Voz do Povo nº32 09-07-1911

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Rs SER
1.º Anno Certa, 9 de julho de 1911 N.º 32
DIRECTOR [8
Augusto Rodrigues a ie
Administrador E E |
ZEPHERINO LUCAS
Editor E a
Luiz Domingues da Silva Dias
EE
Assignaturas
Anno…… Ibzoo, Semestre…
Paraio Bram! cho, si Swooo réis (fracos)
Pago adiantadamente
Nãe se restituem os originaes
Goo rs.
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Travessa do Serrano, 8
CERTA
Typographia Leiriense — LEIRIA
Propriedade da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL
Annuncios
Na 3.º e 4.º paginas, cada linha….. 30 rs.
N’outro logar, preço convencional
Annunciam-se publicações de que se receba
– um exemplar
As pensões
A lei da separação continúa a ser
O assumpto de todos os centros de
cavaco, :
Nas tavernas, como nas aggremisções,
nas officinas do artista,
como nas secretarias do buroérata,
não se falla n’outra coisa, E a separação
a nota mais aguda do des
afinado piano da nossa política
actual.
E no entanto, o pobre clero por
tuguez, vê-se envolvido e enredado
de tal maneira na barafunda d’ordens,
conselhos e imposições que
lhe chovem detodaa parte, e ao
mesmo tempo, acha-seitão dorido
das offensas e inqualificaveis affrontas
gue uns tantos lhe dirigem, que,
se não tem augmentado a frequencia
dos manicomios, n’uma grande
proporção, é sem duvida por um
milagre da Providencia !….
Julgamos, por isso, muito urgente
a necessidade, de expôr publicamente
a nossa opinião, pessoal, que
estamos promptos a modificar, logo
que nos convençam do contrario,
pois . ques, se algum mezecimento
pode ter -o que escrevemos, este
será tão sómente o da nossa sincera
boa-fé.
Vamos aos principios,
Nós somos cidadãos padres-catholicos-
portguezes, e como taes, es:
tamos constituídos no dever de obediencia
justa e racional, ás duas supremas
auctoridades que gevernam
os povos—Egreja e Estado— e queremos
servil as de bom grado e com
a mais leal vontade.
Se ellas, porêm, se me apresentam
a dar ordens contradictorias sobre o mesmo objecto, é porque
uma d’ellas exorbitou da sua esphera
d’acção.
Na impossibilidade, pois, de servir
simultaneamente a dois senhores,
€ para determinar o sentido da
minha obediencia a fim de dar a
“Deus o que é de Deus e a Cesar o
que é de Gesar, temos de saber qual
dos dois senhores sahiu fóra dos
seus limites. Não diremos agora po
sitivamente que foi aquelle ou
aquel” outro. Tratamos simplesmente
de constatar factos, e sobre elles,
architectar os nossos raciocinios.
Ora, na actual lei da separação
ha evidentemente duas partes bem
distinctas.
Uma, em que o Estado faz valer
a sua legitima auctoridade civil, outra
em que pretende exercer um
certo administrativo religioso, sem
distinção de côres, catholica, protestante
ou israelita.
O Estado tem affirmado. pelas
vozes da imprensa governamental
que procede assim para evitar a
continuação de passadas exorbitancias
da Egreja Catholica, para fazer,
emfim, uma obra de deteza social
e patriotica. Não discuto agora O
fim e os meios d’esta obra. Quero
apenas salientar um dos pontos pra
ticos da questão, e faço por isso, a
seguinte pergunta:—?Posso e devo
acceitar a pensão que o Estado me quer garantir, em justo reconhecimento
dos meus direitos adquiridos?
E posso fazel-o em boa consciencia?
Salvo mélhor juizo, parece-nos que
sim. O Estado, que exerce legitimamente
o poder temporal, quer
garantir-nos umas certas temporalidades,
nós temos direito e carecemos
d’essas temporalidades, para
sustentar a vida, que aliás, digam o
que disserem os ingenuos, sectarios
do, Pangloss, correrá o perigo de
ser miseravel, porque somos pobres
e não temos pé-de-meia. Outro tanto
succede ao maior numero dos
nossos collegas, que constituimos a
grande massa do proletariado-ecclesiestico,
porque a burguezia clerical,
como todas as outras burguezias,
é sempre para poucos, só para
os meninos bonitos soi-di sant ! Portanto,
porque não havemos de acceitar
do poder temporal uma coisa
temporal? Não a recebiamos nós,
já, quando os dois poderes viviam
no regimen concordatario, se bem
que a concordia, ultimamente, era
uma palavra vã?
Congrua hontem, pensão hoje,
não será tudo a mesma coisa?
Digam o que disserem os que gostam
d’embrenhar-se, pela “selva -espessa
das theorias e fazer trocadilas
-d?argumentação escholastica,
o que é certo é que o Parocho portuguez
era e, por emquanto, ainda
é um duplo funccionario—da Egreja
e do Estado. — Como d’este ultimo,
exercia as importantes funcções
do registo parochial, pelas quaes
adquiriu direitos que o Estado, agora,
demittndo o, lhe quer reconhe:
cer é compensar. Nada mais justo
e acceitavel. E” uma reforma, que o
Estado concede a uma classé de
serventuariosque despediu do seu serviço.
Porque não, acceital-a, pois?
Eutendamo-nos, senhores. Nem
só de pão vive o homem, mas sem
elle é que ninguem vive tambem.
E nós queremos viver, porque o direito
à vida é natural e universal.
E? verdade que os preconceitos
moraes c disciplinares da Egreja
Catholica foram postos em cheque
“pela lei da separação, mas quantas
Vezes esses preceitos não soffreram
quebra pela mão aggressiva do antigo
regimen? E” preciso agora, salvar
esses preceitos, no que elles
teem de justo? D’accôrdo. Lá iremos.
À tempo e aonde devemos ir.
Ao tribunal supremo da Nação ás
Constituintes, Assim o manda a hu
mildade abraçada com a prudencia.
Mas para lá chegarmos, é preciso
ter força para andar o caminho; para
ter esta forca é necessario não
ter fome e para não ter fome é
indispensavel receber temporalidades
d’alguem ou d’algures. Ou o
Vaticano ou o Terreiro do Paço
tem de abrir os seus cofres para
dar umas migalhas aos pobres Lazaros
do clero parochial portuguez.
E” natural que alguem, ao lêr estas
minhas pobres considerações,
me julgue desde logo um esforçado
paladino dos interesses da deglutição
e me apode cscarninhamente de
barriguista.
Muito embora… Deixal-o,.. Esse
que tiver a coragem de atirar a
primeira pedra, que faça um sério
exame da propria consciencia e diga-
nos depois se está innocente. ..
Antes da Republica, centenas de
parochos, quasi morriam de fome,
em minusculas freguesias sertanejas,
se não fora a caridade dos seus freguezes.
a
Agora, pretende-se que, não centenas,
mas milhares, d’elles, se deixem
morrer d’inanição, renunciando
heroicamente aos seus direito!
Ora, os heroismos, quando Elle os
julga necessarios, – inspira-os Deus
aos seus escolhidos. Não podem ser
impostos pelos decretos dos homens.
E por isso—em conclusão–se gran
de parte do clero portuguez recusa
uma pensão, que é o reconhecimento
d’um direito e uma necessidade
materia] imprescindivel, ha razão
para suppôr, como alguem recentemente
escreveu, «que essa recusa
obedece a fins occultos e razões inconfessaveis
», que serão por ventura
anti-patrioticas e que, como taes,
repudiamos e condemnamos absolutamente.
Pelo amor de Deus, não façam
d’um caso politico um caso de consciencia,
com os anathemas da apostasia
e com os terrôres do. inferno.
Não. Ponhâmos as coisas no seu logar.
A Fé é intangivel. A movimentação
dos crentes no meio. social é
evolutiva e adaptavel.
Já lá dizia o grande luminár Santo
Agostinho: «ln necessartis unitas
in dubiis, hbertas».
P* Guilherme Tavares.
S—>——— ME —
Defesa nacional
O nosso illustre collega de Castello
Branco, publica no seu ultimo
numero, um substancioso artigo no
qual expõe, com a maxima claresa,
os perigos que á racional defesa do
paiz advêem do abandono a que
sempre votamos a fronteira do lado
da nossa provincia.
Parecem nos absolutamente justas
as suas considerações, e, por isso,
d’esse artigo transcrevemos alguns
periodos, que dão uma ideia precisa ‘
da sua orientação geral:
Mais do que a séde d’um regimento,
Castello Branco deve ser a
séde d’uma brigada de cavalaria independente,
cuja missão consiste
em talar os campos inimigos nos
| Primeiros momentos, emquanto elle
mobilisa os seus exercitos, espalhando
o terror e causando toda a ordem
de prejuizos materiaes,
E é claro que esta cavalaria deve
ser estabelecida nas povoações fronteiriças,
de maneira a poder, em
poucas horas, desempenhar o papel
importantíssimo que lhe compete e
de que resultam sempre vantagens
de ordem moral que ninguem póde
contestar,
Esta brigada residiria nas povoações
fronteiriças da nossa Beira, indo
de Castello Branco até Villar
Formoso.
Sob este ponto de vista é evidente
a necessidade do estacionamento
n’esta cidade d’um forte nucleo de
cavalaria independente, a que deveriam
reunir-se, em momento oportuno,
outros nucleos. aquartellados
em pontos que permitissem uma
facil e rapida junção,
Por isso lembrámos que o quarto,
esquadrão deveria estar na Covilhã,
devendo o regimento constituir uma
brigada com outro que tivesse O seu
quartel em Alméida.
Esta brigada deveria prestar excellentes
serviços, pois se encontraria
perto do territorio inimigo, onde
poderia entrar ao cabo de poucas
horas e comprebende-se que a
eficacia da sua acção está na razão
inversa do temp» que demorar a sua
intervenção.
*
São quatro as entradas que ao
inimigo offerece a raia portugueza e
por onde teem entrado os exercitos
invasores, sempre que as contingencias
da vida nos arrastaram para Os.
horrores da guerra. Ê O
D’esses pontos fracos, tres foram
aproveitados pelos exercitos napoleonicos
(Minho e Beira) e o quarto
varias vezes o tem sido pelos hespanhoes
(norte Alemtejo).
Quem conhece a topografia da
nossa fronteira, facilmente reconhece,
mesmo sem possuir, como nós,
conhecimentos especiaes da sciencia
da guerra, que o sul do paiz, separado
da Hespanha pelo Guadiana, é
facilmente defensavel d’uma invasão.
A fronteira transmontana, tendo a
léste o Douro; bordado de montes
inacessiveis e por toda a parte crivada
de serranias que são o melhor
auxiliar d’uma defesa, tão pouco é
propria para ser escolhida para entrada
em Portugal d’um exercito
inimigo, O proprio Minho, por onde,
aliás, se fez a segunda invasão
franceza, tem o rio a facilitar uma
defesa eficaz. NES
E* pois natural que uma invasão
extrangeira, na hypothese d’uma
guerra com a Hespanha, unica em
que póde realisar se por via terrestre,
se faça pelo norte Alemtejo ou
pela nossa provincia, ao norte em
direcção a Coimbra, ou ao sul, por
Castello Branco, em busca de Abrantes
é em todos os casos com o objectivo
de Lisboa.
E’ portanto natural que os nucleos
militares sejam dispostos de
maneira a poderem offerecer o maximo
de resistencia no menor espaço
de tempo possivel e isso só se
conseguirá collocando-os no proprio
caminho que muito presumivelmente
será seguido pelo inimigo.
Ora um exercito que entrasse pelo
norte, encontraria a fazer-lhe
frente a 3.* divisão militar que certamente
o incommodaria o bastante
para que lhe fosse impossivel transpor
os obstaculos naturaes que lhe
tolhem o caminho de Lisboa,e que
são principalmente os rios Minho é
depois o Douro.
O vale do Mondego tambem se.
encontra defendido pelas divisões de
Coimbra e Vizeu, que facilmente
se reunem, e que pódem oppôr uma
resistencia séria a quem se lembrasse
de o aproveitar para um golpe
de mão sobre a capital,
EA fronteira d’Elvas está defendida
pela 4.º divisão inilitar, que po
derá ser auxiliada pelas forças da
1.º divisão.
A propria provincia de Traz-os-
Mont uja defesa natural é magnific
em uma divisão militar a
guarnecel-a.
Só a-nossa fronteira fica desamparada,
oferecendo ao, inimigo uma
entrada franca e desembaraçada,
sem receio de que á sua marcha levantem
dificuldades forças que não
existem. E
Castello Branco deveria pois ser
a séde d’uma divisão militar, cen
tro-de reunião d’um nucleo de troas
que, no caso d’uma invasão pe
o caminho de Junot, pudesse dar
ao inimigo a convicção de que este
paiz tinha uma defeza militar organisada
sabia e racionalmente.
E para complemento da defeza
da fronteira, outra divisão com séde
em Abrantes poderia, pela sua
excepcional situação no centro do
paiz, auxiliar qualquer das divisões
fronteiriças, ao mesmo tempo que
seria a guarda avançada da defeza
de Lisboa, onde podiam concentrarse
as forças que porventura se vissem
obrigadas a abandonar as suas
posições raianas.
Assim, tal como estamos, o inimigo
póde marchar sobre Lisboa,
entrando pelo nosso districto, sem
que no seu caminho encontre sombra
de resistencia, podendo até impedir
a junção das forças do norte
com as do sul, se fizer uma marcha
rapida e audaciosa pela estrada que
lhe deixamos desimpedida, pois terá
a vencer distancias menores que algumas
das nossas, forças aquarteladas
nos extremos do paiz,
Mionso Costa
Póde, felizmente, considerar-se
restabelecido, aquelle illustre estadista
e notavel parlamentar.
Folgamos poder dar esta nóticia
aos nossos leitores.
Reuniram-se no dia 3 do corrente, no
Centro Thomás Cabreira, os naturaes de
Oleiros para tratar dos interesses do seu
concelho, approvando a seguinte moção
apresentada pelo velho republicano sr. Baptista
Ribeiro, nosso presado amigo:
Considerando que o illustre cidadão dr.
Affonso Costa é um dos mais categorisados
caudilhos da Republica Portugueza;
considerando que com intima e geral satisfação
do paiz esse grande portuguez está
quasi restabelecido da grave enfermidade
que o acommetteu; considerando que o:
regresso do eminente estadista e parlamentar
ao exercicio dos seus cargos de ministro
da justiça e deputado da nação proporciona
o maior regozijo ao Novo oro!
Os republicanos naturaes do concelho de
Oleiros, residentes em Lisboa e reunidos
em sessão magna no Centro Thomás Cabreira,
possuidos do maior enthusiasmo,
felicitam-se e ao mesmo tempo felicitam o
Portugal republicano pelo completo restabelecimento
do grande cidadão dr. Affonso
Costa e fazem ardentes votos para que,
dentro em breves dias, tenham a gratíssima
satisfação de ver sua ex.: retomar os
cargos que tão distincta e nobremente tem
desempenhado e é indispensavel que continue
a desempenhar para felicidade da
nação.
Lisboa, 2 de julho de 1911. (a) Antonio
Baptista Ribeiro.
FACTOS E BOATOS
Constituintes
Foi eleito pars a commissão de
finanças, o nosso querido amigo e
dedicado patricio, sr. Martins Cardoso.
—— «DCC=I——
Foi nomeada encarregada da estação
telegrapho-postal de Alvaro,
que acaba de abrir ao serviço publico,
a sr.º D. Anna Amelia Ribeiro.
‘ Retirou para Castello Branco, o
destacamento de cavalaria 8, que
Voz DO POVO
aqui se encontrava sob o commando
do sr. aspirante Novaes e Silva,
—G— eo — —
Por haver terminado o serviço,
foi transferido para a comarca de
Bragança, o sr. dr. José Maria Telles
Trigueiros de Mello, integerrimo
juiz de direito. :
E Ae
Falleceu na Vinha Velha (Madeirã)
o sr. Firmino Lourenço da Silva
irmão dos srs. Domingos e Antonio
Lourenço da Silva, e tio do
distincto advogado díesta comarca
dr. Albano Lourenço da Silva, aos
quaes, bem como a todos os demais
membros de sua familia, en.
viamos os nossos sentimentos.
Para assistir ao funeral, foram de
esta villa, alem do sr. dr. Albano,
os srs. Alfredo Serra, Fernando
Bartholo, padre José Farinha Martins
e Fructuoso Pires.
mm JOE —
Oleiros
Os republicanos naturaes d’aquelle
concelho, e residentes em Lisboa,
reuniram no dia 3 do corrente, no
centro Thomaz Cabreira, sendo approvada
uma moção em que declaram
collocar-se á disposição do governo,
sobre qualquer ponto de vista
para que seja pedido o seu concurso.
K
—— a toc>=— —
Matriz industrial
Na repartição de fazenda, achase
em reclamação a matriz da contribuição
industrial.
No dia 12 do corrente, termina o
praso para as reclamações.
— Soo ——
A Fronteira
Recebemos a visita d’este nosso
presado collega, que se publica em
Elvas,
Publica um artigo do rev. Guilherme
Tavares, com cuja doutrina
em grande parte concordamos. Por
isso, e por ser um padre um seu auetor,
o offerecemos hoje á consideração
dos nossos leitores.
——— 9 Cq9e>——
No dia 21 de Junho ultimo, consorciou-
se na villa de Campo Maior,
a srº D. Laura Garcia Pedroso Barata
com o sr. dr. José Garcia Regallo.
A noiva é filha do fallecido dr.
José Maria Pedroso Barata dos Reis,
que era natural do nosso concelho.
—— «OD Ovoc————
Falleceu no Funchal o sr. Manuel
Agostinho Barreto, reverendissimo
bispo d’aquella diocese.
Õ extincto, que era tio do sr, dr.
Augusto Barreto, era dotado de
apreciaveis qualidades de espirito e
de coração.
—D— oce
Conferencia
No domingo ultimo, o digno administrador
d’este concelho fez ao
povo uma conferencia acerca da se
paração da igreja e do estado, ex
plicando com a maior claresa as diversas
disposições d’essa lei, a qual
em nada affecta as crenças de quem
quer que seja.
S. ex.” foi ouvido com muito agrado,
ficando todos muito bem impressionados
com as suas explica:
ções, que perfeitamente comprehenderam.
“ “Cantos dalma
(A’ guitarra)
IX
Saudade é a dor que adoro,
Porque persente o prazer:
—E’ com ella que eu enfloro
CÁ esperança de te vert. .
Al-Sifer.
Conselhos aos lavradores |
A cal azotada
Como o seu nome indica é um
producto azotado.
O azote é um elemento indispen- |
savel á vida das plantas por ser o
factor que contribue para o deses
volvimento foliár das plantas, como
se sabe são os orgãos respiratorios.
Ha plantas que têem a propriedade
de absorver ou tirar do ar at-
| mospherico o azote, essas plantas
são as leguminosas, como é por
exemplo: a fava, o feijão, o tremoço,
etc. :
O azote é um dos elementos mais
caros, para o fornecer á planta, a
industria pôs entre outros productos
á disposição dos lavradores o sulfato
de amoniaco e o nitrato de so
dio. É E
Ha poucos annos porém, a sciencia
descobriu o processo a empregar
para se obter um novo producto
azotado tal foi a cal azotada.
Os effeitos da cal azotada são em
tudo identicos senão superiores aos
obtidos com o emprego do sulfato
de amoniaco e nitrato de sodio.
O sulfato de amoniaco e o nitrato
de sodio teem tido ultimamente
um preço Blevadissimo que devido
á escassez do producto se manterá
tornando difficil o seu emprego.
Concumitantemente a cal azotada
pelo seu custo e por fornecer ao
terreno o azote é a cal que em gran
| de numero de terras do paiz faz falta,
torna-se recommendavelo seu
emprego e muito mais depois dos
resultados obtidos por todos os lavradores
que a teem empregado.
As doses a empregar por cada
hectare de terreno, regulam entre
150 a 200 kilogrammas ou sejam 15
a 20 grammas por cada quadrado
que tenha um metro.
Aconselhando o seu emprego aos
lavradores, entendemos prestar-lhe
um serviço por lhe indicarmos o
meio de por menos dinheiro fornecer
ás suas terras a Cal e O azote.
Cardoso Guedes.
Relação dos individuos sorteados
para servirem de
jurados no corrente semestre:
Do Concelho de Proença-a-Nova,
os srs.: Antcnio Joaquim Fernandes,
de Proença-a Nova.
João Nunes, do Vergão Fundeiro.
José Alves, do Peral.
Adelino Nogueira Godinho, de
Proença-a-Nova.
Joaquim Martins Pereira,de Proença-
a-Nova.
Francisco Alves da Cruz Junior,
da Sobreira Formosa.
Antonio Dias Cravo, do Caniçal
Fundeiro.
Francisco Martins da Silva Roda,
de Proença-a-Nova.
José Fernandes, do Galisteu Fun.
deiro. 5
Do Concelho da Certã, os srs.:
dr. Abilio Correia da Silva Marçal,
de Sernache do Bomjardim.
Francisco da Matta, da Pertella,
Certa.
Manuel Dias Orphão, do Olival,
Certa.
Francisco da Silva Luciano, do
Nesperal,
David Nunes e Silva, da Certã.
Manuel Francisco Giestosa, da
Aldeia Nova, Cértã.
Manuel Lopes, da Isua de S. Carlos.
Antonio Martins dos Santos, de
Sernache do Bomjardim.
Antonio Nunes e Silva, do Moinho
Detraz de Santo Antonio, Certa.
Manuel Ferreira, do Picoto.
Domingos Henriques Ferreira, Vi
digal, Varzea Fundeira,
De Pedrogam Pequeno, os srs.:
Dr. Julio Peixoto Correia, da Arnoia,
Castello.
José’ Lopes, da Aldeia Fundeira:
Manuel Farinha Mathias, da Povoa.
: ,
Henrique Pires de Moura, da
(entao!
João Baptista, do Tojal.’!
Filippe da: Silva Leonor, de Sernache
do Bomjardim.
Antonio: da” Silva Serra, de Sernache
do Bomjardim.
José David da Silva, Galleguia,
Nesperal. :
Manuel: Antunes, da Tira:
Isidoro de Paula-Antunes, de Ser-
-nache do Bomjardim.
Do Concelho de Oleiros: os srs.:
dr. Francisco Rebello de Albuquerque,
de Oleiros.
Antonio Domingos da Gama, da
Longra. | E E
Antonio Lourenço da Silva, da
Madeira. PR
Antonio Ribeiro, da Isua.
José Maria Martins, dos Quartos
d’Oleiros. E
Do Concelho de Villa de Rei, o
st. João Martins da Silva, de Villa
de Rei. pr
IDIe GE=——m== = ——
Registo Civil
O movimento de registos n’esta Te-
Rad de 28 de junho a 5 de juho
corrente, foi: nascimentos, seis.
Carteira semanal .
Estiveram em Castello Branco, o
sr. Adrião David e sua esposa, é o
sr. João Pinto d’Albuquerque:
“Tem – passado encommodada de
saude a sr.* D. Adelaide Pedroso ,
Franco.
Esteve em Lisboa o sr. José Ven:
tura. à
Já se encontram n’esta villa, em
goso de ferias, os srs. João José de
Magalhães e Joaquim das Neves Barata,
que concluiram o 2.º anno do
curso dos lyceus. R
Sahiram para Lisboa, os srs. Antonio
Guilherme Franco e sua esposa,
e José Nunes Mendes, sua esposa
e filhos. f
Esteve n’esta villa, tendo já retirado
para Lisboa, com sua esposa,
filhinho e sobrinhas, o sr. José Antunes
Farinha Leitão.
Sahiu para Lisboa, com pequena
demora, o sr. Antonio Nunes de Figueiredo.
Nesta villa, com alguma demora,
está O nosso assignante, padre
José Farinha Martins, digno
lão de cavallaria 5.
De visita a seus parentes, srs. dr.
Nunes Guimarães, sua esposa e ir.
mã, tem estado n’esta villa a sr.*
D. Albertina Guimarães Lima.
Em Oleiros, estiveram os srs.
Eduardo Barata, dr. Albano Lourenço
«e Fructuoso Pires.
RD ED DGE ——
Subscripção
Para a construcção d’uma casa
de escola no logar da Passaria:
Transporte… 178006
(Continua) E
Aos nossos leitores recommendamos
vivamente esta subscripção,
pois que, pelo conhecimento que temos
da necessidade dos povos d’aapel-
.
quella região, podemos affirmar que
elles são bem dignos de ser auxiliados.
ê
“A commissão: angariadora de donativos
recebeu dos srs, Antonio
Silvestre Lopes da Silva e Antonio
Christovam Ferreira Pires, respectivamente
as quantias de 20%4000:€
Iopooo réis, a quem se confessa
muito reconhecida. :
Estas importancias eram acompanhadas
de cartas elogiando a ideia e
animando a’ continuar nos seus tra
balhos. ;
A commissão, devidamente auctorisada
pela assembleia que a elegeu,
resolveu agregar Os srs. Antonio
Simão e Domingos Christovam Pires.
fara omiae e
à elo dna sã Revista bibliographica”
O Poder dos Humild—e Rsec.ebemos
o tomo n.º 8 d’este emocionante
romance de A, Contreras, cu:
jo annuncio publicamos na secção
competente. =». E
— Na’ Aurora do Seculo XX —
Valiosissimo opusculo, edição da Livraria
Internacional, a que mais desenvolvidamente
nos havemos: de re:
ferir no proximo numero, ao importante
e “por todos os titulos tão
interessante € a sua materia.
s
Pequena. correspondencia
Dignou-se mandar pagar a importancia
da sua assignatura o sr. Joaquim
José Alves.
Agradecemos.
CE rt eee
N’um banquete de nupcias:
A noiva está pensativa. Diz-lhe o
noivo a gracejar: S
—Aposto, meu anjo, que estás
pensando no divorcio?
“ Ella ingenuamente:
Ainda não!
ANNUNCIOS
Annuncio
Comarca da Certã
1.º officio
No dia 9 do proximo mez de julho,
pelas 11 horas da manhã, á porta
do tribunal d’este juizo, em virtude
dos autos civeis d’exenção, que
nos termos do decreto de 29 de
maio de 1907, João dos Reis e CGar-
VOZ DO POVO
mellina de Jesus, residentes no logar
da Felgaria, freguesia do Nes-
.pral, d’esta comarca, movem con
tra Joaquim Marques e sua mulher
Mathilde de Jesus Coelho, residentes
no logar da Tapada, freguesia do
Cabeçudo; d’esta- comarca, voltam!
pela segunda vez é praça, com 50 “1,
d’abatimento, visto que na primeira
praça não obtiveram lançador, para
serem arrematados a quem maiores
|”lanços offerecer acima dos valores
que agora lhes vão designados, os
seguintes bens, a saber:
1.º Uma terra de cultura e arvores,
no sitio do Pernagudo, limite
| do logar da Tapada, alodial, no valor
de 558000 réis. –
2.º Uma terra de semea lura e arvores,
á Estrada Larga de Paredes,
limite do logar da Tapada, no valor
de 70$000 réis.
RS Ss quintal com terra de semeadura
e oliveiras, no logar da
Tapada, alodial, no valor de 408000
réis.
4.º Uma casa d’habitação, Ssituada
no logar-da Tapada, alodial, no
valor de 178500 réis. .
Pelo presente são citados os credores
incertos para deduzirem seus
direitos, querendo, no praso legal.
Certã, 26 de junho de 1grtr.
O escrivão,
Antonio” Augusto Rodrigues
) «Verifiquei
O Juiz de Direito,
I “Sanches Rollão 1
—No n.º anterior do nosso jornal,
sahiu Este annuncio com o dia d’arrematação
errado: por isso, se Tepete
a publicação, rectificando-se o
dia designado para aquella deligencia.
– e
LEIS REPUBLICANAS
LET ELEITORAL
9.º edição AO,” folheio da colleção
Com as alterações ultimamente
publicadas na folha official.
A” venda as seguintes de interesse
geral: N.º 1, Lei de imprensa
N.º 3; Leixdo divorcio—N.º 7, Lei
do inquilinato—N.º 17, Direito à
gréve—N.º 20, Leis de familia—N.º
21, Descanço semanal, Atentados
contra’a Republica—N.º 36, Lei do
registo civil—N.º 37; Modelos e formulario
da Lei do registo civil=N.º
38, Descanço semanal e seu regulamento—
N.º 39, Lei do Recrutamento
Militar—N.º 41, Reorganisação
ça de dividas. +
dos serviços de instrucção primaria |
—N.º 42, Separação da egreja do
estado, etc. i
Primorosa edição ornada de magnificas
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Conto d’aldeia
(Continuação)
q… Que, repetindo o que disséra.
na sessão anterior, já ha tempo
que andava na peugada do caso, desde
que, do Brazil, lhe, viera a participação
da infausta morte do seu
querido amigo Antonio Moreira, ..»
O senhor Silveira principiava assim
o seu relato com umas trez mentirolas;
porque nem sabia do caso
antes da participação do Barros, nem,
muito menos, do Brazil lhe haviam
mandado qualquer aviso, nem, finalmente,
era tal amigo do Moreira,
creatura que, afinal, elle nunca conhecêra,
E, n’este tom de verdade, proseguiu
no seu discurso.
«Que, como amigos verdadeiros,
entre os dois, Silveira e Moreira não
havia segredos. Não seria, pois, de
extranhar que elle soubesse, d’antemão,
das disposições testamentarias
do seu amigo dilecto,
Surprehendêra-se ao ver que o senhor
Barros, na impaciencia de querer
ser, segundo lhe pareceu, o primeiro
a vir dar a noticia, viesse dar
informes, que não estavam em harmonia
com o que elle, Silveira, já
ha longo tempo, sabia, ;
Porque a verdade era esta: Mo:
reira não deixava à Murteira sómente
cinco contos, como o senhor Barros
julgava, mas quinze.»
«Quinze contos!» murmurava-se
em voz baixa, :
«Sim. Quinze:contos.» Confirmou
Silveira, relanceando o seu olhar de
homem superior por toda a assembleia.
E continuou:
«E. d’esses quinze contos, hadese
ver se poderá tirar o preciso parelogio,
porque o resto irá todo para
a construcção da estrada, encargo
confiado, por inspiração minha,
á Junta de Parochia.»
A communicação de Silveira commovêra
até os mais indifferentes. O
sussurro, por isso, foi augmentando
até se tornar medonho. Todos falavam,
todos commentavam, todos
berravam, Era impossível ordem, «Que grande legado!»
“Barros.
ra a torre, para os sinos e para o- «Sinos, torre, relogio e estrada!
Até que, emfim, vamos ter tudo o
que desejavamos !»
E o enthusiasmo, n’um crescente,
chegou até ás acclamnações.
«Viva o nosso grande amigo, o senhor
Silveira!»
E Silveira, dando-se, modestamente,
ares de contrariado, mas gosando
do seu triumpho, agradecia commovido.
Fôra esse o dia de sua maior satisfação.
Sentia-se bem vingado do
*
Barros, pelas tabernas da aldeia e
bebendo vinho de sucia com outros,
dava murros valentes sobre os balções,
dizendo, para amesquinhar o
Silveira, que, por mais que este dissesse,
por mais que elle tecesse, nunca
poderia uzurpar-lhe a gloria de
haver sido o primeiro a contar o facto,
Era sempre elle, Barros, quem
primeiro falára. Mas, passado algum
tempo, trovejando longa gargalhada,
insinuava:
«E se tudo isto sahia baléla ?!»
E, no fundo, desejava bem que o
fosse, *
N’essa historica sessão da Junta
tomaram-se resoluções, que constaram
rapidamente pela aldeia.
Resolvêra-se:.
Que, na acta, fosse lavrado o voto
do mais: sincero. pezar pela infausta:
morte de Antonio Moreira;
Que se deixasse exarado um outro
voto, mas este Je profundissima
gratidão, ao glorioso filho d –
teira, o senhor Silveira, do reconhecido
altrúismo do qual esperavam
que, aqui e no Brazil, se encarregasse
de todas as diligências attinentes
ao recebimento do legado;
“Que, desde já. se mandasse tirar
o retrato do saudoso morto, para
ser collocado na sala-das-sessões;
Que, finalmente, esse retrato fosse
inaugurado em festa solemne, á
qual se procuraria dar o maior brilhantismo
possivel. Ê
xe
Silveira, ao entrar em casa. 1
doido de contentamento. E
A gloria, que alcançára, e a lição,
que suppozéra dar ao Barros, punham-
no fóra de si. Excediam tudo
quanto de feliz imaginára.
(Continúa)
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Pelo Juizo de Direito da Comarca
da Certã, e cartorio do quarto
officio, escrivão-David, correm…editos
de trinta. dias, a contar da segunda
e ultima. publicação no «Diario
do Governo», citando os co-herdeiros
João Farinha Tavares, José
Adriano Farinha Tavares, solteiros,
“maiores e Antonio Farinha Tavares
e mulher Marianna : Tavares, todos
auzentes ern parte incerta fora da
Nação, para assistirem a todos os
termos: até «final do inventário orphanologico
por obito de seu pag e
sogro Francisco Farinha Tavares,
morador que foi nó logar € freguez’iado
Pezo, d’esta Comarcae,m que
é cabeça decasal a sua viuva Maria
d’Oliveira, residente n’aquelle mesmo
logar.
Certã, 20 de junho de 19gtr.
O escrivão,
Adrião Moraes David
Verifiquei: ,
O Juiz de Direito, É
2 Sanches Rollão 2
O PODER DOS HUMILDES.
A. CONTRERÁS! o
Novo romance, o mais intercssante
e commovente da actualidade,
1.º parte— As leis da Consciencia.
2.º parte—Os crimes da Ambição.
3.º parte —Luctas da Consciencia
4.º parie—A Voz do Coração.
5.* parte—O Premio do Arre
pendimento,
6.º parte —O Desespero da Impotencia,

Caderneta semanal de 16 paginas
—20 réis.
Tomo mensal de 80 paginas—
100 réis. Ê
A Republica Portugueza
ou outro quealquer. brinde dos que
a Casa Editora tem distribuido.
Está publicado o 1.º tomo d’este
notavel romance,
Acceitam-se correspondentes em
toda as terras do paiz, Commissão
258º la
ta assignaturas na Casa
Editora, Belem & C.º, Succ. —Rua
Marechal Saldanha, 16, 1.º— Lisboa,