O Renovador nº219 18-05-1974
Ano V — N. 219 — AVENÇA
EAA
18 de Maio de 1974
D RENDURDODR
SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO
DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTÃ, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE RE
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
Rua Lopo Barriga, 5-r/c — SERTÃ — Telef. 131
DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSÉ ANTUNES
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas
O 25 DE ABRIL
E OS MEIOS RURAIS
O PROGRAMA DA JUNTA
DE SALVAÇÃO NACIONAL e
a orientação que está a tomar
o Movimento das Forcas Atma-
das de 25 de —Abril apontam
para a reestruturação total da
sociedade portuguesa.
O princípio da participação
de todos os Portugueses na re-
solução dso problemas nacionais
e «o aumento progressivo, mas
acelerado, da qualidade de vi-
da de todos os Portugueses»
levam-nos à convicção de que
se pretende (e isso está certa-
mente nas preocupações de to-
dos nós) que o povo Português,
no seu conjanto, supere rapi-
damente as estruturas arcaicas
e anquilosadas, em muitos ca-
sos ainda autenticamente nmedie-
vais, em que continua a viver.
Não é só, nem é principal-
mente, nos meios operários das
cidades e das vilas de tipo fa-
bril, nem só nos meios estudan-
tis, funcionalismo público, pes-
soal médico, advogados, enge-
nheiros, professores, “regentes
agrícolas, funcionários de todas
as empresas a nível de escritó-
rio ou de trabalho especializado,
que se vê e sente a necessidade
de reestruturnção da nossa so-
ciedade, E-o também e sobre-
tudo no meio Tural, nas nossas
aldeias semidesertas, onde não
chega a estrada, onde não há
iluminação eléctrica, onde não
há abastecimento de água em
condições de higiene, onde não
se faz qualquer —saneamento,
onde a escola secundária fica a
dezenas senão a centenas de
quilómetros de distância, onde,
para se frequentar a — escola
primária ou preparatória é pre-
ciso percorrer a pé diariamente,
UMA PALAVRA
O momento que passa é de-
masiadamente rápido para nos
quedarmos em qualquer expec-
tativa. Não há tempo para
olharmos o passado, temos, isso
Maderrá!..
Sobre o tema «Madeirã uma
freguesia em progresso, onde
ainda muito há a fazer», insere
«O Renovador» um vigoroso
artigo no seu n.º 211 de 23-4-
-T4.
Ao fazer uma análise sobre
o tão falado progresso, eu di-
ria que a Madeirã desde há
muito é uma terra que parece
ter estagnado, estando a viver
a hora mais grave de sempre.
Enfrentando dificuldades de to-
da a ordem, umas provenientes
de causas internas, outras de-
rivadas de causas externas.
No entanto se a comparar-
mos com outras terras menos
beneficiadas, teremos de con-
cordar que embora pouco, mas
alguma coisa ali já se fez.
Às suas ruas calcetadas em
lixeiras; a electrificação insu-
ficiente; o cemitério além de já
ser reduzido, o seu interior en-
contra-se mal cuidado; a igreja
matriz em péssimo estado de
conservação; a estrada, obra
há. tantos anos desejada parece
ser agora concluída; a capela
de S. Mateus toda por terra e
o terreno que a circunda, onde
já foi cemitério, para lá atirado
lixo.
Sobre a Festa do Senhor do
Vale Terreiro bem merece a pe-
RENOVAÇÃO É
Presente
na falar, pois se nos debrucás-
semos sobre ela muito teríamos
que escrever, No entanto relem-
bramos que a sua capela faz
este ano um século.
Em face dos pontos já cita-
dos, temos de concordar que na
Madeirã há de tudo, menos
Pprogresso…
Continua na 3 página
5 e 6 km, onde não chega um
jornal ou uma revista, onde não
se lê um livro, onde o único que
informa a população é o pároco
ao Domingo, para aqueles que
vão à missa, onde o médico m-
ramente entra, e onde a explo-
Continua na 3.º página
sim, de projectar o futuro. Vi-
vemos em sadio entusiasmo. O
evoluir aconteceu no que, até
pouco, parecia imutável. A gran-
de maioria desejava, poucos
previam, quase ninguém acre-
ditava que, em Portugal, a vida
pudesse evoluir tão rapidamen-
te. Quase asfixiados num siste-
ma sem futuro, podemos agora
começar a respirar como ho-
mens que sabem o que querem.
Surge a oportunidade de nos
sintonizarmos com o mundo que
pensa, que giza pelas suas pró-
prias mãos o seu futuro.
Deixámos de ser autómatos.
Deixámos de reproduzir ideias
que não eram as nossas. O nos-
so modo de ver e de pensar
deixaram de ser filtrados. Dei-
xámos de pautar a nossa con-
duta por padrões que nos eram
impostos. À verdade deixou de
ser monopólio duns tamntos.
Após 48 anos de silêncio for-
cado, podemos agora, nós povo,
Continua na 2.º págins
Um dos mais influentes
jornais da república do Se-
negal afirmou recentemen-
te, segundo relatam os jor-
nais, que o General António
de Spínola e o Presidente da
República do Senegal, o
poeta: Leopoldo Sédar Sen-
ghor, tiveram uma série de
«reuniões secretas» no Sul
do Senegal, entre 1968 e
1972, quando o General Spí-
nola era Governador e Co-
SPÍNOLA
E LEOPOLDO SENGHOR
mandante Chefe da Guiné.
Segundo o jornal senega-
lês o Presidente Senghor
teria levado o General Spí-
nola a convencer-se da inu-
tilidade da guerra, per-
dida de antemão e da neces-
sidade e urgência em se en-
contrar uma solução políti-
ca negociada que deveria co-
meçcar por reconhecer a in-
dependência das nossas co-
lónias.
prado para
ANA
UNIÃO E
AGUARELAS
Não sei se existe alguma
biografia de José do Telhado,
famoso e tão simpático ladrão-
zito das províncias do norie.
Ainda haie lhe contam a saga,
ao serão, em torno do esbra-
sido toro de carvalho, enquanto
o inverno encharca os lameiros
e a coruja pia a lobreguez da
noite. Pelos vilarejos de Trás-
-os-Montes, pelas feiras minho-
tas e romarias alpestres andou
ele coberto de uma fama ambi-
qua de salteador e de benemé-
rito do povinho. Conta-se que
indo. de rota batida para uma
romaria protegeu e avisou uma
velhinha dizendo-lhe que tinha
conhecimento que andava lá o
Zé do Telhado. A velhinha ben-
zeu-se e entregou-lhe o talei-
go das moedas. O Zé do Telha-
do arrecadou-o e entregou-o
fielmente à dona passadas que
foram as festas!
O Zé do Telhado tinha uma
filha. E bonita atá ela querer,
Por JOÃO MAIA
Uma de José do Telhado
que não é força serem aàas fi-
lhas de ladrões menos chama-
das a serem belas. Um belo
dia a filha vem-lhe com à no-
tícia de que se queria casar €
agora veremos o Zé do Te-
lhado metido a preparar-lhe a
boda mais esplendorosa. En-
comendou os comes e bebes e
os melhores vinhos e fez os
seus convites de forma a ar-
ranchar gente e mais gente.
Mas informou-se, por igual, se
o vestido de noiva andava em
boas mãos e quis, de aprecia-
dor, ver como lhe caia. Vestiu-
-se a moça e era uma perfeita
rainha rematando Zé do Telha-
do com dizer que as raínhas in-
glesas ficavam alguns degraus
abaixo. Mas para ele faltava
qualquer coisa. Para seu gos-
to faltava um cordão como ele
vira algures. Mas onde, nome
de Deus, que se não lembra-
Continua na 2.º página
Notícias de
Cernache do Bonjardim
FINALMENTE
O EDIFÍCIO DOS CTT
Após tantos anos de espera,
vai, finalmente, ser uma realida-
de o edificio para os CTT. Deu
entrada na Câmara Municipal da
Sertã o projecto respectivo que
muito irá valorizar Cernache.
Recorda-se que há mais de
5 ou 6 anos os CTT haviam com-
instalação da sua
sede, um terreno para Sul e
Poente do Largo da estátua de
Nun’Álvares.
2.º REUNIÃO
DE ANTIGOS ALUNOS
DO INSTITUTO VAZ SERRA
Realizou-se nos passados dias
11 e 12 de Maio a 2º reunião
dos antigos alunos do Instituto
Vaz Serra, que congregou gran-
de número de visitantes, a re-
lembrarem os «bons velhos tem-
pos».
Do programa sobressairam os
seguintes números: tarde despor-
tiva entre antigos e actuais alu-
nos; missa por alma do fundador,
professores e alunos do |. V. S.
e baile e ceia com serviço de bar.
No dia 12, às 12.30 horas, foi
descerrado um medalhão em ho-
menagem ao Comendador Libãà-
nio Vaz Serra.
O CAMINHO
PARA A POVOAÇÃO
DE MATOS DO PAMPILHAL
Cumprindo um compromisso
tomado em Outubro passado mas
que só agora pôde ser realiza-
do, a Câmara Municipal da Sertã
mandou alargar e reparar o cami-
nho que desde a povoação de
Pampilhal segue para a de Matos
do Pampilhal. Trata-se de um
alargamento e modificação do
traçado inicial, feita com um bu!-
Idozzer a fim de que seja possí-
ve! em todas as épocas do ano
chegar àquele aglomerado com
qualquer veículo ligeiro.
Esta solução a que foi forço-
So recorrer-se não se considera
definitiva, pois encontra-se ela-
borado um projecto de estrada
que levará, por outro traçado, as
populações daquela povoação
até à sua sede de freguesia.
A Câmara
Municipal
da Sertã
apoia a Junta
de Salvação
Nacional
Em sua reunião de 7 do cor-
rente, a Câmara Municipal da
Sertã deliberou enviar à J. &.
N. o seguinte telegrama:
«Presidente Junta da Salva-
ção Nacional — Lisboa. A Cã-
mara Municipal da Sertã, ma
sua primeira reunião após 25
de Abril, saúda efusivamente
V. Ex.* e Junta de Salvação
Nacional, bem como o glorioso
Exército Português, apoiando
unanimemente o Programa da
Junta e prometendo a melhor
colaboração para progresso do
concelho e bem-estar do País».
PROGRESSO
Página 2
O RENOVADOR
De semana 9 semana & Trovistal de Quando em VEZ..
(De 6 a 12 de Maio)
EM PORTUGAL
— A Junta de Salvação Na-
cional afirmou, em comunicado
que não sanciona faltas de res-
peito às —hierarquias constituí-
das.
— O funcionalismo público
estuda a criação do seu sindi-
cato.
— O tenente-coronel Ricardo
Durão, delegado da J. S. N. no
Ministério —das Corporações,
disse, em entrevista concedida
à RTP, que «todos tivemos mais
ou menos atitudes de compro-
metimento com o antigo regi-
me».
8 — O prof. Dr. Rui Luís Go-
mes é, por ser o decano do cor-
po docente, o reitor da Univer-
sidade do Porto.
— A U. R. S. S. deseja esta-
belecer relações diplomáticas
com Portugal, revelou o dr. Má-
rio Soares, secretário-geral do
Partido Socialista Português.
— Foram consideradas im-
próprias para consumo mais de
duas mil toneladas de bananas
retidas, há cinco dias, no Cais
do Beato.
— Foi prorrogado até 31 de
Maio o prazo de pagamento de
contribuições e impostos em
atraso.
— Foi fixado em dez mil es-
cudos o limite máximo semanal
de levantamentos bancários.
— Foi extinta, no ensino li-
ceal, a disciplina de Organiza-
ção Política e Administrativa
da Nação.
— O jornal libanês «Bey-
routh»> diz que Portugal pede
o levantamento do embargo do
petróleo.
— Cerca de 36 parlamenta-
res distribuiram uma resolução
do Conselho da Europa pedindo
aos 17 governos membros que
concedessem a Portugal auxílio
ilimitado para vencer as dificul-
dades económicas que poderiam
pôr em perigo a liberdade que
ganhou recentemente.
— A 18 quilómetros a sul de
Inchope, cruzamento das auto-
-estradas. Umtáli — Beira e
Lourenço Marques — Beira, um
autocarro que se incendiou e
um comboio foram varridos a
tiro de metralhadora por guer-
rilheiros —africanos. Há sete
mortos e oito feridos.
— Foi assaltada a agência do
Banco Fonsecas & Burnay, no
Lumiar. Dois indivíduos, amea-
cçando com uma metralhadora,
levaram cerca de mil contos.
11 — Vão ser distribuídos
200 mil contos às câmaras mu-
mnicipais para assegurar o fun-
cionamento normal dos seus
serviços.
— Foram reestruturados os
serviços de estrangeiros e fron-
teiras, ficando agora a cargo
da P. S. P., Guarda Fiscal e go-
vernos civis.
— Deu-se uma cisão no «co-
mité» do Partido Cristão Social-
-Democrata, tendo sido criado
o novo Partido Democracia Cris-
tã.
12 — Num bar de Oeiras
deu-se uma explosão que cau-
sou sete mortos e cinco feri-
dos em estado grave.
— O dr. Elmano Alves, ex-
-presidente da comissão executi-
va da extinta Acção Nacional
Popular, está detido na ilha do
Sal.
— Um emissário especial de
Kurt Waldheim, secretário-ge-
ral da O. N. U,, avistou-se com
o general Spínola.
— Regressou a Lisboa o prof.
Emídio Guerreiro que esteve 42
anos no exílio.
NO MUNDO
6 — No primeiro escrutínio
das eleições presidenciais fran-
cesas, os candidatos mais vota-
dos foram Mitterand com 43,3%
e Giscard d’Estaing com 32,9%.
— Um relatório da Santa Sé
revela que, durante o ano pas-
sado o número mundial de ca-
tólicos aumentou de quatro mi-
lhões.
— Demitiu-se Willy Brandt,
Chanceler da República Federal
Alemã.
— O presidente Perón da Ar-
gentina aceitou um convite para
visitar a União Soviética.
8 — Helmut Schmidt, minis-
tro das Finanças da Alemanha
Ocidental, é o candidato ao car-
go de chanceler após a demis-
são de Willy Brandt.
— O Governo brasileiro deci-
diu não extraditar Ronald Big-
gs, condenado, na Inglaterra, a
30 anos de cadeia pela partici-
pação no assalto a um comboio
correio de Glasgow.
— Por ter sido derrotado no
Parlamento, caiu o Governo ca-
nadiano de que era primeiro-
-ministro Pierre Elliot Trudeau.
— O bispo chileno D. José
Manuel Santos interveio, junto
das autoridades, o favor de so-
cialistas presos e condenados à
morte.
— A rainha Juliana e o prín-
cipe Bernardo da Holanda vi-
sitam oficialmente a Tunísia.
10 — Nos edifícios da Uni-
versidade de Madrid, a Polícia
espanhola dispersou milhares de
estudantes, alguns — dos quais
gritavam: «Viva a revolução
portuguesa».
— No Japão, um violento sis-
mo fez ruir mais de cem casas
e causou um morto, 28 desapa-
recidos e doze feridos.
— Kissinger voltou a Israel
para novas conversações sobre
a separação de forças nos mon-
tes Golã.
— Foi descoberto um plano
para assassinar o general Omar
Torrijos, presidente do Panamá.
MANUEL
continuação da 1.º página
definir os nossos objectivos. Um
grupo heterogéneo nas ideias,
nos modos de ver a realidade,
nas políticas a seguir, mas uni-
forme quanto aos objectivos:
Um Portugal mais autêntico e
mais rico. Agora que todos são
chamados a dar o seu contri-
buto autêntico nos destinos do
País é que a palavra liberdade
tem sentido.
Era absolutamente indispen-
sável restituir as liberdades
fundamentais ao povo. São con-
dições necessárias para um po-
vo — grupo de homens — ser
considerado como tal. O Homem
— ser pensante — nessa qua-
lidade tem de ser livre. A liber-
dade é o selo que ligitima a
sua actuação. O risco é a res-
ponsabilidade, o ter de respon-
der pelos seus actos o que só
acontecerá se for ele — homem
livre — a decidir. É uma arma
terrível e bela o colocar nas
mãos do povo os poderes de
decidir sobre os seus destinos.
No fundo a razão de ser duma
Nação é o seu povo e não cer-
tos grupos monopolistas de ver-
dades, bens económicos ou de
outra coisa qualquer.
Liberdade não é arbitrarieda-
de. A liberdade de cada um
termina onde começa o exer-
cício da liberdade dos outros.
Cada cidadão português será
chamado a cada momento, a
pronunciar-se sobre o seu des-
tino, a auto-determinar-se so-
bre o que quer e espera da
Nação. Cabe-lhe agora as gran-
des decisões sobre o futuro,
não aquele futuro previsto na
sequência —“de acontecimentos
que não deseja, mas um futuro
desejável de acordo com os
objectivos previamente traça-
dos. Isto implica que cada um
tenha um conhecimento verda-
deiro da situação em que está
inserido, das autênticas causas
que a motivam ou motivaram.
A rotina, a informação defi-
Condições
de Assinatura
VIA NORMAL
Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanha
100$00
Estrangeiro: 180800
VIA AÉREA
(Pagamento adiantado)
Províncias Ultramarinas: 200$.
Estrangeiro: 250800
NOTA — Tonu» as importâncias
nos podem ser remetidas em
vale de correio, cheque ou di-
nheiro de qualquer nacionalida-
de eu ainda os Srs. inantes
encarregarem quem nos efec-
tue directamente as liquidações.
As assinaturas devem ser pa-
gas adiantadamente.
Para o Ultramar Português
e Estrangeiro não fazemos co-
branças através dos C.T.T.
MURTINHO JUNIOR
& IBMÃO
ANSIÃO
Extracção de Britas de Calcário
Pedreiras no Alto da Serra a 2 quilóm. de Pontão — à
beira da E. N. 237.
Preços de concorrência.
Escritório-Sede — Ansião — Telefone 78
ciente ou tendenciosa jamais
poderão ter lugar à nossa vol-
ta. Nenhum português conscien-
te poderá seguir um caminho
só por que outros vão por ele.
Deverá, isso sim, optar, de en-
tre as soluções possíveis, pela
que melhor se coaduna com os
objectivos — escolhidos também
por ele — do grupo onde esteja
inserido e subordinado aos na-
cionais.
Os problemas da nossa fre-
guesia serão os do concelho, do
Distrito ou do País. O alhea-
mento significa egoísmo, cobar-
dia perante uma causa que é
de todos por que definida por
todos. Acabamos com o ciclo
da parcialidade, da desconfian-
ça, do grupinho fechado a fim
de podermos criar um Portugal
novo para todos.
A minha palavra,de incita-
mento é para a Ala para que
respire bem fundo esta atmos-
fera de verdadeira primavera
política e saiba definir, inter-
pretar e levar bem longe o ver-
dadeiro ideal regionalista a fa-
vor duma região que tem sido
vítima de prepotências cuja ac-
tuação foi demasiadamente fa-
cilitada pela ignorância de mui-
tos e falta de escrúpulos duns
tantos.
ESTRADA NACIONAL 238
Congratulamo-nos com a no-
tícia vinda a lume nestas co-
lunas. AÀ Estrada 238 vai ser
um facto dentro em breve. As
máquinas já começaram a ras-
gar as trevas a muita gente.
Aspiração de outrora, hoje é
uma realidade.
18 de Maio de 1974
Quantos a sonharam, quan-
tos a desejaram mas felizmente
que muitos mais dela beneficia-
rão. Representa progresso e por
consequência riqueza.
A notícia era pequenina, mas
grande o seu alcance para todos
aqueles que dela careciam.
Esperemos que depois de con-
cluída, os — nossos governantes
nas visitas de trabalho ao Dis-
trito de Castelo Branco a utili-
zem a fim de mais facilmente
se aperceberem dos problemas
locais.
É uma esperança que todos
temos. A fim de que com a fé
que mnos vivifica e a esperança
que nos anima possa surgir a
caridade dos responsáveis pelo
progresso da região.
ÁGUA IMPRÓPRIA
Eis o rótulo espalhado pelos
fontenários da nossa aldeia e
não sei mesmo se da nossa e
outras freguesias. Não se dão
explicações. A frase continua
rígida e lacónica alertando os
distraídos.
Certamente tem-se em vista
a defesa da saúde pública, não
queremos que seja para promo-
ver o consumo das águas en-
garrafadas.
E eu a pensar que a nossa
água era da família da Foz da
Sertã! Sofre-se cada desilusão.
Aguardamos . pacientemente
que o assunto seja resolvido
com a urgência que merece.
A ALA EM ANGOLA
Fizemos os primeiros contac-
tos. As reacções foram franca-
mente positivas. Esperamos
brevemente dizer algo de mais
concreto sobre o assunto.
MITLE Y.
Continuação da 1.º página
va? Por fim de muitos tratos à
memória deu no são: Fora nu-
ma certa romaria minhota. An-
dara toda a tarde a namorar um
cordão de oiro pendente do
pescoço duma condessa ou
coisa assim. Bem sabia ele
quem era. Foi-se dali Zé do
Telhado e agora o vemos a su-
bir uma escadaria de casa bra-
sonada, tocar a sineta e escoar-
-se para dentro. Recebem-no
duas velhinhas de cabelo aos
caracóis e a mil léguas do re-
querimento. Ao saberem, po-
rém, que estavam diante do fa-
moso Zé do Telhado perde-
ram brasões e fidalguias e eram
todas acatamento e tremuras.
Zé do Telhado explicou que ia
casar a filha e que não era para
se gabar ou ele não era Zé do
Telhado ou em mil léguas em
redondo não havia rapariga co-
mo a sua, Santíssimo nome de
Deus, que até parecia raínha
da Inglaterra ou mesmo da
França para não ir tão longe.
Ergueram as mãos as duas fi-
dalgas, maneira de distraírem
do medo. Ele continuou: Ago-
ra fui ver como lhe ficava o véu
de noiva e olhem é como a ga-
ze quando escorre de manhã
pelos outeirinhos ou como luar
de Janeiro nos carvalhidos. Só
lhe falta uma coisa: — O quê?
— perguntaram as duas se-
nhoras. — Falta-lhe um cordão
de oiro que eu por sinal vi nu-
ma das senhoras condessas na
romaria da Senhora da Graça,
vai para dois anos! As duas
donas sentiram a garra do pe-
neireiro e viram-se de cami-
nho perdidas. — Pois é a coi-
sa mais preciosa desta casa.
Vem de pais a filhos e tanto
que é sempre a moça mais ve-
lha que o herda. — Pois eu não
o venho mercar e onde teria
eu bago para tanto? Venho pe-
di-lo emprestado só para o dia
da boda.
Num relance discorreram
ambas: se o não emprestavam,
ele deitava-lhes fogo à casa
pois era firma para isso; se o
AGUARELAS
emprestavam, boa noite, lá se
ia o cordão para todo o sem-
pre. Trocaram um olhar de mo-
ribundas e erguem-se para irem
pelo ouro ao fundo de gavetas
bem fechadas. Ficou esperan-
do Zé do Telhado. Após breves
instantes volvem as vítimas
com a preciosidade e depõem-
-na com muito rogos nas mãos
do ladronico. Ele recebe-o e
assobia de admirado. A coisa
sobreleva ao que admirara na
romaria. Cumprimentou como
um fidalgo as duas velhinhas e
desandou. Deixemos as lágri-
mas corridas sobre o cordão
dos olhos das duas anciãs con-
servativas ao longo de um ano
inteiro. que foi quanto durou
a ausência da preciosidade.
Quantas vezes se lembraram
de o pedir! Mas acudia-lhes que
se o fizessem tinham fogo pos-
to e lá se iam calando. Ao fim
de um ano eis que vêem entrar
na mesma sala o Zé do Te-
lhado que lhes diz todo amofi-
nado: — Ó minhas senhoras,
eu peço muita desculpa, mas
no casamento de minha filha
que foi soado e belo acontc-
ceu um precalço. Nunca uma
pessoa está forro de trampo-
lineiros e ladros que merecem
forca. Numa festa daquelas um
malsim logrou furtar a melhor
pérola ao cordão de vossas se-
nhorias e fazia-se-me duro vir
trazê-lo assim manco e falho.
Primeiro andei à coca de
quem seria o malandro para lhe
torcer o pescoço. Como o não
encontrasse, encomendei-me a
Nossa Senhora da Graça e an-
dei todo o ano a roubar a eito
até comprar com os ganhos ou-
tra pérola igualzinha. Agora
aqui têm o cordão que bom ser-
viço me prestou, fora o tra-
tante que se gaudiu com a joia
da primeira hora! As duas do-
nas nem queriam aceditar. Zé
do Telhado tinha horas para tu-
do: para roubar e para ser hon-
rado. Homem como os mais no
fim de contas!
João Maia
@@@ 1 @@@
18 de Maio de 1974
9 RENOVADOR
O 25 DE ABRIL
Centinuação da 1.º página
ração da ignorância e da falta
de informação por alguns mais
espertos e atrevidos atinge ex-
cessos de espoliação sob a capn
de amizade e ajuda solidária,
Perconre o País uma onda
avassaladora de reuniões de to”
do o género para reforma do
que foi imposto sem a partici-
pação de todos, para defesa dos
trabalhadores e operários em
face das administrações auto-
Titárias. Todas as classes sociais
despertaram para reorganiza-
rem as suas actividades, para
revindicarem os seus direitos,
para participarem mna gestão
das empresas, para imporem o
seu modo de ver, em face do
modo de ver dos que têm inte-
Tesses concorrentes.
Estamos em crer que só na
primeiza quinzena desta magní-
fica Primavera política, iniciada
em 25 de Abril, já se celebra-
ram mais reuniões e mais de-
bates dos interesses das classes
trabalhadoras e profissionais
do que em 48 anos de Estado
Novo.
Mas não vimos, e temos esta-
do atentos ao que se passa, nem
uwma só reunião organizada para
debate dos problemas do meio
rural, nem dos empresários
agrícolas para a resolução dos
seus prementes problemas de
mão-de-obra, de preços dos pro-
dutos agrícolas, ou da sua as-
sociação, nem dos trabalhadores
rurais para — aperfeiçoamento
dos mecanismos de melhor ren-
dimento e produtividade, ou se-
quer do ajustamento de salários.
RKeina, continua a reinar, nes-
te campo a mais completa anar-
quia, ao sabor da lei implacável
e desumana da oferta e da pro-
cura. E em prejuízo de todos.
Diz-se que é quase total a
despolitização do Povo —Portu-
guês,
Mas verifica-se pelos factos
acima referidos que a despoliti-
7mção existe sem dúvida, mas
principalmente nos meios rurais,
No campo profissional e operá-
Tio, as centenas de milhares, se-
não milhões de homens e mu-
lheres que se vêem a participar
em reuniões e comícios de todo
o género, revelam um saudável
interesse político, que pode es-
tar mal informado e ainda em
parte inibido por falta de exer-
cício, mas é certamente de bom
augúrio para um futuro de
participação que se avizinha
cheio de possibilidades.
Corremos —“assim,y um risco
enorme de dividirmos o Povo
Português em dois grandes
grupos, em duas grandes clas-
ses: — o dos que participam
na reestruturação do País e
defendem os seus interesses
profissionais e de classe e o dos
que desorganizados e alheios à
evolução social que se processa
nas cidades e vilas, continuam
enquistados cada vez mais dis-
tantes daquela qvalidade de
vida a que todos temos o direito
de aspirar.
Neste jornal, por diversas ve-
zes apontámos rumos novos ao
desenvolvimento dos meios ru-
rais. Nomeadamente a necessi-
dade de aceleração dos progra-
mas de aculturação das popula-
ções das aldeias, o reordena-
mento rural, o desenvolvimento
dos meios de comunicação, de
distribuição de energia eléctri-
ca, de saneamento.
A nível superior, a nossa voz
não teve o eco que merecia.
Quanto à satisfação das as-
pirações regionais, temo-nos ba-
tido galhardamente em todos
os campos. Nomeadamente no
da industrialização, no aprovei-
tamento do material lenhoso, no
do cooperativismo, no da indis-
pensabilidade de fazermos ouvir
uma voz autêntica na Assem-
bleia Nacional para defesa dos
nossos interesses, no de que os
membros do Governo se não
limitassem a entrar e sair do
Distrito de Castelo Branco, sem
percorrerem os quatro conce-
Trabalhos Agrícolas
do mês de Maio
Fazer lavouras de atalho para
as culturas do Outono. Semear
milho, feijão, abóboras, giras-
sol, feijão-frade —(nos sequei-
ros), forragens (trevo, sorgo,
luzerna, etc.), melões e melan-
cias.
Plantar batatas, batata-doce,
beterraba (de alfobres), pimen-
tos e tomates. Semear e plan-
tar arroz.
Semear em alfobre, alface,
beringela e couves. Em lugar
definitivo, agriões, cêenouras, es-
pinafres e pepinos. Plantar al-
faces e couves. Semear plantas
ornamentais anuais. Transplan-
tar chagas, dálias, gladíolas e
sécias. Desbastar os botões das
Toseiras e combater o branco
ou cinzeiro e o piolho.
Mondar e sachar trigos de
Primavera. Sachar e aplicar cal-
das cúpricas nas batatas plan-
tadas no cedo e amontoar o mi-
lho de sequeiro. Fazer cober-
turas com adubos azotados.
Mobilizar o solo nas vinhas,
aproveitando para enterrar adu-
bos verdes. Esladroar e desbar-
bar os enxertos. Enxofrar, sul-
fatar e combater a altica ou
pulgão.
Enxertar amendoeiras, pesse-
gueiros, castanheiros e noguei-
ras. Regar (se o tempo se não
mantiver chuvoso) e adubar os
citrinos. Combater pragas e
doenças das árvores de fruto.
Nos olivais fazer lavouras de
atalho ou estravasar com gra-
des ou cultivador. Enterrar adu-
bos verdes com superfosfato.
Nas matas roçar o mato, mas
não exageradamente, de moido
que não ponha em perigo o equi-
líbrio biológico da mata e a
defesa contra a erosão. Limpar
aceiros, proceder a cortes cul-
turais e retirar todas as árvores
e ramos secos, para diminuir o
ataque de insectos e o risco de
incêndios.
Rua de Sertório, 1 a 3 — Telefone 188
GABINETE DE TRABALHOS TOPOGRÁFICOS E AGRIMENSURA
José Almeida Saraiva
TOPÓGRAFO – AGRIMENSOR
Encarrega-se de delimitação de propriedades rurais — Forneci-
mento de marcos com as características legais e sua colocação.
SERTÃ
lhos da nossa Comarca. Mas
nunca conseguimos ser ouvidos,
a não ser esporadicamente e
em escala limitada.
Um forte apelo, pois, se im-
põe: — primeiro que os meios
rurais despertem do seu longo
letargo para entrarem no jogo
de uma participação activa e
construtiva de que todo o País
carece; segundo, que o Estado
sem constituir o paternalismo
que muitas vezes parecia exer-
cer, mas mais de palavras do
que de acções, organize de facto
«uma nova política económica
posta ao serviço do Povo Por-
tuguês, em particular das ca-
madas da população até agora
mais desfavorecidas». E essas
são, cremos nós, as dos meios
Turais.
J A
MADEIRÃ!…
PRESENTE
continuação da 1.º página
Só se poderá falar em pro-
Bresso, quando ali existir água
ao domicílio, esgotos, serviço de
limpeza, electrificeação suficien-
te e em locais próprios, e àa
nossa tão querida Igreja Ma-
triz restaurada.
São estes os pontos que mais
rapidamente carecem ser vistos
pelas entidades competentes,
para o benefício e bem-estar
dos habitantes da Madeirã.
Além dos pontos já citados,
outros requerem a sua atenção,
tais como: o Largo do Linha-
res em vez de apresentar mau
aspecto ali poderia ser cons-
truído um pequeno Jardim, o
que não seria muito difícil, em
virtude do local ser apropriado.
Também em frente da nossa
sala de visitas (Casa do Povo),
encontra-se um pequeno triân-
gulo de terra que poderia ser
embelezado dando assim outro
aspecto à entrada do belo edifí-
cio.
Sobre quase todas estas ne-
cessidades já «O Renovador»>
por diversas vezes fez eco, sem
que alguma coisa se tivesse
conseguido. Louva-se no entan-
to a persistência que ele tem
tido em acentuar a falta de pro-
gresso existente, não só na Ma-
deirã como em toda a sua re-
gião.
T-5-74.
António Matos
Lourenço Marques
Neidente
de viação
Em acidente de viação ficou
gravemente ferida a senhora D.
Lídia da Silva Bártholo, da Ser-
tã, que com suas irmãs se di-
Tigia a Tomar.
O desastre deu-se no passa-
do dia 4, em Alviobeira, por
falta de travões do veículo que
era conduzido pela desditosa se-
nhora.
Após o trágico acontecimento,
seguiram para Lisboa onde de-
pois de observadas ficou só in-
ternada no Hospital de São
Luís onde ainda se encontrava,
a senhora D. Lídia. O seu esta-
do ainda inspirando cuidados, é
já tranquilizante.
Fazemos votos pelo seu rá-
pido e completo restabeleci-
mento.
* *»MIIHEHHHH u*l
Á – S
7
Ilhlumlm,h y
L F“ML Lm en
Mm d
|
Maio. Os campos envolvidos
por um denso tapete polícromo,
alacre, de flores de todos os
matizes, saúdam, numa apoteo-
se perene de alegrias e esperan-
ças, aquela primavera prome-
tedora da vida sã que renasce
todos os anos.
Fins de Maio. Nuvens sur-
gem no horizonte, adensando-
se, escondendo o Sol de espa-
ços a espaços. Levanta-se uma
aragem ora mais agreste, ora
tornando-se numa. ventania for-
te, ciclónica. Os ares escure-
cem. Inesperadamente faz-se
noite. O comboio em que viajo
entra num túnel muito escuro,
de uma negrura tão densa que
oprime, que sufoca, que impe-
de, quase, a completa respira-
ção. Nada vejo. Apenas ouço o
rodar compassado sobre linhas
assentes em blocos monolíticos
de granito compacto, muito du-
ro, que nada, nem ninguém,
conseguirá demover. Caio nu-
ma sonolência da qual não me
arrancam as lamparinas bruxe-
leantes que, de muitos em mui-
tssimos quilómetros, quase se
advinham no breu daquela in-
findável noite. Quantos anos,
quantas décadas dura aquilo?
Quantos séculos vai durar?
Um homem habitua-se a tu-
do. Até à morte. Conforma-se
com o seu destino. Já não há
remédio…
Subitamente um sol radioso
ergue-se no horizonte. Os oihos,
cegos após uma escuridão de
quarenta e oito anos, não acre-
ditam no que se lhes apresen-
ta! Pode lá ser! Não; é um so-
nho, é uma nmragemY
Ninguém quer crer. O túnel
infindável abrira-se, desapare-
cera; os alicerces indestruti-
veis esvairam-se, perderam-se
num fumo ténue que se eclipsou
na atmosfera. E os timoneiros?
Esses sumiram-se. Há pouco
tão faladores, tão convictos
nas suas conversas em família,
talvez coagitem agora que to-
das as noras têm alcatruzes.
Sic transit gloria mundi…
l umlul H í
O dr. Michael Debakey afir-
mou perante colegas reunidos
na Kingston (Jamaica), que
não possui provas de que o fu-
mo contribua para a média de
progressos das doenças cardía-
cas, embora aconselhe os seus
doentes a deixarem de fumar.
Os excessos de gordura e o
açúcar parecem ser irrelevan-
tes em, pelo — menos, sessenta
por cento dos casos de doenças
cardíacas que aquele cirurgião
americano tratou.
O dr. D. Morley, nutricionis-
ta inglês, indicou que as doen-
ças cardiovasculares são mais
raras em regiões (como a Áfri-
ca) que dispõem de dietas de
produtos altamente fibrosos e
com pouco conteúdo de gordu-
ras,
Na interessante controvérsia
havida entre estes dois cientis-
tas, o dr. Debaky respondeu,
então, que achava quase incon-
cebível que factores nutricio-
nais possam produzir os dife-
rentes padrões da doença que
lhe têm sido confiados.
Plutão não é o último plane-
ta do Sistema Solar. Há mais
de vinte anos que tal se admite
em virtude das anomalias que
se têm verificado na aplicação
das leis de Kepler e que só se
justificava pela existência de
uma nova força gravitacional
oriunda de astro que escapa,
até agora, à observação huma-
na.
São os cientistas americanos
ES
WIWIIIIHH!WIHW RL
TA
Jlhw
F W:m:iªª
por Daniel Gouveia
e russos quem mais se tem de-
bruçado sobre o problema, o
que não é de esrtanhar em vir-
tude de pertencerem aos úni-
cos países até agora embrenha-
dos nas explorações espaciais.
O dr. Sam Herrish, da Uni-
versidade da Califórnia, desco-
briu, em 1950, um pequeno pla-
neta que crismou de Betula em
homenagem à esposa que assim
se chama. Com um diâmetro
inferior a setenta quilómetros,
muito pouco iluminado, invisí-
vel com telescópias “vulgares,
apenas os rádio-astrónomos o
podem estudar. Dadas as suas
exíguas dimensões e as ínfimas
particularidades das suas ca-
racterísticas, tudo leva a crer
que Bétula não é ainda o pla-
neta que os cientistas procu-
ram e que se deve situar para
lá de Plutão.
O professor russo Gleb Cher-
boratev afirma que esse déci-
mo planeta, mais pequeno que
Marte, não tem possibilidade
de albergar qualquer manifes-
tação de vida, nem que seja
sob a forma de bactérias. É ex-
tremamente frio e quase per-
petuamente sem luz. Só um ra-
diotelescópio —ultra-sensível o
poderá detectar.
Em 1960 o Instituto Astro-
nómico do Casaquistão afirmou
que descobrira, para aém, mui-
to para além, da órbita de Plu-
tão, o famigeraão 10.º planeta.
Os Estados Unidos vão lan-
car uma sonda movida de cãâ-
maras de TV. com telescópio,
para estudo de Vénus e de Mar-
te, esperando-se já que elas
favoreçam fotografias sobre o
referido e, até agora, nunca
observado planeta,
O Esperanto foi, há já mais
de meio século, a língua que
muitos idealizaram ser univer-
versal e que viria a substituir
todos os idiomas que tanto
contribuem para a incompreen-
são e divisão dos povos. ÀA ver-
tigem com que os acontecimen-
tos se sucedem, o constante nas-
cer de problemas novos e gra-
ves que perturbam e preocupam
constantemente a humanidade,
foi deixando para segundo pla-
no a criação dessa língua. Con-
tudo, a questão tem ficado sem-
pre no subsconsciente e agora
o Parlamento Europeu (uma
das quatro instituições básicas
da Comunidade Económica Eu-
ropeia) propõe o estudo do em-
prego do latim como idioma
de comunidade entre os países
membros da C. E. E.
A proposta especifica que
se pretende empregar um la-
tim simplificado, que não obri-
gue a regressar às <bucólicas>,
mas um latim «nacionalizado»,
aquele que deu origem às lín-
guas vivas de origem latina.
Neto-se que a ideia tem um
fim político. Ela pertence ao
acadêémico francês Chastenet.
ÀA notícia de onde extraímos
este apontamento, esclarece que
o fim em vista é evitar que o
inglês, e muito principalmente
o falado nos Estados Unidos,
invada o Mercado Comum e se
constitua na sua única forma
de expressão. O inglês está a
impor-se e a afirmar-se cada
dia com maior segurança, e da-
do que o esperanto não conse-
gue sair a terreiro, surgiu o re-
curso do latim.
Mas este, o latim, é uma lin-
gua morta cuja verdadeira pro-
núncia se perdeu, articulando-
-a cada povo à sua maneira, o
que lhe tira logo o aspecto uni-
versal que se lhe pretende dar.
A grande objecção está em estudo
@@@ 1 @@@
Página 4
O RENOVADOR
18 de Maio de 1974
Carta
da
Amsterdam, 26-4-74
Nós, os emigrantes, muito em-
bora estejamos ausentes das nos-
sas terras e radicados por outras
paragens, não nos esquecemos
das nossas aldeias. A pequenina
aldeia que nos viu nascer tem
para nós muito valor e é por nós
lembrada e, sempre que possível,
lá vamos de abalada matar sau-
dades.
MADEIRA! PRESENTE…
O título não é nosso. Mas sim
do Senhor António de Matos,
que lhe deu início e ainda do nos-
so amigo Domingues Mendes
que lhe deu continuação. Mas
em qualquer dos casos, cá esta-
mos nós a falar da Madeirã.
Numa recente visita que fize-
mos ao nosso torrão natal, mais
uma vez tomámos contactos com
as nossas gentes e com os pru-
blemas que as afligem.
Seria necessário um grande es-
paço para escrever sobre o0s seus
anseios e necessidades e como
isso não é possível, achamos pre-
ferível ir directamente ao probie-
ma do momento e que é motivo
obrigatório das conversas diárias,
FESTAS ANUAIS DO SENHOR
JESUS DO VALE TERREIRO
Como é de conhecimento ge-
ral, é no 3.º domingo de Agosto
que se realiza a festa maior desta
freguesia. É muito antiga e é mo-
tivo para a eunião das gentes
que se encontram ausentes tanto
Holanda
na capital como em outros lo-
cais e ainda no estrangeiro. Tam-
bém os forasteiros e gentes de
terras vizinhas ali se deslocam
para cumprir as Suas promessas
ou simplesmente assistir aos fes-
tejos. É uma das maiores festas
das redondezas que há muitos
anos se realiza.
Até aqui tudo normal, se não
fosse ter surgido um mal-enten-
dido entre a Comissão de festas
e, segundo julgamos saber, a
parte eclesiástica.
Não nos foi possível apurar de
que parte surgiram os litígios, sa-
bemos sim, que a parte civil (fes-
teiros) não está de acordo com
os honorários que a parte religio-
sa quer cobrar. O tempo urge.
Em virtude da grandeza dos fes-
tejos é preciso começar muito
tempo antes com a organização
e preparativos para que tudo es-
teja pronto na devida altura. À
continuar por mais tempo o de-
sacordo, corre-se o risco de os
festejos não se realizarem Ou,
então, a sua organização começar
tarde de mais para que os mes-
mos tenham o brilho que é cos-
tume.
Nas colunas de «O Renovador»
já este assunto por diversas ve-
zes foi ventilado no n.º 202 de
19 de Janeiro, sob o título «Ma-
deirá! Presente…». O Sr. Antó-
nio de Matos chamava a aten-
ção. São suas as seguintes fra-
ses: «Comemoremos este ano O
centenário da capela do Senhor
do Vale Terreiro. E numa acção
de graças recordemos aqueie
que foi o grande benemérito da
VALE DO SOUTO
(OLEI
ALDEIA ESQUECIDA ?
TALVEZ NÃO
Não me parece ser este o
momento ideal para Se fazer
guerra ao nosso esquecimento.
Os Professores
Primários
do Conceiho
da Sertã
reuniram-se
com vista
à organização sindical
da sua classe
No passado sábado, dia 11,
reuniram-se na Sertã cerca de
40 professores do ensino pri-
mário do concelho a fim de
dialogaram sobre os problemas
da sua classe, com vista à cria-
ção de uma delegação que em
conjunto com outras idênticas
dos restantes concelhos do Dis-
trito, hão-de representar depois,
a nível distrital e nacional, os
interesses da sua classe.
Foram indicados como cons-
tituindo aquela delegação os
professores Américo dos Ra-
mos Nunes, José Ferreira Pi-
res e Maria de Lurdes Pires
Martins.
ROS)
No entanto, nunca é de mais
lembrar que existimos. — É
Nestas colunas muitas vezes
foram já apontadas as nossas
urgentes necessidades. Porém,
todos têm feito ouvidos de mer-
cador. Talvez falta de zelo das
entidades locais e camarárias.
Uma coisa é certa, Há deter-
minados benefícios que pode-
riam ter sido feitos e não se fi-
zeram. Porquê? Por culpa de
quem? Da Câmara de Oleiros?
Das entidades que lhe são ime-
diatamente —superiores? Pelo
menos deviam as autoridades
ter dado uma resposta, mesmo
negativa, ou dialogar sobre os
motivos do esquecimento. Com
o seu silêncio deram azo a que
se acentuassem ainda mais
certos rumores que correm, há
já alguns anos, de que há um
certo interesse neste silêncio.
Seria bom que se aprofun-
dasse este assunto para se apu-
rar se os rumores são ou não
verdadeiros. À. confirmação dos
boatos exigirá por certo à pu-
nição daqueles que lesaram es-
ta comunidade em seu proveito.
Contudo, um inquérito rigoroso
é necessário porque difamar é
muito fácil.
A partir de 25 de Abril está
a construir-se um Portugal pa-
ra todos os portugueses. Será,
pois, altura de pensar naque-
les que até aqui foram votados
ao esquecimento, emboru sai-
bamos que não é de um momen-
to para o outro que se poderá
fazer tudo.
Só assim os legítimos anseios
deste povo se podem tornar rea-
lidade.
Por um Portugal livre o de-
mocrático,
José de Jesus Martins
Lisboa.
Madeirã. À Junta de Freguesia,
à Comissão de Festas e à Paró-
quia, certamente que esta data
não lhes passará despercebida.
ÀA elas cabe a iniciativa desta
comemoração importante, que é
o centésimo aniversário da ca-
pela do mosso Padroeiro pela
qual têm ‘desfilado milhares de
fiéis nas suas preces ou no cum-
primento de promessas por gra-
ças recebidas»,
Já «O Renovador» de 8-12-73
nos falava das Festas da Madeirã.
Era seu autor o nosso aámigo e
familiar Sr. Venâncio, Fernandes
Mendes. Apresentava esse nosso
conterrâneo o problema ao mes-
mo tempo que fazia acompanhar
o seu artigo com uns magníficos
versos: Madeirã tão querida / To-
da florida / com seu arraial /
Nos dias de Festa / Nenhuma
como esta / Neste Portugal.
Ainda deste mesmo Sr., publi-
cava «O Renovador» de 9-2-74
sob o título «A Madeirã deseja
a celebração da festa do Senhor
Jesus do Vale Terreiro», a se-
guinte passagem: «Seja como for,
houve um mal entendido. Per-
. gunto agora: — as partes res-
ponsáveis não terão facilidade
de entrarem em entendimento
condigno para que nós não nos
vejamos — privados duma festa
que é orgulho de todos os madei-
ranenses e de todos os foras-
teiros que nesses dias acorrem
a apreciá-los?»
É de nosso conhecimento tam-
bém, que o «Grupo de Amigos
da Freguesia de Madeirã»p se de-
Seja associar à comemoração do
centenário da capela do Senhor
Jesus do Vale Terreiro, descer-
rando uma lápide em homenagem
àqueie que foi o grande benemé-
rito da Madeirã.
«Nos tempos confusos e agi-
tados em que vivemos, seria
bom que todos os homens apro-
veitassem a lição que nos. deu,
com a sua simplicidade e o seu
extraordinário exemplo». Esta úl-
tima passagem vem ainda inserta
no artigo do senhor António de
Matos, de 19 de Janeiro.
Juigando estar a interpretar à
opinião e o desejo dos madeira-
nenses aqui radicados que é tam-
bém o nosso próprio desejo, res-
ta-nos apelar para a boa vonta-
de de todos: Comissão de Fes-
tas, Junta de Freguesia, Paró-
quia e ainda para o «Grupo de
Amigos da Freguesia da Madei-
rã» para que encontrem uma so-
lução para o litigio existente.
Desacordos não resolvem nada,
é preciso de mãos dadas concor-
darem na realização dos festejos.
Que o 3.º domingo de Agosto,
seja mais um dia alegre como
nos anos anteriores e não um dia
de tristeza.
Somos dos que normalmente
costumamos assistir às festas
anuais, e este ano mais uma
vez contamos estar presentes.
Josáé Augusto Lopes
NOTA DA REDACÇÃO — Para
que não haja confusão da parte
dos nossos leitores, devemos es-
clarecer que já publicámos no
nosso último número, portanto,
antes de redigida esta carta, que
os desacordos estavam sanados,
e que sempre se fariam as FES-
TAS DA MADEIRA.
Novos
assinantes
O nosso amigo e colabora-
dor sr. António de Matos, natu-
ral de Madeirã, remete-nos de
Lourenço Marques, mais o no-
me de um novo assinante. E
ele: Manuel de Jesus Rosa, L.
Marques.
Lidónio de Jesus Lopes in-
dica-nos para fazer parte igual-
mente da família de «O Reno-
vador»», Celestino dos Sentos
Ramos, de Madeirã.
António Antunes Martins re-
mete-nos também omnome de
um novo assinante, Manuel
Garcia, residente em Moscavi-
de.
A todos muito obrigado.
ESCREVEM
0S NOSSOS LEITORES
Abrunheira, 8 de Maio de
1974.
Ex.”* Sr. Director do
jornal «O Renovador»:
O MILAGRE DEU-SE NO
DOMINGO DE PÁSCOA?…
Tendo eu publicado no jornal
«O Renovador» um artigo com
o título «A Filarmónica de
Oleiros não deve acabarl…»,
é com grande regozijo que ve-
rifico que as minhas palavras
não cairam em vão. E tudo
porquê? Porque ainda apare-
cem homens com amor e for-
ça de vontade fazendo ressus-
citar aquilo que parecia impos-
sível.
Que fazer agora? Apelar pa-
ra que V. Ex.* se digne lançar
em «O Renovador» uma cam-
panha de boa vontade junto
de todos os oleirenses residen-
tes em todo o mundo português
e extensiva ao estrangeiro, on-
de se encontram, para que en-
viem uma pequena ajuda, pois
só assim continuaremos a ver
uma Filarmónica em franco
progresso e actualizada. Então
sim, poderemos dizer: a Banda
da nossa terra .é uma banda.
De contrário, não passará da-
quilo que temos visto ultima-
mente.
Junto envio um cheque na
importância de cem escudos
com o mesmo destino que agra-
deço faça chegar a quem de di-
reito. Subscrevo-me com esti-
ma.
V. Alves
N. B. — Aproveito para in-
formar que a minha nova mo-
rada, a partir de 25 do corren-
te é: Rua professor Doutor
Joaquim Fontes, Lote, 35-1.º-
-esq. — Mem Martins.
Por isso é para esta que :le-
vem enviar o jornal,
omentário polífico
por JOAQUIM BRAGA
Esvaídos os momentos ató-
nitos e incrédulos que caracte-
rizaram aquela manhã fresca
de Abril, silenciados os gritos
e os vivas, a um tempo entu-
siastas e ordeiros que ecoaram
no Dia do Trabalhador, há que
repisar algumas considerações
que ainda não perderam a opor-
tunidade.
Nunca será de mais realçar a
competência, a mestria, a cora-
gem, a audácia com que o gol-
pe foi planeado e sincronica-
mente executado. Havia pouco
mais de um mês que o Governo
então abafara o levantamento
das Caldas da Rainha. Ele pró-
prio e todos nós (porque não
dizê-lo?) estávamos convenci-
dos que sucederia o mesmo à
qualquer ousadia de o bisar. É
que esse tinha sido, durante
mais de quatro décadas, o fecho
de todas as tenativas anterio-
res. Falava-se ironicamente
num hipotético e já desacredi-
tado «reviralho», como idrias
fantasmagóricas de lunáticos e
saudosistas.
Contudo, os acontecimentos
dos dias posteriores a 25 de
Abril, revelaram que, antes do
Movimento das Forças Arma-
das, uma revolução no interior
de cada um de nós, há muito
nos minava em consciência.
Apelemos para o nosso pen-
samento, para o mais íntimo do
nosso ser, e tenhamos de reco-
nhecer que é assim. Ainda há
muitos poucos dias um grande
matutino lisboeta escrevia: «À
liberdade, que muitos jugavam
esmagada para sempre, estava
afinal bem presente e viva na
alma do povo.»
Estava e está,
Olhemos, pois, o futuro com
confiança. Saibamos ser dignos
dela. O passado pertence à his-
tória e esta não Se repete. Esse
passado serve apenas de lição
para não errarmos. O passado
já se viveu, não se torna a vi-
ver. O futuro sim; Saibamos
encará-lo com confiança, com
fé, com calma, com resoluta
vontade de trabalhar, de cora-
ção aberto prontos a auxiliar-
mo-nos uns aos outros, num
ambiente fraterno de são al-
truísmo e de energia, numa de-
cisão inabalável de sermos di-
gnos de nós próprios e do nosso
semelhante.
VILAR BARROCO
A IGREJA
Iniciou-se e está em andamen-
to um muro a poente, com vista
ao alargamento do espaço do
adro naquela zona que é a da
porta principal.
Continuamos a apresentar aàs
ofertas recebidas para a Nova
Igreja.
Transporte anterior: 3 670$00.
João Dias Gonçalves (Vilar
Barroco), 750$00; João Mendes
(Vilar Barroco), 200$00; João
Dias Nunes (Vilar Barroco),
500$00; viúva de Domingos Al-
meida (Vilarinho), 25$00; João
Roque Martins (Vilarinho), 1008;
Joaquim Martins (Póvoa de
Cambas), 100$00; Joaquim Mar-
tins (Malhadancha), 200$; Joa-
quim dos Santos (Malhadancha),
100$00; José Lopes (Póvoa da
Ribeira), 100$00; Manuel Gaspar
(Póvoa da Ribeira), 250$00.
Soma — 5 995$00.
DO ULTRAMAR
Tendo terminado a sua comis-
são de serviço militar em terras
de Moçambique, regressou à sua
terra — Malhadancha — o solda-
do José da Conceição Alves.
CORRECÇÃO
No n.º de 4 de Maio deste
jornal, passou uma arreliadora
gralha, que omitiu uma das ofer-
tas e modificou outra, Assim, era:
«João Lopes (Póvoa da Ribeira),
20$00; José Gaspar Sénior (Pó-
voa da Ribeira), 150$00». E não
como saiu: «João Lopes (Póvoa
da Ribeira), 150$00… omitindo-
-se a oferta de 20$00 de João
Lopes, e o nome de José Gaspar
Sénior. — (C.)
EXAMES DE ADULTOS
A Direccão do Distrito Es-
colar de Castelo Branco avisa
os possíveis interessados de que
os requerimentos ou propostas
de exames de ensino primário
supletivo de adultos devem ser
entregues nas delegações esco-
lares concelhias até dia 15 do
corrente mês de Maio.