O Renovador nº4 07-03-1970

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Ano 1 — N.º 4

7 de Março de 1970

D RENDUADDES

 

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIAO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTA, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REI

 

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
Rua Lopo Barriga, 5- r/c — SERTÃ — Telef. 131

 

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO:

JOAQUIM MENDES MARQUES

 

VON COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Ce f’s| |Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

 

 

 

Ao receber os cumprimentos
dos participantes no V Con-
gresso da União Nacional (ho-
je Acção Nacional Popular), o
sr. Prof. Marcello Caetano, Che-
fe do Governo, pronunciou um
importantíssimo discurso que
pela clareza e precisão dos con-
ceitos, pela oportunidade dos
temas abordados, pela firmeza
das posições assumidas, pelo
brilho da exposição, constitui
uma verdadeira lição magis-
tral. i

Não nos é possível trans-
crevê-lo na íntegra, como se-
ria nosso propósito. Vamos, no
entanto, reproduzir textual-
mente algumas das suas passa-
gens, certos de que, qualquer
síntese ou resumo que tentás-
semos fazer, prejudicaria a
justeza e propriedade das ideias
espendidas.

A Civilização

da impaciência

«A consciência das realida-

des é um dos factores funda-
mentais da acção política pro-

fícua. Se soubermos querer
objectivos precisos e ao nosso
alcance imediato, compreen-
dendo o escalonamento inevi-
tável da sua conquista, anda-
remos mais depressa do que
exigindo tudo ao mesmo tem-
po, impacientemente e aos gri-
tos.

Atravessamos nessa matéria
um momento bem difícil. Já
uma vez tive ocasião de expri-
mir o pensamento de que à ci-
vilização da paciência inspira-
da na vida agrária onde tudo
leva o homem a inclinar-se pe-
rante leis naturais e inexorá-
veis, sucedeu a civilização da
impaciência decorrente da má-
quina e da técnica que induz a
crer na possibilidade imediata
de resolver todas as dificulda-
des e todos os problemas com
um esforço mínimo dos meios
postos ao seu serviço.

Os homens, deslumbrados pe-
lo progresso espectacular que
vai vencendo uma a uma as
barreiras da Natureza e devas-
sando o desconhecido de modo
a imprimir novo e vivíssimo

 

08 PREÇOS DAS MADEIRAS

Dissemos no último número
que o preço das madeiras e da
resina, pela sua inconstância,
causava enormes prejuízos nes-
ta Região.

Mas desde o dia 21 de Janei-
ro, que por todo o País tem cor-
rido uma onda de espanto e
certa indignação perante um
estranho comunicado enviado a
título de reclamo para os jor-
nais em que uma sociedade que
dava pelo nome de Madeiper,
vinha anunciar, em nome de
quatro fábricas de celulose, que
estas fixavam os preços para O
corrente ano em determinados
quantitativos, bastante abaixo
até do que estavam a correr.

Na Assembleia * Nacional, o

 

Cernache
do Bonjardim

O presente número de O RE-
NOVADOR contém seis páginas,
sendo duas delas, totalmente
consagradas a CERNACHE DO
BONJARDIM.

É nosso intento dedicar periô-
dicamente duas páginas a cada
uma das 35 freguesias dos qua-
tro concelhos da Comarca. A
ordem será a esmo, e segundo
as conveniências da Redacção,
pois nem sempre é fácil proce-
der à recolha do material ne-
cessário.

Sempre que nos seja possível,
aquelas duas páginas constitui-
rão um suplemento, além das
quatro páginas normais do pe-
riódico,

 

 

 

 

Deputado Pinho Brandão fez-se
eco do pensar geral com estas
palavras transcritas nos jor-
nais do dia 21: — «As gran-
des empresas de celulose do
País agruparam-se em socieda-
de no que respeita à compra de
madeiras de pinho e eucalipto
própria para o fabrico de celu-
lose, e, praticamente sôzinha,
no mercado desses produtos, a
mesma estabeleceu unilateral-
mente para estes, os preços que
entendeu, resultando desse con-
luio, grave lesão para os inte-
resses da Lavoura.

As empresas de celulose, pas-
sam assim, a actuar em mono-
pólio, na compra da referida
madeira, estabelecendo livre-
mente os respectivos preços,
protegidas ainda por uma ex-
portação condicionada e de
tal forma que equivale a uma
proibição -de exportação. Quer
dizer: essas grandes empre-

Continua na 5.º página

ritmo à História, os homens,
crentes em que esse progres-
so é indefinido, não toleram
mais esperar. Dir-se-ia que a
esperança deixou de ser uma
virtude…

Quanto maior número de
transformações se opera à nos-
sa volta, quanto maior é a
quantidade de novos bens e de
novas comodidades de que po-
demos dispor, mais intensa é
a insatisfação geral. Não é só
a cobiça dos que ainda não fo-
ram contemplados: mas tam-
bém a inquietação dos econo-
mistas, a comparar constante-
mente estatísticas para con-
cluir pela improficuidade dos
esforços feitos e pela necessi-
dade de os multiplicar se qui-
sermos atingir certos índices
considerados padrão da civili-
zação europeia.

Por toda a parte os Gover-
nos são assediados por uma
onde de revolta, sobretudo das
camadas juvenis, trabalhadas
por hábeis exploradores de
sentimentos generosos e de de-
ficiências notórias. Torna-se
difícil, cada vez mais, o labor
de quem tem de administrar as
coisas públicas, pois a objecti-
va gradução das necessidades e
a justa repartição dos recur-
sos são a cada passo perturba-
das por exigências desproposi-
tadas, impossíveis de satisfa-
zer.»

A crítica e a boa fé

«Um furor crítico que leva
muitos de entre nós a procu-
rar por todo o lado matéria de
censura — para que não pare-

Continua na 2.º página
mea em

A CAPELANIA DE OUTEIRO
E CAVALOS EM MISSÃO

Pregada por um Missionário
Dominicano termina hoje com a
presença de S. Ex.º Rev.mº o Se-
nhor Bispo de Portalegre e Cas-
telo Branco a Santa Missão ini-
ciada há dez dias, em Outeiro e
Calvos.

Já antes se realizara idêntica
Missão em N.º S.* dos Remédios.

Estão previstas outras nas res-
tantes capelinhas da freguesia.

 

– Hospital de Proença-a-Nova e ali perto

o Asilo em construção

RENOVAÇÃO

FALOU O MESTRE… OPORTUNO ALVITR

Na festa do aniversário da Casa da Comarca da Sertã, rea-
lizada no restaurante dos Montes Claros no último dia 1 de Fe-
vereiro, com a presença amiga do Sr. Governador Civil de Cas-
telo Branco, o Sr. Dr. José Antunes, ilustre presidente da edili-
dade sertanense, bem consciente da missão que lhe incumbe, al-
vitrou, e creio não ser a primeira vez que o fez, a realização de
um colóquio ou mesa redonda, onde os assuntos de interesse eco-
nómico para a região fossem devidamente apresentados e ponde-

radamente estudados.

Não faltam, entre nós, os técnicos competentes para levar a
bom termo esta sugestão e de contribuirem, decisivamente, com
a sua informação variada e profunda, para que a vasta região
do pinheiro, de que a Sertã é incontestado centro, venha a ocupar
na economia nacional o lugar de relevo a que tem direito e que,
mercê de vários factores, lhe tem sido negado.

Vivemos, na verdade, um momento de predomínio económi-
co, em que a promoção social dos povos é preocupação cimeira
dos governantes. Gizam-se os mais variados planos e a técnica,
aliada aos dados estatísticos, solucionam problemas que noutros
tempos se afiguravam insolúveis. Restituem-se à terra as suas
possibilidades e dá-se conhecimento às gentes das realidades em
que vivem e que delas saberão tirar o devido proveito.

O HOMEM, que os homens têm procurado ocultar, amesqui-
nhar e aniquilar, tem travado uma luta ingente para que a vida
seja menos dura e para que a todos não falte o essencial para vi-
ver condignamente, sem esmolas. O seu poder extraordinâriamen-
te criador, a sua inteligência sempre ávida de esclarecimento, a
sua indesmentível generosidade, são atributos que o exaltam atra-
vés dos tempos, ainda que nem sempre utilizados de harmonia
com os propósitos que o animaram. Acertos raros e frustrações

constantes.

Continua na 5.º página

 

O RENOVADOR
e os seus leitores

Desvanece-nos sobremaneira o
acolhimento que O Renovador tem
recebido em todos os meios e cama-
das sociais. Desde a palavra e o
dito amável, até ao postal, à carta
extensa, e às referências na Im-
prensa diária e na regionalista, tudo
tem servido para nos desejar os
melhores êxitos, para nos incitar ao
progresso no caminho iniciado:

Bem hajam todos os que tiveram
a amabilidade de se nos dirigir já,
por palavra e por escrito. Agradece-
mos todas as referências, conscien-
tes de que O Renovador velo na ho-
ra própria e corresponde a uma ne-
cessidade que se fazia sentir.

Agradecemos ainda toda a cola-
boração e apoio que nos são prome-
tidos, certos de que a obra a que
metemos ombros só será válida e
cada vez melhor, se for obra de con-
junto, feita de muitas vontades uni-
das no mesmo propósito de promo-
ção social destas populações da
área da Comarca da Sertã e de de-

“senvolvimento económico da zona da

Floresta.

De entre a correspondência rece-
bida, queremos destacar, hoje, ape-
nas uma carta do antigo deputado
pelo Distrito de Castelo Branco e
nosso ilustre conterrâneo, natural de
Proença-a-Nova, Sr. Sebastião Al-
ves, um ofício da Casa da Comarca
da Sertã, em Lisboa, cujas referên-
cias nos cabe muito gostosamente
registar, e um cartão do ilustre de-
putado por Castelo Branco, Eng.º
João José Ferreira Forte:

Lisboa, 19 de Fevereiro de 1970

Meu caro…

Muito obrigado pelo seu cartão q
amunciar O Renovador que aliás, me
chegou às mãos antes do mensagei-
ro.

Louvo-lhe o intento, trago-lhhe o
meu aplauso e não posso calar o

meu entusiasmo pelos esforços pos-
tos ao serviço duma causa tão mno-
bre como difícil. E que… «se a alma
não é pequena»!

Ofereço-lhe os meus humildes
préstimos: de quando em vez enviar-
-lhe-ei um anúncio de ajuda e se mo
permitir e o meu tempo aí chegar,
quero também eu, uma vez por ou-
tra, colaborar na pregação renova-
dora. Que não esmoreceu o meu
querer à «charneca» feita de serra-
nias verdes e fundos vales, nem o
meu incorrigível optimismo permite
que esmoreça a minha jé messas ter-
ras onde habita o abandono e donde
desertam os homens.

Continua na 5.º página

No n.º 2 deste Semanário pe-
díiamos que não nos levassem a
mal proceder à cobrança da as-
sinatura, logo após o n.º 4, por-
quanto se nos afigurava a única
maneira de saber concretamente
da aceitação de O RENOVA-
DOR.

 

Pedíamos também, que, quen-
to possível, nos fossem evitadas
despesas de cobrança, pagando
vcluntária e antecipadamente, ca-
da um, a sua assinatura.

Anunciamos hoje, que vamos
realmente proceder à emissão de
recibos de cobrança, solicitando
de todos a melhor compreensão
e agradecendo que nos evitem de.
voluções sempre dispendiosas.

Serão enviados recibos a todos
os que, ou não hajam procedido
já ao seu pagamento, ou não te-
nham devolvido o jornal.

PROGRESSOdevolvido o jornal.

PROGRESSO

 

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Página 2

Falou 0

Continuação da 1.º página

camos menos inteligentes ou
menos independentes! — faz
com que frequentemente se-
jam acolhidos com santa indi-
gnação, mas sem prévio exame,
quaisquer reparos ou queixas
de interesses feridos ou de as-
pirações insatisfeitas.

E damos assim ao Pais e ao
Mundo — quantas vezes! —
uma falsa ideia de coisas que,
sem terem atingido a perfei-
ção, longe disso, todavia não
são tão más quanto as pinta O
nosso clamor e são muitas ve-
zes melhores do que as que se
passam noutros países onde lo-
go aparece quem recolha e am-
plie o eco das nossas recrimi-
nações.

Outras vezes, porém, falta
de todo na crítica dos adver-
sários a boa fé e a recta in-
tenção. Coleccionam-se aspec-
tos da vida corrente em rela-
ção aos quais seja possível de-
tectar ou despertar desconten-
tamento, urde-se com eles to-
do um mundo de defeitos e in-
justiças e apresenta-se o total
como resultante de uma socie-
dade decadente, radicalmente
injusta e de todo incapaz.

Por mais reformas que se
façam, por mais correcções que
se introduzam, por mais pes-
soas que se mudem, sabem V.
Exs., sabe-o toda a gente, que
nunca, em parte alguma, em
sistema nenhum foi possível
evitar imperfeições de orgâni-
ca, defeitos de funcionamento
dos serviços, infelicidade de
alguns procedimentos, resulta-
dos menos convenientes ou me-
nos razoáveis.»

Temos que proporcionar a to-
dos os portugueses iguais pos-
sibilidades de educação

«Temos de prosseguir, com
perseverança, no esforço de
proporcionar a todos os portu-
gueses iguais oportunidades de
educação e de cultura. Poucos
países, aliás, terão tão largas
tradições de acesso social con-
ferido pela escola. A maior par-
te dos governantes portugue-
ses das últimas décadas quem
são senão homens vindos de
meios humildes a quem a Uni-
versidade, a Igreja ou as For-
cas Armadas proporcionaram,
pela cultura, a ascensão social?

Pois é essa tradição que de-
veremos continuar, alargando
os processos e possibilidades
de facultar a quantos o mere-
cam a preparação que os ha-
bilite a contribuir para o pro-
gresso geral.

Só é indispensável que crie-
mos aos governantes condições
que lhes permitam trabalhar
nessa obra, pois não será em
clima de constante perturba-
ção nas escolas e de indiscipli-
na dos escolares que se favore-
cerá o estudo e a experiência
das soluções necessárias.

Mas esta gigantesca obra
de educação que tem de ser le-
vada a par da melhoria das
condições de assistência, de

mestre…

saúde pública e da previdência
social, exige, não nos iludamos,
larguíssimos recursos. Tais re-
cursos temos de obtê-los gra-
cas a maior produção de rique-
za que permita mais larga con-
tribuição para os cofres do
Estado. Constantemente tenho
lembrado que a promoção social
é inseprável do progresso eco-
nómico. E este, não nos iluda-
mos também, depende muito da
iniciativa particular.

Temos tido a infelicidade de
não encontrar tão difundido
como seria necessário entre o
povo português o espírito de
empreendimento económico
que noutros países permitiu
no último século muito mais
rápido progresso.»

CSS

Para a eternidade

Com a idade de 77 anos, fa-
leceu na sua casa de Sertã, a Sr.
D. Adelaide da Conceição Costa
Ventura, viúva de José Ventura,
que foi conceitcado comerciante
na vila de Sertã. Nascera em
25-3-1892, em Tapada, freguesia
de Cabeçudo.

Era mãe da Sr* D. Gabriela
da Conceição Ventura, funcio-
mária do Grémio da Lavoura de
Sertã e de D. Antonieta Cristina
Costa Ventura, casada com Jú-
lio Luís Sequeira Grilo, residen-
te em Sobreira Formosa. Deixa
três netas e um bisneto: meninas
Alzira Ventura Sequeira Grilo
e Maria Gebriela Ventura Se-
queira Grilo, residentes com seus
pais em Sobreira Formosa e D.
Maria Antonieta Ventura Se-
queira Grilo casada com Adelino
António Ferreira, moradores,
com seu filho, Júlio Pedro Se-
queira Grilo Ferreira, de 7 me-
ses, em Luanda.

A Sr: D. Adelaide Ventura
era muito estimada na Sertã pe-
la sua bondade e nobreza de sen-
timentos, tendo, por isso mesmo,
o seu funeral constituído uma
grande manifestação de pesar,
em que se incorporaram nume-
rosas pessoas de representação
da Sertã, de Sobreira Formosa,
de Montes da Senhora, de Proen-
ça-a-Nova e Oleiros.

Acompanhamos sentidamente o
pesar da Ex.=: família, a quem
apresentamos as nossas condo-
lências.

 

Esgotos de Orvalho
(OLEIROS)

Por portaria datada de 22 de
Janeiro e publicada no Diário do
Governo de 2 de Fevereiro, pelo
Secretário de Estado das Obras
Públicas foi ampliado até 30 de
Junho de 1970, o prazo concedi-
do à Câmara Municipal de Olei-
ros para execução da obra de
esgotos da povoação de Orva-
lho, para a qual foi concedido o
subsídio do Estado de 450 0008
por portaria de 23 de Março de
1969.

 

 

 

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O RENOVADOR

Notícias
pessoais

Esteve internado, na Casa de Saú-
de de Santa Teresa, em Coimbra,
o Sr. António Bravo Serra, proprie-
tário, de Cernache do Bonjardim.

Operado há cerca de um mês, sen-
tiu, depois do seu regresso a Cer-
nache, agravarem-se os seus sofri-
mentos.

Tem sentido, porém, bastantes me-
lhoras, pelo que se aguarda o seu
completo restabelecimento, o que
muito lhe desejamos.

— Começou a funcionar, em Cer-
nache do Bonjardim, a 5.º classe do
ciclo complementar do Ensino Pri-
mário. Foi nomeada para professora
a Sr.2 D. Maria da Conceição Baptis-
ta Pinto.

— Por motivos da sua abalada saú-
de, deixou Cernache do Bonjardim,
indo fixar residência em Pombal,
os Srs, José Nunes Pinhão e sua Es-
posa, que deixaram, pela sua cati-
vante simpatia, as melhores recor-
dações.

— Regressou da nossa província
de Moçambique, onde esteve em ser-
viço de soberania, o Alferes Sr. An-
tónio Antunes, do lugar de Póvoa
(Cernache do Bonjardim).

— De Lisboa, onde há uns meses
se encontrava internado no Hospital
de Santa Maria, regressou, comple-
tamente restabelecido, o Sr. Padre
Aquiles Rodrigues, do Seminário das
Missões, de Cernache do Bonjardim.

— Passou no dia 16 de Fevereiro
mais um aniversário natalício do Sr.
Comendador Libânio Vaz Serra, de
Cernache do Bonjardim, o que deu
motivo a que todos os filhos se reu-
nissem com os pais, em festa de fa-
mília.

— Encontra-se restabelecido da
doença que, durante algum tempo,
o reteve no leito, o Sr. David Silva
Marques, Regedor da freguesia de
Cernache do Bonjardim.

A dt

Dascimento

No passado dia 12 de Feve-
veiro, nasceu nesta vila, a me-
nina Maria Inês Pires Nunes e
Silva, filha do nosso prezado
amigo sr. Américo Nunes Sil-
va e de sua esposa sr.* D. Ma-
ria de Lurdes. Desejamos fe-
licidades para a recém-nasci-
da e seus pais.

% de Março de 1970

 

A piscina de Vila de Rei aguardando
os dias quentes de estio

Por terras de Vila de Rei

— do iniciar a minha colabo-
ração, como correspondente deste
jornal nesta vila, saudo todos os
conterrâneos onde quer que se
encontrem e prometo trazê-los
sempre a par das notícias que me
pareçam meis importantes, em es-
pecial as que digam respeito à
melhoramentos ou obras que pelo
seu significado contribuam, de
qualquer modo, para o progresso
da nossa terra.

— Foi aqui muito bem recebi-
do O RENOVADOR. As suas
ideias, o seu aspecto gráfico, o
papel, enfim, tudo nele justifica,
plenamente, o título. Desejamos-
-lhe as maiores prosperidades e
longa vida. Teremos, assim, quem
defenda com galhardia os inte-
resses desta região até há pouco
tão desprotegida ou esquecida do
poder central. Pela sua leitura há
justificadas razões para esperar
melhores dias, que bem merece-
mos.

— Após uns dias de férias, re-
gressou a esta vila, com sua es-
posa e cunhada, tendo já retoma-
do as suas funções, o sr. Joa-
quim Baptista Mendes, ilustre
presidente da Câmara Municipal.

— Iniciaram-se as obras de
alargamento da Rua de S. João
de Deus, cujo pavimento será pos.
teriormente alcatroado.

 

SUCURSAIS:

Sede:

 

COMPANHIA DE VIAÇÃO DE GERNAGHE, LDA,

Societária da UTIC, LDA. e da SONERO, LDA.

CARREIRAS ENTRE:

Lisboa — Tomar — Sertã — Castelo Branco
Lisboa — Tomar — Coimbra

Castelo Branco — Figueiró — Coimbra
Oleiros — Sertã — Castelo Branco
Pedrógão Pequeno — Sertã — Lisboa

Servindo ainda as localidades intermediárias nestes percursos
ALUGUERES — TURISMO — EXCURSÕES
TRANSPORTES DE CARGA PARA TODO O PAÍS
AUTOMÓVEIS DE ALUGUER

Lisboa — Avenida Defensores de Chaves, 23-C — Telef. 45503
Cabaços — Estrada Nacional — Telefone 10

Coimbra — Rua da Sofia, 102 — Telefone 22944

Sertã — Largo F. Ribeiro — Telefone 28

Castelo Branco — Avenida 28 de Maio — Telefone 349
Figueiró dos Vinhos — Rua Dr. M. S. Barreiros — Telefone 42
Tomar — Av. Combatentes da Grande Guerra — Telef. 32270

Grandes Oficinas de Reparações para
Automóveis Ligeiros e Pesados

CERNACHE. DO BONJARDIM

Telefone PPC 4 (2 linhas)

 

 

 

— Faz-se sentir bastante a fal-
ta duma postura camarária sobre
o trânsito dentro da vila. Esta-
mos certos que a Câmara, com
a sua habitual boa vontade, em
breve resolverá este problema e
outros que estão sempre a apare-
cer e — bem o sabemos — nem
sempre podem ser solucionados
com a brevidade desejada. Con-
fiemos, porém!

— Reuniu o Conselho Muni-
cipal que aprovou o relatório da
Gerência de 1969. No resumo, o
referido relatório apresenta a re-
ceita total de esc. 2898 847830 e
a despesa de esc. 2 064 449850 a
que corresponde o saldo para o
ano de 1970 de .esc. 834 397$80.

— Vão iniciar-se, em breve, as
obras de empedramento do ramal
para as Trutas, que parte do C.
M. Vila de Rei-Arrancoeira. Tra-
ta-se dum benefício justíssimo pois
que aquela povoação, de inverno,
era práticamente, inacessível.

 

Postal de
Oleiros

Inauguração de Luz Eléctrica

A Câmara Municipal de
Oleiros tenciona inaugurar, no
próximo Domingo de Páscoa,
(se não surgir entrave de or-
dem técnica) a luz eléctrica
nas seguintes povoações do
concelho: Cambas, Vilar Bar-
roco, Vilarinho, Póvoa da Ri-
beira, Sarnadas de São Simão
e Cardosa.

Construção de Escola Primária

Em substituição do Posto
existente, vai ser construída
uma Escola Primária em Se-
lada das Pedras, freguesia de
Cambas.

Caminhos

A Junta de Freguesia de
Sobral está a abrir e a melho-
rar os caminhos que ficam a
servir os seguintes lugares e
povoações da Freguesia: Lei-
ria Cimeira, Casalinho, Roda
de Cima, Roda de Baixo, Pó-
voa do Minau e Sabugal. —
(C.)

 

Inaugurações
em Marmeleiro

Está, em princípio marcada
para o dia 12 de Abril, a inaugu-
ração do abastecimento de água
às povoações de Marmeleiro,
Cortes, Vale do Homem e Ro-
que da freguesia de Marmelei-
ro, obra que, como noticiámos,
ficou concluída em 7 de Feverei-
ro. À cerimónia presidirá b Ex.=º
Sr. Presidente da Câmara Muni-
cipal da Sertã.

Na mesma altura será tam-
bém inaugurado o edifício esco-
lar, recentemente construído e
já a funcionar naquela sede de
freguesia.ia.

 

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7 de Março de 1970

O RENOVADOR

Cernache do

Uma das mais airmentes Vilas
da nossa Beira

Quem não conhece Cernache do Bonjardim?
De Norte a Sul do País, este nome sugere ime-
diatamente, uma vila simpática, acolhedora, de
fidalgas tradiçõçes e de incontestado progresso.

Foi em 1960 que lhe foi concedida a cate-
goria de Vila. Mas desde longa data, Cernache
entrou na Vida do País, para nela se manter
orgulhosamente, como uma povoação que tem
História e pergaminhos.

Em 1360 nasceu ali o Herói e Santo que
encheu as páginas de Fernão Lopes, como a fi-
gura mais lídima de toda a Nossa Idade Média.

Cernache é sede do mais antigo e notável
Seminário das Missões Religiosas, onde estu-
daram figuras ímpares da História Missionária,
como D. António Barroso, mais tarde Bispo do
Porto, António Medeiros, Reed da Costa e ou-
tros. Durante vários anos Cernache foi, tam-
bém, sede do extinto Instituto das Missões Co-
loniais, com um Liceu anexo, uma Escola de Ar-
tes e Ofícios e um Curso Colonial.

Hoje ainda, Cernache do Bonjardim não des-
merece do Passado. O seu Centro de Assistên-
cia Social é um dos melhores do País e o me-
lhor do Distrito de Castelo Branco. O Instituto
Vaz Serra, obra do grande Cernachense, Co-
mendador Libânio Vaz Serra, a que o Professor
Gil Marçal e outros deram execução, com o seu
7.º ano dos Liceus, continua a ser um prestigio-

so estabelecimento de Ensino Particular. E-o
igualmente o Seminário das Missões.

A Empresa Viação Cernache é, sem dúvi-
da, uma organização de relevo no sistema de
camionagem do País.

Duas bem montadas serrações e uma fá-
brica de extracção de óleos essenciais a partir
do eucalipto, que começou há pouco a trabalhar,
ainda em regime experimental, dão a Cernache
movimento de meio fabril.

Entre os Cernachenses ilustres, além de
Nuno Álvares Pereira, não podemos esquecer
uma plêiade de bispos e missionários, de políti-
cos, entre os quais se destacou o Dr. Abílio Mar-
cal, que chegou a ser vice-presidente da Câmara
dos Deputados, e de Administradores dos quais
sobressai o saudoso Eng. Higino de Queiroz,
cuja memória está a ser atestada pelas bene-
merências do Centro de Assistência Social, de

– que é principal promotora, sua irmã, Ex.”: Se-

nhora D. Maria Violante de Queiroz e Mello.

Pelas suas belezas naturais, de onde sobres-
sai a Serra de Santa Maria Madalena e a Albu-
feira do Castelo de Bode, com a paradisíaca. es-
tância da Foz da Sertã, com as suas casas sola-
rengas, com a hospitalidade e bem entendido
bairrismo dos seus habitantes, Cernache é um
lugar apetecido para passar umas férias de
agrado certo e repouso retemperador.

 

Que há sobre a Estátua
de Nun’Álvares Pereira

 

em Cernache do Bonjardim?

Como é geralmente sabido, Cer-
nache de Bonjardim orgulha-se de
ter servido de berço a Nun’Alvares
Pereira, uma das mais lídimas figu-
ras de herói e de santo que alguma
vez nasceram em Portugal.

No entanto, pouco mais do que
uma placa designativa de uma rua,
atesta, hoje, ao visitante desta pi-
toresca Vila, que o grande obreiro
da nossa independência ali nasceu.

Quando das comemorações condes-
tabrianas de 1960, em que Cernache
celebrou dignamente, com a presença
das mais altas autoridades, o nasci-
mento daquele seu ilustre filho, o en-
tão Ministro das Obras Públicas,
Eng. Arantes e Oliveira, prometeu
erguer em Cernache uma estátua
que atestasse a honra e o culto das
gentes de Cernache do Bonjardim
pelo Santo Condestável.

 

A Aldeia de

PORTO DOS FUSOS

vai ser transformada brevemente
em aldeia – piloto, pela
Junta de Colonização Interna

Pela Junta de Colonização In-
terna foram concedidos 427 con-
tos para transformar as primei-
ras 15 habitações da povoação de
Porto dos Fusos, que vai tornar-
-se numa aldeia-piloto. Preten-
de-se que a referida povoação
tenha todas as condições de hi-
giene, salubridade e conforto pró.
prios da vida rural,

Para que o acesso à aldeia se
Faça com menos dificuldades, tor-
na-se indispensável que a Câma-
ra Municipal da Sertã renove os
pedidos já feitos ao Sr. Minis-
tro das Obras Públicas para que
seja aberta e alcatroada a estra-
da, cujo projecto, elaborado pe-
la Junta de Colonização Interna,
prevê o início em Casal Madale-
na e, seguindo até àquela povoa-

ção, se bifurcará depois, servin-.

do um ramal para Sambado e ou-
tro:para Mendeira.

É necessário, igualmente que
seja cumprida a promessa da Co-
missão de Nordeste da conces-
são de um subsídio para o calce-
tamento de ruas povoação.

Útil seria igualmente a melho-
ria do abastecimento de água,
para que as condições de vida da
povoação se possam considerar
pilot.

 

Comendador Libânio Vaz Serra
Grande impulsionador do progresso
de Cernache do Bonjardim

Não teve, o andamento rápido en-
tão esperado, aquela ideia. Mas pas-
sados quatro anos, uma Comissão
constituída pelas entidades mais
representativas, entre as quais o sr.
Governador Civil e Presidente da
Câmara Municipal da Sertã, avis-
taram-se com o titular da Pasta
das Obras Públicas a fim de lhe
recordarem e renovarem o pedido
antes feito.

Também desta vez, apesar do bom
acolhimento dado à iniciativa, ela
não tomou ainda com rapidez, o
caminho da execução que se pre-
tendia.

São decorridos mais de cinco
anos e que se passa, perguntam os
Cernachenses e todos os que, no
Concelho e na Região anseiam por
que a História registe a gratidão
dos homens?

Muito simplesmente: — pode di-
zer-se que a iniciativa começa ago-
ra a tomar corpo de execução.

Foi encarregado pela Direcção
Geral do Ensino Superior e Belas-
-Artes, o escultor, Valadas Coriel,
de proceder ao estudo e esboço da
estátua, juntamente com o do en-
quadramento do local onde virá a
ser erguida.

Tal estudo e esboço, encontram-se
realizados. O local escolhido 6 o
entroncamento da Estrada Nacional
n.º 287, com a Estrada Nacional n.º
238, sensivelmente ao meio do aglo-
merado urbano de Cernache.

Este prévio foi agora
submetido à aprovação da Junta
Nacional de Educação, do Minis-
tório da Educação Nacional, a qual
se pronunciará sobre ele, do ponto
de vista educativo e artístico.

Após a aprovação que se espera
não demore muito, a Câmara Mu-
nicipal da Sertã em colaboração com
a Direcção de Urbanização inicia-

e do enquadramento da mesma, pa-
ra efeitos de dar ao monumento a
dignidade e relevo que lhe são de-
vidos.

O Ministério das Obras Públicas
através da Direcção Geral do En-
sino Superior e Belas-Artes, man-
dará então executar a estátua, pos-
sivelment em bronze, a qual ofere-
cerá à Câmara Municipal e a Cerna-
nache de Bonjardim.

A Câmara Municipal incumbirá a
realização das obras de enquadra-
mento, aquisição do terreno e cons-
trução do largo ou praceta em que
a estátua será implantada.

Página 8

Bonjar dim

 

Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim

com a sua magnífica Igreja

 

0S PROBLEMAS DE CERNAGHE

Oportuna entrevista com o prestigioso
Presidente da Junta de Freguesia

Sr. David Silva

— A Freguesia de Cernache
do Bonjardim tem mais de
5000 habitantes, distribuídos
por 1 200 fogos e 66 povoações.
Esse grande número de povoa-
ções traz à administração pro-
blemas de vária indole. Pode
enumerar os mais importantes?

— É, precisamente, a disper-
são que traz, à administração,
uma série de problemas, para
os quais a solução não é tão
imediata quanto os nossos de-
sejos e as necessidades e aspi-
rações da população. Como é
fácil de compreender, a multi-
plicidade de aglomerados popu-
lacionais implica uma igual
multiplicidade de problemas,
tais como vias de acesso, abas-
tecimento de água, iluminação
eléctrica, etc.

— Quais as características
demográficas da população:
Rural? Fabril? Comercial?

— A população das aldeias
da freguesia é de tipo, caracte-
risticamente rural: Vive, nor-
malmente, da agricultura, mas
uma agricultura, ainda, de
processo rotineiro e, por isso
mesmo, pouco rentável. Um
número grande são pequenos
proprietários, que fazem o tra-
balho dos seus campos, por
suas mãos e encontram, nisso,
um modo de ocupar ou valori-
zar o seu tempo. Mas a agricul-
tura está em crise, e a popu-
lação dos campos está, em
debandada, para outras terras
e para outros modos de vida.
Na sede da freguesia, encon-
tram-se algumas indústrias,
que ocupam várias centenas de
operários, entre as quais, a
Empresa Viação de Cernache,
uma fábrica de destilação de
óleo de eucalipto, «Serol», duas,
bem apetrechadas Serrações,
uma Cooperativa de Azeite, al-
gumas Oficinas de Serralharia
civil e pequenas unidades, ou
de extracção de azeite ou moa-
gem de cereais. Quanto à acti-
vidade comercial existe aque-
la que é necessária à satisfa-
ção das necessidades da popu-
lação da freguesia, mas sem
projecção para fora desta, e
mesmo assim, lutando com al-
gumas dificuldades, devido à
emigração.

— No campo da agricultura,
quais as características da fre-
guesia?

— Como já foi dito, a agri-
cultura processa-se, por toda a

Moreira

freguesia, mas dum modo ru-
dimentar, fiel, ainda, em gran-
de parte, às culturas tradicio-
nais que hoje se vê, não com-
pensam as despesas, com elas
feitas. Há, por cima, um de-
masiado parcelamento que vem
impedir uma agricultura me-
canizada. No entanto, cultiva-
-se a oliveira e a videira, além
do milho e dos legumes, mas é
sobretudo, com o rendimento
do pinheiro, que os lavradores
podem contar. Ultimamente,
têm sido plantadas, na fregue-
sia, umas largas centenas, de

 

David Silva Moreira

Presidente da Junta de Freguesia
de Cernache do Bonjardim

milhares de eucaliptos e al-
guns pomares de macieiras, que
se prevê venham a dar bom
rendimento.

— Que diria à organização
de uma cooperativa de fruti-
cultores na freguesia de Cer-
nache e nas vizinhas?

— Acho que seria uma ex-
periência interessante, mas
penso que, primeiro, seria ne-
cessário um estudo feito por
técnicos, das possibilidades de
produção e das culturas mais
indicadas, juntamente, com
uma assistência permanente
desses mesmos técnicos. Sem
isso o lavrador arrisca-se & in-
vestir capital em culturas, em
que não devia, ou que, então,
não sabe acompanhar. Seriam
estes mesmos técnicos que
iriam criando a aspiração coo<
perativa, que infelizmente,
nem todos possuem.

— Do ponto de vista indus-
trial a Freguesia tem já equi-
pamento condizente com as
suas necessidades ou possibili-
dades?

— Não há dúvidas que, hoje,
o progresso das terras está in-

Continua na 4.º páginaágina

 

@@@ 1 @@@

 

Página 4

Aspecios religiosos e sociais Os

O RENOVADOR

da Freguesia de Cernache do Bonjardim
focados pelo Rev.” Pároco, P.* José Alves Júnior

— Quais os problemas funda-
mentais, socio-religiosos de Cer-
nache do Bonjardim?

— Falando de características
socieis e religiosas desta Paróquia
de “Cernache do Bonjardim, há
que destacar um contraste muito
grande que houve, durante mui-
tos ancs, entre a vila de Cerna-
che do Bonjardim e o resto da
freguesia. A sede, por circunstân-
cias várias, desde a existência do
Parque do Bonjardim, mansão
dos Priores do Crato, passendo
pelo Seminário das Missões, te-
ve, sempre, um nível de desen-
volvimento muito superior ao dos
restantes lugares da freguesia. Es-
tes mantiveram um género de vi-
da, tipicamente rural, vivendo da
terra e contentando-se com o que
ela lhes podia oferecer,

Assim chegou-se ao século XX,
com quase as mesmas caracteris-
ticas de vida dos primeiros sé-
culos da nacionalidade. Nas al-
deias, poucos sabiam ler, as ha-
biteções eram modestas, a agri-
cultura rudimentar. Não havia
água potável, nem vias de aces-
so. A iluminação doméstica a pe-
tróleo ou azeite, a maneira de
vestir muito simples, os diverti-
mentos, bastante ligados às ma-

– nifestações religiosas, etc.

Pode dizer-se, também, que os

habitantes das aldeias, na quase

– totalidade, mantêm uma tradição
religiosa muito acentuada, ex-

– traordinariamente fiel aos costu-
mes e práticas religioses. Pouco
penetrável à evolução, em todos
os-aspectos, também a fé religio-
sa se manteve bastante conserva-
da, embora pouco esclarecida, de-
vido às características sociais, já
apresentadas, entre as quais o
analfabetismo.

As pessoas da vila já afirma-
vam, por seu ttrno, as suas con-
vicções religiosas duma maneira
mais pessoal, não só fruto duma
maior evolução, mes também,
creio eu, tanto para o positivo,
como para o negativo, da influên-
cia do Seminário das Missões,
nas suas várias fases.

Hoje, com a emigração, os
transportes, os meios de comuni-
cação social, há uma explosiva
tendência para adquirir novos há-
bitos, e do choque, que é para
muitos, a verificação que a ter-
ra (o campo), que eles conside-
ravam tanto, não está em condi-
ções de satisfazer os seus anseios,
resulta uma procura de novos
processos de viver.

E, como a Religião lhes anda-.
va associada a toda essa tradi-
ção, que, agora, vêem ruir, torna-
-se necessário um trabalho enor-
me de evangelização, para lhes
mostrar que a Religião não po-
de ser um «costume» que deve
ser mantido, mzs uma «vida», que
se vive, e que deve estar dentro
de cada um, sejam quais forem
as circunstâncias em que tenha
de viver,

Por isso, agradável foi verifi-
car que, no geral, as pessoas
aceitaram bem, a evolução das
celebrações religiosas, trazida pe-
lo Cencílio, nomeadamente da
Missa, por se sentirem embala-
das, também, numa necessária
evolução da sua maneira tradi-
cional de viver.

Apresentadas,
carecterísticas,

em resumo, as
socio – religiosas
desta freguesia, parece-me que,
respondendo à pergunta, direi:
— Problemas fundamentais de
“ordem sociológica? — A de um
acesso de todas as pessoas aos
benefícios do progresso e da ci-
vilização. Não sei como hei-de
classificar a situação em que se
encontrem as populações de tan-
tas aldeias, no que toca a vias
“de comunicação, a água potável,
a iluminação eléctrica. É certo
que nestes últimos anos alguma

coisa se tem feito, mas era ne-
cessário um esforço de emergên-
cia, pare tirar estes habitantes da
situação, tremendamente penosa,
em que se encontram.

Também é necessário trazer a
esta gente o Ensino, Não digo o
primário, que esse, na quase ge-
neralidade, é satisfatório, Mas o
ensino agrícola, permanente, pa-
ra abrir noves perspectivas
de viver, pela informação de
técnicas de trabalho e de cul-
turas adaptadas,

Quanto ao problema religioso,
penso ser necessário um grande
trabalho de evangelização, levar
as pessoas atitudes de fé mais
pessoais e menos de massa ou fol-
clore religioso, levá-las a pensar
que a religião é uma coisa muito
simples, que se vive, no proceder
de cada momento, que a religião
se alimenta, no convívio com
Deus, mas se manifesta numa ca-
ridade fraterna.

— Sobre wo fenómeno da emi-
gração deve passar-se o mesmo
que noutras freguesias. Assume
nesta características especiais?

— Sim. A emigração é mui-
to grande, Vai caindo sobre a
vida do campo um descrédito as-
fixiante. Assim, tanto para os
grandes centros urbanos, como
para África ou França, a gente
nova emigra. No campo verifica-
-se o círculo vicioso: a lavoura
não paga melhor aos trabalhado-
res, porque não pode pagar; e,
porque não pode pagar, não fica
ninguém para trabalhar nela, Pe-
lo menos dois terços dos que con-
traem casamento, emigram, E, se

 

Padre José Alves Júnior

Prior da Freguesia de
Cernache do Bonjardim

não fora a existência dalgumas
indústrias, tais como a Empresa
Viação de Cernache e várias Ser-
rações de Madeiras, a situação
seria ainda mais agravada.

É certo que, desde há muito,
esta freguesia tem colhido largos
frutos de emigração. Podemos di-
zer que a quase totalidade do ca-
pital que ainda dá vida e movi-
mento a Cernache do Bonjardim
veio de fora, aqui aplicado pe-
los emigrantes, pelo amor que
sempre têm nutrido pela sua ter-
ra.

— Que pensa V. Rev! dos
problemas da Juventude, espe-
cialmente nesta Freguesia?

— Penso que, nesta freguesia,
a juventude não terá problemas
específicos. Eles serão o de to-
da esta zona. Mas, entre todos,
o da emigração será um de rele-
vante importância. Os jovens tor-
nam-se, muito cedo, independen-
tes e isso exige que lhes seja da-
da preparação para isso, pois, sem
o amparo ou do ambiente da fa-
mília ou da região, donde par-
tem cedo, poderão, muitas vezes,
errar e perder-se. Outro proble-
ma é o da entrada no mundo do
trabalho. Saídos da Escola onde
tudo os ajudava, atirados para o
mundo de trabalho, são mal re-
cebidos e mal tratados, pelos adul.

tos. Daí o tornarem-se rebeldes.
É um assunto que mereceria pro-
funda reflexão para encontrar
qualquer meio de amparar estes
adolescentes.

— V. Rev“ tem tido actuação
destacada no Centro de Assistên-.
cia Social de Cernache do Bon-
jardim. Pode falar-nos da sua
acção?

— Não é verdade que tenha
tido acção destacada no Centro
de Assistência Social B. Nuno de
Santa Mexia. Tenho, de facto,
muito amor e muita admiração
por esta Obra, que é de facto, ex-
traordinária, mas a minha acção
era dispensável, pois a obra as-
senta, sobremaneira, na dedica-
ção de outras pessoas, desde há
muitos anos, sendo de destacar a
Sr” D. M> Violante de Quei-
roz e Mello, as Irmãs da Apre-
sentação de Maria e o Sr. Dr.
João dos Santos Farraia.

É, na verdade, impossível des-
crever no curto espaço dum jor-
nal a acção deste Centro. Ele es-
tá ao serviço duma área de cinco
freguesias: Cabeçudo, Castelo,

Cernache do Bonjardim, Nespe-‘

ral e Palhais. É uma Obra com
vida, palpitante. Sente-se que
dentro dele se respira, em cada
dia, ume, ânsia de fazer mais e
servir melhor. E, quantas vezes,
este pulsar de vida não é acom-
panhado de dor e sacrifício. É
que não há vida, sem dor e sem
sacrifício. E o Centro que dese-
ja fazer, sempre mais, não tem
rendimentos suficientes para isso,
apesar da ajuda de tantos contri-
buintes amigos e desinteressados.
Mes Deus tem estado sempre
muito atento a esta Obra,

O Centro deseja acompanhar
a vida das pessoas que lhe estão
confiadas. E, por isso, começa a
sua acção, antes mesmo das pes-
soes nascerem, com as consultas
para as mulheres grávidas. Na
Maternidade Rural, as crianças e
as mães encontram todo o con-
junto de possibilidades e de as-
sistência necessários ao acto do
nascimento. Depois há o Lactá-
rio onde é dada à criança uma
assistência permenente e onde é
fornecido “o leite necessário.
Hã dois jardins de Infância pa-
ra crianças dos 3 aos 7 anos; Can-
tina Escolar e Patronato para as
crianças em idade escolar; uma
Escola de Formação para rapari-
gas, onde além de enfermagem,
cozinha, costura, arranjo domés-
tico, puericultura, frequentam o
Ciclo Preparatório da Telescola;
um Centro de Vacinações que,
não obstante as dificuldades pro-
venientes do povoamento disper-
so, atinge percentagens das maio-
res do distrito; Posto Hospitalar
com consultas diáries do Médi-
co do Centro; duas Enfermeiras,
uma delas Parteira; um Banco de
dentista, e um Consultório de
Oftalmologia; Raios X; uma Sec-
ção do Instituto de Assistência à
Família, com grande movimen-
to. E o Centro tem procurado
todos os processos de trabalhar
a favor da sua área, colaborando
quer, com o Património dos Po-
bres, quer com a Fundação Gul-
benkian. Dentro, em breve, em
colaboração com a Junta de Co-
lonização Interna vai transfor-
mar -a aldeia de Porto dos Fu-
sos. Pois para todo este movimen-
to, o Centro não tem, para sua
administração, qualquer funcio-
nário remunerado. É de destacar
a acção do Sr. Francisco Silva,
que faz todo o serviço de orça-
mento e contabilidade. Mas mui-
tas outras pessoas teriam de ser
nomeados. E para falar da ac-
ção do centro seria preciso um
jornal inteiro. O que fica dito
são, apenas, resumidos aponta-
mentos.

Continuação da 3.º página

timamente ligado à existência
de indústrias, com vitalidade.
Infelizmente, o interior do país
não tem atraído a fixação de
indústrias. Para isso muito
tem contribuído a falta de es-
tradas capazes, que liguem a
parte interior aos grandes cen-
tros. Até mesmo aquela ma-
téria-prima, que é base de
algumas indústrias, e que, nes-
ta região é produzida, não en-
contra, nos locais de produção,
aquelas indústrias de transfor-
mação, que só trariam vanta-
gens, quer ao produtor quer
ao industrial, em estarem fi-
xadas junto à matéria-prima,
que laboram. Veja-se o que

acontece com as indústrias de
transformação de madeiras ou
de resinosos.

 

Capela de Santa Madalena
— Miradoiro deslumbrante…
Para quando uma pousada?

— Quais os melhoramentos
públicos mais importantes rea-
lizados nos últimos anos, quer
pela Junta quer pela Câmara?

— Alguma coisa se tem fei-
to, na verdade, mas muito mais
há ainda por fazer. Assim, de
cor, além da construção de
alguns edifícios escolares, lem-
bra-me, por exemplo, terem si-
do feitos os seguintes melhora-
mentos: Estradas de acesso ao
Pampilhal, Póvoa, Calvaria,
Nesperal, Alcobia e Borejo da
Correia; – abastecimento de
águas (reforço de caudal) a
Cernache do Bonjardim, Papa-
ria, Alcobia, Calvaria, Quintã,
Sambado, Almegue, Brejo da
Correia, Pampilhal, Ribeira de
Freire, Carvalhos; electrifica-
cão de Calvaria, Quintã, Roda
e Casal Madalena; Calcetamen-
to de ruas em Casal Madalena,
Calvaria e Cascabaço.

— Quais os melhoramentos
públicos de que a freguesia tem
murior carência?

— Além dos esgotos da vila
de Cernache, já comparticipa-
dos torna-se urgente traçar
algumas estradas mestras, que
seriam a espinha dorsal da fre-
guesia. É, de facto, triste a si-
tuação em que vive grande par-
te da população da freguesia,
onde nem de «Jeep» se conse-
gue ir nos meses de inverno,
e de verão só de «Jeep» se lá
consegue chegar. Em primeiro
lugar a estrada para Porto dos
Fusos, que se ramificaria de-
pois em duas, uma para Sam-
bado e outra para a Várzea
de Pedro Mouro, e a estrada
para os Matos, que prolonga-
ria a que vai até ao Pampilhal.

Além das estradas, o abas-
tecimento de água potável aos
lugares que ainda a não têm.

Devia alargar-se a rede de
distribuição eléctrica, sobretu-
do às aldeias de maior número
de habitantes. O lugar de Pam-
pilhal, por exemplo, com os
seus 164 fogos, bem mereceria
luz eléctrica. Devia, “igualmen-
te, proceder-se ao calcetamen-
to de algumas ruas de aldeias
que, no inverno, são autênti-
cos lamaçais.

% de Março de 19%0

problemas de Cernaçhe

— Que aspirações pretende
a vila de Cernache ver reali-
gadas com maior interesse?

— Além de continuar a ver
florescendo as obras já existen-
tes, como o Centro de Assistên-
cia, um dos melhores do País,
o Instituto Vaz Serra, o Semi-
nário das Missões, as Indús-
trias, Comércio ou Agricultura,
Cernache do Bonjardim deseja-
ria ver erguido um monumento
condigno ao herói nacional, fi-
lho desta terra, D. Nuno Alva-
res Pereira; desejaria ver aber-
tas ao Turismo todas as enor-
mes possibilidades das albu-
feiras, que a circundam assim
como o aproveitamento turísti-
co da serra de Santa Maria
Madalena; desejaria ver cons-
truída uma Pousada e uma Pis-
cina; desejaria aberta a Agên-
cia de um Banco; desejaria ter
uma sede própria para a Jun-
ta de Freguesia; desejaria a
restituição de uma ligação
telefónica com Tomar, e eu sei
lá, tantas outras coisas…

— Deseja enviar, por inter-
médio de O RENOVADOR al-
guma saudação especial aos
Cernachenses residentes fora
da Freguesia?

— Sim, de facto, não posso
esquecer que o fomento de Cer-
nache de Bonjardim foi feito,
sobretudo, com dinheiro ganho,
fora da terra, quantas vezes, à
custa de tantos sacrifícios e
preocupações. Por isso, quero
aproveitar esta -oportunidade,
para saudar todos os Cerna-
chenses, que na Metrópole, no
Ultramar ou no estrangeiro
trabalham, honrando o nome
da sua terra. E saudar todo o
seu esforço, a sua tenacidade,
o destemor e pedir-lhes que se
a Terra, que lhes serviu de
berço, não pôde oferecer-lhes
todas aquelas possibilidades,
que noutras puderam alcançar,
nem por isso esqueçam o seu
torrão natal, que precisa do
amor e da ajuda de todos os
seus Filhos.

 

 

Notícias pessoais

Celebrou no passado dia 12 de Fe-
vereiro as suas Bodas de Ouro ma-
trimoniais o distinto casal srs. Pro-
fessor Manuel Correia da Silva e D.
Alzira Biscaia Godinho Correia da
Silva, residentes em Cernache do
Bonjardim.

Esta comemoração deu aso a que
se reunissem em volta do casal Cor-
reia da Silva, várias dezenas de
familiares e amigos que quiseram
associar-se a tão jubilosa ocorrên-
cia. De manhã, houve missa na
igreja matriz de Cernache de Bon-
jardim, celebrada pelo Pároco da
freguesia, que depois da bênção e
entrega das alianças, dirigiu algu-
mas palavras, salientando as qua-
lidades de honestidade e integridade
da vida e o espírito cristão que sem-
pre foi precioso ornamento do lar,
que, há 50 anos, o sr. Professor
Correia da Silva e sua Esposa ha-
viam constituído.

Na mesma altura foi anunciado
que o Santo Padre se havia digna-
do enviar a Sua «Bênção Apostó-
lica» ao casal, em festa.

De tarde, quiseram os jubilados
reunir, em sua casa, os seus fami-
liares e amigos numa agradável
refeição.

O sr. Professor Correia da Silva,
embora natural de Oliveira do Bair-
ro, há muitos anos, que é Cerna-
chense de coração, tendo dado o seu
entusiasmo e dedicação a várias ins-
tituições locais.

Ao sr. Professor Correia da Sil-
va e sua Esposa, deseja O Renova-
dor as maiores felicidades.

 

Despovoumento

Em Cernache do Bonjardim também
se verifica e sente o magno problema
do êxodo em massa dos homens válidos
que embalados, muitas vezes, por mi-
ragens se vão destas terras, empregando
o seu esforço na valorização de outras,
lá longe na França ou na Alemanha…

Ainda há dias, abalaram, de madru-
gada, mais catorze do lugar de Cal-
varia.

É sempre com amargura que recebe-
mos estas notícias. Deixarão os nossos
campos de produzir e fecharão as nos-
sas oficinas e fábricas por falta de gente
válida e competente?!……

 

@@@ 1 @@@

 

% de Março de 19%0

O RENOVADOR

Página 5

 

OPORTUNO ALVITRE MOSAICO

POR DANIEL GOUVEIA

Continuação da 1.º página

Procurando sempre maximizar as suas comodidades e mini-
mizar as suas dores, o HOMEM, tem posto ao alcance de todos
os homens, os meios necessários para uma vida terrena feliz, di-
ficilmente se descortinando explicação para as anomalias e defi-
ciências que se verificam pelo mundo fora.

Hoje, graças às facilidades de comunicações, da enorme soma
de informações que todos recebem nas suas casas, quer através
da imagem, quer através da fala, quer através do livro e do jor-
nal, não se justifica que a Sertã, sempre ciosa dos seus pergami-
nhos, não encare com decisão e coragem o caminho que lhe com-
pete percorrer, atinente ao seu crescimento económico, aprovei-
tando duas imensas riquezas que possui, inaproveitadas até ago-
ra: — A FLORESTAL E A HUMANA, Duas riquezas que hão-
-de transformar, em futuro não longínquo, a terra que todos de-
sejamos ver progredir, mas para cujo progresso mal contribuímos.

A Sertã precisa de demonstrar ao Governo da Nação, com
dados autênticos e que não ofereçam quaisquer dúvidas, que me-
receu o investimento de capital que lhe foi feito e que os frutos
deste investimento não serão medíocres, tanto na qualidade como
na quantidade, ou não cairão em cesto roto. Refiro-me, como de-
vem ter percebido, à Escola Técnica, esse estabelecimento de en-
sino, modelarmente instalado e dirigido, e que em breve lançará
para o trabalho, onde quer que o encontre, jovens com a devida
preparação técnica. Urge criar as condições necessárias para que
a Sertã beneficie eficientemente do belo capital que lhe foi facul-
tado, obtendo dele o rendimento que há-de elevar o seu nível de
vida, e, consequentemente, garantir os meios de subsistência, à
mocidade que a Escola for preparando para uma vida melhor,

diferente daquela que tivemos.

Habituaram a população da Sertã a considerar-se pobre, ir-
remediâvelmente pobre. Erro crasso. A razão desta minha afir-
mação, deixo-a para futuros escritos, se o RENOVADOR lhes
der guarida, pois este já vai um pouco longo, excedendo o que
me propunha dizer e que, em síntese, nada mais era do que cha-
mar a atenção dos meus conterrâneos para a obrigação que te-
mos em apoiar o alvitre do Sr. Presidente da Câmara da Sertã,
corporizando-o e concretizando-o, certos de que daremos um pas-

so decisivo para o bem da nossa terra.

A seguir: O PINHEIRO.

M. FLORIM

 

Aparecerem as andorinhas.
Arautos da Primavera, elas anun-
ciam-nos a próxima chegada da
estação em que tudo renasce, com
os botões das árvores a metamor-
fosearem-se em folhas e flores,
os bichos a derpertarem do lon-
go sono hibernal. São, por isso,
sempre recebidas com júbilo.

Símbolos vivos da luta pela vi-
da, vêm à procura de mais abun-
dância de alimentos, de melhores
condições para criarem os filhos,
da lama para os ninhos que elas,
alvanéus feitos por Deus, cons-
troem nos beirais altos que o seu
instinto escolhe.

Da lama, sim. Já Augusto Gil,
numa daquelas suas tão mimosas
e enternecedoras quadras, nos
diz que

O ninho das andorinhas
Também é feito de lama

Aproxima-se a manhã, embo-
ra seja ainda noite cerrada, já ca-
mionetas enormes, monstruosas,
algumas com atrelados, carrega-
das com pilhas de madeira que
etingem, sem exagero, a altura
de primeiros andares, descem cau-
telosamente a Rua Cândido dos
Reis.

O guinchar agudo dos travões,

 

OS PREÇOS DAS MADEIRAS

Continuação da 1.º página

sas de celulose, cuja prosperi-
dade se mede pelas altas co-
tações na Bolsa das respecti-
vas acções, conluiadas, passam

a comprar à Lavoura a madei-
ra de que precisam, pelo. pre-
co que querem, abusando da
miséria em que vive a maior
parte dos lavradores portugue-
ses.

E é de tal forma o clima que
se gerou neste País, que essas
grandes empresas de celulose,
pela publicidade que deram ao
seu comunicado, entendem cer-
tamente que a sua actuação
está absolutamnete certa e em
conformidade com os princípios
dominantes na economia portu-
guesa e no mundo dos negó-
cios». Concluiu pedindo a aten-
ção do Governo para esta si-
tuação.

Três dias depois, esta inter-
venção do ilustre Deputado
Pinho Brandão foi corroborada
pelo Deputado Camilo de Men-
donça que aproveitava o ense-
jo, «pela escaldante actualida-
de de que se reveste», de não
poder deixar de se referir ao
caso das madeiras que o seu
colega Pinho Brandão havia já
focado numa sessão anterior.

«De momento, — disse — a
situação é esta: O preço da
madeira desceu para cerca de
metade; para o pinho, relativa-
mente à época do despacho do
Ministro da Economia de
15/2/68, e, para o eucalipto,
ao ano findo, sendo a descida
para o pinho, relativamente ao
nascimento majestático da Ma-
deiper, de 30 a 40 escudos por
estere. Os comerciantes afir-
mam à Lavoura ser possível
vender a 400 escudos por este-
re a madeira de pinho nas fá-
bricas de França ou Itália, en-
quanto a Tafisa de Pontevedra
paga pela madeira de pinho pa-
ra aglomerados, precisamente o
dobro do preço imposto para a
celulose…

Económica como politicamen-
te, só pode haver um caminho:
dissolver a coligação por ile-
gal, como imoral, defendendo o
mais fraco; permitir pela liber-
dade de exportação que se com-
provem os verdadeiros preços
internacionais fora de sofismas

e à margem de afirmações que
todos sabemos como se fabri-
cam; e, por fim, intervir para
que por desmembramento, de
reforma ou o que for necessá-
rio, se reentre numa política de
florestação válida, e… econó-
mica, doa a quem doer… váli-
da como foi no passado distan-
te da época de arranque».

Decorridos dois dias, o novo
líder da Assembleia Nacional,
Deputado Almeida Cotta, alu-
dia a estas duas corajosas in-
tervenções dizendo que o Go-
verno ia intervir no assunto,
fazendo com que houvesse um
entendimento entre a Corpora-
ção da Lavoura e os interessa-
dos industriais.

Nesta conjuntura não sabe-
mos que mais admirar, se a
oportunidade das palavras do
Deputado Pinho Brandão, se o
desassombro do apoio que lhe
foi dado pelo ilustre colega
transmontano, se ainda, a pres-
teza da actuação do Governo
que através do seu líder anun-
cia pronta actuação para reme-
diar o desconchavo em que se
vive em Portugal quanto a pre-
cos das madeiras.

Entretanto a Corporação da
Lavoura emitiu o seguinte co-
municado:

«Reuniu-se a Secção de Produtos
Florestais da Corporação da Lavou-
ra que, depois de ter eleito seu vi-
ce-presidente o Sr. Eng. José Antó-
nio Ferreira de Lima — que substi-
tui o Sr. Eng. Carlos do Amaral
Neto, que deixou aquele cargo em
virtude da sua eleição para a presi-
dência da Assembleia Nacional — se

 

PADRE DR. MANUEL ANTUNES

Foi recentemente nomeado pa-
ra fazer parte de uma Comissão
especial destinada a estudar as
relações entre professores e alu-
nos, o nosso ilustre conterrâneo,
Padre Dr. Manuel Antunes, da
Companhia de Jesus, professor
de História da Cultura Clássica
na Faculdade de Letras da Uni-
versidade de Lisboa.

A nomeação consagra o pres-
tígio e alto conceito em que é
tido este alto valor da cultura
portuguesa e Director da Revis-
ta Brotéria.

ocupou da conjuntura florestal pe-
rante a iniciativa recente da criação
de uma empresa de carácter mono-
polista que visa abastecer, em re-
gime de exclusivo, a indústria de
celulose, em madeiras redondas de
pinho e eucalipto.

A Secção entendeu dever prestar
ao Governo toda a colaboração no
sentido de ajudar a encontrar solu-
ções válidas e justas para o proble-
ma criado.

Resolveu ainda apoiar a iniciativa
tomada na Assembleia Nacional pelo
deputado Eng. Camilo de Mendonça
ao apresentar um projecto de lei so-
bre contratação colectiva — pelas
repercussões que deverá ter no sec-
tor — e reforçar as preocupações
ali levantadas quanto ao problema
da comercialização de madeiras.

A Secção resolveu ainda rejeitar,
por intolerável, o sistema que se
pretende impor de definição unilate-
ral das condições de comercialização
por parie das indústrias associadas,
tal como se verificou em comunica-
do publicado na Imprensa, em 29 de
Dezembro último, que allás apresen-
ta preços sensivelmente inferiores
aos que vinham sendo praticados no
último semestre do ano findo.

Em face das circunstâncias presen-
tes, a Corporação da Lavoura pediu
ao Governo a imediata e total libe-
ralização de exportação de madeiras
redondas de pinho e de eucalipto,
excluindo-se os condicionalismos
actuais que a tornam impraticável.

Por último, tendo tomado conheci-
mento das declarações do líder da
Assembleia Nacional, cujo parecer
partilha inteiramente, pensa a Cor-
poração da Lavoura que a solução
equitativa do problema e mais con-
sentânea com os interesses nacio-
nais pode e deve ser encontrada por
meio de negociações ao nível das
Corporações interessadas.»

O Grémio da Lavoura de Ser-
tã e Vila de Rei fez também
chegar à Corporação da Lavou-
ra a gua voz, no sentido de
apoiar a necessária intervenção
desta.

Temos, portanto, levantado o
problema do ajustamento do
preço das madeiras. Confiemos
em que alguma coisa. se faça de
concreto, em defesa dos pro-
prietários, pois. com isso só lu-
craria esta Região e, em fim
de contas, a própria Economia
Nacional.

o resfolgar dos motores, cortam
o silêncio daquelas horas mortas.
E durante a manhã, ao longo de
todo o dia, mesmo 20 voltar da
outra noite, elas continuam o
transporte daquela preciosa maté-
ria prima que vai para outras ter-
ras e que bem podia ficar aqui,
alimentando fábricas, enriquecen-
do estas paragens, cuja industria-
lização é indispensável para o seu
progresso, fixando as gentes, ex-
tinguindo o êxodo que a todos
prejudica — os que ficam e os
que partem,

ANÚNCIO

Encontra-se vago o lugar de
continuo dos B. V. S.
Aceitam-se propostas de ad-
missão.
Condição essencial, possuir
carta de ligeiros e pesados.
Regalias: remuneração mensal
de 1 000$ habitação, luz e água.

A Direcção

 

Regresso a Oleiros

Regressou à vila de Oleiros,
no passado dia 28 de Janeiro,
após ter cumprido 26 meses de
serviço militar em missão de so-
berania na província de Angola,
o Sr. Octávio Ramos Alves, fi-
lho do nossos estimado amigo e
prestimoso colaborador, Sr. Ani-
bal Alves, Ajudante do Cartório
Notarial de Oleiros.

 

0 Renovador e

Continuação da 1º página

Havemos de torná-las num. centro
de interesso apetecido para férias
legais ou fins de semana de lazer
para os torturados habitantes das
cidades, cada dia mais barulhentas
a empestadas. Quero com isto dizer
que não temos só pinheiros para
apregoar: temos sombras, tran-
quilidade, poesia, silêncio, frescura
e hospitalidade e que tudo isto bem
propagandeado e mostrado é uma
grande riqueza mos tempos que cor-
rem.

Um cantinho desses procuram mi-
lares e milhares de citadinos, to-
dos os anos, todos os meses, todus
as semanas. Agora, num impulso de
primeira curiosidade, fora do país,
mas depois quererão repousar onde
isso for possível.

O seu Renovador há-de ser um
pregoeiro a anunciar estas coisas
e há-de influir nas mentalidades das
nossas boas gentes que terão de tro-
car, pouco a pouco, o arado e a en-
mada, pelo ofício mais limpo e me-
nos jbiblico de anfitriões de hera-

OS seus leitores

que por ai hão-de fixar a sua casa
de férias!

Veja até onde vai o meu optimis-
mo! Repovoar o deserto!

Se assim o entender, pode o meu
bom amigo principiar por publicar
esta carta que lhe leva a boa von-
tade animosa e um abraço do

Sebastião Alves

DA CASA DA COMARCA
DA SERTÃ

Lisboa, 28 de Fevereiro de 1970

Ez.” Senhor
Director ido Jornal
O Renovador

Ex. Senhores:

Foi com a maior satisfação que
recebemos o primeiro número do
jornal O Renovador, que se apre-
senta com boa colaboração e amplo
moticiário dos” nossos quatro conce-
lhos.

Magnífico.

Será mais uma força de são re-
gionalismo e uma presença deseja-

 

ou

CASA DA GOMARGA
DA SERTÃ

OÇO DE
CONFRATERNIZAÇÃO

 

A Direcção cessante decidiu
organizar um almoço de despe-
dida no âmbito restrito dos seus
elementos, a que apenas se jun-
taram alguns Amigos que do
facto tiveram conhecimento.

Própriamente, uma iniciativa
do Sr. Homero de Deus Garcia
que, conjuntamente com sua es-
posa, orientaram e confecciona-
ram o almoço.

Embora sem ser anunciado,
juntaram-se 40 convivas entre
os quais algumas Senhoras.

E assim é que a refeição,
simples como se pretendia, ape-
nas com o pretexto de umas
horas de convívio, acabou por
ter excelente doçaria oferecida
pelas referidas Senhoras, e vi-
nhos diversos da nossa Regiãc
trazidos pelos Amigos que qui-
seram comparecer ao almoço.

Tarde animada, que dado o
desejo de todos. se pensa repe-
tir trimensalmente, rodando os
quatro Concelhos.

Brindou-se pelas prosperida-
des da Casa, pela, continuidade
da Bolsa do Estudante Pobre,
pela Imprensa Regional «Co-
marca da Sertã», «Beira Bai-
xa», «Reconquista» e «O Reno-
vador», que tanto têm acari-
nhado a actual Direcção, e aos
organizadores do almoço, Ho-
mero de Deus Garcia e sua es-
posa.

Da comparticipação de todos
os presentes resultou um Saldo
positivo de 1 802$10, que rever-
teram para a Bolsa do Estu-
dante Pobre, que atingiu assim
a bonita soma de 101 802800.
Desta vez, a Bolsa vai!… (C.)

da junto di tes que fora
das terras onde nasceram.

Assim, queiram PV. Ex. conside-
rar esta Casa Regional no mimero
dos vossos assinantes.

Parabéns! As mossas felicitações
e os votos sinceros de vida longa e
feliz.

Atenciosamente, com os nossos
afectuosos cumprimentos

Pela Direcção
A R. Silva

CARTÃO DO SR. ENG. JOAO
FERREIRA FORTE — mui ilustre
deputado da Nação:

«Ex.”º Senhor

Director do jornal O Renovador

Acabo de receber o primeiro mú-
mero de O Renovador e solicito que
V. Ex.º passe já q considerar-me
como assinante o colaborador, se,
como leio, os propósitos são os da
defesa das populações que vivem
nessa grande mancha de pinhal, ain-
da bastante esquecida por culpa de
todos mós.

 

Tribunal Judicial da Comarca
da Sertã

ANÚNCIO

(2.º publicação)

Anuncia-se que correm éditos de
30 dias, citando António Martins,
casado, comerciante e industrial, au-
sente em parte incerta, com última
residência conhecida no lugar dos
Carvalhos, freguesia de Cernache «
do Bonjardim, para, no prazo de 10
dias, findo o dos éditos e a contar
da 2.º publicação deste anúncio, pa-
gar so exequente Aníbal Coelho,
casado, motorista, residente nesta
vila da Sertã a quantia de 115 200$00
juros vencidos e vincendos, ou den-
tro do mesmo prazo, nomear bens à
penhora nos autos de execução or-
dinária, suficientes para esse paga-
mento, sob pena de se devolver esse
direito ao exequente.

Sertã, 14 de Fevereiro de 1970.

O Juiz de Direito,
Jorge Lobo de Mesquita

O Escrivão de Direito,
Carlos dos Santos Fazendanda

 

@@@ 1 @@@

 

Página 6

O RENOVADOR

7 de Março de 1970

 

O Núcleo de Assistência Técnica
à Propriedade Florestal Privada
da Direcção Geral dos Serviços Florestais

instalado na Sertã

É um organsmo de comprovada eficiência que veio trazer
à região meios de valorização até há pouco insuspeitados

Fora exposta ao Sr. Presiden-
te do Conselho, Senhor Profes-
sor Marcelo Caetano, no Cabril,
em Fevereiro de 1969 a situa-
ção de primitivismo e rotina em
que se encontra a exploração da
Floresta na nossa Região. Uma
exposição do Sr. Presidente da
Câmara da Sertã, sobre o mes-
mo assunto, foi entregue ao Sr.
Governador Civil de Castelo
Branco e o seu conteúdo trans-
mitido ao. Chefe do Governo.

A Direcção-Geral dos Servi-
cos Florestais da Secretaria de
Estado da Agricultura tomou me-
didas concretas atinentes ao es-
tudo e resolução do problema.

A. criação de uma Circunscri-
ção Florestal com sede na Re-
“gião, como fora sugerido pelo
ilustre Deputado, Sr. Sebastião
Alves, em intervenção na Assem-
bleia Nacional, apesar de exce-
-lente, levava ao protelamento da
actuação rápida que se pedia, pe-
“lo facto de’o dispositivo legal e
estruturação da Direcção-Geral,
reservar as circunscrições para as
matas estaduais.

Não tinha maior êxito, e, pelo

mesmo. motivo, a sugestão feita
na aludida exposição, de que fos-
se criada, na Sertã, uma Admi-
nistração Florestal.

Após várias diligências da par-
te da Direcção-Geral e de har-
monia com a Câmara Municipal
da Sertã, optou-se pela criação
de um NÚCLEO DE ASSIS-
TÊNCIA TÉCNICA À PRO-
PRIEDADE FLORESTAL
PRIVADA,

Foi realmente instalado na Ser-
tã-e encontra-se. a trabalhar na
Região desde Junho de 1969,
sendo constituído, presentemente
por um Engenheiro Silvicultor,
gue reside em Lisboa, por dois re-
gentes agrícolas, um mestre flo-
restal, um Agente Florestal e um
guarda.

O seu

trabalho persistente e

 

Curso de Extensão
Agrícola Familiar

Está decorrendo nesta Vila,
tendo tido início. em 6. do passar
do mês de Outubro, um Curso
de Extensão Agrícola Familiar.
Decorre na Quinta. do Pinhal de
– Cima, pertença do sr. dr. Pedro
de Matos Neves e de Sua Es-
posa, que gentilmente a cederam
para o efeito. 3 5

Freguentado presentemente por
30 alunas, o Curso está sendo di-
rigido pela agente rural D. Ma-
ria Lucinda. de Carvalho e pela
auxiliar do Centro D. Aldina Pe-
reira Carneiro, –

O Curso é ainda da responsa-
bilidade da Assistente Social, sr
D. Maria Amélia que o visita de
quando em vez, Era

O Chefe da Brigada é o sr.
Eng.º Leonel de Magalhães que
a estes cursos tem dado o melhor
da sua alma dinâmica, empreen-
dedora e entusiasta.

– Os Cursos são organizados pe-
Ja Direcção-Geral dos Serviços
Agrícolas da Secretaria de Esta-
do da Agricultura.

As alunas têm as seguintes ac-
tividades: enfermagem, economia
doméstica, higiene geral, higiene
alimentar, – puericultura, – lactici-
nios, horticultura, conservação de
frutos e – legumes; artesanato,
adorno do Lar, contabilidade
agrícola: e. doméstica, formação
familiar, moral e religiosa. :
– Com tal. elenco de disciplinas,
pena é que, pelo menos, todas as
sedes de freguesia e as povoações
mais populosas não possam vêr
enriquecidas. as raparigasdo seu
meio, com um curso de tão alta
projecção, o que muito contribui-
ria, para a- sua preparação para
“a-sublime e nobre missão de es
posas e mães.

No nosso Concelho usufruiram
já dos benefícios adyindos destes
cursos, a povoação do Pampilhal,

 

y DE 4
Condições
de Assinatura
VIA NORMAL
Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanha
E semestre: 40800
“Estrangeiro: —. anual:
VIA AÉREA –
(Pagamento adiantado)
Províncias Ultramarinas
e Estrangeiro — anual: 180800

“Número avulso: 1850

180800

 

 

 

 

pertencente à freguesia de Cer-
nache do Bonjardim, onde se rea-
lizaram 3 cursos. Para’ sua efecti-
vação, deu o melhor do seu es-
pírito activo, abnegado e altruís-
ta, a sr* D. Maria Violante de
Queiroz e Mello, que, como sem-
pre, não se poupou a esforços.

Realizaram-se ainda cursos no
Cabeçudo, nos Ramalhos, em Pa-
lhais, em. Várzea dos Cavaleiros
e, presentemente, na Sertã, al-
guns destes promovidos pelo sr.
Presidente da Câmara, sr. dr, Jo-
sé Antunes, que vive a ânsia de
levar o progresso e cultura aos
mais recônditos lugares do Con-
celho.

Cada curso tem a duração de

“6 ou 8 meses. Pode repetir-se,

seguidamente, na mesma localida.
de, no caso de haver um número
de alunas que o justifique. No
geral, porém, tenta servir outras
povoações que os tenham já pe-
dido.

Poderá voltar, logo que possí-
vel, se houver muitos pedidos.

MAGDA

 

Igrejas
em
reparação
construção

Iniciaram-se os trabalhos de re-
paração da capela de Santo Ama-
ro, na Sertã. |

Na igreja matriz da Vila de
Sertã estão já em curso os traba-
lhos de remodelação da capela-
-mor para a respectiva adaptação
às novas exigências litúrgicas.

Na Serra de São Domingos
vão iniciar-se brevemente os tra-
balhos de abertura das fundações
para construção da capela dedi-
cada a São Domingos, em subs-
tituição da entiga que se encon-
trava em ruínas. : Ê

Em Cernache do Bonjardim,
foram concluídos os trabalhos de
remodelação da Igreja matriz,
para sua adaptação às Instruçães
da Comissão de Liturgia.

Em número próximo: falaremos
mais detidamente sobre os pro-
blemas levantados por estas obras.

discreto no lançamento das ba-
ses para a valorização das ma-
tas, é já notável.

A ACÇÃO DO NÚCLEO

Procede-se actualmente ao in-
ventário de uma zona especial de
trabalho, com 12000 hectares,
com os seguintes limites: Ribeira
do Amioso, a Poente, Estrada
Nacional n.º 241 até à Ribeira
da Isna, a Nascente, e Norte, até
à extrema do concelho de Sertã
com o de Oleiros, e, de novo pa-
ra Poente, seguindo aquela linha
de extrema até à Ribeira do
Amioso.

A assistência, técnica ao parti-

cular faz-se marcando desbastes,

medindo volumes de árvores a
abater em desbaste ou corte ra-
so, na inspecção de terrenos para
arborização ou plantação com es-
pécies de maior crescimento, etc.
As espécies que se aplicam mais
frequentemente e com melhor
rendimento na Região são o em-
calipto, a pseudo-tsuga, o pinus
zadiata, o pinheiro bravo, etc..
conforme os terrenos.

A actuação do Núcleo tem-se
desenvolvido ainda na marcação
de caminhos de floresta, de locais
para postos de vigia e na deli-
mitação das zonas desarboriza-
das do Cabeço Rainho, Besteira,
Longueira e Forca, Alto do Bra-
vo, Cava, Mata de Álvaro e
Serra do Cavelo, entre os con-
celhos de Sertã e Oleiros.

Trabalho do maior interesse é
já o estudo dos condicionalismos
e os contactos havidos com os
particulares para a arborização,
numa primeira fase de arranque,
dos sectores do Cabeço Rainho,
Besteira, Longueira e Forca.

Prevê-se que a espécie mais
rentável, neste sector seja o eu-
calipto, até determinada altitude,
a pseudo-tsuga e o pinus radiata
e pinheiro bravo, plantado, para
as maiores altitudes, ou visos da
serra.

Está já acordado com os parti-
culares que a arborização será
feita em conjunto, pelos Serviços
Florestais, ficando os particulares
de pagar, a longo prazo, as des-
pesas a efectuar, mediante um em-
préstimo ao baixo juro de dois
ou três por cento. À amortização
a pagar e o juro só passarão a
processar-se a partir dos primei-
res cortes, que: se espera sejam
feitos passados seis ou sete anos.
A divisão da despesa e do lucro
será proporcional à área arbori-
zada e à classificação dos terre-
nos.

Alguma coisa há de novo já na
nossa terra. É preciso que todos
se unam e olhem para o Futuro
com espírito renovado.

FUNDADA

SINALIZAÇÃO DA E. N. N.º 2

No cruzamento do ramal da Fun-
dada, da E. N. n.º 2, no troço com-
preendido entre a ponte da Ribeira
da Isna e Fundada, considera-se de
absoluta necessidade a respectiva si-
nalização, dado que por ali transita
grande número de veículos. Já ali
se registaram alguns despistes, que
provocaram danos e graves conse-
quências, a alguns condutores des-
prevenidos, especialmente motoci-
cletas. =

De facto, no local, pela conforma-
ção do terreno, há pouca visibilidade.
Requere-se muita prudência aos mo-
toristas ou mesmo peões, motivo por
que se pede a atenção da Ex.”a Di.
recção de Estradas do nosso distri-
to, para a respectiva sinalização, es-
tudada de molde a evitar desastres.

Na mesma ocasião deveria proce-
der-se à colocação no mesmo sítio,
de uma placa indicativa de direcção
para Fundada, por já haver aconte-
cido que alguns transeuntes alheios
à localização desta terra, tiveram
que fazer retrocesso, depois de per-
correrem alguns quilómetros…

Embelezaria ainda muito o local,
vegetação adequada de arbustos ras-
teiros, que poderia prolongar-se por
todo o ramal até às proximidades do
Largo principal desta freguesia, as-
faltado por especial deferência da
Ex,m* Direcção de Estradas, a que
nos orgulhamos de pertencer, dando
assim mais vida e cor a esta sede
de freguesia.

Uma Brigada da J. A. E. procede
à retirada de entulhos dos es-
combros verificados no trajecto da
E. N. n.º 2, entre esta sede de fre-

O RENOVADOR

Director

 

Joaquim Mendes Marques
Licenciado em Letras
Professor do Ensino Técnico
Profissional

Conselho de Redacção:

José Antunes
Advogado e Professor

D. Maria de Lurdes
Lopes Fernandes
Professora do Ensino Primário
Complementar

Américo dos Ramos Nunes
Professor do Ensino Primário

Carlos Meireles Girão
Funcionário Municipal

Raul Américo Silva Simões

 

 

guesia e a Ponte da Ribeira da Isna,
que por motivo da grande invernia
cairam para o leito da estrada e es-
tavam a dificultar o trânsito. Ao
mesmo tempo vai-se empenhando no
acesso à ponte em construção na-
quela ribeira, dos lados de Vila de
Rei, uma vez que dos lados da Sertã
já se encontra completamente pronto.

Assim se concertizam as notícias
relativas ao acabamento da ponte so-
bre a ribeira da Isna, anunciado pa-
ra dentro de alguns meses. Efecti-
vamente fica dentro de poucos dias
completamente aplicado todo o be-
tão do lastro da respectiva placa ro-
doviária. — (C.)

Notícias de
São Jofio do Peso

FALECIMENTOS

 

— Com 77 anos de idade fa-
leceu nesta sede de freguesia
o sr. Ernesto Dias, natural e
residente em S. João do Peso.
Era casado com a sr.* D. Na-
zaré Gil Portela e conceituado
proprietário.

Desempenhou, entre outras
funções as de Secretário da
Casa do Povo desta freguesia
e Presidente da Assembleia
Geral, e, ultimamente as de
Presidente da Junta de Fre-
guesia.

O seu funeral, precedido de
missa de corpo presente, rea-
lizou-se para o cemitério local,
com luzido acompanhamento.

— Também, com o bonito rol
de 93 anos, faleceu, nesta fre-
guesia, a sr. D. Justina Mou-
ra, viúva do sr. José Moura,
que foi conceituado comercian-
te nesta aldeia. Era mãe da sr.*
D. Júlia Moura, casada com o
sr. António da Silva Dias, co-
merciante e mãe do sr. Cóne-
go Francisco José de Moura,
das Missões Ultramarinas, e
ainda do sr. Abílio – José de
Moura, residente em Lisboa.

O funeral da simpática Se-
nhora realizou-se para o cemi-
tério local, com grande acom-
panhamento, e precedido por
missa de corpo presente.

As famílias enlutadas apre-
senta O RENOVADOR os seus
sentimentos de profundo pesar.

 

DIA

Comendador José Farinha Tavares

Esteve alguns dias retido no
leito este nosso prezado amigo,
Provedor da Santa Casa da
Misericórdia da Sertã e grande
benemérito.

Folgamos que tenha regres-
sado ao convívio dos seus ami-
gos.

Antônio Aparício da Mata
Com sua Esposa, sr.º D. Ma-

ria Cristina de Matos Neves da
Mata, deslocou-se a Madrid a

 

 

 

Moradia moderna em Pedrógão Pequeno

 

 

 

DIA

fim de assistir a um Congres-
so, este nosso prezado amigo
e grande industrial de Enven-
dos.

Manuel Milheiro Duarte

Foi com regozijo que cum-
primentámos este nosso bom
amigo e Presidente da Comis-
são Política da extinta União
Nacional, o qual se encontra já
restabelecido da doença que
durante algumas semanas o in-
comodou.

José Lopes

Tínhamos estranhado a au-
sência que este bom amigo
e grande benemérito da Sertã
fizera desta Vila, durante lon-
gas semanas. Soubemos depois,
que o motivo da ausência fora
um pequeno acidente em sua
casa de Lisboa, do qual, no en-
tanto, se encontra restabeleci-
do. Temos o maior prazer em |
vê-lo novamente, a caminho da
óptima viagem e estadia e o
interessado pelos problemas da
Sertã.

D. Rosalina de Sousa

Partiu no passado dia 27 pa-
ra Paris, onde vai frequentar
um curso de mecanografia, a
Sr.* D. Rosalina de Sousa, des-
ta Vila.

O RENOVADOR deseja-lhe
óptima viagem e estadia em o
melhor êxito dos trabalhos.elhor êxito dos trabalhos.