A Comarca da Sertã nº653 05-08-1949

A Comarca da Sertã

Representante em Lisboa:

João Antunes Gaspar L. de 5, Domingos 18 r/t – Tel. 25505

Director Editor e Proprietário:

Eduardo Barata da Silva Corrêa

Publica-se nos dias 5, IO. 15, 20, 25 e 30

Sertã, 5 de Agosto da 1940

Hebdomadário regionalista, independente, defensor dos interesses  da Comarca da Sertã Concelhos de Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei:  Freguesias de Amêndoa é Cardigos [do concelho de Mação] (Visado pela Comissão de Censura)

Ano XIV     Redacção é administração: Rua Serpa Pinto — Composição e Impressão: — GRÁFICA CELINDA, Lda. — SERTÃ Nº653

 

Do notabilíssimo discurso preferido pelo sr. Presidente do Conselho, na Assembleia Nacional, do definir a posição de Portugal sobra o Pacto do Atlântico
Portugal não pode ser acusado de preconceitos raciais. Um dos traços, unanimemente reconhecidos, da sua obra colonizadora é mesmo a ausência do espírito de superioridade que praticamente se traduz no despreza dos homens ou na imposição violenta de instituições e costumes. No contacto com povos, em estados muito diferentes de progresso económico e social, nada nos castoa reconhecer e respeitar, quando era caso disso, o carácter específico de outras civilizações e culturas. Um sopro de fraternidade cristã balejoa habitualmente uma tarefa que através dos séculos e ainda hoje se baseia mais no trato humano, na comunidade de sentimentos e na confiança mútua do que na força coerciva do poder.

Não é porém preconceito racial a verificação de um facto histórico — qual a marcada superioridade de europeu, na tarefa civilizadora entre todos os povos da terra, Desta Europa gerada na dor das invasões, sacrificada em guerras intestinas, contida no trabalho insano, revolvida a cada posso por avalanches de ideias e evoluções que se assemelham à furiosos temporais, descobridora, via» jeira, missionária, mãe de nações, desta Europa simultaneamente trágica e glorioso, ainda hoje se pode asseverar que mantém o primado da Ciência e das Artes, utiliza no mais alto grão os  segredos da técnica, conserva O instinto de afinar os Intuições  de sublimar  a cultura e é detentora de incomparável experiências da política. Não esquecemos O que se deve a outros em criação artística, esplendor literário, subtilego de filosofias. aqui e além criadas e desenvolvidos; mas só da Europa se pode niirmor que criou, sob inspiração cristã, valores universais, gentrosdmente, gratuitamente postos au dispor do mando, na sua ânsia de trasplantar civilização. Cada um de nós deveria sentir o orgulho de se afirmar europeu.

Seria no entanto desrazoável fechar os olhos á crise da Europa no presente momento; devastada, em pobrecida, dividida, moralmente desfeita, corroída pelo desânimo, a braços com ama perigosa desorientação mental e o claro declinar das virtudes em que se formou, muitos pergentam se não são estes sintomas de decadência  e se esta não será definitiva: «Finis Europa».

E certo que o mundo mais e mais se emancipa da sua tutela política e que, no delírio das libertações pouco amadurecidas, pega por vezes fogo ao melhor que receba de herança. E certo que regiões mais férteis e bem doladas pela natureza se abrem

 

DUAS ÉPOCAS

Lição dum confronto desigual

 

TAHEMOS  o meio século, prestes a expirar, em duas metades. Se, feito isso, passarmos a comparar as duas épocas decorridas na vila da Sertã quanto ao nível da vida e das relações sociais e ao ambiente de colaboração e solidariedade de entre os naturais em prol da terra, O resultado vem pronta é desoladoramente desfavorável em relação ao segundo período, à nossa época.

Outras pessoas estarão em melhores condições do que eu para estabelecer semelhante paralelo. Quem esteve estas linhas é demasiado novo para poder ter vivido, já nem se fala como observador consciente, tom do um lapso de tempo de tamanha amplitude. O que tem é perscrutado atentamente à tradição, aliás ouvida e lida em fontes dignas do maior crédito.

Mas, operado o confronto e verificada a disparidade, não resisto à tentação de vir aqui fazer este de polimento menos de condenação que de contristado desabafo.

A Sertã dos primeiros lastros do século! Por uma sempre agradável associação de ideias não posso pensar ao pronunciar tal expressão sem ao meu cérebro acudirem, imediatamente, em imaginadas representações, as cenas de convívio social plenas de harmonia e entusiasmo, de compreensão colectiva é elevado espírito mental e educador, Assim, eram as brilhantes «soirées», dançantes no faustoso salão do Clube que chegaram a atrair forasteiros de Tomar e até de mais longe eram os atraentes e Instrutivos espetáculos levados a cabo à luz da ribalta do Teatro Tasso por companhias profissionais e por grupos locais de amadores; eram na estação calmosa, os alegres piqueniques de tonificante e útil confraternização entre as famílias sertaginenses; eram, finalmente, as tertúlias animadas da Praça e do Clube que reuniam os bons sertaginenses de então, todos unidos como

(Conclusão na 4.º pág.)

 

Dize-me a que comes…

 

A mesa constituía sempre um dos fortes, senão o mais forte alicerce das sociedades humanas. Já os gregos diziam, na sua linguagem pitoresca e livre, «a mesa é à alcoviteira da amizade».

Não só na vida íntima, mas na vida pública das nações, o jantar constituiu a melhor e à mais solene cerimónia que os homens acharam para consagrar todos os seus grandes actos, imprimir-lhes um carácter de união e de comunhão social. Outrora não havia fundação de cidade, declaração de guerra, tratado de paz, instalação de magistratura, que não fosse acompanhada e corroborada por um festim. Ainda hoje se não cria um grémio ou um sindicato, sem que os sócios jantem, cimentando os estatutos com champanhe e táburas. As próprias relações do homem com a divindade estabeleceram-se sempre através da comida, O sacrifício da rez sobre a ara era uma espécie de merenda espiritual, em que o Deus, atraído pelo cheiro da carne assada, descia e se tornava acessível ao crente, partilhando com ele das vitualhas santas…

…Dize-me o que comes, te-ei o que és. O carácter duma raça pode ser deduzido simplesmente do seu método de assar à carne. Um lombo de vaca preparado em Portugal, em França ou Inglaterra, faz compreender talvez melhor as diferenças intelectuais destes três povos do que o estudo das suas literaturas. O macarrão é, por si só, o mais instrutivo comentário da história das Duas Sicílias. E, sendo esta uma verdade admitida já desde Montesquieu, porque se tem descurado tão levianamente o estudo prático da culinária grego-latina ?

A mesa e os seus prazeres foram um dos assuntos sobre que se exerceu, com mais afinco, o génio poético e mesmo filosófico dos antigos. Horácio, filho de filho delicado de Epicuro, não cessou de contar honestamente à garrafa e o prato. Todo um livro de Marcial é consagrado a celebrar o que se come e o que se bebe. Com o mesmo cálamo que traçava a Eneida, Virgílio compôs um poema sobre os doces de sobremesa. O mais severo dos (Conclui na 4.ª página)

 

 

Notícias da Capital

Grupo dos Amigos da Freguesia da Madeirã

 

Lisboa, f8,—(Do nosso Repr, João Antunes Gaspar)— Tendo a Junta de Freguesia do Sobral, terminado com a sua contribuirão para o pagamento da côngrua ao Pároco Eduardo Filipe Fernandes, atitude que aquela Junta tomou em condições deploráveis e vexatórias o Grupo dos Amigos da Freguesia da Madeirã« chamou a si encargo de pagar a referida côngrua, tendo para o efeito aberto ame subscrição entre os seus associados conforme segue: Dr. Antônio Dias Barata Salgueiro, 250$00; Virgílio Dias Gareia, 250$00: José da Silva Lopes, 250$00; António Dias Macieira, 100$00; Antônio Alves Neves, 100$00; Acúrcio Rodrigues Barata, 100$00; Júlio Sequeira, 50$0O; Antônio Alves, 50$00; João Antunes Gaspar, 50$00; João Antunes da Silva, 20$00: Francisco Barata Dias, 90$00; Albano Martins, 50$00; António Barata Dias, 20$00, Luís Martins, 20$00; António Mendes Barata, 50$00; João Lourenço, 30$00; José Mendes Barata, 100$00; Fernando Lopes da Silva, 50$00; António Mendes Barata (nº 1), 20$; Manuel Rodrigues Barata, 50$00; Jaime Dias da Silva, 50$00; António Rodrigues Dias, 50$00; Girão, 50$00 Dinis Lopes Marmelo, 20$00; Adelino Rodrigues Dias, 20$00; David Alves, 20$00. Total 1.890$00

 

Posto de Socorros da Freguesia da Madeirã

Lisboa, 22 -(Do nosso Repr, João Antunes Gaspar) – Não somos só nós que o dizemos; afirma-o toda a gente. A criação do Posto de Socorros da Freguesia da Madeirã foi uma obra de alto sentido humanitário que corações bem formados poderiam levar a efeito.

Nos já citados vinte e três anos de acção jornalística, tivemos, infelizmente, ensejo de bradar muitas vezes esta máxima: –  Madeirã morre-se sem qualquer assistência médica, é nunca exagerámos. Faltáramos através dos face tos vividos, Sim: nós tivemos diante dos nossos olhos o espectro esmagador e inolvidável, de vermos morrer alguns dos nossos conterrâneos à mingue de socorros.

Hoje não. Felizmente é-nos grafo do nosso espírito e ao dos nossos conterrâneos constatar uma realidade que chega a enternecer. Na Madeirã já se não morre sem assistência médica. A vida e saúde estão ali asseguradas dentro da capeil de que a medicina abrange. Se não é tudo, podemos dizer

(conclui nas pág. inter.)

 


A Comarca da Sertã


Electrificação do concelho da Sertã

Quando a pretenda introduzir no nossa agricuitara regional à charrua de ferro, Só peto facto de Toda a gente estar habituada aos arados de pau, fez-se guerra à inovasão.

O nosso povo muito principalmente o do Centro, desconhece por completo a existência de certos artefactos que muitas facilidades lhe dariam a vida, tornando-lhe a vida um pouco mais suave.

Não se vê, praticamente, uma tararo, para limpeza dos cereais. As batatas não são guardadas, numa espécie de estantes, com ripas por debaixo, para evitar o seu apodrecimento.

Em questão de cultura, não se faz a selecção e utilização de sementes da mesma espécie, mas com diferente época, não só de cultura, como também  da colheita.

Semeia ainda da mesma forma que semeava O antepassado do 5.º grau.

Mas deixemos estas divagações, por agora, e vamos ao que está na ordem do dia e da noite: a electricidade no concelho da Sertã.
«A Comarca da Sertã tem-se batido galhardamente, pela electrificação do concelho da Sertã. E honra lhe seja feita.

E claro que, segando uma frase lapidar dó padre Vieira, um só homem de nada vale; dois, valem por dez, etc.

Ora estando metidos no conlaio vários pessoas e entidades bem qualificadas, no número dos quais entra.à Câmara: Municipal, É de supor que o assunto será levado à bom termo.

Mas nestas coisas, semelhantes mente no que sucede com Os Ovos, uma boa mexidela, dará sempre alguns resultados.

E vou já entrar no motivo destas divagações, descabidas, para uns, impertinentes, para outros, aborrecidas, para uma boa parte e, finalmente desnecessárias, para os mais benévolos.

Com o titalo Electrificação do concelho da Sertã, publicou este jornal  um artigo onde se sugere a electrificação de várias povoações, confinantes da passagem dos contadores de alta tensão, que não se querem limitar a fazer a guarda de honra à passagem da energia eléctrica, pelo que pretendem servir-se dela para seu uso.

E fazem bem.

E tudo esta muito bem apresentado, apenas sendo impraticável a alimentação de vários povoações, ainda que pareçam próximas, pelo mesmo transformador, ainda que o transporte em baixa tensão utilizas se a tensão composta a 400 volts.

Não nos devemos esquecer que, à tensão, quanto mais baixa é, maiores perdas deixa nos fios (perda em linha) para a mesma potencia e secção dos fios condutores.

Quer dizer: Por um simples fio de 6 milímetros quadrados, Cujo peso por cada mil metros é de 53 quilogramas, podemos transmitir elevada potência a 15.000 VOLtS, ao passo que, em baixo tensão, essa potência pelos mesmos fios, tem de ser 37 vezes inferior

Concretizando: para umo dada potência, que apenas exigisse 6 milímetros quadrados em 15 volts, teriamos de utilizar condutores com 220 milímetros quadrados em baixa tensão, pelo que teríamos de gastar mais de sete toneladas de cobre, a cerca de 2 quilómetros de distância.

Não nos devemos Esquecer que, à corrente em baixo tensão, só pode Ser transportada em estrela, pela que têm de ser utilizados quatro fios, ao, passo que em alta tensão, pode ser feito o transporte em triângulo, isto é, com três fios.

(Não me posso alongar em explicações nesta coisa de estrela e triângulo, porque seriam necessários três dias para, me fazer compreender).

Ora custando o cobre muito dinheiro, parece ser mais útil gasta-lo em transformadores, de pequena potência, pelo que à Câmara teria à sua disposição alguns de 5 a 10 Kilvolts-amperes, para serem aplicados em postes aéreos (ao ar livre), que poderiam ser substituídos por outros de maior potência, logo que o consumo o justificasse.

A colocação dos transformadores deveria ser feito, em cada povoação, próximo dos locais susceptíveis de neles serem instaladas Indústrias, de forma a evitar o mais  possível as perdas em linha, desde que se desejasse poupar o cobre dos condutores de alimentação das redes em baixa tensão.

Vou apresentar um outro exemplo:

A vila da Sertã ficou a ser alimentada por um transformador de 100 kilo-volts-amperes, segundo li.

E de supor que, tal transformador, logo que seja sobrecarregado com industrias (lagares de azeite, maquinismo de serração de madeiras, electro- bambas para tirar água, etc.), além de elevada potência doméstica, como sejam fogões de cozinha, aparelhos de aquecimento, etc. terá de ser substituído por outro de maior potência. Logo, ficará disponível para seguir para outra parte onde à potência tenha aumentado. E o que se ache nesta última localidade, ficará pare outra.
As terras que fiquem com as suas redes de baixa tensão deficientemente seccionadas, ressentem-se sempre de enormes «perdas em linha», com grande prejuízo para à público, que não tem, em suas receptores, a voltagem necessária a um bom serviço, e as entidades distribuidoras ficam a pagar caro ónus por tais perdas.

Uma solução poderá ser adoptada , talvez com vantagem, para um grupo de terras; colocar junto à linha e em uma dás mais próximas, um transformador redator, de 15.000 para 6.000 volts, derivando-se  depois deste último, para outros a colocar em cada localidade Interessada.

A colocação dum transformador destinado a alimentar várias povoações obrigaria à um de maior potência e portanto, mais caro.

Sertã 12 de Julho de 1949 Aníbal  Nunes

 

QUEM ACHOU?

Perdeu-se entre a Sertã e os Faleiros, na 4ª feira, um relógio de algibeira, com caixa de metal branco, Dão-se alviçaras a quem o entregar nesta Redacção

Venda de propriedades que foram de Alfredo Correia

Uma terra de cultura com oliveiras, videiras, outras árvores e mato, no Boeiro de Cima.

Uma-terra de cultura com oliveiras e mato, sita a Entre- as- Águas.

Uma terra com azinheiras e mato, sita à Venda da Pedra.

Aceita propostas em carta fechada o procurador José Ferreira Júnior-SERTÃ

 

Edital

Francisco Mateus Mendes Engenheiro Chefe da Segunda Circunscrição Industrial.

Faz saber que José Rodrigues Valente pretende licença para instalar uma montagem de cereais panificáveis, incluída na 3.ª classe, com os inconvenientes de barulho e perigo de incêndio, sita em Cimo de Vila, Freguesia de Oleiros concelho de Oleiros distrito de Castelo Branco, confrontando ao Norte com António Martins da Silva, Sul e Poente com Manuel Rodrigues David e Nascente com a Estrada Nacional n.º208

Nos termos do regulamento das industrias Insalubres, incómodas, perigosas ou tóxicas e dentro  e do prazo de 30 dias, à contar da data da publicação e afixação deste edital, podem todas as pessoass interessadas apresentar reclamações, por escrito, contra a concessão da licença requerida e examinar o respectivo processo n.º 11006, nesta Circunscrição Industrial, com sede em Coimbra, Avenida Sá da Bandeira n.º111.

Coimbra e Secretaria da 2.º Circunscrição Industrial, em 19 de Julho de 1949;
O Engenheiro Chefe da Circunscrição, Francisco Mateus Mendes

Edital

Dr. Flávio António Francisco dos Reis e Moura, Presidente da Câmara Municipal do Concelho de Sertã:

Faz saber que, em conformidade com a deliberação tomada por esta Câmara Municipal, em sua reunião ordinário realizada em 19 do corrente mês, cuja homologação por parte do Direcção dos Serviços de Salubridade foi comunicada pelo seu oficio Nº3,400, datado de 27 do mês em curso, a partir do dia 1 agosto próximo futuro e até que às efeitos da presente estiagem o exijam, baixam de 50% os mínimos de consumos obrigatórios aos usuários do serviço de abastecimentos de água à vila da Sertã, e cada metro cúbico consumido além dos mínimos estabelecidos será pago a razão de 10$00 (dez escudos) cada um.

Para constar-se afixou este é outros de Igual teor nos lugares públicos do costume.

Sertã Secretaria da Câmara Municipal, 29 de Julho de 1949. E eu, Jorge Barbosa Ferreira Vidigal, aspirante da Câmara  servindo de Chefe de Secretaria, o subscrevi.
O Presidente da Câmara Municipal, Flávio Antônio Francisco dos Reis e Moura

Anúncio

Por este se anuncia que no dia 8 do próximo mês de Outubro, pelas 16 horas, a porta do Tribunal Judicial desta Comarca, se há-de proceder à arrematação em hasta público do prédio a seguir designado pelo maior preço oferecido acima do valor indicado.

PRÉDIO

Terra com oliveiras e mato, no Vale do Lobo, limite das Gisteiras, freguesia de Sobreira Formosa, descrita na Conservatória do Registo Predial desta comarca sob o n.º 31989 do Livro B-83, e inscrita no respectiva matriz sob o  artigo 5346. Metade deste prédio está cativo do usofruto vitalício a favor de Justo de Almeida Franco ou Justa de Almeida Franco de Matos, viúva, residente em Sobreira Formosa. Vai á segunda praça por metade do seu valor, na importância de 2125$20. Penhorado nos autos de execução que o Ministério Público move contra Júlio Franco de Matos, casado, de Sobreira Formosa é que corre seus termos no 8.º juízo Civil da comarca de Lisboa.

Sertã, 22 de Julho de 1949

VERIFIQUE!
O Juiz de Direito, Amândio dos Santos Cruz
O Chefe de Secção, José Nunes

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DR. ALBERTO  RIBEIRO COELHO

MÉDICO

Doenças da boca e dos dentes

Consultas todos os sábados na SERTÃ — R. Manuel Joaquim Nunes

 

AGENDA

Estiveram: na Sertã, «Mademoiselle Ivone Teixeira Mourão, filha do sr. José Botelho da Silva Mourão, de Anadia, e o sr. Manuel António Farinha Horta, de Cova da Piedade; na Cruz do Fundão, com sua esposa, o sr. Antônio Farinha Gomes, funcionário da C.N. Navegação, de Lisboa. —Regressou de Lisboa a sr. D. Noémia Moura.

—Seguiu para o Porto o sr. Marcelino José de Alcobia (Cernache).

Encontram-se: na Sertã, com sua esposa e filha, o sr. Egas do Vale Santos, de Sintra em Soboia, o sr dr. José Maria do Amaral; e no Estreito, com sua esposa, o Sr. Joaquim Ton é Nunes de Lisboa.

Feiras

Reaslizam-se as seguintes durante o mês corrente: próximo domingo em Cardigos em 11, no Roqueiro, concelho de Oleiros;em 23 e 24, em Proença-a-Nova; em 14 e 15, francas, na Sertã; e em 20, franca, em Cernache do Bonjardim

 Festas

Abrilhantadas nela Filarmónica União Sertaginense, realizam-se às seguintes corante este mês dia 7, em Cernache do Bonjardim; 15 a de N. S. dos Remédios: 21 a da Serra de. S. Domingos; 28, a de S. Estevão (Cabeçudo).

NECROLOGIA

Segundo comunicação que recebemos de Martinho da Silva & Filho, Ld,ª, de Lourenço Marques,faleceu naquela cidade o sócio da referida firma e nosso estimado assinante sr. Martinho da Silva, pelo que lhe apresentamos, bem como à família enlutada, os nossos sentidos pêsames.

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Câmara Municipal da Sertã
CONCURSO

De harmonia com a sus deliberação tomada em reunião de 2 do corrente mês, torna-se público que se encontro aberto concurso, pelo prazo de trinta dias a contar da segunda e última publicação deste anúncio no «Diário do Governo», para O provimento, por contrato do lugar de electricista para todos os serviços inerentes ao posto de transformação e rede de distribuição de energia-electrica na sede da freguesia de Pedrogão Pequeno, a que corresponde o vencimento mensal de 300$00 acrescido do suplemento de 80%, à que se refere  Decreto-Lei n.º37113 de 20 de Outubro de 1948, e a Portaria n.º toda, en For! mata E de Iº de Nugembro Ugmusmo ano, lugar crindo por deliberação desire mesma Cás mara temeda em Si de Dezenlro de tas, sancitnada pelo conselho municipal em sessão Exicorcinária celebrada engodo mesmo ii CS e ano enpróvada por degmem cho de 5. ExSo Ministro do. jaterior de 4 de Fevereiro de 1949, Os concorçéntes no cergo eltado deas tinado à aludida localidede, deverão er» ireger ve seus requerimentos. Iwstruidos nos termos legais. dentro do referido prá zu, na Secretaria desta Câmara. Sertã e Poços do Concelho, 3 de Agose to de 1999-0Q Presidecte de Câmara, – Plávio António Francisco des Reise Couia Colégio de Nun’Alváres:
TOMAR Educação de meninas na sua Secção Feminina Rua Marquês de Pombal n.º 47 INTERNATO — SEME-INTERNATO | ESTERNATO
Instração Primária H Admissão ao Liceu Curso Geral dos-Liceus Instalações óptimas, com esplénm didas comaratas € recreios ANGIENTE FAMILIAR SÓLIDA PREPARAÇÃO MORAL E INTELECTGAL |
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A Comarca da Sertã


EXAMES
Bié o dia 20 de Jalho di- zerom à exame do 2.º graaç di- cando aprovados, os seguintes candidatos: RE 1.º Júri — Pedrógão Pequeno — Proponente Joaquim Nanes Ros drigues: Américo Pereira da Cos- ta, Angelo Dias, Angelo Francis- co da Costa, Anibal Barata Ver- delho, António Barata Verdelho, António Nanes da”Costa, Antó- nio Nascimento Barata, António Silva Nunes Costa, João Anta- nes Rei, João Pereiro Dias, Luis Fuipc Lima de Andrade, Reinal- do Nunes Silva Costa. Prop. Ar- minda do Carmo Miranda: Ade- iino Dias Simão, António de Je- sus Dias, José Fernandes An- LUNES, Ermida =-Prop. fedhla de Jesus: Aliredo Martins e Mandel Fa- rinha Martins. Fisusiredo— Prop. Maria do Es- pírito Santo Folgado da Silva! Adriano Sérgio Rodrigues, Ca- simiro Gonçalves Dias e Mandel Cristóvão dos Santos; 3 adiados. 2.º Jári—sarnã —Prop. Maria Augusta: António Jorge Cardo- so (a), António Simões Teixeira e José Gil d’Olivelra Barata (a). Cermacho da Bonjardim -—- Prop. Ai- da Ribeiro dos Santos Craveiro da Cruz: Ernesto Martins Patri- cio Mendes e Maria – Cesaltina Partins: 1 adiada. Prop. Erme- linda Cândida Dias de Azevedo: Manacl António Morcira Teixei- ra e Renato Ciestosa da Silva. Prop. Mangel José de Carvalho: Amáncio da Silva Carvalho e Manacla da Silva a Padóuão Paquina–DPróp. Maria Freirc Ribeiro: Da a Maria Marinha de morais Cabrale Ma- ria Alice Graco Leitão. várzaa dos Gmalairos — Prop. Isa- pel de Jesus: matia Teresa Fa- “tinha, Assis antônio da Cruz, assis-Farinha e manac! marçal moreira. Prop. Clotilde amélia Barata: Américo Esteves Fari- nha, Diamantino Godinho Fori. nha, Vitor Antônio Farinha, La- dovina dos Santos Nunes € Ma- ria Helena Farinha Lopes. | Emida—Prop. mercedes Dias Carreira de mocra: aníbal Fa Linha Alves. o. Gastelo— Prop. maria da Ro de matos Torres: maria: Fernan– da da Costa Luis: is Mariana Silva Rosa. – 3º Jiri—Palhals Prop. Maria martins Ferreira: américo Mar- cal, Américo Santos antanes, João Marçale maria Rosa Marçal. -Náriga dos Cavaleiros —-Prop. ma- ria de Loardes da Silva Barros: Felismina Farinha… Mamsleiro—Prop. Maria da Con= ceição Barros; Álvaro Martins, Ani- bal Luis Cardoso, Acácio Núunes Fa- “tinha, David Cardoso Alves, Manoel Lourenço Farinha, Manage) da Silva, Maria dos Anjos Lopes, Maria Emi- lia dos Santos Vicente c Maria Luisa Cardoso Rodrigues, Sera—Prop. Noémia Rodriques da Silva; “Angelo Arnaath-Raptista, An- tônio da “Conceição Nanes, Artor Frangiseó Alves, Adelino dos Santos

 

Notícias da Capital

(Conclusão da 1.º pág.)
gue é muito, E necessário todavia que não sómente os residentes na Madeira mos tudos os pomos eir- “convizintos que podem auferir és te contagem e ginda tudos vs na- turais espalhados no HMundo—ue bastantes são, acarintem o Posto de Socurros pard que a obra veja cosuluidoa Os Seus Its pensa dels aticerces, Neste sentido du direcção do referedo Posto expediu q tudos UM quailureis é Amigas a seguinte cituittaro PREBADO AMIGO afendo sido criado e oficial- mente aprovado na freguesia de Madeirã, concelho de Oleiros, um Pusio de Sucarros com U fem ale prestar assistência medica e social nos seus habitantes, co Dirécedo cor empenho nieimea de lornar mois eficiente dita inatituição Aumenitáreo sobretudo em benefi- cie dos desprotegidos da sorte, du- pondo-lhes médico e medicamen> tus, Eoctes CS VEZES QUE necessitem, pem pedir O posso Concurso firetrt- cerro, Interessa, direciamente aos residentes ua freguesia, é verdade, mas quem Ad que sendo natural da mesma, embora viva fora, nã tenha ali pessoas de família, wizi- nhos ou amigos e que necessitem da “sua quula parte permanente ainda que pequena “As despesas ado grandes, é por isso é necessário a gencrust-
dade de todos, A us A LD E PESE decorridos foram dadas ds quin- tos-feiras mais de (00 consultas e distribuidos gratuitamente aus necessitados muitos medicamen- tos. Sdo também algumas as cha- mudas urgentes. Para o GrPe fo,
der COP (pruoisória Podia Bida ENDE= ra-se que e dsesisféacia nos faça nes nota com melhor material), para e vinda do médico às quinas tns-feiras e cosos urgentes, para o caststente, para o material e mo- bitia e para medicamentos já se jastaruem alguns contoside reis, € apenas recebemos 3 mil escudos da Assistência. * «do esqueça pois prezado ; Ami- EO, que € necessário a vossa cuos peração porque alto e 0 objectivo q a conseguir: defender a vida e a vida sobreludo de tantos. que sem a vossa generosidade mal à podem niver, Assim, desde já agradece- mos q Vi Ex se dipne inscrever- se como socio efectivo ou benfei- for, preenchendo o verbete junto ar nos permita considerá-lo sócio benemeéritos À DIRECÇÃO. O Grupo dos Amigos da ” Freguesia da Madeirã Intensjiva a sua acção pelo progres- so da sua Freguesia “Lisboa, 24 — (Do nosso Repr. João Antúnes Gospar)-A aeção de- senvoleido pelo Grupo dos Ami- gosda Preguesta da Madeira, den- iro da orientação superiormente detlingado pelo seu presidente de direcção, nosso amigo sr, Virgilio Pias Garcia, esti dia a dio oblen- do os melhores resultados. E nos, agui na Pelegação de «A Cornrar- cao Punto desta mesa onde esta- nos « escrever, fermbra-nos mifi- dumente as elouguentes palavras gue ouvimos há tenpo, ao nosso conterrâneo e distinto advogudo
EE EE LED SIS POTE PE
Alves, José Mateus Nunes, José Sil= va Antunes, Mandel Vinagre Pires CGestosa c Maria Emília da Concci- ção Silva da) aprovados com distinção.
em

Cernache docBonjardim, ar. tr Alhano Eourenço de Siler, O qual citando « ucção do «Grupo, teve palavras de muito apreço não somente pela ideia. da furmação co mesmo, mas em especial pelo duutrina de que se hania investi- du, e dentro do respectiva ambito, nunca no concelho de Clelros se havida feito melhor, Por isso,—con- cêuino O Gripo merecia- -dho ana melhor sim pedia pelo interesse que despertou e pulos benefícios que vem trazer dd Madeiro, Efectivanrente, não referindo por agora quiros pormenores da acção que q direcção deste Crupo ter desenpolido, e encontrando- sé Resina umpentiade po ceburao. tecinento de dguas d suo fregues sia, melhoramento de alto interes se que tem paralelo com q Posto de Sucorros, este fá em fumetorne- mento, Eranscrevemos a: seguir o oficio envio pele Direcção Eli Ea” S1, bnp Marcos da Ailua Nogueira, dignessimo chefe da 4.º Secção de Lrhanização, eum Cs telo Brenco: nãa-sua reunião de hoje a di- recção do Grupo dos Amigos da Freguesia da Madeira, resolveu dirigir-se a VE para the apre- sentar com primeiro fugar as suas saudações, v em segundo pard lembrar o assunto das duas de nossa freguesia, que, sejrundo ds; bx Ho ignora, cada VEZ minis vei assunindo enrácier mamfes- tumento emprestioso, aPediamas pois à Vº Ex o favor de ordenar as medidas que julgue convenientes, porá que o coudol de dgua já encontrado se não perca. alomo Fº Ex sabe, foi vota- der ci verba de D2 mil escudos pa- ra q referido abastecimento, e nós lembramo-nos que q mesma pos- sa ser desviado, tendo em conta o prazo decorrido desde q referida votação, aLemôramos ainda que já fo- ram gastos nos respectivos trabe- thos mais de ume dezena de con- tos, pelo que seria imperioso por absolutamente necessário gue po Ex interceda de Racmona com à presente situação do problema. Hesejanda a Vº Eras melho- res prosperidades e firmando Os nossos sinceros apradecimentos, subscrevemo-nos de V’ Brº’— 0 Presidente da Direcção (a) Vira gétlio Dias Garcia. – Em resposta, o Sr, Engº Mar- cos Nogueira, no ofício nº 845 de 16 do corrente, diz o seguinte: «Rejerindo-me ao ofício n.º 197/40 de ti do-corrente, tenho a honra de informar Vi Ea que, aproveitando & visita ao Distrito de Sin Excelên- cia o Ministro das Ooras Fáblicas e “do Ex. Engenheiro Director Cicral destes Serviços, no presença dos cle- mentos represcntativos da Câmara Municipal de Oleiros, cxpas saperior- mente a situação da Madeirã, quan- to ao abastecimento de águas. «Embora de muitos casos Idéntis cos se tivesse tratado, não quis dei- nar de evidenciar do Ex.” Engenhels ro Diréctor Cieral destes Serviços, à Situação aflitiva da Madeira, próvos coda pelo calidgem anormal gue se verifica, «Resolver o Ex” Engenheiro Director Cieral que se lizesse o mais breve possivel uma visita à povbas cão com um Engenheiro de Minas, cujo nome indicoa, para se avalipr à situação c estudar as medidas que o caso requer. Nesta mesma data Expus este assunto, pelo ieletone, au

 

Aurora Sanitária não China

Ra obsegridade de uma noite de ira verho, passa ima colina de carrus esmas gados de carga, e nevompanhados decana centena de homens avanços la dificultus samente pelos caminhos escarpados e às gargantas des juontanhas, cóm caixas de acessórios e otensilicos da laboratório, mia eroscópios, frasços, coelhos, gado, provis súes, leitus « Dulgus Apetrechis que conse titeemo duas anti-epidemico de lima É E ne China do Norte, Longe deste tocnl, cm Cantão, munh rop estreita o mis:rável, tadendo detnsos ta4 baixas de madeira, egquardam. pociens temente, à chava, umas desenas de seres inmélicos e doentes q admissão em Fong Pit o decantado hospital des pobres, ha: multo conhecido pelo desiguação de docal unde se vai ncnhar.» Uinenorme calnião pocirento, deslizã oo deserto de Gobi mn cominho dos jazigos de petróleo, lá para 5 cxtremoes de nom cocsle, na província de Kotisu. Um homem de 67 onús, dé estatara meh, escorreito e nervoso, especialista de cirdrgta toráxica abandonara hd podcêa auús q sun existência coniortápel para acumpenhar aquele trem sanitário, marcha pelas tervas da China. E o Lie. Leu Eltuesser, antigo professor de cirargia na Califórnia, v qual chegado me novo destle no, profere estas siugelas paltvras;—uDle- masiado Jempo: o higiene ec us calados médicos foram apenágio exclustvy de quim reduzido mimero de eleitos, dembsiado tempu nús, os médicos, nos continámios em Gurves abeopariim, mais preocupados de alinarcos capacidades prolissionais do k Der [q k E ue aplicados a PITA DO CHE MA ar E necessidades páblttns. Ora, o saúde dos povos deve ser cs prada, não por melus caros e complicados por via de vpera- ções cirórgicas, em salas equipados de electricidade e cilmatizadas, mas por sim pies prúcessos, oO nicançe de cada un), dese intinado múscos e piolhos, instolendo bora sistemas de águas e de cesqúros, respeitane do miimpeza ea dignidade asicãs E irei do em circunstâncias convenientes. «o E uma granle obra se Iniélga, 1955, em [avor da terra chinesa, tanto há o fazer. Vejamos egóra o caso de Contão, con- fiado a vm médico nordeguês o Dr. Vólos darsky. Fuuk=Ti-suno [ES jrês anos que cenpm doente aguarda mais, s0b a chuva, à sua adinissão em Fang-Pio Cada um recebe Us cuidados necessários, dieta ea terapéiiica apropriadas. No Gobi foi uma entermelra, Rath Ina gram, quem crganlzog o hospital de Kiv chan, lugar solitário em que nada existe que possa prover à alimentação dos Lrabas E vande lhadores ata naita, é toda a mais simples. alimentação vem transportada em camião, de muito longe. Eis três exemplos dz ingeate estorço que a OM. 5. daseagolve abe n do inlra- ERR hamiana. ]
Secretário da Janta de Freguesia. eNada mais vosso acrescentar que intcréssc ao assánto tratado no ofício n.º 1o7 de V. Ex. «Agradecendo 05 amáveis feto deste olício, àpresenio à V Ex.º os meus respeitósos camprimentos». A bem da Nação PO Enge- nietro Director, (aj Marcos da Sil- va Nogueira.
Casamanto x Lisboa, 26— (Do nosso Repr. João Antinea frrsparj-—-Na Igreja Paregaial de Colares (Sintra) reali- zod=-sé no passado dia ló, O voso- mento do nosso amigo c prezado assinante, sr, António Farinha Ri- beiro, juncionário da Companhia Carris de Ferro, e natacel da Vár- zeca dos Cavaleiros, coma Ex Sr. DB. Moria Emilia Elisca, natiral de Colares. Serviram de padrinhos pelo noi- vo, seu irmão sr. Isidro Farinha e esposa D. Albertina” Dinis Iyibeiro, £ por parte da noiva, seu primo sr. António José Cosme c saa prima D. Lucina Nunes Soares. Os noivos ficaram residindo ent Colares, «À Comarca da Sertã» endereça nos nabentes os secos votos dé Fe tos proaprridades,


A Comarca da Sertã


Do notabilissimo discurso proferido palo sr. Presidente do Concelho

(Conclusão da 1.ª pág.)

noutros continentes á produção das riquezas. E’ certo que muitos apren= deram a arte da querra e o segredo das conquistas e ela não tem por is= so 0 exclasivo e nem mesmo a sam perioridade da força. Mas o espírito é que há-de continuar a reger o mundo, e o que importa é saber se, apoiada em suficiente base material o Europa pode ainda arrogar=se q seu primado. Este pensamento tem de estar na base do exame de coisa tão material e positiva como o da assistência americana, porque a política no fi taro deverá ser dominada por ele. A Europa não pode sem o auxílio êmericano salvar nesta horê o que resta do sea património moral e da sua liberdade : a América sai contra- riada do isolamento, filho da suti= ciência, para, protegendo-se à si própria, socorrer e apoiar à Europa Ocidental, guarda avançada da saa segurança. Ninguém pode querer nem a morte do velho continente europeu nem a sua abdicação. O problema que está posto é se ele dispõe, com a Africa, de reservas materiais e mo» ralis que lhe permitam recobrar for- cas para prosseguir o seu papel his- tórico. Não examinarei hoje este ponto: Mas respondi noutra ocasião alir- mativpamente á pergunta, com à con- vieção do estudioso e como acto de té, ié com que havemos de enirentar os que, desistindo de todo o esforço, se interrogam sobre se a Europa não está condenado a escolher entre a América e a Rússia.
Detesto gastar tempo a dizer col= sas inúteis e hoje tenho a sensação de apenas repetir o que todos, por esta ou outra forma, temos no nosso espírito. Mas tanto melhor, porque, se é assim, o Governo interpretou bem o sentir geral da nação e não surgirá dificuldade alguma na apro- vação do Pacto. A intervenção do Governo na clam boração do tratado foi relativamente modesta. Limitou-se a apresentar as suas observações, chamar a atenm cão para alguns aspectos, esclare= cer-se suficientemente sobre o al- cance de disposições cujo sentido preciso acima de tado lhe interegsa- va penetrar. Se de oatra forma, po» deria dar melhor colaboração € opor-se e certos deslises, como, por exemplo, a.distinção menos elegante que se encontra a propósito do cíei= to das ratilicações no art. 11.º, isto mesmo explica a resolução tomada de nos reservarmos para tão tarde: todos devem compreender que. um Cioverno responsável não pode pra- ticar actos irrelevantes sobretado em política externa. Tudo sãc porém coisas de some- nos 90 lado deste facto fundamental: grande námero de países europeus, ameaçados na sua vida c liberdade, contam desde agora com o auxílio dos outros para a defesa do seu pas trimónio de civilização. Parecea di- fícil em tais circunstâncias estarmos ausentes»,
EEE SO ERREI homens, Catão dedica páginas graves à couve, às suas varie- dades, às. suas virtudes, à sãa acção nos eostumes. De uma simples ceia, Petrónio, tiroa todo am livro. E aHistória do Mun- do do sábio Plínio, é quase ama história universal dos comestf- veis… | : EÇA DE QUEIRÓS

 

Atraves da Comarca

VILA DE REI 21 Realizou-se ontem aqui a feira anual, chamada de S.º Margarida. O vasto campo onde se reali- za não comportou a diversidade de objectos expostas à venda, pe- lo que se tiveram de distribuir pelos locais próximos. Não há memória de uma feira tão concorrida. Fruta em abundância, inclusivé melancias e melões.
No dia 18 do passado mês de Junho, consorciaram-se na paro- quial desta Vila o sr. Casimiro Al- ves da Silva, empregado comer- cial. com a menina Maria do Car- mo Mota e Sousa. Paraninfaran’ por parte do noivo, seus tios paternos, sr. Joa- quim Aparício da Silva e D. Fi- lomena Aparício André e por par- te da noiva, o sr. Tobias da Silva Prior e esposa. — Também no dia 22 do referi- do mês, na capela de N. Sr. do Prante, erecta no monte do mes- mo nome, se consorciaram o sr. Hermínio Baptista Santos, indus- trial em Alferrarede, com a meni- na Albertina (raspar. Paraninfaram por parte do noivo, seu irmão Renato Baptista Sanios e gua tia paterna D. Emi- tia Baptista Santos Silva e por parte da noiva o sr, José da Silva Pires e suu esposa. Aa casa dos pais do noivo foi servido um mimoso copo de água. Aos nubentes, desejamos um fu- turo cheio de perenes venturas. —(Como cheje da secção de fi- nanças foi colocado na Sertã, o nosso conterrâneo e amigo, sr. Ar- mando de Moura Campino, Conhecêmo-lo desde menino e moço, sabendo das qualidades que lhe ornam o carácter, sem o pre- núncio de errar, damos ao povo da Sertã, os nossos calorosos para- bens. —Nos dias 3, 4 e 5 de Setembro, vão realizar-se aqui, grandiosos festejos para auxiliar a construção do hospital. Fazem parte da comissão, pes- soas das mais gradas da terra, es- perando-se que todos concorram afim de que o cortejo de oferendas não deslustre Vila de Rei. Digna-se assistir Sua Er.” o sr. Governador Civil de Castelo Bran- co, grande pioneiro desta obra. — Andam em eurso os trabalhos de aperfeiçoamento e variantes da estrada que nos liga a Amêndoa, A estrada já classificada, N.º 2a que nos ligaa Alferrarede, no troço compreendido entre esta Vila e a Ponte de Codes, encontra-se no mais lastimoso estado. Eº grande o seu movimento na passagem de veículos pesados, ra- zão plausível para que o seu ar- ranjo se faça com urgência. — Estão quase concluidas as de- bulhas do centeio e trigo, que nes- ta região, mercê das últimas chu- vas, eompensaram ao menos os esforços do agricultor. Os milhos de sequeiro, nas ter» ras fundas, apresentam-se com bom aspecto, favorecido pelas úl- timas variações atmosféricas. A falta de água para regas, é manifesta, continuando as nascen– tes a enfraquecer dia a dia, Tudo tem o ser «S, João», Ago- ra ó o dos cabouqueiros—C.

 

Julgamentos em Tribunal Colectrico

 

No Tribanal Colectivo desta co marca responderam, no dia 26 do findo mês de Julho, acasados pelo Ministério Páblico:
— António do Nascimento, casado, de 24 anos, motorista e José Dias, solteiro, de 27 anos, jornaleiro, moradores no lagar e freguesia de Cambas, Julgado Municipal! de Oleiros, nesta comarca, de no dia 10 de Fevereiro do corrente ano, no Tribunal Judicial desta comarca e em audiência de discussão e de julgamento, no processo correccional em que cram réus António Abílio Luís e Abílio Laís, terem testemunhado falso contra esses a casados sobre as circunstâncias essenciais do facto que aí era o objecto da acusação, porquanto numa audiência afirmaram tê-los vísto a pescar, fazendo uso de ex- plesivos, no sítio do Poço do Retor- no, no dia 22 de Julho de 1948, vin- do a apurar-se numa audiência que os réus nada tinham presenciado e que, se o afirmavam, isso se devia à circunstância de andarem de rem lações cortadas com os acusados, de quem eram inimigos figadais c de, assim, terem cometido o crime de falso testemunho previsto e panido pelo art.º 238 do Código Penal, com o concarso da circunstância agravan- te 10.º (crime cometido por duas pessoas) e contra o António do Nascimento ainda a 33.º (sucessão de crimes), do art. 34 daquele mesmo Código. Julgada improcedente e não provada à acusação e de erime de falso testemanho do art.º 258 do Có- digo Penal, sendo absolvidos.
— Joaquim Farinha, também conhecido por Joaquim Jorge Farinha, casado, de 29 anos, serralheiro, lilho de Manuel Farinha e de Maria de Jesus, do lagar do Mosteiro Cimeiro de N.S. dos Remédios, desta: freguesia da Sertã, de, no dia 22 de Maio do corrente ano, em ama dependência da taberna de Emília Farinha, mais conhecida por Emília Valadinha, ainda naquele lugar do Mosteim ro, ter oiendido volantária e corpo- ralmente, a pontapé e a soco, seu legítimo pai Manuel Farinha, casado, de 60 anos, agricultor, também da- quele lugar do Mosteiro, assim lhe causando, mas sem intenção de max tar, a periaração de uma úlcera já antiga, no estômago, verificada em autópsia, perfuração que, por con- sequente peritonite aguada, lhe ocas Sionou a morte, resultado ocorrido no dia 24 desse mesmo-mês de Maio, ou fosse dois dias depois da agressão, e-de, desse modo, haver cometido o crime de ofensas corporais voluntá- rias de que resultou a morte, ainda que sem intenção de matar, erime previsto e punido pelo art.º 361, 8 único, e pelo art.º 365, n.º 4.º, do Cóm digo Penal. O Tribanal acordou em julgar procedente ce provada a aca- sação e, desse modo, incurso o ré na sanção do art.º 361, 8 único € do art.º 365, n.º 4.º, do: Código Penal, mas considerando o número e a na- tareza das atenuantes provadas que, se não constituem violência grave para cicito da aplicação do art.” 375, também do Código Penal, justificam considerável atenuação da responsam bilidade do réu, o Tribanal entende poder e dever usar da faculdade ex- traordinária que o art.º 94 concede, e, usando dessa faculdade, condena o réú, nos termos do n.º 2.º daquele art.º 94, ainda do Código Penal, na pena de dois anos de prisão corree- cional, no imposto de justiça mínimo de mil escudos e em dois mil escados de indemnização à vidva da vítima.

 

Duas épocas

(Conclusão da 1.º página)
um só quando se tratava de debater os problemas e de pagar pelos interesses legítimos da da estremeci-da Sertã que eles colocavam incondicionalmente acima das episódicas divergências pessoais, quaisquer que fossem os credos políticos oa reli- giosos. Á fértil iniciativa particular e à volantariosa acção destes homens desinteressados, abnegados e activos deve a Sertã O Hospital, a sede do Club-€ outras magnílicas obras materiais, além de terem sido, os mentores esclarécidos de ama so» cicdade coeva diligente, solidária e construtiva que soabe conquistar pa- ra a Sertã a simpatia € à consideram cão geral.
Como tal quadro se modilicaa! ditimamente, tem a nossa tcrrã sofrido o reflexo Inevitável da etise cconómica que avassala o Mando € Portagal. Todavia, por muito estranho que pareça, não são cestas diticuldades materiais que, ensombram mais prolundemente-a niinha calma» de sertaginense. Espera-se que a elcelticidade do aparelho económico há- de iorçosamente trazer-nos o alívio da fase de retoma. Aquilo que constitai sério sobres» salto é, nem mais nem menos, umã depressão de ordem espiritual c mo» ral que se vem acentuando e cajos sintomas evidentes já ninguém de bom senso ousará relatar. Com ceieito, parece hoje coisa ram ra a comaradagem leal c iranca ali= mentando-se as conversas de temas írios, inexpressivos, convencionais € fúteis. Dá a impressão que se vive por mor dum invisível automatismo —deixem-me mesmo dizer que se ve geta mais do que se vive. Sc nem ao menos se sabem distrair | Ora, respondam-me, por iavor: Pratica à mocidade algans desportos ? Que ess peetácalos temos? Já magicaram na significação da ausência de leitores € do abandono votado à biblioteca do Grémio? A verdade, nua e crua, talvez desagrace a pessoas que se obstinem em manter o divórcio com a realidade preferindo mirabolantes divagações de místicas «é fantasias… Mas, continuemos. E’ que a máqui- na teima em emperror não apenas por causa da inércia… do repouso. Há mais. Sente-se que existem pem ças deiormadas e enferrujadas. Constata-se umã indiferença colectiva ressaltante 4um gentrálizado individaam lismo comodista, vesgo e tacanho. Vêem-se algumas disfarçadas erapções de Invejas mal recalcadas, lams pejos de ambições por entre copas miméticas, leves resquícios de mexe= ricos velhacos e de questiáncdalas entravantes. Eis, alguns sinais indicativos de uma atmosfera dormente e irrespirável, no seio da qual se move espectralmente a colectividade sertã- nha presa de am apatismou aparente- mente resignado e fatalista. O meu «J’accuser é paradoxalmente am libllo inofensivo que não acusa ninguém-— antes, Incita todos à revestirem-se dum espírito de maior compreensão, tolerância e confiança que dé azo à que surja uma aragem renovadora capaz de suscitar a concórdia necessária entre os filhos da, Sertã, naturais oq naturalizados peto coração. Só assim, a Sertã irá ocu- par pelo esforço dos seus filhos o merecido lugar a que tem incontes- tável jás, quer pela tradição velha de séculos, quer pela privilegiada localização geográfica, quer ainda pelo valor potencial da cobertura démica do seu território.

LAUSER

Este número sai com atraso por motivo de força maior.