O Renovador nº206 16-02-1974

 

Ano V — N.º 206 — AVENÇA

D RENDURDDR

16 de Fetrereiro de 1974

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTÃ, OLEIROS, PROENÇA-A-NOVA E VILA DE REI

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
Rua Lopo Barriga, 5-1/0 — SERTÃ — Telef. 131

DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSÉ ANTUNES

COMPOSIÇÃO E
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

IMPRESSÃO:

GRISE NA IGREJA?

Entrevista com o Padre Manuel Antunes

O BOLETIM INTERPARO-
QUIAL DE INFORMAÇÃO que
“se publica na capital e é o órgão
informativo das paróquias de Lis-
boa inseriu num dos seus núme-
ros do ano transacto duas entre-
vistas subordinadas ao tema
«CRISE NA IGREJA?»
Uma delas é do nosso conter-
râneo Padre Manuel Antunes.
A revista faz preceder o de-
poimento das seguintes palavras:
— «O Padre Dr. Manuel Antunes
é Professor de História da Cultu-
ra Clássica na Faculdade de Le-
tras da Universidade de Lisboa
e um dos mais conscientes obrei-
ros do pós-concíilio em Portugal
É pois, com reconhecimento
que aqui reproduzimos o nosso
diálogo sobre a Crise da Igreja»:

Que pensa daquilo a que, vul-
garmente se chama «Crise da
Igrejan?

«Para poder responder conve-
nientemente à sua pergunta, se-
riam necessários muitos volumes
e uma competência que não te-
nho. A crise a que se refere, é
tão múltipla e tão diversa, tão
larga e tão profunda que só uma
equipa, em trabalho interdiscipli-
nar, seria capaz de equacionar o
problema, permanecendo ainda
algumas incógnitas de fora. Mas
já que mo pede, vou tentar ali-
nhar umas quantas ideias con-
cernentes ao assunto, um dos
mMais graves que conta a actua-
lidade histórica.

Como preâmbulo, dir-lhe-ei
que sempre a lgreja viveu em
crise, que é seu destino viver
em crise., Basta recordar a pará-
bola do trigo e do joio. Basta

recordar, embora apenas em voo
de ave, a história da Igreja.

Há crise, sempre que há des-
fasamento, a nível comunitário,
entre as exigências do Evangelho
e a prática dos cristãos. Há cri-
se sempre que há sobreposição,
notória, do discipulato de Ma-
mon sobre o discipulato de Je-
sus. Há crise, sempre que pre-
valece o «humano, demasiado
humano» da fórmula de Nietzche,
sobre o espírito da Revelação
encarnada no Mestre de Nazaré.

Ora, quem negará que isso

Continua na 4.º página

Fábrica
DE AGLOMERADOS
na Sertã

Procurando agir rapida-
mente, o grupo de fundado-
res da empresa que se pro-
põe construir uma fábrica de
aglomerados de madeira na
vila da Sertãa reuniu no pas-
sado sábado a fim de tomar
resoluções sobre o caminho
a seguir após a autorização
concedida pela Secretaria de
Estado da Indústria e de que
demos conhecimento em pri-
meira mão, nos passados nú-
meros de 19 e 26 de Janeiro.

continua na 3.º página

Remodelação
dos Serviços Regionais
do Ministério das Obras Públicas

Vem-se operando uma grande
remodelação nos serviços regio-
nais do Ministério das Obras Póú-
blicas que também se faz sentir,
naturalmente, na nossa Região.

Assim, no Comissariado do
Desemprego verificou-se a con-
centração na Sertã do serviço
respeitante aos quatro concelhos
da Comarca, que passa a ser
gerido por dois funcionários que
dividem entre si as tarefas à exe-
cutar no âmbito territorial da zo-
na. Um ficará com os concelhos
de Proença-a-Nova, Vila de Rei
e parte da Sertá, e o outro com

Com o presente número en-
tra o nosso jornal no seu 5.º
ono de publicação. Fez anos
precisamente no dia 14 de Fe-
vereiro.

Durante 4 anos publicámos,
205. números, felizmente com
uma regularidade pendular,

Tivemos alegrias, tivemos al-
gumas —hesitações, não nos
abalou o desânimo. A vida é
uma luta e continuamos a lutar.
Denodadamente, pacientemen-
te, afincadamente. Com muitas
dificuldades. Com sacrifício.
Mas também, com o entusias-
mo da primeira hora.

Êxitos… Tivemos alguns. Por
toda a pmrte O RENOVADOR
conquistou amigos. Subiu mui-
tas vezes as portas dos Minis-
térios. Lembrou. Solicitou, Su-
geriu. Obteve.

Renovou mentalidades. Des-
pertou —interesses, Levantou
problemas. Pugnou pela solu-
ção dos mais prementes.

Aí está uma obra. Nítida. À
vista de toda a gente, Mesmo

Aniversário

de «O RENOVADOR»

daqueles que, a princípio, nos
olharam com desconfiança. ou
mesmo nos chegaram a atirar
pedradas.

Como já por outras vezes
acentuámos, está longe de ser
uma empresa rendosa. Será
antes uma actividade devota-
da. Um sacerdócio. Inclui nos
seus resultidos de exercício
saldos negativos economica-
mente. Mas irancamente posi-
tivos, do ponto de vista de de-
fesa de um ideal, de uma con-
cepção da vida.

Vaomos prosseguir. Os milha-
res que nos compreendem po-
dem contar connosco, Na pri-
meira linha.

De espinha bem erguida, não
mendigamos.

Mas agradecemos que nos
acompanhem nesta luta pelo
desenvolvimento económico e
social desta região florestal
dos Distritos de Castelo Branco
que começa a ver, finalmente,
e, em parte graças a nós, a
concretização de alguns dos
seus mais veementes anseios.

RENOVAÇÃO É

NA A

todo o de Oleiros e parte do da
Sertã.

Por virtude desta remodela-
ção o funcionário que prestava
serviço e vivia em Oleiros passa
a viver na Sertã, deslocando-se
âàâquele concelho três dias por
mês.

É Raul da Graça, nosso antigo
correspondente naquela vila que
tomou posse do novo lugar no
passado dia 1 de Fevereiro.

Por sua vez, José dos Reis
Teixeira da Costa, que chefia o
Sserviço, passará a ir duas vezes
por mês à Proença-a-Nova e a
Vila de Rei.

Também foram remodelados
os Serviços Hidráulicos. O Lanço
da Sertã que até ao princípio do
ano corrente dependia da Secção
Hidráulica do Tejo com sede em
Tomar, passou a depender de
Abrantes, correndo por Serviços
instalados nesta cidade todos os
assuntos que antes eram trata-
dos em Tomar.

Desconhece-se ainda se é ex-
tinto ou permanece a chefia do
Lanço, instalado na Sertã,

Novos
assinantes

Na semana que passou re-
cebemos mais os seguintes
assinantes — remetidos pela
gentileza dos nossos amigos:

Albino Joaquim, de Lisboa,
enviado pelo nosso amigo
José Antunes Armaro, de Pe-
drógão Pequeno; Adelino Ba-
rata Gaspar, de Odivelas; e
« Raul Leitão, de Lisboa, envia-
dos pelo nosso prezado as-
sinante, de Lisboa, senhor
José Barata Gaspar. Liga dos
Amigos de Pedrógão Peque-
no, de Lisboa.

UNIÃO

Aqui, Angola

Por
JOAQUIM M. ALMEIDA

Querem ver? Venham comigo!

Desta vez estarei poucos dias
neste Estado de Angola. Digo
que estarei pouco tempo, porque
não quero perder a oportunida-
de de ir até à nossa serra da
Estrela ver o lindo panorama que
nos costuma oferecer nesta al-
tura com o seu manto de neve.
Mas… venham comigo, por fa-
vor.

A minha viagem desta vez foi
Luanda — Cela — Alto do Ha-
ma — Nova Lisboa — Caconda
— Caculo — Sá da Bandeira.

Aqui parei para descansar, por-
que, fiz, embora por etaápas,
1200 quilómetros.

Alguém lhe chamou muito re-
centemente, a cidade dos seus
encantos (e é verdade). Para
mim, a cidade de Sá da Bandei-
ra é a mais bonita de Angola. Co.
mo Lourenço Marques é a mais
bonita de Moçambique. Isto sem
desprezo por qualquer outra ci-
dade dos nossos Estados Ultra-
marinos, pois que todas elas
têm as suas belezas naturais e
artificiais. Mas Sá da Bandeira
é um jardim, um jardim natural,
com belezas incontundiíveis. O
seu clima é um clima Metropo-
litano, sempre na casa dos 20.º.
Tem fruta como na Metrópole
mas também tem a trópica. É
por êxcelência a zona pecuária
de Angola. Tudo isto dá a Sá da
Bandeira uma atracção a todos
quantos por ali passam.

Mas Angola é assim, sempre
digna de registo, qualqguer que
seja o ponto por onde se passe.

Estou agora mesmo a lembrar-
-me da região da Cela. Como to-
dos nós sabemos, foi escolhida
em tempo, para ali se fixarem
muitos Metropolitanos de débeis
recursos a que se deu o nome
de, Colonato da Cela. Conheci
esta região quando era só selva.

Hoje, tem como capital a cidade
de Santa Comba Dão, de muito
movimento e com condições cli-
matéricas excepcionais para se

Continua na 2.º página

O Ministro
da Saúde
visita o Distrito
de Gastelo Branco

Nos dias 14 e 15 do corrente,
o Senhor Ministro da Saúde, Dr.
Clemente Rogeiro, natural da Al-
deia do Carvalho, do concelho
da Covilhã, visitou o seu e nosso
Distrito, na sua primeira visita
oficial a um Distrito.

Após a recepção no limite do
Distrito, em Vila Velha de Ródão,
seguiu-se uma sessão de boas-
-vindas no Governo Civil em que
o ilustre Magistrado Distrital, se-
nhor Capitão Manuel Geraldes
Nunes saudou o Ministro e au-
gurou os melhores resultados
para esta visita.

Seguiram-se os cumprimentos
das entidades presentes e visi-
tas à Direcção Distrital de Saúde,
ao Hospital Distrital em constru-
ção, ao Hospital da Misericórdia
e à Escola de Enfermagem, Dr.
José Lopes Dias.

À tarde Sua Excelência seguiu
para a Covilhã onde foi recebido
nos paços do concelho. Ao fim
da tarde deslocou-se à Aldeia do
Carvalho a fim de tratar diversos
problemas ligados à Saúde.

No dia 15, além de diversas
visitas. na Covilhã, o Ministro da
Saúde deslocou-se ainda ao Fun-
dão, a Penamacor e Idanha-a-
-Nova.

AGUARELAS

de um

Ali onde o vêem, especado
nas quatro estacas de uma es-
belteza a pedir medalha, é o
burrito mais admirado dos que
choutam entre o Monte Novo
e as Lagoas. Muito embora a
sua vocação mais nativa fosse
para filósofo, as injustiças da
terra deram com ele em acar-
retador de taleigos e, consoan-
te as estações, de canastras e
cântaros de água para regar
couve troncha ou mesmo para
matar a sede às badanas. Nos
intervalos da canseira, porém,
caia de golpe na filosofia e pu-
nha-se a reflectir no desconcer-
to do mundo. O que mais lhe

Reflexões

canastreiro

burrito

doia era veríficar como se con-
trariam as vocações dos seres,
humanos ou não, que povoam
a vastidão da terra. Ele mesmo
se sentia pintor ao contemplar
os relvões de Abril pungidos

por João Maia

das primeiras flores e por falta
de tintas e pincéis aíinda não
expusera o primeiro quadro.
Reparassem, porém, no carnei-
ro seu vizinho. Feito para as
longas transumâncias, idas ao

Continua na 2.º página

E PROGRESSO 11 MAR, o7

 

@@@ 1 @@@

 

Página 2

O RENOVADOR

16 de Fevereiro de 1974

De semana a semana NAS

(De 4 a 10 de Fevereiro)

EM PORTUGAL

4 — Faleceu o Dr. Pedro Pitta, pre-

sidente da Academia de Ciências e
antigo bastonário da Ordem dos Ad-
vogados.
— Na Faculdade de Medicina de
isboa foram descobertas pelas po-
licia, instalações e material clandes-
tino.

5 — Foi nomeado reitor da Uni-
versidade de Luanda o prof. Fer-
nando Real.

— No Norte de Moçambique foi to-
talmente reconstruída a aldeia de
Licole que foi arrasada pelos terror-
Tistas em 1962 e que, presentemente
alberga já duas mil e quinhentas
Dessoas.

6 — O Conselho de Ministros, reu-
nido sob a presidncia do dr. Mar-
celo Caetano, resolveu substituir o
regime actual do condicionamento in-
dustrial, isentar de direitos de impor-
tação do papel de jornal, adjudicar
a construção dos hospitais de Coim-
bra e ocidental de Lisboa e atribuir
a concessão das zonas de jogo de Es-
pinho e Póvoa de Varzim.

— A Companhia Colonial de Nave-
gação e a Empresa Insulana de Na-
vegação fundiram-se numa só so-
ciedade com a designação de Com-
panhia Portuguesa de Transportes
Marítimos e o capital de 770 mil con-
tos. AÀ sede é em Lisboa.

8 — Os preços dos sabões € çíg-
tergentes deixaram de estar sujei-
tos a homologação prévi

9 — O coronel Oliveira Seguro foi
nomeado Governador de Cabo Verde.

— A partir de 1 de Julho deixam
de ser tabelados os preços de venda
dos adubos.

10 — A Administração Geral do
Açúcar e do Álcool tornou público

Aquil,

Continuação da 1.º página

viver e até para ali passar umas
férias. A Cela é composta por
muitas povoações e todas elas,
têm nomes metropolitanos. Dá-
-se tudo: milho, feijão, batatas,
cebolas e todo o artigo hortícula.
Como na Metrópole.

Mas… venha, não se arrepen-
da!

Depois da Cela, encontramos 0
Alto do Hama, que há pouco tem-
po atrás era um local como tan-
tos outros que há por cá ou mes-
mo por toda a parte. Hoje, toda
a Angola conhece Alto do Hama.
E porquê? Porque se de’scobrr
ram umas águas termais que
têm feito verdadeiros milagres
nesta gente. Segundo os dados
técnicos descritos nas garrafas
e contirmados por analistas habi-
litados, essa água faz bem qua-
se a todos os órgãos do corpo.
Nasce à 45.º de calor com um
caudal de muitos milhares de li-
tros por hora. Em todo o Estado
de Angola, hoje bebe-se esta
água. Estão a fazer-se no local,
instalações duma grandeza de tal

ordem que não faltará nada. Pos- .

sivelmente e inesperadamente,
em breve teremos ali uma cidade.
Sim, porque aqui com facilidade
se promove uma cidade, basta
que haja qualquer coisa que o
justifique.

Mas…
panhe-me.

Nota curiosa é que, na Metró-
pole, se não é num lado é neutro,
fala-se de terrorismo. Aqui, exac-
tamente aqui, ninguém fala nele.
Regressei hoje da viagem a que
acima aludo, e reparei que nem
um simples canivete levei comi-
go. E, caro leitor, percorri segu-
ramente, três vezes o território
da nossa parcela Europeia. De
noite ou de dia, tal como faço aí
e por locais desérticos de muitos
quilómetros. Por exemplo, de
Quilengues a Benguela, são cer-
ca de 250 quilómetros e passei-
-os de noite.

É certo que é uma região onde
nunca se deu sinal de tal coisa.
No entanto, nós aqui nunca sa-
bemos onde possa estar o tal
bando dos «turras».

Não sei o que se passa, o que

venha, venha, acom-

que está garantido o normal abaste-
cimento de açúcar ao país.

— Por portaria do Ministério da
Economia ficam sujeitas ao regime
de homologação prévia as sanduíches
de fiambre e de queijo flamengo.

— Na TV dinamarquesa foi apre-
sentado um filme que mostra que a
bandeira portuguesa continua hastea
da na Guiné, ao contrário do que
pretende fazer crer a propaganda
dos terroristas.

NO MUNDO

4 — Realizaram-se conversações
na Casa Branca, entre Nixon e Gro-
miko que discutiram a presente con-
juntura mundial.

õ Os terroristas irlandeses fize-
ram explodir, em Leeds, um auto-
carro que transportava militares.
Houve 11 mortos e 14 feridos.

6 — Ronald Biggs, condenado na
Inglaterra a trinta anos de prisão
por assalto e roubo a um cqmboin
que transportava mais de dois mi-
lhões de libras, foi preso no Brasil.
As autoridades brasileiras só o en-
tregarão às autoridades ingl
após um pedido ofícial de extradi-
ão.

ç, Paulo VI destituiu o cardeal
Mindszenty do título de Primaz da
Hungria.

7 — O Governo japonês aceitou en-
tregar quatro guerrilheiros retidos
em Singapura, em troca do seu em-
baixador no Koweit.

8 — Heath, primeiro miz]is_tm da
Grã-Bretanha, anunciou eleições ge-
rais para o dia 28 do corrente.

9 — O Exército ocupou o poder no
Estado do Alto Volta, na África Oci-
dental.

— Na Inglaterra começou a greve
geral dos mineiros.

ngola

é certo é que nós aqui usamos
esta mentalidade: Não parar. O
medo do que possa acontecer,
fica em casa. No entanto, eu di-
go-vos: os brancos que fazem
a sua vida no mato, sobretudo
os que trabalham em certas zo-
nas, quanto a mim, são uns ver-
dadeiros heróis. Sabemos que há
sempre o perigo de um ou ou-
tro caso poder acontecer e estes
homens que fazem grandes des-
locações por estrada, sobretudo
em certas zonas, podemos ava-
liar a coragem e a vontade de
progredir de que são dotados.
São estes homens que enrique-
cem a nossa exportação e a nos-
sa estabelização aqui em Angola.
Digam o que disserem porque
não esquecemos o que dizia Lin-
colh aos seus generaís: tomemos
os campos que as cidades caem
por si.

Mas… oiça esta: O nosso Go-
vernador, há pouco, num discur-
so disse ao povo de Angola: «Te-
mos que nos habituar a não pen-
sar pequeno», Sim, é verdade, e
eu acrescentaria:… e a pensar
que somos um país por «exce-
lênciar migratório… E uma Áfri-
ca sem gentel!!!

Luanda, 5-2-1974.

— MANUE

beira da E. N. 237.
Preços de concorrência.

de Dezembro passado
nasceu em Lisboa o menino
João Filipe Dias Luís, filho do
nosso estimado amigo e assinan-

te, senhor João Luís, chefe de

mesa do Hotel de Seteais e de

sSua esposa.

O lar deste nosso conterrâ-
neo, natural de Vilar Barroso
(Oleiros) foi assim aumentado,
pois já tinha outro rapazinho de
nove anos.

Ao bebêé e a seus felizes pais,
endereçamos os votos das maio-
res venturas.

— No Instituto Maternal em
Coimbra, deu à luz um robusto
menino, no dia 5 do corrente,
a Srº D. Judite da Conceição
Pires Farinha Lopes dos Santos,
esposa do nosso amigo Sr. Ló-
cio Lopes dos Santos, chefe das
oficinas da Auto Santo Amaro,
da Sertã.

Desejamos ao bebé as maio-
res felicidades e damos aos país
os nossos parabéns.

Escrevem
0S nossos leitores

Continuação da 4º* pág.

artigo que adjunto à presente
carta, Como é do conhecimento
de todos «O Renovador» através
das suas esclarecidas colunas é
um defensor acérrimo e honesto
de todos os problemas que afec-
tam a nossa região e o país, por-
tanto, espero que minhas pala-
vras mereçam a vossa aprovação
e sejam publicadas com um úni-
co fim — o construtivo.

Aproveito à oportunidade para
enviar 1 000$00, dos quais 600
se destinam a pagar três anuída-
des e o restante para os pobres
que o vosso semanário protege.

Com toda a estima e conside-
ração, subscrevo-me, s$. ss. q.
e:s.m,

Eugénio Vaz Serra

NOTA DA REDACÇÃO — A
todos estes leitores e amigos, o
nosso mais sentido bem hajam
pela amizade que nos votam e
estímulo que nos trazem,.

Etos de Fundada

Continuação da

4* pag.

militar, seguiu por via aérea no
passado domingo, dia 3 de Feve-
reiro, para o nosso arquipélago
dos Açores o Miliciano, Carlos
Alberto Viana Laranjeira, filho de
Manuel M. Laranjeira (nosso
actual presidente da Câmara Mu-
nicipal) e de Maria da Encarna-
ção Viana Laranjeira.

Votos para que tenha feito
óptima viagem e que seja feliz
na continuação do cumprimento
do seu dever. — (C.)

A

MENDES

MOUTINHO JUNIOR
& IRMÃO

ANSIÃO

Extracção de Britas de Calcário

Pedreiras no Alto da Serra a 2 quilóm. de Pontão — à

Escritório-Sede — Ansião — Telefone 78

 

Continuação da 4º* pàg.

moso, um aviso limitando a ve-
locidade nas estradas do Paiís.
No entanto, ao entrar na via que
me levava ao Sabugal e daí a
C. Branco com destino a Cerna-
che, verifiquei que nos sítios on-
de a estrada permitia, todos ou
quase todos, iam a uma velo-
cidade muito superior à permiti-
da pelas nossas autoridades. To-
dos, com rara excepção, mostra-
vam certa superioridade. Claro
que essa superioridade só se po-
de admitir pela falta de princi-
pios educacionais e por um cho-
cante desinteresse ,ge.’os proble-
mas que afligem o país pela fal-
ta de combustível. Se o nosso
Governo, como o de outros paí-
ses mais ricos, pede esse limite
de velocidade, é para salvaguar-
dar os altos interesses do País.
Não é um capricho. Portanto,
qual o motivo de tal descaramen-
to? É de lamentar e de admirar,
que tendo feito cerca de 500 qui-
lómetros pelas nossas estradas,
não tenha encontrado uma bri-
gada de trânsito. Assim «os in-
conscientes», ao saberem que
os riscos da multa ou qualquer
outra sanção são quase nulos,
fazem o que querem, esquecen-
do que a lei mesmo sem fiscali-
zação é feita para se cumprir.
Mas para isso tem que haver
civismo.

Depois queixa-se a maioria do
português de tantas «coisas»,
mas esquece que não faz nada
para colaborar na grande refor-
ma em que o nosso Governo es-
tá empenhado para melhorar o
nível de todos nós.

Recordando, Passando no ve-
rão passado pela Madeira, e num
dos mais maravilhosos percursos

CIMENTOS CARTA DE ESPANHA

da ilha, dizia um viajado homem
de negócios de nacionalidade es-
panhola: isto pode-se conside-
rar único. É na verdade, um pa-
raiso. Entretanto dizia o taxista
em voz baixa: é verdade, mas
menos mal que vai para cinco
anos que outro Sol começa a
aquecer esta ilha. Andávamos
mais ou menos derivando, vivia-
mos num mundo de ilusões, Ago-
ra devido a um Homem, todos
temos mais confiança. Deus lhe
dê saúde para continuvar, pois o
resto não lhe falta. Continuava
dizendo em voz baixa: aqui está
o aercporto. Era para ser feito
em outro local, mas para não
ferir certo «senhor» ficou aqui!
lsto em pleno século XX é
inadmissível.. No entanto esse
bom português, quer terminar
com essas anomalias ali. Aqui e
em todo o lugar Nacional. É pre-
ciso compreensão e calma de
todos nós, pois desencalhar um
«barco»r necessita muita perícia,
inteligência e colaboração.

Nos Açorés, as centenas de
turistas que viajavam no «Prin-
cipe Perfeito», não ficaram me-
nos admiradas com tanta e va-
riada beleza. Todos eram unâni-
mes em.dizer: como pode a na-
tureza dar tanto, e o humano ra-
cional tão pouco.

E é verdade. Ao ver aqueles
belos campos, pensamos rapida-
mente: como pode faltar o leite
e a carne no Continente? Que se-
ria destas ilhas aproveitadas pa-
ra o turismo? Entre a boa gente
açoreana ká muita fé em melho-
res dias. Assim seja, para bem de
todos.

E hoje por aqui me fico, tran-
quilo como antes de começar es-
tas linhas, pois a verdade não po-
de implicar medo.

AGUARELAS

Continuação da 1.º página

estrangeiro, turismo farto e
alegre — pois não senhor, sem-
pre preso à argola a comer num
um provincianismo tacanho. E
coucho ignóbil, sacrificado a
a cabra que mora na mesma
rua? Uma dama de alto lá, com
dois cornitos que nem feitos ao
torno, feita por igual para gran-
des caminhadas, para a vida li-
vre e para mimosas ladroeiras
em hortas sem valados, — ali
encurralada e ordenhada a to-
das as horas porque o dono
adoeceu e está só a leite… E
o canito ladrador só com dois
palmos de corrente e sempre
a comer de magro quando os
coelhos inçam por aàí mais bas-
tos que os pecados? Já o ga-
telho que não faz a não ser to-
mar o sol, cofiar os bigodes de
conselheiro e murar algum ra-
to — aí anda todo frança bem
tratado e sempre à solta. E pe-
lo espírito do burrito passava
um coice destinado ao bichano
mal o pilhasse a jeito. Para
o desempoçar destas reflexões
lá vinha a vergasta do dono e
então pelo caminho, toc-toc,
virava o intelecto agente para à
vida dos homens e considerava
que nesse capítulo as coisas
não iam melhor. Um homem
com decisiva queda para me-
garefe via-o metido a humanis-
ta clássico a soletrar Virgílio,
um homem apontado para rela-
torista camarário via-o candi-
dato ao Parlamento e a fazer
discursos — intermináveis — nos
adjuntos — festivos; lagareiros
prestimosos via-os exilados em
profissõêes como vedores da
fazenda e chantres de cate-
drais, dicionaristas pesadões
como o Sampaio Bruno meti-
dos a jornalistas e até, ó céus,
um sofrível mercador feito mi-
nistro para perdição dos povos
E deu em revolucionário um
tal que tinha nascido explicita-
mente para juiz de paz. O bur-
rito ria para os seus adentros,
“porque enfim, mal de muitos
consolação de todos! Tivera co-
nhecimento — ultimamente de
uns consultórios de psicologia
onde as vocações se aclaravam

e donde sãam’ vs Hhomens
apontados a médicos para me-
dicina e os para advocacia para
advogados. Mas vistas bem as
coisas as mortes seguiam na
mesma proporção e os que ti-
nham o baraço aào pescoço nos
tribunais lá continuavam com
a situação agravada. Os psicó-
logos é que andavam mais lus-
trosos. Pudera, não tinham
mãos a medir, encareciam as
consultas à pontos de os ciga-
nitos que liam as sinas fórmu-
larem queixa contra a desleal
concorrência, Os juízes ainda
não decidiram a causa mas ba-
coreja-se que os ciganos vão
ganhar. Bem feitol Em ques-
tões de ética este burrito po-
dia escrever uma de tomo co-
mo a que Aristóteles endossou
a Nicómaco. Na repartição dos
benefícios à bicharia vissem
só o que acontece com as
moscas. O bicho-homem in-
ventou os poses que as tos-
quiam mas lá de socorrer a bur-
rical família nem pensar. Bas-
tava uma sulfatadela em todo
o curral durante a noite e elas
morriam todas e já não atribu-
lavam uma pessoa, ia o buirito
à dizer, mas reparou que não
era pessoa. O que à filosofia
deste burrinho dava o maior
encanto é que era toda per-
vadida de muita paciência. Se
cotejava o seu sistema como
o dos humanos superiorizava-se
todo com pensar que o seu,
embora aristotélico no trave-
jamento, era muito pausaádo,
muito silencioso onde umas
leves ironias nunca chegavam
àa maldosas. E louvava-se nisso,
arrepiado da berraria que es-
trondeia nos arraiais filosóficos
dos humanos. O que mais lhe
dói é não poder por enquanto
escrever esta sua filosofia. Mas
consola-se com considerar que
também houve homens que
passaram a vida a prometer
uma filosofia e nunca no-la de-
ram. Guerra Junqueiro, por
exemplo, que dizem que era
um grande poeta. Portanto na-
da de tristezas. E 0 burrito or-
nejava sacudindo à cauda e
afilando as orelhas.

 

@@@ 1 @@@

 

16 de Fevereiro de 1974

RENOVADOR

Página 3

CRISE NA IGREJA? [NEM NOS ACONE?

Continuação da 1.º página

sempre se deu na Igreja desde
a primeira comunidade pós-pas-
cal? Aqui, a crise terá o nome
de autoritarismo; ali, terá o nome
de anarquia, heresia ou cisma;
mais além, terá o nome de si-
monia ou de plutocracia; acolá,
terá o nome de carreirismo, de
oportunismo, de vontade de po-
der, de conformismo com o mun-
do, no sentido pejorativo deste
vocábulo.

O que é que, na sua opinião,
especiífica a crise actual?

A crise actual especifica-se, a
meu ver, por um vasto e com-
plexo aglomerado de factores e
de aspectos tão opostos e con-
traditórios que eles dão à crise
actual da Igreja uma . fisionomia
sem precedentes.

Poderia nomear alguns desses
factores e aspectos?

Vou tentar a enumeração dos
que me parecem mais relevantes:

— a tensão entre os dois ex-
tremos do cintegrismo» e do
«progressismm);

— àa tensão entre o centro
(Roma) e certas zonas da peri-
feria (igrejas locais);

— a tensão, em várias zonas
do Globo, entre o vértice (hierar-
quia) e a base (padres ou sim-
ples leigos); tensão que, aqui e
além, tem conduzido à disrupção
na marginalidade;

— a diminuição relativa, e,
em certos casos absoluta, do
número dos efectivos; cristãos
que abandonam a Igreja, silen-
ciosa ou ostensivamente; padres
que deixam o ministério; religio-
sos e religiosas que «descobrem»
outra vocação, jovens, muitos
jovens, a quem a Igreja nada diz;
– — a deterioração da credibi-
fidade institucional cristã depois
da «primavera» que representou
a grande esperança conciliar;

— a confusão naquilo em que
se deve acreditar e ou naquilo
que se deve fazer, trazida por
uma espantosa multiplicação de
opiniões contraditórias;

— a proliferação, consequente,
de grupos, de grupinhos ou de
grupúsculos, que, não raro, im-
pedem a visão da unidade da
Igreja, tão particularistas eles se
revelam;

— a inflação dos esquemas de
reforma, esquemas, que, em ge-
ral, oscilam entre os extremos
ou de uma lgreja na diáspora de
pequenas comunidades, ou de
uma lIgreja criadora de infra-es-
truturas para uma nova cristiani-
zação de massas;

— o contraste, afirmado em
instantes, de princípio, entre a
radical politização e a radical
despolitização dos cristãos;

— a impressão de desaba-
mento que, não poucos vão ten-
do de toda a sistemática católica
de há poucos anos atrás: nas
instituições eclesiásticas, no di-
reito, na moral, no próprio do-
qgma;

— a anomia carismática de al-
guns e a vontade restauracio-
nista de outros;

— a desidentificação da lIgreja
consigo própria, perceptível co-
mo tal, aos olhos de muitos —
cristãos e não cristãos — e ge-
radora de confusões e de confli-
tos de toda a ordem.

O quadro que V. acaba de tra-
çar é sombrio. À primeira vista,
pelo menos, qual a sua leitura
desse quadro?

A minha impressão — não
imediata, claro, mas reflexa —
é de optimismo, apesar de tudo.
Optimismo dado pela féê e por
uma análise tanto histórica como
sociológica.

A fé diz-nos, embora através
das obscuridades que lhe são
próprias, que o espírito de Jesus
nunca faltará à sua Igreja, que o
Paráciito sempre lhe assistirá até
à obsorção da História pela Eter-
nidade.

A análise histórica diz-nos que,
no passado houve na Igreja cri-
ses mais graves, crises que a
mesma lgreja superou; a crise
do arianismo, contemporânea da
emergência do constantinismo;
a crise do século X, designado
o «século de ferro»; a crise, no
século XIll, do esplendor do po-
der temporal de Papas e de Bis-
pos:; a crise do Grande Cisma do
Ocidente; a crise da Reforma e
das querras de religião. E são
apenas alguns exemplos.

A análise sociológica mostra-
-nos hoje na Igreja, a par de mui-
tas estruturas. carcomidas, de
muito conformismo com o mun-
do, de muitos colusionismos
com os poderosos da terra —
tanto do Oeste como do Leste,
é bom acentuá-lo — esforços de
verdadeira renovação. Esses es-
forços aparecem um pouco por
toda a parte e vão desde o do-
mínio litúrgico ao domínio polí-
tico, passando pelo domínio da
formulação dogmática e da cria-
ção de comunidades que vivem,
não à escuta de qualquer ideolo-
gia da hora, mas à escuta do
Evangelho de Jesus.

Já que tanto se alongou sobre
a crise da lgreja, quer dizer-nos
algo sobre a crise da Igreja em
Portugal?

A crise da Igreja no nosso País
não me parece revestir origina-
lidade especial. É uma crise real,
sem dúvida, que reflecte a crise
que atravessa o mundo e a cri-
se que atravessa o país, Deriva
esta última da rápida transfor-
mação que está a sofrer a nossa
sociedade e dos dois factos mui-
to graves, que ela está a supor-

tar: a guerra no Ultramar e a
Emigração

Quer indicar-nos algumas vias
de solução para a crise da Igreja
entre nós?

Parece-me possível apontar
várias. Neste momento, no en-
tanto, só quero referir-me a uma:
a convocação, pelos pastores
responsáveis, de um Sínodo na-
cional.

A última vez que essa instân-
cia da lgreja se reuniu em Por-
tugal foi em 1926: quase há 50
anos!

Ora, no intervalo, já tantas coi-
sas se deram, ao nível eclesial
universal — e ão nível eclesial
em Portugal, que esses aconte-
cimentos, se os soubéssemos
ler à luz do Novo Testamento e
do Vaticano |l, parecem acon-
selhar uma reunião desse género.

Um Sínodo nacional, bem pre-
parado e realizado em espírito de
amor à Igreja e aos homens, te-
ria, a meu ver, grandes vanta-
gens. Além de outras, estas:

— consciencializar-nos para as
transformações — realizadas — na
Igreja ao longo dos últimos dez
anos, e que foram mais vastas e
profundas que as ocorridas nos
últimos quatro séculos, entre
1563 (data da clausura do con-
cíilio de Trento) e 1963 (data da
abertura do Concílio Vaticano
); :

— habituar-nos à prática dia-
logal, se é que não iniciá-la;

— habituar-nos a tomar co-
mo nossos — e não apenas de
alguns, na hipótese, os Pastores
responsáveis — os problemas
do povo de Deus em Portugal.

Continuação da 4.º págine

É vulgar verem-se os animais
instalados paredes-meias com as
pessoas, ou nas dependências
que servem de adegas. O estru-
me mistura-se com os pipos.
e o odor dos excrementos dos
animais invade os quartos, as sa-
las e as cozinhas.

O interior de algumas casas,
que mais não são do que sim-
ples barracas de pedra e barro,
é desolador.

São vulgares, exemplos de
desconforto. No interior das ca-
sas, divisa-se um quarto… e
uma cozinha, onde as pessoas
apenas dormem e comem, por-
que as dejecções, essas fazem-

Emília de Jesus

Farinha Cardim
AGRADECIMENTO

Adelina Cardim Farinha, José
Inácio Cardim, Anselmo Farinha
e netas, vêm manifestar o seu
mais profundo reconhecimento a
todas as pessoas que se digna-
ram acompanhar na sua doença,
Sua estremosa mãe, esposa e so-
gra e avó e a acompanharam à
sua última morada, desejando
distinguir muito particularmente
o ilustre clínico, senhor Dr, Ro-
gério Marinha Lucas, que tão de-
dicadamente a tratou.

PROPRIEDADES

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PROPRIEDADE – HORIZONTAL

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-se cá fora, nos monturos, onde
se acumula o desperdício de mui-
tas vidas: restos de comida, latas
de conserva, lixo diverso e lama.
E também, onde as crianças en-
contram um espaço para as suas
brincadeiras, as mesmas crianças
que vão sofrendo graves carên-
cias alimentares e debatendo-se
com problemas de ordem física
e intelectual.

ASSISTÊNCIA

A assistência na doença é ou-
tro dos grandes problemas da
população das várias localidades.
Isoladas e mal servidas de aces-
sos, não é fácil fazer chegar o
médico àquelas localidades.

SOBREVIVER

Como vive a gente de Amiei-
ra?… Em que se emprega? Que
come? Que bebe?

Homens e mulheres, a menos
que tentem os difíceis caminhos
da emigração, nada mais lhes
parece restar do que permanece-
rem agarrados aos trabalhos de
estrutura arcaica do campo.

Vão trabalhando nas fazendas;
as muliheres geralmente dedicam-
-se aos trabalhos mais leves; os
homens executam tarefas . nor-
malmente mais pesadas e de
maior responsabilidade. A poda
da vinha por exemplo.

A alimentação desta gente é
muito deficiente. À carne, o pei-
xe e a fruta são luxos que só ali
entram esporadicamente. O que
lhes vale são as batatas e o fei-
jão que a terra vai produzindo, e
pouco mais… É vulgar verem-se
as mães mastigarem os alimen-
tos na sua boca e darem à boca
dos filhos. Para estes adorme-
cerem molham a chucha em
aguardente, açúcar…

Dado a nossa pobreza ou es-
quecimento, não temos por aqui
qualquer meio de informação,
que possa ajudar a nossa cultura
em dgeral.

Será que este estado de coi-
sas… ainda vai durar por muito
tempo?

Fábrica

de aglomerados
na Sertã

Continuação da 1º página

O Alvará foi publicado no
Boletim Semanal da Direcção
Geral dos Serviços Industriais
de 30 de Joneiro ftindo.

Na reunião foi aprovada a
minuta dos Estatutos da so-
ciedade canónima a constituir
para a exploração da indús-
tria de painéis de partículas
de madeira e outros fins re-
lacionados, os quais vão
agora ser submetidos à apro-
vação da Direcção Geral dos
Serviços Industricis.

Foi igualmente estabeleci-
da a forma de proceder à
constituição da caução de
2500 contos exigida pelo Al-
vará. para garantia do cum-
primento das condições im-
postas, e a executar no pra-
zo de 60 dias.

Nomeou-se, entretanto, uma

comissão destinada a inven-
tariar as hiplóteses de aqui-
sição do terreno para instala-
ção da fábrica que se prevê
seja junto à Vila da Sertã,
dependendo, no entanto, a
definição do local exacto
temto do parecer de técnico
competente, como da aprova-
ção da Câmara Municipal.

Uma outra comissão fticou
encarregada de estudar os
aspectos técnicos do em-
preendimento com consulta
prévia de entidades ou indi-
vidualidades — especializadas
na indústria de painéis de
partículas.

 

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Página 4

O RENOVABDOR

UEM NOS ACODE? Escrevem

OS nossos leitores

Por
José Domingues Mendes

A CIVILIZAÇÃO

AINDA NÃO CHEGOU

A ALGUNS QUILÓMETROS
EM REDOR DE OLEIROS

Na estrada 238, Sertã — Fun-
dão, entre a serra de Alvelos e a
de Muradal, encontra-se uma vila
que se chama Oleiros, sede de
concelho. À sua volta, pequenas
aldeias. e vários lugarejos de ca-
Sas assentes em chão rochoso
marginando vielas estreitas, pe-
dregosas e enlameadas. Caracte-
rizam-se por uma economia pre-
dominantemente entregue a acti-
vidades do sector primário em
especial a agricultura. Vivem os
seus habitantes, esquecidos pela
civilização, nos morros que me-
deiam as regiões de alguns à
sua volta.

Podemos tomar como exem-
plo, entre várias a freguesia de
Amieira. Ali, onde o vento chi-
bateia sem piedade, velhos e no-
vos são gente humilde, pobre,
obstinada na generosidade sim-
ples da sua experiência acumula-
da por anos e anos de trabalho e

CARTA DE

por

OBSERVAÇÕES
E RECORDAÇÕES

De Cemache do Bonjardim
à Madeira e Açores

Da última vez que estive em
Cernache do Bonjardim, verifi-
quei a instalação de novos sinais
de trânsito, tentando talvez re-
gular o que estava abandona-
do, sendo de louvar tal proceder.
No entanto, parece-me que se
esqueceram do mais importante,
ou seja, um que limitasse a ve-
locidade dentro da vila. Não se
pode aceitar, nem explicar que
nesse troço da estrada nacional,
automóveis, camionetas, moto-
rizadas, façam do mesmo uma
autêntica pista de corridas, es-
quecendo por completo que ela
é utilizada por centenas de pes-
soas, muito principalmente crian-
ças que na sua infantilidade ca-
recem de sentido de defesa. Cla-
ro, que é indispensável essa si-
nalização, mas não menos ne-
cessário é que haja a autorídade
competente que a faça cumprir,
pois, de contrário, todas as me-
didas que se tomem serão inú-
teis, ou simples e triste passa-
tempol!…

Outro «caso» que me chamou
fortemente a atenção, foi ver a
construção da «desejada»n Casa
do Povo tal e qual como há me-
ses passados. Haverá assim tan-
ta abundância que nos permita
o luxo de se gastarem já algu-
mas centenas de contos numa

OLEIROS

DR. ABÍLIO LOPES PEDRA

Tomou posse do lugar de di-
rector da Escola do Ciclo Prepa-
ratório, P. António de Andrade,
de Oleiros, na passada terça-fei-
ra, dia 5, às 12.30 horas, posse
que lhe foi conferida pelo Sr.
Alfredo da Silva Fernandes, pre-
sidente da Câmara Municipal da-
quela vila, o Sr. dr. Abílio Lopes
Pedra.

Usaram da palavra, durante a
cerimónia, o presidente da Câ-
mara Municipal de Oleiros e o
empossado. Ao acto, que por
desejo expresso deste último se
revestiu- da maior simplicidade,
devido -ao falecimento de sua
mãe, assistiram algumas pessoas
da sua amizade.

sacrifícios, que lança hoje as se-
mentes à terra de onde colhe o
pão que come amanhã.

Quem se desloque a Amieira,
via Oleiros, terá de percorrer uma
distância de 5 quilómetros em
estrada de macadame, mau piso,
cheio de regueiras feitas pelas
chuvas do inverno. Em toda a
sua extensão não tem qualquer
sinal. Os habitantes pedem que
esta via seja alcatroada.

Não há luz eléctrica em Amiei-

. A electricidade chegou per-

to e parou. Porquê? — pergun-
tam os seus habitantes. Ninguém
responde. As suas casas, na

maioria de dimensões muito re-
duzidas e construídas de pedra
e barro, escondem-se nas noites
de medo deixando escapar ape-
nas o clarão vermelho das larei-
ras ou a luz ténue das candeias
de petróleo ou azeite.

HIGIENE

Não existem princípios de hi-
giene, devido, provavelmente, à
falta de educação e informação
da população. A carência de
meios é outra causa flagrante.

Continua na pág. 9
– m

ESPANHA

Eugénio Vaz Serra

obra de grandíssima utilidade so-
cial, e que dum momento para
o outro se abandone? Porque não
se esclarece a opinião pública?
Serão interesses criados na pró-
pria vila que impedem a sua con-
clusão? Continuam rivalidades
internas a impedir o desenvolvi-
mento de terras já por si tão
castigadas? Parece-me que in-
felizmente assim é — e é pe-
nal… Do que não pode haver dú-
vidas é que se torna urgente um
esclarecimento sobre este «caso»
que a todos de bom senso intri-
ga e com razão.

Seguindo em observações co-
mo bom português que me prezo
de ser, notei no interior do edifi-
cio da alfândega em Vilar For-

Continua na 2.º págins

A MANEIRA NOTÁVEL COMO
O NOSSO RENOVADOR SE TEM
DEDICADO AO PROGRESSO E
RENOVAÇÃO DESSAS NOSSAS
QUERIDAS TERRAS

DA COMARCA DA SERTÃ

Ex.Ӽ Senhor
Director de «O Renovador»

Tenho o prazer de cumprimen-
tar a V. Ex.º assim como toda a
família de «O Renovador», dese-
jando a todos as maiores ventu-
ras e ao mesmo tempo mostrar-
-lhes todo o meu apreço e admi-
ração pela maneira notável como
o nosso «Renovador» se tem de-
dicado ao progresso e renovação
dessas nossas tão queridas ter-
ras da Comarca da Sertã, que
nos serviram de berço.

Essa minha admiração é ain-
da maior sabendo das limitações
que o nosso RENOVADOR tem.

Pela minha parte venho volun-
tariamente — aumentar a minha
assinatura para 150$00, o que
não é na verdade muito, mas es-
pero assim contribuir com este
pequeno aumento para que O
nosso RENOVADOR possa pros-
seguir, e que semanalmente o te-
nhamos em nossas casas, tra-
zendo notícias que sempre an-
siosamente aguardamos da nos-
sa comarca da Sertã.

Um abraço do

João Luís

O NOSSO JORNAL QUE TANTO
TEM FEITO EM PROL DO BEM
COMUM DA NOSSA REGIÃO

Ex.””º Senhor
Director de «O Renovador»

Acabo de remeter, por vale de
correio a importância de 120$00
(cento e vinte escudos), para
pagamento da minha assinatura
referente ao corrente ano.

É pouco, mas de boa vontade,
como costuma dizer-se.

Quero testemunhar a V. Ex,
Senhor Director, e a todos os
seus colaboradores, que, embora
muito modestamente, estou pre-

Zcc—á 6/2 %m&fí/g

NA MÃO DE DEUS
O BENEMÉRITO
ANASTÁCIO CRISÓSTOMO

Na sua residência na Avenida
da República n.º 113.º em Lis-
boa, (onde residia há já 35
anos), faleceu no passado dia 5
do corrente mês com 75 anos de
idade o generoso e bondoso
Anastácio Crisóstomo.

Era natural da povoação de
Vilar do Ruivo desta freguesia,
onde deixou bem gravado o seu
nome. No ano de 1971, em sinal
de reconhecimento a S. João
Baptista (Santo Patrono da sua
terra natal) mandou construir
aqui uma capela para a qual con-
tribuiu com a quase totalidade
da despesa.

Embora se não pudesse cha-
mar fortuna aos meios que tinha,
contribuiu com donativos bastan-
te avultados para diversas inicia-
tivas culturais e instituições reli-
giosas.

Em 1969, foi dos mais genero-
sos contribuintes para a edição
do livro «Vila de Rei e o seu con-
celho», assim como em 1971, pa-
ra o livro «Vila de Rei e a sua
gente», para o qual contribuiu
também .com vultosa oferta, no
momento mais oportuno da sua
publicação. Prontificou-se a cus-
tear a totalidade do que fosse
preciso para efectivar a publica-

ção do livro em perspectiva, des-
tinando-se, depois, o produto da
venda ao fundo de assistência
dos nossos seminários. Deu as-
sim, não só possibilidades à pu-
blicação da edição do livro, co-
mo à sua venda à nossa gente
por um preço mais acessível. Tal
generosidade (assim como tan-
tas outras, de que tivemos co-
nhecimento), e escusado será ci-
tá-las, são bem exemplo de fé
prática e extrema bondade, e de
vivo amor à nossa terra. Que
Deus lhe pague são as nossas
preces, pois, segundo ele dizia,
tudo quanto dava era com O
pensamento em Deus. Constou-
-nos que à data da sua morte se
tinha já despojado de quase to-
dos os seus haveres. O seu cor-
po, após a morte foi conduzido
para a lgreja de S. Sebastião da
Pedreira em Lisboa, de onde no
dia seguinte foi trasladado para
o cemitério paroquial da nossa
freguesia, onde foi sepultado em
campa rasa privativa para si e
seus familiares.

Paz à sua alma e condolências
aos seus familiares.

CARLOS ALBERTO VIANA
LARANJEIRA

Em continuação do cumpri-
mento de seu dever no serviço

Continua na 2.º página

sente, para ajudar a viver o nos-
so jornal que tanto tem feito em
prol do bem comum da nossa
região.

Bem hajam todos pelo que
têm feito, e que Deus os ajude
a prosseguir a campanha de de-
senvolvimento da região Centro
do País, que bastante necessita-
da está de pessoas e de boa von-
tade.

Termino, com votos sinceros
de muita saúde para V. Exº e to-
dos os que o ajudam.

Com os meus respeitosos
cumprimentos

Francisco Barata

Lisboa, 6-2-1974.

O RENOVADOR É UM DEFEN-
SOR ACÉRRIMO E HONESTO
DE TODOS OS PROBLEMAS
QUE AFECTAM A NOSSA RE-
GIÃO E O PAÍS

Madrid, 6-2-1974

Ex.”* Senhor
Dr. José Antunes
Director de «O Renovador»

Ex.””º Sr. e Amigo
Agradeço a V. Ex.º publique
no seu prestigioso Semanário o

(Continua na 2.º página)

16 de Fevereiro de 1974

—— NA MÃO
DE DEUS

D. CLEMENTINA DE JESUS
SILV.

No passado dia 5 do corren-
te faleceu em Lisboa, em casa
do seu filho, a senhora D. Cle-
mentina de Jesus Silva, viúva
de Carlos Silva,. de Carnapete,
na freguesia de Sertã.

Deixa os seguintes filhos: —
António da Silva, casado com
Placide Soler da Silva; Adélia
de Jesus Silva Ferreira, casada
com Francisco Ferreira; Ade-
laide de Jesus Silva Pires, ca-
sada com Domingos Pires; Al-
bertina de Jesus Silva Pires, ca-
sada com Francisco Pires; Cle-
mentina de Jesus Silva Cardoso,
casada com Claudino Cardoso;
Helena de Jesus Silva Falcão,
casada com Armindo Falcão;
Natália de Jesus Silva Marce-
lino, casada com Ângelo da Sil-
va Marcelino; Clotilde de Je-
sus Silva Jorge, casada com
Fernando Jorge e Acácio da Sil-
va, casado com Maria Belíssi-
ma da Silva.

A saudosa extinta que era
muito estimada, deixa carinho-
sa recordação em quantos a
conheceram.

O seu funeral realizou-se no
dia seguinte para o cemitério
do Alto de São João, em Lis-
boa.

À toda a família e muito es-
pecialmente ao nosso particular
amigo, António da Silva, apre-
senta «O Renovador» € o seu
Director, a expressão do seu
pesar.

Pedrógão
Pequeno

INICIARAM-SE OS TRABA-
HOS DE CONSTRUÇÃO DA
E. N. Nº 350 ENTRE PE-
DROÓGÃO E MADEIRÃ

Foram já iniciados os traba-
lhos de construção do troço da
E. N. n.º 350 entre Pedrógão
Pequeno e Madeirã, numa dis-
tância de mais de 9 quilometros

A empreitada de que é adju-
dicatária a Firma nortenha
SOMEC — Sociedade Metropo-
litana de Construções — a mes-
ma que construiu o troço de
estrada entre Espinho Grande
e Perdigão, da E. N. n.º 241,
recentemente aberto ao trânsi-
to — importa em perto de 20
mil contos.

Entretanto procede-se à ins-
talação do estaleiro sito em ter-
renos localizados a pouco mais
de 300 metros do cemitério pa-
roquial no sentido do Vale da
Galega.

O traçado já existente, entre
Pedrogão Pequeno e Vale da
Galega é quase completamente
abandonado por não correspon-
der às características de uma

Sobreira
Formosa

Em casa de seus pais, e nos-
Sos amigos, senhor Júlio Luís
Sequeira Grilo e sua mulher Se-
nhora Dona Antonieta Cristina
Ventura S. Grilo, encontram-se,
vindos de Malange, sua filha Sr.º
D. Maria Gabriela Ventura Se-
queira Grilo de Melo Lobo e seu
filhinho, o simpático João Ma-
nuel, os quais aguardam a chega-
da de seu marido e pai, o nos-
so estimado assinante Sr. Ma-
nuel Joaquim de Melo Lobo.

Que passem umas férias muito
agradáveis são os votos de «O
Renovador».

estrada moderna como pretende
ser a que se vai construir.

A POVOAÇÃO DE BRAVO
PRECISA E MERECE

Sim a povoação de Bravo, a
maior da freguesia de Pedró-
gão Pequeno, com mais de 100
fogos, precisa muito de ser elec-
trificada. E! merece sê-lo.

Há vários anos foi elaborado
o respectivo projecto e, tal era
a vontade de se verem electri-
ficados, que alguns habitantes
começaram a cortar os pmhel-
ros do traçado a seguir pelo
cabo de alta tensão. Não era
preciso tanta pressa. Mas a
vontade de ter a energia fazia
sentir suave o prejuízo do corte
dos pinheiros.

Mais uma vez, a povoação do
Bravo merece que lhe ponham
depressa a electricidade nas
casas e nas ruas. Mas, quando
será ?

Tem .a palavra a Federação
dos Municípios de Castelo Bran-
co constituída em Agosto pas-
sado.

AS FORÇAS VIVAS DE PE-
DRÓGÃO PEQUENO DIZEM
DA SUA JUSTIÇA

Na passada terça-feira, dia
12 -de Fevereiro, as forçeas vivas
de Pedrógão Pequeno com a
Junta de Freguesia e acompa-
nhadas do grande regionalista

e Pedroguense, senhor A.ngelo
Pereira, deslocaram-se à Sertã
a fim de exporem ao Presiden-
te do Município as suas necessi-
dades e os sens anseios.

Gentilmente recebidos pela
autoridade administrativa, re-
gressaram convencidos de que
a diligência não fora inútil e
que os problemas da freguesia
são sentidos vivamente pela
Câmara Municipal que tudo
tem feito para lhes dar anda-
mento. Porém, por isto ou por

aquilo, em grande parte, sem
êxito.
Talvez agora seja… — (E.).