O Renovador nº2 21-02-1970

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AnoI— N.º 2

DB

21 de Fevereiro de 1970

 

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: »
Rua Lopo Barriga, 5-r/c — SERTÃ — Telef. 131

 

JOAQUIM MENDES MARQUES

DIRECTOR, EDITOR E. PROPRIETÁRIO:

 

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef, 22109 — Torres Novas

 

Sertá nos caminhos do futuro

Dividiu-se para estudo económico, o .
Distrito de Castelo Branco em três re-
giões a que se convencionou chamar:
Esqui DA BEIRA, CAMPO e FLORES-

A.

A primeira abrange os concelhos de
Covilhã, Belmonte e Fundão, além de ou-
tros do Distrito da Guarda.

O CAMPO engloba Castelo Branco,
Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha
de Ródão.

A FLORESTA pertencem os de
Oleiros, Sertã, Proença-a-Nova e Vila
de Rei, que constituem a Comarca de
Sertã.

A COVA DA BEIRA polariza-se à
volta da Covilhã e do Fundão e tem por
característica principal o aproveitamen-
to agro-frutícola da Região.

Estudada esta por um grupo de tra-
balho técnico-administrativo, arrancou
pioneiramente, no nosso Distrito, sob o
impulso de alguns e, pode dizer-se que
tem hoje estruturado um programa de
acção que o Estado patrocinará através
dos Planos de Fomento.

O CAMPO compreende a vastíssia-
ma região latifundiária com 378.000 hec-
tares de extensão, que vai de Sarzedas
à fronteira espanhola, com cerca de
130.000 habitantes e o polarizador de.
Castelo Branco.

Os seus problemas são de diversa
índole agro-pecuária, de reconversão
agrícola e de exploração industrial.
Aguarda os seus pioneiros. Também

para ela goará a hora do desenvolvi-
mento económico racional e organizado.
Agora interessa-nos meditar espe-

 

Paços do Concelho de Sertã, vistos de Poente

cialmente, e, por instantes, na Região da
Floresta.

Não surgem controvérsias, nem
quanto à delimitação da sua área, nem
quanto à equação dos seus problemas.

A realidade florestal impõe-se por
si mesma. É suficientemente determi-
nante de rentabilidade, à escala do Futu-
ro, para sofrer discussão.

O acidentado do solo, a escassez de
cursos de água abundante, ramificados,
a natureza dos solos xisto-arenosos, a
dispersão de pequeníssimos povoados, o
atraso cultural dos mesmos, sobretudo
nas suas camadas mais idosas, condu-
zem ôbviamente, a um tipo de explora-
cão económica, como a Floresta, onde é
apenas necessário aproveitar o condicio-
nalismo natural, organizar racionalmen-
te o circuito económico e transformar
industrialmente os produtos assim obti-
dos.

A aptidão florestal da área é domi-
nante em mais de 75% dos terrenos e a
possível produtividade destes por hecta-
re-ano, é dos de mais elevada percen-
tagem em toda a Europa.

A este contexto estrutural quanto a
solos, acresce um outro de comunicações
gerais e regionais, já de razoável eficiên-
cia, embora ainda muito susceptível de
aperfeiçoamento.

Por virtude da sua situação geográ-
fica, pelo sistema rodoviário que já pos-
sui, pela pequena infra-estrutura de tipo
urbano e de apoio técnico-administrati-
vo, através da sua Escola Industrial,

Continua na 3º página

 

 

A Casa de Deus… Na terra dos Homens…

E a Quaresma chegou…

Reboa ainda ao longo das
imensas e recolhidas naves das
Igrejas e Catedrais, o eco da-
quelas palavras tão graves e pro-
fundamente simbólicas: «Lembra-
-te é homem, que és pó e que em
pó te hás-de tornar»…

Os séculos e as gerações vão
passando, e a liturgia da Igreja
Católica, continua a lembrar-nos,
essa verdade, tão importante co-
mo necessária, para o homem
completar em si mesmo o que fal-
ta à Paixão de Cristo — a pe-
nitência —, pessoal, interior e ex-
terior, concreta e bem definida
na vida de cada homem e de
cada cristão.

Todos, mais ou menos dormi-
zeres diários, levados pelo tur-
bilhão das múltiplas ocupações

 

Mais de 70% da economia da
nossa Região do Pinheiro depen-
de da madeira e da resina.

Se os preços aumentam ou di-
minuem um escudo que seje em
quilograma de resina ou dez
escudos em estere de madeira, to-
da a vida económica regional se
ressente.

São os proprietários de pinhal
(mais de 10000) que vêem al-
terado o seu precário equilíbrio
orçamental. São os comerciantes
que medem a sua actividede pela
bolsa dos proprietários. São os
negociantes que auferem lucros,
em conformidade com o volume
pecuniário dos contratos. E até os
operários e simples artífices vêem

 

Condições

GRUPO DOS AMIGOS DE O RENOVADOR

de Assinatura

VIA NORMAL
Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanha

semestre: 40800
Estrangeiro — anual: 180800

VIA AÉREA

Províncias Ultramarinas
e Estrangeiro — anual: 180800

Número avulso: 1850

 

 

 

Todos os assinantes de O Re-
novador são nossos amigos. Os cor-
respondentes e colaboradores per-
tencem à família.

Mas desejávamos constituir um
Grupo especial de Amigos de O
Renovador.

Serão todos aqueles que, colabo-
rando connosco na valorização des-
ta grande zona florestal do centro
do País, de que O Renovador é
órgão, queiram contribuir com o mi-
nimo de 200800 pela sua assinatura
anual. Temos consciência de termos
criado um instrumento muito im-
portante do progresso destas terras.

E julgamos que o ideal que nos pro-
pomos seguir é aliciante. Ele encon-
trará, certamente, eco em todos os
que sentem os problemas e as ne-
cessidades de promoção social dos
quatro concelhos da comarca de
Sertã.

Mas, desde já queremos decla-
rar: — .O Renovador não preten-
de ser uma empresa de píngues lu-
cros; simplesmente deseja valori-
2ar-se, valorizando a Região.

Está constituído o GRUPO DE
AMIGOS de O Renovador. Quem
serão os seus primeiros sócios?

Os preços da Madeira

e da resina

melhor ou pior retribuído o seu
labor, de harmonia com as pos-
sibilidades de acção dos restan-
tes membros da comunidade.

Um dos males meis graves da
situação económica desta área é
a insegurança em que nela se vi-
ve sobre as possibilidades de ren-
dimento em cada ano.

Recordamo-nos, por exemplo,
dos percalços de 1962 em que, a
um ano em que, cada «bice» foi
paga entre 10800 e 15$00, se se-
guiu outro em que o rendimento
ficou reduzido a pouco mais de
um terço.

Temos presente o caso de há
dois anos em que de um momen-
to para o outro, e por virtude da
grande afluência de material le-
nhoso, provocada pelo derrube de
árvores resultante da neve em
Janeiro, as fábricas que aprovei-
tavam a «faxina», abateram 10$
e 20$00 no estere.

Em cada mês, em cada ano, as
oscilações sucedem-se com uma
frequência enervante, trazendo à
Economia regional, dificuldades
que facilmente se compreendem.

Além disso, e num outro pla-
no, são extraordinàriamente rele-
vantes as oscilações de preços de

Continua na 2.º página

bilhão das multiplas ocupações
deste nosso mundo, necessárias,
sem dúvida, mas que de forma
alguma devem ser absorventes.

Por isso, é de grande utilida-
de, fazermos de quando em vez,
uma pausa, pare. no recolhimen-
to de nós mesmos, melhor poder-
mos entender o conteúdo daquele
brado tão significativo, que é até,
por asim dizer, o lema a orien-
tar a vida do cristão neste tem-
po quaresmal que precede a ce-
lebração dos mistérios pascais.

A penitência é, pois, um meio
e como tal, prepara o homem pa-
ra melhor receber o precioso dom
da graça que Cristo nos alcan-
çou com a sua vida e muito es-
pecialmente com a sua morte na
Cruz. É precisamente da Paixão
de Cristo que todo o secrifício
*e sofrimento humano, tiram o seu
mais verdadeiro significado e va-
lor.

O cristão, sendo outro Cristo,
só o será de facto, na medida em
que aceitar sofrer ao modo de
Cristo, com resignação, – entrega
total e verdadeiro amor.

É, pois, com estas perspectivas
e com estes sentimentos que deve
receber aquele convite inicie], que
não é mais do que um pedido
implícito à pen’tência, formula-
do à maneira de lembrança ma-
terna pela Igreja, Mãe solícita e
universal do povo de Deus.

J. SANTELMO

LEITOR

Com este segundo número de
«O Renbvador» já podes come-
çar a fazer uma ideia do interes-
se, orientação e utilidade que pa-
ra ti representa este Semanário.

Não esperes que te seja envia-
do o recibo de cobrança da tua
assinatura. Toma a iniciativa de
remeter a importância estabele-
cida e que encontras noutro Io-
cal deste número, relativamente
ao primeiro semestre.

Deste modo aliviarás os nos-
sos encargos poupando-nos di-.
nheiro que será mais bem inves-
tido na melhoria da colaboração
e apresentação deste teu jornal.

Se te não for possível proce-
der assim, aguarda o envio do
aviso de cobrança.

Mas não leves a mal que ela se

 

ENOVAÇÃO As NIÃO PROGRESSONIÃO PROGRESSO

 

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Página 2

O RENOVADOR

Postal do Concelho de Oleiros

Continuação da 4.º página
e estranja, vai ser um ror de car-

A «pedincha» vai ser dana-
da!… À caminhada. vai ser dura.
Mas com a compreensão e boa
vontade de todos, o edifício do
Quartel dos Bombeiros Voluntá-
rios de Oleiros, além de engran-
decer, para já, a nossa Terra, fi-
cará a atestar às gerações vindou-
ras que ‘os Oleirenses, as gentes
do Concelho de Oleiros, Foram
e serão sempre uns tipos de rija
têmpera! Até mesmo no dar, que
faz doer…

A título de informação, pode-
mos já dizer que o senhor Al
fredo da Silva Fernandes deu o
exemplo, dando, para obra tão
meritória, a bonita quantia de
CEM CONTOS.

A esta dádiva, outras se segui-
rem, de outros tantos oleirenses,
como primeira oferta.

É digna de nota a oferta de
VINTE CONTOS, do senhor
José Esteves Garcia.

OLEIROS ALINDA-SE

Ao cimo da Rua Augusto Fer-
nandes, onde existia um velho
casario, em ruinas, surgiu um be-
lo e airoso largo, que se destina
a jardim e parque de estaciona-
mento de automóveis.

A obra ainda não está concluí-
da, Todavia, o local já beneficiou
bastante, Alindou-se.

ESTRADA DAS SARDEIRAS

Encontra-se em construção a
estrada, que vai ligar esta Vila
à povoação de Sardeiras de Bai-
Xo.

Esta povoação, uma das mais
importantes da freguesia de Olei-
ros, que se situa numa zona ser-
rana quase inacessível, já tem um
edifício escolar de duas salas, te-
lefone e cemitério, Vai agora ter
a sua estrada.

Os seus habitantes rejubilam.

Esta estrada é um melhoramen-
to importantíssimo para aquela
zona. Já pera escoamento de ma-
deiras e resinas, já pelos benefí-
cios inerentes a uma estrada.

Além de Sardeiras de Baixo, a
mencionada estrada vai ainda dar
acesso, directa ou indirectamente,
aos seguintes lugares e povoa-
ções: Foz da Lontreira, Cochar-
ro, Rabacinas, Lontreira, Casal
da Ribeira, Covão, Carujo, Sar-
deiras de Cima, Moutinhosa,
Fernão Porco e Folga.

ESTRADA DAS RABAÇAS

Já se encontra concluído o ra-
mal que liga aquela povoação Ã
Estrada Nacional n.º 238.

MANUEL RODRIGUES DAVID

Encontra-se nesta Vila, em ca-
sa de seus familiares, convales-
cendo de grave enfermidede, que
o levou a ser internado numa Ca-
sa de Saúde, o senhor Manuel
Rodrigues David, Vice-Presiden-
te cessante da Câmara Munici-
pal de Oleiros.

O RENOVADOR congratu-
la-se pelas melhoras do doente e
apresenta votos de completo res-
tebelecimento.

AMIEIRA

Encontrem-se já concluídos os
trabalhos de abertura e terrepla-
nagem do ramal de estrada, que
liga esta Sede de Freguesia à Es-
trada Nacional n.º 238.

Os trabalhos de obras de arte
vão bastante adiantados,

faça já a partir do quarto núme-
ro,

Facilmente compreenderás que,
tratando-se de um semanário que
inicia a sua publicação, só des-
ta maneira se poderá averiguar
da sua aceitação em concreto.

Por toda a tua imensa com-
preensão os nossos agradecimen-
tos.

à A Administração

CAMBAS

Já se encontram concluídos os
trabalhos de electrificação, baixa
e alta tensão, desta Sede de Fre-
guesia,

ESTREITO

Encontra-se na fase de acaba-
mentos a obra de construção da
nova igreja matriz, desta sede de
Freguesia.

Obra monumental, orçada em
dois mil contos,

Depois de concluída, deve fi-
car uma das mais belas igrejas
do Distrito de Castelo Branco.

O seu traçado é arrojado e mo.

ermo.

O Estado deu, pera a sua cons-
trução, quase quatrocentos con-
tos. Os restantes mil e seiscentos
contos foram dados pelo povo da
Freguesia, Gente de rija têmpe-
ra! Encheu-se de brios e, além
da ajuda do Estado, não quis
mendigar um tostão, para a sua
nova igreja, fora da Freguesia.

terra pode ser Estreita de
nome, mas grande coração tem
esta gente!

Estrada do Vidigal

Encontram-se bastante adian-
tados os trabalhos de construção
do ramal que liga aquela povoa-
ção à sede de Freguesia de Es-
treito,

ISNA –

Sobre a ribeira de Isna vai ser
construído um pontão, que liga-
rá esta sede de Freguesia às po-
voações de Tojais, Vale da Cu-
ba e Vale da Lousa.

Os acessos, ao referido pontão,
já estão construídos.

MADEIRA

A Junta de Freguesia de Ma-
deirã irá ter, dentro em breve,
edifício próprio para a sua sede,

A obra, a construir, já foi com-
participada, pelo Estado, com a
importância de 269 800$00.

Também já estã concluída a
obra de electrificação, baixa ten-
são, da povoação de Cava.

MOSTEIRO

Já se encontra concluída a obra

de electrificação, baixa tensão,
nesta sede de Freguesia.

Também se encontram bastan-
te adiantados às trabalhos de be-
neficiação e pavimentação de
ruas desta povoação.

Vale de Souto

Com a invernia, que tem sido
rigorosíssimo, entrou em ruínas o
telhado da; escola mista, desta po-
voação.

Urge que a Junta de Freguesia
de Mosteiro tome as necessárias
providências. De contrário, pode
haver vítimas a lamentar.

Vale mais prevenir do que re-
mediar…

ORVALHO

Esta ridente povoação — a se-
gunda, em importância, no con-
celho de Oleiros — acaba de ser
dotada de completa rede de es-
gotos.

SARNADAS DE SÃO SIMÃO

Encontram-se concluídos os
trabalhos de electrificação, baixa
e alta tensão, desta sede re Fre-
guesia e da povoação de Cardosa,

SOBRAL

Dotada recentemente de nova
igreja matriz, esta sede de Fre-
guesia alinda-se.

Suas ruas estão, quase, na sua
totalidade, calcetadas a paralele-
pípedos.

A electricidade, é um benefício
que já desfruta hã bastante tem-
po. As povoações de Pessilgal,
Roda de Baixo e Roda de Cima,
também já se encontram há bas-
tante tempo electrificadas,

Aguarda-se para breve a
inauguração da luz em Póvoa de
Minau e Sabugal. A rede de bai-
xa tensão já está concluída nes-
tes lugares.

VILAR BARROCO

Estão concluídos os trabalhos
de electrificação, baixa e alta ten-
são, desta sede de Freguesia e
da povoação de Vilarinho.

Também se encontra bastante
adiantada a obra de calcetamento
e regularização de ruas, em Vilar
Barroco.

 

FUN

Continuação da 4.º página

preiteiro das obras da estrada na-
cional n.º 2, Sr. Gil Andrade e
Silva, foi autorizada a utilização
do troço compreendido entre
Fundada e Vila de Rei, embora
o mesmo ainda se encontre em
acabemento.

Foi assim dada satisfação a
muitos munícipes que, poderão,
muito mais facilmente, fazer aque.
le trajecto.

Na verdade, o caminho muni-
cipal, anteriormente utilizado, en-
contra-se também em muito más
condições, enquanto o novo tro-
ço, além de encurtar a distância,
é uma autêntica pista, que muito
valoriza a economia regional.

Pelo mesmo traçado está tam-
bém a fezer-se presentemente o
transporte público de passageiros,
que, até Janeiro, se fez pelo velho
caminho,

O mau estado deste impedia,
no entanto, o trânsito com como-
didade, segurança e pontualida-
de.

Ficaram, assim, um pouco mais
afastadas da carreira, as povoa-
ções de Ribeira, Abrunheiro
Grande, Abrunheiro Pequeno e
Aldeia.

Oxalá que a Empresa conces-
sionária atenda a pretensão dos
habitantes daquelas povoações, do
estabelecimento de uma carreira
entre Fundeda e Ribeira. O pe-
dido já foi formulado à Direcção-
“Geral dos Transportes Terres-

ADA

tres, aguardando-se a compreen-
são pronta da Empresa concessio-
nária.

Uma estrada a construir de
Fundada & povoação da Ribeira

A parte poente desta fregue-
sia, constituída pelos aglomerados
de Abrunheiro Grande, Abru-
nheiro Pequeno, Aldeia e Ri-
beira têm urgente necessidade de
uma estrada camarária que sirva
aquelas povoações.

O velho caminho que as servia
foi quase inutilizado pela invernia
e sem comunicações, não há pos-
sibilidades de vida.

Calcetamento
de ruas nas povoações

Das 13 povoações desta fregue-

sia, apenas a sede de freguesia .

de Fundada tem as suas ruas cai-
cetadas.

Para Vilar do Ruivo já deu
entrada na Repartição competen-
te o respectivo projecto de calce-
tamento. Os aglomerados de
Fouto, Cabeça do Poço, Ribeira,
Abrunheiro Grande e Lagoas
gostariam de ver iniciar a elabo-
ração dos projectos do calceta-
mento das suas ruas.

Fouto precisa ainda de abaste-
cimento por marcos fontenários

A maioria das povoações está
já convenientemente abastecida
de água potável, Fouto, no en-
tanto, recentemente electrificada,
necessita de ver substituída a sua
anti-higiénica fonte de chafurdo.

21 de Fevereiro de 19%

PROENÇA-A-NOVA

Continuação da 4.º página

Proen̤a РSerṭ . Tomar, total-
mente alcatroada.

É certo que o traçado, embo-
ra não famoso, é um pouco mais
rectilíneo. Mas isso, no meu mo-
do de ver, não basta para des-
viar de Proença e Sertã o trânsi-
to de longo curso que se dirige
à Capital.

Afirmo convictamente: — É
preciso retirar, pura e simples-
mente a placa designativa do sen-
tido de Lisboa. À não ser que…
Proença e Sertã, a Barragem de
Castelo de Bode, etc., não me-
reçam ser vistas pelos Portugue-
ses ou estrangeiros… Mas serão,
assim, tão madrastas, estas beles
terras?…

PROENÇA APROXIMA-SE

Neste paleio, nem déramos pela
passagem junto à Serração de
Daniel Lourenço, Aquilo é já uma
espécie de bairro operário com
movimento comercial e industrial
de bastante significado económi-
co. Quento ao mais, não se afas-
ta grandemente do que afirmá-
mos a propósito da Serração de
Vale de Urso.

Aproximamo-nos de Proença,

Surgem as primeiras more-
dias, à direita. O edifício escolar
e cantina, num alto, chemam-nos
a atenção e recordam-nos o gran-
de benemérito Assis Gonçalves
Roda. Um pouco adiante, em
construção avançada, o novo
Quartel dos Bombeiros Voluntá-
rios de Proença-a-Nova. Elegan-
te, moderno, boes instalações.

O Pimenta exclama: — Belo
edifício! Só é pena que a sua
localização se me não afigure das
mais felizes. Aqui nem sobressai,
como mereceria, a sua arquitec-
tura,

 

COMARCA DA SERTA

ANÚNCIO

(1.º publicação)

Pelo Juízo de Direito desta co-
marca, na execução sumária pen-
dente na 2.º secção da Secretaria
deste Tribunal, movida por António
Soares Patrício, viúvo, proprietário,
residente no Pampilhai, freguesia de
Cernache do Bonjardim, contra An-
tónio Martins, casado, comerciante
e industrial, residente em parte in-
certa, com última residência conhe-
cida em Carvalhos, da mesma fre-
guesia, é este executado citado para
no prazo de 5 dias, que começa a
correr depois de finda a dilação de
30 dias, contada da data da segunda
e última publicação do anúncio, pa-
gar âquele exequente a quantia de
10 936850 e juros de mora, ou no-
near, no » bens Ã
penhora suficientes para esse pa-
gamento e das custas devidas, sb
pena de, não o fazendo, se devolver
esse direito de nomeação ao mesmo
exequente, que diz ser portador de
uma letra comercial, de 5 000800,
com vencimento em 13 de Outubro
de 1969, e de uma outra letra, de
5 936850, com vencimento em 11 do
mesmo mês de Outubro, que não fo-
ram pagas na data do vencimento
e de ambas é aceitante o executado.

Sertã, 12 de Fevereiro de 1970.
O Juiz de Direito,
Jorge Lobo de Mesquita
O Escrivão de Direito,

Ernesto Lourenço

No passado dia 8, na Clínica
de Santa Teresa em Coimbra,
nasceu a pequenita Ana Marga-
rida, filha do nosso prezado
amigo, Sr. Rogério Pacheco Ser-
ra e de sua esposa, Sr.* D. Ro-
salina Maria Geirinhas C, Pa-
checo Serra.

 

— Na madrugada desse mes-
mo dia nasceu nesta vila o Paulo
Jorge, filho do nosso prezado
amigo, Sr. Aníbal dos Santos Pi-
res e da Srº D. Maria Idalina D.
Nunes Pires.

Que cresçam para felicidade
dos seus Pais…

Mas já nos chama a atenção
pela sua imponência e localiza-
ção excelente, o Externato Dio-
cesano. Grandiosa obra de edu-
cação levada a cabo pela Igreja.
nesta freguesia.

E, perante a admiração do meu
Amigo, eu conto-lhe que Proen-
ça é a Freguesia de Portugal com
maior número de sacerdotes e de
seminaristas, daqui naturais. Mais
de uma centena.

Não admira, por isso, que o
Prelado da Diocese tenha tido
especial interesse na construção
daquele Colégio.

E, como tão grande viveiro de
vocações sacerdotais e religiosas
tem de ser bem acarinhado e fo-
mentedo, a fundação de um Se-
minário na Vila, a que está já a
proceder-se, não deixará de ser
uma recompensa e um exemplo,

Procuro mostrar ao meu Ami-
go o que é digno de visitar-se em
Proença.

Infelizmente, a Vila não possui
muitos locais de interesse para o
turista, Há que registar, no en-
tanto, o gosto e airosidede de
diversas moradias que se situam,
já à saída, para Norte da Estra-
da Nacional. Nem jardins, nem
largos.

É excelente, contudo, a situa-
ção do Hospital, num pequeno
outeiro, a Sul. Ao lado, cons-
trói-se um anexo para asilo, que
o valoriza e amplia a sua acção.

Visitámos várias ruas da Vila.
Proença é acolhedora e simples.
Sem prosápias.

Já à saída para Sertã, a estra-
da municipal para Corgas, Ma-
lhadal e Sarzedinha. É o progres-
so que vai abrindo as necessárias
clareiras por onde entrar a luz da
civilização tecnológica do século
XXL

O Pimenta mantivera-se silen-
cioso. Agora desabafava a sua
simpatia e as suas impressões: —
O que noto de mais impressionan-
te é o bairrismo e amor dos
Proencenses pele, sua terra. Veri-
fico que os emigrantes de outro-
ra, regressaram e construíram
aqui, em Proença, as suas mo-
radias, cómodas e vistosas, É bom
sinal para uma terra. Por vezes
esses regressados são ainda: pes-
soas socialmente úteis, experien-
tes, a quem a vida ensinou muito.

A juventude tem assegurado o
seu ensino em Proença-a-Nova,
até ao sétimo ano, através da
Igreja. Os mais idosos construi-
rem os seus lares confortáveis.
Esperança e bairrismo!

Que Proença caminhe no sen-
tido do progresso… Exclama o
Pimenta.

— Assim seja.

Os preços

da madeira
e da resina

Continuação da 1.º página

lugar para lugar, de fábrica pa-
ra fábrica, de negociante para ne-
gociante, É frequente a diferença
de 30800 e de 40800 em cada es-
tere de madeira, sem que, nem o
tipo de madeira, nem as dificul-
dades de transporte, nem a épo-
ca do corte, nem as condições de
acesso ao terreno o justifiquem.
Na resina e num mesmo lugar,
já tivemos conhecimento de dife-
renças de 1$50, em «bica», o que
corresponde a mais de 25%.
Tudo isto porquê? Ê
Poderíamos dar uma resposta.
Não o faremos, ao menos por en-
quanto. Arriscar-nos-íamos a dia-
gnosticar um mal, quando outros
vários serão também eficientes. E,
diagnosticar, não é curar.
Limitamo-nos a pedir reflexão
e a apontar erros. Que cada um
pense se deve ou não unir-se, na
defesa dos seus interesses e dos
da comunidade, É preciso, antes
de mais, criar em cada um a ne-
cessidade de se associar, de es-
tudar os seus problemas e, em
conjunto com todos os igualmen-
te afectados, buscar a melhor so-

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21 de Fevereiro de 1970

Quadrante dos novos

FESTAS DE FINALISTAS
DO INSTITUTO VAZ SERRA

Realizaram-se nos dias 30, 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro,
as já tradicionais festas dos alunos setimanistas, integradas em
conceitos duma juventude moderna e consciente — a que nem
sequer faltaram os «gaiteiros» a emprestar a garridice jocosa de
sua presença alegre e colorida, barulhenta e excitante.

Na noite de 30 para 31, teve lugar bem organizado Sarau,
com originais escritos: visando aspectos da vida académica local,
«piadas» aos Professores e, focando um ou outro aspecto da vida
do Instituto, com a irreverência cáustica, mas construtiva e rele-
vante que a crítica estudantil, habitualmente, não perdoa.

No dia 31, teve lugar um encontro de futebol entre os Alu-
nos do Instituto e o Grupo Desportivo da Escola Industrial e
Comercial de Tomar.

Decorreu este em ambiente da melhor camaradagem, tendo
chegado empatados a 1 bola, no final do tempo regulamentar.
Acordaram os «capitães» das equipas num prolongamento de 10
minutos, tendo acabado por ganhar a equipa do Instituto, por
3 bolas a 2.

A arbitragem do Sr. Saul Rijo, sem aspectos particulares de
censura, foi bem aceite pelos jogadores de ambos os lados.

A noite, realizou-se o habitual Baile de Gala, decorrido com
a mais franca animação, que terminou pela alta madrugada.

Encerraram as festas no dia 1 com uma gincana automóvel
— prova de perícia — que reuniu 29 concorrentes, entre os quais
alguns dos mais hábeis volantes da região. — (C.)

 

UM «BRAVO» AOS FINALISTAS
DA ESCOLA INDUSTRIAL DA SERTÃ

Redundou em grande êxito a Festa dos Finalistas da Es-
cola Industrial da Sertã. Merecido, sem dúvida, premiando o seu
trabalho para que a Festa tivesse o maior brilho.

Era a primeira. Temia-se que a afluência não fosse grande,
pondo assim, em perigo, o êxito.

Tudo saiu bem, e os rapazes viram-se rodeados de muitas pes-
soas que quiseram, com a sua presença, dar apoio à sua festa.

Todos trabalharam numa conjugação de esforços notável.
Mas julgamos ser de destacar um nome, não querendo, no en-
tanto, menosprezar o trabalho dos outros componentes: o Luís
Girão.

Pode afirmar-se que, nas semanas que precederam a realiza-
cão da Festa, o Girão andou numa completa roda-viva.: telefone-
mas para Conjuntos, vendas, ornamentações, etc., etc.

Tudo foi recompensado. A presença de tão elevado número
de pessoas constituiu um justo prémio para as suas canseiras.

O Conjunto OS SULTÕES integrou-se, perfeitamente, no am-
biente festivo, e, ao mesmo tempo, juvenil do dia.

De valor já reconhecido por actuações noutras localidades,
como, por exemplo, Castelo Barnco, Penamacor, Alter do Chão,
confirmaram, entre nós, essa valia.

Bons executantes e também bons vocalistas, eles deram às
suas interpretações um valor perfeitamente ajustável ao valor que
lhes vinha sendo atribuído.

Até mesmo neste pormenor, também, os rapazes finalistas
foram bem sucedidos.

Foi a I Festa de Finalistas. Éxito absoluto.

Temos a porta aberta para futuras, e certamente que a
praxe se manterá.

Para finalizar, e com as saudações do nosso Quadrante para
os finalistas, repetimos a frase que serviu de título a este peque-
no comentário: S

“ UM BRAVO PARA OS FINALISTAS DA ESCOLA INDUS-
TRIAL DA SERTÃ DE 69-70.
R. AMÉRICO

O RENOVADOR

MOSAICO

Mosaico… Porquê? Propomo-
-nos tratar de assuntos variados
sem outra preocupação que não
seja a de realçar algumas das
-suas facetas mais dignas de serem
sublinhades,

Embora os seus aspectos não
sejam inéditos, longe disso, pro-
curaremos versá-los de modo a in-
teressar o possível leitor. Sem
quaisquer pretensiosismos, comen-
tá-los-emos com simplicidade
tentando uma observação objec-
tiva, livre, tanto quanto possível,
de quaisquer influências ou pres-
sões, isenta de preconcebidos ou
ocultos intentos.

Abordaremos acontecimentos
necionais e internacionais, numa
miscelânea propositada, em saltos
que chamem a atenção para casos
que, na labuta e nas preocupações
de todos os dias, passam desper-
cebidos.

O esmagamento do Bizfra pôs
bem a nu a falsidade e a hipo-
crisia de certas frases feitas, de
estribilhos que hoje dão volta ao
mundo, procurando angariar pro-
sélitos entre os ingénuos que fa-
cilmente se deixam influenciar
por eles. É uma arma diplomáti-
ca, extremamente ardilosa, a fim
de conseguirem satisfazer incon-

VETESR SPE A S

Engenheiro João José
Ferreira Forte
DEPUTADO DA NAÇÃO

Stbmos informados de que fa-
leceu com 73 anos de idade, em
Peroviseu, sua terra natal, a Sr*
D. Maria Marcelina Ferreira
Forte, mão do nosso estimado
amigo e ilustre deputado da Na-
ção, Eng.º João Forte.

Pelo infausto acontecimento
O Renovador apresenta sentidas
condolêncisa à família enlutada.

POR DANIEL GOUVEIA

fessáveis interesses.

Por que não se aplicar ao Bia-
fra o grande princípio da auto-
determinação?

Nós, Portugueses, temos sido
fustigados por o não adoptarmbs
nas nossas províncias ultramari-
nas. Mas, o caso das nossas po-
pulações nativas, perfeitamente
identificadas e irmanedas com os
europeus e com os diversos gru-
pos étnicos, pode ter alguma com-
paração com o dos Ibos? É que
a autodeterminação é uma dou-
trina para exclusiva exportação.
Para uso próprio (deles) há ou-
tras — como o da soberania li-
mitada…

De resto, esta «double face» no
xadrez internacional, não é re-
cente. As atitudes de certas po-
tências para com o martirizado
Biafra, vieram relembrar es três
repúblicas bálticas (a Estónia, a
Letónia e a Lituânia) que há qua.
se trinta anos sentem o peso do
domínio soviético.

Os Ibos, esfomeados, tortura-
dos, acossados, moribundos, são
os protagonistes de uma das
maiores tragédias dos tempos ac-
tuais. Em plena selva, venceu a
lei da selva. «Vae victis!» (Ai dos
vencidos!)

 

O Inverno, com as suas alter-
nâncias de frio e chuva — de
muita chuva — tem-se sentido
duramente, provocando sofrimen-
tos e prejuízos. A gripe alastrou,
ceifando algumas vidas, Os ve-
lhos, os de compleição mais dé-
bil, não resistem ao rigor da es-
tação.

A água caindo por vezes em
catadupas, invade as planícies,
afoga as sementeiras, destrói as
fazendas. São as lezírias inunda-
das do Tejo, os campos enchar-
cados do Mondego, os vales

 

EM OLEIROS,

FALECEU O

SENHOR ANTÓNIO MARTINS DA SILVA

Continuação da 4.2 página

da Silva, fez, por morte, àquela
Instituição.

Comb, também, foi da sua ini-
ciativa a oferta ao Estado, dele
e da sua irmã, da quantia neces-
sária para a construção de uma
Cantina, na escola primária des-
ta vila, que se denomina: Canti-
na Escolar Família Martins da
Silva.

O terreno para a construção
do Quartel dos Bombeiros Vo-

 

Sertã nos caminhos do futuro

Continuação da 1.º página

SERTA é, naturalmente, o centro polari-
zador de toda a Região da Floresta.

Se, indo mais longe, pretendermos
constituir no centro do País e na Bacia

dor da dinâmica económica que há-de ti-
rar desta Região todo o seu rico poten-
cial, na vida do País.

Mas os caminhos do FUTURO são
árduos. Não permitem tibiezas, desâni-
mos ou desuniões.

 

do Zêzere, uma Sub-Região da grande
Zona Centro de Desenvolvimento Econó-
mico Regional, com características flo-
restais, bem definidas, SERTÃ, é ainda
geograficamente o centro indicado.

Essa Sub-Região abrangeria, além
dos concelhos da comarca de Sertã os de
Pedrógão Grande, Arganil, Lousã, Pam-
pilhosa da Serra, Góis, Figueiró dos Vi-
nhos, Ferreira do Zêzere e Mação. Sertã
equidista, praticamente, 50 quilómetros,
de toda a periferia dessa que é consi-
derada «a maior mancha contínua de pi-
nhal do País». Dela irradiam, nada me-
nos de cinco estradas nacionais: n.º 2,
n.º 238, n.º 237, n.º 241, n.º 244, além de
passarem na sua periferia mais duas;
à estrada nacional n.º 350 ea n.º 3.

Por estes e outros motivos que se-
ria longo enumerar, SERTÃ é assim o
polo indicado para radiador e coordena-

Há que arrancar, «rápidamente e em
força».

Os pequenos problemas, as invejas
que corroem, os caprichos ou modos de
ver mais ou menos individualistas, as
bandeiras erguidas para o culto da per-
sonalidade, as rotinas improdutivas, te-
rão de abater-se perante a força maior
do interesse geral e da necessidade de se
não perderem oportunidades.

RENOVAÇÃO é a palavra de or-
dem, Renovação nos espíritos, na men-
talidade, nos hábitos, na própria concep-
ção dos interesses de cada um. Estes
terão que ser vistos em função do que
virá e não de harmonia com o que é, foi
ou se julga ser. :

A SERTA está posta numa encruzi-
lhada. Que ela saiba escolher, verda-
deiramente, os caminhos do FUTURO.

José Antunes

luntários de Oleiros e um terra-
do a sortear em benefício desta
Corporação, ainda que fossem
oferecidos por sua irmã, devem-
-se, sem dúvida, à benéfica in-
tervenção do Sr. António Mar-
tins da Silva.

Como Provedor da Santa Ca-
sa da Misericórdia, além de pro-
ver, em grande parte, as despe-
sas do Hospital, como já se disse,
olhava por tudo quanto dizia
respeito à Santa Casa.

Reparou e beneficiou a cape-
ta do Senhor dos Passos e a
Igreja da Misericórdia.

Custeava (quando não era a
irmã) a manutenção dos referi-
dos templos (reparação e com-
pra das alfaias religiosas neces-
sárias.

Não há dúvida, Oleiros per-
deu um grande benemérito! E,
com a morte dele, o único sobre-
vivente de uma ilustre e bene-
merente família.

O seu funeral, com grande
acompanhamento, realizou-se no
dia seguinte, após solenes exé-
quias, para jazigo de família, no
cemitério desta vila.

No cortejo fúnebre, sentida
manifestação de pesar, incorpo-
raram-se pessoas de todas as ca-
tegorias sociais, do concelho e
de fora do concelho, autoridades
civis e religiosas, Mesa da San-
ta Casa da Misericórdia e Irman-
dade, e componentes da Filar-
mónica Oleirense com o seu es-
tandarte.

O féretro, que ia coberto com
os estandartes da Associação dos
Bombeiros Voluntários e da
Santa Casa da Misericórdia,
foi conduzido abs ombros dos
Bombeiros Voluntários, que, já
antes do funeral, fizeram guarda
de honra ao cadáver.

«O Renovador», apresenta
sentidas condolências à família
enlutada.

Cc.

Página 3

transbordantes do Douro. Junto
à costa, as ondas alterosas no seu
marulho arripiente, esfacelando-
-se contra os rochedos, engolindo
as areias das praias, põem em
perigo as embarcações, fazem pa-
rar os movimentos dos portos, in-
terrompem a faina dos pescado-
res.

O nevoeiro causa desastres de
toda a ordem, nas estradas, no
mar, no ar. Os aviões afastam-se
da sua rota, procurando pistas
onde possam poisar a são e sal-
vo.

É assim o Inverno. Sampre foi
assim. Nós é que esquecemos o
que já lá vai, como não nos ocor-
re que «atrás de tempos, tempos
vêm», que a Primavera e o Ve-
rão se lhe hão-de seguir numa
apoteose de luminosidade e de
fartura. E a água, que tanto mal
nos faz agora, será bem-vinda.
A água fonte da vida, sangue da
terra, a água sussurrante, a água
fecundante — no dizer lapidar

de Eça de Queiroz.

 

O Ultramar
alma e corpo
de Portugal

Continuação da 4.º página
as verbas que deveriam ser inves-
tidas na Saúde Pública, e na
Educação das populações nativas.

Pelo contrário, o neo-colonia-
lismo das novas super-potências,
armadas em porta-estandartes de
independências prematuras, fun-
deram um novo tipo de explora-
ção económica, que não promove
o bem-estar, nem beneficia, de
qualquer modo, as populações na-
tivas. Dá-lhes apenas o verniz dos
grandes centros industriais para
proveito próprio, abandonando à
sua sorte os grandes ghetos da
selva africana.

A África evoluída não passará
de oásis no deserto do primitivis-
mo.

Mas a onda passará, com os
«ventos da História», até à pró-
xima geração,

No século XXI nós veremos
regressar ao tipo de civilização
portuguesa, aqueles que agora: a
combatem. Já terão verificado
que, afinal de contas, a socieda-
de do Futuro é a que leva o cu-
nho da igualdade de raças, onde
tão sômente têm precedência, os
valores do espírito e as competên-
cias técnicas.

Interessa-nos aguentar, o mais
possível esta fase crítica, de luta
e de dificuldades.

Por quanto tempo mais? —
Não o sabemos. Tudo depende
da evolução sempre imprevisível
da política internacional.

De uma coisa, porém, estamos
certos: — o Ultramar toca-nos
na nossa carne e no nosso san-
gue, porque nos toca nos nossos
filhos que estão a dar a vida por
este Ideal sublime. O seu sacri-
fício não será em vão.

Para nos consciencializarmos
mais do seu sacrifício, dos valo-
res que eles defendem e do que
somos nacionalmente, nesses par-
celas queridas da Pátria, O RE-
NOVADOR, procurará publicar,
com a periodicidade que lhe for
possível, crónicas escritas para
ele, por alguns dos nossos solda-
dos ou por simples residentes nas
nossas províncias ultramarinas.
Assim sejamos correspondidos
nos nossos desejos.

A.

0 RENOVADOR

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Página 4

PROENÇA

-A-NON

TERRA DE BAIRRISMO E ESPERANÇA

Por FERNANDO PERAL

* A INDÚSTRIA DE SERRAÇÃO DE MADEIRAS
* A ESTRADA PARA LISBOA
* O EDIFÍCIO DO QUARTEL DOS BOMBEIROS — BELA

CONSTRUÇÃO

* PROENÇA, TERRA DE SACERDOTES

Descendo de Sobreira Formo-
sa que tão agradável impressão
radicara no meu Amigo Pimen-
ta, pela terra e pelas gentes, pro-
curei alimentar o fogo sagrado,
que também me animava, de con-
quistar a simpatia de um foras-
teiro.

Percorrido menos de um qui-
lómetro, surge-nos Pucariço. Pa-
ra Norte da Estrada Nacional,
empoleirada num cerro, a povoa-
ção parece dormitar entre ol-
vais. É um recanto cinzento na

mancha verdede-escura dos pi-
nhais.

Vale de Urso tem outro aspec-
to. Airosa. Moderna.

Belas moredias soalheiras, dum
lado e do outro da estrada, ates-
tam que os naturais de Proen-
ca-a-Nova que trabalharam em
longes terras, não esquecem a que
lhes serviu de berço. Regressam
para. repousar das canseiras da
vida com mais comodidades do
que aquelas com que partiram,

Uma fábrica de serração de
madeiras, com certo movimento,
da Firma Alves & Lopes, Lda.
é o primeiro sinal de valorização
económica que encontramos na
Região, usando o pinheiro como
matéria prima,

O Pimenta estranha: — Desde
há uma distância de 20 quilóme-
tros que vínhamos na zona do Pi-
nhal e ainda não encontráramos
uma pequena indústria sequer,
pare, transformação de madeiras.

Confirmo: — É, realmente pa-
ra admirar. E, para mais, o egui-
pamento industrial da maioria das
várias dezenas de serrações que
laboram ne. Região do Pinhal, é
bastante primitivo. As organiza-
ções empresariais são, de uma
maneira geral, muito precárias.

Hã quem diga que a dispersão
destas diversas pequenas unida-
des industriais é proveitosa pelo

* facto de encurtar os transportes
em bruto que são os mais onero-
sos. No entanto, o sistema não
pode deixar de ser anti-económi-
co pela multiplicação inútil de
serviços administrativos que acar-
reta, e, sobretudo, pela prática
impossibilidade que traz à actua-
lização do equipamento técnico e,
sobretudo à produção em grande
escala de menor custo por unidade.

A ESTRADA PARA LISBOA

íamos conversando, enquanto o
nosso Fiat deslizava vagarosa-

mente pela estrada de bom piso,
mes inçada de curvas.

Adiante, deparamos com a
Ponte do Laranjeiro. Uma placa
de sinalização indica-nos que o
sentido para Lisboa é, à esquer-
da, por Freixoeiro, Chão de Lo-
pes e Chão de Codes, até Abran-
tes e, depois, Chamusca.

O meu Amigo inquire: — É
boa, por aqui, a estrada para Lis-

oa?

Imediatamente dou largas ao
meu de há muito recalcado pro-
testo contra aquilo que conside-
ro uma anomalia. Pois faz lá sen-
tido que se tenha ali erguido e
se mantenha no local aquela pla-
ca indicativa. do sentido de Lis-
boa, quando o percurso Proen-
̤a РSerṭ РTomar ̩ igualmente,
no sentido de Lisboa, com peque-
na diferença de quilometragem?
Ainda se o traçado da via ou o
estado de mesma lhe levassem
sensíveis vantagens… Mas, não.
A placa está ali há muitos anos.
Mesmo desde quando, em mais
de vinte quilómetros de continua-
ção, a estrada era em simples
macadame, e wa do percurso

Continua na 3.º página

O RENOVADOR

QUARTEL DOS BOMBEIROS,
VOLUNTÁRIOS DE OLEIROS

A sua construção já está na
primeira fase de acabamentos.

O tosco está dando lugar aos
rebocos e restantes trabalhos de
ultimação.

Caminhada dura encetou a As-
sociação dos Bombeiros Volun-
tários de Oleiros. A compartici-
pação do Estado, ainda que va-
liosa, é pouco mais do que uma
gota de água no «Oceano de dois
mil contos», custo de tão notável
empreendimento.

À obra é necessária. Oleiros si-
tua-se no maior perímetro flores-
tal do País.

Os pinhais do concelho de

Oleiros precisam de Bombeiros!

E

21 de Fevereiro de 1970

À Postal do Concelho de Oleiros

Por RAUL DA GRAÇA
SEDE E FREGUESIA DE OLEIROS

Mas os Bombeiros, homens que
são capazes de dar a sua vida
pela vida e bens dos outros, pre-
cisam de ter o seu Quartel…
Enfim, apetrechamento e instala-
ções dignas porque não são mer-
cenários! Não. Pelo contrário.
São capazes de morrer de «gra-
ça», de «borla», pela vida e bens
dos outros, como Cristo morreu
na Cruz!

Se alguém, neste Mundo de
incoerências, onde há muita coi-
sa má e muita coisa boa, é capaz,
em certos momentos da vida, en-

 

O Quartel dos Bombeiros Voluntários de Oleiros, em construção,
mostra já o aspecto moderno com que vai ficar

 

EM OLEIROS,

FALECEU O

SENHOR ANTÓNIO MARTINS DA SILVA

Provedor da Santa Casa da Misericórdia
e grande benemérito

Quando toda a gente de Olei-
ros supunha que o pior estava
passado, pois encontrava-se em
franca convalescença de melin-
drosa operação cirúrgica, fale-
ceu, subitamente, de edema pul-
monar, na sua residência desta
vila, no dia 8 do corrente, o Se-
nhor António Martins da Silva,
Tesoureiro aposentado da Fa-
zenda Pública, abastado proprie-
tário e grande benemérito.

O extinto, que era natural des-
ta vila, tinha 73 anos de idade
e era bv último sobrevivente de
uma das famílias mais ilustres
de Oleiros.

Era esposo da senhora D.
Amélia da Conceição Martins da
Silva, genro do senhor António
Lourenço da Silva falecido re-

 

Notícias de

Mormeleiro

Abastecimento de água

Encontra-se concluída, desde 7
de Fevereiro, a obra de abasteci-
mento de água às povoações de
Mexmeleiro, Cortes, Vale do Ho-
mem e Rogue.

Os trabalhos que se iniciaram
há cerca de 4 anos tiveram que
sofrer diversas vicissitudes pelo
facto de a mina, primitivamente
prevista para 60 metros apenas,
ter de ser continuada por mais 50
metres, porque o coudal não era
o que se esperava:

A dificuldade da construção da
mina, que foi aberta, quase toda
êm rocha viva, encareceu extraor-
dinàriamente a obra e levou à de-
mora na sua conclusão.

Felizmente, o caudal obtido, se
não vier a faltar, para além do
que é previsível na época do es-

“ tio, deverá ser suficiente para
o fornecimento de água potável
aos cinco fontenários construídos,
em locais favoráveis às popula-
ções, Sóbrios e elegantes recober-

tos de azulejos, onde se lê a data
de 1967, em: que se iniciaram os
trabalhos, espera-se que sejam
mantidos limpos pelas populações
que deles se servem.

Dos principais lugares da fre-
guesia de Marmeleiro, agora só
não se encontra bem servida de
água potável o de Azinheira, e,
pelo facto de se não ter encontra-
do nescente de água com cota de
nível suficiente para a levar por
gravidade, para o centro da po-
voação.

Sarnadas, Vale Godinho, Pi-
sões, já anteriormente beneficia-
das, dispõem de boas condições
de abastecimento.

A obra agora concluída impor-
tou em cerca de 200 contos e foi
seu adjudicatário o empreiteiro de
Castelo Branco, Sr. Viriato de
Almeira. A rede tem cerca de
3000 metros de comprimento.

(C.)

centemente, cunhado da senhora
D. Helena Maria da Silva, casa-
da com o Sr. Alexandre Luís, e
dos senhores Eng.º Firmino da
Silva, casado com a Sr.* D. He-
lena Lopes da Silva, Dr, José da
Silva, casado com a senhora Dr*
Maria Luísa Costa Silva, e Dr.
António da Silva, casado com a
Sr: D. Liz da Silva; tio do Sr.
Aquiles da Silva Cardoso; e ir-
mão das Sr.” D. Maria da Con-
ceição Martins da Silva, D. Ma-
ria Augusta Martins da Silva e
do Sr. José Maria Martins, já
falecidos.

Morreu lúcido. A seu pedido
foi sacramentado.

Homem de bons sentimentos.
Esta vila deve-lhe as obras de
beneficiação e ampliação do Hos-

 

ANTONIO MARTINS
DA SILVA

Provedor da Misericórdia.
de Oleiros

pital, que dotou com gabinetes
de raios X e fisioterapia. O Es-
tado ajudou. Mas do seu bolso
saiu a maior parte do dinheiro,
para estes melhoramentos.

E era ainda do seu bolso que,
todos os fins de ano, saía a
quantia necessária para saldar
as dívidas do Hospital.

Pretendia agora construir uma
casa, com todas as comodidades,
para os enfermeiros. Obra da
sua iniciativa, ainda que venha
a ser custeada da doação, (uns
cinco mil contos) que a sua ir-
mã, D. Maria Augusta Martins

Continua na 3º página

carnar Cristo, verdadeiramente
esse alguém é o Bombeiro!

Mas como íamos dizendo, ca-
minhada dura encetou a Associa-
ção dos Bombeiros Voluntários
de Oleiros. Durissima!

A «massa» a pagar ao emprei-
teiro é muita! E o cofre está va-
zio…

O empreiteiro continua entu-
siasmado dando o melhor do seu
labor e confia… Espera. Coita-
do, quase ainda não viu «che-
ta»… Mas o bom do homem con-
fia!

Mas confia em quem? E espe-
ra porquê?

Eis a resposta, amigos oleiren-
ses: ele, o empreiteiro, acredite:
(tomai nota, acredita) que os na-
turais, ou radicados, do conjun-
to de serras de Alvelos e Mora-
dal, que é nada menos nada mais
que o bom povo deste concelho
de Oleiros, não é gente para dei-

xar ficar mal a sua Terra, o seu
Concelho! Que é gente para lhe
pagar!

Claro, nós oleirenses, naturais
ou radicados, temos vergonha na
cara e vamos mesmo pagar ao
homem!

Para arranjar os «carcanhóis»,
o «pilim», já hã comissões orga-
nizadas e mais se vão criar ain-
da.

Um dia destes, à ordem de
«ataque»…, a passo certo e em
formação cerrada, lá vão elas ba-
ter a todas as portas! Para os
oleirenses ausentes, mourejando
noutras partes do País, Ultramar

Continua na 2.º página

FUNDAD

O INVERNO
PREJUDICOU IMENSO
AS VIAS DE COMUNICAÇÃO

Encontra-se em mau estado a
terraplanagem efectuada na Es-
trada Municipal 534, entre esta
sede de freguesia e a povoação
de Vilar do Ruivo, que serve cin-
co povoações.

As fortes chuvadas que se fi-
zeram sentir durante o mês de Ja-
neiro, destruítam parte do pevi-
mento, carecendo de reparação
urgente. Como se encontra, não
permite a circulação de veículos
automóveis.

A Camara, que tão boa vonta-
de teve na sua construção, não
deixará de a mandar reparar.

Em mau estado também se en-
contra o caminho municipal entre
Fundada e Cabeça do Poço. A
terraplanagem, últimamente reeli-
zada, seguida do Inverno, agra-
vou temporariamente a situação.

Só o empedramento e revesti-
mento betuminoso poderão resol-
ver satisfatôriamente ambos estes
casos.

Já SE FAZ O TRÂNSITO
PELA ESTRADA NACIONAL

Por especial deferência da
Ex.m Direcção de Estradas do
nosso Distrito e do Exmº Em-

Continua na 3.º página

 

O Ultramar alma e corpo de Portugal

Crónicas dos nossos conterrâneos que lutam
e labutam em Angola, Moçambique e Guiné

Um dos votos formulados na
última Reunião dos Directores dos
Órgãos da Imprensa Regional foi
de que se desse maior relevo a
tudo guanto fosse capaz de unir
e de interessar todos os Portugue,.
ses de Aquém, aos de Além-Mar.

Belo programa!

Portugal ficou… «pelo mundo
em pedaços repartido» e a ampu-
tação de qualquer das nossas pro-
víncias ultramarines seria um gol-
pe brutal no corpo e na alma
da única Nação pluriracial e plu-
ricontinental dos tempos de hoje.

A missão de Portugal foi e é
civilizar povos, dar-lhes o baptis-
mo da Fé e a consciência da uma
Pátria una.

Se perguntarmos a um pretinho
de Tete, Carmona ou Bissau, a
um amarelo da Ilha de Taipa ou
a um timorense de Dili, qual é
a sua pátria, responder-nos-á,
sem hesitação que é português.

Esta resposta precisa ser apre-
goada nos pináculos da ONU pa-
ra que o mundo compreenda com
verdade, a realidade do que é
Portugal. Ela contém toda a ra-
zão de ser daquilo que se apoda
de teimosia antiquada, mas cons-
titui, verdadeiramente, a realida-

de do século XXT.

Não é preciso ser profeta pa-
ra vaticinermos que os racismos
de tipo negro que proliferam em
quase toda a África, a Norte de
Angola, não podem ter qualquer
futuro duradouro.

A integração fraternal e cristã,
de raças de que só o Português
foi capaz, elevando, lenta mes
seguramente os de cor ao nível
do branco, sem relutância, mas
com a consciência da igualdade
de todos os homens, é tradição
portuguesa, séculos antes de ser
doutrina dos coriféus da Revolu-
ção francesa.

Não aplicou Afonso de Albu-
querque esta política na, Índia já
no século XVI? Não formaram
os portugueses nas suas missões
da África e do Oriente, clero in-
dígena, onde até houve bispos,
muito antes que essa fosse a prá-
tica corrente na missionação?

Conseguimos sociedades evoluí-
das de homens de diverses cores,
com paz social. E elas só não são
mais progressivas do ponto de
vista económico porque as cobi-
ças alheias nos fazem retirar pa-
ra investimentos pouco rentáveis,

Contínua na 3.º pág.¡g.