O Renovador nº207 23-02-1974

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Ano V — N.º 207 — AVENÇA

23 de Fevereiro de 1974

– D RENDURDOR

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTA, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REi

Rua Lopo Barriga,

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
5-r/c — SERTA — Telef. 131

DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSEÉ ANTUNES

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

Impõe-se na 1ona florestal do interior do Paoís
a criação e apoio Técnico-Administrativo
de uma exploração do grupo da floresta,
para valorização e melhor aproveita-
mento dos seus produtos e subprodutos,
através da criacão de Cooperativas
Agricolas do tipo da jovem

Cooperativa Florestal dos concelhos da Sertã,
Proença-a-Nova, Oleiros e Vila de Rel,

no Distrito de Castelo Branco

— Disse na Assembleia Nacional o Deputado e antigo
Presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos,
DR. HENRIQUE VAZ LACERDA

O ilustre deputado e nosso
vizinho Dr. Henrique Lacerda,
perfeito conhecedor dos proble-
mas rurais da região interior do
país e sobretudo do Vale do Zê-
zere, teve em 5 de Dezembro, na
Assembleia Nacional uma escla-
recida e oportuna intervenção,
na qual, preconizando o apoio e
defesa dos meios rurais, apontou
diversas medidas tendentes à
correcção dos desníveis de de-
senvolvimento que se notam no
pais, principalmente os destina-
dos à protecção e aproveitamen-
to da sua grande riqueza florestal.

Dessa intervenção, respiga-
mos o passo mais significativo
onde se acentua o carácter de
Cooperativa-piloto atribuído pelo
1V Plano de Fomento, à Coope-
rativa Florestal da Sertã.

«Parece-nos que o interior do
País vem sendo, pelo menos por
enquanto, menos considerado e
avaliado e, sobretudo, que as zo-
nas mais atrasadas continuam a
não merecer o vivificador estímu-
lo a que, natural e potencialmen-
te, têm pleno jus

E não esqueçamos que é so-

Cobrança
de Assinaturas

Na próxima semana co-
meçaremos a proceder à co-
brança de assinaturas rela-
tivas. ao ano de 1974 do
nosso jornal.

Chamamos a atenção dos
nossos amigos, a — começar
pelos da Capital a fim de
que estejam atentos ao avi-
so remetido pelo correio com

– a intenção de nos evitarem
devoluções não só desagra-
dáveis, mas sobretudo dis-
pendiosas,

À gentileza dos nossos as-
sinantes. ficaremos a dever
mais esta amabilidade com
o seu jornal que vive da de-
dicação de todos.

BEM HAJAM!

RENOVAÇÃO É

bretudo nessas zonas que o fe-
nómeno migratório é mais agudo
e que o abandono do campo e
das terras (localidades) é cada

vez mais alarmante, com todo O
seu cortejo de consequências de-
Ploráveis, não só para as regiões
abandonadas, como para a eco-
nomia do país».

«Para além do mais, estamos a
pensar neste momento na densa

Continua na 3.º página

Em Cernache do Bonjardim
celebrou-se com grande calor
e entusiasmo o dia da

EMPRESA VIAÇÃO SERNAGHE

No passado dia 16 de Feve-
reiro, aniversário do nascimen-
to do saudoso Comendador Li-
bânio Vaz Serra, celebrou-se,
mais uma vez, o dia da EM-
PRESA VIAÇÃO. SERNACHE
fundada por aquela figura im-
par de cernachense de empre-
sário dinâmico, e notável bene-
mérito.

Este ano o acontecimento te-
ve a repercussão grandiosa que
o recente progresso da Empre-
sa impunha, com vista à pros-
secução duma — obra cada vez
mais vasta e representativa,
entre as empresas de viação do
nosso País.

Basta dizer que já hoje é
considerada a segunda empresa
do ramo e que.os seus adminis-
tradores anunciaram pensar que
dentro em pouco a mesma ocu-
pe o primeiro lugar.

As cerimónias —iniciaram-se
com uma missa na igreja pa-
roquial de Cernache do Bonjar-
dim em sufrágio da alma do
saudoso Fundador e da de to-

VIDA

dos os funcionários já falecidos.

Seguiu-se uma romagem ao
túmulo do grande Cernachen-
se, no cemitério local, onde o
senhor Oliveira Guerra pronun-

Continus na 2.º página

AGUARELAS

POR
JOÃO MAIA

Hoje a nossa aguarela vai es-
tender-se sobre um problema
que vem bastas vezes à con-
sideração humana. Diz-se às
vezes que quem soíre com Fé,
sofre menos, que a dor é para
o cristão um meio de purificar
à aálma, de atfinar a consciência.
Em certo modo é certo. Duas
situações humanas iguais ou
muito semelhantes tornam-se

0S DOIS

por dentro muito diversas con-
soante o homem se abra a uma
aceitação amorosa ou se cris-
pe numa negação egoista, or-
gulhosa, “ impenetrável. Todos
nos lembramos do bom ladrão
que ao lado de Cristo na última
hora, conseguiu perdão de seus
pecados. Bom ladrão não si-
gnifica que era ladrão perito,
sorte de José do Telhado com
manhas e gazuas para todas
as portasl. Como ladrão fora

mau, mas na hora derradeira
tornara-se bom porque aborre-
cia todos os furtos e quiçá cha-
cinas perpetradas em caminhei-
ros distraídos ou em assaltos
à faca e pedia para entrar num
reino em que não fosse pre-
ciso andar a assaltar vivendas.
Mas nós esquecemo-nos do
ladrão da esquerda, crucificado
à esquerda do Senhor. Esse so-
íiria na sensibilidade mais ou
menos a mesma dor que o
bom ladrão. Mas tinha alma de

LADRÕES

calabrês e não estava para ar-
rependimentos. Deixava-se ir
a fundo pela rampa do deses-
pero e até escarnecia do Justo.
O bom ladrão, na sensibilida-
de, podia acaso sofrer mais,
mas sofria doutra maneira e
enquanto o corpo se retorcia
no tormento a alma abria jane-
la misteriosa para outra reali-
dade. É o que ácontece aqui

Continua na 3.º página

O Conselho Municipal da Sertã
aprovou o Relatório e Contas

da

Em sua reunião de 15 do cor-
rente o Conselho Municipal da
Sertã aprovou o Relatório e
Contas da Câmara . Municipal
referentes ao exercício de 1973.

Dele destacamos alguns nú-
meros:

Receita total: 8131 4728$20,
o que representa um aumento
de 951 170$60 sobre a receita
de 1972.

Parcelarmente —os capítulos
mais significativos são os se-
guintes: Impostos directos:
1933 974$30; Taxas — rendi-
mento de diversos serviços:
1227 664$40; Rendimento de
bens próprios: 2633 172820; e
Receita Extraordinária repre-
sentada, na sua — maior parte,
por comparticipações do Esta-
do: 1 780 5408$00.

Despesa total: 7420 601$20,
o que representa uma diminui-
ção, ocorrida, sobretudo na
despesa — extraordinária de
1288 826630, sobre a mesma

Prevé-se que

venha a ser

hrevemente comparticipada pelo Estado

a consirução da €. M. 538-1

ENTRE VALE DO PEREIRO
E O CRUZAMENTO DO ALTO
DAS FONTAINHAS

Estão a fazer-se diligências
no sentido de que a freguesia
da Ermida possa brevemente
desfrutar do alcatroamento da
sua estrada de acesso, Com

UNIÃO E

efeito, em sequência de uma
exposição remetida a Sua Ex-
celência o Ministro das Obras
Públicas, por uma Comissão de
moradores, a que a Câmara
Municipal da Sertã deu o me-
lhor apoio, e por virtude de di-

Continua na 3.º página

Gerência de 1973

rubrica do ano de 1972, e oca-
sionada principalmente por se
tratar do último ano do IH Pla-
no de Fomento, e as obras ha-
verem sido concluídas, em par-
te, antes do seu termo oficial.

Entre os números mais signi-
ficativos da despesa, anotare-
mos apenas que os serviços de
electricidade arrecadaram uma
receita de 2374 368$ e fizeram
uma despesa de 2278 878$30.

O saldo em dinheiro que tran-
sitou para a gerência de 1974
cifra-se em 1966371$70, dos
quais se encontra cativa a im-
portância de 1 189 016$20, e dis-
ponível, apenas a de 797 355$50.

(Continua na 2,º página)

Novos
Assinantes

Continuamos a receber à in-
dicação de mnovos assinantes
para o nosso jornal. Na sua
maior parte ela deve-se à genti-
leza € amizade dos que nos
acompanham todas as semanas
nesta pugna pelo progresso da
região que nos serviu de berço.

Assinalamos mais os seguin-
tes:

João Barata, de Luanda e
Francisco Barata, também de
Luanda, remetido —pelo nosso
amigo e colaborador, senhor
Joaquim M, Almeida, na via-
gem que recentemente fez a
Angola; Maria da Luz Rodri-
gues, de Vila de Rei; e Manuel
Silvestre, da Madeira, remetido
pelo nosso estimado colabora-
dor, senhor Venâncio Fernan-
des Mendes,

PROGRESSO

 

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Página 2

O RENOVADOR

23 de Fevereiro de 1974

De semana a semana Dia da Empresa Viação Sernuche

(Be TE 17
EM PORTUGAL

11 — Já se iniciaram as pros-
pecções para a localização das
antenas da radiotelevisão de
Angola.

12 — Sob a presidência do
Secretário de Estado da Infor-
mação e Turismo foi inaugura-
do, no Algarve, o 5.º Congresso
Internacional de “Turismo e
Tempos Livres.

— O correspondente na Tan-
zânia da revista norte-america-
na «Christian Science Monitor»
escreve que a Frelimo não mais
pode pretender ser um movi-
mento autónomo, pois está a
ser treinada por conselheiros
militares chineses.

15 — Foi criado, no Minis-
tério da Economia, o Fundo de
Fomento Industrial.

— O congressista norte-ame-
ricano Philip Crane, ao chegar
a Lisboa, declarou que o objec-
tivo da sua visita a Angola e a
Moçambique é informar o povo
americano sobre as realidades
actuais do Ultramar Português.

17 — Na conferência anual
da A. N. P., o dr. Marcelo Cae-
tano, na qualidade de presiden-

Condições
de Assinatura

VIA NORMAL

Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanha
100$00
Estrangeiro: 180800

VIA AÉREA
(Pagamento adiantado)

Províncias Ultramarinas: 2008.
Estrangeiro: 250800

as importâncias
nos podem ser remetidas em
vale de correio, cheque ou di-
nheiro de qualquer nacionalida-
de eu ainda os Srs. Assinantes
encarregarem quem nos efec-
tue directamente as liquidações.

As assinaturas devem ser pa-
gas adiantadamente.

Para o Ultramar Português
e Estrangeiro não fazemos co-
branças através dos C.T.T.

de Fevereiro)

te da Comissão Central daquele
organismo, proferiu um impor-
tante discurso em que analisou
o problema ultramarino e as
circunstâncias actuais da polí-
tica nacional.

NO MUNDO

11 — Tropas do Iraque e da
Pérsia lutaram na fronteira,
utilizando artilharia e blinda-
dos. Os dois lados sofreram
pesadas baixas.

13 — O primeiro-ministro
espanhol, Arias Navarro, anun-
ciou um programa de maiores
liberdades políticas e pediu aos
Espanhóis que desempenhem
um papel mais activo nos as-
suntos nacionais.

15 — Deram-se na Argentina
inundações catastróficas. Desa-
pareceu uma aldeia e há 14
mortos e muitos desaparecidos.

16 — A Conferência do Mé-
xico, a realizar dentro de dias,
vai tentar encontrar novas for-
mas de colaboração económica
entre os Estados Unidos e a
América Latina.

17 — Bombas de gasolina fo-
ram atiradas para a entrada da
Ópera de Paris durante uma
manifestação de jovens da ex-
trema direita contra a presença
ali do ministro dos Estrangeiros
soviético, André Gromyko.

Manuel Dinis Nogueira

Teve a gentileza de vir apre-
sentar-nos cumprimentos — pes-
soalmente, pelo aniversário do
nosso jornal, o nosso estimado
assinante e amigo, senhor Ma-

nuel Dinis Nogueira, acompa-
hado de sua esposa.
Aproveitou a oportunidade

para proceder ao pagamento de
sua assinatura, que satisfez pe-
la importância de 1508$00, o
que muito agradecemos, e pela
de seu sobrinho residente em
Angola, senhor Daniel Dinis No-
gueira.

A ambos desejamos manifes-
tar os nossos agradecimentos
fazendo votos pelas suas pros-
peridades e boa saúde.

Manuel Mendes Murtinho
Júnior & Irmão

EMPREITEIROS

Fornecedores de materiais de construção e outros

Encarregam-se de todos os trabalhos de calcetamento de
granito, calcário, vidraço a branco ou incluindo qualquer dese-
nho, xisto, etc. com caixa, mão de obra e transporte.

ANSIÃO — Telefone 78

GABINETE DE TRABALHOS TOPOGRÁFICOS E AGRIMENSURA

José Almeida Saraiva

TOPÓGRAFO – AGRIMENSOR

Encarrega-se de delimitação de propriedades rurais — Forneci-
mento de marcos com as características legais e sua colocação.

Rua de Sertório, 1 a 3 — Telefone 188

SERTÃ

Continuação da 1.º página

ciou uma sentida oração de
homeragem e saudade.

A ambas estas cerimónias se
associaram os administradores
da Empresa, senhor Eng.º Nu-
no da Mata Vaz e seu irmão,
Dr. José da Mata Vaz Sºrra,
bem como todos os filhos e no-
ras residentes em Cernache.
Nela tomaram igualmente par-
te, o Presidente da Câmara Mu-
nicipal da Sertã, senhoc Dr. Jo-
sé ‘Antunes, o Presidente da
Junta de Freguesia, todas as
forças vivas da Vila, além dos
alunos e professores do Insti-
tuto Vaz Serra, funcionários da
Empresa e muito povo.

Ãs 13 horas realizou-se nas
instalações do Instituto Vaz
Serra um almoço de confrater-
nização em que participaram,
além das individualidades antes
referidas, cerca de 500 funcio-
nários do Grupo Empresarial
Viação Sernache.

Aos brindes, usou em primei-
ro lugar da palavra o senhor
Dr. José da Mata Vaz Serra
que evocou a memória de seu
pai e fez apelo à união e ami-
zade entre todos os emprega-
dos para progresso da obra que
fundou, de cada vez maior pro-
jecção.

Falou de seguida, o pároco da
freguesia, R. P. José Alves Jú-
nior que, mais uma vez, recor-
dou a obra e benemerências do
Comendador Libânio Vaz Serra
tão luminosamente continuadas
agora por seus filhos.

O Dr. Santos Loureiro, Di-
rector Geral da Empresa recor-
dou o seu expectacular progres-
so sobretudo no último ano, em
que cresceu de 78% em relação
ao que era em 1972, tendo já
hoje 1100 empregados e estan-
do espalhada em 41 concelhos,
desde Vilar Formoso a Cascais.

O Presidente da Câmara Mu-
nicipal da Sertã, encerrou a sé-
rie de brindes afirmando ser
uma grande honra para o con-
celho de Sertã e para a fregue-
sia de Cernache contar entre os
seus filhos o saudoso Comen-
dador Libânio Vaz Serra, uma
figura já hoje de projecção na-
cional. Congratulou-se pelo pro-
gresso expectacular da Empre-
sa e pela obra realizada pelo
Instituto Vaz Serra. Terminou
fazendo votos pelo cada vez
maior desenvolvimento destas
instituições dirigidas por seus
filhos que sabem seguir com
brilho a magnífica obra inicia-
da por seu pai.

As comemorações termina-
ram em Cernache, com a dis-
tribuição de medalhas aos em-
pregados tanto da Empresa Via-
ção Sernache como das suas
associadas, com mais de 5 anos
de bom e efectivo serviço.

A medalha de ouro foi en-
tregue aos seguintes emprega-
dos: Eduardo dos Santos, José
Alcobia Duarte, João Fortuna-
to e Leopoldo Marques Gre-
gório, todos com mais de 40
anos de serviço à Empresa.

‘A medalhã de prata, para os
empregados com mais de 30
anos, contemplou os seguintes
elementos: António Ferreira,
Carlos dos Santos, Pedro Ál-
vares Cabral e Jaime Alves Lei-
tão.

Os empregados com mais de
20 anos receberam a medalha

de bronze: Casimiro Dias Pra-
xedes, Eugénio Ferreira Mar-
ques, Fernando Dias da Silva,
José dos Santos II, José Rosa
Gonçalves Nunes, Luís Pereira
e Joaquim Mendes Pinto.
Todos os restantes, em nú-
mero de muitas dezenas, rece-
beram igualmente medalhas co-
memorativas, desde que, com
mais de 5 anos de serviço.

à tarde, nas instalações da
Feira das Indústrias em Lisboa,
realizou-se um jantar de con-
fraternização para os emprega-
dos que não puderam deslocar-
-se a Cernache, em número de
200.

São as seguintes as empre-
sas que constituem actualmen-
te o Grupo Viação Sernache
que dentro em breve, conforme
foi anunciado, será transforma-
do em Sociedade Anónima com
larga representação dos Empre-
gados no Capital da Empresa:

Companhia Viação Sernache,

Ld.º, Empresa de “Transportes
do Zêzere, Ld.º, Transportes de
Manteigas, Ld.º, Electro-Moa-
gem de Riba-Côa, Ld.º, Coope-
rativa Lisbonense de Chauf-
feurs, S. C. R. Li., António Bar-
reiros Fernandes, Ld.º. Empre-
sa de Viação e Comércio de
Alenquer, Auto Viação Buce-
lense de Eduardo Justo & C-,
Ld., Auto Transportadora Pe-
namacorense, Ld.º, Catarino &
Lôpes, Ld.º, José Cunha Direito,
Antunes & Bilreu, Ld.º, José
Martins Póvoa & Genro, Ld-.,
Mendes & Marques, Ld.º, Trans-
portadora Central da Madre de
Deus, Ld.º, Transportes Carga
Jacinto Cotrim, Ld.º, Empresa
Rádio Táxis Neta, Ld.º, Antó-
nio Cipriano Pais, Empresa de
Transportes Flamingauto, An-
tónio Bernardo, António Dias
Nogueira, António Correia &
Correia.

A sede da Empresa Viação
Sernache funciona já actual-
mente e na prática, em Lisboa,
estando, porém a secção de ofi-
cinas concentrada em Cernache.

Lanterna do

Continuação da 1.º página

peram ansiosamente a concreti-
zação da ligação que tanta falta
faz.

Repare-se que da Sertã até
ao Porto do Troviscal não exis-
te uma estrada que dê acesso
às duas margens da Ribeira da
Sertã, e que as duas margens
estão picadas de povoações.
Creio que a necessidade é ur-
gente não só para o Figueiredo
e Troviscal, mas até para ou-
tras freguesias: como Mosteiro
de Oleiros e seus arredores,
Várzea dos Cavaleiros e Ermi-
da. É preciso salientar que ac-
tualmente para se ir do Figuei-
redo ao Troviscal ou vice-versa,
é necessário percorrer 30 kms
ecom a respectiva ligação,
apenas são necessários 10 kms.
Não é só o intercâmbio das fre-
guesias citadas, mas a ligação
a que nos referimos irá valori-
zar uma grande extensão de
floresta, quase isolada e iria
beneficiar indústrias instaladas
no Faval e Porto, da freguesia
do Troviscal.

O que aproveitamos de um
panorama imenso se tivermos
os olhos vendados? Que será
o progresso nos meios rurais
sem vias de comunicação ade-
quadas? Teria pano para man-
gas se me alongasse a porme-
norizar os inconvenientes que
nos trazem a falta de vias de
acesso às nossas aldeias.

Por hoje termino. Estas mo-
destas palavras estão mal ali-
nhadas, mas têm um fundamen-
to real na vida das populações
rurais.

Fevereiro, 1974.
A. Gaspar

FALECIMENTO

Na sua residência no lugar
do Ribeiro — Figueiredo, após

ZAA AA lA AA AAA LL MÓ LS

Relatório e fContas da Gerência de 1973

Continuação da 1.º página

Na mesma reunião foi pro-
posto um voto de louvor à Câ-
mara Municipal, ao seu Presi-
dente e ao Chefe da Secretaria
pela dedicação e interesse de-
monstrados na gerência, voto
que, proposto pelo conselheiro
Dr. Ângelo Antunes — Mendes,
foi aprovado por unanimidade.

Igualmente o conselheiro, se-
nhor Carlos Francisco de Ma-

tos Leiria, propôs e foi unani-
memente aprovado que o Conse-
lho manifestasse a sua congra-
tulação e regozijo «pelo facto
de haver sido autorizada a cria-
ção de uma fábrica de aglome-
rados de madeira no concelho,
para a qual eficazmente contri-
buiu o Ex.”º Presidente da Câ-
mara quer através das suas
funções de Presidente quer co-
mo Director do jornal «O Re-
novador».

Figueiredo

grande sofrimento faleceu no
dia 25 de Janeiro com a bonita
idade de 92 anos, a srº D. Ade-
lina Farinha dos Santos Obreia,
viúva de Manuel dos Santos
Obreia, falecido em 30 de Agos-
to do ano transacto. Uma se-
paração de 146 dias do casal
que em vida foi sempre amigo.
Por obra da Providência repou-
sam lado a lado na última mo-
rada, ele à direita e ela à es-
querda.

A srº D. Adelina Farinha
dos Santos Obreia, era mãe do
sr. Jaime dos Santos Obreia,
sogra da sr.º D. Maria da Con-
ceição Caroço dos Santos
Obreia; avó do sr. Manuel Ca-
roço dos Santos Obreia, casado
com a sr.º D. Maria Isabel de
Castro Lopo Obreia; bisavó dos
meninos Pedro e Isabel e Ana
Margarida.

O funeral realizou-se no dia
27 para o cemitério local com
acompanhamento impressionan-
te.

A nossa Lanterna apresenta
sentidas condolências à família.
— (C).

— — NA MÃO
DE DEUS

D. PATROCINIA MARQUES
CANAS

No passado dia 8 do corrente,
faleceu em Santos, Mação, com
a idade de 93 anos, a sr.º D.
Patrocínia Marques Canas.

Era mãe do nosso estimado
assinante, na Sertã, senhor Ma-
nuel Martins Canas, Tesoureiro
da Câmara Municipal da Ser-
tã, casado com a sr.º D. Ange-
lina Canas, professora do ensi-
no primário, na nossa vila; da
sr.º D. Celeste Augusta Mar-
ques Morgado, viúva de Antó-
nio Morgado, residente em San-
tos de Mação; e da srº D. Eu-
génia Marques Patrício, casada
com o sr. José de Oliveira, re-
sidente em Mação. Era ainda
avó das senhoras D. Maria Vir-
gínia Marques Patrício da Pom-
ba e da sr.º Angelina Marques
Morgado Aparício e da Dr.º D.
Maria Adelaide Canas e dos srs.
João Marques Morgado e Au-
gusto Marques Morgado.

O funeral, que teve grande
acompanhamento realizou-se
em Mação, onde a extinta ficou
sepultada em jazigo de família.

À família enlutada, os nossos
sentimentos.

 

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23 de Fevereiro de 1974

9 RENOVADOR

Página 3

Impõe-se a criação de Cooperativas
Florestais no interior do País

Continuação da 1.º págini

mancha florestal dos concelhos
do Norte do distrito de Leiria e de
toda a bacia hidrográfica do Zê-
zere; estamos a pensar nos ubér-
rimos vales de toda esta região,
onde a horticultura outrora foi
uma aliciante actividade das suas
gentes, que dela se abasteciam,
chegando mesmo a suprir ainda
necessidades — alimentares —dos
centros urbanos próximos.

Estamos a ver a floresta de
toda essa zona a crescer 2a esmo,
indisciplinadamente, e a arder in-
gloriamente; estamos a ver as
pequenas mas produtíveis man-
chas agrícolas a desaparecerem
gradualmente e as populações te-
rem de recorrer aos meios exte-
riores para proverem à sua pró-
*pria alimentação, em condições
cada vez mais gravosas; estamos
a ver o mato, a urze e o tojo a
medrarem desmedidamente no
vale e na encosta, invadindo pe-
rigosamente a floresta e a hor-
ta, uma vez que aqueles produ-
tos, outrora largamente aplica-
dos na adubação orgânica dos
campos, deixaram de ter qual-
quer utilidade, dado que hoje se
pratica quase exclusivamente a
adubação química.

Sr. Presidente e Srs. Deputa-
dos: Este, sob certos aspectos,
o quadro desolador das zonas
interiores do país, designada-
mente o da mancha florestal do
norte do distrito de Leiria e das
áreas subjacentes dos distritos
de Coimbra e Castelo Branco.

Ora, compulsando o projecto
do IV Plano de Fomento, não
descortinamos —nele quaisquer
medidas sérias que possam ob-
viar aos graves inconvenientes
apontados. Por isso se impõe cor-
rigir com carácter de compreen-
sível prioridade, tão flagrantes
desníveis de desenvolvimento,
até porque nas próprias poten-
cialidades sumariadas encontra-
mos vasto campo de actuação».

«Para a prossecução destes
objectivos e de outros que ve-
nham a ser considerados de opor-
tunos e necessários, impõe-se a
nosso ver:

a) A protecção disciplinadora
da floresta e a sua defesa con-
tra a calamidade pública que,
hoje, é o incêndio florestal, atra-
vés da montagem e equipamento
de eficientes postos de vigia, fi-
xos e móveis, e dos complemen-
tares meios de combate ao fogo,

sem olvidar o apoio aéreo e, com
particular acuidade, as brigadas
dos serviços florestais e os abne-
gados corpos de bombeiros, or-
ganismos estes a que urge dar
a melhor atenção, já que tudo ar-
riscam e nada pedem, pelo que
se impõe conceder ao seu pes-
soal tratamento de excepção; ha-
verá ainda que estimular a pro-
tecção e salvaguardar do nosso
rico património florestal;

b) A criação e apoio técnico-
-administrativo de uma explora-
ção de grupo da floresta, para va-
lorização e melhor aproveitamen-
to dos seus produtos e subprodu-
tos, desiderato que se pode e
deve conseguir através da cria-
ção de cooperativas florestais do
tipo da jovem Cooperativa Flo-
restal dos Concelhos da Sertã,
Proença-a-Nova, Oleiros e Vila
de Rei, no distrito de Castelo
Branco, orientação que o pro-
jecto do Plano de Fomento pro-
mete tornar extensiva, a curto
prazo, a outras áreas do vale do
Zêzere, o que se louva aberta-
mente, na esperança de se po-
der contar brevemente com esse
desejado instrumento de valori-
zação, estruturado em moldes
que possam servir a economia da
região e do próprio País, como é
evidente;

c) A criação de centros ou pe-
rímetros industriais (já não dire-

mos de parques, porque estes
pressupõem uma dimensão que
de momento ultrapassa as nossas
possibilidades — regionais), nos
quais se transforme industrial-
mente a matéria-prima, que é
base da economia de toda esta
zona desfavorecida’ (sobretudo o
pinheiro e o eucalipto) e se esti-
mulem as indústrias tradicionais
da região;

d) A protecção e fomento da
precária agricultura regional, que
bem carecida está de renovador
estímulo, e que pode perfeita-
mente satisfazer, no essencial, as
necessidades de alimentação de
quase toda a zona que integra;

e) O desenvolvimento das im-
prescindíveis infra-estruturas, não
obstante o ritmo do progressivo
crescimento verificado nos últi-
mos lustros, mas que fica ainda
muito aquém do nível mínimo
exigido para uma vida decente,
sobretudo se pretendermos fazer
regressar o emigrante e propor-
cionar-lhe uma ocupação que o
enraíze no seu meio, onde a sua
permanência é hoje imperiosa
necessidade, como também já se
referiu. Neste aspecto teremos,
portanto, de encarar a constru-
ção e melhoria de rodovias, a par
da adequada solução para os
problemas de habitação, electrifi-
cação, abastecimentos de água,
esgotos, etc., já que os proble-
mas de saúde, instrução e cul-
tura começam a desenvolver-se
a níveis promissores, apenas com
o senão da educação física e re-
creativa, que está na base do
desenvolvimento das modernas
gerações».

Prevê-se a *comparticipacão do Estado
para a construção da E. M. 536-1 entre
Vale do Pereiro e o cruzamento do

Alto das Fontainhas

Continuação da 1.º página

ligências posteriores realizadas
pelo senhor Presidente da Câ-
mara Municipal junto do Gabi-
nete de Sua Excelência o Minis-
tro, sabemos que se encontra
bem encaminhado o assunto res-
peitante à melhoria do acesso
à sede do concelho, da freguesia
da Ermida.

Espera-se que seja comparti-
cipada em primeiro lugar a re-
paração e revestimento betumi-
noso do troço da E. M. n.º 538-1
entre Vale do Pereiro e Alto

Continuação da 1.º página

na vida. Muitas vezes o cristão
na sua pobre carne mortal po-
de até sofrer mais. Deus não
lhe tira o sofrimento. Mas sofre
doutra maneira. O espírito
apoia-se numa palavra de espe-
rança que, por vir de Deus,
vence todas as torturas. Pode
acaso um cristão ter maior me-
do da morte do que um des-
crente. E no entanto porque
se apoia na doce Esperança
que Deus lhe semeou na alma,
ele afirma, para além de todos
os receios, que Deus lhe reser-
va a surpresa da vitória final.
A morte é sempre um castigo.
Os próprios santos tiveram me-
do dela. É certo que S. Francis-
co lhe chamou a irmã morte.
Mas às vezes há irmãs com
feitios e momentos mofinos! S.
Francisco chamar-lhe-ia assim
talvez a ver se a negrusca mu-
dava de cariz. Os santos tam-
bém são um nadinha manho-
sos. Temos aí dois indivíduos
a quem não chamaremos la-
drões. Mas um entrega-se a
uma bondade intrínseca, culti-
va-se na Fé, abre-se a Deus.
O outro fecha-se a Deus, con-
fia nos dinheiros, no poder de
mando, no egoista pendor que
o leva a só contar consigo. Um
belo dia uma doença aparen-
temente igual bate-lhes à porta.
Bate e entra. Num e noutro é

AGUARELAS

um cancro, dizem os médicos.
Um encomenda uma corda das
velhas para se enforcar, o outro
resigna-se ao sofrimento e acei-
ta das mãos de Deus a morte
que se vê de mais perto. Hão-
-de alguns dizer que o que en-
comenda a corda é que é O
mais valente. É um erro. É o
mais covarde. Tem medo ao
sofrimento e julga que lhe foge.
Não quer ajudas porque as aju-
das o não libertavam de todo.
Quer sacudir toda e qualquer
cruz. Mas a cruz não se soltou
do costado do mau ladrão. Te-
ve de arcar com ela sem a
suavidade do perdão que o ou-
tro alcançou. Numa palavra: há
duas atitudes na vida perante
o sofrimento. Mas sofrimento
há e continua a haver quer no
ladrão que está à direita quer
no que está à esquerda. Felizes
seremos nós, queridos leitores,
se não obstante as nossas co-
vardias, os nossos receios nos
deixarmos invadir pela confian-
ça em Deus, se virarmos a ca-
beça macerada para o centro
do Calvário e dissermos o
«Lembra-Te de mim» com hu-
mildade. É o que afinal conti-
nuam a fazer os cristãos hu-
mildes mostrando com isso a
melhor ciência da vida e a for-
taleza que não engana e é a
única que sai Vvitoriosa das
provações da existência.

das Fontainhas, seguindo-se,
depois, o troço da estrada en-
tre este lugar e a sede de fre-
guesia de Ermida, com conti-
nuação para as povoações de
Castanheira Cimeira e Fundei-
ra com cerca de 60 fogos, cujo
projecto está a ser moderniza-
do.

No caso de vir a concretizar-
-se esta esperança, o que, di-
ga-se, é amplamente justifica-
do, serão mais de 12 km de
estrada que no concelho da Ser-
tã virão beneficiar não só as
populações de numerosos luga-
res, mas ainda a ligação pelo
nascente, do concelho da Ser-
tã com o concelho de Oleiros,
pois a continuação daquele tro-
ço da E. M. 538-1, para além
do Alto das Fontainhas, impõe-
-se, até chegar à Cruz do Sei-
xo, Perna —do Galego, Relvas,
Fojo, e Sardeiras, já no conce-
lho de Oleiros.

Recorda-se que a Câmara
Municipal da Sertã mandou ela-
borar recentemente o projecto
desde Cruz do Seixo até ao li-
mite do concelho, perto da po-
voação de Fojo.

Notícias Pessoais

Foi colocado no Tribunal da
Comarca de Tomar, transferido
da de Benavente, o nosso pre-
zado amigo e colaborador, José
de Jesus Cristóvão, escriturário
judicial.

 

Transferido —de Cantanhede
onde era escrivão de Direito no
respectivo Tribunal Judicial, foi
colocado na Comarca de Santa-
rém, o nosso amigo Ernesto
Lourenço, natural da Sertã.

Tendo trespassado o seu es-
tabelecimento em Proença-a-
-Nova, regressou à Sertã, o se-
nhor Eugénio Lourenço que na
sede daquele concelho vizinho,
viveu os últimos 10 anos.

A todos deseja «O Renova-
dor» as maiores prosperidades.

Os problemas da saúde
na zona nascente – norte

do Disirito de Costelo Branco
foram estudados pelo titular da respectiva pasta

Conforme noticiámos na pas-
sada semana, o titular da Pasta
da Saúde no Governo, senhor
Dr. Clemente Rogeiro, visitou nos
dias 14 e 15 do corrente os con-
celhos de Castelo Branco, Covi-
Ihã, Fundão, Idanha-a-Nova e Pe-
namacor, onde apreciou alguns
dos problemas afectos ao seu
Ministério.

Ao saudar o membro do Go-
verno disse, o senhor Governador
Civil, expondo as aspirações dos
povos da Beira baixa: «— Preten-
dem, senhor Ministro, por exem-
plo, que se expanda na Casa do
Povo, a acção de assistência e
Previdência a níveis que se apro-
ximem progressivamente dos que
já são aplicados entre o trabalho
da indústria e dos Serviços. De-
sejam que seja facilitado cada
vez mais o internamento e as
consultas nas especialidades, e,
bem assim, as demais modalida-
des de acção médico-social pra-
ticadas em instalações aceitáveis
num ambiente de conforto com
dignidade para os utentes e,
também, claro está, com condi-
ções próprias para os que nelas
trabalham».

E mais adiante: — «A morta-
lidade infantil, foi, no Distrito,
em 1972, de 28 óbitos em 1000
nados-vivos. Em 1969 os hospi-
tais regionais tinham 159 camas
com 3472 internamentos. Hou-
ve ainda nesse ano, 8340 con-
sultas externas».

Em resposta, o Ministro afir-
mou a sua satisfação por se sen-
tir no seu Distrito natal, e, após
ter citado algumas palavras do
Prof. Marcelo Caetano, quando
da sua visita a Castelo Branco,
por ocasião do Bicentenário da
cidade, afirmou:

«Na agricultura, na indústria e
até no turismo estamos a mos-
trar ser capazes de aproveitar
os meios que a Natureza nos ofe-
rece. Nos domínios da saúde e
do bem estar social, aceitamos
os desafios da Natureza e não
nos resignamos ao fatalismo a
que parecíamos condenados. O
combate, tão persistentemente
mantido, contra a endemia do
bócio na região de Oleiros e ter-
ras vizinhas deste distrito —
combate que o Ministério da
Saúde continua a seguir e a
apoiar com o maior interesse —
é prova evidente de que não
aceitamos a fatalidade da Natu-
reza. Quero aproveitar o ensejo
para prestar pública homenagem
a todos os que, no meio de difi-
culdades e sacrifícios sem conta,
têm travado esse combate. E fa-
ço-o na pessoa desse trabalhador
infatigável que é o Dr. José Lo-
pes Dias, inteligência multimoda,
médico sanitário distinto, prosa-
dor admirável e historiador de
alto mérito cujos trabalhos de há
muito extravasaram dos acanha-
dos limites do distrito.

A saúde é hoje considerada
no art.º 8.º, n.º 1 da Constituição,
que inclui o «direito à vida e in-
tegridade pessoal» entre os di-
reitos dos cidadãos portugueses,
o direito à saúde foi expressa-
mente consagrado no Decreto-
-Lei n.º 413-71 como objectivo
da política da saúde.

Por oposição à doença que,
sempre e em toda a parte, foi
considerada um mal, a saúde é
um bem. Bem inestimável, no
sentido moral. Bem, no próprio
sentido económico, pois o ho-
mem são representa capital in-

substituível, base e condição de
todo o progresso material.

Juntamente com a Educação,
a saúde é um objectivo prioritá-
rio da política do actual Governo
e, por isso, capítulo importante
do IV Plano de Fomento.

Tal como no domínio da Edu-
cação, também no campo da
Saúde estamos a travar uma ver-
dadeira batalha. E todos com-
preenderão que ela deva mesmo
ser encarada em primeira priori-
dade, condicionante como é de
todas as outras batalhas e o dos
seus resultados.

Além do caso específico do
bócio sei dos esforços que es-
tão a ser feitos, a nível distrital,
não apenas para combater as
doenças e controlar a morbilida-
de e a mortalidade (sobretudo a
mortalidade infantil), mas tam-
bém para alcançar os meios de-
terminantes da saúde e fomentar
as condições de ambiente que
lhe sejam mais favoráveis».

Poderá parecer, à primeira vis-
ta, que o facto de Sua Excelên-
cia o Ministro da Saúde se haver
deslocado ao Distrito de Castelo
Branco e nele haver visitado ape-
nas os concelhos da Zona Nas-
cente-Norte, significa que os
problemas da saúde nesta zona
são mais prementes que os da
Zona Sul-Poente, constituída pe-
los concelhos de Oleiros, Sertã,
Vila de Rei, Proença-a-Nova e
Vila Velha de Ródão.

Tal não é, evidentemente, ver-
dade. Basta atentar nos seguin-
tes números: Há no Distrito 103
médicos, número que represen-
ta um médico por cada 1200
pessoas, na generalidade do Dis-
trito. Sucede, porém, que em
qualquer dos concelhos do Sul-
-Poente a situação é totalmente
diferente. No concelho de Olei-
ros há um médico para 12 000:
no de Sertã, quatro médicos pa-
ra 24 000 habitantes, no de Vila
de Rei, um médico para 6000
habitantes e no de Proença-a-
-Nova, dois médicos válidos para
14 000 habitantes.

Quanto a pessoal de enferma-
gem, a situação é ainda mais gri-
tante.

E, não é a falta de pessoal té-
enico habilitado o único proble-
ma da saúde nesta Zona.

Impressiona o número de invá-
idos nela existente. Para fazer-
mos uma pequena ideia, diremos
apenas que na área da Casa do
Povo da Sertã que abrange 9
freguesias com uma população
de 15 000 habitantes, requereram
já a pensão de invalidez, com
menos de 70 anos, 154 homens
e 121 mulheres, números que,
apesar de elevadíssimos estão
ainda longe da realidade, pois há
muitas pessoas que desconhe-
cem, por enquanto, a possibili-
dade de requerer a referida pen-
são.

Diremos, assim, que, além da
endemia do bócio cujo combate
está a ser travado com eficácia,
muitos outros problemas da saú-
de das nossas gentes esperam
por uma acção mais eficiente da
parte das entidades responsáveis.
Não iremos agora enumerá-los,
mas talvez um dia o façamos.

Parece-nos, pois, que se jus-
tifica inteiramente que não tarde
visita semelhante do Ministro da
Saúde à Zona Sul-Poente do Dis-
trito de Castelo Branco, como
aliás foi sugerido publicamente
pelo senhor Governador Civil.

O RENOVADOR É O SEU JORNAL

ASSINE-O E ENVIENOS NOVAS ASSINATURAS

 

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Página 4

O RENOVADOR

23 de Fevereiro de 1974

O Pãâo que comemos

Outeiro da Lagoa, Sertã, 7-2-74

Ex.Ӽ Senhor
Director de «O Renovador»

Tendo lido no jornal «O Reno-.

vador» do dia 2 do corrente mês,
uma notícia com o título — «O
pão que comemos» — na qual
sou alvejado, peço a V. Exº o
favor de publicar as poucas li-
nhas que a seguir transcrevo.
Não o faço ao abrigo da lei da
imprensa, a qual me dá direito
a defesa, mas sim como velho;

assinante do jornal que V. Ex.ªàg

muito dignamente dirige.
O PÃO QUE COMEMOS

O autor da notícia, estou con-
vencido que nada percebe de pa-
darias e muito menos de farinhas.
Deve ter algum negócio de sapa-
tos, ou coisa parecida, e só ago-
ra começou a comer pão de trigo.

Diz a notícia: «na nossa vila,
então, é de bradar aos céus».

Olhe senhor da notícia, a coisa
não é assim, pois além de forne-
cer o concelho da Sertã quase
todo, também me pedem pão pa-
ra outros locais e até para Lis-
boa, e dizem que o fabrico das
minhas padarias é superior em
tudo.

Aquilo que chama «buracos»
às padarias, também é falso, por-
que estão limpas e devidamente
regulamentadas por quem de-di-
reito e com competência.

O facto de haver só um fabri-
cante não tem nada com qual-
quer deficiência que haja em
qualquer dia; o. motivo é das fa-
rinhas que são umas melhores
outras piores. Mas se o.autor da
notícia vê que pode fazer melhor
venha ter comigo que talvez lhe
ceda uma quota.

Até pretende humilhar os fis-
cais nos seus serviços, quando
estes são zelosos e melhor co-
nhecem o que são padarias, pão,
limpeza e farinhas. A fiscalização
quando vem não avisa e o pro-
prietário das padarias também
não adivinha quando eles vêm.

Ouviu senhor da notícia?

E assim vou retribuir-lhe os
seus comentários…

Senhor Director, pela publica-
ção destas linhas desde já muito

jagradeço a V. Ex*.

O Proprietário das. Padarias

Joaquim Lopes

—«O SENHOR DA NOTÍCIA»

RESPONDE

Mantém quanto afirmou por
corresponder inteiramente à ver-
dade e nada ter sido provado
contra o que escreveu.

Há 45 anos que come pão de
trigo, tanto em Portugal, como
na Espanha e França e até em
África. Em Portugal, desde o Mi-
nho a Vila Real de Santo Antó-
nio. E poucas vezes tem comido
pão tão inferior como o que co-
me na Sertã.

Mas não atribui nem atribuiu
integralmente as culpas à pada-
ria.

Não é técnico de fabrico de
pão nem de farinhas. Mas sabe
apreciar o pão como qualquer
pessoa e verifica que se come
pão muito melhor em muitas ou-
tras terras do país, para não falar
já de Espanha e França e mesmo
Angola. Algumas pessoas de fo-
ra da vila, daquelas que compram
o pão nos tais «buracos» tam-
bém se têm queixado. Mas, es-
sas talvez sejam de melhor bo-

 

HOMENAGEADO
-pela Gasa da Gomarca da Sertã

o Associado Benemérito
Senhor Virgílio Costa Silva

Sem se pretender subestimar
o contributo de tantos outros,
era do mais elementar princípio
de justiça que a Casa da Co-
marca da Sertã prestasse ho-
menagem de agradecimento a
um seu associado, a quem se
pede desculpa se ofendemos a
sua modéstia, ao apresentá-lo
como modelo a copiar quanto
ao acendrado amor ao torrão
natal e sentir regionalístico.

Trata-se do associado, se-
nhor Virgílio Costa Silva, na-
tural da Sertã mas, actualmen-
te, com residência na cidade de
Setúbal, onde, pelos seus dotes
de trabalho, honradez, dinamis-
mo e inteligência, soube impor-
-se e vencer, usufruindo, mno
ramo da construção civil notá-
vel projecção.

Para testemunhar a este as-
sociado o alto apreço e profun-
do reconhecimento pelo subs-
tancial óbulo pecuniário que se
dignou conceder à Casa da Co-
marca da Sertã, de escudos
30 000$00, no biénio de 1972 a
1973, os elementos da sua di-
recção, em cumprimento de re-
solução tomada em sessão, fo-
ram, em 10 do mês de Feverei-
ro em curso, até à Rainha do
Sado, para, na sede onde se
encontram instaladas as depen-
dências reservadas aos serviços
do ramo de actividades a que
o senhor Virgílio Costa Silva,
se dedica, colocar uma placa
que ficará a testemunhar aos
vindouros o reconhecimento
agradecido da Casa da Comarca
da Sertã e, por outro lado, o
espírito altruista e magnânimo
dum associado —“cujo exemplo
esperamos seja fermento de se-
melhante atitude por parte de
muitos outros dos nossos con-

terrâneos para quem a fortuna
igualmente, não tem sido ma-
drasta.

Finda a cerimónia que primou
pela simplicidade, foi oferecido,
ao homenageado, pelos promo-
tores do acto, um almoço no
Hotel Esperança onde em ca-
vaqueira amena se relembra-
ram tempos, há muito vividos,
nas terras que nos serviram de
berço e, aos brindes uma vez
mais, foram afloradas e real-
çadas as peregrinas virtudes
altruistas da figura central que
esteve na origem da romagem
de gratidão da Direcção da Ca-
sa da Comarca da Sertã. Por
último, o senhor Virgílio Costa
Silva comovido agradeceu a ho-
menagem que lhe fora tributa-
da.

 

UM FACHO MAIS LUMINOSO
NA LANTERNA DO FI
GUEIREDO

Tínhamos abordado há dias
o tema da estrada do Figuei-
redo, com o título «Até que há
vida há esperança». Já nos pa-
recia ter-se perdido essa peque-
na réstia de luz que na ocasião
reinava no nosso meio. Mas não
findou o mês de Janeiro, sem
que aparecesse uma aurora a
reanimar esta laboriosa gente
que tem atravessado uma situa-
ção sombria em face de outras
terras do concelho. Mas vão-se

abrindo pequenos horizontes
para se entrar numa fase de
progresso.

— Nas primeiras colunas de
«O Renovador» no n.º 202 de
19 de Janeiro alegrou-nos a no-
tícia que publicou: — «Vai ser
posta a concurso a obra de
construção da E. M. N.º 529-1,
entre Figueiredo e Várzea dos
Cavaleiros no Concelho da Ser-
tã». Por portaria publicada no
Diário do Governo 2.º Série de
5-1-74 foi concedida à Câmara
M. da Sertã a comparticipação
de 750 contos para a obra de
reparação da E. M. entre Vár-
zea dos Cavaleiros e Figueire-
do. O montante a investir é de
900 contos, sendo a compartici-
pação de 750 contos e corres-
pondendo 250 c. a 1973, e 500
c. a 1974>.

— Sabemos que a obra não é
totalmente realizada com a com-
participação concedida, mas cre-
mos que sejam tomadas provi-
dências para a sua ultimação.
É preciso diminuir os kms e os
sacrifícios que tem enfrentado
esta zona onde tudo parecia
estar no esquecimento. Já é
um raio de luz mais atraente
para quem tem o condão de cir-
cular os longos 7 kms que se-
param o Figueiredo da Várzea
dos Cavaleiros.

— No contacto com os nos-
sos conterrâneos radicados na
capital ou noutros pontos do
País — ouve-se constantemente
dizer: — «Gosto muito de vi-
sitar a nossa terra, onde tenho
a família e os amigos mas pa-
rece estarmos separados do res-
to do mundo que nos rodeia.
Só em caso de emergência se
lá pode ir de automóvel». Sim,
eles têm razão de sentirem o
abandono de que temos sido ví-
timas.

— Não é só o Figueiredo que
tem estado a sofrer, mas sim
a parte norte da freguesia da

Várzea, assim como a povoação
do Mosteiro de S. Tiago. Em-
bora com o seu ramal asfalta-
do, têm de circular alguns kms
da referida estrada Várzea-Fi-
gueiredo, sem betume. A po-
voação de Entre-a-Serra da
mesma freguesia sofre connos-
co o mesmo pesadelo, assim
como parte dos habitantes da
freguesia da Ermida, e de ou-
tras pequenas povoações cir-
cunvizinhas que fazem o seu
trajecto nos dias de mercados
e feiras pela linha de Figueire-
do. — Queira Deus que os res-
ponsáveis tenham consciência
das necessidades desta gente
pacífica e humilde, mas que
também deseja compartilhar no
progresso contemporâneo para
não ficar «a ver a banda pas-
sar».

O RAMAL DE LIGAÇÃO
FIGUEIREDO – CARVALHAL

Outra necessidade urgente, é
a ligação entre Figueiredo e
Carvalhal da freguesia do Tro-
viscal. Apenas nos separam 4
kms e já há bastante tempo
com projecto elaborado entre-
gue no Ministério das Obras Pú-
blicas. O projecto foi na sua
maior parte custeado pelas fre-
guesias do Troviscal e Figuei-
redo, e as duas freguesias es-

(Continua na 2.º página)

Iniciaram-se
os trabalhos
de construção
do troço da
E. N. 238 entre
Troviscainho
e Mosteiro

Iniciaram-se os trabalhos de
construção do troço da E. N.
n.º 238 entre as povoações de
Troviscainho, na freguesia de
Troviscal do concelho da Sertã

e Mosteiro, na freguesia do
mesmo nome e concelho de
Oleiros.

A notícia reveste-se de muito
interesse, pois as povoações
vêem no facto o início de uma
nova era no abaixamento das
barreiras do seu isolamento que
dura há muitos séculos.

Segundo nos consta, o traça-
do da via é inteiramente moder-
no, com grandes cortes de trin-
cheiras de modo que, apesar do
acidentado da região, a estrada
será praticamente rectilínea e
permitirá alta velocidade, com
inteira segurança.

 

Valioso contributo
do “Grupo dos Amigos
da Freguesia de Madeirã”

às Escolas da

Por mais de uma vez, nos seus
30 anos de existência o «Grupo
dos Amigos da Freguesia da
Madeirã», solicitado pelas res-
pectivas professoras, tem con-
tribuído com diverso material
para as Escolas da Madeirã e
da Cava.

Estando novamente as referi-
das Escolas manifestamente
carecidas de diverso material,
considerado indispensável para
que as crianças possam bene-
ficiar do ensino pelos métodos
actualizados, e ainda por se co-
memorar neste ano o 30.º ani-
versário da fundação do Grupo,
a sua direcção enviou às refe-
ridas Escolas material no va-
lor de alguns milhares de es-
cudos.

A propósito, transcreve-se
breve passagem do agradeci-
mento que as respectivas pro-
fessoras enviaram ao Grupo:

DA ESCOLA DA MADEIRA —
<Em nome dos alunos, venho muito
sensibilizada agradecer a VV. a va-
liosa oferta que se dignaram conce-
der-nos, permitimdo assim que as
crianças da Madeirã, possam, mercê
das técnicas modernas aproveitar o
melhor possível os benefícios da
educação e cultura com vista ao dia
de amanhã. Tudo o que VV. fizerem
por eles agora, serão eles amanhã

sua Freguesia

como filhos desta terra, que melhor
que ninguém vo-lo agradecerão».

DA ESCOLA DA CAVA — <«Eu
e os meus alunos agradecemos a bela
oferta e grande, que o Grupo dos
Amigos da Madeirã se dignou en-
viar-nos tão generosamente. Bem
hajam pois, e que VV, vejam sem-
pre coroados de êxito todos os vos-
sos sacrifícios, desejando as maiores
prosperidades para o vosso Grupo».

A Direcção

O RENOVADOR

O nosso prezado colega de
Imprensa, O CONCELHO DE
PROENÇA – A – NOVA, no seu
número de 1.de Fevereiro,
transcreveu o nosso artigo in-
titulado «Ainda a Estrada Na-
cional-241 entre Proença-a-Nova
e Vila Velha de Ródão — Im-
porta alcatroar o troço entre
o Pontão do Laranjeiro e Moi-
ta», dando inteiro- apoio às nos-
sas sugestões e solicitações.

Bem hajam.

Casa da
Comarca
S —
o
da Sertã

Conforme noticiámos, reali-
zou-se na Casa da Comarca da
Sertã em Lisboa, no passado
dia 9 de Fevereiro, a anunciada
conferência do R. P. Henrique
da Silva Louro, natural de Car-
digos, subordinada ao tema:
«ANTECEDENTES HISTÓRI-
COS DA ZONA CENTRO DE
PORTUGAL».

Presidiu o Dr. Manuel Fari-
nha da Silva, ladeado pelos se-
nhores Martinho de Oliveira e
António Dias Fouto.

Assistiram várias dezenas de
associados, presos da palavra
fácil e interessada do conferencista.