Eco da Beira nº60 11-11-1915

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aci ind

 

 

 

Certã, lirde’Novembro de 1915

SEMANARIO

BEI

ECA TDI)

 

 

 

Assinaturas:
Ano). Sp sa Ass Qi salao Crqo!
Semestre… =… 00, J w6o
Brazil (moeda brazileira). .. – Bpbooo

Anuncios, na 3.º e 4.2 págiaa 2 cen-
tavos alinha ou espaço de linha

 

Ara jo pafa Ss Eee area

Processos…

— ee

O sr. dr. Cunha e Costa é ho-
mem de talento, Todos lho re-
conhecem e todos sentem que
outras qualidades lhe faltem, im-
pedindo-o, lamentávelmente, de
prestar ao seu país, decerto, va-
liosos serviços. E” o seu talento,
porem, – propenso. a flutuações
deploráveis, que o fazem defen-
der hoje principios que ontem
combateu, sustentar opiniões tão
diametralmente opostas que cho-
cama sensibilidade dos seus lei-
tores.

Em 24 de Fevereiro de rgto,
num largo e documentado arti-
go, cheio da mais ardente con-
vicção, fazia-nos a apologia do
regicidio apontando: à indigna-
ção pública os crimes de D. Car-
los, da monarquia… Dois ou
três anos depois, vamos ençon-
trá-lo em Londres, rendendo as
mais ‘sincéras : homenagens do
seu respeito a D. Amélia, a D.
Manuel, a toda a ríialeza…

E, agora, vemos, com surpre-
za, que todo o seu incontestável
talento não poude evitar que es-
crevesse e firmasse com o seu
nome o inconvenientissimo arti-
go que o velho orgão do mígue-
lismo: publicou em 15 de Outu-
bro.

O contexto dêsse artigo é o
cumulo do impudôr. Ele, só por
si, justificaria todas as violências
“que os: monárquicos atribuem à
República.

Se, realmente, o estado dal-
ma dos monárquicos é o que
nesse infeliz artigo se revela, se
a abjecção de sentimentos é tão
grande e tão profunda, se, de
facto, as mulheres inventam
mil fórmas de contrariar o regi-
me; se elas, para isso, se aprovei-
tam de todos os pretextos, de to-
das as ocasiões; se elas mentem,
caluniam e praticam todos êsses
factos que o sr. dr. Cunha e
Costa tão entusiasticamente lou-
va, então, essas mulheres, alêm
de merecerem todo o nosso des-
prêso, merecem ainda ser trata-
das, não como senhoras, mas,
como: . mulheres perigosas! …

Se, por seu lado, os homens
também fazem o que podem; uns,
ouvindo boatos que sabem ser fal-
sos, mas que longe de desmenti-
rem, passam, exagerados aos vi-
sinhos; se outros que poderiam
prestar serviços à Pátria se recu-
sam a fazé-lo, só porque essa Pá-
tria é a República; se muitos são

 

 

é
$
&
&

a
&
germanófilos, ainda mesmo-os que
detestam a Cdlemanha, só porque
a República*é anglófila; se até
um homem. de talento, festejado e
aclamado, deixará de o ser se
porventura ocupar na República
uma situação de destaque; se tudo
isto e o mais que se lê em tal
artigo é. verdade, é caso, então,
para a República tomar: sérias
medidas que a defendam e de-
fendam a nação de tais homens,
de tais portugueses… .

Mas, não!! Por. honra da; pró-
pria nacionalidade, queremos
ainda acreditar que não será as-
sim. Que todo êsse misero es-
tendal de vergonhas e de baixe-
zas; tão impudicamente apregoa-
das, não passa do fantasioso
produto da fertil imaginação
dum homem de talento, que in-
felizmente resulta inútil, senão
prejudicial, à sua Pátria, e que
rende demasiado culto ao exa-
gêro.

– Qu haverá portugueses que se
honrem de combater a Repúbli-
ca por tais processos? E que
venham ainda fazer alarde da
perversão dos seus sentimentos?

Não. Porque o patriotismo
não é ainda uma palavra vã!

ais
Padre Artur de Moura

Deixou de paroquiar a freguesia
do Marmeleiro e saíu há dias para
a Figueira da Foz o sr, padre Ar-
tur Mendes de Moura, que alí foi
colocado, como professor, no Colé-
gio Liceu Figueirense.

Vai o sr. padre Moura dedicar-se
a uma nova vida que trocou pelo
munus paroquial.

Fez bem.

E” novo, inteligente e ilustrado:
legítimas são em si melhores e’mais
largas aspirações do que as que lhe
podia abrir o modesto presbitério
do Marmeleiro.

Enceta uma carreira. eriçada de
abrolhos e dificuldades, mas não
lhe faltam qualidades e faculdades
de trabalho para-nela lutar e vencer,

São os nossos votos é com segu»
ra confiança os fazemos.

Ha muito: que observamos com
simpatia os progressos literários do
novel: professor do Colégio Liteu
que, a nosso: parecer, fezacquisição
dum elemento de incontestável va-
lor para o seu progresso e para o
seu crédito.

ções do Eco da “Beira.
ape
António Bernardino
Vindo. do Pará regressou à sua
casa do. Alto Arotheia, Valbom, o

nosso patrício e amigo António Ber-
nardino, a quem enviamos os nossos

 

cumprimentos de boas-vindas, ,

 

Ao sr. padre Moura as felicita-,

 

PROPRIEDADE DO CENTRO REPU

DIRECTOR — ABILIO MARÇAL

 

Editor e administrador— ALBE

 

 

ICANO DEMOCRATICO [5

8

A BADALAR.. À BADALAR!…
Martins Badalo a badalar no Diá-
rio de Notícias :

Sernache, 30.=A setenta alunos pobres
admitidos anteriormente gratuitamente no
Colégio das Missões foi arbitráriamente im-
posto 0 castigo de pagarem as roupas e li-:
vros à sua custa no corrente ano e a outros
maiores castigos.

Há grande confusão entre os alunos por
motivo de tão violentas medidas e pedem:

rovidências ao sr. Ministro da, Instrução.
eceiam-se tumultos.

—São as vítimas que tem feito,
menino!

E” o resultado de badalar.

Tanta gente arrastada e sacrifica-
da e tu, inconsciente e alvar… a
vêr as desgraças.

E quantas tens feito com as tuas
asneiras!

O Anaquim, o Catalão, o Elias,
os pobres alunos…

E O badalo sempre à badalar…
a badalar… a badalar.:. como um
dobre de finados:

«Receiam-se tumultos !

—Receiam! Mete-te nessas!

A’s pessoas de bem, que desco-
nheçam êste caso, vamos nós expli-
cá-lo.

A administração do Colégio das
missões tinha adquirido certa quali-
dade de pano para fazer os unifor-
mes dos alunos, segundo a reforma
então esboçada.

Veio a ditadura, que, como um
vendaval, tudo deitou por terra.

Deitou tambêm a retorma e o uni-
forme * —

Tendo o pano comprado e tendo
de dar um fio aos alunos, a admi-
nistração da casa distribuu-lhe o que
tinha adquirido para os uniformes,

Nessa ocasião, Martins Badalo
andava já enquadrilhado com:o de
Sobreira e, badalando, levou uns 50
alunos a não aceitarem o fato, que,
segundo êles diziam era inferior à
sua posição.

E recuzaram!

Note o leitor que era da mesma
fazenda do fardamento dos oficiais
do exército !

Agora já queriam, e a administra-
ção da casa responde-lhes que o com-
prem, à sua custa,

Eo badalo, badala então que é
uma violência, E”. E

Do mesmo grupo de figurões des-
tacou-se parte dum curso que se re-
cuzou a fazer exame,

E como quem para ali vem é para
estudar e trabalhar, a direcção ex-
pulsou os cábulas e suspendeu os
que se deixaram arrastar.

Agora pagam indemnizações que
variam entre Goostoo e I:1oodoo.

E o badalo a badalar!…

E os desgraçados a padecerem !

Que gente tão imbecil!

ns Sds
Baptista Ribeiro

Tomou já posse do seu novo car
o de tesoureiro da Caixa Geral

os Depósitos êste nosso prezado
amigo, a quem, por tal motivo, sin-
ceramente felicitamos.

Baptista Ribeiro é um velho re-
publicano, a quem a República e o
partido: republicano devem apreçiá-

a

 

 

Publicação na Certã

Redacção, e administração. em: 4

ig] SERNACHE DO BONJARDIM
8
LAR

Composto e impresso na Tipografia Leirionso. :
LEIRIA

 

veis serviços e que, por isso; bem;
merecia e direito tinha a este posto
de confiança.

Inteligente e excelente funcionário,
que sempre. tem sido, êle saberá
honrar o:seu novo lugar e bem ser-
vir a instituição que, fazendo a indi=
cação do seu nome, inscreveu no
quadro do seu. pessoal. um bom .e
dedicado. servidor.

capeta.
A Igreja ea República:
– Portuguesa
(Continuação)

Citando êstes factos não quere”
mos significar que o poder civilden-
tro da monarquia fôsse sempre cor-
recto com o papado e como clero;
mas simplesmente mostrar quanto
a República tem sido tolerante é
sotredora, aplicando penas mínimas
aos ciérigos rebeldes. O paralelo é
eloquente em demasia e por isso
me abstenho de o comentar. à

»

Uma outra acuzação-sé fez ida-lei
dizendo-se: que ela tivera em vista
reduzir o-clero à miséria pelo facto
de suprimir os legados com encar-
gos perpétuos de’ missas. Para re-
bater tal acuzação teria ide ir longe,
limitando-me a dizer :» que para -su-
fragar uma alma: basta uma missa
celebrada em altar privilegiado: -e
que o tesouro da igreja não preciza
de’ mais do que tem — os” mereci=
mentos infinitos do sangue de Jesus!
—lIsto é a doutrina da igreja católi-
ca, Dirão que tais esmolas de mis-
sas são necessária à sustentação do
clero ? “Talvez, mas tambêm é-cer=
tissimo:que se o Papado; no tempo
do Marquês de Pombal, não ‘tives-
se reduzido os encargos das missas
das capelas, nem um milhão de pa-
dres hoje chegaria em: Portugal pa-
ra as dizer todas. Para convencer os
incrédulos basta que lhes afirme que
só a Misericórdia de Lisboa man-
dou dizer no’ano económico. de
1718-1719 a bagatela de 58:802 mis=
sas das capelas que administrava.

Seis anos depois mandou” dizer,
por iguais encargos, 92:229 missas!!

Em todo o País ‘qual seria’hoje
o número de missas a celebrar por
ano? E” impossível! calcular, mas
talvez não seja exagêro’ supôr ne:
cessário um milhão de clérigos pa-
ra as dizer.

E que seria um milhão de padres
num país pequeno como o nosso?
Uma avalanche de ‘ actividades rou-
badas a econômia da nação. – Uma
nação que ‘não merecia tal nome
porque seria apenas um enorme
convento! )

*

O clero mostrou grande -relutân-
cia em.confórmar-se coma. dispo-
sição da lei de, Separação que en-
carregava. as corporações. encarre-
gadas do culto de administrarem os
bens e rendimentos das igrejas. Mas
isto não foi inovação da República
pois que esta seguiu as apenas passa-
das da monarquia que, no decreto de
26 de Novembrode 1830 em que eriou
as juntas de paroquia, esbulhou os
párocos dos. seus direitos, fazendondo

 

@@@ 2 @@@

 

passar para as referidas juntas e
confrarias fabriqueiras a adminis-
tração dos bens e rendimentos das
fábricas das igrejas paroquiais, ca-

pelas e ermidas, e dos legados com –
aplicação especial ao culto.

8 *

A maior parte das acuzações fei-
tas à lei da Separação partiu dos

serventuários das congregações reli- –

giosas enraivecidos com o facto da
República ter posto em execução, e

duma forma decisiva, as leis de’

Pombal e-de Augusto de Aguiar.
Esses serventuários, educados nos

“velhos princípios, que intitulavam as

congregações: — milícia da igreja,

coorte indispensável à sua vida e

expansão, — viram-se de repente pri-

vados dos seus directores e guar- .

diões ! Supozeram a igreja órfã por-

que–de tão más rêzes, como eram, –
o clero secular não servia para

pastor.

E ei-los a choramingar nénias sen-
tidas, supondo já a igreja-nos paró-
xismos da agonia!…

Às congregações não são de ins-

tituição divina e a igreja não morre
“com a sua extinção.

E” esta a boa doutrina autentica-

da pelos papas que extinguiram vá-‘

rias congregações logo que elas se
afastaram da pureza primitiva dos
seus estatutos. Há um documento
em que; se sumaria as causas que
levaram vários papas a abolir diver-
sas congregações. E” o Breve—Do-
minus Redemptor de Clemente XIV
de 23 de Julho dé 1773, em que ês-
te Pita extinguiu em todo o mundo
al

ompanhia ce Jesus. Para justifi-,
– car tal resolução expõe as .cauzas

que levaram os seus antecessores a
proceder contra várias Ordens relj-
giosas e os abuzos cometidos pelos

– Jesuítas cuja congregação êle extin-.

guiu pelo citado Breve.

Os jesuítas começaram logo des-
de a fundação da Companhia a lan-
çar mão de certos expedientes, que
hoje temos de clássificar de comé-
dias ridículas.

“Basta. citar dois factos autênticos
para provar o que dizemos.

Conta o P.º Baltázar Teles na sua
Crónica da Companhia, tom. 1, pag.
91, que o’ padre Simão Rodrigues

ordenara ao seu colega Manuel: Go-.

dinho que fôsse para Coimbra e se
vestisse de estudante, o que êle fez,
afim de edificar com o seu exem-
plo os: académicos e-assim melhor
se insinuar no ânimo dêies!

Na: mesma. Crónica vem o -se-
guinte: «O mesmo padre Manuel
Godinho, desejando imitar o Cristo
na sua nudez e de sentir afrontas
pelo mesmo Senhor, despiu-se da
cintura para cima e mui roto e des-
calço andou pedindo por toda a vi-
la da Sertã, onde o povo conhe-

“cendo a cauza daquele santo exces-

so em lugar de zombarias, que êle
pretendia, lhe deram esmolas e lan-
çaram bençãos.» O
«Como se vê, começaram cêdo; a
ser comediantes!

Não é menos edificante a forma
hábil e velhaca como conseguiram
atrelar ao seu. carro os frades do-
minicanos, levando êstes a ser os
seus testas de ferro nas torturas e
crimes da Inquisição. Desde que
esta foi fundada em Portugal. pela
Bula de Paulo III de 23 de Março
de 1536 até 1732 apareceram. nos
cadafalsos, em. hábito de infâmia
23:068, réus, e foram queimados vi-

– vos: 1:454 indíviduos de ambos os
sexos, incluindo . menores. de 15.

anos!! E tudo-isto em nome de Je-
Sisto mi sinos à
Uma das suas últimas proezas foi
a guerra movida aos frades francis-
canos que, defendendo a boa dou-
trina, declararam na sua revista—
Voz de Santo António-—que a igre-
ja não devia ter política. Como es-
ta afirmação lhes vinha transtornar
os seus planos—a fundação dum par-
tido católico com o rótulo de Nacio
nalismo—coméçaram ‘a atacar tal
revista a ponto de conseguirem dum
papa fraco a sua extinção!
“Quando Clemente XIV redigiu o

– Breve da extinção da Companhia

estava talvez longe de supôr o que

 

 

 

“ECO DA BEIRA

tal gente viria a fazer um século de-
pois nas alcovas, confessionários,
púlpitos, escolas e exercícios espiri-
tuais!

Mas estas minhas afirmações po-
dem parecer suspeitas, e, por isso,
vamos transcrever alguns períodos

do célebre Breve para que o clero.

ignorante e os fiéis inconscientes fi-

* quem sabendo a verdade do que es-

crevemos :

«Quando- as cousas chegaram ao
extremo do povo não tirar de algu-
mas Ordens religiosas os frutos e
vantagens que deviam produzir, ob-
servando-se que teem degenerado
em perniciosas, e mais próprias pa-

“ra perturbarem a tranguilidade dos
“povos do que proporcionar-lha, a

Sede apostólica não vacilou em dar-
-lhes novos regulamentos, restabele-
cendo a sua antiga disciplina, ou
em dissolvê-las e destruí-las com-
pletamente. a
«Por isso-o Papa Inocêncio IH
proibiu expressamente no quarto
concílio geral de Latrão, que sé es-
tabelecessem novas Ordens relígio-
sas, e o nosso predecessor Clemen-
te V. suprimiu. em q de Maio de
1312 a Ordem dos Templários, Pio
V a dos Irmãos humilhados, Urba-
no XVIII a dos Irmãos conventuais
reformados, e a de Santo Ambró-
sioie S. Barnabé ; Inocêncio X a de
S. Bazílio de Azmuzir, e a Congre-
gação dos Clérigos do Bom Jesus,

“e Clemente.X a dos Cónegos de S.

João de Halga e a dos Jeronimos
de Pisulis, bem como a dos jesui-
tas de S. João Columbano.
«Tomando em consideração êstes
exemplos não omitimos cuidado nem
investigação, – para, conhecer tudo
que diz respeito à origem, progres-
so. e estado actual da Companhia
de Jesus, e descobrimos. que a es-
tabeleceu o seu santo fundador pa-
Ta a salvação das almas, conversão
dos herejes e sobretudo dos infieis,
estabelecendo, nela. o estritissimo
voto de pobreza evangélica, tanto
em comum como em particular:
«Quasi no berço, a Sociedade viu
nascer em seu seio, germens de
discórdia e de zêlos, que desarmo-
nizaram os seus membros e os le-
varam a, levantarem-se contra as
demais Ordens religiosas, contra o
clero secular, acadernias, universi-
dades, colégios e escolas públicas,
e até contra os soberanos que as

“admitiram nos seus estados, e estas

perturbações ocorriam em virtude
da natureza e carácter. próprio dos
seus votos, admissão dos noviços a
pronunciá-los e faculdade de despe-
di-los e elevá-los às Ordens sagra-
das, sem título e sem os votos so-
lenes, exigidos pelas decisões do

concílio de Trento e de Pio V; ou-:

tras perturbações procediam do po-

“der absoluto do Geral e dos artigos

relativos ao regime da Companhia ;
outras dos colégios e dos seus pre-
vilégios, que os ordinários e outras
dignidades eclesiásticas e civis acha-
ram contrários à sua jurisdição e
direitos, não havendo, por fim, acu-
sação grave. que se não levantasse
contra esta Sociedade. :

«A Sociedade destrúi-se a si pró-
pria e entre outras acuzações con-
ta-se a da sua extraordinária avidês
e sofreguidão de se apoderar dos
bens da terra…

«Reconhecendo que a Companhia

de Jesus não podia produzir os fru-
tos abundantes, e consideráveis van-
tagens para que fôra criada, e que
era pouco menos que impossivel que

a Igreja gozasse da paz verdadeira

e sólida, em quanto esta Ordem
subsistisse; depois de maduro exa-
me, com :sciência certa e plenitude
do nosso poder apostólico, suprimi-
mos e abolimos a Companhia de Je-
sus; destruímos e revogamos todos
e cada-um- dos seus ofícios, funções
e administrações, casas, escolas, co-
légios, retiros, hospitais e quaisquer
outros lugares que lhes pertençam,

de qualquer forma que sejam, e em:

qualquer província, reino e estado
em que estejam situados, todos os
seus estatutos, costumes, Usos, cons-
tituições, etc., etc » (Continua)

PcCâniido da Silva Teiseirais

 

“Câmara Municipal

Sob a presidência do sr. dr. Vir-
gilio Nunes da Silva, secretariado
pelos srs. Carlos David e António

Mouga, reuniu no dia 4 a câmara .
“municipal dêste concelho.

Logo de comêço o sr. dr. Ernes- .
“to Marinha levanta um incidente sô-

bre a presidência: queria ali o sr.

‘ Ceríaco e não o sr. dr. Virgílio.

Que osr. dr. Virgílio devia estar
na-administração.

Parece-nos que o sr. dr. Marinha
nada tinha com isso; na presidência
estava quem a câmara elegeu, e esta-
va muito bem: se devia estar na ad-
ministração, êle ou outrem, quer-

“nos parecer que não são contas do

rosário de s. ex.?
Em nosso entender mesmo e em

face do código. administrativo, o sr.

dr. Virgílio podia estar na adminis-
tração. e na câmara.

A incompatibilidade existiu quan-
do haviam dependências entre um e
outro lugar.

O sr. Tasso protesta tambêm
contra a maneira como se faz a cha-
mada dos: substitutos. Já é sisma!

E contra uma coisa qualquer, do
mesmo valor. É

Fez-se a substituição dos srs. An-
tonio Pedro e Giríaco pelos “srs.
Sousa Guerra e José Santos.

Por proposta do sr. António Mou-
ga é consignado um voto de senti-
mento pelo falecimento da esposa
do sr. Domingos Vidigal.

Ficam sôbre a mesa’para serem
discutidos na próxima semana, que
É na próxima quinta-feira: 2 orça-
mentos suplementares; projecto de
posturas para construções urbanas e
muros de vedação em Certã e Ser-
nache; regulamento dos serviços do
fiscal dar câmara.

Foi nomeada; uma comissão para
dar parecer sôbre uma reclamação
feita pelo sr. Manuel dos Santos An-

tunes sôbre a regulamentação do

trabalho nos estabelecimentos comer-
ciais.

Foi regeitada uma proposta do sr.
dr. Marinha sôbre a criação duma

sociedade de instrução militar pre-

paratória.
“O badalo!…

Diz o Século, em correspondên-

cia de Sernache :
«Pedem-se providências ao sr.

Ministro da Instrução contra o fa-

“cto do director do Colégio das Mis-

sões obrigar os alunos a comprar
livros e fato, obrigando-os tambêm
a confissão»,

| —Este madurinho queria que: os
alunos andassem despidos e estu-

“dassem sem livros.

Aquela de os, obrigar à confissão
tambêm não é má.

“Que raio de lembrança!

E que grande bebedeira!… Com
que êle andava nesse dia! .. :

Mandar os alunos à confissão!…

Mas para que-ela. lha havia de

Pages»
Consórcio

dat |

Realizou-se no: dia 20, em Serna-
che, o do nosso prezado amigo An-
tónio da Silva Lemos coma senho-
ra D. Amélia da Silva Girão, filha
do nosso saudoso amigo Eduardo
da Silva Girão.

A. cerimônia civil efectuou-se em
casa da mãe da noiva senhora D:
Beatriz Girão.

Foram padrinhos: por parte da
noiva: o sr. Libânio Girão e esposa
sr.* D. Carolina Girão, e por parte
do. noivo seu irmão sr. José Maria
Marques e esposa, D. Esmeralda
de Mendonça Marques, representa-
dos pelos srs. João Nemézio da Sil-
va é José Maria de Lemos.’

Em seguida à cerimónia realizou-
-se em casa dos noivos um almôço
íntimo, ao qual, além das pessoas
de família e padrinhos, assistiram
os srs. Dr. Ascenção Serra, P.º An-
tônio Serra, Dr. Virgílio, P.º José

 

Adriano, D. Albertina e D. Alice
Ribeiro Antunes, D. Maria do Céu
Serra, Libânio e Alberto Girão.
Enviamos aosnoivos as nossas feli-
citações e sinceramente lhes dese-
jamos uma vida de prosperidades.

sacas

– Folhas dispersas

A Almiro

O coração da Mulher,–por mais
pura, por.mais extraordináriamente

simples que: Ela seja,—é sempre o.

mesmo misterioso abismo que tudo
nos oculta e desnorteia.

«+. Quem tê diz, pois, que essas
«scintilações estranhas» com que ês-
ses olhos negros te perturbam ; que
êsses jorros de luz bemdita, estão
envoltos no mais.triste recordar dum
«passado que não se extingue ?»

Quem te diz que há ali todo um
mundo. de. amarguras e Saudade,
nesse instante em que o olhar redo-
bra de tristeza e nêle acaba um sor-
riso, docemente? –

O” psicologistas que ainda por, aí
andais! Como, a luz vem longe e
longe vem o tempo em que com-
preendais toda a profundeza dêsse
mar imenso de mistério!

Quantas vezes a lágrima que nos
arranca ‘ uma outra lágrima, é filha
da mais forte, da mais vibrante das
alegrias, emquanto a nossa vai ro-
lar sôbre ela com a mais santa e
compreensível das compaixões! E
quantas: vezes nos rimos por ver rir,
e aumentamos a dôr de quem a es-
conde e nos oculta no eco do seu

‘ riso, no timbre da sua gargalhada,

o comovente soluçar das suas amar-
guras!
A vida é toda assim.

Aproxima-te um pouco mais. Que –

te importa que os dias passem e que
a luz dos seus olhos negros seja
sempre enigmáticamente triste?!

Aproxima-te…

“Não sabes que a Mulher Triste
nem só é a mulher que já amou é
vive dêsse amor ? us
“ Não sabes que a incerteza do que
há-de vir nos enche de tantas pênas
como à visão do que já passou?

E que é quasi tão infinitamente
melancólica a solidão de quem as-
pira- a amar e espera quem venha
abrir-lhe o caminho dêsse Céu que
se sonha há tanto tempo, como infi-
nitamente triste é a:dôr de quem já
bebeu. o -fel do recordar um amor
que nos matou a vida? .

E que aos vinte anos há um vá-
cuo em todo o coração que ainda
não despertou, e que o faz chorar
por não chorar, que o faz sentir por
não sentir todo o calor das lágrimas

e comoções que o amor lhe propor- |

ciona?! — Ai! o coração da Mu-
Bier és

Quem sabe então se essas «scin-
tilações estranhas» com que êsses
olhos negros te perturbam ; se êsses
jorros de luz bemdita estão envoltos
no mais triste recordar dum «passa-
do que não se extingue»?

Aproxima-te, mas não lhe «fales
do amor. nos seus múltiplos e varia-
dissimos aspectos, nem lhe cites de
cór passagens de romances em que
te parece haver analogia com o es-
tado da sua alma». Faze-lhe ver a
vida nasua singeleza e em todo. o
seu encanto. Faze com que ela se

interesse pela elegância com que se’

alteia a haste da flôr do campo,
com a mesma intensidade com que
éla se delicia em ouvir: o riso dos
Pequeninos e em apreciar os laivos
de sangue dum pôr do sol, no. ou-
tono. e :

O que nos dá alegria não é tão
sómente o momento em que nos ex-
pandimos com os outros; cada ins-
tante da nossa vida, cada minuto
das horas que por nós passam é que
é preciso preenchê-los com a aten-
ção de qualquer coisa que nos ale-
gre e nos faça esquecer o lado tris-
te do viver.

E ao. conhecermos na vida a luz
que irradia do Sentimento e a doçu-
ra de rirmos noutros risos, somos
nós mesmos que tecemos as passa-as passa-

 

@@@ 3 @@@

 

gens análogas ao estado das nossas
almas, nesse romance imenso e va-
riadíssimo do Amor. E se então ain-
-da continua triste o nosso-olhar, é

que é tamanho o receio de perder.

essa Ventura como é grande a feli-
cidade com que ela nos inunda a
vida ! o ;

– e

LITERATURA
— ANUVEM

I-Dos mares e das torrentes eu
trago frescos aguaceiros para as se-
quiosas flôres; levo uma sombra li-
geira as fôlhas que repouzam nos

 

 

seus sonhos do meio-dia. As minhas –

azas sacodem os orvalhos que des-
pertam, um a um, os tenros botões,
acalentados no seio de sua mãe, ao
passo que ela vai dançando em tôr-
no do Sol. Sou eu que vibro o azor-
rague da saraiva, e faço alvejar as
verdes planícies; e torno a dissol-
vê-la em chuva, e solto ‘ao passar as
minhas gargalhadas de trovão.
H–Eu peneiro a neve sôbre as
montanhas, e os seus grandes pi-
nheiros gemem apavorados; e toda
a noite é branco o meu travesseiro,
‘emquanto eu durmo nos braços do
Furacão. Sublime, nos torreões do
meu camarim celeste vigia o Relâm-
pago, meu pilôto; numa caverna em
baixo está agrilhoado o Trovão, que

estrebuxa e ruge.em convulções. Sô- .

bre a terra e O oceano, com suave
andamento me guia o meu pilôto,
seduzido pelo amôr dos Génios, que
se movem nas profundidades do mar
purpúreo; por sôbre os riachos e as
rochas e os outeiros, por sôbre os
lagos e as planícies, onde quer que
êle sonhe, debaixo de montanha ou
de torrente, que permanece o espi-
rito. que êle ama; e eu, no entretan-
to aqueço-me ao sorriso azul do céu,
emquanto êle em chuvas se dissolve.

HI-—A aurora côr de sangue, com
os seus olhos de meteoro, e as suas
ardentes plumas esparsas, salta pa-
ra o dorso do meu barco velejante,
quando a estrêla da manhã esmore-
ce moribunda; como sôbre os den-
tes duma serrania, que um terremo-
to abala e sacode, uma águia pouza
um instante, na luz das suas azas de
oiro. E, quando o crepúsculo exala
do mar tranquilo os seus ardores de
repouzo e de amôr, e o manto car-
mezim da tarde cai das profundezas
do firmamento, de azas fechadas, eu
me deixo:ficar no meu ninho aéreo,
socegada como uma. pomba no chô-
co.
IV —Essa virgem orbicular, carre-
gada de branco lume, a que os mor-
tais chamam a Lua, resvala com bri-
lho suave sôbre o meu sobrado si-
milhante ao vélo, polvilhada pelas
brizas nocturnas; e ondé quer que
a pancada dos seus pés invisíveis,
que só os anjos ouvem, haja rompi-
do a urdidura do delgado tecto da
minha tenda, as estrêlas escoam-se
atrás dela e surgem. E eu rio-me de
as vêr voltear e correr, como um
enxame de abelhas de oiro, quando
eu alargo os rasgões da minha ten-
da, construida pelo vento, até que
as águas tranquilas dos rios, dos la-
gos e dos mares, como tiras do céu
que através de mim caissem, se
achem calcetadas de luar e de es-
trêlas.

V—Eu decoro o trôno do Sol com
uma zona flamejante, e o.da Lua com
um cinto de pérolas; os vulcões
obscurecem-se, e as estrêlas vacilam
e bruxeleiam, quando os Furações
desfraldam a mínha bandeira. De

cumiada a cumiada à maneira de

ponte sôbre uma torrente, sem dei-
xar passar Os raios de sol, estiro-me
como uma abóbada, de que as mon-
tanhas são pilares. O arco triunfal
que eu atravesso com a ventania, o
fogo e a neve, quando os Poderes
do ar estão encadeados à minha car-
ne, é o arco dum milhão de côres;
o fogo celeste entristeceu essas cô-
res suav:s, emquanto a Terra húmi-
da sorri.

VI–Eu sou a filha da Terra e da

 

 

 

 

ECO DA BEIRA |

Água, eé amamentei-me aos peitos
do Céu: passo pelos poros do ocea-

no e das praias ; mudo, mas não pos-

so- morrer. Porque após a chuva,
quando nem uma mancha ofusca a
nudez do pavilhão celeste, e o ven-
toe o sol com os seus clarões conexos
constroem a abóbada azul do ar, eu

“Tio. silenciosamente no meu cenotá-

fio,—e das cavernas da chuva, como
uma criança do.ventre materno, co-
mo um espectro dum túmulo, eu’sur-
jo então, e de novo a destruo.

Shelley.

BS RSS
OS ANIMAIS NA GUERRA |

 

Obra Internacional da Estrela
Vermelha

Ra

e

“Em Genéve, na mesma sala, on-
de ha 5o anos se fundou a Cruz
Vermelha, constituiu-se recentemen-
te, a Aliança Internacional da Cruz
Vermelha, agrupando num laço co-
mum todas as associações que se
destinam à proteção dos animais
nos diversos países do globo, com
o fim de serem prestados os socor-
ros eficazes, prescritos pela sciên-
cia veterinária, aos animais feridos
ou inutilizados em campanha, reali-
zando o curativo dos quê sejam sus-
ceptíveis de cura, e dando morte rá-
pida, humanitária, aos que sejam
julgados irremediávelmente perdi-
dos, pondo assim termo aos seus

– sofrimentos.

Uma tão pruerosa obra, não po-
dia deixar de encontrar entre nós
a mais calorosa e entustástica ade-
são, dados os sentimentos de altruis-
mo da raça portuguesa. As Socieda-
des Protetoras de Animais, de Lis-
boa e Porto, aquela fundada em
1875 e esta fundada em 1878, ade.
riram desde logo a essa Aliança In-
ternacional, constituindo a primeira
o Comité Nacional Português da
Estrela “Vermelha, e a segunda o
Comité Regional Portuense da mes-
ma benemérita e prestimosa insti-
tuíção.

“Ambas estas Sociedades fizeram
publicar agora uma interessante bro-
chura, profusamente ilustrada, com
o intuito de angariar donativos que
as habilitem a instituir tantos pos-
tos veterinários de campanha quan-
tos sejam possíveis, providos do in-
dispensável material médico-cirur-
gico; para serem utilizados no caso
de guerra entre nós, brochura que
é enviada gratuitamente a quem a
requisitar, por meio de um simples
postal, às respectivas sédes sociais:
em Lisboa, na rua de S. Paulo, 55,
e no Porto, na Praça da Liberdade,
29, para onde “tambêm devem ser
dirigidos todos os donativos, em di-
nheiro ou em géneros, com os quais
as almas generosas queiram contri-
buir para uma obra de tão vasto al-
cance não só humanitário como pa-
triótico.

Agradecemos o exemplar da refe-
rida brochura, que as beneméritas
Sociedades enviaram a esta redação.

Correspondências
Madeirã, 1-.11-9145

Dizem-nos de Oleiros que o sr.
Artur Romão, secretário da Câma-
ra, etc., numa visita que recente-
mente fizera à vila de Alvaro, entra-
ra ali com rompantes de leão por
lhe ter cauzado engulhos a: eleição
da Comissão paroquial afecta ao
Partido Republicano Português ! Se-
rá verdade? O nosso informador
assim o diz. Pois tenha paciência o

 

 

 

&

: sr» Romão, porque a sua fobia pas-

sará.
* * x

Efectuou-se nesta povoação uma
mirabolante reúnião em casa da pro-
fessora oficial, à qual estiveram pre-
sentes as grrrandes notabilidades
da honra-—porco gordo e o ca-
ra de chocalho; e a fazer cauda a
tão desprezados por aladroados vi-

Í
– !

 

ventes, ali estiveram tambêm três
homens honrados que melhor anda-
riam se se afastassem de tão infecto
monturo.

Mas a que obedeceria tal reúnião ?
Conspiração contra a República, não,
porque tudo aquilo rescende a co-
vardia ; então o que teriam êles em
vista? Ora… era melhor que esti-

vessem calados.

 

Ne

AGRICULTURA

A influência da água no desen-
volvimento das plantas

 

Que a água é indispensável para
o desenvolvimento das plantas é
coisa que não é preciso demonstrar
pois toda a gente conhece os bené-
ficos efeitos da rega; mas à pro-
porção em que êste líquido produz
o máximo do rendimento em cada
planta e a influência variável que
exerce sôbre os distintos órgãos do
vegetal não estavam ainda determi-
nados; é o que Mr. Meyer, em uma

série de experiências mui completas

tratou de fazer conhecer. Mr. Meyer
operou apenas sobre os cereais de
inverno: trigo, centeio, cevada e
aveia, em solos que continham de
10 à 96 por 100 de água; isto é,
desde o solo muito seco até ao mais
húmido. Este tanto por cento de
água entende-se o do máximo que
uma terra pode reter, e é claro que
êste é variável segundo a sua com-
posição e estrutura. As deduções
obtidas nestas experiências são: 1.2,

quanto menor é a humidade do solo, .

maior é a proporção da semente com
relação à palha; 2.2, os solos secos
produzem plantas com maior quan-
tidade de amido, assúcar ete., que
os húmidos e menos celulosos; 3.2
à medida que aumenta a humidade
aumenta o desenvolvimento vegeta-
tivo até um ótimo, mas diminúi a
proporção de sementes ou talos ‘e
palhas;-4.2, cada espécie das ensaia-
das tem distintas exigências de hu-
midade. (Um terreno sêco para umas,
pode ser excessivamente húmido
para outras); 5.º o ótimo da humi-
dade para a aveia é de go por 100,
para o trigo de 80 por 100, para o
centeio 75 por 100 e para a cevada
62 por 100. Por êste ótimo de humi-
dade se entende a quantidade de
água que deve conter o solo para
produzir a maior colheita possível
por unidade de superfície.

Corte racional da luzerna,
planta leguminosa

A luzerna corta-se deixando pe-
queno tronco, logo que apareçam as
primeiras flôres; esta regra é da
máxima importância e não é raro
ver-se esquecida. Quando não se
encontra à luzerna a raíz do solo, o
tronco tende a crescer, adquirindo
por graus uma dureza semelhante à
da madeira, que dificulta os córtes
ulteriores. E” preciso, pois, recomen-
dar aos cultivadores-de luzerna esta
regra, vão devendo tolerar-se a sua
menor infracção. E” um errado cál-
culo retardar o córte da luzerna com
a esperança de obter mais forragem;
a luzerna tenra é mais apetecida pe-
lo gado, e com os córtes temporãos
a planta recebe novo vigor, estimu-
lando-se por consequencia o seu cres-
cimento.

Preparo do milho para a se-
menteira

Reservam-se para sementes os
grãos centraes da espiga, dessecan-
do os pequenos da ponta. Antes
de semeá-los pôem-se em salmou-
ra durante trinta horas, conseguin-
do-se com o benefício de tão simples
processo que a semente germine rá-
pidamente, à desenvolvimento da
planta seja mais precoce e a colhei-
ta se antecipe. e

Contra as geadas da
primavera

Lê-se na Feuille Vinicole de la
Gironde:

«Pudémos ver um dêstes diasem
Lormont, em casa de mr. Ducasson,
viticultor muito conhecido, uma in-
teressante experiência relativa à

 

 

3:

 

 

protecção da vinha contra as geadas
da primavera. Em março antes de
desenvolver se a gema, fez-se um
renovo ao pé de cada. cepa, embe-
bendo de antemão todos os cachos
em cal. O fim era saber se as ge-
mas, assim colocadas debaixo da
terra, poderiam. desenvolver-se: e
dar mais tarde fructo ao ar livre.
Pois bem: levantando-se esses ca-
chos- no primeiro de Maio, a expe-
riência demonstrou que “os cachos
que saíram chegaram como ‘os”ou-

tros perfeitamente a madurar. Póde

pois, ter-se um recurso: para” em
caso de geadas, recorrendo-se a ‘es-
te meio. Se não gela, deixa-se o re-
novo; se gela, levanta-se: o cacho,
suprimindo a extremidade que se
encontra sôbre a terra. Parece-nos
boa idea, mudar de lado cada ano
para não fatigar a cepas .

“ANUNCIOS |

 

 

LINDA VIVENDA

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CERTÃ

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de-se por 3 mil escudos, acabada
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mazêm e lojas, com 2 andares e pô-
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em prestações ou como se combi-
nar. Dirigir a Carlos Santos, na
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Preços baratissimos. Pedidos a
Acácio Lima Macêdo.

mer CERTAS
CARREIRA DE AUTOMOVEL

No «dia 18 de Maio começou a
carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo e de Paialvo
a Figueiró dos Vinhos.-Começou-a

 

 

fazer carreira à 19 de Maio, de

Paialvo á Certã e vice-versa.

Parte o automovel de Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras ás 16
horas para Paialvo. RE
* Parte de Paialvo todas as quartas
feiras e sabados depois do comboio
correio em direcção a Certã saindo
dali ás 15 horas novamente para
Paialvo. De Paialvo parte para Fi-
gueiró dos Vinhos ás quintas feiras
e domingos depois do comboio
correio. Preços resumidos.

Lemos, Pedro, Santos & CG.*

Castanheiro do Japão
O unico que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem produzido nos
nossos soutos, é castanheiro do
Japão. o
O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
lo americano tem oferecido no
caso dá doença da antiga videi-
ra cujas vantagens são já bem

 

conhecidas. As experiencias teem

sido feitas não so ao norte do
nosso pais mas principalmente
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se Os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-

ros do Japão, dando um rendi-

mento magnifico. 110

O castanheiro japonez acha-
se à venda em casa de Martel
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exgotados pelos excessos uu privações, etc., etc. ou
Mostra a analise baterológica que a Agua. da Foz da, Certã, tal, como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada como micróbicabamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das «spécies patogeneas
ue -podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma. certa acção. microbi-
cida, O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo nela
perdem todos a sua vitalidade, ‘oútros microbiss. apressetam | porem . resis-
tencia maior.
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vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada .com vi-

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