O Renovador nº8 04-04-1970

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Ano I —- N, 8

4 de Abril de 19%0

D RENDVADDE

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTA, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REI

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
Rua Lopo Barriga, 5- r/c — SERTÃ — Telef. 131

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO: |, é

JOAQUIM MENDES MARQUES

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

PODER-SE-Á MODIFICAR
A VIDA DAS NOSSAS ALDEIAS?

Os meios rurais do interior do
País constituem cada vez mais
um quebra-cabeças para o Go-
vemno, O êxodo para o estran-
geiro e para os grandes centros
acentua-se. A agricultura ingrata
e improdutiva, é, cada dia mais
difícil, porque os braços escas-
seiam e a máquina não os subs-
titui ao ritmo necessário,

A dispersão dos aglomerados
faz gastar às autarquias locais
e ao Estado quantias vultosas
para beneficiar uma população
tantas vezes restritíssima.

Constrói-se um edifício esco-
lar que passado pouco tempo
não tem a frequência necessá-
ria por terem desaparecido as
crianças, O edifício fecha. Os
poucos alunos da aldeia passam
a ter de deslocar-se a outra es-
cola mais longe. Ou então, a
escola fica reduzida a Posto, com
uma Regente, com todos os in-
convenientes óbvios dessa me-
dida.

Procede-se ao calcetamento de
uma rua. Passados poucos anos,
por virtude da emigração, «a
maioria das casas deixa de ser
habitada.

Electrifica-se um lugar. Gas-
taram-se centenas de milhares
de escudos na obra que vai be-
neficiar umas vinte ou trinta fa-

mílias e a receita bruta da dis-
tribuição está longe de cobrir a
despesa.

Não há hipótese de proceder
ao abastecimento domiciliário de
água porque o custo do empre-
endimento, em relação com o

GRUPO CORAL
NA SERTÃ?…

Um Clnjunto Coral deu es-
pecial relevo às solenes cerimó-
nias da Semana Santa na Igreja
Matriz da Sertã.

Constituído, quase totalmente
por Senhoras tem também ele-
mentos masculinos que o enrique-
cem dado o potencial das suas vo-
zes.

Ao órgão esteve, como-é habi-
tual a Senhora Dona Maria, Fer-
nanda Bártolo, que há muito é
devotada organista da nossa
Igreja.

A organização e manutenção
de um Grupo Coral exige dedi-
cação e sacrifícios de vária or-
Jem. É por isso de realçar a sua
acção e o seu exemplo,

Que ele continue e frutifique.

INÉDIT

Quinta-feira, 26 de Março. 16
horas.

No céu da Sertã as andorinhas
espantam-se alvoroçadas com o
ruído de um helicóptero. As cu-
riosas eparecem à janela.

Crianças inquirem o horizonte.
O ruído é cada vez mais ensur-
decedor. O aparelho aproxima-se
do centro da Vila. Começa a bai-
xar. Numerosas pessoas que se
haviam deslocado à sede de fre-
guesia para as cerimónias do La-
va-Pés, estão atónitas. Correm
pelo chão chapéus de aldeãos, ar-
rancados pela deslocação de ar
produzida pela hélice.

Lentamente, com segurança ab-
soluta, o helicóptero poisa na

O Praça da República.
uma pequena multidão.

Do aparelho saem, então, ante
a expectativa, ansiosa de muitos,
os tripulantes sorridentes, O pi-
loto é bem conhecido na Sertã:
— é o capitão piloto-aviador
RENATO GESTOSA DA SIL.
VA, nosso bom amigo, natu-
ral de Serra de São Domingos.

Viera de Tancos dar um abra-
ço a sua mãe.

Centenas de pessoas examine-
ram minuciosamente o aparelho
durante meia hora. Os fotógrafos
bateram chapas, E o helicóptero
poisado na Praça da República.
foi o acontecimento do dia, da
semana, talvez do ano…

Reune-se

Um helicóptero da Base de “Tancos levanta voo
da Praça da República da Sertã

seu rendimento, é de todo em
todo inibitório.

A maioria das aldeias do in-
terior do País terá de continuar
longamente sem saneamento
nem esgotos já que seriam ne-
cessárias verbas incomensurá-
veis para as dotar desse indis-
pensável melhoramento.

Tudo isto porquê? Simples-
mente porque cada cidadão re-
solve construir a sua própria ca-
sa de habitação no quintalinho
que seus pais lhe deixaram ou
na propriedade que comprou a

Continua na 2.º página

Por motivo da sua recente aprovação

em concurso para Professor Agregado

da Faculdade de Medicina

FOI HOMENAGEADO
com UM JANTAR

O DOUTOR EDUARDO
GIRÃO DO AMARAL

Cerca de 200 pessoas da mais
elevada craveira social e inte-
lectual reuniram-se num jantar
de homenagem ao prof. Eduardo
Girão do Amaral, por motivo da
sua recente aprovação para Pro-
fessor agregado da Faculdade

de Medicina da Universidade de
Lisboa.

Servido no Restaurante Mó-
naco, a mesa de honra foi cons-

tituída pela Senhora de Cid dos
Santos, prof, José Maria Godi-
nho, vice-reitor da Universidade
Técnica de Lisboa, prof. Xavier
Morato, Senhora de José Ma-
ria Godinho, prof. Dr. Cid dos
Santos, Senhora de Eduardo
Amaral, prof. dr. Cândido da Sil-
va e esposa, prof. dr. Sales Luís
e Esposa, Dr. José Filipe da Cos-
ta, dr. Jorge Mineiro ‘e espo-
sa, José Manuel Martins e es-
posa, Dr. António Alves da
Cruz, Dr. João José Paredes, Dr.

Continua na 3.º página

O Prof. Dr. Eduardo Amaral falando na última
Assembleia Geral da Casa da Comarca da Sertã

Houve total desapontamento
nesta Região pelo desfecho do
problema levantado pelo estra-
nho comunicado de uma empre-
sa que dava pelo nome de Ma-
deiper ter tabelado o preço das
madeiras para a celulose abaixo
do que estavam correndo.

A celeuma gerada à volta do
caso que teve zs suas repercus-
sões em todo o País e na pró-
pria Assembleia Neicional, como
noticiâmos, veio, afinal a dar em
águas de bacalhau, ou pouco me-
nos…

Há dias fomos acordados por
um Comunicado da Corporação
da Lavoura, publicado no jornal
«O Século», em que se dizia ter
sido tabelada a madeira de eu-
calipto em 252800 por estere, en-
quanto se entendia não carecer
de tabelamento, = madeira de pi-
nho, pelo facto de as suas múl-
tiplas aplicações proporcionarem
uma concorrência que evita o ta-
belamento.

A nossa surpresa foi grande. E
toda esta enorme zona florestel
para quem a madeira de pinho
representa mais de 50% da sua

montanha deu à luz…

economia, não pode deixar de ma-
nifestar o seu. desânimo.

A livre concorrência é salutar
e factor de progresso quando tan-
to do lado da oferta, como do da
procura, as forças são iguais, ou
quando, para além dos factores

Continua na 8.º pãg.

O RENOVADOR

Temos enviado «O Renovador»
para a nossa África, para o Brasil
e para o estrangeiro por via nor-
mal, aguardando que os interessa-
dos nos comuniquem o seu desejo
de que o wecebom por via aérea.
Não quisemos nem podíamos sujei-
tar-nos aos encargos extraordinários
da sobretaxa aérea sem, para tanto,
sermos expressamente autorizados.

Continuaremos, portanto, a pro-
ceder da mesma maneira enquanto
não recebermos, por qualquer meio
idóneo, comunicação do contrário,

To concelho de Vila de Rei

VIVA MANIFESTAÇÃO
JUNTO DO SENHOR
GOVERNADOR CIVIL

No passado dia 25, por moti-
vo da recondução do Sr. Joaquim
Baptista Mendes, pela segunda
vez, no cargo de Presidente da
Câmara Municipal de Vila de
Rei, uma manifestação composta
de 450 chefes de família, do con-
celho, em dez potentes e vistosas
camionetas, da importante Em-
presa Claras, e doutros carros
particulares, deslocaram-se a Cas-

telo Branco a apresentar cum-
primentos ao Sr, Governador Ci-
vil A partida de Vila de Rei,
efectuou-se às 9 horas e a chega-
da à capital do Distrito, pelas
11,15. Pouco depois, o Sr. Dr.
Ascensão Azevedo recebia a nu-
merosa embaixada nas salas do
Governo, que, por completo, as
enchia e as escadas até à porta
principal. O Chefe do Distrito
foi por todos saudado com uma
salva de palmas. Tomou a pala-
vra o Sr, Dr. António Ponces de

Continua na 2.º página

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Página 2

De mulher

para

«A FADA DO LAR»

Qual de nós não perde a ca-
beça frente a um tecido bonito,
a uma carteira moderna, ou a
um lenço gracioso? Qual de nós
não gosta de vestir bem?

Toda a mulher, no entanto, de-
ve sentir pelo arranjo da casa o
mesmo interesse que sente pela
sua aparência.

Solteiras ou casadas, um am-
biente acolhedor é um prazer do
qual partilham os amigos que re-
cebemas e a família que dele po-
de desfrutar.

Com um pouco de imaginação
conseguem-se verdadeiros mila-

es,

Uma olhadela atenta pelo mo-.
biliário, uma certa boa vontade,
bastam para tirar o melhor par-
tido de algumas peças há muito
postas de lado.

Almofadas confortáveis, garri-
das qu de cores suaves, postas em
aparente desalinho sobre um ca-
deirãa duro e frio; uma mesita
colocada perto, em cima uma cai-
xa geitosa com a costura, o can-
deeiro eléctrico ou a petróleo,
uma pequena jarra com flores.
Na janela cortinadcs a condizer
com as cores do cadeirão, eis al-
go que pode contribuir para trans-
formar em beleza qualquer com-
partimento triste e sombrio.

Enfim, uma simples sugestão
para o que pode ser o nosso can
tinho. O lugar tranquilo e aco-
lhedor onde nos poderemos isolar
para umas horas de boa leitu-
ra, de crochet, ou, até, de con-
vívio.

Não esqueçamos que, acima de
tudo, o asseio é o maior segredo
para nos sentirmos bem em qual-
quer ambiente. O calor e a luz
são também factores importantes
a considerar.

Estejamos certas de que num
interior limpo e bem arranjado,
com pormenores de bom gosto,
todos, grandes e pequenos, se
sentirão mais felizes.

Se lhes agrada a casa, eles per-
manecem nela.

A mulher equilibrada, sempre
atenta ao bem-estar dos seus, ver-
dadeiramente consciente da sua
sublime missão, poder-se-á intitu-
lar, com verdade, «a fada do lar».

Sugestão para o seu lanche de
domingo:

«BOLO DO MEU POMAR »

Açúcar, 200 gramas; farinha,
130 g.; ovos, 4; laranjas, 1 (a
casca ralada. e o sumo); fermento
em pó, 2 colheres de chá.

Bate-se o açúcar com as ge-
mas e as raspas da laranja. De-
pois de bem batidas deita-se o
sumo e as claras em castelo. Ao
sair do forno polvilha-se com
açúcar pilé. É

Coze em forma redonda, de
buraco, untada com manteiga ou
margarina.

Fica fofinho e saboroso.

ALDEIA DE CRIANÇAS S.O.S.

A graça de Deus e a boz von-
tade dos homens criou as Aldeias
de Crianças S.O.S.

Nelas vivem, em casas moder-
nas e propositadamente construí-

mulher…

das, crianças que há meia dúzia
de anos estariam internadas em
orfanatos.

Vivem aos grupos de nove com
uma Mãe, em casa própria.

Frequentam a escola, a Igreja
e têm uma vida inteiramente in-
tegrada no meio social a que per-
tencem.

Alimentação, vestuário, etc.
são orientados pela Mãe, que, pa-
ra isso, recebe do Governo ver-
ba condigna.

A assistência médica é atenta
e eficiente.

As crianças são sabiamente edu-
cadas e tratadas com carinho,
sem preferêncies, recebendo to-
das igual ternura,

A Mãe, é uma senhora solteira
ou viúva, com idade compreen-
dida entre os 28 e os 40 anos,
sem problemas de ordem familiar.

O ordenado é de 1 500$00.
Tem reforma, assistência médica
gratuita e um mês de férias por
ano.

As habilitações podem não ir
além da 4º classe.

Esta é uma actividade que se-
nhoras e raparigas sem ocupa-
ção poderiam compartilhar, ro-
deando de cuidado e ternura mui-
tas crianças sem Família.

ANA

O RENOVADOR

Condições
de Assinatura

VIA NORMAL

Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanha
semestre: 40800
Estrangeiro — anual:

VIA AÉREA
(Pagamento adiantado)

Províncias Ultramarinas
e Estrangeiro — anual: 180800

130800

Número avulso: 1850

Mosteiro de
São Tiago

Foi alargada a rede de abas-
tecimento de água desta povoa-
ção, com dois fontenários: um
para o sítio denominado do Ca-
beço Machoso e outro para S.
Tiago.

Os moradores daqueles locais
podem agora evitar a desloca-
ção de 500 metros que antes
faziam para recorrer ao fonte-
nário mais próximo.

Espera-se que a presente obra
não venha afectar de modo al-
gum o fornecimento de água aos
restantes fontenários, visto que
de uma memeira geral não tem
havido escassez do precioso lí-
quido.

DO GONGELHO

Continuação da 1.º página
Carvalho, distinto Subdelegado
de Saúde, activo Presidente da
Acção Nacional Popular, que
saudou o primeiro Magistrado do
distrito de Castelo Branco, expôs
a finalidade da nossa vinda ali, e
enalteceu as qualidades de traba-
lho do Sr. Joaquim Baptista Men-
les, à frente do município de Vi-
la de Rei, Falou a seguir o Pa-
dre Caetano Farinha que pôs em
destaque o progresso material e
social verificado no concelho, que
os seus naturais e os que nos vi-
sitam apreciam, e que reflecte a
acção e dinamismo do Sr. Joa-
quim Baptista Mendes, de alma
e coração votado ao bem de to-
dos os munícipes. Tomou depois
a palavra o Sr. João Campino,
começando também por saudar o
Sr. Governador Civil, e disser-
tando largamente sobre o pro-
gresso do concelho, dizendo que
como filho destas terras beiroas
muito se orgulha de ver o con-
celho progredir visivelmente sob
a presidência do Sr. Joaquim
Baptista Mendes, para cujo pro-
gresso muito se tem sacrificado,
bem como até a própria família.
Por isso ali estavam todos a re-
conhecer essa acção meritória e
dignificante. Todos os que usa-
ram da palavra foram cumprimen-
tados pelo Sr. Governador do
Distrito e saudados pelos presen-
tes com bastantes palmas.

O Senhor Governador Civil
tomou então a palavra, come-
cando por agradecer aquela sim-
pática e grandiosa representação
porquanto muitos foram, ain
incluindo numerosas senhoras,
que telegrafaram, associando-se 2:
ela, de confiança no Chefe do
Distrito, ma recondução do Sr.
Joaquim Baptista Mendes para

FUNERAIS

RUA DOS ANJOS, 34-A4

AGÊNCIA GASPAR

(Fundada em 1933)
Propriedade de um nosso conterrâneo

Depósito em Janeiro de Cima — Telef. 203

– Nome que vem servindo as freguesias da Região desde 197/18

TRASLADAÇÕES

LISBOA DE VILA DE REI

Presidente da Câmara Munici-
pal de Vila de Rei. salientando
que todos estão, postos nos seus
lugares, para servir o público ali
tão representado, Depois relem-
brou a sua primeira visita a Vila
de Rei, as boas gentes do conce-
lho, outras manifestações suas, de
dádiva inequívoca à política de
engrandecimento do País, mos-
trando-se sorridentemente encan-
tado com as gentes do concelho
de Vila de Rei. As suas palavras
foram frequentemente interrom-
pidas com palmas e vivas, dando
ao ambiente viva nota de alegria
e de satisfação, A despedir-se, o
Sr. Governador Civil teve a ama-
bilidade de apertar a mão às 450
pessoas o que a todos cativou sin-
ceramente.

A tarde foi passada na cidade,
nas espaçosas e bem urbanizadas
alamedas e largos, com lindos
prédios e graciosas moradias a
emoldurarem no mesmo quadro o
ezul do céu e os rostos alegres e
cuidados dos albicastrenses. O re-
gresso a Vila de Rei fez-se pelas
17 horas, todos com a alma feliz
por um acto de civismo e justiça.

(05

O RENOVADOR

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4 de Abril de 1970

Poder-se-á modificar
a vida das nossas aldeias?

Continuação da 1.º página

baixo preço. Aqui e além, pintal-
gendo a paisagem, aí estão elas,
essas habitações construídas a
esmo, que não podem ter nem
água, nem esgotos, nem luz eléc-
trica. O seu acesso será difícil
porque não é possível alcatroar
um caminho para cada casa.

E o cidadão que a habita sai,
manhã cedo ou ainda noite al-
ta. para trabalhar com os filhos
na nesga de terra que seus pais
lhe legaram, cultivando o milho
regado de noite e ao domingo,
trabalhando desde o nascer ao
pôr do Scl, numa labuta de mais
de 15 horas diárias, sem espe-
rença de melhoria e com o es-
pectro da velhice e da impossi-
bilidade para o trabalho, a par-
tir da idade avançada.

E o milho, cujo custo, calcu-
lado com salários paralelos aos
do pessoal da indústria e dos
serviços, ficou a mais de 60400
o alqueire, é vendido a 30$00,
ou gasto em casa, em broa du-
ra ou engordando animais.

O trabalho tudo absorve. Não
há tempo para a cultura do es-
pírito, para um convívio huma-
no, para um pequeno lazer.

A batata, o feijão, o azeite, a
hortaliça, todos os produtos ali-
mentares. assim produzidos, em
terrenos magros, com trabalho
extenuante, em condições de in-
certeza e insegurança, dão para
uma alimentação pobre, careci-
da de vitaminas e de fraco gosto.

A saúde e a higiene deixam
imenso a desejar.

O médico quase só in extre-
mis é chamado, porque o custo
da visita é pouco menos que
proibitivo. Custa mais o respecti-
vo transporte que a remuneração
do seu trabalho qualificado.

Criam-se doenças. Não se tra-

tam convenientemente os doen-
tes.

Eis o quadro desolador, pin-
tado a tintas rápidas, de muitos
dos nossos meios rurais da Re-
gião do Nordeste.

Não será possível acelerar a
promoção social destas povoa-
gões procurando incutir nelas um
novo modo de vida?

Largos têm sido os investimen-
tcs do Estado e das autarquias
na viação ‘s electrificação rural,
nos abastecimentos de água por
íontenários, etc.

Poder-se-á dizer que o proble-
ma caminha para uma solução?
Cremos francamente que alguns
dos investimentos que se estão
a fazer hoje no capítulo dos mea-
lhoramentos rurais, constituem
desperdício, vistas as coisas à
distância de apenas sete ou oi-
to anos.

O êxodo rural significa que ca-
da vez menos cidadãos benefi-
ciam de cada vez maior núme-
ro de investimentos e melhora-
mentos,

Os melhoramentos rurais co-
mo estão a processar-se, modi-
ficam, em parte, o modo de vi-
da das aldeias. Mas não se sen-
te que as populações tenham
menores exigências, por esse
facto. Porquê?

Talvez porque o fosso entre as
populações rurais e as urbanas,
em vez de diminuir, aumenta. Há
uma melhoria absoluta, não há
uma melhoria relativamente à
diferença que as separava umas
das outras.

Estar-se-á condenado a este
trabalho de Sísifo?

Cremos que não. Em próximo
artigo exporemos o nosso modo
de ver. Mas ficamos também
a aguardar opiniões.

Tr A.

 

Notariado

CARTÓRIO NOTARIAL
DO CONCELHO DE SERTÃ

A cargo do Lic. em Direito,
Vitor Manuel Patrício
Soares de Bastos

Certifico que por escritura de
25 de Março de 1970, exarada
desde folhas 79 a folhas 81 do
livro para «Escrituras Diversas»
com o número B-666, do Cartó-
rio Notarial do concelho de Ser-
tã, a cargo do Licenciado em
Direito Vítor Manuel Patrício
Soares de Bastos, entre D. Ma-
ria do Castelo Costa Ferreira Ne-
to de Saldanha Oliveira e Sousa,
casada sob o regime da comu-
nhão geral de adquiridos, com
João Vicente de Saldanha Oli-
veira e Sousa, natural de Co-
ruche, e residente habitualmente
na Rua Pedro Canavarro, n.º 21,
2.º, em Sentarém; D. Maria da
Nazaré Matos Farinha, casada
no regime da comunhão geral de
bens, com Rodrigo Farinha, e re-
sidente habitualmente na Rua
Marechal Carmona, número 3,
r/c, em Santarém; João de
Abreu Morgado, casado, no regi-
me da comunhão geral de bens,
com Maria da Assunção Lopes
Ribeiro Morgado, residente ha-
bitualmente em Casével, Santa-
rém, únicos sócios da sociedade
comercial por quotas de respon-

bilidade limitada com a deno-

D. Joaquina
Farinha Nogueira

Na Clínica Infante Santo, de
Lisboa, foi operada pelo sr. prof.
Dr. Girão do Amaral, a Sr D.
Joaquina Farinha Nogueira, es-
posa do sr. Adelino Nunes, do
Fundão-Troviscal.

A operação, embora melindro-
sa, decorreu com êxito, encon-
trando-se a doente livre de peri-

go.
Desejamos rápidas melhoras.

minação de «Serol», Sociedade
de Extracção e Rectificação de
Óleos Essenciais, Limitada», com
o capital de 450 000$00 e sede
na cidade de Castelo Branco,
constituída por escritura de 28 de
Janeiro de 1969, exarada a fls.
28, verso, do livro respectivo,
com o número 34-B, do Primeiro
Cartório da Secretaria Notarial
de Santarém; e Engenheiro Ade-
lino José Rodrigues Soares de
Melo, casado no regime da co-
munhão geral de bens, com D.
Maria Odete Correia Baptista
Soares de Melo, residente habi-
tualmente em Lisboa, na Rua An-

Português

tónio Saldanha, n.º 19, foi au-
mentado o capital social para
500 000800, sendo a importância.
do aumento de 50 000800, subs-
crita, em dinheiro, pelo Enge-
nheiro Adelino José Rodrigues
Soares de Melo, que assim entra
para a sociedade como sócio com
uma quota correspondente âàque-
le valor, a qual foi integralmente
realizada e já deu entrada na
caixa social. Que assim, pela pre-
sente escritura, fica alterado par-
cialmente o pacto social, substi-
tuindo os artigos primeiro e se-
gundo, pelos seguintes:

Artigo 1.º — O objecto da
sociedade é a; indústria de extrac-
ção e rectificação de óleos de
eucalipto, rosmaninho e alecrim,
tem o seu início a contar de 28
de Janeiro de 1969, duração ili-
mitada, e sede na vila e fregue-
sia de Cernache do Bonjardim,
do concelho de Sertã;

$ 1º — A sociedade poderá
estabelecer sucursais, filiais ou ou-
tras formas de representação so-
cial, se tal lhe for conveniente;

$2º — A sociedade poderá
dedicar-se a qualquer outro ra-
mo de comércio ou indústria, com
excepção da seguradora e ban-
cária, bastando para tanto a de-
liberação da assembleia geral.

Artigo 2.º — O capital social
é de 500 000$00, totalmente rea-
lizado em dinheiro, e dividido por
quatro quotas, sendo a dos sócios
D. Maria do Castelo Costa Fer-
reira Neto de Saldanha Oliveira
e Sousa, D. Maria da Nazarê
Matos Farinha e João de Abreu
Morgado, de 150 000800 cada, e
a do sócio Engenheiro Adelino
José Rodrigues Soares de Me-
lo, de 50 000800.

Está conforme.

Cartório Notarial do concelho
de Sertã, 26 de Março de 1970.

O Ajudante do Cartório,
José Augusto Faria

 

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4 de Abril de 1970

O RENOVADOR

Página 8

De semana à semana MOSAICO

EM PORTUGAL

O Presidente do Conselho visitou
os Açores, no meio de grande entu-
siasmo da população.

* O Governo da Africa do Sul vai

mandar erguer uma estátua a
Vasco da Gama no Jardim Público
de Evora.

* O Ministério da Educação Na-

cional, com o patrocínio dos Ser-
viços Culturais da Embaixada Ame-
ricana, promoveu um seminário para
professores de Inglês.

* O General Kaulza de Arriaga foi
nomeado comandante-chefe das
Forças Armadas de Moçambique.

* Foi nomeado comandante da Re-
gião Militar de Angola o General
Oliveira e Sousa.

* Partindo da Zâmbia, bandoleiros

fizeram um ataque a um nosso
aquartelamento na província de An-
gola,

* Um médico português descobriu,

em Lourenço Marques, o trata-
mento curativo de uma forma per-
niciosa de paludismo. O êxito já foi
confirmado por cientistas ingleses e
americanos.

* Foram iniciados oficialmente os

trabalhos de construção do novo
pavilhão do Hospital Militar Central
(Hospital da Estrela).

* Faleceu a actriz Mirita Casimiro.

* Encontra-se em Portugal um ir-
mão do Presidente Nixon.

* A Assistência na Doença aos Ser-

vidores do Estado (A. D. S. E.)
passa, a começar em Abril, a abran-
ger os aposentados e o pessoal civil
dos serviços militares.

* O Presidente Salazar visitou a
Colónia de férias da F.N.A.T., um
«Lugar ao Sol», na Caparica.

* O filho mais velho do Rei da
Suécia, o Conde Bernardotte, en-
contra-se a passar as férias no Al-
garve,

* O Dr. Marcelo Caetano regressou
dos Açores,

* Durante a temporada da Páscoa
entraram no nosso país mais de
vinte mil espanhois,

* O Presidente da República visitou.
Sesimbra.

* Em Lourenço Marques deu-se
um desastre de avião em que
morreram três pessoas.

NO MUNDO

* A vencedora do XV Festival da
Eurovisão foi a irlandesa Vitória
de Dona, de 18 anos.

Este acontecimento provocou, ain-
da que momentâneamente, a recon-
ciitação entre católicos e protestan-
tes na Irlanda.

* Malogrou-se uma tentativa de
golpe de estado no Congo —
Brazzaville (antigo Congo Francês).

* A taxa de desconto do Banco de
Espanha passou de 5,55% para
6,5%.

* Uma greve dos carteiros nos Es-

tados Unidos levou o presidente
Nixon a decretar o estado de emer-
gência em todo o território ameri-
cano.

* Foi assaltada a embaixada de
Marrocos em Copenhaga (Dina-
marca).

* Em Buenos Aires (Argentina)
foi raptado o cônsul do Paraguai.

* Os principais bancos americanos
baixaram a taxa de juro de 8,5%
para 8%.

* O cruzeiro (unidade monetária
do Brasil) foi oficialmente des-
valorizado.

* A polícia mexicana fez abortar
uma tentativa de rapto de Pelé,
o célebre jogador brasileiro.

* A América pede à União Sovié-
tica que limite o embarque de ar-
mas para o Próximo Oriente,

* A crise italiana foi solucionada
pelo chefe democrata-cristão Ru-
mor.

* Na Palestina, durante a Páscoa,
a via dolorosa de Jesus foi per-
corrida por milhares de peregrinos.

* Um violentissimo tremor de terra
teve lugar na Turquia, tendo cau-
sado mais de um milhar de vítimas.

 

A montanha deu à luz…

Continuação da 1.º página

económicos, não há outros a in-
tervir na decisão.

Quando, porém, de um lado há
muitos milhares de interessados
para quem a venda é uma neces-
sidade vital inadiável, e, do ou-
tro, há apenas uns tantos, agru-
pados ou não, a formarem mo-
nopólio ou quase monopólio, e se
alguns ficam de fora do grupo,
a sua importância é sensivelmen-
te secundária, então, não se exer-
ce verdadeiramente quelquer li-
vre concorrência, mas é o factor

 

«É nós

Continuação da 4.º página

estímulo que lhes competir, numa
organização séria e adequada co-
mo a que se pretende,

E deixarão de estar sujeitos às
contingências de um negócio que
tantes tem arruinado.

Começou já a tarefa do Grupo
de Trabalho para a Zona da
Floresta, que vai estudar e pro-:
por um plano de desenvolvimen-
to sócio-económico para a nossa
Região. É natural que um ele-
mento preponderante desse estw-
do seja precisamente a cirganiza-
ção de uma Associação. Precisam-
-se todas as achegas para que a
sua estruturação seja o que todos
nós esperamos. Importa que se-
jam dadas sugestões e alvitres,
que se abra, em jogo franco, to«
da a problemática da Floresta,
pois da conhecimento adequado
dos meandros mais íntimos da
realidade, cada qual poderá tirar
o proveito que a sua inteligên-
cia lhe ditar. Úmica e simples-
mente se pretende o aumento da
riqueza, a sua distribuição mais
equitativa, para promoção social
das populações.

da procura que domina o mer-
cado.

A solução adequada não está,
verdadeiramente, no tabelamento
nem no não tabelamento. Esta-
ria, sim, na organização econó-
mica estruturada de tal modo que
os produtores da matéria-prima,
fossem também, de alguma ma-
neira, os seus transformadores in-
dustriais. Então, sim, não interes-
saria o custo da matéria-prima,
porque tanto importava receber o
preço justo, quando da venda em
bruto, como quando da venda do
produto transformado.

Enquanto, porém, isso se não
verifica, é na livre concorrência,
contnalada pelo Estado para cor-
recção de desajustamentos inevi-
táveis, que temos de colocar o
equilíbrio social e económico.

Prouvera a Deus que ele se ti-
vesse conseguido com a solução
agora adoptada. Estamos, porém
convencidos, que, mais uma vez
se perdeu a oportunidade de fa-
zer justiça distributiva.

e

D. Ana da Glória Girão

Encontra-se já em sua casa,
depbis de uma operação a que se
sujeitou, a Senhora D. Aninhas
Girão, esposa do nosso colabora-
dor, Sr. Carlos Meireles Girão.

Que seja rápida a sua conva-
lescença, são os votos de O Re-
novador. –

Luciano Fernandes

Tem passado mal de saúde b
Chefe da Secção de Finanças de
Pedrógão Grande, Sr. Luciano
Fernandes, nosso prezado conter-
râneo e assinante,

O Renovador deseja que muito
brevemente se restabeleça.

por DANIEL GOUVEIA

O secretário de Estado da Indús-
tria, engenheiro Rogério Martins,
proferiu na abertura do Colóquio de
Política Industrial, realizado na Fei-
ra Internacional de Lisboa, um dis-
curso muito notável, já considerado
«histórico», que levantou viva po-
lémica na Assembleia Nacional.

Depois de ter dirigido um convite
à opinião pública, o Sr. Secretário
de Estado quer que o desenvolvi-
mento industrial português se pro-
cesse desde já, num ritmo extrema-
mente acelerado a fim de, no mais
curto prazo de tempo, estarmos em
pé de igualdade com os países mais
industrializados. Nas suas palavras
estimulou o seçtor privado, levan-
do-o a uma especialização e inicia-
tiva que possa fazer frente a toda
a concorrência nos mercados mun-
diais. Harmonizou esta directriz
com a da atracção dos capitais es-
trangeiros. A sua tese caracterizou-
-se pela maneira desassombrada co-
mo tratou tão complexo problema e
revelou uma competência que domi-
na por completo a emaranhada rede
do sector a seu cargo.

A nova política industrial que
preconiza, tem, segundo alguns cri-
ticos, apenas o defeito de só abran-
ger a Metrópole, deixando de fora
o Ultramar.

Nestas colunas não é possível por-
menorizar mais tão vasta matéria.
Só queremos manifestar o sincero
desejo de que se evite a improvisa-
ção (a que a escassês do tempo
muitas vezes leva), origem de mui-
tas decisões tomadas sobre o joe-
lho, cujas más consequências só tar-
de de mais se revelam.

Isto já tem acontecido noutros de-
partamentos do Estado, nomeada-
mente no da Educação.

O deputado Duarte de Oliveira,
falando na Assembleia Nacional, re-
feriu-se ao ensino particular, mos-
trando que o Estado devia dar-lhe
o lugar que qu este compete no con-
texto da Nação, tendo ainda afirma-
do que «todos sabemos que esse en-
sino tem chegado onde o ensino ofi-
cial de nível secundário ainda não
chegou, nem se saberá quando che-
gará».

O III Plano de Fomento prevê o
subsídio ao ensino particular. Com
esta medida, todos, incluindo o pró-
prio Estado (e este mais do que
ninguém) teriam a ganhar. Contudo,

i não há nenhuma disposição a
tal respeito.

No dia 8 p. p. passou o 140.º aniver-
sário do nascimento de João de Deus,
Em S. Bartolomeu de Messines, ter-
ra que serviu de berço ao grande

pedagogo da «Cartilha Maternal»,
celebrou-se, por iniciativa do exter-
nato que o tem como patrono, a
efeméride com uma sessão solene a
que se associaram as entidades ofi-
ciais.

Homenagem simples mas que, gra-
cas à imprensa, ecoou por todo o
país.

São ainda vivos muitos dos que
aprenderam a ler por aquela car-
tilha e que a guardam religiosamen-
te: — foi por ela que mais tarde
souberam deliciar-se com as poesias
do «Campo de Flores», cujo lirismo
iguala o de Camões.

Só a alma que gerou esses versos
poderia conceber o amor com que
apresentou aos pequeninos as pri-
meiras letras, esses símbolos, que são
a arma basilar de todas as profis-
sões.

Os mais importantes diários pu-
blicam anúncios, quer de grandes
empresas quer de outras entidades

pedindo empregados para as mais
diversas profissões: desde o simples
servente até ao director de serviços,
passando pelos bate-chapas, carpin-
teiros, mecânicos, electricistas, es-
criturários, técnicos de contas, ge-
rentes, etc.

Nas informações que pedem fi-
guram, como é óbvio, o «curriculum
vitae», as habilitações e tudo o mais
que possa influenciar a admissão do
candidato.

Há, contudo, uma exigência que
merece reparo. E a do concorrente
ter de indicar o ordenado pretendi-
do. Os desempregados, os que pre-
cisam, no receio da concorrência,
pedirão o menos possível, Contentar-
-Se-ão com o indispensável para fa-
ger face às suas necessidades mais
prementes. Não podem fazer valer
a justiça do salário que merecem,
pois esses anúncios indicam, geral-
mente, um número para a resposta.
São, na verdade, anónimos. Quem
lhes responde não sabe a quem se
dirige.

Estabelece-se, assim, um merca-
do do trabalho humano, um processo
de sofismar a lei. Todas essas pro-
fissões, ou quase todas, têm contra-
tos colectivos onde as remunerações
estão taxativa e pormenorizada-
mente estabelecidas.

Além de ilegais, esses anúncios
são anti-sociais e imorais.

Dr. Eduardo Girão do Amaral

Continuação da 1.º página

Mário Ferreira Rosa Falcão, Dr.
José Vaz Serra, Dr. Manuel Fa-
rinha da Silva e Reinaldo de
Jesus Costa.

Aos brindes falou primeira-
mente o prof. Dr. Cid dos San-
tos que em palavras repassadas
de emoção ‘e brilho enalteceu a
prestigiosa figura do Dr. Eduar-
do Amaral e a amizade que sem-
pre o ligara ao homenageado.

Este, sensibilizado por tantas
provas de estima e admiração,
agradeceu numa peça do mais
elevado quilate literário fazen-
dk três brindes: à gratidão, pro-
ficiência e carinho de todos os
professores que o ajudaram a
concluir o seu curso de Medici-
na; aos seus colegas de equipa
pela boa amizade e sã camara-
dagem com que sempre o acom-
panharam; e, finalmente, a sua
esposa e filhas, anjos do seu lar,
onde, por vezes, se desânimo
houve por um estudo que nunca
mais acabava, foi imediatamente

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substituído pelo ambiente de
tranquilidade, de carinho e am-
paro que nunca faltou.

Era já tarde quando terminou
aquele convívio em ambiente do
maior requinte, amizade e abra-
ços de alta admiração e estima
pelo homenageado. O serão fi-
cará por largo tempo gravado no
coração de quantos a ele assis-
tiram.

Um Colégio – Seminário
em Proença-a – Nova

Continuação da 4.º página

Ibérica. Na Espanha o número
dos seus membros é já numeroso.
Em Portugal, fez a sua entra-
da na atmosfera febril e agitada
da última Grande Guerra e por
muites circunstâncias acabou por
ficar em letargo durante diversos
anos, para ressurgir depois, com
maior vigor e determinação.

Actualmente conta apenas com
quatro missionários de nacionali-
dade portuguesa, todos do con-
celho de Proença-a-Nova: Padres
Joaquim Farinha, Edmundo Al-
ves, Adelino Cardoso Pereira e
José Cardoso Bairrada.

Hã ainda poucos anos que esta
Congregação se fixou definitiva-
mante em Portugal, mes os seus
estudantes são já numerosos. Os
mais avançados cursam a Uni-
versidade, enquanto outros se
preparam nos seminários de Vila
Viçosa e Évora.

É de salientar que todos os
estudantes da Congregação do

– Preciosíssimo Sangue ao acabar

a sua preparação filosófica in-
gressam num Instituto Superior,
onde têm toda a possibilidade de
alargar horizontes, de acordo com
es suas aspirações.

Ra N.

Também a ESTEVA

vai ser aproveitada…

Hã anos, o Eng.º Eduardo Aran-
tes e Oliveira, em visita que fizera à
Sertã, observando da estrada em que
seguia, perto de Mougueira, uma
enorme área onde era o reino da es-
teva, perguntou a quem o acompa-
nhava se não havia na Região qual-
quer aproveitamento industrial que
retirasse daquela planta a essência
que tão útil é na indústria de perfu-
maria. Houve quem ficasse admira-
do de também a esteva poder servir
para alguma coisa.

Pois, é chegada a hora da esteva.

A fábrica de extracção e refinação
de óleos essenciais, recentemente
instalada em Cernache do Bonjardim
e que dentro em breve vai ser oficial-
mente inaugurada, dedicar-se-á tam-
bém ao aproveitamento da esteva
para extracção da respectiva essên-
cia.

Aquele arbusto será cortado com.
roçadoura mecânica e transportado
para o local da fábrica onde se pro-
cederá à destilação e refinamento do
seu óleo. A produção deste corres-
ponderá a um quilograma por tone-
lada e meia de esteva

 

@@@ 1 @@@

 

Página 4

…E NÓS

Encontra-se em organização a
Cooperativa Florestal das Beiras,
para a zona de Viseu, Abrantes
iniciou cs preparativos para uma
Cooperativa Florestal a instalar
para defesa dos proprietários de
pinhal.

E NOS?

Estamos todos já conscientes
que a Região constituída pelos
quatro concelhos da Comarca de
Sertk apresenta a maior mancha
continua de pinhal do País. E
que fazemos?

A Floresta constitui mais de
80% da vida económica da Re-
gião. Da sua correcta explora-
ção, da sua justa comercializa-
ção, da sua transformação indus-
trial, depende a melhoria de vi-
da das populações, a promoção
social a que todos têm direito.

Continuaremos a explorar ao
deus-dará, a guerrear-nos mútua-
mente em questões de preços, a
deixar-nos embalar por sereias
enganadoras, a desperdiçar milha-
res de toneladas de material le-
nhoso por o seu preço não co-
brir o custo da transporte, a gas-
tar pelas estradas sinuosas o que
poderia ser o rendimento justo
da terra?

Hoje, a palavra de ordem é
a associação. Ou nos associamos
na defesa eficaz dos nossos inte-
resses, para um futuro melhor, ou
continuamos desunidos aguardan-
do que a emigração leve os últi-
mos braços válidos deste rindão
da Beira, onde a riqueza que é
a sua floresta, deixará de ser ex-
plorada.

É preciso que os homens res-.
ponsáveis e inteligentes de cada
freguesia, de cada lugar, se men-
talizem no sentida de levar os
seus patrícios a renovarem o seu

espírito, abrindo-o às ideias novas
da associação, confiados em que
do aumento geral de riqueza to-
dos beneficiarão.

Raciocina de uma maneira mes-
quinha aquele que entregue a
qualquer negócio relacionada com
a pinhal julga que a associação
ou o agrupamento dos proprietá-
rios se realiza contra si. A as-
sociação não é contra coisa al-
guma. É a favor da maior rique-

O RENOVADOR

za, da expansão da produção, da
justa e maior retribuição do tra-
balha honesto.

Os que agora, pelo seu dina-
mismo, pela sua habilidade inte-
lectual, pelas suas qualidades de
trabalho, fazem vida no pinhal
com honestidade é probidade, se-
são os primeiros a ser aproveita-
dos aomo agentes mais responsá-
veis da Associação ou Cocpera-
tiva que vier a fundar-se. O seu
esforço, as suas qualidades, a sua
actividade, terão o prémio e o

Continua na 3.º página

Em CASAIS, Freguesia de Proença-a-Nova,

celebrou a sua Primeira Missa

o Rev.” P.º José Cardoso Bairrada

Foi ordenado no dia 14 de
Março, em Évora, o Padre José
Cardoso Bairrada. 5 filho do se-
nhor Alfredo Fernandes Bairrada
e da senhora D. Emília Cardoso.
Celebrou a sua missa nova em
Vila Viçosa, repetindo-a depois
na sua terra natal, Casais Fun-
deiros, freguesia e concelho de
Proença-a-Nova, no Domingo de
Ramos.

O novo Padre, que pertence à
Congregação do Preciosíssimo
Sangue, fez os seus estudos nos
seminários de Vila Viçosa e lévo-
ra. Cursou depois a Universida-
de Gregoriana, onde se licenciou
no passado ano lectivo. Presen-
temente é Professor no Seminário
de Vila Viçosa. A missa nova
do Padre José Bairrada causou
a mais viva alegria entre os fa-
miliares, amigos e vizinhos, que
se deslocaram de vários pontos
do concelho para o acompenha-

Um Colégio – Seminário
em Proença-a-Nova

Proença-a-Nova foi o centro
e origem dos primeiros missio-
nários portugueses do Preciosís-
simo Sangue e é ali que está
surgindo o seu primeiro grande
colégio-seminário — Instituto Lu-
so-Brasileiro Pedro da Fonseca
— como centro de projecção pa-
ra o futuro que se aproxima con-
fiante. Não se trata de um semi-
nário segundo os antigos moldes,
mas estruturado de tal maneira.
que possa estar aberto a exigên-
cias presentes com carácter essen-
cialmente dinâmico, onde os ra-
pazes não se sintam coagidos,
mas completamente ambientados.

Os seus estudos terão natural
mente carácter oficial. Os rapazes
poderão realizar-se e escolher sem
qualquer prejuízo ou atraso a sua
carreira e exercê-la de acordo
com as suas aptidões.

Será esta cesa um centro de
formação integral, não visando
apenas o Sacerdote, mas o Ho-
mem, que se possa realizar sem
inibições de qualquer ordem, nu-
ma sociedade concreta e disci-
plinada.

A obra encontra-se em adien-
tada construção, estando previsto
o início do seu funcionamento pa-
ra o próximo ano lectivo. Oxalá

o empreendimento tenha o melhor
êxito e para ele sejam captadas
as atenções dos nossos rapazes.
E, que aí se realizem, conforme
o seu desejo. Está de parabéns
o concelho de Proença-a-Nova,
pelo seu Instituto Luso-Brasilei-
ro Pedro da Fonseca, cujo edi-
fício, de linhas modernas, mostra
já aos visitantes a grandiosida-
de da obra.

A Congregação do Preciosis-
simo Sangue foi fundada em Ro-
ma, em 1815, por S. Gaspar.

Os seus membros têm em vista
todo o género de apostolado, mas
como fim específico, propõem-se
difundir o culto ao Preciosíssimo
Sangue.

A princípio apertada, a Con-
gregação, entre as muralhas de
Roma, foi a pouco e pouco re-
dobrando de entusiasmo até se
tornar hoje árvore frondosa, cu-
jas raízes atingem muitas nações
e diversos continentes: América
do Norte, Países Germânicos e
Kália.

Há já bastante tempo que se
começou a expendir na Península

Continua na 3.º página

rem naquele seu tão gremde dia
há tempo esperado.

À homilia falou o Padre Dr.
Joaquim Farinha, que, dirigindo
-se à assembleia cristã presente,
referiu o significado e valor do
padre, tanto em terras de pre-
gação como de missão e a ne-
cessidade de novas vocações
sacerdotais. Deu também a saber
a todos os presentes que o Pa-
dre José Bairrada era o 38.º or-
denado na freguesia de Proen-
çara-Nova e o 3.º em Casais
Fiundeiros. Lembrou ainda que à
família do homenageado perten-
ceu Monsenhor Bairrada, há cnos
falecido, e que foi figura emi-
nente de apostolado, tendo con-
sagrado por completo a sua vi-
da ao trabalho da diocese de
fávera,

Concelebraram diversos sa-
cerdotes seus amigos, enire os
quais se encontravam o Reitor
do Seminário das Missões de
Cemnache do Bonjardim.

Foi patente q alegria de 10-
dos quantos se associaram à fes-
ta do Padre José Bairrada.

– «O Renovador» felicita e de-
seja os maiores êxitos sacerdo-
tais ao novo presbítero.

GRUPO DOS AMIGOS
DE CARDIGOS

Este jovem Grupo Regionalis-
ta marcou uma tarde-convívio
para o próximo dia 5 de Abril.

Haverá também baile, com a
colaboração de um apreciado
conjunto musical,

Terá início às 16 horas, na
casa da comarca da Sertã em
Lisboa.

4 de Abril de 19%

Procissão da Senhora da Vitória
em Mosteiro de Oleiros

POSTAL DE OLEIROS

UM CASO DIGNO DE FIGURAR
NAS LEGENDAS DO CORAÇÃO

Gente generosa esta!

Mas contemos a história:

Eles sabiam que a sua Junta
de Freguesia estava sem dinhei-
ro. Sem «pateco»… Mas sabiam,
também, que o caminho que li-
gava a sua sede de freguesia à
sede do Concelho estava intran-
sitável, impossível.

Para quê «chatear» mais a po-
bre Junta!… Pensou aquela boe
gente.

E «truca»… Metem ombros à
obra.

Alargaram o caminho. Paga-
ram — expropriações. Meteram
aquedutos, Em suma, regulariza-
ram uma via de acesso com cer-
ca de 6 quilómetros.

Dois carros pesados podem
agora passar um pelo outro.

E vai em dois anos que aque-
le bem povo tomou conta da sua
estrada.

São eles que consertam. Dre-
nam, fazem tudo.

Já gastaram uma conta bem
boa…

Não perderam ainda a cora-
gem.

OLHO VIVO…

Quem, manhã cedo, passa pe-
las principais artérias da Vila da:
Sertã, pode observar um espec-
táculo que não é nada edificante:
— Os depósitos de lixo foram
derrubados pelos cães e o seu
conteúdo espalhado pelo chão.

Enquanto não passa o carro
da limpeza, as ruas oferecem
assim um aspecto pouco agradá-
vel.

Solução para o caso: — Por-
que não publica a Câmara uma:

postura impondo aos Munícipes
da vila a obrigatoriedade de de-
terminado tipo de depósitos, fe-
chado, com o qual não suceda
ser aberto pelos animais?

Verificâmos há dias que vá-
rias das árvores plantadas nas
Avenidas Eng. Arantes e Oli-
veira e Prof. Dr. David Lopes,
no acesso para os estabeleci-
mentos de ensino secundário da
Vila, haviam sido danificadas,
tanto na árvore prôpriamente di-
ta, como nos seus apoios.

É pena que o vandalismo te-
nha ido tão longe. Desde a ins-
trução primária que nos habitua-
ram a ver numa árvore qualquer
coisa de sagrado. Hoje não será
assim?…

Hã certos pontos de ruas da
Vila que por vezes se transfor-
mam em feiras de bagatelas…
Não poderá a Câmara fazer boa
colheita de terrado já que os lu-
gares públicos são ocupados ex-
clusivamente por determinados
Munícipes? Talvez que, bs in-
cómodos que os outros têm de
suportar, pudessem ser compen-
sados por novos melhoramentos
públicos construídos com a re-
ceita grossa assim obtida…

Polícia de Giro

Gente formidável! Beiroa cem
por cento,

Isto passa-se em Mosteiro de
Oleiros. Terra de gente boa. Co-
rejosa. Formidável! Que sabe
vencer as dificuldades com as
suas próprias mãos.

JOSÉ AUGUSTO LUÍS
— um exemplo a seguir

O senhor José Augusto Luís
conta 36 anos de idade.

Ao cabo de longos anos co-
mo carteiro, um dia pensou em
estudar.

Pensado e feito. Seis meses de-
pois concluía o seu 2.º ano.

Tempo depois pensou que, den-
tro dos C. T. T., outro luger exis.
tia à sua espera.

Estudou. Fez o seu estágio.

Os frutos apareceram agora:
Entre os quatrocentos estagiários
aprovados, do seu curso, o senhor
José Augusto Luís classificou-se
entre os primeiros, 20 com a bo-
nita classificação de 15,7 valores.

E assim Oleiros viu sair de en-
tre os seus filhos humildes um

OP: Rides CTT:

Por sua vez os C.T.T. pas-
saram a contar, noutro posto,
com um funcionário que saberá
dar bem conta de si, prestigian-
do os Serviços tão bem como o
tem feito até aqui.

Eis um. exemplo a admirar, a
seguir.

«O Renovador», atento a tudo
quanto é esforço, renovação, lu-
ta pelo mais, gostosamente abra-
ça e felicita o prestigioso fun-
cionário. — do]

À Vila do Sertã
moderniza-se

Foi concedida a comperticipo-
ção do Estado para a 3º Fase
dos Arruamentos da Sertã, que
compreende a conclusão da Rua
designada por Vale de São Pe-
dro e dá acesso ao Mercado
Municipal.

Tendo sido já adquiridos pela
Câmara, para efeitos de demo-
lição, os edifícios que impediam
o alargamento daquela artéria,
espera-se que dentro em breve
possamos ver a entrada da Ser-
tá mais desafogada e mais mo-
derna.

À compemticipação correspon-
de a 40% do custo da obra e
cifra-se em 79 000800.

Este número foi visado
pela Comissão de Censura