Voz do Povo nº108 22-12-1912
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3.º Ano
Certã, 22 de dezembro de 1912
N.º 108
DIRECTOR
Augusto kRodrignes
Administrador
ZEPHERINO LUCAS
Editor
Luiz Domingues da Silva Dias
VOs DO
POVO
Assignaturas REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Annuncios
Anno……. 1200. Semestre… 600 rs. Travessa do Serrano, 8 Na 3.º e 4.º paginas, cada linha….. 30. rs,
Para o Brazil. ……. 5yooo réis (fracos) sp Nºoutro logar, preço convencional
Pago adiantadamente
Não se restituem os originaes
Situação politica
seo
Foi-fertil de boatos politicos
a ultima semana.
Os factos vieram demonstrar,
porém, de quanta fantasia eles se
achavam revestidos, ficando tão
sómente, de pé o que dava como
provavel a saída do poder do
atual governo. E bem profunda-
mente lamentamos . que assim
seja.
A Republica tem; lutado com
as mais vivas contrariedades e
tem-se visto a braços com as
mais serias dificuldades. Somos,
porém, de parecer-—que nos jul-
gamos no direito de exteriorisar,
por muito modesto que ele seja
— que a instabilidade ministerial
constitue a mais formidavel cau-
sa de muitas d’essas contrarieda-
des e dificuldades.
A saída do poder do sr. Duar-
te Leite é, por todos- os titulos,
bastante deploravel. Sua ex.*—
pela linha austera da sua condu-
ta impecavel–inspirava a todo
o paiz uma grande e merecida
confiança. |
Para que buscar um outro ho-
mem, quando este satisfazia ca-
balmente a todos os complexos
requisitos que as dificeis circuns-
tancias do paiz, imperativamen-
te exigem?
Tão profundamente convenci-
dos estamos, ainda, de que as
conveniencias publicas aconse-
“ lham a permanencia no poder
d’aquele ilustre homem publico,
que, não obstante os boatos in-
sistentes d’uma proxima crise,
de que os jornais se fazem eco,
continuamos a acreditar que uma
melhor reflexão obrigará os par-
tidos a instar pela sua conserva-
ção no logar de tanta honra co-
mo responsabilidade, em que,
n’uma hora feliz, o sr. presiden-
te da Republica o investiu.
E para nós, admiradores que
somos das qualidades que dis-
tinguem o atual presidente do
ministerio, nenhuma duvida te-
mos de que s. ex.” não terá re-
lutancia em prestar mais esse
serviço ao seu paiz, por muito
sacrificado que se sinta nesse
alto logar.
Posta, porem, que seja a cri-
se, terá ela de ser resolvida e
convem que o seja, então sem
demora.
Mas, convem ainda mais que
essa resolução não tenha o cara-
“Typographia Leiriense — LEIRIA
Propticiado da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL
”
cter, quasi transitorio das ante-
riores.
Procure-se uma solução de-
finitiva, que ponha termo ao es-
tado de incerteza e indecisão em
que se vem debatendo toda a
nossa vida publica, num. esta-
gnamento de iniciativas, n’um
quebrantamento de vontades que
paralisa todo o nosso progresso,
“que atrofia todas as fontes do
nosso desenvolvimento econo-
mico.
da’a hora da terminação da lu-
ta politica, que demasiado se
tem prolongado. O paiz carece
de paz, para a reconstrução. de
toda a sua vida publica, tão for-
temente abalada. Ninguem tem
o direito de recusar o concurso
do seu auxilio para essa obra
nacional ‘do levantamento das
nossas energias. Nem a diversi-
dade de crenças, ou de convi
cções pode autorisar quem quer
que seja a julgar-se isento de
prestar á sua patria os serviços
de que ela carece. E assim, apro-
veitando os serviços de todos os
seus filhos, deve Portugal. fazer
face, triunfantemente, ás dificul-
dades—que não são insupera-
veis, da hora presente.
Mas, sem uma forte disciplina
orientadora, que ponha todos
no seu logar, nada se pode con-
seguir, e todos os esforços irão
bater d’encontro ao desiquilibrio
que a falta d’um seguro méto-
do, produz invariavelmente,
— E esse método, essa disci-
plina, e essa orientação só pode
vir d’um governo estavel e forte
que, apoiado nas forças vivas
da nação, e cercado da simpa-
tia e do respeito do povo, se im-
ponha a raissão de elevar o paiz
ao gráo dexprosperidade e de
grandeza que fôr compativel
com as suas condições”
Tasso de Figueiredo
Este nosso ilustre amigo já se en-
contra restabelecido, tendo compa-
recido ás ultimas sessões do Senado.
—-— 30006
Imprensa
Recebemos a visita do nosso novo
colega A União, que se publica em
Castelo Branco, sob a direcção do
nosso presado amigo, sr dr. Barros
Nobre, e que se propõe ser o orgão
na imprensa da União Republicana,
do distrito.
Apresenta-se muito bem redigido.
Ao seu ilustre director os nossos
cumprimentos, desejando para o seu
jornal as maiores prosperidades.
Parece-nos bem que é chega-
Missões ultramarinas
O nosso ilustre amigo, sr. Tasso
de Figueiredo, numa das ultimas
sessões do Senado, interpelou o sr.
ministro das colonias sobre a proje-
ctada transferencia para Carnide do
Colegio das Missões, :
Dos jornais transcrevemos O ex-
trato dessa parte da sessão:
Tem depois a palavra o sr. Tasso de Fi-
gueiredo, que a pedira para quando esti-
vesse presente o sr. ministro das colonias.
Pergunta a sua ex.* o que ha de verdade
nuns boatos, que até á imprensa teem che-
aro de que vai sair do seu edifício, em
ernache do Bomjardim, o Colegio das
Missões Ultramarinas. Tal resolução seria
bastante prejudicial para o povo daquela
localidade, e o edificio presta-se, como ne-
nhum outro, com a sua bela cêrca, ao fim
a que é destinado, Como lhe parece que
não serão funtamentados os boatos, dese-
ja ouvir sobre o assunto o; sr, ministro das
colonias.
Respondendo o sr. ministro das colonias,
diz que o caso foi incumbido a uma co-
missão, que ao mesmo tempo está encar-
regada do estudo da reforma do ensino a
ministrar em todas as escolas que se dedi-
cam á preparação de funcionarios colo-
niais. Mas nada ha ainda resolvido sobre o
assunto, e se o Colegio tiver de sair de
Sernache do Bomjardim, outro instituto
irá ocupar o estabelecimento, não sendo o
povo dali prejudicado.
O sr. Tasso de Figueiredo conti-
nua a mostrar a sua: grande dedica-
ção pelos interesses—e no caso pre-
sente, bem legitimos—dêste conce-
lho. “Podos nós sabemos com: quan-
ta boa vontade s. ex.” põe todo o
seu valimento’ ao serviço. do seu cir-
culo e do país.
— Os jornais dão tambem noticia
de que já foi presente ao sr. minis-
tro das colonias a representação da
Comissão Administrativa dêste con-
celho, que transcrevemos no nosso
ultimo numero.
Estamos certos de que as instan-
cias superiores hão de dar. satisfa-
ção ao direito que nos assiste.
eee mm me mem mae
s
FACTOS E BOATOS
FESTA DA ARVORE
Promove-a o «Seculo Agrico-
la» em todo o paiz
O excelente semanario o Seculo
Agricola projecta realizar em todas
as freguesias do país, no mesmo dia,
a util e benemerita festa da arvore,
que tão proveitosa é, como educa-
ção e acto de moralização.
Para esse fim serão fornecidas a
todas as freguezias amoreiras para
serem plantadas naquele dia, tendo
o Ministro do Fomento oferecido as
arvores necessarias.
A Direcção Geral de Instrução
Primaria mandou convidar todos os
professores primarios a colaborar na
mesma festa.
A iniciativa do Seculo Agricola é
sobremaneira simpatica e digna dos
maiores elogios.
——SQO00€C— ———
Férias
Começam no dia 23 e terminam
no “dia 1 do proximo mês as férias
para os tribunais e escolas.
Annunciam-se publicações de que se receba
um exemplar
Ás juntas de paroquia
Tendo-se reconhecido que as in-
formações de algumas juntas de pa-
roquia, ácerca de individuos que se
RiePosm solicitar da Assistencia Pu-
lica, não são a expressão da ver-
dade, e atendendo a; que este servi-
co carece de ser feito com a maxi-
ma correcção e lealdade para não
se onerar o que deve ser sempre ex-
clusivo. patrimonio da indigencia,
foi determinado que se faça reco-
mendar muito especialmente áquelas
entidades o maior escrupulo no cum-
primento d’aquele seu dever legal
sob pena de procedimento adminis-
trativo ou criminal contra todos os
que prestarem informações falsas no
assunto sujeito.
— soc:
Foi expedida uma circular aos go-
vernadores civis, suscitando a obser-
vancia do preceituado para os mu-
nicipios não poderem alienar os bens
e direitos e imobiliarios sem previo
conhecimento do ministerio das fi-
nanças, bem como a inteira obser-
vancia da lei de desamortisação.
e mm
Na sua propriedade do couto da
Certã, ofereceu o nosso amigo, sr.
Eduardo Barata, no passado domin-
go, uma interessante festa aos seus
amigos, que decorreu animadissima.
Passou-se uma tarde sobremanei-
ra agradavel, que em todos deixou
as melhores impressões.
— Doo
Casino Certaginense
Realisou-se no dia 15, no Casino
Certaginense, a eleição dos corpos
gerentes que hão de servir no ano
de 1913, sendo eleitos :
Direcção
Presidente: Dr. José Bartolo.
Tesoureiro: Frutuoso Pires
Secretario: Manuel M. Duarte.
Vogais:: Tomaz Namorado e An-
tonio Pedro Ramalhosa.
Substitutos
Presidente: Dr. Joquim Tavares,
Tesoureiro: Henrique Moura.
Secretario: José Francisco Barata.
Vogais: Luiz da Silva Dias e João
Joaquim Branco.
Conselho fiscal
Dr. Albano L. da Silva, Fernan-
do Bartolo e Francisco Moura,
* Substuutos
José Antonio de Moura, Emídio
Magalhães e Maximo Pires Franco.
— Soc
Incendio
No dia 16 do corrente, cêrca das
19 horas, manifestou-se incendio com
bastante violência, no estabeleci-
mento do sr. Manuel da Silva Pra-
cana, sito ao Largo do Chafariz.
Os socorros foram imediatos, sendo
importantes os salvados, relativa-
mente aos existentes. O fogo, que
já se considerava extinto, manifes-
VANHAVY
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tou-se novamente cêrca das 23 ho-
ras, sendo prontamente dominado.
— ato ——
Pela Camara
Sessão de 16
Sob a presidencia do sr. Zeferi-
no Lucas e assistencia dos yereado-
res srs. Luiz Domingues e Antonio”
Nunes de Figueiredo, teve logar a
reunião da comissão municipal! àd-
ministrativa, >
Lida e aprovada-a acta-da sessão
anterior, foi presente: A
— Oficio n.º 315, de 7’do corren-
te; -do-comandante-da Guarda-Na-
cional Republicana, 2.º Batalhão, pe-
dindo-um exemplar do Codigo de
Posturas. O sr. presidente declarou
ter sido satisfeito..
“Ofício n.º 137, da Camara de
Aldegalega do Ribatejo. Satisfeito.
—Uma relação das crianças do
sexo masculino, inscritas na fregue-
sia do Figueiredo no recenseamento
escolar é que se não apresentaram
para serem matriculadas.
—Um. requerimento do Gremio
Certaginense, pedindo licença para
depositar no largo da Conceição
Nova, materiais para a construção
do edificio do Teatro e Club. Con-
cedida a licença por 30 dias, nos
termos do artigo 27 do Codigo de
posturas municipais. |
—Em cumprimento do disposto
no $ 3.º do Decreto de 16 de de-
zembro de 1710; nomeou os seguin-
tes cidadãos:
“Efectivos
Dr. Antonio Nunes “de Figueiredo
Guimarães
Joaquim Nunes e Silva
José Farinha. Tavares.
Substitutos
‘Dr. Joaquim Farinha Tavares
José Lopes da Cunha
José Dias Bernardo Junior.
=Circular do Governo Civil, en-
viando um exemplar do regulamen-
to-da Agencia Geral do Trabalho e
Juntas de conciliação. Ficou sobre a
mêsa para ser estudado.
—Foi presente uma representação
da Junta de Paroquia da freguesia
da Varzea, aderindo à representação
que o comercio da Certã fez, sobre
a criação e transferencia de merca
dos. ,Mandada juntar ás mais rece-
bidas.
—Mandou pagar no dia 30 do
corrente aos empregados da Cama
ra e Adminis ração do concelho e
bem assim a to los os empregados
que recebem pelo cofre do munici-
pio, os ordenados respectivos ao
mês corrente e 4.º trimestre.
—Mandou pagar ás amas dos ex-
postos e mães subsidiadas.
—Mandou pagar as despêsas de
expediente da Camara e Comissão
do recenseamento militar.
e EDS GO Dm.
Acaba: no; dia 31 do corrente o
praso para o registo dos nascimentos
anteriores a 30 de março de 1911.
Este praso é já uma prorogação,
motivo. por que os interessados não
devem deixar passar o dia acima in-
dicado.
——DPRERIgE=>— —
Correios e telegrafos
As tiragens das correspondencias
efetuam-se ás seguintes horas:
1.º tiragem-—caixa da porta da es-
tação, ás 5,15
2.º tiragem-—idem ás 11,30.
“34 tiragem—idem ás 11,55.
“4º E ragem idem .em seguida à
chega das malas de Lisboa.
as caixas exteriores a tiragem
tem logar ás 10,30
A correspondencia entrada na es-
tação depois das 11,55 para seguir
no mesmo dia dentro da mala de-
ve pagar a taxa de 2o réis,
VOZ DO POVO
Registo Civil
O movimento de registos de 11
a 18 de dezembro no concelho da
Certã foi:
Casamentos… … 4
Nascimentos… ……… RGE
DOR Sour sd Desa ginÃo 8
Carteira semanal
Fazem anos:
Hoje, a sr? D. Georgina Bartolo
Ferreira de Matos.
No dia 23, 0 sr. Hermano Mari- |
nha,
No dia 25, a sr.º D. Evangelina
Mauvçal. à
No dia 28, 0 sr. João Lopes, do
Nesperal.
Tem estado em Sernache de Bom
Jardim, o nosso assinante, sr. Li-
banio da Silva Girão.
Com sua esposa é filhinha Fer-
nanda, saíu para Lisboa, o nosso
assinante, sr. Demétrio da Silva
Carvalho.
Regressaram a esta vila, os nos-
sos. assinantes, srs. Antonio Nunes
de Figueiredo, e Antonio da Costa.
Esteve nésta vila a sr.º D. Marga-
rida Rolão Preto.
Regressou a Sernache de Bom
Jardim, o sr. capitão Valente da
Costa, digno director do Colegio das
Missões Ultramarinas.
Passou incomodado de saude o
st. João Pinto d’Albuquerque.
Saíram: para Lisboa, o sr. Luiz
da Silva Dias; e para o Porto o sr.
Rogerio Ehrhardt. ;
Ainda não está completamente
restabelecido o ilustre juiz de direi-
to désta comarca, sr. dr. Sanches
Rolão.
“Com sua filha; ex. sr.º D. Eu-
genia, esteve nésta vila, seguindo
para Lisboa, o nosso ilustre amigo,
sr. dr. Antonio Augusto de Men-
donça David: : –
Ea e af em at
AS MÃES
(Conselhos)
Propaganda a favôr das crian-
ças e do melhoramento da
raça portuguêsa pela Mise-
ricordia de Lisboa
—sec—
O SONO
O sono e o leite são as bases
mais importantes da criação na pri-
meira infancia, e por isso o sono da
criança deve ser respeitado, não se
fazendo barulho que o perturbe, e
conservando: o quarto numa meia
obscuridade.
E”. prejudicial embalar as crian-
cas, pois, além de outros inconve-
nientes, só serve para as fazer cho-
rar quando não as embalam.
E” perigoso deitar a criança na
cama da mãe. Quantas terão mor-
rido abafadas? As crianças deitam=
se ora sobre um lado, ora so-
bre outro, e nunca de costas,
para não se sufocarem, se vomita-
rem ou bolsarem.
Um quarto sem janêlas é prejudi-
cial ao desenvolvimento da-criança.
Com o ar e com o sol, entra a sau-
de.
Não se deixe ficar no quarto cães,
gatos e outros animais,
A” CASA ONDE ENTRA BASTANTE
AR E SOL NÃO VAI O MEDICO.
No proximo numero À ALIMEN-
TAÇÃO;
Pelo Mundo Literario
ALGUNS PENSAMENTOS
As ciencias são as mais preciosas
mercadorias que entram no comer-
cio dos homens.
— Os ciumes não procedem” do
amôr que se sente mas sim do amôr
que se exige.
—Uma aureola de gloria cinge a
fronte do sabio que ilustrou com os
seus escritos sua patria, sua nação e
todo o genero humano, contribuindo
para o seu melhoramento civil, mo-
ral, político e religioso.
—A ociosidade custa mais doque
o trabalho; este é sempre necessa-
rio, é o dever e a consolação do ho-
mem, afugenta o aborrecimento e
dá-nos: satisfação. Como é digno de
lastima aquele que não tem nada
que fazer ! : ;
—(Quem não corrige a mocidade
é-lhe impossivel dominar a velhice.
—Como a flôr dobrada é mais for-
mosa do que a singela, assim a vi-
da dobrada dos amantes e amigos é
mais feliz do que a simples e indi-
vidual.
— Nunca acendas lume’ que não
possas apagar.
—A instrucção é um elemento es-
sencial da civilisação, é um elemen
to inadiavel, mas não é tudo. E” pre-
ciso dizê-lo alto e desassombrada-
mente. Pouca importancia tem so-
bre o caracter. :
—E’ habito pernicioso estar sem-
pre a procurar faltas nos outros. Tais
pessoas tornam-se peores que os que
cometem as faltas.
—A palavra é mais perigosa para
a seducção que a vista. Podem fe-
char-se os olhos, mas não se podem
fechar os ouvidos.
Compilação de
Luiz Leitão.
CORRESPONDÊNCIAS
Visita do governador civil
de Castelo Branco
Vila de Rei, g. — Hontem o go-
vernador civil d’este distrito sr. ca-
pitão Francisco Antonio de Almei-
da, fez a sua anunciada visita ofi-
cial a este concelho, tendo saido
hoje para Castelo Branco.
Aguardavam s. ex.” á entrada da
vila o sr. administrador do concelho,
todos os empregados publicos, mui-
to povo e a filarmonica local, que
executou a Portuguêsa logo que o
ilustre visitante foi avistado, sendo
nessa ocasião queimados muitos fo-
guetes. Tambem aguardavam a che-
gada des. ex“ os alunos do sexo
masculino que empunhavam muitas
bandeiras nacionais.
Feitas as apresentações do estilo
pelo sr. administrador do concelho,
tudo se poz em marcha a caminho
da camara municipal, onde houve
sessão solene, a que presidiu o ilus-
tre magistrado. Aberta a sessão o
sr. dr. Eduardo de Castro, adminis-
trador do concelho, leu um eloquen-
tissimo discurso repassado de pa-
triotismo e de amor e fé pela Re-
publica, em que começou por dar
as boas vindas em seu nome e no
do povo de todo.o concelho ao ilus-
tre governador civil, sendo durante
a leitura repetidas vezes aplaudido,
e terminou por levantar. muitos: e
sinceros vivas ao sr. governador ci-
vil, ao venerando Presidente da Re-
publica e à Republica, que foram
entusiasticamente correspondidos.
Sua ex.* o sr. governador civil,
fazendo uso da palavra, proferiu
um brilhante discurso em que sa-
lientou as vantagens da Republica
sobre a monarquia, e terminou por
Jevantar muitos vivas á Patria, à
Republica e ao povo de Vila de
Rei, que egualmente foram caloro-
samente correspondidos. Tambem
usaram. da palavra Os srs. regedor
e professor oficial d’esta freguesia.
Lamentamos não poder dar na in-
tegra, pela falta de espaço com que
lutamos, os discursos lido pelo sr.
administrador do concelho e profe-
rido-pelo sr. regedor d’esta fregue-
sia, brilhantes na forma e na essen-
cia. Foi depois encerrada a sessão.
* A’ porta do edifício dos paços do
concelho estavam inumeras pessoas:
que aclamaram: entusiasticamente o
sr. governador civil, o sr. adminis-
trador ‘do concelho e a Republica.
Em seguida, todos os presentes
com o ex.”º governador civil á fren-
te, se dirigiram à escola do sexo
masculino, cuja vasta sala estava
literalmente cheia, onde as creanças
cantaram «A Portuguêsa» com mui-:
ta correcção e uma d’elas ensinada
pelo seu habil professor deu as boas
vindas ao ilustre visitante.
Falaram os srs. governador civil,
administrador do concelho e pro-
fessor, send» levantados muitos vi-
vas, caloro aimente ‘correspondidos,
as. exito sr. governador: civil, a
s. ex.º Presidente. da Republica, ao
sr. administ:ador e ao povo
Depois foi o ilustre visitante acom-
panhado de muito povo é da filar-
monica, a casa do sr. administrador,
onde ficou hospedado… |
Durante este trajecto, como. já
havia sido desde a entrada n’esta
vila até aos paços do concelho, foi
o ilustre magistrado entusiastica-
mente ovacionado por todo o povo,
tendo até três gentis creanças: deita-
do muitas flores á passagem de.s.
(reli
As ruas estavam embandeiradas
e enfeitadas a verdura, e á noite
| houve “iluminação á veneziana, to-
cando a filarmonica alguns numeros
de musica e sendo levantados mui-
tos vivas. &
Ao «bota-fóra» foi o ilustre visi-
tante acompanhado pelos individuos
mais cotados desta “vila, por muito
povo e pela filarmonica.
A” despedida foram-lhe levanta-
dos muitos vivas, á Republica e ao
sr. administrador.
S. ex.” o sr. governador civil, que
crêmos levar desta terra as melho-
res impressões, vinha acompanhado
de seus dois filhos e secretario par-
ticular, o sr. Roxo.
E assim terminou o que póde
chamar-se uma grandiosa festa re-
publicana a que se associou o co-
mercio local, tendo pata isso fecha-
do os seus estabelecimentos.
Assuntos agricolas
A adubação das vinhas é ne-
cessaria
Estamos na melhor epoca para
fazer a adubação das vinhas e, por
isso, voltamos a lembrar aos viticul-
tores que, no seu proprio interesse,
não devem deixar de adubar bem
os seus vinhedos, porque quem me-
lhor adubar mais e melhor vinho
terá.
Para que o exito seja o mais com-
pleto possivel convém que as adu-
bações sejam feitas com ADUBOS
COMPLETOS, que contenham to-
das as substancias indispensaveis á
boa alimentação das videiras, como
azote, acid) fosforico e principal-
mente POTASSA, que é o elemen-
to que mais influe na obtenção de
muito e bom vinho.
São; portanto, as adubações ricas
em “OTASSA que devem ser pre-
feridas e, portanto, teem os viticul:
tores todo o interesse em empregar
ADUBOS COMELETOS ricos em
POTASSA, ou então em empregar
misturas de diversos adubos ele-,
mentares em que haja uma grande
quantidade de POTASSA,TASSA,
@@@ 3 @@@
1 .
voz Do Povo
Ha lavradores que estão verdadei-
ramente entusiasmados com os ne-
sultados que tecm conseguido obter
com a aplicação dos ADUBOS
COMPLETOS bastante ricos em
POTASSA. E
O Ilmº Sr. JOAO SERRA, de
DOIS PORTOS, concelho de Tor-
res Vedras, é um dos que se encon-
tram mais satisfeitos com estes re-
sultados.
Ainda ha pouco tempo este se-
nhor . nos disse que n’uma vinha de
onde em geral não conseguia colher
mais do que meia duzia de pipas de
vinho tem conseguido colher 15 a
1 pipas, sempre que emprega uma
boa adubação de CLORETO DE
POTASSIO, além de outros adu-
bos, tendo sempre notado que é o
CLORETO DE POTASSIO que
mais beneficia a vinha.
Este lavrador ha muito tempo que
emprega boas adubações e, por isso,
tem produções como ninguem-con-
segue ter na sua região.
ão devem, portanto; Os viticul-
tores deixár de fazer nas vinhas boas
adubações, empregando de prefe-
rencia os bons ADUBOS COM-
PLETOS da marca registada TRE-
VO DE 4 FOLHAS e quando não
queiram, por qualquer razão, em:
pregar estes adubos, devem empre-
gar: E !
Nas terras sem calcareo:
5o kgs. de Cal Azotada
100 kgs. de Fosfato Tomaz e
150 kgs. de KAINITE, por cada
milheiro de cepas
Nas terras calcareas : t
100 kgs. de GUANO DO PERU
(OHLENDORFF) e
5o kgs. de CLORETO DE PO-
TASSIO, egualmente por milhei-
ro de cepas.
Sebretudo o que é indispensavel
é empregar boas adubações potas-
sicas, como faz o sr. João Serra €
muitos outros lavradores, e todos
os que tal fazem estão sempre sa-
tisfeitos com os resultados que con-
seguem obter.
Pedir todos estes adubos e exigir
sempre n’eles a marca registada
TREVO DE 4 FOLHAS
a O. HEROLD & €*
com armazens em Lisboa, Porto,
Pampilhosa, Regoa e Faro.
Pequena correspondencia
Recebemos a importancia das as-
sinaturas dos srs. P.º Hipolito A.
Gonçalves (Angoche), e José Maria
d’Azevedo, do Sobral de Cima,
Agradecemos.
Lisboa, 4 de Setembro de 1912
Ex.toº Srs. A. CARDOZO & C.*
Acedo aos desejos de V. Ex.ºº
dando-lhes a opinião que tenho .so-
bre o valor da «Fosfatose».
A forte percentagem de fosfato
de calcio tribasico que a fosfatose
contém (84 “fp segundo a análise),
levame a considerar este produto
como um bom reconstituinte a usar
em todos os. animais destinados a
funções exgotantes para os seus or-
ganismos, Sobretudo nos adolescen
tes, nas fases do crescimento, repu-
to de muito util o seu emprego, O
que posso comprovar com os bons
resultados que obtive em seis vite-
las de raça leiteira que submeti a
uma alimentação que incluia a fos-
fatose.
Mais não; posso dizer, por em-
quanto, a V. Ex.”, visto que ainda.
não encetei as minhas experiencias
em animais adultos.
De V. Ex.“
Amigo e grato,
Julio Vieira
Mediço-veterinario,
— ANNUNCIOS –
CONARCA DA CERTÃ
1.º oficio
No dia 29 do corrente mez de
Dezembro, ás 12 huras, em virtude
dos autos civeis d’execução, por divi-
da de custas e selos, que o Ministerio
Publico move contra Maria Alves e-
seu marido Antonio Mendes, residen-
tes no logar do Mogadouro, freguezia
d’Qleiros, d’esta comarca, por apen
so ao inventario orfanologico por
obito de Luiz Alves, que residia no
dito logar, voltam pela segunda vez
á praça por metade da primitiva
avaliação, para serem arrematados
a quem maiores lanços oferecer aci-
ma dos valores que lhes vão designa-
dos, os seguintes bens, a saber: ;
1.º—Uma terra d’hortar e testa-
da de mato, sita ao Vale Castanhei
ro, limite do Mogadouro, no valor
de 20000 réis.
2.º—Uma outra terra a’hortar e
mato, no sitio da Figucirinha, limit:
do mesmo logar, no valor de 17500
réis.
P.lo presente são citados os cre-
dores incertos para deduzirem os
seus direitos, querendo, no prazo
legal.
Certã, 18 de Dezembro de 1912.
— O Escrivão
Antonio Augusto Rodrigues
Verifiquei
O Juiz de Direito
I Sanches Rolão- I
ANUNCIO
Pelo Juizo da quinta vara de Lis-
boa e cartorio do quarto oficio, cor-
rem editos de trinta dias a contar
do ultimo anuncio que se publicar
duas vezes no «Diario do Governo»
é noutro jornal, citando os interes-
sados incertos para na segunda au
diencia posterior ao prazo dos edi-
tos verem acusar a sua citação e ahi
assinar-lhes trez audiencias para de-
duzirem o que tiverem a opôr na
habilitação requerida por D. Maria
José da Costa França, D. Alice da
Costa França Martins, Vitor Hugo
da Costa França, D. Delfina da Cos-
ta França e Mario da Costa França,
a fim de serem julgados unicos e
universaes herdeiros do falecido To-
maz Augusto da Costa Fr-nça, na-
tural da Gertã e falecido na cidade
de Lisboa, em vinte e seis de maio
de mil nove centos e nove, na casa
numero cento e oitenta da Calçada
de Sant’Ana, fregu: sia da Pena, sem
ascendentes e sem testamento, dei-
xando viuva que é a primeira justifi-
cante e quatro filhos que são os restan-
tes justificantes, Declara-se queasau-
diencias nêste juizo se fazem ás
terças e sextas feiras, por dez horas
no tribunal judicial da rua Nova do
Almada. E para constar se passou
o presente nêste Juizo de Direito,
em cumprimento da respectiva car-
ta precatoria, enviada do Juizo de
Direito da quinta vara da referida
Comarca de Lisboa. Gertã, 7 de
dezembro de 1912.
O Escrivão do 2.º oficio
Francisco Pires de Moura
Verifiquei—O Juiz de Direito subs-
útuto,
2 Zeferino Lucas. 2
COMARCA DA CERTÁ
1.º oficio
Por este Juizo de Direito e car-
torio nos autos d’inventario orfano-
logico por obito de Josefa Farinha,
ue residia no logar do Consido,
reguesia de Figueiredo, d’esta co-
marca correm editos de 30 dias, a
contar da segunda e ultima publica-
PEDRO FETEVES
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PRAÇA DA REPUBLICA |
ção do anuncio, citando o herdeiro
Adelino Farinha, solteiro, maior au-
sente em parte incerta. no Pará.
Brazil, para assistir a todos os ter-
mos, até final, do mesmo inventa-
rio, deduzindo nele todos os seus di-
reitos, querendo.
Certã, 3 de dezembro de 1912.
O Escrivão
Antonio Augusto Rodrigues
Verifiquei
O Juiz de Direito
2 Sanches Rolão 2
EDITAL
A Camara Municipal do Con-
celho da Certã
Faz sabcr, que em sua sessão de
27 de Novembro ultimo, resolveu:
1.º—Estabelecer a creação de dois
mercados semanais na séde do Con-
celho que terão lugar aos domingos
e quintas feiras, de cada mez, fican-
do suprimido o mercado semanal que
se realisava aos sabados:
2º—Que o mercado mensal de
gado que se realisavano 1.º sabado
de cada mez, passa a realisar-se no
1.º domingo de cada mez continu-
ando a reslisar-se, como até aqui,
os mercados de gados nos dias: 25
de Abril e 29 de Julho, nos mesmos
locais.
3.º—Que estas resoluções princi-
iam a vigorar no proximo mez de
aneiro.
Para conhecimento geral se pas-
sou este e outos d’igual teôr para
serem afixados nos logares publicos.
Secretaria da Camara Municipal
da Certã, 4 de Dezembro de 1912.
O Presidente da Camara
4 Zeferino Lucas 3
PEDARIA DOS VALES
FERREIRA DO ZEZERE
Ana de Jesus e Silva previne os
seus freguezes que, por falta de sau-
de, e não podendo convenientemen-
te estar á frente désta casa, esta
fecha no fim’ do corrente ano.
No entanto, encontrando se esta
Certã a Tomar, com paragem do
carro do correio, não tem duvida
em fazer qualquer transação, para
o que receberá propostas. Dai
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