domina
“dores, como espiritus fortes não” dispostos á
menor concessão, cécde siguma soite revelar:
| lhes: a consciencia «da mossa superioridade e
desarmal-as para a resistencia; pelo contrario,
encaral-as: Limidos, asceitarsles «observeções,
respeitarihes -repugnancias, afagar-lhes tén-
dencias e sympathia, “é fazer confissão de fra-
queza, extender a-cabeça do jugo -dos capri
chos d’éllas, o sulliciente; para nos despresti-
grar-e quebrar-nos as “forças. pa «a (0 momento
-da-aução. :
“Ou por indole ow «por calculo, havia Jacob.
Granada evitado o despresligio e exercia so-
bre-a sociedade, «que -o rodeava, um imperio
absoluto. Hs
Era por isso que-os doentes aquela pe-
; «quena cólon meúica “confiada à sua direcção |
não tinham ainda ousado aventurar os primei-.
ros passos sobre a telva lumida dos cami-
nhos, não obstate o aspecto convidativo da
manhã, -e contentayam-se, Yimpando o vapor
condensado ;peto frib nos vidros das janellas,.
em olhar atravez d’elles, com os rostos desco-
rados, para aquelas arvores que de fóra os.
seduziam.
Desta escrupulosa
seus preceitos “hygienicos se podia convencer
por os proprios olhos o inellexivel «ottor,
que, so contro dos doerites e-em opposição
con as prescripções que Toslituia, havia mui-
Lo passeava nas nuas irregulares e velvosas
da alameda que circundava a capella.
Não obstante a satisfação que desta “fiel
obediencia – parecia dever “pasultar-lhe, não
eram desgnnuviades n’aquelle momento as
feições do velho medico.
Uma profunda precteupação-de espirito re-
velava-se-lhe nasrugas nais accentuadas que
lhe sulcavam longitudinalmente a frovle, na
observancia de um dos,
=
irregularidade do andar. interrompido por
pausas subitas e movimentos impacientes.
Ás vezes soltavam-se-lhe do peito, que se
elevavacem agitação febril, suspiros mal “re-
primidos; eos punhos «cerravam-se-lhe “em
contracções nervosas; outras, um profundo des-
alento abatia-lbs a fronte, e 08 braços desca-
biam-llie como desfallecidos ao lado do tronco,
De quando em «quando parava, parecendo
“obsorvido “na contemplação de um objecto
qualquer, como se m’elle descolirisse. alguma
causa de myslerioso:e extranho que a confua-
dia; abaixava-se rapidamente pera apanhar
uma fôr cortada e esquecida no «chão, “e logo
«depois arrajava-a de si com enfado xisivet, ‘cor-
ria com anciedade para a“ arvore, em tomjo
tronco. divisava uma “inicial -abetta da vespera,
e cêdo afastava-se d’ella, como se a observa-
ção o contrariasse. Qualguar. pequeno ruido «o
fazia voltar em sobresalto; parava perturbado,
depois, sacudindo a cabeça por um movimen-
ito cheio de phernesi, recehia mais prafunia-
| mente ainda ma turbação : anterior. Palavras
sem nexo, imperceptíveis, incapazes de the
“4rabiiro pensamento, sahjam-lhe dos labios e
faziam-n’o estremecer, cómo se outro os pro-
munciasse. By
Ora, para’ quem conhecesse ou julgasse co-
| maior contracção dos labios € na rapidez é | alecer o doutor Jacob, era: muito para extra-@@@ 1 @@@
TE Tr Des
Sciencias & Letras
—— a
Porque?
Porque ia a Mariquinhas, sempre ani-
mosa e resoluta, buscar agua à fonte,
quando todos dormiam ainda, quando os.
primeiros sorrisos da estrella d” alva co-
meçavam à esbogat-se no horisonte?
a
Grassava na aldeia uma verdadeira
febre de terror; ninguem se atrevia, de-
pois da meia noite, a melter-se pela
azinhaga, umbrosa e estreita, que ia dar
à& (onte. Muitos—e as mulheres princi-
palmente—nem aventuravam um olhar
fóra do postigo ou da janela.
Deziam-se coisas telricas, pavorosas,
«com respeito a phantasmas, almas pena-
«das, lobis-homens e outras apparições
«sobnaturaes. Alguns latagões que, em
«sérias desordens, haviam conquistado —
-:a soco, à facada ou a pau— à fama de
grandes valentes, afirmavam, reciosos,
ger visto, ainda de noite, mas já proxt-
smo do amanhecer, um vallo branco, a
descer vagarosamente, lá das bandas da
“Amoreira, €…
—E,u.?
—Sei lá que raio do diabo é aquilo!
Eu sou homem para outro homomi Can-
tigas só ao fadol…
Não saíam daqui.
*
A Mariquinhas do Euzebio era a mais
Formosa, a mais casta, à mais inteiligen-
qe e boa de todas as raparigas do logar.
Ficára orphã de mãe aos quinze annos;
é 68 quatro irmãosinhos—que se podi-
-am cobrir com uma jocira-—ajaesavam-se
às saias da boa irmã e lrepavam por ella,
«como plantas arrefecidas pelo geto da |
«morte, em busca do sol maternal que as
:aquecesse..
E ella aquecia-os, com um fato de,
Hunelia, engendrado ao serão, com um
sorriso; com uma caricia; com umas sô-
pas de bacalhau, bem cozinhadas, ou
uma tigela de café, ministrada a tempo.
Mie mais, se eram tão pobres!
Adermecia-os com um Beijo, e, elles |
Fecliavam os olhos, de bracinhos esten-
«didos para ella, para Marta, para a sua
mesinha,
Não sentiam elles, inconscientemente
gratos, cair-lhes nas faces vosadas as
fagrimas silenciosas, que, multas vezes,
dam de envolta uwaquelles begos mater-
maes.
GAZETA DASPROVINCIAS—CERTA 22 DR DEZEMBRO DR 14899
Pobre Maria!
%
Começara de ha muito o concerto
campesino que precede o alvôr da man-
bã: o sonoro canto dos gallos substitui-
ra o lriste coaxar das ras nos paúes, 08
grilos e as cigarras adormeciam fatigados
da sua orgia lyrica. Na aldeia, os cães
ladravam furiosamente, e pelos campos
despertava uma ou outra colovia mais
madrugadora, soltando no espaço 0 pri-
meiro canto de alegria. Principava a
euvir-se, nas quintas, o chiar monotono
das noras, que fazia emmudecer os di-
vinos rouxinoes.
Umas nuvens ligeiras, muito alvas,
como flocos de algodão, ensombravam por
vezes, a tenue claridade da lua no min-
guante, descendo para o occaso.
Pelo caminho da Amoreira descia,
vagarosamente, um vulto branco, Pela
azinhaga da fonte caminhava, scismado-
ra, uma esvella rapariga, que ia encher
o seu cantaro. à
*
Ea devo à indiscripção dos salguei-
ros e das acacias, das silvas e dos val-
lados, o conhecimento do seguite dialo-
go sobrenatural, que as sussurrantes €
limpidas aguas da nascente mal deixa-
vam perceber.
— Hoje não esperei muito, felismente,
chegamos quasi ao mesmo tempo.
—Valha nos Deus sr. Eduardo! O
que nós fazemos é uma loucura. Eu
creio, é verdade, no sentimento que me
tem confessado, e venho aqui tãoconfiada
nua sua honra como no juizo que Deus
Nosso Senhor me deu, mas…
—Mas o quê?
— Isto não pode continuar. Morra eu,
embora como segredo do meu unico
amor, que lhe pertence exclusivamente,
sr. Eduardo mas não seja abocanhado
pelas mãs linguas. Bem sabe que não
o mereço.
Eu sei que és um anjo que te amo
loucamente, e que és digua da minha
paixão, O resto…
— Ah! mas o reste. . . O tal”pbantas-
ma branco…
— Eu. com o guarda pó. Tem graça! |
Não se falla d’outra coisa. Os fanfar-
rões e mesmo os timidos, animados pe-
lo conselho muito sensato do velho pro-
fesser, projectam embuscadas para saber
a verdade. Talvez que hoje ainda…
Que ba de ser de mim
— Não chores Maria. Sonta-te aqui, à |
meu lado, e nada temas, porque vamos
ser felizes.
— Felizes…
—/lha, contra qualquer aggressão
traiçoeira d’esses pobres diabos ignoran-
tes, ha a prudencia, à cautella e… em
ultimo caso, um bom rewolver; contra a
calumnia infame que, nem em pensamen-
tos eu consentiria que maculasse a tua
pureza, contra isso ha outra arma in-
vencivel, ha o meu amor! Volta para ca-
sa, que já principia a amanhecer, e dize
a teu pae que não trabalhe hoje, que es-
pere… Minha mãe vae, logo, fallar-lhe.
—A sr. viscondessa?
—Sim, a minha santa mãe, que te esti-
ma que aprecia as luas qualidades, e con-
sente que, em breve, sejas a minha mu-
lherzinha.
—OQh! meu Deus! Isso é verdade?
E soluçava, a pobre aldeã. Que fiz eu
para merecer tanta felicidad e?!
—Que fizeste! Resuscitaste-me! Eu
suppunha-me cansado, velho, morto,
aos vinte e cinco annos! E fóste tu,
adorada Maria, fóstes tu que me desper-
taste do somno lerlargico em que se
afundia a minha alma; fóste tu, meu
anjo salvador, que fizeste nascer em
mim um sentimento novo, um sentimen-
to casto, profundamente santo, que nun-
ca experimentára nos salões e nas orgi-
as. Vês?… Tambem eu choro. ., Que-
res que confudamos as nossas lagrimas
no primeiro beijo de noivos?
— Sim! disse a Marquinhas, nos bicos
des pés, lançando-lhe em volta do pes-
coço os bracinlos esculpluraes.

Começou a descerrar-se o véu mys-
terioso e inquietador, que envolvia a fa-
ma pavorosa do phantasma branco.
*
Um mez depois do ultimo encontro
furtivo, sob as acacias da fonte, a aldeia
em festas celebrava alegremente o grande
acontecimento: o consorcio devisconde da
Amoreira com a mais bella, a mais vértu-
osa rapariga da povoação, e, teda a gen-
(e—até à santa viscondessa, mãe de
Eduardo—ficou sabendo porque ia a
Marquinhas, sempre animosa e resalu-
ta, buscar agua é fonte, quando todos
dormiam ainda, quando os primeiros
sorrisos da estrella d’alva começavam à
esboçar-se no horisonte.
CARCOMO. LOBO.
Curiosidades
mta penta mama
Cosmeticos 6 accessorios de toilette sem os
quaes uma senhora não saberá ser conveniente
e graciosamente adocnada:
Um elixir de longa vida:—a religião.
Uma essencia de rosa garantida como conser=
vando o seu perfume em todos os paizes:—a
virtude.
“Um topico labial:—o sorriso da benevolenci a,
Uma composição para augmentar a belleza:
—a terpura e a constancia.
Um sal volatil: —o- espirito.
Um creme de amendoas dôces:—a bondade.
Alguns simples calmantes:—a paciencia, a
destreza, & condescendencia.
Álfinetes de primeira qualidade:—a agudeza.
Um cold-cream:—a prudencia.
Essencia de jasmim, susceptivel de se eva-
porar, e que, por este motivo terá cuidado
de rolhar com esmeril:—a amisade.
Uma tintura de rosto, magnifica:—a inno-
cencia. À
Um vermelho puro:—a modestia.
Uma lavagem para evitar as rugas—a alegria.
Um espelho; —a reflexão.
Pastilhas para combater o aborrecimento: —
0 trabalho.
Agua maravithosa para conservar a pureza
da cutis:—o habito de se levantar cedo
Um eollyrio;—a sensibilidade,
Um vaso de crystal;—a sinceridade.
SERES =
PENSAMENTOS
O homem foi de tal modo creado para o
amor, que não se sente homem senão desde o
dia em que tem a consciencia de amar pleua-
mente.
*
O amor é uma lampada que o coração ac-
cende, que a indifferença apaga e que 3 pai-
xão torta a accender até que a velhice à .apa-
Ea para sempre.
a
Os que amam são cegos, colhem espinhos
e deixam as rosas.
mu
A mocidade póde murchar, mas o sentimen-
to é eterno,
se
O verdadeiro amor halhucia, o fafzo declama.
PARA RIR
Entre vezinhas:
— Diga-me cá; ó sr.* Aniceta, de que mor-
reu seu marido?
—Roi da «gotta.
—E boa! Pois meu marido tambem morrou
de uma molestia parecida com essa.
— Sim?! Então de que foi?
—lIa «pingav.
—Porque razão está o menino a chorar?”
—Porque o papá perdeu-se,e, se apparece
em caza sem mim, a mamã bate-lhe.
mbar o seu estado extraordinariamente fabril
4 do-se necessario, não ambiciona tornar-se de-
m’aquella menha.
Á impeseibilidade profissional, que a opinião
“comum se apraz em attribuir a todos os me-
ditos, reuttia de facto Jacob Xranada um tem-
peramento mataralmente apathico, mm sangue
rio nunca desmentito mos lances mais pathe |
ticos e-commoventes.
Gesava até entre os collegas de uma repu-
Ração de alma empedernida, que elle se não
dava ao trabalho de desvanecer.
“Viam-a’o sorrir:no momento «am ques, sdb.os |
“golpes »vagarosas do ssau coscdiqiélio, 08 repe-
prados se-cstoréram cem cconvilsões desesperadas; |
wobservavamilhe as feições indlieraveis, quan-
«do-á cabeceira do amigo agonisante, percebia
mo suecessivo decabir do quiso e ma decom-
iposição do rosto, o termo iminente de uma
«ida que lhe suppanha cara! Tinha sempre a
mesma duroza de maneiras, à mesma franque- |
2a, às vezes cruel, para com todos, qualquer
«que fosse a edade, 9 sexo e a condição. Não:
sabia de carícias para as craanças, de delica-
dezas para as mulheres, de affabilidades para
os pobres, de contemplações para com os ti- |
idos, de respeitos para com a velhice. Todos
eram doentes para elle, e eile para todos me-
gico e nada mais; mas o medico que diagnos-
tica, que receita, que opéra, é não afaga, não
lisonjeia; não consola os doentes; que, saben-
‘ssjado; que não recua no emprego de um meio
salutar pela lembrança do padecimento que
suscita; que vela pela saude dos seus enfer-
mos, mas zomba da seasibilidade d’elles.
Costumara-se a fazer o bem, como O cuia-
primento de um dever de que a razão 9 cor-
vencera, mas suppunhom-n’o incapaz de es-
perimentar aquelte suave satisfação que de tal
pratica resulta às almas mais delicadas.
Niwia só, não conhecia um unico parente,
evitava relações intimas, afugentava-as pela
maneira glacial com que recebia as tentativas |
dos poucos que as procuravam,
Tinha sempre um sorriso de zombaria para
os padecimentos moraes, em cuja existenciá
não acreditava.
Para elle tudo eram lesões. tudo orgãos aí-
terados, tudo perturbações máterises. Á medi-
cina psychologica dos medicos espiritualistas |
devir os seus melhores epigrammas. Não ha-
“via doença de poeta ou de amante piatonico,
para a qual não formulasse,
Era um desapiedado adversario d’esse va-
poroso phantasma, que persegae aclualmente
as mais delicadas organisações femeninas — o
nervoso; ou O recebia com um sorriso de sce-
ptico, ou instituia contra ello uma ordem de
meios curativos capaz de aterrar inimigos,
mnito mais reses e palpaveis.
Inteiramenta indiferente ao conceito pabli-
co, nãa observava as modas em cousa alguma,
não se (ustificava de arguições, nem recebia
conselhos.
Finalmente tinha reputação de grande medi-
co, mas de homem insaciavel e de verdadeira
alma de marmore.
Era pois excepcional aqueila profunda ia-
quietação.
Fundira-se o gelo d’aqualie animo impasst-
vel?
Houvera emfim um estumulo que despertara
essa sensibilidade, entorpecida até então?
Assim parecia.
Quem o visse agora pela primeira vez, he-
| sitaria em ceceber como verdadeiro o conceito
que geralmente se fazia do seu caracter e que
acabamos de esboçar aque.
Não é dos temperamentos frios € impassiveis
essa excitação febril, esse movimento sem cau-
sa, sem norma, sem pensamento . regulador
que o agitava, antes se revelava em tudo is-
se uma poderosa sensibilidade, ou nova n’elis
ou pelo menos ignorada.
Por muito tempo durou ainda o estado de
inquietação e sobresalto, que tão excepcional-
mente revelava n’aquella manhã o phleugma-
tico doutor Jacob.
Corriam os momentos consagrados por elle
de ordinario às tarefas clinicas, e, como se
uma força ircesistivel o retivesse alli, prose-
guis p’aquella marcha rapida e desordenada,
só interrompida de quando em quando por
gestos e movittentos mais desordenados ainda.
Mudando porém quasi sem consciencia do
qua fazia, a direcção 20 passeio, € encamí.
nhando-se para um dos lados da capelia que
até então lhe ficira occulto, estremeceu e im
stinclivamente recuou alguas passos, como sé
a subita e terrivel “apparição lhe surgir
“alli.
Depois, com as olhos fitos os labios entrea
bertos e O corpo inclinado permaneceu em
suspensão quast extatica, e que formava nota:
vel contraste com a turbação anterior.
Quem assim lhe absorvera tão profundamea.
te a attenção era uma mulhec’joven, de esta
tura esheltamente elevada e de formas airosas,
reaiçadas por as amplas dobras d’um vestua
rio eleganto, a qual n’aquelle momento pare
cia atentamente occupada em accrescentar, ru
parede da capella, mais uma inscripção, d:
tantas que existiam já.
1
(Continúa).
JULIO DINIZ,@@@ 1 @@@
ESTRANGEIRO
Do nosso colega a «Vanguarda»:
UM NOSSO AMIGO
ar O TÃO ratos 08
“nos de saber, de um que nos forr dos
mais dedicados, dos mais leaes e dos
mais prestimosos. Morreu ha poncos di-
as em Viana d” Austna, o professor da
“Universidade Paquella cidade, conse-
lheiro imperial dr. Philipp Paulilseke,
um dos ilustres exploradores-da Abissi-
ntace dos mais nolvveis geographos-mo- .
dernos. |
– Amigo particular de Luciano Cordei-
ro, com o qual se carteava frequente-
mente, apaixonara-se: pelo nosso paiz,
pela mossa historia, pelos nossos glorio-
sos serviços á civlisação e geopraphia
“moderria, fendo experimentalmente. es-
-udado. e apreciado a .Iufluencia das nos-
sas descobertas e»0 valor da nossa raça.
Em nosso favor fazia- uma propagando
tanto niais valiosa quanto era anclorisada,
Fizera importantes-oflertas á-nossa So-
ciedade. de Geogrphia, gue elle consi-
derava como digna restauradora das nos- |
‘sás melhores tradições e do nosso espi-
rão nacional, E “quando Toi do certena-
“rio da Íudia, cuja celebração, vergonho-
samente contrariada e depremida por al-
guns dos nossos compatriotas, tão: hon-
– roso ecco em nosso favor leve em lodo
“o mundo culto, o dr. Paultischke. dedi-
cadamente promoveu na grande e oppu-.
-Jenta- capital austriaca uma celebração
grandiosa, a que se associaram os mais
eminentes personagens, a Universidade,
“as academias, a córie imperial, o com-
mercio os estudantes. «etc.
O governo portugnez, a intangias da
Sociedade de Geographia fizera ha an-
nos o ilustre sabroicumiiendador de San-
tivgo, regateara-lhesha pouco a gran cruz
da “Gonceição, propostá pela comissão
do centenariol
%
O “ANNO SANTO? EM ROMA
“eReina grande preocetpação no Vatica-
no, porcause dacerimonia que deve rea-
lisar-se na egreja de S. Pedro, .a 24 de:
dezembro. extramamente perigosa para :
asande do xelho pontífice,
Ell»tivamente, em harmonia com ritu-
al. o papa ideve descer; desentaipar: a
Porla Sanla-e penetrar só, na -basilica,
completamente vasia, portanto ftigidis-
sima,
salassos de disstradir Leão XI-‘da
cerimonia, afim de não: espór aum Tes-:
friamento; mas:o papa mostrou-se resol-
vido a inaugurar o
gundoos-usos estabelecidos, sejam quaes
forem «as consequencias pessoaes deste
acto.
% is
O ARCHIPELAGO CAROLINO
A «Gazeta da Allemanha do Norte,» *
tratando do acto da posse, por parte da
Alemanha, das ilhas Mariannas, Caroli-.
Vas e Palaos, mostra-se esperançada aje-
que amova-colonia allemã poderá desen- :
volver env paz as suas fontes de rique-.,
E
gia
pas de ouro.
———— meça
erre crrh INGLATERRA
“Segundo refere emesma’folha, nosPa-.
laos encontram-se ricos jazigos hulhei-
esperando-sedescobrir ali algumas ami- |
A «Gazeta da Cruz», de Berlim, pu-.
| de pragana, favas, ui
o «Anno Santo» se- | pres
GAZETA DAS PROVINCIAS=
blica um aitigo vo qual denuncia varios
Mgnaes pereuisores dum proxuno-ala-
[que ão dominio branco mas húlias.
Bicho ques « Irodos» devemvacinal!-
| mente Etar 61 recuos, pel os pXempios
sabios estrangeiros | du Africa Austral de que os imglezes
“que nos fazem justiça que devemos sin- |
“ceramente lamentar amorte, que acaba-|
não são Invenvivals.
Não bao erdimarminmentaço nao Tdi
mais de 73:000 soldados de raça brum
ca e qua grande pastel esses soldados
I :
foratn agora enviados para a guerra.
Se os
thais de amil
(facilmente
us domeinadores:
A «Garota da iruço conelie:
cA sittação da Englaterra va Lúdia
não será sustentavel desde 0 momento
* pó demo,
alga us
para cama,
resolver-su a ex, se
Se a guerra sal alricana se pi
masatenção doc predomínio inglez
penilerá sómento daboa vontade da Rus-
ie
| Sia.s
KALENDARIO. DE DEZEMBRO
Soxia fera | 8/45/22:29
Sabbado 21 9/46/2330
Domingo AI 10/17/2431
Segunda-feira 14 [41 4148/]25 | —
Terça-feira 5/2149 06) —
Quarta feira 6/19 20/27 | —
Quinta-feira [7/14 241928] —
Ne:
12 0.
18 L.
26 0
pova as 6h. 371m. dat.
cresci, 4º 5h. € 33 m. dam.
cheia às 9h. 28 m. da L
ming. as 9 be Sm dam.
.
a RES opine
SERVIÇO DE DILIGENCIAS
Da CERTÃ q TUOMAR (via Sernache de
Bonijardin, Valio é Ferreira do Zexere). Sao
heda Certô ge 2 horas da terde e chega x
Thomar ás 9 da noite. Sahe de Thomar ás 5
da manha e chega à Ceriã 12 e meia da tar-
de.
pe CERTA a PROENÇA A NOVA. Sahe da
Certãos 1 e mem da tarde e chegs Proença
| às Bda torde; Sahede Proença ds Bda ma-
nha e chega à Certã as 9 e meia da manhã.
Esta cligencia communica cam «a de Proençã
a: Castello Branco
Da: CERTÃ a PEDROGAM PEQUI NO. Sa-
he da Certãa 2 da terde e chega a Pedro-
“gamás 5 e nícia da tarde; Sahe de Pedro-
gam ás 7 da manhã e chega a Certã às 10
da manhã,
AS IN IN DUINCITIOS
ADUB ‘S CHIMICOS
para
Batatas, imilho, trigo e outros cerexes
cebolas,
couves, melões, niclancias, oliveiras, elo.
Vendem-se na loja de
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apgosie corrente, esclarecendo-as.
Baição em bom papel, cuidadosamente re-
zista é impressa sob a direcção de um fuccio-
pario pratico. :
“Reconmienda-se, porque a sua-clareza e ci-
tidezoa torna superior q muitas outras, facili-
tando-a procura de qualquer verba referento à
determinado objecla e conteio no final umas
pazinas-em ranco para referencias e ennota-
hões.
anno corrente um SUPELEMENTO com todos
os diplomas que-sohre o imposto do sello fo-
rem publicados ate lá, duvidas que a pratica
suscilar, opiniões auetorisadas e quaesquer
d urestos de interes-e para a bva interpretação
do lei.
Sera enviada a quem vemmettor em vale ou
carta a quantia de 200 réis
w SUPPLEMENTO, porém, sú socá eme! –
quiskai-a se no principio do anno de 1900
vão diver dois-enviado.
Pedidos e correspondencia sobre 0 assnmpto
a JOSE MARQUES NUNES DA COSTA Es-
“crivão e Tabel’igu==BYORA.
P -S:— Muito conviria reunir ma mesma ve-
«aquisição mais-de-wum exemplar, enviando a sua
importancia em alle uo cartã registada para
«evitar pra
Salis!iz
| ==Auguety Ato ss test fal
omtw vriHa como fora, prra o que |
Liba-.
| noro’se faz no nosso paiz, Todos osmezas
Livraria & Tavares Masins—8, Cle-
Promette-se publicar e distribuir mo dim do,
tido 4 quem envir 40 réis para elle. Em troca |
mandaremos uma senha que dará direito re-.) E ;
te sómente de esloiros e balões). cujo
“efeito tom sido applaudido pelo publice
3 qualquer requisição d’exemplores |
HISTORIA
DOS JUIZES ORDINARIOS E
POR
Antonio Lino INetto
Bachagel fecundo em diresto e socio elfecii vo
Ju-ttuto de Connbra
DE PAZ
Vende-se ni livraria França Amado
— Coimbra. Preço 400 veis. —
0 amarei mereça qe rtp
ATL AS
di:
GEOGRAPHIA UNIVERSAL.
DESCRIMETVO E UNIVERSAL
Publicação mensal
Contendo 40 muppas expresamenre
gravados é impresssos a cores, [TO pagi=
nas de texto de duas colmsnas e perto de
300 grâvuras representando vistas das
principaes cidades monumen.tos do mun-
do, prisagens, retratos de bomens cele-
bres, figuras, diagramas, ele
La primeira publicação que neste ge-
será distribuido um fasciculo contendo u-
ma carta geograbica cuidadosamente
vravada e impresa a cores, uma folha de
18 paginas de lexto 2 colamnas e 7 ou
gavuras, e uma capa pelo preço de 150
reis pagos no acto da entrega,
RUA DA BOA-VISTA 62, 1º D
LISBOA
ATE AS NTHERIA — COSTA
Encurrega-se de fazer Lodo O serviço
concernente á sua arte, tanto para esta lo-
calidande como para fora. Garanté-se o hom
acabimento e toma medidas em qualquer
ponto desta comarca.
Preços sem competencia
CERTA RUA SERPA PINTO —CERTÁ —
CENTRO COMMSRCAL
EE
uiz d Silva Dias
CERTA
Completo sortimento de fazendas de
algodão, 18 linho e seda, mercearia, fer-
rágense quinguilherias, chapeus, guarda
achusas e sombrinhas, leços, papel, gar-
rulões, sclogios do sala, camas do ferro
e tavatorios, folha de Flandres, estanho,
chumbo, drogas, vilro em chapa-e:obje-
etos do mesmo, vinho do Porto, licores é
coguue; livros de estado e hlerarios, La-
bacos, ele, Preços extraordimariamente
baratos € sem competencia,
Agencia da Companhia de Seguros:
— PORTUGAL
RETRATOS -==Tiram-se em diferentes
tamanhos desde 860 reis duzia, garan-
tindo-se a sua perfeição e nitidez,
Encarrega-se deir tirar photograqhias
& qualquer ponuo deste concelho, medi-
ante ajuste especial,
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PYROTHEECHNICO
CERTA
David Nunes e Silva, com oficina de
pyrolhechuia, -endarrega-se forneger pa-
ra qualquer ponto do paiz fogo Santificio,
com promplilão e garantido acabamento.
Na sua oficina encontra se sempre iss
grande e variado sontimento de fogo de
estorros, e fot della que saiu o fogo
queimado mos centenarios: – ANTONINO
– GUALDBIM PAES – e da INDIA, (n’es-
e imprensa.
PREÇOS SEM COMPETÊNCIA
ANTONIO LINO NETTO
PRINCIPIOS NOVOS
DA SCIENCIA CRIMINAL
IMPRENSA DA UNIVERSIDADE
COIMBRA