A Comarca da Sertã nº376 29-01-1944


A COMARCA DA SERTÃ

ANO VIII    N.º 376                     29 JANEIRO 1944

 

FUNDADORES

— Dr. José Carlos Ehrhardt –  Dr. Ângelo Henriques Vidigal – Antônio Barata e Silva – Dr. José Barata Corrêa e Silva – Eduardo Barata da Silva Corrêa

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO
Eduardo Barata da Silva Correia

REDAÇÂO E ADMINISTRAÇÃO “RUA SERPA: PINTO – SERTÃ E PUBLICA-SE AOS SABADOS

| Composto e impresso nas Oficinas Gráficas da Ribeira de Pera, Limitada :  Castanheira Pera Telefo e 16

 

hebdomadário regionalista independente, defensor dos Interesses da comarca da Sertã : concelhos de Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova & Vila de Rei; e freguesias de Amêndoa e Cardigos (do concelho de Mação) —

 

Notas…

«MINHA Irmã…. Quere ter a bondade de correr essa cortina ?

— Há de entrar o sol.

—Deixe que entre o sol, minha irmã! Sejamos nós, ao menos, amigos do sol, já que anda tanta gente no mundo empenhada em espalhar a treva.

A Irmã enfermeira correu 0 espésso cortinado. A luz entrou a jorros, envolveu no seu afago a cama do doente, espanejou ao longo do pavimento, risonha é contente de ter entrado.

Quási sumultâneamente, aquelas duas personagens interrogaram-se de maneira igual, embora com intenção oposta:

— Eu não dizia?

A Irmã enfermeira queria ate significar que a luz iria incomodar o doente: mas este era da opinião que ela espalharia a alegria e a saúde. Apesar desta divergência de opiniões, eram ambos de idade avançada,

O enférmo deu-se a reparar no vestuário da religiosa, na sua tez macerada por jejuns e vigilias, no seu olhar apagado pelas desilusões. Nesse exame ia descortinando detalhes incompatíveis com o brilho, o riso, o calor do sol. Era tão somente um simulacro de vida, aquela vida.

Por seu lado, ele estimava o sol, lamentava que existissem a noite, a sombra, labregos esconsos onde se trama emboscadas de ódio e de vingança. Tinha vindo pelo mundo a estudar o mundo, e a concluir que o mal estava na escuridão, na escuridão das coisas, na escuridão dos cérebros, na escuridão dos espíritos. Talvez que a noite alterasse com o dia, para que o mal alternasse com o bem. Tudo em consequnncia da forma esferoide do planeta.»

Ed. Correia de Matos (De «Há quem se esqueça de viver…»)

**********

TEMOS suportado um frio autenticamente glacial, que nos traz transidos, tolhendo nos movimentos quási nos impedindo de tirar do trabalho todo o rendimento necessário.

Mal o Sol se esconde no horisonte, para as bandas do poente, a temperatura desce rápidamente e são raros aquéles que resistem à tentação de ir em busca do fogão ou da lareira, como os gatos sonolentos e arreganhados

 

A cultura ética da Escola Primária

11

Por Silvestre de Figueredo, Director do Distrito Escolar de Castelo Branco

Para a cultura ética é insuficiente a razão

 QUADRO social de nossos dias  é eloquente desmentido do poder intelectualista da formação do carácter. Descartes não afirmaria hoje, ante a dolorosa lição da experiência, que basta julgar bem para bem proceder. Conhecimento e posse do Bem são fases distintas da vida anímica, com a mesma diferença de valores atribuídos ao sonhador e ao homem de acção.

No grupo dos Vencidos da Vida contam-se muitos a quem não faltaram fartos recursos de saber para facilidades dum melhor destino, com proveito próprio e dos seus semelhantes. Não resultou sua desgraça da míngua, mas do excesso de conhecimentos científicos sem os cuidados necessários para a consecução do poder e prática do dever, que completam a trilogia que Tristão de Ataíde nos aponta como finalidade da nossa obra educativa. Faltam-lhes, pois, a têmpera da alma, a virtude, que é fôrça, energia renovadora de estados, sobreposição do homem a si mesmo, autodomínio e, em grau superior, santificação. ‘ Não se educaram, intelectualizaram-se; 0 até podiamos dizer à sua maneira, civilizaram-se. Esta acção, segundo as preocupações e góstos materialistas da época, abrango apenas o domínio intelectual e étnico para utilização da natureza, com exclusão das fôrcas vitais do espirito. Encheram o cérebro, deixando vazio o coração e fraca a vontade.

A instrução intelectual afirma Foerster na Instrução ética da Juventude–traz consigo a ausência do espírito e o afastamento da vida concreta e não permite, pela obsorpção noutro sentido, o exercício dos centros motores que, por isso, se vão debilitando. Não é senão a confirmação do conceito longínquo de Aristóteles de que o homem que se cultiva apenas intelectualmente degenera num ser tanto mais selvagem e desordenado quanto mais culto, o que Gustavo le Bon corroborou quando escreveu que os povos nunca ganharam muito pensando é racionando em demasia.

Faltam hoje à razão endeu ada nos últimos séculos, desde a Renascença, para a defesa do superior primado que tem usufruído, presuasivos testemunhos, e o trono de glória a que subiu oscila sob a pressão da miséria social que os seus desregramentos provocaram. A escola não pode deixar de reconhecer, com vista à restauração dos valores morais da nossa rica tradição que as preocupações enciclopédicas são inadequadas aos verdadeiros juízos educativos e em desharmonia com as normas legais em vigor. Para a cultura ética é insuficiente a
razão.

E necessário cultivar 0 sentimento

     Contra a opinão de Descartes, similar da que se contém nas ideas-fôrças de Foullée, a atitude insuspeita de Spencer de que são os sentimentos que governam o mundo, constituem a fôrça estimuladora que soberanamente determina a acção. As imagens, ideias e juízos, mesmo os mais claros, precisam, para se converterem em acto, do calor propulsor do coração. O amor de Deus, da Pátria, da Família, do próximo e o sentimento de honra é que dinamizam a vontade e são a principal origem de tudo o que é mais belo e proveitoso se desfruta no homem, na natureza e acima dela.

Sofre a fragilidade duma mulher o isolamento do sertão e afronta, de ânimo forte, os bramidos das feras ou da borrasca, porque nela vive o amor do próximo, que é o gentio a catequizar, a humanizar e santificar. Arrasta-se por entre as sombras da noite, o soldado sujo de lama e sangue, porque o incita o amor da terra é dos seus. Lidam em esgotantes canseiras, em luta pela vida às vezes a mais cruciante, o pai e o filho, o espôso, a mãe e o irmão, porque os anima o internecimento familiar. Onde o amor não reina, o sacrifício não frutifica, e nem a vida
do homem nem da sociedade, para serem ordenadas e felizes, podem prescindir da abnegação, como desta são geralmente filhas as grandes realizações. Fazer brotar o amor, rebustecê-lo, orientá-lo sem desfalecimentos nem exagêros piegas, nisto consiste a parte mais nobre da tarefa que nos incumbe, essencialmente formativa, A escola não pode esquecê-lo até no interêsse particular do próprio mestre a sofrer, no seu trabalho, os eleitos nefastos da secura das almas que o suão do materialismo provocou.

A copiosa e perene fonte do sentimento

     Considere-se, agora, que nenhum manancial oferece mais e melhores eflúvios sentimentais do que a Igreja. A” deminuição da Sua influência se deve atribuir a grave crise que nos tortura, originada pela dureza de sensibilidade e edoismo dos individios. povos e raças que perderam, pelo afastamento do catolicismo, a humanidade consciente ante o poder de Deus, o único verdadeiro sentido do amor universal, os meios psicológi-

(Conclui na 4ª página)

… a lápis

que se enroscam ao encontrar o ambiente de calor favorito,…
Durante a noite e pela madrugada o frio é áspero e cortante, como lâmina fina de navalha. A geada cobre telhados e campos, formando como que véus, puríssimos, imaculados, de noivas… mostrando um dos mil encantos da Natureza.

Este frio insuportável, que nos da, porventura, a sensação nítida de vivermos nas regiões polares, só poderá, desaparecer com a chuva, a melhor amenizadora dos climas.

**********

     A BIBLIOTECA dos présos da cadeia civil da comarca vai ser uma feliz realidade porque nessa obra de regeneração e educação estão empenhadas duas pessoas de elevada posição social no meio: o sr, dr. Delegado de Procurador da República e o Prior da freguesia, Rev. Padre Eduardo Filipe Fernandes.

Já se receberam alguns livros: isto quere dizer que a ideia foi acolhida com simpatia por quem tem o prazer intimo de contribuir para o bem do semelhante, sobretudo daquele que resvalou para o pélago da ignominia e donde não será difícil fugir se encontrar o farol luminoso a guiá-lo a porto de salvamento, para o caminho da virtude e da honra.

Outra louvável ideia do digno Magistrado da nossa comarca é conseguir que os prêsos de algumas letras ensinem os que nada sabem; deste modo, aceitará, também, gostosamente, a oferta de livros de estudo de todas as classes e que abranjam o programa completo.

***********

      A POUCO e pouco, as Misericórdias do Pais vão organizando os cortejos de oferendas, destinadas a colher, nas respectivas freguesias, tudo o que pode contribuir para o desafôgo económico das admiráveis instituições de caridade, especialmente destinadas à protecção e tratamento dos pobres na velhice é na doença.

    E toda a gente dá, de boa vontade, tudo aquilo, pouco ou muito, de que pode dispor para acudir a tantos desgraçados que se debatem na mais negra miséria, muitos dos quais, constituin-

(Continua na 4ª pagina)


A Comarca da Sertã


 

Obras de grande valor que as pessoas letradas de Sernache do Bomjardim e de tôda a vasta região que a circunda devem adquirir e conhecer :

Antiguidades, Famílias, varões ilustres de Ser
nache do Bomjardim c seus contôrnos

em 2 grossos volumes, por Cândido da Silva Teixeira, investigador paciente e
robo, que honrou a sua aldeia natal e a região com uma obra incomparável
Entre os numerosos capitulos contam-se: «A região Sernachense»», «Efemérides
Históricas da mesma região», «A Vila da Sertã e o seu termo»», «Vilas e conce-
lhos de Alvaiázere, Álvaro, Amêndoa, Cardigos, Figueiró dos Vinhos, Oleiros,

: – Pedrógão Grande, Proença-a-Nova é Vila de Rei, etc.»

sernache do Bomjardima

«Um passado “conhecido representa a melhor garantia de um futuro
consciente». — Manuel de Sousa Pinto — (Palavras de abertura das «Explicações
prévias»). :

Outro belo volume de 400 páginas, do mesmo autor, recheado de precio-
sos traços monográficos e descrições históricas e muitas gravuras. Está esgotado.

2 obras que valorizam, por si só, uma biblioteca patrícia.

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SERTA—Na Redacção de «A Comarca da Sertã».

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(Recorte esta Tabela para referência futura)

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Cota WETS 490 WR | 384 WKL] 39,7 WBOS 48,9
Odo WARUS 40,0 WKLJ 39,7 WBOS 48,9

Cgus s WKLJ 30,8 WBOS 25,3
245 WRUA 269 WRUS 19,8 WRUW25,6 WGEO 19,6
513,45 WRUA 26,9 WRUS 19,8 WRUW 16.9 WRUL 19,5
o Mjdo WRUA 26,9 WRUS 19, : e
o 18,90 WRUA 1269 WRUS 19,8 WGEA 25,3 E
na o A 26,0 WRUS 10,9 MOEO 31,5 WKEI 30,8
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Sertaãa-Castelo Branco:

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Sertãa-Coimbra — A’s 3;º e dias 23 (ida e
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Serta-Castelo Branco—Aos Sábados
Castelo Branco-Sertãa— A” 2.º-Feiras

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mero de volumes o menór possível, pela dificuldade em adquirirgpneus.

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Explicação de tôda a matéria
do 1.º e 2.º anos do liceu.

Nesta redacção se diz.

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A Comarca da Sertã


Brinquedo 

Tenho na minha mão esta esfera de lata,
Este globo terráqueo untado de verniz.

A terra e a água, em linha e côr, tudo relata,
Em letras rubras. quantos nomes diz !

A proporção devida, a forma exacta,

Vê-se um palmo adiante do nariz…

Linhas de lado a lado, e de alto a baixo

                                                   (coisa abstracta),

Deus não as fez, o homem é que quis.
Como na estampa antiga dalgum príncipe

autocrata.

Guardo o mundo na mão: não sei se sou

feliz.

CABRAL do NASCIMENTO.

(De «Cancioneiro» – Edições Gama – Lisboa)

Á VENDA NESTA REDAÇÃO.

 

 

Um passeio à Sertã 

DIA 1.º de Dezembro. Feriado. Um dia alegre, festivo, todo inundado de Sol e de luz absoluamente primaveril. Os seres e as coisas ganham uma outra vida, perspectivas novas e sorridentes, pujantes, álacres, e até os próprios galhos ressequidos das árvores que já se começaram a desnudar, se erguem para o céu azul numa expressão serena, onde parece nem perpassar a tristeza ingente do Outono.

Partimos de Pedrógão Grande e vamos e vamos transpondo a via sinuosa e íngreme do famoso Cabril do Zêzere, agora já de águas velumosas e mais ressoantes, através dum cenário maravilhoso, apocalíptico, onde paira o mistério da grandiosidade, a magnificência da Natureza caprichosa e exuberante com o seu quê de belo e simultâneamente horrível.

Estruge o Zêzere por sobas arcarias da velha ponte filipina, traduzindo a linguagem eloquente daquêles fraguedos gigantescos e das ribas altaneiras, numa melopeia onde vibra a cada instante, ininterruptamente, a voz profunda da Natureza e das suas arcanas maravilhas.

Vamos em demanda da Sertã, essa terra que a maior parte de nós ainda desconhece, ainda não visitou. Passamos já a risonha vila de Pedrógão Pequeno e as nossas máquinas deslizam velozmente pela estrada fora, tão velozmente que mal temos tempo de apreciar o panorama grandioso, soberbo, que pròdigamente se vai deparando ante nossos olhos encantados. Avistamos distintamente Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, moldurados no fundo verdenegro da ramaria dos pinheirais distantes, que a corcova azulina das serranias, ainda mais longínquas, sobrepuja e domina. Para trás, bem proeminente, lá está a ermida de Nossa Senhora da Confiança, visivel de todos os pontos e lugares, sentinela vigilante branquejando e espargindo por sôbre os cumes dos montes e até aos contrafortes das serras da Estrela e da Lousã a graça serena duma radiação divina e impregnada de superior beleza.

Amieira, Ramalhos, Póvo da Ribeira Cerdeira, hortas e casais hospitaleiros fumegando à beira da estrada, ranchos alegres da apanha da azeitona, tudo vamos passando na vertigem aliciente dos nossos velocipedes, cada vez mais próximos do nosso fim e objectivo, a Sertã.                 Chegamos e já nos achamos envolvidos, seduzidos, pelo ambiente da formosa vila. Há verdadeira poesia no marulhar das suas ribeiras e na nota colorida da roupa branca, secando ao Sol, por sôbre a relva da planura que ante nossos olhos se estende verdejante e fértil; há graça na suave ondulação dos seus outeiros; há um ambiente e uma vida própria, natural, que nos subjuga, que nos faz esquecer quási a nossa qualidade de forasteiros.
Depois do almôço, subimos à parte alta da vila e, por felicidade, apresenta-se-nos como cicerone o Sr. Eduardo Barata, director de «A Comarca da Sertã» e um grande paladino e apaixonado das belezas e progresso desta região. É com êste excelente guia que visitamos o sumptuoso Grémio com a sua biblioteca, museu, teatro e tôdas as dependências; a corporação dos Bombeiros; o imponente edifício da Câmara Municipal, o Hospital e o Castelo e tudo o mais quanto era digno de ver-se. O nosso amável cicerone não esquece um único pormenor, elucida-nos, chama a nossa atenção, contagia-nos com a sua fé, com o seu entusiasmo.

Do alto, numa espécie de deslumbramento panteista, temos uma visão panorâmica desta região verdadeiramente previlegiada, bem sulcada de estradas, autênticas veias do Progresso, envolta num oceano de ramarias e num mar de verduras a que se juntam, subtis, os murmúrios das ribeiras prateadas pelo Sol.

O director de «A Comarca da Sertã» não nos deixa partir sem que provemos e bebamos um excelente vinho que nos manda apresentar.

Não podia ter sido melhor o acolhimento que nos foi dispensado.

Agora o Sol desaparecia lá já para as bandas do poente e a paz do crepúsculo vinha descendo lentamente e envolvendo-nos. Sentimos com tristeza a partida.

O búzio dum dos os da azeitona, que recolhe, depois de mais um dia de alegre e santa labuta, ecoou, enchendo com seu som característico, pitoresco e original as nuas as casas e o próprio ar que respiramos.

—Cada terra com o seu uso e cada roca com seu fuso. —diz o Sr. Eduardo Barata que, com seu filho, ainda nós acompanha até fora de portas.

Despedimo-nos. E uma recordação saúdosa, inolvidável e grata, acompanhou- -nos’ “durante todo o regresso.

Duas vezes memorável êste dia 1.º de Dezembro de 1943.

Pedrógão Grande, 4-12-1943

EDUARDO GARRIDO

 

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Curiosidades históricas do concelho da Sertã

a inquisição

TRIBUNAL da Inquisição, pedido por El-Rei D. Manuel I ao Sumo Pontífice, só foi autorizado, depois de grandes dificuldades, em 1532 e começou a funcionar em 1536.

A sede era em Lisboa e as sucursais no. Porto, Coimbra, Evora, Lamego e Tomar. Os inquisidores pouco molestaram os habitantes do Concelho da Sertã; porque sendo crentes, moralizados, sem descendência de judeus convertidos à fôrça ou por interêsse material, não havia motivo para denúncia. No entanto, logo em 3 de Janeiro de 1538 foi denunciado à Inquisição Catarina Fernandes, do Pedrógão Pequeno, mulher de Simão Lopes, cristão novo, a qual era acusada de guardar os sábados: e praticar a religião judaica.

Em 1584, do Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, foi julgado Jerónimo Simão, da Sertã, por dizer herezias, ao qual foi aplicada a pena de simples abjuração.

Em 1587,o0 Visitador do Santo Ofício, António Dias Gardoso, percorreu o Priorado do Crato, onde, parece, não encontrou motivo para procedimento, visto que nenhum morador foi presente aos autos de fé nesse ano.

Mais tarde, em 1709, Joseph Rodrigues, natural de Manteigas, tintureiro, descendente de judeus, morava em Carnapete, da freguesia da Sertã, quando foi acusado de blasfêmias e de pacto presumido com o demónio, pelo que foi condenado a açoutes e 5 anos de galés (auto de fé de 10 de Março do referido ano) e novamente julgado em 1717 por blasfêmias e por ter quebrado o cárcere.

Em 25 de Julho de 1728 Maria da, Trindade, natural da Sertã, casada com Estêvão Rodrigues, tambor do Regimento de Castelo de Vide, onde moravam, sofreu a condenação de dois anos de destêrro para fora do concelho referido, por motivo de fazer curas supersticiosas e ter pacto com o demónio.

António de Faria, lavrador, natural e morador na Várzea dos Cavaleiros, acusado também de fazer curas supersticiosas e ter pacto com o demónio, a quem reconhecia a adoração por Deus, foi condenado a cárcere e habito perpétuo, carocha com rótulo de feiticeiro, açoutes, três anos para as galés e a não entrar mais na freguesia.’

Entre as vitimas da Inquisição, naturais ou moradores no Concelho da Sertã, apenas apurei as que acima ficam descritas, sendo provável que haja mais algumas.

As vilas de Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei deram também fracos contingentes para o bárbaro e vergonhoso tribunal, ao contrário de outras do nosso Distrito, como a Covilhã e Fundão, donde eram naturais muitos milhares de réus. Ás vilas de Monforte, Monsanto, Idanha-a Nova e Castelo Branco também pertenciam muitas centenas de acusados.

P: António Lourenço Farinha
(De «A Sertã e o seu Concelho»)

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A MARGEM DA GUERRA

Os barcos silados aproximam-se da praia italiana de Salerno para descarregar as cargas que constam do equipamento e tropas do 5.º Exército.

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Associação dos Bombeiros Voluntários da Sertã

Continuamos a publicar hoje a lista das pessoas que corresponderam ao apêlo desta associação para a compra dum Auto-Maca destinado ao seu corpo de bombeiros:

                                         Transporte Esc. 697$50

José Pires Rezendo, 20$00; Francisco Pedro,20$00; Domingues Roque Laia, 20$00; António Fernandes, 20$00; Aurélio Antunes Barata, 20$00; Augusto Dias Lourençp, 10$00; Ezequiel Lopes Ribeiro, 50$00; José Caetano M. Leitão, 50$00; Padre António Fernandes, 20$00; Capitão José Lourenço, 50$00; José Gonçalves Ribeiro, 20$00; José Martins, 20$00; António Cristóvão Pires, 100$;José de Oliveira, 50$00; D. Júlia Martins Lopes, 50$00; Joaquim dos Santos, 100$00 e D. Guilhermina Portugal Durão, 100$00.

A transportar Soma 1417$50.

 

***********

 

O Brasão de Pedrógão Pequeno

     A título, de curiosidade reproduzimos aqui a lenda em que se baseia o brasão de Pedrógão Pequeno, estreitamente ligado ao de Pedrógão Grande, segundo uma nota contida num opúsculo monográfico editado pela Casa de Pedrógão Grande em Lisboa.

«Em Coimbra, ou Colimbriga, reinava, em tempos remotos, o rei Arunce, cuja filha, de nome Antígone Peralta, tendo vindo, um dia, de passeio, com numeroso séquito, ao sitio de Pedrógão (Pedrógão Grande), aqui ficara, alguns dias, enamorada dos encantos da terra atraiu, de diversos pontos das redondezas, numerosos mancebos, entre os quais uns, chamados Petrónios, ansiosos de contemplarem e renderem preito à régia beldade. Acenderam-se, porém, nos corações dos admiradores de Antígone, ciúmes tamanhos, que não tardou a estabelecer se, entre todos, uma verdadeira batalha, a qual terminou pela vitória dos Petrônios grandes, assim chamados os que habitavam na margem direita do Zêzere, sôbre os Petrônios pequenos, os da margem esquerda. Para premiar o valor dos vencedores, a princesa concedeu a Pedrógão Grande um brasão, constituído por uma águia, fitando, arrogantemente, o sol, no meio de dois penedos, por entre os quais corre o rio Zézere e tendo, na orla do escudo, esta inscrição:

«As armas de Pedrógão Grande diferenciam-se das de Pedrógão Pequeno, em que, nas desta ultima povoação, a águia, que nos brasões de ambas figura, não contempla o astro-rei».

 

Géneros de consumo

     A batata não pode ser exportada do nosso concelho sem que o expedidor se muna, previamente, da competente guia, que deverá ser passada pelo Grémio da Lavoura.

     —Na 5.º feira da pretérita semana não foi distribuído milho colonial aos habituais consumidores por se ter esgotado o último lote.

     — Os produtores de azeite da região encontram-se seriamente embaraçados por não saberem que destino hão-de dar ao azeite que não podem guardar, pois que só os armazenistas estão autorizados a adquirir-lo e êstes, por sua vez, já atingiram, por agora, o limite de capacidade de compra em virtude de não, possuírem mais vazilhame.

     Talvez o caso tivesse uma solução conveniente autorizando os retalhistas a adquirir o excesso de azeite aos produtores, pelo menos até os armazenistas ficarem com os armazens descongestionados.

     Consta-nos que o Grémio da Lavoura vai solicitar providências imediatas, esclarecendo às entidades superiores quanto à situação complicada de muitos lavradores por falta de vazilhame.

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Funcionalismo Municipal

     Prestou provas para o concurso de escriturário de 3.º classe do quadro privativo da Secretária da Câmara Municipal dêste concelho, no dia 19, 0 sr. Jorge Barbosa Ferreira Vidigal, único concorrente ao lugar, que obteve aprovação e foi nomeado na sessão ordinária do mesmo dia.

 


A Comarca da Sertã


 

Notas…
..a lápis

(Conclusão da 1ª pág.)

do legião, são aquêles que chegam ao último quartel da vida, inválidos, minados pela doença terrível, sem dinheiro para comprar um pão, despojados de tudo, até de um pedaço de telha vão para se furtarem às intempéries.

     Esses cortejos, canalizando, para as Misericódias, vinho, azeite, aves, cereais, legumes, matos, lenhas e dinheiro, mostram que os sentimentos caritativos ainda não se exauriram do coração da boa gente portuguesa, antes se mantém, perenes, como o encanto e o perfume das rosas, resistindo às lufadas de egoísmo que vai avassalando o mundo…

     Quando pensa a Mesa da Santa Casa da Misericórdia da Sertã realizar o seu cortejo das oferendas?

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O JORNAL «Pravda»,de Moscovo, chegou a dar curso aos boatos de paz separada entre a Inglaterra e a Alemanha.

Verdadeiramente indignado, o «Evening News», de Londres, observa :

«Que qualidade de gente julga o «Pravda» que nós somos? Julga a redação do «Pravda» e os locutores russos, que repetiram aquela historia ridícula, que Churchill é homem para trair os seus aliados depois de lutar entre abismos para a vitória? Julgam que o povo britânico pensaria tal coisa ou tolerá-la-ia, ainda que por um momento? Estamos nesta guerra há mais tempo que qualquer dos nossos aliados, com excepcão dos polacos, e mesmo aos dias mais tenebrosos nunca vacilamos ou parlamentamos. Para nós é uma luta até final e quando chegarmos ao fim estaremos presentes».

Não há duvida: quando um jornal da categoria do « Pravda», oficial ou pelo menos oficioso, faz eco de tal atoarda é porque os russos julgam os ingleses por si…  A Inglaterra, tôda gente o sabe, tem usado de extrema lialdade para os seus amigos e até mesmo para os próprios inimigos. Outro tanto não poderá dizer a Rússia; as suas atitudes mudam conforme as conveniências, confirmando que, tal e qual como o Japão, ela faz apenas a sua guerra, pouco se importando com aquêles a quem o caso colocou combatendo a seu lado!

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     ALGUNS pequenos lavradores, geralmente, apenas dispõem de milho para seu consumo durante poucos meses após a colheita. Neste sentido fizeram as suas declarações e sendo lógico que só viessem a ser beneficiados com o racionamento do produto depois de esgotada a sua produção, começam à recebê-lo, abusivamente, muito antes, com evidente prejuí­zo daquêles que, por circunstâncias diversas,  não colhem um bago…
     Parecia-nos que a C.R.C.L. devia prestar todo o cuidado ao assunto porque o racionamento de milho foi estabelecido, simplesmente, são para quem dêle precisar para seu gasto normal.

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Quere fazer melhor venda dos artigos do seu comércio e produtos da sua indústria ?

Gastando uma insignificância, pode anunciá-los na «Comarca da Sertã».

 

Manifestos estatistícos da produção de azeite

Da Junta Nacional do Azeite recebemos as informações seguintes:

Para esclarecimento dos produtores de azeite, e afim de que não subsistam dúvidas que lhes podem acarretar consequências graves, leva se ao seu conhecimento o seguinte :

1º_O preenchimento das cédulas ou conhecimentos de fabrico e o seu envio para as Delegações distritais de Junta, nos termos da portaria n.º 10.527 de 9 de Novembro de 1943, não desobriga os donos da exploração dos lagares do cumprimento do disposto no art.º 38.º do decreto n.º 31.445 de 4 d Agosto de 1941 no que se refere à obrigatoriedade do preenchimento do Livro de Registo Diário do Trabalho do Lagar. E também obrigatório o envio para a séde da Junta, do manifesto estatístico a que se refere o art.º 4.º do decreto n.º 31,621 de 7 de Novembro de 1941, em conformidade com o preceituado no Edital datado de 27 de Novembro do ano findo, intitulado «Manifesto Estatí­stico da Produção de Azeite».

2º_Os donos da exploração dos lagares, mesmo que não sejam olivicultores, são havidos como produtores de azeite nos termos do n.º1.º da portaria n.º 10,291 de 16 de Dezembro de 1942, seja qual fór a proveniência dêsse azeite (maquias, compra ou troca de azeitona, azeitona própria, etc.)

3º_As explorações agrícolas ou de lagares de azeite em nome colectivo, mesmo que não sejam de Sociedades legalmente constituí­das, serão, para o efeito do cálculo de reserva requisitadas pela Junta Nacional do Azeite, de harmonia com o disposto na alínea a) do n.º 2.º da portaria n.º 10.527, considerada como unidades produtoras indivisíveis, e como tais responsáveis perante a Junta pela entrega da terça parte da sua produção global, depois de deduzidas as quantidades necessárias para consumo próprio e das casas agrícolas.

4º_Mais uma vez se esclarece que serão punidos em conformidade com o disposto no art.º 15.º da portaria n.º 10.527, os produtores de azeite que para se eximirem à obrigatoriedade da entrega da reserva requisitada pela Junta Nacional do Azeite dividam simuladamente a sua produção por outras pessoas tais como parentes, rendeiros, etc.

5º_Os lagares ou outras entidades que colaborem ou tenham conhecimento de falsas declarações tendentes a iludir as normas legais serão considerados coniventes e portanto solidáriamente responsáveis nos têrmos da portaria acima citada.

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ANTIGUIDADES

     Pessoa a chegar, dentro em breve, a esta Vila, compra cadeiras, secretárias, cómodas, papeleiras, mesmo em mau estado, louças, vidros, cristais, pingentes, pinturas a óleo, relógios e máquinas de relógios escangalhados, talha em madeira e portas com talha, oratórios e santos, etc., etc., etc.

Resposta, em carta, a esta Redacção, informando aonde se podem ver quaisquer objectos antigos, dentro ou fora do concelho da Sertã.

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Para a cultura ética é insuficiente a razão

(conclusão da 1.ª página)

cos mais seguros para a recta formação das almas, o melhor caminho de paz individual e de união entre todos.

Os maiores pensadores proclamam a necessidade da, divinização da vida. Carlyle assim depõe: Está actualmente por efectuar uma grande obra -está iniciada, progride lentamente e será dificil conseguir detê-la e é, nada menos, que o restabelecimento de Deus e de tudo quanto tinha carácter divino nas tradições e na história da Humanidade, tudo isto olvidado durante séculos de decadência.

Não passarã, na verdade, de arremêdo educativo de falência certa todos os ensaios, respeitantes ao ateísmo, com que se esperimente substituir a Fé na formação do carácter, por maior que seja o engenho de quem os concebeu e mestria de quem os execute.

Se a nossa Escola, por apatia ou hostilidade disfarçada, não concorrem na orientação moral dos pequenitos, para o despertar e arreigar da crença, do amor e temor de Deus, das virtudes de obediência, do amor ao póximo, como de todos os atributos de dignidade, de zélo e perfeição no trabalho, uma multidão de pequenos bárbaros no dizer de Pinot, continuará a crescer, aumentando sempre a desagregação eo mal estar social e abrindo caminho para a mais medonha anarquia. Retomemos, pois, a tradição religiosa dos nossos avós, voltemos à fonte copiosa e perene do sentimento cristão que fará reflorir, em pureza de vida, como o rócio cristalina revigora as plantas murchas pelo sol do estio, as almas em botão dos pequenitos já batidas pelo tufão do paganismo dissolvente. Não se nos oferece melhor garantia de cultura ética. O nosso trabalho nunca será tão fácil nem tão frutuoso, como quando neste sentido o orientamos.

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Imprensa

     Festejando o VIII aniversário da sua fundação, publicou, no dia 1.º do corrente, um magnifico número de 46 páginas, o nosso prezado colega «O Castanheirense», da risonha e próspera vila de Castanheira de Pera. Com esplêndida colaboração e profusamente ilustrado, o número referido honra a sua Redacção e as Oficinas Gráficas da Ribeira de Pera, onde é composto e impresso.

Ao seu director, sr. Adriano José Sebastião Coelho, apresentamos as nossas felicitações, com votos de longa vida para o importante paladino do grande centro industrial.

_ Entrou no: XII ano de publicação o semanário pedagógico «O Educador», de Lisboa, um dos mais importantes do seu género, sempre, de óptima colaboração, que interessa não só à classe do Professorado Primário mas todos os que dedicam algum amor ao ensino e educação da juventude.

As nossas felicitações.

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Dr. Acácio Barata Lima

     Encontra-se gravemente doente o sr. dr. Acácio Barata Lima, médico municipal e Delegado de Saúde do vizinho concelho de Oleiros. O seu estado motivou tais apreensões que os Seus colegas, drs. Vidigal e Lucas, da Sertã, e Ilharco de Moura, do Roqueiro, foram de opinião que o dr. Barata Lima devia retirar de Oleiros para Coimbra, o que de facto sucedeu na 5.ª feira da semana passada, sendo internado nos hospitais da Universidade e entregue, especialmente, aos cuidados clínicos do dr. João Pórto.

Os amigos do enférmo, que muitos são, tanto em Oleiros como na Sertã, acompanham a marcha da doença com desvelado interêsse e fazem os mais sinceros votos pelas suas melhoras.

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Doentes

     Têm estado doentes as sr. D. Maria da Céu de Matos Queirós e Melo, esposa do sr. dr. Gualdim A. de Queirós e Melo, de Sernache do Bomjardim, e a sr. D. Cecilia da Conceição Ribeiro, desta vila, mãi do sr. Ezequiel Lopes Ribeiro, comerciante em Proença-a-Nova.

Desejamos, muito sinceramente, o restabelecimento das enférmas.

AGENDA

     Estiveram: nos Calvos, com sua esposa, o sr. Albano Antunes Costa; na Codeceira, com sua esposa e filho, o sr. José Vicente Nunes, de Lisboa.

     _Encontram se: no Venestal, o sr. José Manso; em Pedrógão Pequeno, com sua esposa, o sr. João Baptista da Silva, de Lisboa; no Figueiredo, o sr. Luiz Dias Alves, de Venda SêcaBelas.

     _De Lisboa regressou a Pedrógão Pequeno, com sua esposa o sr. dr. Domingos António Lopes.

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Instrução

     _Para dirigir o lugar masculino da sede do concelho, vago durante algumas semanas por se encontrar doente a professora sr.ª D. Virginia Baptista Manso, foi nomeado o professor sr. Joaquim Carlos Amaro Barata, que já entrou no exercicio das suas funções,

      _Continuam a concurso as escolas mixtas do Sobral (Oleiros) e Cumiada (Sertã).

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A iluminação eléctrica na Sertã

Na sua interessante secção «Revista de Imprensa», o «Diário Popular» de 20 do corrente diz: «A Comarca da Sertã» levanta nas suas colunas um justo e indignado protesto contra o facto daquela importante vila só ter luz até às o horas.» Seguidamente, transcreve os sub titulos do Editorial «Interêsses locais», publicado no n.º 373, que preconiza a alteração do regime de abastecimento de luz eléctrica à  vila da Sertã.
Agradecemos.

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Anedota

Contava-se dum senador francês, Manuel Renaud, esta curiosa anedota!

Um dia alugou três quartos de um hotel e pagou adiantadamente 300 francos. O dono do hotel preguntou-lhe se queria recibo e o senador respondeu:

_Não. Deus nos vê e sabe que paguei.

_O sr. ainda crê em Deus? _preguntou o hoteleiro.

_Certamente; e o senhor ?

_Eu não.

_Nesse caso _concluiu Renaud_ faça favor de me passar o recibo.

 

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Necrologia
José Manuel

     Faleceu na Ilha de S. Tomé (Africa Ocidental), onde há anos se encontrava. como empregado da Roça Novo Brasil, o sr. José Manuel, de 63 anos, natural do Fojo (Troviscal), casado com a sr.ª D. Júlia José Ribeiro, residente nesta vila, pai dos srs. Mário José Ribeiro, furriel do 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria 19, actualmente na Ribeira Brava (Madeira), D. Francelina José Ribeiro, José Ribeiro, Abílio, Aníbal e Amadeu José Ribeiro, também aqui residentes.

A tôda a famí­lia enlutada apresentamos as nossas sentidas condolências.

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Feriado Nacional

     Na próxima 2.ª feira, 31, é o feriado nacional dedicado aos Percursores e Mártires da República.

     Por tal motivo estão encerradas tôdas as repartições públicas.

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Caça

     Foi alterada para 31 do corrente a data do encerramento da caça às espécies indigenas, nos distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Beja, Evora e Faro e aos concelhos do sul do Tejo pertencentes ao distrito de Santarém.

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Casa dos Magistrados

     Pelo Fundo de Desemprêgo foi concedida a comparticipação de 27.069$00, como refôrço, à Câmara Municipal da Sertã, para construção do edifício destinado a residências dos magistrados judiciais da comarca.

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Os Amigos  da «Comarca»

     Tiveram a amabilidade de nos enviar listas com nomes de novos assinantes os nossos amigos srs. José Cardoso, João Farinha de Figueiredo e Artur Farinha da Silva, de Lisboa e Adrião Farinha, das Minas da Panasqueira.

Muito reconhecidos, agradecemos.

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     Todo o bom sertanense amigo da sua terra assina êste jornal.