A Comarca da Sertã nº375 22-01-1944

A COMARCA DA SERTÃ

 

ANO VIII    N.º 375                     22 JANEIRO 1944

 

FUNDADORES

— Dr. José Carlos Ehrhardt –  Dr. Ângelo Henriques Vidigal – Antônio Barata e Silva – Dr. José Barata Corrêa e Silva – Eduardo Barata da Silva Corrêa

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO
Eduardo Barata da Silva Correia

REDAÇÂO E ADMINISTRAÇÃO “RUA SERPA: PINTO – SERTÃ E PUBLICA-SE AOS SABADOS

| Composto e impresso nas Oficinas Gráficas da Ribeira de Pera, Limitada :  Castanheira Pera Telefo e 16

 

hebdomadário regionalista independente, defensor dos Interesses da comarca da Sertã : concelhos de Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova & Vila de Rei; e freguesias de Amêndoa e Cardigos (do concelho de Mação) —

 

Notas…

«CORRIDA a canícula, Outubro vinha à baila com tempo de feição. O cálido mistral cedera o passo à doce nortada que refresca a pele encalida e perpassa na folhagem com brando sussurro. Já os caminhos madrugavam tapetados de folhas moribundas e os campos assumiam os rosados tons do Outono.

Em forros e arcazes dormiam agora as estivais colheitas, o belo pão de Deus, alquimbre e ouro, a batota seródia, tão escorreita, e 0 legume variegado, saboroso e forte. E o homem esforçado, de novo fecundara a terra avoenga coufiando-lhe a tronchuda, bem estrumada, pois mais vale prevenir que remediar e as chãs andam fartinhas de amanho.
Um prazenteiro sol aloirava os cachos das latadas, e à porta das adegas começara a lufa-lufa E enxofrar os pipos, bater as aduelas e remendar os cestos vindimeiros. Não tardaria que o mosto fumegante, puríssimo melaço, corresse em cataratas das tocas lagaretas e fosse atafulhar o bojo dos tonéis.

Lindos dias êsses, quando o sol já mal queima as frontes descobertas, antes põe nos raios carícias maternais e brinca nas cabeças fulvas dos catraios como borboleta roça as asas nas pétalas das rosas.
Cuidado, porém, com o frescor traiçoeiro das noites que nos rócios das flores moribundas ocultam germes de outoniços males. Estes, hospedados nos corpos com bagagem de febres, só despedem por vezes depois de fanorem viço aos sofrentes». E

Vergílio Godinho (De «Calcanhar do Mundo» ).

**********

POR ter saído cheia de asneiras tipográficas, novamente se publica a ante-penúltima «nota a lápis», publicada na 1º coluna da 4.º página do número anterior. E se bem que o espaço nos seja precioso, não podemos deixar de a inserir de novo, na integra, porque há erros que nos deixaram aturdidos de todo! O que nos admira é que o revisor os tivesse deixado passar.

«Com que então podemos dar como certa a representação duma revista de costumes locais para festejar a reabertura do nosso Cine-Teatro ?

“E verdade. Já o dr. Ângelo Vidigal começou a alinhavá-la e, por certo, será obra de truz, engraçada e cheia de vivacidade, em que ele porá todo o seu esmero, aptidão e experiência, salpicada da graça, do cómico e do ridículo que não magoam nem ofendem, a casar-se com a índole do meio. Escusado será dizer que outros elementos colaborarão na revista.

Deitaram-se as vistas para os possíveis intérpretes, concluindo-

 

 

Quando terá a Comarca da Sertã uma casa regional em Lisboa?

“ POR  João Farinha Figueiredo

Eu posso lá calcular quanto comporta o efectivo da colónia Sertanense em Lisboa?

Por tôda a parte se encontram elementos dispersos que de nariz no ar, procuram alguma coisa. Nem êles talvez saibam o quê!..

E uma ância que por vezes se transforma em aflição; como alguem que se procura a si próprio sem ter possibilidades de se encontrar. E” qualquer coisa que impede por vezes a alegria de viver.

Não basta o encanto poético do Tejo, com tôdas as ninfas camoneanas, Não bastam tantas outras paisagens surpreendentes que se disfrutam por todos os cantos. Não basta o teatro, o cinema e tantos outros divertimentos. Não basta o encantador sorriso duma mulher bonita, com o agradecimento a um lindo madrigal, no Chiado, às 5 horas.

Falta mais alguma coisa que intimamente nos console, fazendo destacar em nós como que uma falta de satisfação causada pela saudade. Qando se encontra alguém da Sertã, o que felizmente é frequente, essa satisfação aparece. Fala-se na terra nos nossos, criticam-se e levantam se projectos que, infelizmente, não passam de palavras, visto não haver um ponto de reunião. O Sertanense é refractário à frequência do café, salvo raras excepções. O mesmo não se dá com os naturais do Minho, Traz-os-Montes e Alentejo, etc… São associáveis, cativantes e, por vezes, dignos da admiração pela maneira como êles falam da sua terra e dos seus.

Há dias fui convidado para um passeio por um amigo natural de Viana do Castelo. Brioso académico da Faculdade de Direito, rapaz alegre nos seus 25 anos, de posse de certa jovialidade muito semelhante à do melro do nosso querido Junqueiro, com uma pontinha de fina ironia, influenciada, com certeza, da sua manifestada admiração pelos escritos do nosso Eça. Depois de chegarmos a acôrdo em certos princípios não especificados nos Códigos Civil e Comercial, achámos por bem dar por finda a calorosa discussão, convidando eu, o meu amigo, a ir tomar um café.

Foi um caso sério!. – Eu reclamava o Portugal como café elegante, onde s: junta a fina flor da mocidade, onde as mulheres sorriem com mais franqueza e onde parecem enganarem menos! O meu amigo reclamava o Nacional, alegando razões diversas. Para terminar a discussão, atirámos a clássica moeda ao ar, em pleno Rossio !
Venceu o meu amigo e aí vou eu, resmungando, vencido, para o Nacional, supondo ter de passar umas horas aborrecidas no meio de gente da época medieval, onde impera o estafado estilo palaciano com Vossa Excelência para aqui e Doutor para acolá, certamente nada simpático como o vulgaríssimo Zh pá!… tão bem aceite pelos meninos e meninas da boa sociedade que saltam o eixo! Prefiro o senhor de entrada e o tu de saída.

A orquestra saúda a entrada com qualquer coisa a que não liguei importância. Sentámo-nos ao acaso, junto duma mesa, para tomarmos o café. Depois de farta conversação, preparáva-nos para sair quando o meu amigo cumprimenta um oficial de Marinha, que se juntou a nós. O meu amigo apresenta-mo e passamos à carga, recebendo eu um pouco de apoio do recêm-chegado. Após uma reconciliação, chega outro amigo do meu amigo, depois outro e ainda outro, sucedem-se as apresentações com novos elementos que constantemente engrossam o nosso grupo, vindo eu a contar na nossa minúscula mesa nada menos de 18 amigos!

Verifiquei que se não falava ali dos aborrecidos princípios de carácter didático, nada de oratória, mas de pequenas narrativas impregnadas do perfume sádio das suas regiões. Ali falava-se da prima, da Francisquinha da Fonte, da filha do Doutor, de casamentos. de pequenos escandalozinhos, da mocidade das suas regiões. Comentava se, quasi linha por linha, parágrafo por parágrafo, o «Diário do Minho», etc. ete.. .

Ali imperava a terra que lhes serviu de berço. Ali, a saudade do ninho, embora frio pela ausência, mas sempre o ninho querido. –

Leitores da «Comarca»! Ali falava-se do auxílio ao desprotegido da terra, da recomendação que se podia angariar para A e para B., da protecção àqueles que necessitam de assistência, etc.

Confesso que me sentiria deslocado se não fôssem os conhecimentos que possuo das regiões em questão, Mas uma revolução íntima me dilacerava a alma ! Nada se dizia da nossa santa terra, onde há encantadoras ribeiras, onde os rouxinois se degladiam nos seus maviosos cânticos! Onde há um  adro onde os melros se misturam com os papas-figos! Onde há alegros Marias! Onde há casamentos ! Onde há escandalozinhos ! Onde há de tudo sempre novo, que alegra a alma e notabiliza o espírito !

Mas quê !… Não tem em Lisboa, como aquelas províncias, uma casa regionalista onde se tale dos seus encantos, das suas belezas, das sua máguas e das suas tristezas!…

A colónia Sertanense, muito mais numerosa que a de certas regiões do Minho e doutros pontos, tem as suas necessidades e pode prestar o seu auxílio.

Eu também: poderia dizer ao Doutor que A e B necessitavam da sua presença.

As terra, A terra…

A Sertã de Sertório e de Celinda quando terá ela a sua casa regional em Lisboa ?

Novembro — 1943.

 

… a lápis 

se que abundam os masculinos e quanto aos femininos, com um . pouco de paciência e jeito, sempre se arranjarão actrizes é girls de valor, figurinhas de bom contôrno, palminhos de cara, de voz e dicção sofríveis.

Quanto à parte musical e coral não faltam óptimos colaboradores, que hão de pôr à prova todos os seus recursos.

Vai a Sertã entrar numa nova fase para quebrar a monotonia em que temos vivido, e ainda bem.»

**********

CONSUMADA a execução de Verosa, laconicamente citada pelas agências telegráficas— duas linhas frias, insensíveis e descoloridas—a nosso espirito sentiu-se acabrunhado, perpassando, nele, mais um acto- este bem doloroso e impressionante—da tragédia horrível em que vive a Itália—a grande nação latina —, que principiou no dia em que se lançou na guerra, sonhando com a glória, a grandeza e o imperialismo dominador à maneira dos Césares…

Pobre pais que se embriagou com as grandes conquistas, deixando-se arrastar pela miragem duma vitória fácil. A sua insensata megalomania não deixou ver que tudo lhe faltava para tamanha tarefa, desde o pulso rijo a força moral que não enfraquece nem desfalece nas horas amargas da luta ou perante os maiores sofrimentos e angústias.

A ambição paga-se por elevado preço, em sangue, lágrimas, dores e renúncia a todas as aspirações da alma humana, mesmo àquelas que constituem o mínimo a tornar a vida digna de ser vivida.

Ciano, De Bono,.. mártires da tragédia espantosa que se abateu sobre o infeliz povo italiano com um fragor que, fazendo tremer os próprios alicerces da nação, sepultou, para sempre, nos escombros, as esperanças de grandeza e tornou útil o heroísmo e sacrifícios de vidas em holocausto a uma missão histórica assente em falsos conceitos.

**********

HÁ muita gente na Sertã que entende dever continuar a fazer montureira nas ruas, deitando no pavimento os estrumes mal cheirosos das possilgas e cavalariças, quando um elementar respeito pelos transeúntes e a higiene pública lhes impõe o dever de lançar os estrumes directamente das lojas ou quintais para os veículos que os hão de transportar.

Não custava nada fazer isto, mas a gente habituada à porcaria tem sempre relutância em ser asseado ou mesmo… parecer!

(Continua na 4. pagina)


A Comarca da Sertã


 

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A Comarca da Sertã


Através da Comarca 

                    ORVALHO, 20

     Dia de festa e de alegria, de homenagem e consagração ao trabalho e a virtude. Dia que marca uma data memorável na vida religiosa desta povoação, em que o seu digno e zeloso Pastor festejou o quadragéssimo aniversário da sua ordenação sacerdotal.

     O sr. Pe. Tomaz de Aquino Vaz Azevedo deve ter sentido uma verdadeira alegria espiritual ao constatar que os seus queridos paroquianos acorreram em grande número a manifestar-lhe a sua amizade, respeito e veneração e ao mesmo tempo a dirigirem ao Senhor fervorosas preces, pedindo para ele a graça duma dilatada vida para que continue a ser o guia seguro de suas almas.

     40 anos reatados inteiramente ao serviço da Igreja! Que lição magnifica e que belo exemplo a seguir por todos nós!

     Mas não foram sòmente os seus paroquianos que quiseram tomar parte em festa tão simpática como justa.

    Assim os seus colegas no sacerdócio das freguesias vizinhas, vieram dar-lhe o amplexo da amizade e da fraternidade. Foram èles: Reverendos P.es Luciano Pereira de Carvalho, pároco do Cabril, que também representava o Ex.”º Arcipreste no Concelho da Pampilhosa da Serra que não pôde comparecer por motivo de festa na sua freguesia nesse dia; Joaquim da Graça Grave, pároco de Cambas; Manuel da Silva, pároco de Janeiro de Baixo; Manuel de Matos Roldão, pároco do Souto de Abrantes, e P.e António Martins dom Rosário, pároco de Almaceda. O P.e António Manuel, pároco do Estreito não com pareceu por falta de saúde. O Rev. P.e José Dias Carvalheira, pároco de três freguesias vizinhas, ficou muito penalizado por não lhe ser possível comparecer em virtude de serviço inadiável, mas suscitou portador com carta.

     De Coimbra veio propositadamente o Senhor Dr. Henrique Ruas e do Souto da Casa, seu irmão Sr. João Vaz de Azevedo.

    A festa constou do seguinte: Cérca das 9 horas da manhã aquêles sacerdotes celebraram missa segundo intenção do Rev. P. Tomaz. Abeiraram-se da Sagrada Mesa tôdas as crianças das escolas, com os seus professores, e inúmeras pessoas, algumas centenas.

     Cérca do meio-dia começou a missa solene, celebrada pelo Rev. pároco e acolitado pelos párocos de Cambas e de Almaceda. A parte coral foi executada primorosamente pelos párocos do Cabril e Janeiro de Baixo. Depois do” Eoangelho dirigiu-se ao púlpito o Rev. P.e Luciano, onde dissertou- largamente e com raro brilho sôbre a dignidade e missão do sacerdócio para, num rasgo de verdadeira oratória a aplicar ao Rev. P.e Tomaz. No final da missa cantou-se um solene Te. Deum. Findo êste, procedeu-se, na sacristia, ao descerramento duma fotografia, homenagem levada a efeito por um grupo de paroquianos e admiradores do homenageado.

     A seguir publicamos as palavras proferidas nesse momento pelo professor da freguesia o sr. João Cardoso Vaz de Azevedo.

     Como oferta do Rev. pároco foram depois distribuidos bolos a tôdas crianças presentes; findo o que, se organizou um cortejo que se dirigiu à residência do.sr. P.e Tomaz, erguendo-se, muitos vivas êste, à Santa Igreja, ao Santo Padre e ao Clero.

     Seguiu-se na sua casa um lauto banquete no qual tomaram parte as pessoas já mencionadas e mais pessoas de família, que decorreu em franca alegria. Aos brindes, todos os presentes dirigiram ao sr. P.e Tomaz palavras de admiração e estima, que por certo calaram  profundamente no seu coração, como o confirmaram as suas palavras de agradecimento.

     Nesta festa comemoraram-se dois aniversários: 40 anos de vida secerdotal e 66 anos de idade. E assim terminaram as festas tão simpáticas que, por muito tempo, será recordada por todos que nela tomaram parte.

          Meus Senhores:

     Permiti-me apenas duas palavras como explicação do motivo porque nos encontramos reúnidos neste lugar tão sagrado, neste templo do Senhor.

     Certamente que só uma razão muito especial nos levaria a tal.

     Sinto imenso a falta de pujança oratória dum Padre António Vieira, dum Demostenes, etc., capaz de exaltar em rasgos de portentosa eloquência o momento presente.

     Somente possuo a palavra simples do professor habituado a lidar diariamente com criancinhas, que dispensam burilados discursos.

     Senhores: Os habitantes desta encantadora terra da Beira não podiam de forma alguma ficar indiferentes à data que hoje se comemora, em que um dos seus filhos predilectos está em festa.

     E não podiam ficar indiferentes, nem com essa acção deixarem de ser ingratos, ao reconhecimento e à gratidão por tudo quantos fez o Sr. P.e Tomaz de Aquino Vaz de Azevedo constitue para todos nós um verdadeiro e digno exemplo de trabalho e de sacrifício ao serviço de Deus e da Pátria. Como sacerdote, durante 40 longos anos de apostolado, quantas lágrimas não enchugou, quantos corações amargurados não confortou, quantas dores e tristezas não mitigou, e quantas almas, sem a sua mão protectora, talvez perdidas para a glória eterna, não terá conduzido com o seu exemplo e palavra a bom porto de salvação.

     Quantos actos heroicos realizados debaixo da sua simplicidade” e humildade ficarão para nós ignorados até ao dia em que Deus os fará refulgir, quais astros luminosos da sua vida de sacerdote, como sua justa recompensa?

     Mas, Senhores, os factos são mais consequentes e atestam-no melhor do que as palavras. Lâncemos os olhos atentamente em volta de nós. Que vemos? Uma obra tão vasta, tão gigantesca, que a sua realização parece um verdadeiro milagre. E a culminá-la encontra-se êste templo de magnificência, grandeza e esfôrço.

     Que nos diz êle? Que encerra as canceiras, mares e lutas duma alma votada ao serviço de Deus, seu único pensamento constante.

     E é por isso que o Sr. P.e Tomaz. de Aquino Vaz de Azevedo pode dizer com razão ao findarem 40 anos de sacerdócio: Combati a bom combater, venci e por isso sinto-me satisfeito.

     Não foi só no campo reliígioso que a sua acção se fez sentir.

     Descrevê la no campo social seria impossivel, tal a sua vastidão.

     Para qualquer lado que nos viremos, sentimos a sua influência e actividade.

     Neste dia de verdadeira alegria para o seu coração, nós, as suas avelhas, não podiamos deixar de a ela nos associarmos. Um grupo de paroquianos interpretando o sentir de todos os Orvalhenses querem, duma forma bem simples, homenagear aquêle que para todos êles tem sido um verdadeiro guia, um Pai espiritual, que pelos seus filhos tanto se tem sacrificado.

     A sua imagem, numa das dependências dêste templo magnifico, a cuja construção dedicou as melhores areas da sua vida sacerdotal, vincará aos vindouros o nosso eterno reconhecimento.

     Estou certo que o Sr. P.e Tomaz de Aquino Vaz de Azevedo, apesar da sua grande humildade, não deixaria de aceitar esta pequenina e singela homenagem a interpretá-la á como- prova dos votos sinceros que dirigimos a Deus para que lhe conceda dilatados anos devida e que continue a ser o fiel piloto das nossas almas.

     Para terminar peço a todos os presentes que me acompanhem numa viva ao Sr. P.e Tomaz de Aquino Vaz de Azevedo

×

OUTEIRO da LAGOA, 2

                     (SERTÃ)

 Mais um ano foi comemorado nas escolas a data gloriosa do 1.º de Dezembro. Visitantes ilustres como sua Rev. Cónego de Miranda, Tomaz Mendes, António Barata e outras individualidades, se dignaram assistir a esta comemoração. Os professores mais uma vez honraram e cumpriram o seu lugar. No dia 14 o dia da Mái fai igualmente festejado em sessão solene.

     As crianças prendaram as suas mais e os ilustres professores mais uma sublime lição ofertaram a tôda a assistência.

     Veio o Natal o com ele a realização dos presépios feita em casa dos alunos e particulares, ideia esta do Professor Caires, que foi gostosamente levada a efeito por muitas pessoas.

     Dentro daquelas que fizeram em sua casa o presépio contam-se as seguintes pessoas: Maria da Glória, Possidónio-Costa, António Ferreira, António Pires da Costa, António A. Costa e António Dias Morgado, nos Calvos; António Trempes, José Lucas, Constantino Maria, Francisco Simplício, Ernesto de Oliveira, David Costa, José A. Costa, no Outeiro; José Ferreira dos Santos, José Lopes, na Gordinheira; Joaquim Nunes de Silva, Maria Grulha, Clementina da Piedade, José da Silva Ribeiro e Prof. Eduardo A. Caires, na Portela; Joaquim Costa, José André, Antônio Cardoso e António André, no Olival, além de muitas crianças que os construiram também.

     Foi estabelecido um prémio aos dois melhores presépios. Foram classificados pelo sr. Padre Alfredo Lima e Prof. Caires os alunos Adelino Ferreira, dos Calvos e Antônio Domingos da Silva, da Portela.

     Além dêstes presépios é digno de menção os de Manuela Rita e Maria André que se encontravam: bem ornamentados e com gôsto e arte.

     Os presépios dos alunos foram construídos pelas suas próprias mãos quere na modelagem do barro cujas figuras ornamentavam a lapinha, quere na disposição por êles dada quando os fizeram.

     Todos os presépios foram visitados por êstes dois senhores, além de muito povo, e ficaram satisfeitos pela bela iniciativa que  há-de possivelmente deixar raizes para grandes e futuras realizações.

    Bem haja gente que assim sabe honrar e acatar a voz daquêles que os encaminha nesta estrada da vida pelo caminho do Bem.

    Parabens a todos e mais uma vez o Outeiro continua em festa em todos os corações. —C.

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Traços monográficos

CONCELHO E FREGUESIA
DE PROENÇA-A-NOVA

 

     O concelho de -Proença-a-Nova pertence ao distrito administrativo de Castelo Branco, (pela extinção do Infantado ficou pertencendo ao distrito de Santarém, passando em novembro de 1835 ao de C. Branco), comarca da Sertã é diocese de Portalegre. Confina com os concelhos de C. Branco, Vila Velha do Rodão, Mação, Vila de Rei, Sertã e Oleiro. Há quem opine que é de origem anterior à época da dominação romana; mas só se consegue precisar esta época na sua antiguidade, porque os municípios são de instituição romana.

     Tem por limites: a Serra de Paio Martinho (contraforte do Cabeço Rainho) até a Mó e as ribeiras do Alvito e Ocreza até quilômetros da sua foz e dali ao Zimbral pelo atalho do Mouro até à ribeira da Pracana que segue, e depois pela ribeira de Meijão Frio até à ribeira da Isna e por esta até à foz do Brego.

     Foi primitivamente constituída só pela freguesia do mesmo nome até à sua desmembração ocorrida em 1554 pela criação da freguesia de S. Pedro do Esteval e um pouco mais tarde pela do Pedral. Em 1837 Cardigos e Sobreira, pela extinção daqueles concelhos, pertenceram a Proença, porque em 2-4-37 foi eleito pela Câmara déste concelho escrivão do juiz de Sobreira José Ribeiro Boim e em 23-8-37 foi lavrado o respectivo termo de fiança, assim como ali foram prestar juramento os membros das Juntas da Paróquia das referidas freguesias. Creio, porém, que no ano seguinte já ali não pertenciam. Parece que só em 1837 se começaram a fazer os orçamentos das câmaras.

     Neste caso e devido às muitas despesas foram vendidos 4 faqueiros de prata que a Câmara tinha.

     Em 1838 foram-lhe tiradas as povoações de Cimada e Montinho das Cimadas que passaram a pertencer a Vila de Rei. Tendo porém os habitantes destas povoações reclamado: em 27-12-38 contra tal facto, não só pela distância a que está Vila de Rei mas também pelas ribeiras que tinham de atravessar, foram atendidos.

     Em 1855 foi-lhe anexada a freguesia de Sobreira Formosa pela extinção dêste concelho, tendo sido a sua última sessão em 19-9-55.

P. Manuel Alves Catharino (Da «Monografia» do concelho de Proença-a-Nova ).

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Engenheiro Joaquim Barata Correia

     Na lista das classificações do concurso para engenheiros de 1.º classe do quadro permanente da Junta Autonoma das Estradas, foi classificado em primeiro logar o nosso querido amigo e estimado patrício engenheiro Joaquim Barata Corrêa, director de estradas do distrito de Faro, a quem, por tal motivo, endereçamos as nossas sinceras felicitações.

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Assassinada a golpes de machado

     No dia 10 do corrente, no logar da Sarzedinha, freguesia e concelho de Proença-a-Nova, Miguel Farilha, de 45 anos, proprietário, assassinou a golpes de machado, sua mulher, alegando, para tal, o seu mau porte e de ter falado a uma testemunha para vir depor falsamente contra êle num processo crime que corre nesta comarca, em que é arguido.

O assassino veio algemado de Proença-a-Nova no dia imediato, dando entrada na cadeia.

 

Ornitologia

     O sr. João Crisóstomo Gonçalves Manso, de Proença-a-Nova, enviou ao sr. dr. Carlos Martins, da Sertã, que, por sua vez, teve a amabilidade de no-la mandar entregar, a anilha prêsa à perna dum pisco, apanhado, em aboiz, por um pequeno, de nome Carlos Delgado, filho de Sebastião Delgado, do Casalinho, de Proença-a-Nova.

     A anilha, de alumínio, tem a inscrição «Vogelwarte-Helgotand-0280622» e vamos remetê-la ao sr. Cônsul da Alemanha, em Lisboa, visto a ilha de Helgoland, no mar do Norte, onde existe uma estação ornitológica, pertencer aquêle país.

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Correspondências

     Aos nossos estimados Correspondentes e às pessoas que, o não sendo, têm a amabilídade de enviar, uma ou outra vêz, correspondências das suas terras e freguesias para publicar, pedimos favor de simplificarem ao máximo o relato dos factos acontecimentos que se vão dando e sobretudo as notícias de carácter pessoal, pois que doutro modo, ficam excluidas de preferência de inserção dada, habitualmente e sem excepção, a tôdas as correspondências, tendo de aguardar a oportunidade condicionada às produções cuja publicidade não é reconhecida, como urgente.
     As grandes descrições de qualquer facto podem ser enviadas a esta; Redacção, sim, mas não a título de correspondência.

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Casamento

     No dia 4 do corrente efectuou-se, na Várzea dos Cavaleiros, o casamento do sr. Aníbal Fernandes, comerciante em Proença-a-Nova, e da menina Maria Celeste Nunes, filha do sr. José Nunes, da Várzea dos Cavaleiros, sendo padrinhos, respectivamente, o sr. José Fernandes Caseiro e a sr.ª D. Irene da Conceição Sequeira, de Proença-a-Nova e o sr. António Lopes, de Vila Bocage (Africa Oriental), acidentalmente na metrópole e a sr.ª D. Maria de Jesus Marçal do Monte Fundeiro (Ermida).

Aos noivos, que ficam a residir em Proença-a-Nova, desejamos tôdas as felicidades.

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Nascimento

     Deu à luz uma menina, no dia 13 do corrente, a sr.ª D. Adelina Nunes, espôsa do nosso amigo sr. José Pedro Nunes, proprietário, do Outeiro da Lagoa (Sertã).

Mãe e filho estão bem,

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Transcrição

     «O Educador», de Lisboa, transcereveu a poesia intitulada «O cão», que publicamos no n.º 364, da autoria do nosso prezado colaborador Néor X.

Agradecemos.

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ANTIGUIDADES

     Pessoa a chegar, dentro em breve, a esta Vila, compra cadeiras, secretárias, cómodas, papeleiras, mesmo em mau estado, louças, vidros, cristais, pingentes, pinturas a óleo, relógios e máquinas de relógios escangalhados, talha em madeira e portas com talha, oratórios e santos, etc., etc., etc.

Resposta, em carta, a esta Redacção, informando aonde se podem ver quaisquer objectos antigos, dentro ou fora do concelho da Sertã.

 


A Comarca da Sertã


Uma idea QUE teve vida…

     No alto da serra, entre pinheiros e sobreiros em companhia amiga com outras árvores vizinhas, fica êste lugar sertanejo que é o Outeiro da Lagôa.

     Tôda a gente dos lugares próximos conhece esta povoação e reconhece o amor ao trabalho—exemplo grande na faina dos tempos modernos–que êste povo dá áqueles que de perto ou de longe teem o prazer de conviver ou visitá-los.

     Foi aqui neste humilde lugar onde parece que se habita mais perto do Céu, que houve alguém que milagrosamente sonhou com uma idea nesta quadra sublime do ano.

     Foi o da construção dos presépios em todos os lares. Idea grandiosa e que pareceu à primeira vista um grande obstáculo na sua realização: por faltas dos elementos essenciais à sua construção, mas, que também prodigiosamente foi levada acabo por todos, procurando dentro das suas habilidades e dos seus limites quere monetários, quere profissionais, controlar as deficiências que porventura pareciam opôr-se a tão elevada idea.

     E assim o Outeiro da Lagôa filho primeiro da Sertã, ainda me pareceu agora mais perto do Senhor. Em muitos e muitos lares foi construído o presépio, e foi visitado por duas almas amigas, carinhosas e sempre prontas a lutar contra os perigos da adversidade. E, galhar damente a vitória foi grande.

     O Outeiro da Lagôa pareceu mais alegre, mais feliz porque esteve em festa, relembrando a todos a humildade dá lapinha de Belém.

     E aquilo que foi idea, tornou-se vida, e, oxalá que volte a dar novas vidas para outras ideas, e, ao mesmo tempo que seja exemplo para as povoações vizinhas para que no próximo Natal em cada lar todos se lembrem de construir o presépio do Menino Jesus.

     E destas linhas com ideas que não ferem a vida, que trazemos vida a almas que não possuem ideas, neste tempo agreste que queima a Humanidade sem o ideal sagrado da Família num trono erguido a Deus para liberdade dos povos e da chama sagrada da Pátria.

Dezembro, 31-943.
Eduardo António de Caires.

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Almirante Gago Coutinho

     Na reúnião que se efectuou no Grupo «Os Carlos», à qual presidiu o sr. Carlos Empis, presidente da direcção, reeleita, foi registado que o número de sócios se elevou a 3.600. Foi aprovada a compra de terreno para a Casa de Repouso de «Os Carlos» e autorizada a verba a dispender com as manifestações à chegada do sócio sr. Almirante Carlos Viegas de Gago Coutinho, que será esperado no Pôrto pelos delegados da direcção de «Os Carlos» que o acompanharão a bordo do veleiro «Foz Douro”, para Lisboa, gentil oferta do seu proprietário sr. Júlio Ribeiro de Campos.

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     Êste número foi visado pela Comissão de Censura de Castelo Branco.

 

Notas…
…a lapis

(Conclusão da 1.º pág.)

NÂO é raro encontrar galinhas e até porcos em deambulação pelas ruas da vila!
Uma grande pândega !

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EXCTAMENTE como previramos, a feira e mercado de sábado passado foram muito concorridos: deslocaram-se aqui vendedores e compradores de toda a parte, o mercado apareceu abundante e na feira não faltaram os diversissimos artigos que ali costumamos ver expostos em larga profusão.

     Uma grande variedade de suinos enxameava o largo fundeiro da Carvalha, alguns de muito boa raça e já na altura própria de se lhes meter a faca! Que belos e apetitosos lombos.. .

     E os vorazes bicharocos trincavam punhados e punhados de milho, movendo ruidosamente as compridas mandíbulas, olhando por baixo, sacudindo a cauda em. contentamento manifesto, rom… rom… rom…, indiferentes a quem, à sua volta, traçava projectos para lhes retalhar as carnes anafadas e magnificas, pondo-as ensacadas no fumeiro ou na salgadeira para gasto do ano inteiro! .

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A TAXA de desconto do Banco de Portugal desceu de 3 para 2,5 % sinal de que há grande afluência de capitais aos Bancos.

O que é preciso é reduzir ainda mais a taxa de juros de empréstimo, de forma que o dinheiro se torne acessivel a tôdas as actividades privadas, girando, criando fontes de trabalho e produção e estimulando a vida deficitária doutras, de forma a proporcionar riqueza, alegria, bem-estar e conforto.

O dinheiro aferrolhado que só se pode obter a juros de usura, não tem utilidade prática. Muitos dos que o possuem vivem na eterna contemplação do bezerro de oiro, indiferentes às exigências da época actual, que impõe um trabalho fébril inteiramente subjugado progresso.

Não são raros os capitalista, que, incapazes duma iniciativas preferem ter o seu dinheiro nos cofres fortes, mediante um juro ridiculo, a confiá-lo, com todas as garantias, a quem seja capaz, pelo seu próprio esfórço, tenaz e bem orientado, de o fazer frutificar em obras produtivas, garantindo o pão de muitos chefes de família,

E apesar de o capital em tais condições produzir um juro largamente remunerador, o avarento permanece impassivo, como um bonzo, ruminando lá de si para si que o mundo se circunscreve aos seus maxilares e à barriga rotunda e respeitável, que vai digerindo continuamente seculentas jantaradas.

A falicidade de outrem não lhe interessa, o seu egoísmo encerrou-o hermeticamente na teoria de que os brutos vieram a êste mundo só para comer e dormir!

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Cumprimentos ds Boas-Festas

     Também teve a gentileza de nos enviar o seu cartão de Boas-Festas, que agradecemos e retribuímos, o nosso estimado assinante sr. António Francisco Lopes, digno empregado da Emprêsa de Moagem, Limitada, do Fundão.

 

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Todo o bom sertanense amigo da sua terra assina êste jornal.

 

A margem da guerra

 

Uma sentinela da guarda costeira ao serviço dos Estados Unidos, com o seu cão treinado, pára durante o seu quarto de sentinela para vigiar a praia que se estende lá em baixo. À guarda costeira mantem patrulhas em tôdas as regiões isoladas dos Estados Unidos.

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BIOGRAFIA

do Médico-Cirúrgico-Parteiro Francisco Xavier de Almeida Pimenta

No nº 931 em «nota a lápis», reportando-nos a ligeiras informações que nos apresentaram, dissemos: <Em 2 de Dezembro de 1755 nasceu, na Sertã, Francisco Xavier de Almeida Pimenta, grande cirurgião – parteiro. Não conseguimos encontrar a sua biografia. Se algum patrício ou amigo nosso a possuir, agradecemos que nos envie uma cópia para publicar dado o evidente interêsse que tem a «Comarca» em inserir todos os elementos fidedignos que dizem respeito aos homens ilustres da nossa terra e da nossa comarca».

     Correspondeu prontamente a êste pedido, porque para isso possuía ou teve possibilidade de colher alguns dados biográficos valiosos, o nosso estimado assinante sr. José Reboredo Ribas, residente na capital, que em 3 do corrente nos enviou a seguinte amabilissima carta:

«Permita-me que venha a presença de V… para enviar — e com muito gôsto o faço-—a biografia do grande médico-cirurgião-parteiro: Francisco Xavier de Almeida Pimenta. Nasceu em 2 de Dezembro de 1775–e não em 1755, freqúentou na Universidade de Coimbra a Faculdade de Medicina, em que recebeu o grau de bacharel em: 1798, formando-se no ano seguinte. Logrou grandes créditos não só como clinico mas como erúdito, sendo em 7 de Abril de 1813 nomeado sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa em 1820 e eleito deputado às Côrtes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa pela provincia da Estremadura. Estabeleceu-se na vila do Sardoal, aonde faleceu em 21 de Abril de 1839. Mais não consta, além de obras da sua especialidade que publicou».

Muito gratos ficamos ao sr. Reboredo Ribas pela rapidez com que anuiu á nossa solicitação, patenteada em elementos bastante completos, e pelos cumprimentos que nos dirige, agradecendo tôdas as suas gentilezas e ficando sempre aqui ao seu inteiro dispor.

 

Distribuição 

de correspondência
registada

No n.º 354, de 28 de Agosto findo dissemos: 

«Verifica-se, com certa frequência, que o correio de Lisboa chega à Sertã com um dia de atrazo e às vezes mais e que, além disso, em determinados dias, porque a camioneta vem tarde, a correspondência já não é entregue nos domicílios, mas sim na estação. Neste caso já se não faz a distribuição de registos.
     Com isto não concordamos, porque, geralmente, a correspondência registada é de importância especial, se não pelo expedidor e destinatário, pelo menos para um deles e até, quantas vezes, envolve assuntos de carácter urgente, por conseguinte, a tratar em espaços de tempo limitadíssimos ou determinam resposta imediata. Ora, se a correspondência registada, no caso a que se alude, é distribuída às 8 horas do dia seguinte, hora a que é expedida a mala para Lisboa, pode calcular-se o transtorno e prejuízo que, em certos casos, origina o facto de não se efectuar a entrega de registos no mesmo dia em que chegam à Sertã e principalmente naqueles, como acima dizemos, em que as malas vêm com atrazo.

     Em conclusão: nós pretendemos, simplesmente, para evitar o mínimo de prejuízos, que a correspondência registada se distribua no mesmo dia que a ordinária.

     Evidentemente que os funcionários da estação, que procuram sempre bem cumprir, não têm culpa da falta da distribuição de registos nas condições apontadas. Limitam-se a observar os regulamentos. Estes, porém, podem ser alterados. E a Administração Geral dos C. T.T. que tem na melhor conta os interêsses do público, não deixará, possivelmente, de ver que temos razão no que acabamos de expor com tôda a franqueza, interpretando, fielmente, os desejos da população local.»

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Em 28 de Dezembro recebemos do Secretariado de Propaganda Nacional a seguinte informação: 

«O jornal «A Comarca da Sertã» alude, no seu número de 28 de Agosto último, aos inconvenientes que resultam para os usuários dos C. T. T. da falta de entrega dos registos no próprio dia da sua recepção, quando sucede o correio chegar atrazado.

Informa-nos, a propósito, a Administração Geral dos C. T.T. que, dentro do possível e em conformidade com o exposto no respectivo Regulamento. passara a proceder-se de molde a atenuar os prejuízos a que a referida local faz referência»

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      Evidentemente que nos daremos satisfeitos se o público deixar de sofrer os inconvenientes que resultam duma distribuição tardia de registos.

     Não são os correios culpados dêsse atrazo, é certo, mas está na sua mão atenuar os efeitos da chegada, tarde e más horas, na maior parte dos dias, das malas de correspondência.

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Taxa Militar

     Durante os meses de Janeiro e Fevereiro deve efectuar-se o pagamento voluntário da taxa militar nas Câmaras Municipais, para o que os interessados apresentarão ali os seus titulos de isenção e as competentes estam pilhas fiscais.

 

QUADRAS

ESCOLHIDAS

Honra, nome, glória, bens
—tudo te dei, tudo é teu!
O próprio amor que me tens
é o que sobra do meu.

Inda hão-de nascer os sábios
que digam porque razão

um beijo dado nos lábios

se sente no coração.

Antes cêguinho ficasse
naquela maldita hora:

—Se em vez de ver-te cegasse,
penava menos agora!

De entre milhões de Marias
tu és a dos meus encantos:
Todos os dias são dias,

mas há também dias-santos.

Agora já não há meio
de reviver nosso amor:
—De graça, seria feio;
pagando, tenho melhor.

Ja chorou por não ter cama.
Tem carruagem, já ri…
Ri, mas salpica de lama

quem passa junto de si.

SILVA TAVARES.

(De «Cantigas que já cantei»)
A’ venda nesta Redacção.

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 S.R.
MINISTÉRIO DA MARINHA

Escola de Alunos Marinheiros.

Concurso de admissão de 150
alunos marinheiros

     Está aberto concurso desde esta data e até ao dia 7 de Fevereiro, inclusivé, para admissão de cento e cinquenta alunos marinheiros e ao qual, nos termos do Despacho Ministerial de e concorrer mancebos que tenham nascido em qualquer dos anos de 1926, 1927 ou 1928 e que satistaçam as restantes condições de admissão ao concurso.

As condições de admissão ao concurso e outros esclarecimentos relativos ao mesmo estão patentes na Escola de Alunos Marinheiros, em Vila Franca de Xira, onde podem ser prestadas quaisquer outras informações e constam dos impressos fixados nos Departamentos, Capitanias e Delegações Marítimas do Continente, do Corpo de Marinheiros da Armada, no Alfeite, nas Câmaras Municipais de todos os concelhos e à porta do antigo Arsenal da Marinha, em Lisboa.
Escola de Alunos de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, aos 8 de Janeiro de 1944.

O 1.º Comandante, Jaime Santos da Cunha Gomes
Capitão de Mar e Guerra

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Os Amigos
da «Comarca»

     Tiveram a amabilidade, que muito agradecemos, de indicar novos assinantes, os nossos amigos srs. Francisco Martins e António da Costa, da Sertã, Domingos Roque Laia e Maurício Lourenço, de Lisboa e Januário Simões Barata, do Bravo.