Voz do Povo nº74 28-04-1912

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2.º Anno

Certã, 28 de abril de 1912

NH

 

DIRECTOR tg
Augusto Rodrigues 8
) Administrador a
ZEPHERINO LUCAS BB)
Editor

Luiz Domingues da Silva Dias

 

 

Vos D

POVO

 

 

Assignaturas
1200. Semestre…

Para o Brazil.
Pago adiantadamente

Não se restituem os originaes

POLITICA GERAL

A politica de caracter parti-
dario está-se accentuando clara-
mente e, dentro em pouco, a se-
lecção deve estar concluida.

Temos para nós que, quando
da proclamação da republica,
foi um erro dar-se ao velho par-
tido republicano o caracter de
partido fechado. Inutilisou mui-
tas boas vontades, desgostou e
aborreceu muitos de quem bas-
tante havia a esperar e originou
um equivico que ainda hoje su-‘
bsiste. Como, porém, o facto se
deu, e como temos sempre re-
ceiado que a divisão. partidaria
nos leve á repetição dos erros
passados, temos sempre julgado
de conveniencia para o paiz a
abstenção temporaria das lutas
partidarias. As circunstancias,
porém, têem imposto um outro
caminho, sendo apenas preciso
que os homens publicos façam
imprimir ao movimento que se
desenha um caracter de digna
seriedade e patriotismo que pos-
sa prevalecer sobre os mãos ha-
bitos queridos.

As difficuldades em que o paiz
se debate continuam a ser gran-
des.

:As nossas colonias estão atra-
vessando uma crise difficil, mer-
cê de circunstancias porque nin-
guem póde ser inculpado. Em
Timor e na India, a nossa situa-
ção militar é precaria até que a
essas nossas longinquas posses-
sões cheguem os reforços que
urgentemente lhe vão ser envia-
dos.

Vê-se, pois, que não pode-
mos nós aqui, na metropele, en-
treter-nos nestas miseraveis pu-
gnas de campanario, emquanto
os nossos soldados arriscam a
sua vida para manter integra a
nossa bandeira.

E” preciso ter em considera-,
ção a que consideraveis despe-
sas nos obriga esta situação for-
çada, e não sendo, como não é,
nada bom, o nosso estado finan-
ceiro, elle se agravará assim,
mais e mais.

E” preciso, pois, accudir-lhe
com remedio urgente, mas isso
só se póde fazer com credito, e
o credito só se impõe pela boa
orientação que nós mostrarmos
e por um escrupuloso cuidado
na manutenção da ordem publi-
ca.

Goo rs.
59000 réis (fracos)

—| ea

dar mostras duma patriotica
correcção, pois os seus actos re-
flectem-se poderosaménte em to-
do o paiz.

Torna-se, pois, necessario que

a politica partidaria se faça, sim,
mas dentro de moldes dignos
que acreditem o paiz e os seus
homens, em vez de ser um fa-
ctor para o seu descredito.

No estado actual de politica
europeia, qualquer acto nosso
nos póde prejudicar grandemen-
te, em quanto que é preciso per-
sistir continuamente numa cor-
recta e sensata orientacão, para
nos impôrmos ao respeito dos
.outros..

SR

A União Republicana, elegeu o
nosso illustre amigo, sr. almirante
Tasso de Figueiredo, seu represen-
tante parlamentar do districto de
Castello Branco.

GANA NEA – ——
Americo Olavo

O nosso amigo e illustre deputa-
do por ‘este circulo, tenente Ameri-
do: Olavo, apresentou na Camara
dos Deputados um projecto de gran
de alcance sobre o imposto assuca-
reiro. Parece que por esse projecto
não só o Estado deixará de ser de-
fraudado, “como é, em cerca ide
quatrocentos contos, como o; consu-
midor poderá obter mais em conta
aquelle artigo.

Este nosso illustre representante
em Côrtes, que é um trabalhador
infatigavel, não descura os altos in-
teresses do paiz.

GIRLS AGR De

Afim de tomar parte no Congres-
so de Braga, partiu para aquella
cidade, o sr. dr. Custodio Martins
de Paiva.

 

ir ie

CRONICAS.

Uma liga de sogras…

Não vos assusteis, maridos incor-
rigiveis, para quem o laço conjugal
é uma baraça apodrecida, que y s
sofrereis sem esforço. Isto não é con-
vosco, Não se trata de uma conspi-
ração contra vos. Apenas se preten-
de acautelar as candidas donzelas
contra um futuro tenebroso. As mu-
lheres americanas, possuidoras de
filhas casadoiras, fundaram, ha tem-
po, uma liga de proteção ás peque-
nas. Não se permitiria o casamento
de nenhuma filha das associadas

ciasse, depois de um inguerito ácer-
ca da moralidade do pretendente.
Mas visam ainda mais longe os fins
da liga.

Vegiam-se os olhares, os gestos,
a conveniencia, os namoros das res-
petivas pequenas, de maneira a cor-
tar-se o mal pela raiz, não vá o dia-
bo incendiar algum coração que de-
pois seja muito danificado.

 

O nosso parlamento tem de

E’ uma excentrecidade? E’ mais

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

Travessa do Serrano, 8
CERTA.
Typographia Leiriense — LEIRIA

Propriedade da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL

sem que a coletividade se pronun–

 

 

uma americanice? Pois acho a ideia
excelente. (O casamento é o ato
mais importante que a gente póde
praticar. Mais importante ainda pa-
ra a mulher do que para o homem.
O homem: tem os clubs, os cafés,
as caçadas, as pandegas, os livros,
o mundo, enfim, para espairecer,
para esquecer. A mulher, não.

D’aquele ato depende toda a sua
ventura ou desventura, tal o seu fu-
turo. E? por isso, um passo que não
deve dar em falso. E’ um negocio
que não deve realisar de animo
bom. Um casamento infeliz é para
ela uma grande agonia dolorosa. E”
um viver sem alegrias, sem espe-
ranças, sem claridades. E” o mor-
rer lento do espirito e do coração.

Toda, a união que se não ali-
cerça sobre uma grande harmonia
de almas e corações, é fonte de
grandes desgostos. O amor é uma
afinidade eletiva, como diz Max
Nordan. Dois gazes, em presença
um do outro, precipitam-se para for-
mar um só corpo. Dois corações
formam um só coração, duas almas
formam uma só alma.

E? mister, porém, não confundir
um sentimento espiritual, gerado
pelo espirito, pairando fóra da ma-

teria, com a embriaguez dos senti- *

dos. O amor dos sentidos é fugaz.
E’ como uma explosão de polvora.
Extinto o incendio é preciso que
reste uma atmosfera tépida de afe-
to e de harmonia.

Nós muitas vezes iludimo-nos acu-
sados nossos proprios sentimentos.
Não nos interrogamos sobre nós
mesmos nem nos preocupamos a
perscrutar a alma que se nos depa-
ra. Depois vem as surprezas. En-
contramos sombras onde só nos pa-
recia ter divisado claridades. Aten-
deramos apenas ao exterior e admi-
ramo-nos muito da ilusão. E” um
mal irreparavel. A força das leis é
impotente… E” ela, a mais fraca,
é sempre a vitima sacrificada. Aos
pais, ás mães, principalmente, com-
pete vigiar muito as inclinações de
suas filhas. O casamento é um laço
quasi indessoluvel. Depois, adeus
futuro. Tudo depende daquele pas-
so decisivo.

E” inegavel que o casamento tem
feito falencia, por muita parte.

A’s vezes tambem penso. Tam-
bem recolho factos, Na minha des-
preocupação ligeira faço observa-
ções que escapam, muitas vezes,
aos mais ponderados. E os factos
tem-me vindo dar razão. A mulher,
entre nós, tem sido educada unica-
mente para escrava. Não nos temos
preocupado a formar d’ela uma cria-
tura que se baste a si propria, mas
um objeto que se destina a ser alie-
nado. Isto seria talvez o menos,
porque este estado de coisas hade
continuar ainda por muito tempo,
se as mães escrupólisarem na es-
colha do senhor amo das suas fi-
lhas.

Mas não. Na maioria dos casos
estão mortas por as impingir—é o
termo proprio—e entregam-nas ao
primeiro vadio que lhes aparece.

Eu queria que a mulher fosse edu-
cada para ser uma criatura livre.

Annuncios

Na 3.º e 4.º paginas, cada linha… .. 30 rs.
N’outro logar, preço convencional

 

Annunciam-se publicações de que se receba

um exemplar

i Eu queria que a mulher fosse edu-
cada para se bastar a si mesma, na
esfera das atividades da sua com-
petencia, Desapertemos-lhe os pulsos
roxos das algemas da nossa tirania.
A sorte dos sãojoaneiros da edade
media erat bem mais cruel que a
dos ilotas e sobre a mulher pesa
uma escravidão mais dura que a
dos antigos gregos. Quando ela fôr
livre e independente, isto é, quando
ela não estiver á mercê da nossa
moralidade e do nosso egoismo, dos
nossos preconceitos e da nossa filo-
sofia, do nosso pão e do nosso lar,
então a humanidade será mais per-
feita. Por agora, os pais e mãis de
familia que escrupolisem na escolha
do senhor.
Eurico

O TINY ES DD

Os acontecimentos na India e
Timor

As noticias recebidas da India e
Timor no ministerio da marinha são,
infelizmente, pouco tranquilisado-
ras.

Em Nova Gôa o effectivo existem-
te é insufficiente para tomar a of-
fensiva contra as quadrilhas de ban-
doleiros que têem, por tal motivo,
augmentado de numero e de auda-
cia. O Governador reclama refor-
ços. :

Em Timor a rebellião do gentio
de Okussi, adquiriu um caracter
grave. Os revoltosos, um. avultado
numero, tem commettido actos de
grandes audacias, zombando. das
nossas forças, Attribui-se a rebellião
a elementos estranhos.

Do exercito da metropole vão
partir forças expedicionarias com-
postas de trêz companhias de infan-
taria.

As revoltas serão, como se espera
dominadas e os rebeldes severa-
mente castigados.

— —aprapide-—— —— —
Homenagem ao actor Taborda

A villa de Abrantes que ainda ha
poucos mezes inaugurou um monu-
mento ao saudoso: actor Taborda,
seu filho dilecto, promove agora
sumptuosas festas em homenagem
á sua memoria.

As festas constarão de cortejo ci-
vico, torneio de tiro aos pombos,
festa infantil e de sport, tombola,
exercicio de bombeiros, exposição
concelhia, kermesse e saraus.

O cortejo civico, no qual tomarão
parte todas as corporações adminis-
trativas do concelho, camara, jun-
tas de parochia, associações, esco-
las, as auctoridades civis e militares,
percorrerá as ruas da historica-villa
e desfilará pela frente do monumen-
to juncando-o de flôres.

As ruas e largos da villa serão
embandeirados e ornamentados com
festões de verdura,e escudos.

As musicas tocarão pelas ruas e
á noite haverá illuminações a gior-
no. Durante o dia serão queimadas
algumas dezenas [de girandolas de
foguetes e a alvorada será annun-
ciada com salvas de morteiros.

As festas promettem ser impo-
nentes e concorridissimas.

 

@@@ 2 @@@

 

RPE, err,
FAGEOS E BOATOS

Foi collocado na comarca de Al-
modovar, o sr. dr. Albano d Olivei-
ra Frazão, juiz de direito de 3.º
classe. S. ex,” já tomou posse e as-
sumiu a jurisdição.

—— 20006 —-———
Guarda Republicana

Foi aprovada: pela Camara; dos
Deputados a emenda, vinda do Se-
nado, sobre a organisação da Guar-
da Republicana n’este districto, au-
gmentando a força que lhe era pri-
meiramente atribuida.

Está, portanto, conseguido este
importante melhoramento. Em bre-
ves dias devemos ter a nova guarda.

= E SOÇÕoE- —

«Futuro da Beira»

Este nosso. presado collega, de
Castello Branco, suspendeu,, por
pouco tempo, a sua publicação.

e O00OC=>—————
«O jornal para todos»

Começou a publicar-se em Lisboa,
aquelle nosso illustre collega, sob a
direcção do:sr. À. Brandão.

Os nossos cumprimentos.

—— 9 O0OE—: ess

No dia 26 do corrente, 71” anni-
versario do seu falecimento, reali-
sou-se a trasladação para jasigo pro-
prio, dos restos mortaes do sr. Ma-
nuel Joaquim Nunes. ç

— oco

Registo Civil
O. movimento. de registos n’esta

 

repartição, de 17 a 24 do corrente foi:

Nascimentosci

Oblast ur :

Casamentos acta qe ESP) cotada rate D RAT
— ator ——

«Procural»

Recebemos o n.º 11 desta inte-
ressante revista forense que cuida-
dosamente estuda varios pontos de
direito, alvitrando reformas e modi-
ficações para as quaes chama a at-
tenção e pede a opinião de todos os
interessados.

“A esta revista cabe a gloria do
lançamento do Congresso Forense
para o qual continua a publicar os
alvitres que lhe teem sido enviados
da provincia e que podem continuar
a ser remettidos á Procuradoria
Geral. Rua do Ouro 220-2.º —Lis-
boa.

O summario d’este numero é o
seguinte :

— Expediente 7

—Pequenas Informações

— Reforma Judicial

— Congresso Forense

—Alvitres

-——Contribuição de registo

—Um desabafo

(Consultas

— Resenha da legislação

Doc — —

Falleceu «em Pedrogam Pequeno
a sr.” D. Maria de Sá Marinha.

A sua familia, enviamos os nos-
sos sentimentos.

 

 

 

Pelo mundo litterario

SONETO

Brandas aguas do Tejo que, passando
Por estes verdes campos que regais,
Plantas, hervas e flôres e animais,
Pastores, Nymphas, id:s alegrando;

Não sei, (oh doces aguas!) não sei quando
Vos tornarei a vêr; que maguas tais,
Vendo como vos deixo, me causais,
Que de tornar já vou desconfiando.

Ordenou o destino, desejoso
De converter meus gostos em pezares,
Partida que me vae custando tanto.

Saudoso de vós, d’elle queixoso,
Encherei de suspiros outros ares,
Turbarei outras aguas com o meu pranto.

é Luiz de Camões,

 

VOZ DO POVO

NOTA —Rememorando o passa-
mento do Immortal épico lusitano
apresentamos este soneto, repassa-
do d’um plangente sofrer e deses-
perança ao sahir da terra cara da

sua patria, que Camões amou, co-.

mo ninguem, e como poucos servi-
ram, enaltecendo-a e glorificando-a.

Foi a 10 de Junho de 1582, isto é,
ha 320 annos, que morreu essa lu-.
minosa gloria portugueza, no meio
da mais triste indigência, amparado
pela sincera amizade de Jau, escra-
vo d’esta raça ingrata, que avassa-
lou o mundo, mas desprezou ao
mesmo tempo a patria…

cÃ. de F. R.

Proverbio de Salomão
(IV; 23)

Vigiae, diz Salomão,

Noite e dia o coração,

Que é d’elle que nos provém
Todo o mal e todo o bem.

João de Deus.

, SE UE

A teus dotes, qual mais encantador,

“Tu-ajuntas, amavel creatura !

Um, para mim, de todos o maior…

O que embeleza a propria formusura
O pudor!

João de Deus.
ei ca
“Carta de Lisboa

Quinto centenario da conquis-

ta de Ceuta Ê

A Sociedade de Geographia pro-
cura promover para 1915 a comme-
moração do quinto centenario da
conquista de Ceuta e o inicio das
descobertas maritimas portuguezas.

Para que tão louvavel é patrioco
pensamento possa ser levado à prá-
tica com o maximo brilhantismo,
apoio e concurso de todas as for-
ças vivas do paiz, o sr. Ernesto de
Vasconcellos, secretario perpetuo,
apresentou uma bem elaborada e
desenvolvida. proposta, repleta de
acrysolado patriotismo, em reunião
extraordinaria da direcção, proposta
que, tendo sido approvada por una-
nimidade, vae ser submettida á apre-
ciação da assembleia geral,

Do bello trabalho do sr. Ernesto
de Vasconcellos, que bem desejaria-
mos poder inserilio na integra, va-
mos transcrever os periodos seguin-
tes:

«Foia 25 dejulho de 1415,em uma
segunda feira, que largou do Tejo
empavenada e aguerrida uma forte
armada composta de 5ogalés, 35
navios redondos e outras embarca-
ções de differente porte, conduzindo
elrei D. João I e seus filhos os infan-
tes D. Duarte, D. Pedro e D. Hen-
rique, os quaes cheios de fé e de ‘co-
ragem iam acompanhar os guerrei-
ros portuguezes e ao lado destes
combaterem para gloria sua e da pa-
tria, arrancando á Barbaria uma pra-
ça de guerra como aquella a que se
destinava.» ) É

«Descançou na bahia de Lagos es-

«sa armada, fundeando na quarta feira

27 do mesmo mez. Preparou-se,
alindou-se e tão adestrada, discipli-
nada e audaz estava que em 14 ou
21 de agosto, divergem as datas,
Ceuta estava nos domínios da corôa
de Portugal, marcando assim como
o primeiro passo da série de actos
grandiosos a que D. Henrique, cujo
nome se notabilisára n’aquella con-
quista, deu o mais pujante impul-
So.» :

«Sagres foi então o centro geogra-
phico dos nossos emprehendimentos
coloniaes que de parceria em parce-
ria, nos conduziram á India, ao Bra-
zil, à China’e ao Japão.»

«Se foi épica a descoberta do ca-

 

íninho’ maritimo da India, se foi
uma riqueza a descoberta do Brazil,
e se foi pasmosa a nossa acção no
Oriente, devemos crer que o fracas-
so d’aquellé primeiro emprehendi-
mento a ter-se dado, tudo se poderia
ter perdido e o nome portuguez não

– attingiria o grau de esplendor e de

randeza que até ao presente se tem
eito sentir, atravez de tantos des-
calabros.»

«Iniciado aquelle caminho tão bri-
lhantemente, era menos arduo pro-
seguir n’elle ávante, Sem Ceuta ter-
nos-hia. faltado o ponto de apoio e
tudo estaria prejudicado ou pelo
menos adiado.»

«De sorte que é celebre por essa
e tantas outras razões, que a histo-
ria nos dá, a conquista de Ceutaico-
mo: verdadeiro. inicio das descober-
tas portuguezas.»

Para a commemoração do gran-
de facto historico: apresenta o sr.
Ernesto de Vasconcellos os alvitres
seguintes :

A reconstrucção historica ou re-
presentação viva d’aquella época, á
semelhança do que fez ha pouco o
Cabo da Boa Esperanca; uma gran-
de excursão maritima para visitar
Ceuta e as antigas praças portugue-
zas de Marrocos e a organisação de
uma grande exposição devendo pa-
ra;isso. ser aproveitado o caractenis-
tico e historico edificio manuelino
dos Jeronymos, com a cêrca anne-
xa para os pavilhões de exibição
dos typos indigenas de todas as co-
lonias portuguezas e-de todos.os ar-
tigos que não couberem no edifício.

A inauguração na praça, em
frente do monumento a Vasco da
Gama, conforme a maquette exis-
tente na Sociedade de Geographia.
A celebração de varios Congressos
de interesse mundial,

Differentes diversões na exposição
de maneira a attrahir os visitantes
nacionaes e extrangeiros,

A realisação, no Tejo, deruma
grande revista maritima dos moder-
nos paquetes que constituem a fro-
ta mercantil mundial. Para execução
do programma será nomeada pelo
governo,’a pedido da Sociedade de
Geographia, como se fez para a com-
memoração do centenario da Índia
uma grande commissão, com séde
na mesma Sociedade. É

Taes são, em resumo, os alvitres
apresentados para a commemoração
em 1915, dos grandes factos histo-
ricos—a conquista de Ceuta e o ini-
cio das descobertas portuguezas.

Temos a convicção que a assem-
bleia geral não deixará de approvar,
egualmente por unanimidade, a pro-
posta.

O assumpto, altamente patríotico,
merecerá, sem duvida, a maior con-
sideração dos poderes publicos e
das estações ofiiciaes e tambem a
maior dedicação e o mais enthusias-
tico acolhimento por parte de to-
das as classes da sociedade portu-
gueza, pois é de verdadeiro interes-
se nacional. ;

A opinião publica cameça a inte-
ressar-se pela projectada commemo-
ração. Este facto, que é bastante si-
gnificativo, demonstra que as festas
serão revestidas de larguissima im-
ponencia e de grande esplendor.

Assim, por certo, succederá.

Ater

Carteira semanal

Fazem annos’:

No dia 2 de Maio, asr.* D. Ma
ria do Sacramento Lemos Nunes.

No dia 3, a menina Isabel de
Campos Dias.

 

 

 

Estiveram n’esta villa, os nossos
assignantes, srs. Adelido Ferreira
Alves, de Lisboa, dr. José Pinto da

ESSE E E ASAE E O DT SEL

 

 

 

Silva Faia, e Carlos Martins, de
Proença-a-Nova.

Sahiu para Lisboa, o isr. Ernesto
Leitão. t

Teve a sua délivrance a sr. D.
Henriqueta: Ribeiro Tasso: de Fi-
gueiredo, esposa do nosso assignan-
te, sr. Alberto Pinto Tasso de Fi-
gueiredo. j

Esteve n’esta villa o sr. Antonio
Esteves d’ Abreu, e em Villa de Rei,
o sr. P.º Joaquim Thomaz.

Está no Vergão, de Proença-a-No-
va, a sr. D. Delphina da Silva Car-
valho.
=== em neem pe

Chronicas tripeiras
Das aptidões de Santo Antonio

(Ao dr. Josê P. de Queiroz
Magalhães)

(Continuação)

 

Porem tantas liberalidades regias,

‘ para com os Santos Antonios de

terceira e quarta classe, fizeram
com que a Bahia se escamasse ao
rubro, não obstante haver sido a
primeira contemplada. Sua Paternal
Magestade, que toda se mortificava
com: taes descontentamentos, veio,
lepida-e dadivosa, com a carta de
5 de Septembro de 1800, conceder
ao Santo Antonio da Mouraria, da
mesma cidade, o posto mirabolante
de alferes do “Trem, com um adean-
tamentozinho annual ide 1208000

réis. E, como ajuda de custo, car-,

regava-lhe mais com, uns 105000
réis mensaes para soldo e para…
para… para…

O leitor será capaz de advinhar
para’o que era? Dou-lhe uma. Dou-
lhe: duas. Dou-lhe tres, Não advi-
nhou? Pois bem vou dizer-lh’o.

Era para… farinha de pau!

a * :

Leitor repontão ‘e trocista vae
observar-me que. carreira militar,
alimentada a farinha de pau, não
consta. E” cômo se não existisse.

“Sim, Parece, á primeira vista,
que tem razão. O caso era incom-
pativel com grande nervo ou suc-
cessos guerreiros.

Mas quer, o amigo; que eu lhe
apresente um S.*º Antonio, militar,
bem’ portuguez, portanto alimenta-
do a brôa?

Pois queira esperar um momento
que eu lh’o arranjo. i

Aqui, em Portugal, Santo Anto-
nio acompanhou o reg mento de
infanteria 19, durante a guerra pe-
ninsular.

D. João VI-—aquelle que trazia,
nos bolsos, doces de envolta com o
rapé—, além de o nomear tenente
coronel d’esse regimento, condeco-

rou-o com a cruz d’oiro n.º 5, com- .

memorativa d’aquella campanha.

– Pois aqui tem o leitor amígo um
Santo Antonio, tarimbeiro, rubicun-
do e bravo como um toiro, que dei-
xa a perder de vista os seus lame-
“chas homonymos de Goyaz e Rio
Preto. 7 :

*

Mas, para honra do Santo, dire-
mos que, definitivamente morto, co-
mo o estava ha seculos, Antonio de
Bulhões figura n’estes brilhantes an-
naes militares como Pilatos no Cre-
do. : HJ

Quiz-se, talvez, com essa plethora
de graças, mostrar reconhecimento
por acções guerreiras, cujo bom re-
sultado a ingenua religiosidade da
época attribuia à intervenção anto-
nina. Fo |

Mas, no caso, que acções foram
essas? Qual foi o seu resultado ?
“O Brazil, que era riquissima co-
lonia portuguesa, fugiu-nos, De na-

 

@@@ 3 @@@

 

da valeu o termos lá, multiplicado
por muitos pontos, um santo, que
era portuguez,* que era alferes do
Trem, que era capitão de infante-
ria, que tinha pingues soldos e co-
mia farinha de pau,

O Brazil fugiunos. Eis o caso.
Eis o proveito que nos trouxe a car-
reira militar-colonial do nosso patri-
cio Antonio de Bulhões!

Na guerra peninsular alguma sor-
te tivemos do Bussaco em dean-
te, mas só depois que nos associá-
mos aos herejes inglezes. Mas, até
lá, quanta dôr, quanta miseria e quan-
to lucto soffreu a nossa patria? Por
ventura, a intervenção do mystico
tenente coronel do 19 evitou-nos a
invasão de Junot? a de Soult? a de
Massena! Impediu acaso que no de-
sastre da ponte de barcas sabre o
Douro morressem tantos e tantos
milhares de portuguezes?

Mais que nunca, tem logar, aqui,
a resposta:

Dicant paduani.

(Continúa)

Conselhos aos lavradores

E’ um erro geralmente partilha-
do por quasi todos os lavradores
que os terrenos fecundos é ferteis
não carecem de quaesquer adubos
como complemento e que as estru-
mações feitas sômente com o estru-
me de curral são sufficientes para
se poderem obter boas e abundan-

‘tes producções. : |

Numetosas vezes a experiencia
tem demonstrado que é precisamen-
te o contrario pois é nos terrenos
nas condições acima apontadas que
mais necessario se torna o emprego
de adubos complementares, empre-
go feito judiciosamente é claro para
dár os melhores resultados econo-
micos.

E assim que nós aconselhâmos na
pratica quando se não queira recor-
rer ao emprego de adubos chimicos
completos organizados segundo a
analise dos terrenos e as exigencias
da cultura a effectuar, nós aconse-
lhâmos o emprego para os’terrenos
da região o emprego de uma mistu-
ra de phosphato Thomaz e de Kaj-
nite na dose de 400 a 600 kilos de
cada um dos referidos elementos.

Aconselhâmos o phosphato Tho-
maz porque sendo um producto em
que entra a cal e o acido phospho-
rico proveniente da transformação
nos altos fornos do ferro em aço,
elle vae fornecer aos terrenos não
só o acido phosphorico como tam-
bem a cal de que de muito carecem
para centralisar a acidez unica que
no terreno exista em virtude das

 

frequentes adubações com estrume ,

de curral exclusivamente,

Aconselhar os superphosphatos
seria querer agravar o mal de que
os terrenos enfermam — somos d’a-
quelles que aconselhamos aos lavra-
dores aquillo que a experiencia tem
mostrado ser melhor. :

O phosphato Thomaz não retro-
grada e não se perde no terreno
arrastado pelas aguas fluviaes para
as camadas inferiores da terra onde
não chegam ás raizes. ;

A Kainite é um sal potassico
que além da potassa vae fornecer
ao terreno outros elementos diver-
sos que teem vantagens no terreno.

E” motivo de satisfação ver que
alguns lavradores da região vão já
aproveitando com culturas interca-
lares os terrenos onde estão situa-
dos os seus olivaes, gosando com
isso as oliveiras que largamente
compensarão em fruto a despesa
effectuada. É

A essses e ainda a todos os que
desejem emital-os nós aconselhamos
o espalhar no verão sobre os terre-
nos dos olivaes:

300 a 400 kilos de phosphato Tho-
maz,

/

 

VOZ DO Povo

300, 600 kilos de Kainite, e no
principio do outono uns quinze dias
antes da sementeira espalhar 150
kilos de cal azotada, sendo todas
estas quantidades por cada hectar
de terreno ou seja uma sexta parte
por cada alqueire de semeadura;
sendo de todo ponto util que os nos:
sos lavradores realisem uma pe-
quena experiencia, como indicamos.

Sabemos bem que infelizmente
na maioria dos casos o lavrador
compra a olho e attende mais ao
preço do que á qualidade e quan-
tidade de elementos nobres que o
sacco de adubo possa conter, é de-
vido a isso que alguns fabricantes
recorrem ao expediente de arranja-
rem saccas pesando sómente 45 ki-
los, como podemos verificar ainda
no corrente anno, e outras vezes
addicionando ou misturando serra-
dura ou outra substancia leve para
fazer saccas muito volumosas como
ainda no corrente anno tivemos tam-
bem occasião de vêr.

E tanto isto é assim que vemos
vender adubos indicando por exem-
plo 20/0 a 30/0 de azote, 10/0 a 2%
de acido phosphorico ou ainda 1 º/o
a 2% de potassa, etc.

Resuscitando estes limites que
mal se comprehende o que seja e
que infelizmente a maioria dos nos-
sos lavradores não conhece.

Para evitar isto necessario se tor-
na que os lavradores formem o seu
sindicato agricola ou que ao com-
prarem os seus adubos a fabrican-
tes com fabricas montadas ad-hoc
exigam a garantia de dosagem, su-
jeitando-se os fornecedores a anali-
se no laboratorio official, analise que
pouco dispendiosa é.

Cardoso Guedes.

CURIOSIDADES

O anel nupcial
Ha muito quem julgue que o co-

 

locar o anel de casamento (aliança),

na mão da mulher não: tem, outro
fim senão o de acentuar o simbolo
da escravidão em que se supõe dever
viver a mulher para com o marido.

Afinal, o uso d’esse anel não é
costume exclusivo dos povos latinos:
adoptaram-no sucessivamente os egi-
pelos, os gregos € os romanos.

Os egípcios escolheram para co-
locar o anel o dedo anelar, funda-
dos na crença que põe esse dedo
em comunicação directa com o co-
ração.

Os egípcios dedicavam tambem
o quarto dedo a Apolo. a quem con-
sagravam o oúro*

Os hebreus escolheram o índica-

“dor e é d’ahi que vem o trazerem

os bispos o annel n’esse dedo da
mão direita.

Na Allemaaha o anel nupcial é
collocado no anelar da mão esquer-
da durante os esponsaes, é depois
muda-se para o mesmo dedo da
mão direita.

Na Grecia não é o sacerdote que
colloca a aliança no quarto dedo da
mão esquerda da desposada.

Em Hespanha não se attribue já
grande importancia a esse anel co-
mo simbolo, mas, em compensação,
é muito frequente que, em vez de
ser elle, como em França ou em
Portugal, um simples aro de ouro,
adquira as proporções de joia, pas-
sando a ser cravejado de pedras
preciosas.

Os perfumes

Harmonisados ou não os perfu-
mes causam uma embriaguez, que
desde ha muito é conhecida.

Nero, que era um refinado crimi-
noso, divertia-se comunicando essa
embriaguez às suas victimas.

De ordinario, os perfumes produ-
zem uma excitação regular, seguida
de reacção proporcionada, que de-

 

termina uma debilidade nervosa, e
muscular, mais oumenos considera-
vel, à o
Além d’isso, os vapores emitidos
pela maior parte das essencias olo-
Tosas são antisepticos potentes; as-
sim, por exemplo, o: bacilo da fe-
bre tifoide morre em doze minutos
com a essencia da canella, em cin-
coenta com a de granito e em se-
tenta e cinco com a do ouregão.

eee e pç

Pequena correspondencia

Pagou a sua assignatura O sr. Angelo
Lopes dos Santos, de Benguella.

=” PMES

Só com boas adubações se
obteem boas colheitas

Aos lavradores do norte do paiz,
onde se estão fazendo com toda a
força as sementeiras de milho e
feijão, aconselhamos a que empre-

uem bons adubos se quizerem ter
Boa colheitas.

O melhor que teem a fazer é em-
pregar os ADUBOS COMPLE:
TOS da marca registada TREVO
DE 4 FOLHAS, proprios para as
terras e culturas, porque são os que
dão melhores resultados.

Os: lavradores, porém, que não
quizerem empregar estes adubos
nem por isso devem deixar de adu-
bar as suas sementeiras para terem
boas colheitas. É

Nºeste caso, devem empregar uma
mistura de;

15o kgs. de Cal Azotada.

400 kgs. de Fosfato Meteor ou
Fosfato Tomaz, e –

400 kgs. de Kainite, ou 100 de Clo-
reto de potassa por cada 100 e 150
litros de milho a semear. É

Com estes adubos obteem-se ex-

celentes resultados je, como prova,

basta vêr o que nos diz a este res-
peito, em 17 de abril, um nosso
cliente : ;

«Arões, 17 de abril de tgr2,

A sementeira de aveia, abubada
com Fosfato Meteor, nasceu muito
bem e está bastante bonita, e a Cal
Agotada está produzindo resultados
maravilhosos no trigo, estando to-
dos os lavradores muito satisfeitos
por a terem aplicado. E’ o adubo
azotado do futuro.» :

Quem nos diz isto é um dos lavra-
dores mais distintos do paiz e um
dos homens que costuma sempre
proceder com a maior prudencia e
circumspeção e por isso o seu te:-
temunho é da mais alta importancia.
– Aconselhamos, portanto, os lavra-
dores do norte do paiz a que empre-
guem os ADUBOS COMPLETOS
ou a mistura dos adubos elementa-
res. indicados, se quizerem ter co-
lheitas de primeira ordem.

Todos. os pedidos devem ser fei-
tos a O. Herold & (€.º, com arma-
zens em Lisboa, Porto, Pampilhosa
e Regoa. Os mesmos srs, pedem
aos seus estimaveis freguezes o fa-
vor de dirigirem as suas encomen-
das é demais correspondencia à Su-
cursal. da nossa casa, em cuja area
tiverem as suas propriedades.

 

O na

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