Eco da Beira nº24 24-01-1915
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“Lósbo
ão
Brazil (moeda t brazileita) 1º.” 5upood
Anuhcios, na 3.2:€ se página, «2 cen-
tavos à à linha ou espaço de linhas
ento grave facto, que’foi a
tentativa de pronunciamento de
ontem, é mister que-todos fiquem
comas suas en
nião pública não deixara de as,
fixar, e elas ficarão, valendo pela
sua significação. e. propositos:0!:>
O movimento de” ontem teve
fazer. ae os seus. autores
ou os que com-eles se solidari-
saram.’Más’ não: julguem que
atribuindo “lhe “ess
TESpon-
sabilidades. Todo o movimento
que-se não-faz; pelas vias legáis,
eque a legalidade não ‘compor-
ta, é um movimento sedicioso, é :
muito mais sendo. feito por um
classe, como a “militar, -que é-a
que-deve manter a mais: rigida-
disciplina; e’sobretudo ainda tra–
tando-se’de oficiais, que teem de,
conservar nessa giseiplina os seus
soldados, 1… «1:
Para estes, quando porventa-
ra pratiquem um’ acto de inst-
bordinação, ainda sé pode
a sua ignorancia, Acerca
“Alustrados. e muitos, deles
distintos, tal e não pas
produzir-se. A
Alêm disso, cumpre forilieça
acrescentar que dêste movimen-
to militar não podiam deixar de
derivar gravissimas conseguen-.
cias politicas. Com efeitos que
representava semelhanteida’-à
presidencia ‘da’ Republica senão
uma: tentativa de coacção sôbre,
o suprémo magistrado. do país”
A esta coacção, êle submeter-se
iarou nãosse’submeteria: Submie-
tendo-se, até onde itiam as exi-
gencias dos militares do conluio?
Diz-se que à demissão de todoo
governo; diz-se-que á demissão
apenas:do ministro“da guerra;
dizise-que á’revogação de uma
ordem dada; diz-se que ao esta-
belecimento, ‘de uma ditadura mi-.
litar; diz-se que-á organização
de:um plebiscito: para” se saber
se O país queria a Republica ou.
a monarquia, o que seria, nem
mais, nem menos, do que reali-
zar io; programa do (Couceiro. E
se o presidente senão subme-
tesse, como deviam esperá-lo
esses homens, visto qué, embo-
ra velho e cançado, esse presi-
dente chama-se Manuel de Arria-
ga, e o seu nome éntm simbolo
perfeito de fé republicana, de
Editor e
energia moral e de austeridade
de principios! ? Reproduzir-se-ia
entre nós «completamente «o es-
pectaculo do Paraguay, onde ha
três semanas um movimento mi-
litar rebentôu tambem, dando
em resultado o presidente da Re-
publica ser preso é encarcerado
num quartel de artilharia? Que
fariam em qualquer doscasos
os militares sediciosos? Em ‘qual..
quer dos casos cayariam a ruina,
da Republica e da Patria.
– Por-assim mesmo»0: calcula-
rem, é “que: osmonarquicos’ se
preparavam para aproveitar esse
criminoso movimento. Ha já lon-
gos dias que o aguardavam, e
que estavam bem informados do
momento “em que êle irromperia
pré
dalguns dos seus dirigentes. |.
Mas. porque se tinham êles.
concentrado em Vigo; muito an-
so
tes“de seter-dado’o minúsculo:
incidente da Figueira? E” porque
viam travada uíha campanha ace-
sa contra a. legalidade republica»
na; E”-porque sabiam que havia
republicanos que não hesitavarm,
para satisfação dos sens ranto-
res Ou interesses. políticos, em
anunciar mais ou menos velada-
mente acontecimentos que ‘só se
podiam produzir mercê de um
pronunciamento militar.
O incidente da Figueira sur-
giu. Se não fôsse êsse, seria: ou-
tro.:O: que se: havia. de dar, tal
como essa campanha! o prognos
ticava, eratima situação que obe-‘
dêcéssé à celebre formula do sr..
Brito. Camacho, pouco depois da
organização: do” gabinete João
Franco: «Havemos de levá-los
ou às transigencias que rebaixam
ou às violencias am aa
temo.
Ningáem « esquecem” estas frái
ses “que tanto mal fizeram na:
ocasião à propaganda republica-
‘ na, apresentando como acintosa
| e provocadora“a oposição feita
| pelos republicanos aos actos de
‘ caram à’cara dos republicanos |
| via estranguillar, a le ‘e
êssê governo monarquico. Repe-
tidas vezes os franquistas as lan-
como demonstração supe da
sua má fé.
Renovou-se, na expressão, de
um, processo indigno, essa for-
mula condenada; e o-governo da
Republica viu-se colocado entre
as póntas dum dilema, que o de-
e A propria
Republica,
-o’ à entrada em Portugal
administtador- Am: 3)
i
I
Redacção e en em
‘ SERNACHE DO DO BONIARDIM,
Rem e impresso! na Tipografia terno a
| LEIRIA .
Simplesmente, não: violencia
exigir O Fespeito à lei, e’a Repu-
bica não teria prestígio hem mes, –
mo poderia , contar senão .com
uma: existencia fictícia -se permi-
tisse que a violencia, filha da in=
disciplina e do arbitrio, subju-
gasse à letra e o espirito da lei,
que a todos os cidadãos. confere
direitos, mas que a todos à impõe
deveres.
Fiquem, pois, Aioad “com às
suas responsabilidades. As que,
nos possam advir de pugnarmos
pela lei, pela: Qonstituição, pelos
principios essenciais da:Republi-
ca, não as engeitaremos, nem na
hora” do maior perigo que a po-
litica de. facção possa criar a ês-
te país. Por isso mesmo não ad-
mitimos que, perante-oinsuces= |
so das’suas aventaras, repudiém
as suas fesponsabilidades aque- |
les que, fora da legalidade, pr
tendem: a a dbicatase pd |
poder. So vo db
CARTA DE LISBOA |:
Meus amigos
eo hoje um. lindo dia, ||
límpido, suavemente temperado pe- |
los raios vivificantes dum sol bri-;
lhante.
| À natureza sorti, dando-nos em
janeiro, por antecipação gentil,
dia genuinamente primaveril. Ê
Todavia, as multidões, que se |
acotovelam por essas grandes arté- ||
rias: de movimento, cpareceni/abafá-
das por uma atmosfera pesada e
plumbea. Todos parecem domina-
das por graves preocupações, cogi-
tando e interrogando-se numa ‘ancio-
sa curiosidade mal contida.
Aº população ‘ não está “animada
dêsse entusiasmo ‘patriótico que à
agita quando os soldados portugue-
ses partem para os’ ERC Ro de ba-
talha. –
Parece reservada, inquieta, como
se um mais grave acontecimento a
avassalasse e agitasse.
Formam-se grupos, discute-se, ani-
mam-se, mas no semblante de todos
parece haver assômos “de revolta e
não manifestações de alegria.
“ Denunciam-se visivelmente impre-
cações de ódio; não explodem en-:
tusiasmos “eos” carinhos que êste
povo,’ vivo e impetuoso, “costuma
dispensar ”carinhosamente aos que’
daqui Pe em defesa da Pátria
querida!
“E nunca O momento foi
lene e crítico! . a
Entretanto, O povo cóino que fa-
zendo um parêntesis nas cogitações
graves “do seu: espirito. e «abrindo
clareiras. na. atmosfera peasda, vai-
se, escalonando-se . e alinhando ão
longo das ruas para ver e saudaros-
soldados portugueses que vão .par-
tir em socorro dos -seus irmãos de
armas que.os, alemães estão dizi-
mando e metralhando em terra por-
tuguesa,
tão so”
EM
Sob a minha a passâm neste
L «ÊSSES, rm
? sra “nos Bio br iba
viva, de entusiasmo, : calando nela a
saudade. ; de quanto, lhe é, querido e;
carinhoso, Magipastis era a fesa dar
pátria, (| nom
Estrugem as “aclamações as ban-
das, rompem com as;sua marchas
guerreiras, .vibram…os clarias, 2as
senhoras, – das janelas, jacenam: com,
os, lenços: e, cobrem-os – de; dlôres.
Da yaranda dos Paços M ipais;
o Presidente da República, “em nor
me, da nação; faz-lhes. as suas sau-
dações, cercado dos seus minisitasa
«Alexandre; Braga, num. belo dis
curso, que, nos, avassala; e idominas,
pelo seu sentimento. e pela.
ia;; fazilhes as despes
tria portuguesas
«Os últimos; einen
gueses; um peda
portuguesa, id
Vão-cumprir, o, se
+ Mas nem todos, 9 cumpriram! Que
tros, O esqueceram nessa-hora critica;
da pátria portuguesa. Muitos, o.obli-
teraram nessa madrugada, dolorosa,
de so de “Janeiro, num, gesto crimi-
noso. que: teria sido, de trágicas con-,
sequências, senão se, tivesse, despe-,
daçado em, -esgares, ridículos, num;
lodaçal de vergonhas.;;; )
Refiro-me, meusjgaros amigos, à;
essa, tentativa. de pronunciamento,
militar «de. que. tendes . já, conheci,
mento. Era êsse, ocaso que na ma-
nhã de- hoje preocupava, todos;98;
espiritos; avassalava.todas as cons-
ciências honradas;e, patriotas; «reler!
gando para uma discussão secundá-,
e Os;mais, ne da pelisica 1 nacio-
na 250% À
Não é tácil “dizer-vos. que
êsse movimento que: não. .chegou a
desenhar-se enajtraços firmes e em
côres, definidas; mem, dizer-vos dos,
seus intuitos que não chegaram a,
esboçar-se nos seus propósitos. |
Certamente. vós. desejáveis:| noti-
cias dêsses acontecimentos,
vez essa a minha, disposição ,ao co-
meçar esta carta: mas a-situação não,
é ainda de molde a permitir comentá-
rios nem a tolérar indiscreções,por-
ventura imprudentes e precipitações.
O caso ainda, não; está,, definido,
nem. solucionado…e – muita : calma é.
precisa. neste momento. críticos e)
quem sabe se angustioso. para a nos,
“sa pátria.
“Sejamosy pois;- pôrideradoshendisa.
cretos, mas todos-=os.que lêem o jor-
naleo fazem, com mais responsabili-
dades que’á muitos ‘se “antolha.’
E até’a’sermana, se lá chegarmos. 2
Com as! saudações do
Lisboa,
20-1-Q 15.
“Vosso, dedic ado.
| Abilio. Mare
od motivo dos últimos: qhteciro
mentos politicos não pôde; realizar-;
se hoje a visita do sr. ministro de
instrução ao colégio “das missões,
queterá por isso, de, ficar para ou-
tro dia, certamente próximo. einiiuo. einiiu
@@@ 2 @@@
um
as
É
À
:
Em volta da guerra
Preparativos da Itália
A Italia começa a agitar-se. A
guerra é o assunto de todas as con-
«. versações, Fala-se dos preparativos
da Romania e o público
militares da
stá- persuadido que, desde que ela
est
entre em campanha, a Itália mobi- |
lizará.
Estão preparados os subterraneos-—
do Palácio dos Ofícios em Florença. |
para, na previsão da guerra, nêles |
se ocultarem os mais preciosos.objec-
tos dos museus de Veneza e de Ve-
rona. . e
os. círculos
so protesto. da Austria junto da Itá-
lia por causa da: ocupação de Valo-
na e da soi-disante resposta do sr.
– Sonnino, ministro dos negócios es-
trangeiros., Auiár E do
Um espião audacioso,
* As linhas que seguem pertencem
à ‘uma carta” que um: padre de S.
Francisco Sales, professor em Wal-
mor enviou á família. Traduzimo-
la do «Matin». a
«Téem ouvido falar, com certeza,
dos espiões alemães, da habilidade
é audácia é da sua imensa activida-
de. Hojé nenhum barco sai das cos-
tas inglezas que a marinha alemã
não saiba imediatamente.
“Entre os feridos belgas em trata”
mento ‘ no “hospital naval de Deal
(Reut) notárá eu um sargento belga,
muito inteligente o qual se entreti-
nha, apoz’ O curativo, à desenhar e
com uma certa originalidade. Mos-
trava bom’ coração é era cuidadosís-
simo. Deixando o hospital enviaram-
nos pára Foelkestone’ onde estão:
múitos belgas convalescentes: Foi
enorme “a minha súrpreza ao’encon-
trá-lo de novo, pouco tempo depois;
bigode rapado, numa casa particular
de Deal transformada em enfermaria,
Disse-me então que derã uma queda
no Skating-ring de Foelkestone e que’
começárá a ter hemoptyses frequen-
tes. Parecia-me muito triste e não
sem’razão: seu velho pai, sua mulher
e seus filhos haviam sido fuzilados’
pelos alémães; recebera a notícia por
uma: carta de um amigo de Liége.
Era extraordinária a sua excitação
não falando senão em massacrar to-
dos os alemães que houvesse às’
mãos quando reentrasse na Bélgica.
Compadeceu-me a sua desventura
e tanto quanto poude reportei-o à
aciência-e a ter confiança em Deus.
Despedihie dêle deixando-lhe alguns
cigarros. Re e
Não passára uma semana quando |
um enfermeiro da mesma enferma-
Tiinte disSe- + dos
“«Sabe “padre? Aquele pobre feri-
do belga, desenhador, por cujos:
males -V. Rev.º tanto se compa-
dediaminasdo dim sap e
> «Era tudo mentira!
> Ha três dias vieram prendêl-o’
Calais; O: pd 6 obh
— Naquele estado?
uns” soldádos belgas ‘e levaram-no a
-— «Sim, senhor.” Confrontaram-.
no com um soldado belga cujo no-
me’ ele’ tomára; nome e história.
Convencido de espião alemão e dos
mais perigosos foi logo fuzilado».
Aonde está a esquadra
alemã Ro:
“No porto-de Kiel apenas.se a
contram neste momento navios ve-
lhos e fóra de serviço, como o Bar-
barossa, o Wurtemberg, o Koenin-
gin-Luise, o Kronprinz, o Kaiser-
Wilhelm, alêm. de alguns navios-
escolas e de seis submersíveis.
Sabe-se que toda a esquadra de
linha se encontra em Wilhelmsha-
fen, je Cuxhaven, mas ignora;se-o
paradeiro da esquadra de dreadnou-
ghts de primeira linha, recentemen-
te’construídos.
ses
E’ do nosso presado colega « Ca-
pital» o nosso artigo editorial,
Ê É s oficiais não. se rece-..
beu “confirmação alguma do preten-.
/
– ECO DA BEIRA.
O cataclismo na Itália
Conhecem os leitores essa pavo-
rosa catástrofe que veio enlutara Itá-
lia.
Os jornais diários teem sido pró-
digos em pormenores. =
Dum dêles—o Diário de Nott-
cias—transcrevemos, com vénia, a |
seguinte carta do seu correspon-.
“dente de Roma, que nos dá angus- |
tiosas notícias dessa grande desgra-
Egor
ivente-: a
“ROMA, 17.— Acabo de regressar
de Avezzano e mal posso ordenar
as minhas ideias é dominar a mi” |
nha comoção para redigir êste tele-
grama. O que-vi é dêstes espectá-
culos que para sempre ficam grava-
dos, por mais longa, mesmo por
eterna que fosse a minha vida.
‘ Só agora os pobres sobreviven-.
tes do terremoto da região dos Ab-
bruzos parecem conseguir recordar
o horróroso momento em que se
deu a catástrofe, tão forte foi a co-
moção; cerebral sofrida ae
Um cantoneiro de Avezzano con-
tou que o tremor de terra fatal du-
rou apenas alguns segundos, pare-
cendo à explosão duma enorme mi-
na.
— Eu fazia uma inspecção ao lon-.
go da linha–disse-me, êle-—=quando
repentinamente senti que era levan-
tado no espaço e depois lançado com
violência contra a terra, ao passo
que um ruído medonho me ensur-
decia. Esteúdido no: sólo, agarrei-
me instintivamente aos «rails» e vi
abater-se a estação do caminho de
ferro de Avezzano, que ficava a cur-
ta distância. Entretanto, debaixo do
meu corpo; a terra continuava a tre-
mer e a dançar; as pedras da linha
ferrea saltavam como se estivessem
animadas devida e os fios telegrá-
ficos esticavam-se até rebentarem
alguns-para depois se encolherem.
Passado um interminável instante,
em que reinava o mais absoluto e:
trágico silêncio, durante o qual jul-
guei que chegara o fim do mundo,
gritos -tremendos. de horror; se le-
vantavam’ de toda a parte. Corri
para a estação é então compreendi
a payorosa gravidade da catástrofe.
«Conjuntamente outros sobrevi-
ventes —acrescentou o pobre canto-
neiro—olhei para Avezzano que aca-
bava de desaparecer por entre uma
esbranquiçada nuvem de poeira.
Pouco depois vim a saber que a ci-
dade estava arrazada. o
Os outros sobreviventes fazem
narrações idênticas.
De 40 mil pessoas estão
exumadas 5 mil
A totalidade dos habitantes das
diferentes localidades. que – ficam
compreendidas na zona em que se
deu o-tremor de terra, era de 40
mil. Até hoje, foram exumados quási
mil e setecentos feridos, mil ilesos
e mil e oitocentos mortos. Os res-
“tantes estão ainda enterrados, ape-
zar dos prodigiosos e heroicos esfor-
ços que as tropas teem empregado
e das medidas enérgicas que as au-
toridades adoptaram. ge
O número dos exumados. vivos
diminug constantemente e aumenta
o insuportável fedor dos cadáveres.
Frequentes vezes, o rosto das víti-
mas aparece coberto por uma más-
cara de gesso dos escombros pulve-
rizados, na qual uma mancha de san-
gue põe uma nota, dolorosemente
trágica. . E Es
Sob os escombros, al-
guns pais estrangula-
ram seus filhos.
Numerosos habitantes morreram
sufocados, pois tinham as bocas atu-
lhadas de gesso pulverizado.
Muitas pessoas novas foram en-
contradas com os cabelos completa-
mente encanecidos pelo terror e ou-
tras que haviam sido exumadas, apa-
rentemente ilezas, morreram de re-
pente, não podendo resistir á emo-
ção de voltarem a vêr a luz,
“gana
Eis a carta-—narração dum sopre-
Mal se pode descrever o pavoro-
so” quadro que oferece o desespêro
de alguns pais e de algumas mães
que, logo que foram exumadas, ten-
taram suicidar-se como loucas, con-
fessando terem estrangulado os seus
filhos, por não poderem suportar a
dilacerante angustia de assistirem à
sua agonia lenta!
Ninguêm resiste à comoção so-
brehumana dos trágicos diálogos
entre os soterradós e os seus paren-…
tes exumados, que-os encorajam a.
esperar, embora saibam que é im-
“possível salvá-los. Com efeito, bas-
tas vezes a morte do infeliz corta
piedosamente o diálogo.
Algumas pessoas abastadas agar-
ram-se aos soldados, suplicando:
lhes que façam buscas nas ruinas
das suas casas, prometendo-lhes to-
das as suas riquezas, tudo quanto
possuem, para que sejam salvos en-
tes queridos, que debaixo delas mor-
rem pouco à pouco.
Sôbre os escombros de
um colégio os pais pas-
sam dias e noites.
” Trágica scena eatrozes sofrimen-
tos são estes, que ninhguêm seria ca-
paz de sonhar e que pêna alguma
pode descrever! A” visão de tantos
horrores, de tanta dôr, de: tanta an-
gustia, no cérebro as: ideias bara-
lham-se, confundem-se, esquecendo-
nos de nós próprios e do local. E”
necessário uma fôrça de vontade:
enorme para que não se abata de
desânimo. neo
Sôbre os escombros de um colé-
gio, onde se encontravam cento e
cincoenta meninas, a multidão dos
pais, anciosos, chorando, estende-
se; de ouvido atento, esperando fe-
brilmente ouvir alguma noz. Quan-
do uma ténue invocação sai das rui-
nas, os pais olham-se de soslaio,.
todos pretendendo ter reconhecido
a voz de sua filha.
Quem seria tão cruel para inveo-
tar uma angustia maior! | Aquela
gente tem passado ali dias e noites,
aguardando uma esperança, aguar-
dando o instante da felicidade de
verem voltar as filhas vivas ou da
desilusão derradeira de as abraça-
rem mortas, e, entretanto, a atroz
dúvida vai-a dilacerando, vai-lhe ras-,
gando a alma. Não comem nem dor-
mem, e, se se procura afastá-las
daquele local, olham para quem lhes”
fala com um olhar parado é estúpi-
do. :
Sôbre os escombros não se atre-
– vem a trocar uma palavra, para não
perderem um gemido das enterra-
das. Não há quem tenha a coragem
de violentar aqueles pais afastando-
os de junto dos túmulos onde suas
filhas se conservam vivas.
Como os serviços dos caminhos
de ferro estão relativamente reorga-
nizados os fugitivos, cheios de pa-
vor, invadem as estações mais pró-
ximas, assaltando os comboios «e
pretendendo tomar lugar mesmo
naqueles que vão carregados de fe-
ridos para os hospitais de Roma,
Os gendarmes veem-se obrigados
à restabelecer enérgicamente a or-
em. Ei
Partiu para Lisboa o nosso ami-
go, sr. Francisco Nunes Teixeira
Júnior, comerciante em Sernache.
Está melhor dos seus padecimen-
tos o nosso amigo, sr. José Ribeiro,
professor aposentado, do Castelo.
Cândito da Silva Teixeira
SERNMACHE DO BONJARDIM
Interessante monografia de pro-
fundas investigações históricas, ilus-
trada com excelentes gravuras.
Obra dividida em 11 capítulos,
com um prólogo e notas curiosas.
A- volume de 378 páginas
Preço — 850
LITERATURA
DEVANEIO…
(Conto original)
(A’ ex.ma baronesa de : )
— ae —
O-amor é a vida: o amor é a
“morte.
Linda manhã primaveril!
Os primeiros raios do sol cari-
nhoso incidem tépidamente: sôbre
os verdejantes relvados da vasta
campina que se estende até lá ao
fundo, a perder, de vista no -hori-
sonte! ME
As borboletas adejam doidamen-
te, volitando no espaço, em reque-
bros caprichosos, ébrias dos perfu-
“mes campesinos que: aspiram na
“atmosfera e dos mélitos que sorve-
ram nos cálices orvalhados das flô-
“res, que se expandem em reflexos
de cristal. Ei SvA A
So de
Virgínia conserva-se ainda. no seu
leito rendilhado,. a loura cabecita
reclinada negligentemente no. fôfo
travesseiro—confidente de tantos so-
nhos de amor!… E
Bela como uma estrêla do céu,
estonteava vê-la… 2 uti
Naquela, manhã. suavemente en-
cantadora, ela, sempre .despreocu-
pada, sente-se absorvida. e domina-
da por uma ância que lhe vem do
fundo da alma, num mal estar que.
abala todo o seu-seri- : z
Ergue-se, lânguida e triste, eyfei-
ta com. enfado a sua toilete, desce
ao jardim, pleno de aromas subtis,
para aspirar o seu dôce e inebrian-
te perfume: + au BRIGA
Recosta-se num rústico banco; ‘ à
sombra. duma velha e frondosa ;ár-.
vore e ali se fica a sismar… Sis-
mar ad e
Sôbre a sua cabeça, naquela ár-
vorê magestosa, saltitando em volta”
do seu ninho, dois ternos rouxinois-
entôam o mais vivo canto que êles
jamais gorgearam, num carinhoso,
mo dam
Que brilho e ternura naquelas
notas brilhantemente melodiosas!
Como são felizes! AS
E Virgínia queda-se novamente:
pensativa, absorta.
SOnHa. 1 o
“Sonha com alguêm que fugiu à
mais estranha, mas deliciosa: ter-‘
nura. i ind intel
. . . . . . .: . o Ser der
*
No ano seguinte o meigo e feliz
par voltou a ocupar a magestosa
árvore. .
Lá está no mesmo ramo 6 seu”
ninho de amor. hinos 91651
De ramo em ramo, como pas-,
seiando pelas salas daquele seu pa-.
lácio solaréngo, êles entôam, com o
mesmo carinho é a mesma harmo-
nia, o seu hino de amor.“ so
A atmosfera rescende-ao mesmo.
perfume: o sol ilumina a campina:
e sôbre ela doudejam ainda, em ca-
prichosos zig-zagues, as tontas ma-.
riposas.
Sómente está deserto aquele tôs-
co banco, onde a loura; criança, ra-
diante de formosura, vinha; sonhar
as ilusões perdidas… Ro
O elegante chalet em que ela es-
palhara a sua alegria acha-se agora
envolto em crepes. 16
Na sala nobre; ergue-se um cata-
falco e nêle repousa um, corpo deli-
cado e hirto, cuja alma os anjos.
seus irmãos roubaram à terra.
“Aquele organismo nervoso e fran-
zino, debilitado em sonhos infindos,
batido de contrariedades, tombou a
uma comoção mais intensa.
Tambêm se morre de amor.
Foi amando que à pobre criança
voou ao céu…
“Sernache, 3-1-g15. Ga M
“Comendador.or.
@@@ 3 @@@
Miscelânia literária, histórica, scien-
tifica e jocosa
O quarto de hora de Rabelais—é
o quarto dé hora em que se paga,
um formidável quarto de hora que
se segue a todas as alegrias, a to-
dos os prazeres do mundo, mesmo
aos que não teem preço nem cota-
ção no mercado, porque tudo se pa-
ga no mundo, tudo sem. excepção
alguma. O que não custa oiro, cus-
ta lágrimas, o que não custa dôres,
custa remorsos, tudo se paga mes-
mo as alegrias inocentes e santas,
porque uma lei ignota de compen-
sações faz com que não haja no
mundo júbilos sem travo, nem mel
sem amargor.
; P. Chagas.
*
Faça Deus maior o mundo,
* Terra, céu e mar maior,
Não’faz nada tão profundo,
Tão vasto como êste amor.
João de Deus.
*
Perguntou-se a um árabe muito
inteligente e sabedor como é que
êlé-tinha aprendido tantas cousas, e
respondeu : imitando a arcia-do -de–.
serto-que recolhe todas as gotas de
chuva e não deixa perder uma só,
ER AM FE
As faces alvas e belas
Faziam lírios côrar ;
E invejavam-lhe as estrélas
Os raios de puro olhar. –
Tontás Ribeiro.
E E
Parar é retroceder, não. progre-
dir é morrer.
: : é
Obrar sem ter reflectido, é come-
çar uma viagem sem ; preparativos
alguns. . :
| Rodrigues de Bastos.
: + o
Origem das flóres
A. rosa é de França; a dália do
México; a hortênsia da China; o
lírio da Palestina; a magnólia e o
jasmim branco da América; a tuli-
E da Purquia ; e o jacinto da Ho-
anda, : :
HOR *
“Os.sete sábios da Grécia
Solon, em Athenas; Piltaco, em
Mitilene; Cleobulo, em Lindo (ilha
de Rhodes); Periandro, em Corin-
tho; Chilon de Macedónia; Epime-
nides de Creta, e Anacharsis da
Scithia.
*
As sete maravilhas do Mundo
As pirâmides do Egipto, o Co-
losso de Rhodes, o túmulo de Mau-
solo, o farol de Alexandria, o tem-
plo de Diana em Epheso, a estátua
de Júpiter Olímpico do escultor
Phidias, e os jardins suspensos de
Babilónia. :
E *
Quando o nosso bispo santo
Vai à igreja oficiar,
Não arrasta as almas tanto
Como a luz do teu olhar.
Gomes Leal,
*
nSniso $
Nunca o mundo hã de ser céu,
mas com à instrução há de se tor-
nar cada vez ménos inferno.
cá. F. de Castilho,
us
Para desenvolver o espirito dos
alunos é necessário instruir e edu-
car: dirigir a inteligência para a
verdade, a vontade para o bem, a
sensibilidade para o belo; é neçes-
Cu riosidades úteis
sário favorecer as tendências boas
€ coartar as más.
O carácter é a constância de uma
consciência. x
Kant.
*
Para dirigir as nossas acções há
uma bússola que não falha–a cons-
ciência. ,
“| Vi Hugo.
*
Não há arma que mais fira a
mulher do que a indiferença.
Peres Escrich.
Amam leões é tigres: não há nada
Anjo ! que a amor se esconda, :
Beija a pomba o seu par, e abraça a onda
A rocha inanimada, É
Não há existência alguma
Que não tenha amor! nenhuma ;
Porque amor é, em suma,
Essência de todo o ser.
Há sempre quem nos atraia,
Mil vezes que a onda caia,
Há uma rocha, uma praia,
Aonde a onda vai ter.
João de “Deus
a :
“O termo da ambição é como o
* horisonte: recha à medida que se
avança.
*
O talento forma-se nasolidão, o
carácter na sociedade. :
Goethe:
H !
O que faz honra a um homem
não são as suas opiniões, são os
seus. sentimentos, So
‘ Schiller.
*
A conversação na sociedade é
sempre tão baixa que não há nela
lugar para o santo nem para o sábio.
Emerson.
*
A morte abre a porta da fama e
fecha a da inveja. À
Sterne.
%
-O que tu pensas pertence a todos,
só é teu o que tu sentes.
Schiller.
*
Um arrátel de saber para ser
útil, necessita de dez toneladas de
bom senso.
Provérbio persa.
*
Esquece as horas de infelicidade,
mas não esqueças o que elas te en-
sinaram. Fo
Gessner.
+ :
A fortuna não muda os homens,
apenas os desmascara, :
Ricobini.
%
O: génio e a virtude, comô os
diamantes, brilham mais quando en- ‘
gastados com simplicidade.
Emerson.
*
Carinhosa és sedutora.
Como um sceptro de rainha,
Dá-me um sorriso—sou teu,
E tu tambêm serás minha.
Sernache.
O compilador,
RP, Cândido Teixeira,
– AGRICULTURA
A ent lteud 1
A groselheira ou uva espim, (Ri-
bes rúbrum, L.) desmente pelas su-
as exigências culturais o preconceito
popular de que se não dá bem no
nosso clima; ea razão é decerto
o facto da planta, como, de res-
to, varias outras, exigir exposição
norte.
Nestas condições a groselheira
frutifica perfeitamente e origina até
ao nosso país frutos mais bem ‘ sa-
zonados e menos acidos que nas re-
giões mais centrais da Europa.
Em exposição soalheira,*é que os
frutos se queimam em vez de ama-
durecerem,
A groselheira multiplica-se geral-
mente de estaca, na ocasião de tos-
quiar o arbusto; aproveitam-se os
melhores ramos do ano, que se en-
terram sem demora em solo fresco
e’solto, deixando entre cada linha
intervalos de 20 centimetros e guar-
dando a distância de 10 centimetros
de estaca a estaca,
Depois são arrancados com geito,
para não prejudicar as raízes e plan-
tam-se a um metro de distância em
todos os sentidos, em quadrados ou
linhas separadas, segundo mais con-
vier á disposição do plantio.
A terra que esta planta mais apre-
cia é o solo leve,: am ‘e, como,
dissemos, exposto/ao norte.
E’ necessário mudá-la de lugar |
de to em 10 anos, caso as estruma-
ções não tenham sido tais que ga-
rantam a uniforme e regular -vege-
tação.
A uva espim, para produzir. pre-
cisa ser podada regularmente. Al-
guns curiosos cultivam-na, entre nós
em latada; mas a forma mais. aproó-
priada ao nosso clima é a de jarro
ou taça que se obtem pela seguinte
forma: aa
“No primeiro ano, depois da plan-
tação, cortam-se todas as hastes a
ro centimetros acima do nível dá
terra. ‘ : :
No segundo anó todos os reben-
tos são podados novamente, dando-
lhes o comprimento de 20 a 25 cen-
timetros, para obrigar a dar sôbre
cada um, duas bifurcações, por for-
ma a guarnecer logo a base do vaso.
“Todos os lançamentos: desenvolvi-
dos no primeiro ano teem êste des-
tino. mm +
Na poda seguinte, todos os reben-
tos são cortados, segundo o vigor
do pé, por metade ou a terça parte
do seu comprimento. Regulam a po-”
da, geralmente, as bifurcações mais
fracas, sendo podadas segundo o
maior ou menor vigor do ramo; as-
sim se obrigam todas as partes da
planta a equilibrar-se na sua vegeta-
ção,
Na quarta poda, achando-se’o’va-
so já formado e quasi completamen-
te vestido, irata-se de forçar a plan-
ta a frutificar.
A groselheira pertence ao grupo
dos vegetais que só dão: fruto no
ramo do ano antecedente; segue-se,
portanto, durante 1 ou 2 anos o sis-
tema de poda de vara comprida, is-
to é, suprimindo-se, quando muito,
a terça parte do seu comprimento,
ara fazer transformar em produção
rutífera todos os olhos restantes da
parte poupada.
As ultimas podas, depois de posta
a planta a dar fruto, consistem em
podar constantemente, segundo o
seu maior ou menor vigor, as va-
ras de ano, deixando-lhes metade
ou a terça parte do comprimento, e
em não consentir que qualquer ve-
getação, pontas, ramos ou ramús-
culos, medrem no interior da ar-
mação.
Quando a cepa mãe está cançada,
rebaixa-se como na vinha, podando
em talão uma vara nascida na pro-
ximidade da base daquela.
Como fruto da groselheira, as
groselhas, prepara-se um xarope re-
irigerante muito apreciado.
Antonio Allegri, 0 Corrégio
(Do Dicionario de moraí de Capelle)
O Corrégio, celebre’ pintor-talia-
no, vendeu por modico preco as
Suas magníficas telas, que enrique-
ceram as galerias dos amadores de
quadros. À sua maior.alegria con-
sistia em auxiliar os infelizes, viven-
do “ele proprio .em circunstancias
menos que modestas. ,
O fim deste homem de genio.tr
pira respeito e merece .a simpatia,
mais sincera, Um dia, tendo ido a
Parma receber o preço de um. d
seus quadros, em vez de lhê pag
rem em ouro ou prata, deram-lhe
em um enorme-saco “duzentos fran-
cos. em-moedas de cobre: Não” ou-
sou recusar; pensandona:miseria’
da familia que o rodeava e em’ sua
mãe, que havia muitas semanas
adoecera’ gravemente.
—Oh, minha boa mãe, “disse ele;
a’tudo me sujeito por tid.sm +
A fimide: poupar-o’que:lhe-leva-:
riam por-transportar-o saco, .resol-
veu “conduzil-o ele “proprio Mas a
pressa com que retomou o caminho;
“0 calor-erocpeso excessivo de que
Jo americano tem
ia carregado; fatigaram-no «e
mente. :
Chegado a casa, Pp
nas’ tou sua mãe, recolheu-se
ão leito, morrendo poucos dias de-
pois duma congestão pulmonar.
“O unico que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem -produzido-nos-
nossos sOutos, oi do”
Japão. . à
“ O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
caso da doença d
5 18
ra cujas vantagens; são já bem
conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não, só ao norte do
“nosso pais mas principalmente
é
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxeraj e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados dé castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-
mento magnífico. o
O custanheiro japonez acha-,
se à venda em casa de. Manuel ;
Rodrigues, -Pedrogam : Grande.
SOR DE INGLÊS
Lecciona. Traduções | de; inglês,
francês e espanhol. : rá
“GUARDA-LIVROS
Escrituração comercial e agrícola.
Correspondencia. :
Trata-se com ‘F. Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim, .
E E
Com boa vivenda e nos arrab; o
de Pedrogam Pequeno — vende-se.
Trata-se com o notário desta co-
marca, Carlos David.
Vendem-se todas as propriedade
rústicas, que perténceram a Possi
dónio Nunes da Silva, em Sérnathe
“do Bóômjardim.
Quem pretender, dirija-se ao seu”
actua] proprietário, José Rodrigues
de Figueiredo, Pombal, += +=
@@@ 4 @@@
Miscelânia literária, histórica, scien-
tifica e jocosa
O quarto de hora de Rabelais—é
o quarto dé hora em que se paga,
um formidável quarto de hora que
se segue a todas as alegrias, a to-
dos os prazeres do mundo, mesmo
aos que não teem preço nem cota-
ção no mercado, porque tudo se pa-
ga no mundo, tudo sem. excepção
alguma. O que não custa oiro, cus-
ta lágrimas, o que não custa dôres,
custa remorsos, tudo se paga mes-
mo as alegrias inocentes e santas,
porque uma lei ignota de compen-
sações faz com que não haja no
mundo júbilos sem travo, nem mel
sem amargor.
; P. Chagas.
*
Faça Deus maior o mundo,
* Terra, céu e mar maior,
Não’faz nada tão profundo,
Tão vasto como êste amor.
João de Deus.
*
Perguntou-se a um árabe muito
inteligente e sabedor como é que
êlé-tinha aprendido tantas cousas, e
respondeu : imitando a arcia-do -de–.
serto-que recolhe todas as gotas de
chuva e não deixa perder uma só,
ER AM FE
As faces alvas e belas
Faziam lírios côrar ;
E invejavam-lhe as estrélas
Os raios de puro olhar. –
Tontás Ribeiro.
E E
Parar é retroceder, não. progre-
dir é morrer.
: : é
Obrar sem ter reflectido, é come-
çar uma viagem sem ; preparativos
alguns. . :
| Rodrigues de Bastos.
: + o
Origem das flóres
A. rosa é de França; a dália do
México; a hortênsia da China; o
lírio da Palestina; a magnólia e o
jasmim branco da América; a tuli-
E da Purquia ; e o jacinto da Ho-
anda, : :
HOR *
“Os.sete sábios da Grécia
Solon, em Athenas; Piltaco, em
Mitilene; Cleobulo, em Lindo (ilha
de Rhodes); Periandro, em Corin-
tho; Chilon de Macedónia; Epime-
nides de Creta, e Anacharsis da
Scithia.
*
As sete maravilhas do Mundo
As pirâmides do Egipto, o Co-
losso de Rhodes, o túmulo de Mau-
solo, o farol de Alexandria, o tem-
plo de Diana em Epheso, a estátua
de Júpiter Olímpico do escultor
Phidias, e os jardins suspensos de
Babilónia. :
E *
Quando o nosso bispo santo
Vai à igreja oficiar,
Não arrasta as almas tanto
Como a luz do teu olhar.
Gomes Leal,
*
nSniso $
Nunca o mundo hã de ser céu,
mas com à instrução há de se tor-
nar cada vez ménos inferno.
cá. F. de Castilho,
us
Para desenvolver o espirito dos
alunos é necessário instruir e edu-
car: dirigir a inteligência para a
verdade, a vontade para o bem, a
sensibilidade para o belo; é neçes-
Cu riosidades úteis
sário favorecer as tendências boas
€ coartar as más.
O carácter é a constância de uma
consciência. x
Kant.
*
Para dirigir as nossas acções há
uma bússola que não falha–a cons-
ciência. ,
“| Vi Hugo.
*
Não há arma que mais fira a
mulher do que a indiferença.
Peres Escrich.
Amam leões é tigres: não há nada
Anjo ! que a amor se esconda, :
Beija a pomba o seu par, e abraça a onda
A rocha inanimada, É
Não há existência alguma
Que não tenha amor! nenhuma ;
Porque amor é, em suma,
Essência de todo o ser.
Há sempre quem nos atraia,
Mil vezes que a onda caia,
Há uma rocha, uma praia,
Aonde a onda vai ter.
João de “Deus
a :
“O termo da ambição é como o
* horisonte: recha à medida que se
avança.
*
O talento forma-se nasolidão, o
carácter na sociedade. :
Goethe:
H !
O que faz honra a um homem
não são as suas opiniões, são os
seus. sentimentos, So
‘ Schiller.
*
A conversação na sociedade é
sempre tão baixa que não há nela
lugar para o santo nem para o sábio.
Emerson.
*
A morte abre a porta da fama e
fecha a da inveja. À
Sterne.
%
-O que tu pensas pertence a todos,
só é teu o que tu sentes.
Schiller.
*
Um arrátel de saber para ser
útil, necessita de dez toneladas de
bom senso.
Provérbio persa.
*
Esquece as horas de infelicidade,
mas não esqueças o que elas te en-
sinaram. Fo
Gessner.
+ :
A fortuna não muda os homens,
apenas os desmascara, :
Ricobini.
%
O: génio e a virtude, comô os
diamantes, brilham mais quando en- ‘
gastados com simplicidade.
Emerson.
*
Carinhosa és sedutora.
Como um sceptro de rainha,
Dá-me um sorriso—sou teu,
E tu tambêm serás minha.
Sernache.
O compilador,
RP, Cândido Teixeira,
– AGRICULTURA
A ent lteud 1
A groselheira ou uva espim, (Ri-
bes rúbrum, L.) desmente pelas su-
as exigências culturais o preconceito
popular de que se não dá bem no
nosso clima; ea razão é decerto
o facto da planta, como, de res-
to, varias outras, exigir exposição
norte.
Nestas condições a groselheira
frutifica perfeitamente e origina até
ao nosso país frutos mais bem ‘ sa-
zonados e menos acidos que nas re-
giões mais centrais da Europa.
Em exposição soalheira,*é que os
frutos se queimam em vez de ama-
durecerem,
A groselheira multiplica-se geral-
mente de estaca, na ocasião de tos-
quiar o arbusto; aproveitam-se os
melhores ramos do ano, que se en-
terram sem demora em solo fresco
e’solto, deixando entre cada linha
intervalos de 20 centimetros e guar-
dando a distância de 10 centimetros
de estaca a estaca,
Depois são arrancados com geito,
para não prejudicar as raízes e plan-
tam-se a um metro de distância em
todos os sentidos, em quadrados ou
linhas separadas, segundo mais con-
vier á disposição do plantio.
A terra que esta planta mais apre-
cia é o solo leve,: am ‘e, como,
dissemos, exposto/ao norte.
E’ necessário mudá-la de lugar |
de to em 10 anos, caso as estruma-
ções não tenham sido tais que ga-
rantam a uniforme e regular -vege-
tação.
A uva espim, para produzir. pre-
cisa ser podada regularmente. Al-
guns curiosos cultivam-na, entre nós
em latada; mas a forma mais. aproó-
priada ao nosso clima é a de jarro
ou taça que se obtem pela seguinte
forma: aa
“No primeiro ano, depois da plan-
tação, cortam-se todas as hastes a
ro centimetros acima do nível dá
terra. ‘ : :
No segundo anó todos os reben-
tos são podados novamente, dando-
lhes o comprimento de 20 a 25 cen-
timetros, para obrigar a dar sôbre
cada um, duas bifurcações, por for-
ma a guarnecer logo a base do vaso.
“Todos os lançamentos: desenvolvi-
dos no primeiro ano teem êste des-
tino. mm +
Na poda seguinte, todos os reben-
tos são cortados, segundo o vigor
do pé, por metade ou a terça parte
do seu comprimento. Regulam a po-”
da, geralmente, as bifurcações mais
fracas, sendo podadas segundo o
maior ou menor vigor do ramo; as-
sim se obrigam todas as partes da
planta a equilibrar-se na sua vegeta-
ção,
Na quarta poda, achando-se’o’va-
so já formado e quasi completamen-
te vestido, irata-se de forçar a plan-
ta a frutificar.
A groselheira pertence ao grupo
dos vegetais que só dão: fruto no
ramo do ano antecedente; segue-se,
portanto, durante 1 ou 2 anos o sis-
tema de poda de vara comprida, is-
to é, suprimindo-se, quando muito,
a terça parte do seu comprimento,
ara fazer transformar em produção
rutífera todos os olhos restantes da
parte poupada.
As ultimas podas, depois de posta
a planta a dar fruto, consistem em
podar constantemente, segundo o
seu maior ou menor vigor, as va-
ras de ano, deixando-lhes metade
ou a terça parte do comprimento, e
em não consentir que qualquer ve-
getação, pontas, ramos ou ramús-
culos, medrem no interior da ar-
mação.
Quando a cepa mãe está cançada,
rebaixa-se como na vinha, podando
em talão uma vara nascida na pro-
ximidade da base daquela.
Como fruto da groselheira, as
groselhas, prepara-se um xarope re-
irigerante muito apreciado.
Antonio Allegri, 0 Corrégio
(Do Dicionario de moraí de Capelle)
O Corrégio, celebre’ pintor-talia-
no, vendeu por modico preco as
Suas magníficas telas, que enrique-
ceram as galerias dos amadores de
quadros. À sua maior.alegria con-
sistia em auxiliar os infelizes, viven-
do “ele proprio .em circunstancias
menos que modestas. ,
O fim deste homem de genio.tr
pira respeito e merece .a simpatia,
mais sincera, Um dia, tendo ido a
Parma receber o preço de um. d
seus quadros, em vez de lhê pag
rem em ouro ou prata, deram-lhe
em um enorme-saco “duzentos fran-
cos. em-moedas de cobre: Não” ou-
sou recusar; pensandona:miseria’
da familia que o rodeava e em’ sua
mãe, que havia muitas semanas
adoecera’ gravemente.
—Oh, minha boa mãe, “disse ele;
a’tudo me sujeito por tid.sm +
A fimide: poupar-o’que:lhe-leva-:
riam por-transportar-o saco, .resol-
veu “conduzil-o ele “proprio Mas a
pressa com que retomou o caminho;
“0 calor-erocpeso excessivo de que
Jo americano tem
ia carregado; fatigaram-no «e
mente. :
Chegado a casa, Pp
nas’ tou sua mãe, recolheu-se
ão leito, morrendo poucos dias de-
pois duma congestão pulmonar.
“O unico que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem -produzido-nos-
nossos sOutos, oi do”
Japão. . à
“ O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
caso da doença d
5 18
ra cujas vantagens; são já bem
conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não, só ao norte do
“nosso pais mas principalmente
é
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxeraj e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados dé castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-
mento magnífico. o
O custanheiro japonez acha-,
se à venda em casa de. Manuel ;
Rodrigues, -Pedrogam : Grande.
SOR DE INGLÊS
Lecciona. Traduções | de; inglês,
francês e espanhol. : rá
“GUARDA-LIVROS
Escrituração comercial e agrícola.
Correspondencia. :
Trata-se com ‘F. Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim, .
E E
Com boa vivenda e nos arrab; o
de Pedrogam Pequeno — vende-se.
Trata-se com o notário desta co-
marca, Carlos David.
Vendem-se todas as propriedade
rústicas, que perténceram a Possi
dónio Nunes da Silva, em Sérnathe
“do Bóômjardim.
Quem pretender, dirija-se ao seu”
actua] proprietário, José Rodrigues
de Figueiredo, Pombal, += +=