O Renovador nº10 18-04-1970

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Ano E — N.º 10

D RENDVADDR

18 de Abril de 1970

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIAO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTA, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REI

Rua Lopo Barriga, 5 –

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
r/c — SERTÃ — Telef. 131

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO:

JOAQUIM MENDES MARQUES

COMPOSIÇÃO E IMPRESSAO:
ia Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

ESTÃO CONCLUÍDOS OS TRABALHOS ni

HAVERÁ EM FIGUEIREDO

DA 2.º FASE DA OBRA, DE CONSTRUÇÃO INTERESSE PELO ENSINO SECUNDÁRIO?
DO HOSPITAL SUB-REGIONAL DA SERTÃ

O Hospital encontra-se em condições
de fazer face às necessidades
sanitárias da região

Foi já recebido na Santa Ca-
sa da Misericórdia da Sertã o
auto de recepção provisória de
trabalhos que constituem a 2.º
Fase da Obra de conclusão do
Hospital Sub-regional da Sertã.

A empreitada realizada pela
Firma VALURA, LD.:, pela im-
portância de 439.563$00 consis-
tiu nos acabamentos de cerca
de três quartos do segundo
piso que apenas tinha o telha-
do e as paredes.

Visitâmo-lo há dias e ficá-
mos com a melhor das impres-
sões quer do ponto de vista
funcional e técnico, quer, mes-
mo no aspecto estético, pois a
cor verde-doirado das paredes
dá à casa um ar de saúde e
alegria condizente com a sua
finalidade.

Ficaram ainda por realizar,
por não fazerem parte da em-
preitada, destinando-se a uma
nova frase, os acabamentos res-
peitantes ao recanto Nascente-
-Norte do edifício, que consti-
tuem cerca da quarta parte da
área do segundo piso.

A obra foi construída gra-
cas ao produto do cortejo de
oferendas realizado em 1964,

que rendeu aproximadamente
420.000800, depositados para
aquele efeito, e graças a um
subsídio agenciado pelo sr. Pre-
sidente da Câmara e concedi-
do pela Comissão de Melhora-
mentos para o Nordeste, no
montante de 250.000800.

Consequentemente a estas
obras vão também realizar-se
as de reparação de toda a par-
te anteriormente em funciona-
mento, já adjudicadas à mesma
Firma construtora, pela impor-
tância de 83:870800, que breve-
mente se iniciarão.

É pena que não fiquem ain-
da de vez terminadas as obras
do Hospital, cuja construção se

começou há mais de vinte anos.

A parte em tosco, destinada,
segundo o plano primitivo, a
habitação do pessoal de servi-
ço, no caso de ser constituído
por irmãs religiosas, não fará,
de momento, grande falta, ao
funcionamento da Casa. Mas
seria de grande utilidade para
instalação de serviços anterior-
mente não previstos.

Não haverá por aí nenhum
benemérito que queira tomar à
sua conta a conclusão destas
obras?

Resta também equipar con-
venientemente todas as insta-
lações da parte agora concluí-
da. Serão muitas dezenas de
milhares de escudos os necessá-
rios para mobilar e equipar to-
das aquelas salas e gabinetes.
O Estado não subsidiará tudo
o que é preciso. Abre-se, por is-
so, um campo imenso à gene-

Continua na 2.º página

Tomou posse o novo Presidente da Câmara de
Proença-a-Nova, Dr. Eugénio Ferreira de Matos

Em cerimónia que constitui um
grande acontecimento o Sr. Go-

vernador Civil conferiu posse

EM INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA NAGIONAL
O DEPUTADO ENG. FERREIRA FORTE

solicitou a criação na Escola Gomercial

Industrial

de Castelo Branco, da Secção Agrícola com cursos

inerentes à

tecnologia da pasta de celulose

No dia 8 do corrente, o Sr. Deputado pelo Círculo de Cas-
telo Branco, Eng. João J. Ferreira Forte, produziu na Assembleia
Nacional uma brilhante intervenção na qual versou três aspec-
tos do tema ensino, no Distrito: pediu a criação de uma Escola
do Magistério Primário oficial, em Castelo Branco, de modo a
funcionar já no próximo ano escolar; a criação de condições que
levem os professores auxiliares e agregados ou eventuais a per-
manecerem no mesmo Liceu um mínimo de três anos; e a ins-
tituição da Secção Agrícola na Escola Industrial e Comercial

de Castelo Branco.

Eis as suas palavras, no respeitante a este último tema:

No Distrito de Castelo Branco, o ensino Técnico é ministra-
do pela Escola Industrial da Sertã, Comercial e Industrial do
Fundão, Comercial e Industrial e Agrícola da Covilhã, e Comer-
cial e Industrial de Castelo Branco.

Torna-se necessário fazer uma cobertura mais apertada para
o ensino agrícola, ao nível das escolas técnicas, para que as in-
dústrias agrícolas possam vir a ter quadros devidamente pre-

os.
Somos do parecer, que há que dar prioridade ao ensino que
vise as indústrias ligadas aos produtos florestais. Ora, Castelo
Branco possui uma mancha contínua de pinhal com mais de cen-
tena e meia de milhares de hectares. Existe, localizada no Con-
celho de Vila Velha de Ródão, já na fase de arranque, uma in-
dústria para a produção de pasta para celulose.
E para que técnicos nacionais, formados em Portugal, pos-
sam vir a orientar e colaborar neste promissor sector, fics

ao Senhor Ministro da

Educação Nacional a criação, na Escola

Comercial e Industrial de Castelo Branco, da secção agrícola com
cursos inerentes à tecnologia da pasta de celulose.

RENOVAÇÃO É

AM

no dia 12, nos paços do conce-
lho de Proença-a-Nova ao novo
Presidente da Câmara Munici-
pal, Sr. Dr. Eugénio Ferreira de
Matos.

O facto foi pretexto para que
aquele concelho prestasse ao ilus-

tre Chefe do Distrito uma gran-

diosa manifestação e ao novo
Presidente o muito apreço que
lhe vota e o mais caloroso apoio
para a obra de progresso e pro-
moção social das populações, que
se propõe realizar.

Não nos é possível, por mo-
tivos de impressão antecipada,
fazer reportagem condigna neste
número, do notável acontecimen-
to. Fá-lo-emos no próximo, con-
tando desde já com a amável be-

nevolência dos nossos leitores e
amigos,

É sempre difícil criticar algo
da terra que nos serviu de berço,
pois ela para nós é sempre a me-
lhor e a mais linda de todas. Mas
é necessário vencer todos os pre-
conceitos e dizer abertamente o
que, omitido, não surte proveito
para ninguém.

O ensino é a base da civiliza-
ção. Os nossos governantes não
se têm poupado a estoras no
sentido de generalizá-lo a todas
as camadas sociais. Neste contex-
to foi criada, no ano transacto,
a Escola Preparatória oficial na
Sertã, e nela já funciona desde
hã 3 anos, a Escola Industrial.

É indiscutível que o problema
não pode ser resolvido exclusi-
vamente pelos nossos governan-
tes. Todos temos de colaborar
nos diversos campos, que são
vastíssimos.

Reportando-me mais concre-
tamente ao Figueiredo, parece
que não existe aqui a mínima co-
laboração no sentido de genera-
lizar o ensino. Uma vez que a
sede da freguesia está servida
com uma carreira diária havendo
b ensino secundário gratuito na
sede do concelho, parece um ab-
surdo que não haja alunos no
Figueiredo a aproveitar tal be-
nefício.

Na realidade o ensino na fre-
guesia do Figueiredy encontra-se
em embrião o que poderá ser
constatado por quem viaje na
carreira do Figueiredo em tempo
de aulas ao aperceber-se de que
só a partir da Várzea dos Cava-

leiros começam a viajar alunts
para as escolas da Sertã.

Mai longe o tempo em que es-
tudar era previlégio dos mais
contemplados pela sorte, Presen-
temente, muito mais do que um
direito é uma tbbrigação que te-
mos a cumprir para com a socie-
dade, pela qual, directa ou in-
directamente, todos somos res-
ponsáveis. Infelizmente, não es-
tou convencido, de que nós, aqui
no Figueiredo, estejamos cons-
cientes dessa responsabilidade.

J. J. Cristóvão

Novo Delegado
do Procurador da República
na Comarca da Sertã

Tomou posse no passado dia 9
do cargo de Delegado do Pro-
curador da República da Comar-
ca da Sertã, que lhe foi confe-
rida pelo Meritissimo Juiz da
Comarca, o Sr. Dr. José Maria
Santos Ferreira Dinis, natural de
Oliveira do Hospital.

O ilustre jurista que vem subs-
tituir o Sr. Dr. Alípio Duarte
Calheiros colocado em comissão
de serviço na Comarca de Oei-
ras, passa a exercer o cargo in-
terinamente.

O RENOVADOR deseja-lhe
os maibres êxitos na carreira
agora iniciada.

Na sua 2.º reunião, a nova
Direcção deliberou aliar aos ele-
mentos directivos efectivos, três
dos suplentes, a fim de ptder
dar maior amplitude a diversas
actividades. Ficaram, assim, ad-
junto 1.º Secretário: José Dario
Marques da Silva; adjunto 2.º
Secretário: Adalberto Ferreira
Barreto; adjunto Tesoureiro: Ar-
mindo Leitão Rodrigues.

Elementos jovens activos e
bairristas os nomeados a quem
foram confiadas diversas tarefas,
vão certamente contribuir para

NA CASA

DE CERNACHE

DO POVO

DO BONJARDIM

ENGERROU-SE UM CURSO DE FORMAÇÃO FAMILIAR RURAL

No Domingo dia 12 do cor-
rente, realizou-se em Cernache
do Bonjardim o encerramento de
um Curso de Formação Fami-
liar Rural, promovido pela Casa
do Povo de colaboração com a
respectiva Federação, e frequen-
tado por 35 alunas, entre as quais
quatro senhoras casadas.

A sessão de encerramento ce-
lebrou-se no salão Nobre do Clu-
be Bonjardim, estando presentes,

UNIÃO E

entre outras individualidades, o
Sub-delegado do Instituto Nacio-
nal do Trabalho, do Distrito, a
Sr. D. Maria Helena Trigo, pro-
motora nacional destes cursos, o
Adjunto da Direcção Escolar de
Castelo Branco, Prof. Marques
Flor, na qualidade de represen-
tante da Federação das Casas do
Povo, o Presidente da Câmara

Continua na 2.º página

Pa da der

grande eficácia na obra da nos-
sa Casa Regibnal.

Foi deliberado criar uma Co-
missão Consultiva para a bolsa
que passa a ter o
nome do seu criador, Dr. Antó-
nio Alves da Cruz. A comissão
é constituída pelos srs. Eng.
Abílio Pires Lopes, Martinho
Mendes de Oliveira e Homero
de Deus Garcia.

Como prenda oferecida à no-
va Direcção e como manifesta
ção do seu extremado bairrismo
e amor à Casa, os pais e avós
do menor de dois anos, Adalber-
to Jorge da Silva Barreto, ins-
creveram-no como sócio da Ca-
sa, ficando assim a ser o Benja-
mim dos seus sócios. Na verda-
de, António Francisco da Silva
e sua esposa, Sr.º D. Maria do
Céu Silva, bem como sua filha,
Srº D. Maria Helena da Silva
Barreto e seu genro, Adalberto
Ferreira Barreto, são dos mais
dedicados elementos da Casa da
Comarca de Sertã, desde há mui-
tos anos.

Inscreveram-se mais quatro só-
cios.

PROGRESSO

| MAIO 1978

 

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Página 2

Crónica do Orvalho

O MAIOR INIMIGO
DO PINHAL — O FOGO

Devido ao grande aumento do
custo da mão-de-obra e miíngua
da mesma, a agricultura tende,
se quiser vingar, à enveredar
pela mecanização.

Tal processo só será possível
nos grandes latifúndios ou en-
tão na organização de coopera-
tivas locais. A nossa região é,
salvo raras excepções, uma ter-
ra de pequenos lavradores que
não podem, mesmo com os 20%
de subsídio, suportar o elevado
custo das máquinas agrícolas.
Restava a hipótese da reunião
de vários lavradores que em
esforços conjuntos resolvessem
a situação. Mas, mau grado nos-
só, de uma maneira geral, o
rural não está preparado para
isso.

Desta maneira a pequena e
média agricultura vive
tos de dolorosa agonia. Está
prestes a perecer, o que já te-
ria acontecido se não fossem
os «balões de oxigénio» que
se chamam pinheiros.

É na riqueza florestal que re-
side o nosso único apoio, pois,
é por assim dizer, o rendimen-
to que nos chega com pouca
mão-de-obra e portanto com
lucro.

Urge que se proteja a flores-
ta e se evite o seu maior mal —

FOGO.

Estando ainda no começo
da Primavera já houve, em
Orvalho, dois incêndios. O “úl-
timo nos p. p. dias k e 5 que
devido à imprevidência causou
prejuízos, em pinhais novos, de
valor muito superior a meio
milhar de contos.

Perdas deste género afectam,
grandemente, o orçamento eco-
nómico dos lesados e é um en-
fraquecimento, com que nin-
guém lucra, para a região e
até para a própria economia
nacional.

Estivemos no local da catás-
trofe no combate às chamas
devoradoras que tudo consu-
miam com uma facilidade im-
pressionante. Voltámos lá de-
pois de toda aquela riqueza
consumida. O local mais pare-
cia um campo após uma bata-
lha. Os troncos dos pinheiros,
tisnados e fumegantes mais se
assemelhavam a esqueletos de
braços erguidos ao céu. Quase
sem querer, quedámo-nos em
religioso silêncio fascinados pe-
la triste realidade da natureza
morta,

Depois de tantas perdas algo
me apraz registar: à compreen-
são, o espírito de sacrifício e de
entre-ajuda de um bom punha-
do de pessoas sem distinção de
idades ou sexos que lutaram
bravamente contra as chamas
pondo, por vezes, à vida em pe-
rigo para defenderem aquilo
que não sendo seu, q todos per-
tence; q prontidão, q bravura
e q boa vontade dos Bombeiros
Voluntários de Oleiros; a popu-
lação de Vilar Barroco que em
grande número nos ajudaram
neste transe. Para todos e em
nome de todos vai o nosso re-
conhecido «Bem-Hajam!»

Para os Orvalhenses de boa
vontade que se despiram dos
seus habituais fatos e todos
irmanaram em comunhão de es-
forços, com bravura e desprezo
pela própria vida, vai também
a nossa admiração. — (C.)

JOSÉ ANTUNES
AMARO

(Várzea — Pedrógão Pequeno)

Tem passado mal de saúde es-
te nosso querido amigo e abas-
tado proprietário de Várzea —
Pedrógãt Pequeno.

Desejamos-lhe o mais rápido e

completo restabelecimento ao
convívio dos seus numerosos
amigos.

O RENOVADOR

Notícias
de Figueiredo

CARREIRA DE PASSAGEIROS
FIGUEIREDO – SERTÃ

Até à presente data tinhamos
apenas uma carreira ascendente
e outra descente, que partindo de
Figueiredo às 7.15 horas regres-
sava depois a esta localidade às
10.05 horas.

Presentemente foi o Figueiredo
beneficiado, aos sábados, com
mais uma carreira, que hoje se
iniciou, (28) a qual parte da Ser-
tã às 11.25 horas com destino ao
Figueiredo, onde chega às 12 ho-
ras e donde parte às 12.10, che-
gando depois à Sertã às 12,45, a
tempo, portanto de dar ligação
com a carreira que desta Vila
parte por cerca das 14 horas com
destino a Lisboa,

É uma carreira útil para todos
os habitantes do percurso, quer
queiram seguir na carreira dos
14 horas para Lisboa, quer te-
nham de tratar na Sertã de as-
suntos breves. Apresentamos à
Companhia Viação Cernache, os
nossos agradecimentos, por ter
atendido em parte as necessida-
des do público.

Todavia se em lugar de se efec-
tuar sômente aos sábados, se efec-
tuasse mais um dia por semana,
às quartas-feiras, por exemplo, a
satisfação seria completa e espe-
ramos que assim venha: a suceder
muito em breve. — (C.)

Figueiredo, 28 de Março de
1970.

AQUI… MADEIRÃ…

HA OU NÃO HÁ CARREIRA?

Num domingo do passado mês
de Janeiro ao entrarmos na loca-
lidade da Cava, desta freguesia,
ficâmos pasmados ao deparar
com todos os seus homens váli-
dos trabalhando na estrada e lar-
go do cimo da povoação. Ficá-
mos pasmados, porque não esta-
mos habituados a estas manifes-
tações de solidariedade… No en-
tanto todos consideravam neces-
sário que ali viesse uma camio-
neta de carreira e porque a em-
presa concessionária lhes havia
exigido aquelas obras, nãt per-
deram tempo em executá-las
imediatamente.

A camioneta lá veio três vezes
fazer-lhes a boca doce, mas aca-
bou-se e toda a gente ficou de-
siludida.

CASAMENTO

No passado dia 23 de Março,
realizou-se, em Fátima, o casa-
mento da Sr.* D. Gabriela Ven-
tura Sequeira Grilo, filha da Sr.”
D. Antonieta Costa Ventura Se-
queira Grilo e do Sr. Júlio Luis
Sequeira Grilo, residentes em So-
breira Formosa, com o Sr. Ma-
nuel Joaguim Pinto de Melo Lo-
bo.

Por parte da noiva foram pa-
drinhos, sua irmã, D. Alzira Ven-
tura Sequeira Grilo e seu pai, e
do lado do noivo, a Sr.“ D. Ma-
ria de Lurdes Pinto de Melo Lo-

bo et Sr. Inácio Nórton de Lo-
bo.
A noiva, elegantemente vesti-
da, foi conduzida ao altar por seu
pai, Sr. Júlio Luís Sequeira Gri-
lo.

Finda a cerimónia, foi servido,
na maior intimidade, um primo-
roso «copo de água», nas Sa-
las das Irmãs Dominicanas em
Fatima.

Aos noivos, que vão fixar re-
sidência em Luanda, e Ex.ms fa-
mília, deseja O Renovador as
maiores prosperidades.

A Empresa Viação Sernache
certamente terá os seus proble-
mas, mas porque não justifica,
claramente, a sua posição? As
obras que exigiu estão feitas,
que falta agora? Será demais le-
var ali uma camioneta uma vez
por semana?

FALECIMENTO

Faleceu nesta localidade, no
dia 3 do corrente a Senhora Ma-
ria do Carmt Gaspar, com 85
anos de idade. Era irmã dos Se-
nhores Albano Gaspar, residente
no Brasil; Adelino Gaspar, resi-
dente em Lisboa; António Gas-
par, já falecido; e das Senhoras
Julieta Gaspar, Amélia Gaspar e
Emília Gaspar.

Com o seu falecimento mais
uma casa ficou fechada, uma das
55 que, conforme previsão de
1966, terão destino igual na fre-
guesia de Madeirã. — (C.)

Declaração

Martinha Cardoso, casada,
doméstica, residente em Lisboa,
na Rua Cândido dos Reis, 52-
-r/c dt.”, declara para os devi-
dos e legais efeitos, não se res-
ponsabilizar por quaisquer dívi-
das feitas por seu marido Eduar-
do Pedro, proprietário, residente
em Carvalhal Fundeiro da fre-
guesia de Troviscal, pelo facto
de nenhuma despesa feita pelo
mesmo ser em proveito comum
do casal.

Lisboa, Abril de 1970.

Alvito
da Beira

Construção do edifício
para a Junta de Freguesia

Por portaria publicada no
«Diário do Governo» de 8 de
Abril foi concedida à Câmara
Municipal de Proença-a-Nova, a
comparticipação do Estado de
38 000800 como reforço da an-
teriormente concedida, que cor-
responde à execução dos trabalhos
de construção da sede da Junta
de Freguesia de Alvito da Beira.

18 de Abril de 19%

Hospital Suh-Regional da Sertã

Continuação da 1.º página

rosidade de quem puder con-
tribuir para o melhor trata-
mento e despesas dos doentes
da nossa Região.

Não basta, porém, construir
e equipar um belo edifício,
exemplarmente localizado. É
preciso que tanto da parte dos
serviços clínicos, de enferma-
gem, administrativo e pessoal
menor, tudo esteja em condi-
ções de poder servir os doen-
tes à altura das suas necessi-
dades.

A Mesa que tomou posse em
Julho passado, não se tem
poupado a esforços para dotar
o Hospital com o pessoal indis-
pensável ao seu perfeito fun-
cionamento.

Actualmente, os quadros es-
tão completos, com um empre-
gado de Secretaria, uma enfer-
meira, uma parteira, ambas
diplomadas e as empregadas de
limpeza e cozinha que se jul-
gam necessárias.

À Cosa do Povo
de Cernache
do Bonjardim

Continuação da 1.º página

Municipal da Sertã e outras in-
dividualidades.

Na sessão, após as boas-vindas
dadas pelo Presidente da Assem-
bleia Geral da Casa do Povo,
Sr. Prof. Correia da Silva, as
alunas ofereceram à assistência
uma pequena récita demonstrativa
das actividades do curso.

Falou o Presidente da Câmara
Municipal da Sertã congratulan-
do-se com a promoção social das
populações rurais que se obtém
com estes cursos, e a Sr. D. Ma-
ria Helena Trigo que explicou a
finalidade dos cursos frequenta-
dos já por mais de 30 000 alunas
em todo o País. O Rev. P. José
Alves, pôs em relevo os benefi-
cios do Curso para a freguesia.

Após o encerramento, pelo
Sub-delegedo do Instituto Nacio-
nal do Trabalho, procedeu-se no
sede da Casa do Povo a uma
visita à Exposição dos Trabalhos
das alunas onde se encontravam
alguns de bastante mérito,
foi servido um abundante «co-
po-de-água» a todos os convida-
dos.

Uma equipa operatória vem
de Lisboa, sempre que há doen-
tes para operar e pensa-se que
poderão constituir-se diversas
outras equipas de especialistas
que se deslocarão, à Sertã, na
medida que se reputar necessá-
ria,

Resta agora que o público
corresponda e saiba aproveitar
as excelentes instalações e or-
ganização que possui na Sertã,
evitando despesas que a deslo-
cação para outras terras sem-
pre implica.

Na Redacção

Tivemos o prazer de cumpri-
mentar nesta Redacção, o Sr.
João Francisco da Silva, de To-
mar, natural da freguesia de Ál-
varo e pai do distinto Advogado
da Comarca de Tomar, Sr. Dr.
Antunes da Silva e avô do Sr.
Prof. Frausto da Silva, presiden-
te do Gabinete de Estudos e
Planeamento da Acção Educati-
va.

Veio para felicitar-nos pela fe-
liz iniciativa do nosso jornal.

Com o mesmo intuito se deslo-
cou à nossa Redacção o Sr. Joa-
quim Moreira, residente em Lis-
boa e natural de Carvalhal.

Agradecemos a sua amável vi-
sita e o estímulo que trouxeram
ao nosso trabalho.

Festival
de Lobitos
na Sertã

No próximo dia 3 de Maio,
realiza-se na Sertã um grande
Festival de Lobitos, onde esta-
rão representadas todas as «al-
cateias» da Diocese de Portale-
gre e Castelo Branco. Espera-se
que compareçam cerca de 500
escutas com algumas famílias.

No domingo dia 5, celebrou-
-se no salão dos Bombeiros Vo-
luntários uma reunião dos diri-
gentes com os lobitos e suas fa-
mílias como preparação para o
Festival. Todos ouviram, muito
interessados, números apresenta-
dos pelos escutas mais novos e
a explicação da orgânica e fins
do Festival, seguindo-se um pe-
queno beberete.

POSTAL DE OLEIROS

NA FREGUESIA DE ORVALHO
O FOGO DEVOROU

QUINZE HECTARES DE PINHAL
CAUSANDO CENTENAS

DE CONTOS DE PREJUÍZO

Quatro de Abril de 1970. Pe-
las 14 horas a sirene atira para
o ar o seu grito aflitivo.

Momentos depois, comandados
pelo Senhor Álvaro Ferreira de
Matos, os Bombeiros Voluntários
de Oleiros lá se dirigem a toda
a velocidade para o local da ucha,
pinhais a meio caminho de Or-
valho — Casas da Zebreira, es-
tremando com outros da fregue-
sia de Vilar Barroco.

Foi uma luta daneda de mui-
tas horas seguidas para dominar
o fogo-

Populares de Orvalho e Vilar
Barroco também trabalharam va-
lentemente.

Era noite, quando os bombei-
ros regressaram a Oleiros.

Dia cinco, domingo, mais uma
vez a sirene lança o seu grito de
alarme. fogo reacendera-se,
mais luta e ansiedade até o do-
minar novamente.

Quinze hectares de pinhal ar-
deram! Centenas de contos de
prejuízo!

Causas: Consta ter sido des-
cuido de um trabalhador agríco-
la que, por ordem de seu patrão,
vinha queimando matos em ter-
renos que estavam a ser prepara-
dos para plantações de árvores.

Pergunta-se:

A

Até quando os pinhais do Con-
celho de Oleiros continuarão à
mercê da estupidez de indivíduos
que originam «descuidos» desta
natureza?

Não sabemos se alguma vez as
coisas se modificarão. Mas sabe-
mos que se se fizesse a história
dos fogos que nestes últimos dez
anos têm consumido grande par-
te da riqueza florestal do conce-
lho de Oleiros, a causa «descui-
do» apareceria como principal
culpada.

MORTO EM DEFESA
DA PÁTRIA

Com todas as honras militares,
em 3 do corrente, realizou-se em
Sardeiras de Baixo, freguesia de
Oleiros, o funeral do soldado
Manuel Ventura, morto em de-
fesa da Pátria, no Ultramar.

O heróico soldado, era filho
do senhor José Francisco Ventu-
re: e da senhora Nazaré de Jesus.

AUTOMATIZAÇÃO
DOS TELEFONES DE OLEIROS

Estão em curso os trabalhos
preliminares da automatização
dos telefones desta Vila.

Vai ser levantada toda a rede
telefónica subterrânea existente,
que será substituída e ampliada.

Depois de pronta, a referida
rede telefónica, ficará preparada
para receber quatrocentos telefo-
nes, — (C.),.),

 

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no

18 de Abril de 19%

O RENOVADOR

Página 3

0S PROBLEMAS DA FREGUESIA

Continuação da 4.º página

É um melhoramento cujo al-
cance só poderemos medir in-
teiramente, depois de aberta ao
trânsito a Ponte sobre a Ribei-
ra da Isna, a ligar os concelhos
de Sertã e Vila de Rei.

Esperamos que, ainda no
corrente mês de Abril, isso
aconteça. Vamos festejar con-
dignamente esse memorável
acontecimento, lá mais para
diante.

Mas, além da abertura des-
tas vias de comunicação, que
constituem elementos vitais
da vida económica da fregue-
sia, outros melhoramentos de
diferente índole, há a assina-
lar. Aponte: O arranjo do Lar-
go da Igreja que deu à sede
de freguesia um ar menos al-
deão. Deste Largo faz-se agora
o acesso à E. N. n.º 2, por via
alcatroada, numa distância de
500 metros, que se ficou a de-
ver em grande parte à genti-
leza da Direcção de Estradas
do Distrito.

Outro melhoramento de in-
calculável valor, foi a electrifi-
cação inaugurada em 1967, a
qual abrange não só a sede de
freguesia, como ainda a povoa-
ção de Fouto, ali a menos de
um quilómetro. :

Na sede de freguesia cons-
truiu-se um edifício escolar de
2 salas de aula. O mesmo su-
cedeu mais recentemente em
Abrunheiro Grande. Vilar do
Ruivo e Lagoa Fundeira, fo-
ram dotadas com uma sala.

Algumas das 14 povoações da.
freguesia receberam abasteci-
mento de água por bomba ma-
nual ou por fontenários. Ape-
nas as povoações de Fouto e
de Aldeia não foram ainda be-
neficiadas com esse melhora-
mento. No entanto, no Verão,
é deficiente o abastecimento
nas povoações de Silveira, La-
goas e Cabeça do Poço.

— Apesar de tão grande sé-
rie de melhoramentos realiza-
dos nos últimos 10 anos, natu-
ralmente que muito há ainda
a fazer. Pode indicar-nos as
mais prementes necessidades
da freguesia?

— Ainda e sempre o proble-
ma das comunicações.

Para que a freguesia possa
sentir-se ligada em todas as
suas povoações, com a sede e
com V. de Rei é precisa a cons-
trução de uma estrada entre
Silveira e os Abrunheiros, pas-
sando por Ribeira e seguindo,
depois por Ceada, com ligação
até São Martinho, para poder
unir-se a Ferreira do Zêzere e
Vila de Rei pelo lado Poente.

É claro que com a simples
terraplanagem, o problema ro-
doviário não está resolvido.
Falta alcatroar. E a freguesia
apenas pode desfrutar de alca-
troamento na E. N. n.º 2. As
vias municipais nem sequer
empedradas se encontram. E
para a conservação do piso em
condições de trânsito seriam
necessários pelo menos dois
cantoneiros, que mesmo assim,

– são muitas.

no Inverno não conseguiriam,
esse milagre.

Outra grande necessidade é
a electrificação de todos os lu-
gares da freguesia. Mas com
electricidade mais barata da
que agora possuem a sede da
freguesia e a povoação de Fou-
to. A Câmara bem se tem es-
forçado pela solução desse pro-
blema, mas não depende só de-
as

Aproveito para prestar a mi-
nha homenagem ao sr. Presi-
dente da Câmara a quem a fre-
guesia tão agradecida está.

Quanto a calçadas em povoa-
ções, também as necessidades
Vilar do Ruivo
tem um projecto feito para
as suas ruas, o seu custo está
orçado em 800 contos. Mas
quando poderá gozar desse be-
nefício?

Fouto, Abrunheiro, Cabeça
do Poço, Ribeira, mereciam
igualmente o calcetamento das
suas ruas, como povoações de
melhores condições para isso.

Noutro campo, o preenchi-
mento do lugar de médico mu-
nicipal daria muito melhor co-
bertura sanitária à freguesia.
O funcionamento de um posto
médico, (há casa à disposição
na sede da freguesia), dotado

Fraco
passarinho a

Continuação da 4.º página

ceíi eu abaixo e fui rolando umas
vezes pelo país fora até ao Dou-
ro, até ao Minho, até Espanha,
de novo para cá. Mas não perdi
o tino. Quando posso volto às
penas primitivas, ao agasalho ma-
terno que não há outro melhor.
Quendo lá vou pergunto pelas
árvores, pelas pedras, pelos mu-
ros soltos a que trepei em meni-
no e donde vi o mundo em tor-
no sem lhe saber as emboscadas,
os despenhadeiros, as falperras.
Pois agora que já tenho visto
disso um pouco daqui publico que
aldeia como a minha, se as há no
mundo, hão-de contar-se pelos
dedos da mão direita, sobrando
os da esquerda. E não falei, por-
que se subentende, do melhor que
lá existe: — é a gente. Mas essa,
escondida e desconhecida, conhe-
ce-a Deus que não lê jornais mas
vê as almas. Agora quando lá
estive, em certos momentos de
alheamento, veio ter comigo a
minha infância e recitou-me os
versos de Junqueiro: — «Ai, há
quantos anos que eu parti cho-
rando…». Não a deixei prosse-
guir porque eu nunca me afasto
nem me departo daquele ninho
mas tão bem velado por meu pai
e minha mãe que nunca o meu
sono é mais bem dormido do que
quando nele me aconchego. O
RENOVADOR renove tudo c
que quiser mas não toque no meu
ninho armado em velhos galhos,
no Monte Novo, freguesia da
Fundada.
P. João Maia, S. J.

Grande Feira

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de uma assistente-enfermeira,
poderia melhorar extraordinã-
riamente o nível de saúde e hi-
giene.

A Junta de freguesia deveria
ter sede própria para realizar
as suas reuniões.

O cemitério conviria ser am-
pliado e possuir melhor acesso.

Muitas outras necessidades
ainda se poderiam enumerar
mas não vale a pena desfiar
todo esse rosário, pois a satis-
fação de umas não a podere-
mos esperar para breve, e a de
outras está no rol dos meros
sonhos.

— Entende que o nível de vi-
da da população tem subido?

— Sem dúvida. As comodi-
dades são outras. Hoje as co-
municações melhoraram ex-
traordinâriamente. A alimen-
tação é melhor. À cultura vai-
-se espalhando. O Ciclo Com-
plementar do Ensino Primário
funciona na sede, já há 2 anos
com 32 alunos. O correio com o
funcionamento de dois giros ru-
rais conseguidos recentemente,
tem distribuição regular, ser-
vindo todas as povoações.

As ligações com os grandes
centros e com a sede da comar-
ca receberam também desde há.
alguns anos incaleuláveis be-
nefícios. Para Vila de Rei e
para a Sertã há três carreiras
diárias da Empresa CLARAS.
Duas delas têm ligação a Lis-
boa e ao comboio de Alferra-
rede.

— Parece-lhe que as dificul-
dades da vida rural da fregue-
sia, poderiam receber alguma
melhoria com a criação de uma
Cooperativa Florestal?

— O povo, é, duma maneira
geral um pouco avesso à as-
sociação. É muito individualis-
ta. Mas estou convencido que,
devidamente informado, iria
para uma associação do tipo
cooperativo que lhe traria inú-
meras vantagens. Tudo depen-
de da criação de ambiente pro-
pício e da sua promoção por
parte das autoridades e do Es-
tado. O nosso povo é muito
receptivo e bom, Falta-lhe cul-
tura. Falta que lhe apresentem
os problemas e lhe falem ao
coração.

— Tem tido alguma influên-
cia na freguesia o factor da
emigração?

— Muita gente da Fundada
tem emigrado. Calculo que um
terço dos naturais da freguesia.
residam fora. Ultimamente en-
tão tem saído muito mais gen-
te. Mas pelo que tenho ouvido,
de outros lados, a Fundada não
será das freguesias mais atin-
gidas pela emigração. Falta na.
realidade muito pessoal para
certos trabalhos, mas desde
que as únicas indústrias exis-
tentes na freguesia, são duas
pequenas serrações, não se vê
como é que os de maior inicia-
tiva poderão satisfazer-se com
a vida que levam aqui.

— O diálogo fora demorado.
Estávamos no fim. Pedimos
ao sr. Manuel Laranjeira que
tão dedicadamente nos respon-
dera a todas as perguntas, que
dirigisse aos seus conterrâneos,
uma saudação que acaso jul-
gasse oportuna. Eis as suas

palavras:

— “Tenho muito gosto em di-
rigir uma saudação afectuosa a
todos os FUNDADENSES au-
sentes, por intermédio do nosso
bom RENOVADOR. Eles que
com tanto esforço e tenacida-
de procuram o pão de cada dia,
espalhados pelo País e pelo Es-
trangeiro, ou no Ultramar,
honram o nome da terra que
lhes serviu de berço. Que um
dia regressem, com o torrão
natal bem dentro do coração,
para o ajudarem a continuar a
progredir, dando-lhe mais vida
e desenvolvimento.

Ramal de ligação da E.N.2 a Fundada

De 6 a 12 de Abril)

EM PORTUGAL,

// O engenheiro Rogério Martins,
Secretário de Estado da Indús-
tria, realizou com êxito uma visita

oficial à Espanha.

// Um grande incêndio destruiu,
no Porto, uma fábrica de fiação.

Os prejuízos estão calculados em 23

mil contos.

// O Presidente do Conselho diri-

giu ao país, por intermédio da
televisão e da rádio, uma importante
comunicação em que foram versados
os mais importantes problemas da
actualidade.

// O Chefe do Estado presidiu, em
Évora, às homenagens prestadas
à memória do Marechal Carmona
por ter passado o centenário do seu
nascimento,
// Lázaro Cavandame, antigo, diri-
gente da «Frelimo» insurge-se
contra as declarações feitas em No-
va Iorque pelo dr. Mário Soares.

// O Secretário de Estado do Co-

mércio, dr. Xavier Pintado, pre-
sidiu, em Genebra, a duas reuniões
da EFTA.

// Na Assembleia Nacional, o de-

putado dr. Duarte de Oliveira
advoga o auxílio financeiro do Es-
tado ao ensino particular.

/! O 9 de Abril, 52º aniversário da

batalha de La Lys, foi condi-
gnamente comemorado em todo o
país.

/! Cascais comemorou o VI cente-
nário da sua elevação a conce-
lho.

// O Presidónte da República rece-

beu uma representação de pro-
fessores e alunos da Universidade de
Coimbra que lhe foram pedir com-
preensão e benevolência,

NO MUNDO

// Há indícios de lavrar uma crise
política nos altos postos gover-
namentais da União Soviética.

/! Acentua-se q baixa do preço do
ouro nos mercados mundiais.

// A Senhora Golda Meir, chefe do
governo israelita, considera inú-

teis as conversações entre os quatro

grandes sobre o Médio Oriente.

// Foram tomadas pelo governo

francês enérgicas medidas para
combater os excessos dos estudan-
tes universitários,

// Foram inaugurados os novos
circuitos telefónicos entre a Eu-
ropa e a América do Norte.

/f O presidente Nixon pediu à te-
levisão americana que divulgas-
se os perigos dos estupefacientes.

// A «Apolo 13» foi lançada a cas
minho da Lua.

// O Camboja vai proclamar à re-
pública.

/! Os «Beatles» separaram-se por
divergências entre eles.

/f Nas eleições realizadas na Ro-
désia, os partidários do primeiro

ministro, Iam Smith, conquistaram

todos os lugares destinados aos bran-

cos no parlamento de Salisbúria.

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@@@ 1 @@@

Terra de Escritores
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Atravessámos a Ribeira da Isna, cautelosamente, não
fosse o nosso «Fiat» encalhar nas águas ainda remansosas
espalhadas pela cascalheira. Meia tarde. Sol de Março, mui-
to agradável, a aquecer velhos pachorrentos sentados nos
balcões das casas.

Seria pela última vez que nos arriscávamos àquela meio
africana passagem com um carro a vau?…

Esperávamos que sim. E a esperança parece que vai
tornar-se realidade. A esquerda ergue-se já, imponente, a Pon-
te construída pela Junta Autónoma de Estradas, na E.N.2.
Ao lado, como um pigmeu face a um gigante, um passadiço
de peões, construído de madeira sobre pilares de cimento,
para que as pessoas passem, ligando as duas margens e os
dois concelhos de Vila de Rei e Sertã.

Do outro lado, surge-nos a pista senhoril da Estrada as-
faltada que se espalma, entre trincheiras altas, durante qua-
tro quilómetros.

São apenas dois ou três minutos de percurso entre a
Isna e a povoação mais próxima. É Fundada que se aconche-
ga, soalheira, lavada de cal, de ar aldeão a querer mostrar
anseios de povoado maior.

Casinhas humildes e brancas, ombreiam com edifícios im-
ponentes, apalaçados, a denotar antigas glórias.

O acesso da E.N. à povoação faz-se por um pequeno
troço de estrada alcatroada que desemboca no Largo da
Igreja, também asfaltado. As ruas, estreitas, foram outrora
calcetadas com pedra rolada da Ribeira. Aqui e além o piso
mostra já desejo de renovação, tornando cautelosa a tra-
vessia.

No Largo dois cafés típicos substituindo tabernas escu-
ras. Vê-se televisão. É a hora da saída da missa. O adro está
coalhado de gente. Uma camioneta de negociante de peixe
faz de centro de convergência.

Foi assim que vimos a povoação de Silveira que faz de
sede da freguesia de Fundada.

Aqui nasceram prestigiosas figuras da Igreja, das Le-
tras, e das Missões.

D. Manuel Nunes Gabriel, Arcebispo de Luanda e São
Tomé, nasceu ali perto no lugar de Fouto mesmo junto a Sil-
veira.

D. Mateus de Oliveira Xavier, Patriarca das Índias, pas-
sou aqui os melhores anos da sua infância e aqui vinha com
frequência descansar das suas fadigas de missionário do
Oriente.

Mons. Sebastião de Oliveira Xavier, irmão do anterior,
foi também prestigioso missionário da Índia.

Padre Manuel Mendes Laranjeira foi missionário em Ti-
mor. O Padre Sebastião Rodrigues dos Santos ;também mis-
sionário da Índia, juntamente com o Padre Vicente Mendes
da Silva, foram igualmente naturais de Fundada.

Outras figuras da Igreja ainda exornam as glórias de
Fundada: Cónego Júlio Patrício de Oliveira, natural de Ca-
beça do Poço, e Cónego Manuel Laranjeira Filipe.

Entre as figuras gradas nas letras, naturais de Fundada,
sobressai o Padre João Francisco Maia, da Companhia de Je-
sus, que nos honra com a sua colaboração especial para este
número. Nasceu na povoação de Monte Novo, licenciou-se na
Faculdade de Filosofia de Braga e na de Teologia de Granada.

Hoje é um dos principais redactores da Revista Brotéria,
e um dos mais conceituados críticos literários e poetas da
nova geração. Tem a seu cargo presentemente a rubrica de
crítica literária da Emissora Nacional, onde são apreciadíssi-
mas as suas crónicas.

Como poeta publicou diversos livros entre os quais «Éclo-
ga Impossível», «Abriu-se a Noite» e «Poemas Helénicos»,
tendo sido galardoado com o prémio nacional de poesia do an-
tigo Secretariado Nacional da Informação.

Em Lagoa Cimeira, nasceu e vive actualmente o Dr. Vir-
gílio Godinho, discutido político de numerosas campanhas
eleitorais recentes, eminente autor do «Calcanhar do Mundo»,
uma das obras romanescas de maior interesse regional, cuja
acção se passa precisamente nas terras do pinhal e da esteva.

FUNDADA E A
INICIATIVA

PARTICULAR

A contribuir para o progres-
so geral não têm faltado as ini-
ciativas particulares.

Além do Lagar do Olheiro nos
arrabaldes de Silveira há tam-
bém, com a resinagem dos pi-
nhais, duas Serrações — a de
Joaquim Nunes Real, na povoa-
ção de Fouto e a de João Men-

des e Filhos, na Lagoa Cimeira. –

Continua ainda a sua faina um
alegre moinho de vento — o de
Joaquim Nunes dos Santos, na
Cabeça do Poço.

Hã várias casas de comércio
na área da freguesia, sobressain-
do, na Silveira, as de Manuel

Mendes Laranjeira (fazendas,
mercearia, utensílios domésticos,
representação da Sacor, Gazci-
dla, etc.), José Dias Cardoso (fa-
zendas, mercearia, etc.) e Alber-
to Mendes Laranjeira (mercea-
ria, latoaria, vinhos, louças, mer-
cearia, etc.). Podemos juntar a
estas a de Ernesto Domingos Ba-
rata (vinhos e mercearia) e ou-

tras semelhantes da sede e termb .

da freguesia, onde também não
faltam pequenas alfaiatarias, sa-
patarias, ferrarias, etc.

(Do livro «Vila de Rei
e o sey Concelho»)

O RENOVADOR

18 de Abril de 197%0

=FUNDADA-

05 PROBLEMAS DA FREGUESIA

E um homem de meia ida-
de. Nos cabelos há manchas de
cinza. O seu olhar prescruta e
parece interrogar-nos. Activo.
Cheio de iniciativa. Domina
perfeitamente os problemas da
freguesia. Há longos anos que
é Presidente da Junta. Sente-
-se satisfeito por ter contri-
buído para numerosos melho-
ramentos que a freguesia rece-
beu nos últimos 10 anos. Bem
o merece.

O repórter dispara a primei-
ra pergunta:

— Dê-me uma ideia geral da
sua freguesia:

— Embora pareça estranho,
não há prôpriamente uma po-
voação chamada Fundada. A
sede de freguesia tem tradi-
cionalmente o nome de Silveira,
embora haja muita gente que
lhe chame Fundada. Esta de-
signação cabe mais precisa-
mente à freguesia e teve ori-
gem no facto de se situar nu-
ma baixa, correndo as suas
povoações junto à Ribeira da
Isna e no sopé da Serra da Mil-
riça.

A freguesia tem, actualmen-
te, uns 1.600 habitantes. 420
fogos. A população dedica-se,
quase exclusivamente, à agri-

Oportuna entrevista com o Presidente da Junta de Freguesia,
SR. MANUEL MENDES LARANJEIRA

cultura. Uma agricultura po-
bre e rotineira. Batata, feijão,
milho, hortaliças.

Muitas famílias têm uma ca-
bra ou duas. Algumas também
umas ovelhas. Do leite fazem
saborosos queijos que vendem
nos mercados, em fresco.

Como produto mais rentável
da terra, existe, naturalmente,
como em toda a região Sul-
-Poente do Distrito de Caste-
lo Branco: o pinhal. Não é das
zonas de melhor produção. Mas
junto à Ribeira da Isna exis-
tem bons exemplares.

A exploração agrícola é fei-
ta, quase sempre em sistema
familiar, pois a propriedade es-
tá pulverizada em pequenos
quintais, mais ou menos fér-
teis conforme a abundância ou
a escassês da água.

— A conversa fora longa so-
bre o tema proposto. O nosso
entrevistado im falando, sem
pressas, meditando no que di-
2ia. E continuámos:

Sei que a freguesia tem re-
cebido nos últimos tempos nu-
merosos melhoramentos, com-

Fraco passarinho…

Diz o povo da Fundada: —
«fraco passarinho o que se es-
quece do seu ninho». O meu ni-
nho ficou dependurado entre oli-
veiras e pinhais precisamente nes-
sa freguesia no lugar do Monte

Rev Padre João Francisco
Maia, S. J.

Poeta e crítico literário

Novo; e quanto mais conheço
urbes populosas e caiadas, mais
me lembro do meu ninho e do
canto do tentilhão. E tanto é as-
sim que ainda há uns dias lá
estive e um tentilhão madruga-
dor me veio tocar a solfa num
raminho que dizia com a jane-
la do meu quarto e me pareceu
filho legítimo dos que musicaram
a minha infância que também
acordou dentro de mim ao ou-
vilo. Não creio que haja em
todo o orbe luger mais pacífico
mais virgiliano, Por isso são por
tá encontradiços os que atingem
os oitenta anos sem avezarem
mais botica que uns chás que po-
deriam já ter amezinhado Públio
Cornélio Cipião e romants do
mesmo estofo e medula. Nunca
lá foi um ministro que se saiba
nem lá fez falta. Quento a visi-
tas importunas mas que têm dei-
xado que falar — são as da ra-
posa que nos dias de maior la-
rica descoze da Ribeira da Isna
e vem de seu vagar ver se o
trebelho da capoeira está corri-

do. Os faltosos encontram de
manhã dois ou três bicos a me-
nos e vão-se dali agenciar os fer-
ros do Sr. Manuel António para
caçar a desenvergonhada. A mi-
nha aldeia, a estas horas, está
sob a baforada de perfume das
mimosas que a respaldam; essas
mimosas conheci-as de pequeno,
foram plantadas pelo Sr. José
Antunes, não o que preside à Cà-
mara da Sertã mas por um seu
homónimo que vai caminhando
para os noventa anos e há-de lá
chegar se Deus quiser.

Ali perto estancia um dos mais
robustos escritores portugueses o
qual, quando escreve, vê em tor-
no do aparo os segredos campe-
sinos de uma linguagem a deri-
var da boca do povo como re-
gato palreiro. Chama-se Vergí-
lio Godinho o autor do romance
Calcanhar do Mundo. O meu ni-
nho, amigos, rodeiam-no as bal-
sas silvestres, a urze, a esteve, o
rosmaninho, balidos de cabrito e
cordeiro, poços meditativos, oli-
veiras áticas e pinhais gemen-
tes. Não o alumia a electricida-
de mas a candeia de azeite que
vem do quartenário. Desse ninho

Continua na 3.º pág.

Manuel Mendes Laranjeira

Dinâmico Presidente da Junta
de Freguesia de Fundada

participados pelo Estado e rea-
lizados pela Câmara Municipal
de Vila de Rei. Pode enumerá-
los?

— Com muito gosto. Nos úl-
timos 10 anos realizou-se a ter-
raplanagem da estrada muni-
cipal entre a sede de freguesia
e Vilar do Ruivo, numa distân-
cia de 5 quilómetros. Para que
a ligação entre as duas povoa-
ções fique completa, resta a
construção de uma ponte so-
bre a ribeira do Vilar, que se
espera seja comparticipada em
breve.

Igualmente se abriu o cami-
nho Municipal entre a sede de
freguesia e Cabeça do Poço,
numa distância de 2 quilóme-
tros.

Mas, de longe, o maior be-
nefício que a Freguesia usu-
fruiu em toda a sua já longa
existência, foi a construção
pela Junta Autónoma de Es-
tradas, da Estrada Nacional n.º
2, que atravessa a freguesia de
norte para sul.

Continua na 3.º página

Fundada
e as suas
I4 povoações

Segundo Monsenhor, Dr. José
Maria Félix no seu livro «Vila
de Rei e o seu Concelho», Fun-
dada tem as seguintes povoações:
Silveira, 70 fogbs; Cabeça do Po-
ço, 70; Vilar do Ruivo, 70; Abru-
nheiro Grande, 35; Abrunheiro
Pequeno, 16; Ribeira, 40; Aldeia,
4; Lagoa Fundeira, 30; Lagoa Ci-
meira, 25; Fouto, 28; Sobreiras
Altas, 4; Monte Novo, 14; Relva
do Boi, 14; Fonte das Eiras, 8.

Total 14 povoações com 427
fogos.

Vista parcial de Silveira (Fundada)