O Correio da Sertã nº5 29-11-1884

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FOLHA LITTBRARIA, NOTICIOSA, COMMERCIAL E AGRICOLA
O — —— —
REDACTOR PRINCIPAL-ABILIO DAVID
ADMINISTRADOR — EDUARDO GONÇALVES
ASSTGNATURAS
No
estrangeiro accresce o porte.
Lisboa e provincias — Trimestre 200.
Semestre 400. -Anno 800 réis. — Para o
SERTÃ — 29 DE NOVEMBRO DE 1884
PROPRIETÁRIOS — E.
Cada
corpo do periodico, 60 réis.— Anunciam-se
RREO DA SERA
GONÇALVES, A. PIRES E A, DAVID
ANNUNCIOS
linha 20 réis. — Publicações ng
TANNO
publicações de que se recebam 2 exemp.
EXPEDIENTE
Toda a correspondencia de
Lisboa e arredores deverá ser
dirigida, por emquanto, ao ad-
ministrador d’esta folha, rua
do Arsenal, 126.
*
A todos os nossos assignan-
tes que não tenham recebido
regularmente o CORREIO DA
SERTÃ pedimos a fineza de
nol-o participar a fim de reme-
diarmos estas faltas.
No empenho de organisar-
mos a nossa escripturação e
outros trabalhos indispensa-
veis temos commettido, invo-
luntariamente algumas faltas
de que pedimos mil desculpas
aos nossos bondosos assignan-
tes.
*
Em quanto não estabelece-
mos definitivamente os escri-
ptorios de administração ere-
daeção do nosso periodico na
Sertã, todos os annuncios, re-
clamações e-correspondencias
da provincia podem ser dirigi-
das para a «loja do povo», ao
sr. José Augusto Pires, na rua
do Valle, Sertã.
Sertã, 29 de novembro dê 1884
O JULGAMENTO
DE
SILVA LISBOA
— ce copo
Seria falta de coherencia partida-
ria, seria desconhecer os mais rudi-
mentares preceitos de boa camarada-
gem, seria injustiça flagrante, se nos
não oceupassemos hoje do julgamento
do nosso distincto collega o sr, An-
tonio Polycarpo da Silva Lisboa.
|O ominonto-jornalista acaba de ser
condemnado a trez mezes de prisão
correceional e um remivel a 500 réis
por dia! E’ porquê? Porque ousou
pedir contas dos espingardeamentos
da Madeira.
A isto chegâmos!
Meus senhores, n’um paiz onde se
põe a ferros a liberdade de pensa
mento, a mais sagrada, a mais res-
peitavel das liberdades, as instituições
que regem esse paiz devem estar a
cair a pedaços, forçosamente, mina-
das pela podridão.
Estrangular a liberdade d’impren-
sa é querer travar o carro do Pro-
gresso, o que é um absurdo, um
disparate, um contra-senso !
Quando um povo é levado 4 terri-
vel alternativa de arrastar os ferros
da escravidão ou de quebral-os, a re-
volução é um direito incontestavel e
uma necessidade imperiosa, inadia-
vel! Então é que é tremendo o ajuste
de contas.
Não ha forças humanas que pos-
sam interceptar a corrente impetuosa
de uma revolução, principalmente
quando ella é o resultado de longos
annos de tyrannia, Pois bem; fazei o
que quizerdes; mas lembrae-vos que
a imprensa tambem é povo, vive do
povo, e fraternisa-com o povo! Por
mais que façaes o Progresso ha de
seguir a sua marcha triumphante, e
cumprirá fatalmente o seu destino.
Por mais que fecheis os olhos á ver-
dade, o governo do povo pelo povo,
ha de vir com certeza um dia.
Os que não querem acceitar estes
principios fazem mal; porque hão-de
“el-os, se não morrerem muito cedo,
irremediavelmente realisados, a des-
peito dos canhões e das bayonetas!
Os processos como o de Silva Lis-
boa não fazem outra coisa mais do
que apressar a queda de tudo o que
é antigo.
Podiamos apontar datas como 1850
em Portugal, 1830 na França ete.;
mas não.
Desgraçados ! cada vez vos. atas-
caes mais no atoleiro.
Deixal-os ! E justo. São os ultimos
clarões de uma candeia, a quem fal-
“Ita O azeite, prestes a apagar-so.
Vêm perto os brilhantes clarões da
Nova Aurora. Parece-me que oiço já
as primeiras notas do immortal can-
to de Rouget de L’Isle !
Silva Lisboa ganhou com este jul-
gamento uma grande victoria, 9
grangeou numerosas sympathias.
Receba o nosso querido collega um
sincero aperto de mão, e um enthu-
siastico viva, que d’aqui lhe enviamos.
ABiLIO DAVID.
—— peer
SECÇÃO LITTERARIA
‘” LIÇÃO AO MESTRE
«O peor mal é insistir no erro. As
creanças teimosas são assim : vêem
como os: mestres escrevem, e por
uma philaucia sem nome, não os que-
rem imitar.»
E” assim, com este modo senten-
cioso, imponente, magistral, que co-
meça a sua correspondencia para 3
Gazeta Commercial, de Lisboa, um su-
jeito qualquer da Sertã, encobrindo-
se cobardemente sob o pseudonymo
de Alcino.
Pelo conceituoso da phrase, e q ele-
vado do pensamento, deprehende-se
que o homem vae exhibir para ahi
algumas divagações extraordinarias,
pelas ferteis e vastas campinas de
philosophia ou, quando menos, resol-
ver intrincados problemas sobre 08:
novos ideaes da arte moderna.
Não, queridos leitores, não é nada
d’isso. O distincto correspondente,
queremos dizer o sr. Alcino, vem ata-
car o redactor do Correio da Sertã,
e dar pinotes funambulescos, sobre o
5 FOLHETIM
A LICTERATA
ROMANCE ORIGINAL
II
Arabescos
Assim, depois de escrever um sof-
frivel romance, apresentou-se a dois
ou trez editores que lhe responderam
laconicamente isto, com pequenas ya-
riantes : «O seu romance não está
mau ; porém deve concordar que não
tem nome… e então… e então, bem
vê que ‘o nome é o essencial; sem
nome nada se póde fazer, acredite
isto meu caro senhor ; escreva, escreva
muito e publique de graça ; finalmente
— torne-se conhecido e appareça de-
pois; embora me traga um punhado
de parvoíces em trezentos ou quatro-
centos linguados ; * publical-os-hei ;
1 Textual,
«a fama é o grande agente de venda» !,
N’uma oceasião, Mauricio d’Albu-
querque já impaciente disse a um
editor: «Vê que a minha obra tem
merecimento ? Publique-a; faço-lhe
presente do original eda propriedade,
e garanto-lhe sessenta ou setenta as-
eignaturas !»
Apesar d’isso o pobre moço nada
conseguiu, e o romance foi para os
confins da gaveta, e lá se conservou
na mais agradavel e suave raposeira
durante alguns annos. Depois do que
ouviu ao editor, Mauricio comprehen-
deu perfeitamente que pretendiam
desculpar-se para lhe não publicarem
a obra. O dizerem-lhe que escrevesse
de graça era um meio delicado de o
pôrem na rua; era agua lustral ; era
panacéa ; era exactamente o mesmo
que dizerem-lhe: «Tenha a bondade
de se pôr no meio da rua; seu li-
vro será muito bom, mas o auctor
não está conhecido no mundo das le-
tras; e então… boas noites tio Pe-
dro!» Sem embargo Mauricio não
desanimou, e um mez depois tinha
escripto uma comedia-drama em trez
1 Textual.
A
actos e cinco quadros. Foi um ver-
dadeiro tour de force. No campo dra
matico não foi mais feliz.
O nosso heroe que, como os leito-
res sabem, era inexperiente e novo
— contava apenas 17 annos— sonhava
já com as inexprimiveis commoções,
porque passa um novel eseriptor
quando, entre os bastidores, ouve a
algazarra frenetica das platéas cha-
mando o auctor ao proscenio; illudia-
se com extrema facilidade. E qual é
o principiante que se não illude aos
17 annos, ou mesmo aos 34?
Depressa foi desenganado.
Mal cuidava elle, coitado, que ha
mais podridão e dyspepsia entre os
bastidores de um theatro que nas
cloacas de Braga: Embalado n’uma
doce illusão, que acommette todos os
principiantes, foi apresentar a peça a ||
um emprezario que, como quasi to-
dos os emprezarios, entendia de lit-
teratura dramatica, exactamente tan-
to como um perdigueiro que meu pae
tem. O espertissimo emprezario de-
pois de fitar Mauricio com o seu olhi-
nho obliquo, do alto de um respeita-
vel abdomen, que dava ares da pipa
de Diogenes, o philogopho cynico,
engatilhou um sorriso ambiguo. e
respondeu ao joven escriptor :
-— Sim, meu caro, deixe ficar a
sua peça.
Este meu caro na bocca de um em-
prezario ou de um editor é sempre
de uma transcendencia realmente
excepcional ; pois só assim escapa à
penetração dos principiantes. E quan-
do eu digo «só assim,» é porque sei
muito bem que ao principiante difã-
cilmente passa desapercebida a mini-
ma particularidade em momentos tão
solemnes.
— Mas — observou Maurício —
desejo saber quando hei de vir bus-
car a resposta ?
— D’aqui a oito dias.
— Não é possivel sabel-a. antes
desse praso ?
— Não. Tenho ahi variostrabalhos
entre mãos e por conseguinte não é
possivel,
— Está bem. Adeus.
— Adeus.
E o emprezario ao estender a
mão, tornou a sorrir-se de um modo
intraduzivel.
Continia.
ABmio DAVID,io DAVID,@@@ 1 @@@
O CORREIO DA SERTA
simo ventre da chorogia-
paiz, 6 fazer exercicios acro-
batitos no suado couro da, historia.
Vamos ver: E
is escrevam os méninos.teimo-
om S. que nós escrevere-
um” O, conforme as notas
existentes no archivo do reino, é co-
mo nol-o ensinam todos os geogra-
phos desde que esta villa foi tomada
aos mouros pelo conde D. Henrique,
em 1111, desde que teve foral dado
por D. Affonso Henriques, e renovas
do por D. Manuel em 1515, aitenta
a defeza heroica de Celinda, filha
diestá terra, e tendo em conta abra:
TU lealdade com que se portaram
na guerra contra os mouros e na bata-
lhaide Aljubarrota! contra os hespas
nhoes, os filhos d’esta villa; Lopo
Barriga e Gonçalo Rodriguez Cal:
deira.» RR
‘Muito bem: Esplendidamente! Não
imaginaes; leitores, como estou á von-
tade, -gatisfeitissimo; ao ler uma; tiras
dade rhetorica assim, repleta de eru-
diçãove.. de ar!
Sempre-tive ‘o/mais: profundo res-
peito e veneração pelos homens vex-
dadeiramento talentosos e ilustres ;
e nunca passei por elles que me não
detivesse a contemplal-os até os per-
der de vista. E na verdade ha mi-
lhares de razões para isso. Diz o sr.
Ramalho Ortigão, o eminente criticb
portuguez, no seu bello livro intitu-
lado — Em Paris, aproposito da es-
tranha concorrencia que a pleiade de
periodistas, redactores do primeivo
Figaro, attrabia’ no café da Passage
des Prinões :
“aHoje:é um mysterio’ o lugar em
que jantâm’o sr. de Villemessant e o
gr. Rochefort. Eu sei onde 6, mas
prometto guardar segredo em quanto
não me constar “que as pessoas que
deséjam ver um homem illastre lhe
pagam a elle este prazer e não aos
especuladores que o exhibem-»
Concordamos plenamente com oil-
lustre crítico. No caso sujeito; porém,
ha a extraordinaria differença que vae
de uma’bexiga cheia” de“vento, que
pretende passar por homem ilustre é
critico, a um escriptor distincto.
O gr. Alcino é, como vou provar,
uma enorme bexiga repleta de ven-
to! Agora, com uma pachorra digna
de um puro brazileiro, vou entreter-
me’a furar esta bexiga de suino alem:
tejano,’com o-meu innocentissimo’ al-
fineto de principiante. Hei de pical-a
por todos os lados até a esyvasiar com-
pletamento quero dizer, ‘até a deixar
reduzida à sua mais simples expres-
são, tal qual como se diz em mathe-
matica.
Ora; estabelecido que Alcino éuma
bexiga, fical-o-hemos conhecendo, de
hoje para o futuro, e para todos “os
efeitos, pelo nome um: pouco exoti-
“00,16 facto, mas: apropriado, de dr.
Alcino Bexiga. gate
Passoa fazer a autopsia ao segun-
do periodo da: correspondencia do ‘il-
lustre doutor. Do primeiro não faço
caso porque é-apenas uma récua de
lugares communs, atrelados ao estafa-
dissimo almocreve das vulgaridades
mediocres.
Diz’o dr. Alemo Bexiga que con-
tinuará a escrever Sertã com €, por-
que lá está nas notas do archivo do
reino, e que assim 0 ensinam todos
os geographos, etc, ete;
Este demonio do Alcino: estava
decididamente infeliz; quando escre-
veu aquillo; ou: então:— perdoe-nos
— esteve fazendo, antes de escrever;
larga penitencia-no altaride Baccho.
Vós me fazeis perder a cabeça, meu
amigo ! Alto dá ! Então; se os geo-
graphos tivessem ‘eseripto uma enfia-
da de disparates, por exemplo, que
a Sertã está situada na parte-mais
amena “6 mimosa: da região onde a
espinha dorsal do dr. Alcino Bexiga
phia. do
Bexiga, a tantes graus de latitude…
tal, tal, ete!»
lhena Barbosa o que se segue:
«Nas invasões dos povos do norte,
para attrahir-lhe moradores. Alguns
ao conde D. Henrique, e lhe assi-
gnam’o anno 1111, o que não é cri-
velvpor varias razões.» 4
Então, meu caro doutor Bexiga,
queidiz v. ex.“ a isto? Vá lá essa
liçãosita. Tenha paciencia; o meu
caro é que tem a: culpa; ninguem
lhe perguntow se as: sardinhas eram
frescas ; portanto roa que são ossos
do officio. Não se-é assim doutor Be-
xiga impunemente.
Vamos ao terceiro periodo depres-
sa E” pequeno, mas; santo Deus!
encerra muita… tolice! Vejamos:
aSertorio, o profugo de Sylla, nada
mais fez, segundo a tradicção, do
que: lançar os alicerces à um caste
lo; em’S.- João, que já não existe ;
sendo assassinado logo depois de se
ter alistado nas nossas fileiras, por
Porsena;, seu tenente, Tô annos antes
de Christo.»
E? um sabio, este dr. Alcino Be-
xiga | Neste ponto bem se vê, pela
justiça e imparcialidade com que es
creve, que chega a assumir as pros
porções d’um odre de virtudes 6…
de saber, que por ahi anda aos tom:
bos-na sociedade. Ei não haver uma
alma caridosa que se compadeça d’el-
le!
Pelo modo com que se refere a
Sertorio parece que este valoroso é
sympathico general era; forçosamente
algum bandido ou coisa parecida; e
que Sylla, o infame devasso, o mise-
ravel rival de Mario, o canalha que
durante toda a sua vida fez os maio-
res esforços por aniquilar o poder do
povo, para restituir á aristocracia os
sympathico’!
Isto revela a consciencia com que
a honestidade do seu caracter: Mas,
continuemos:; ‘o tal periodosinho tem
ver!
tello, e que foi assassinado por Por-
nosso homem falta á verdade.
a Sertã e edificou o castello como
tenente: Porsena.
Ougamos; o sr. J.: Avelino d’Al-
meida::
tra no Zezere. Foi fundada por Ser-
tugaero
Vilhena Barbosa,
perde o nome, eu ficava, por tão
sibiples facto, obrigado a dizer aos
meus alumnos, do alto da cadeira
professoral, todas- as vezes que tra-
tasse de chorographia do paiz, pouco
mais ou menos isto : «Meus senhores:
a villa da Sertã está exactamente no
sitio dos fundilhos do er. dr. Aleimo
Ora, ora, não ha parvoice. maior.
Referindo-se 4 reedificacão da Sertã,
faz-se apenas echo das palavras de
alguns auctores, mas nada diz que
possa, esclarecer, ou levar-nosao con-
vencimento de que à patria de Ce-
linda deve esse serviço ao conde D.
Henrique. Eu faço um poucochinho
mais: vou apresentar a opinião dum
distincto escriptor a respeito da tal
reedificação, B? do sr. Ignacio de Vi-
eidepois na: dos: arabes, padeceu a
Certã total ruina. Foi reedificada por
el-rei D. Affonso Henriques, que lhe
concedeu muitos: fóros e privilegios
auctores attribuem esta reedificação
seus antigos direitos, é que era o
escreve o talentoso doutor Bexiga, é
mais e melhor. Eu juro… e vamos
Escreve o Bexiga que; Sertorio
apenas lançou os alicerces a um cas-
sena, seu tenente, 73 annos antes de
Jesus Christo. No primeiro caso o
O grande general romano fundou
vamos vêr; sendo porém certo que
um anno depois foi assassinado: pelo
«A Certã está situada perto do pe-
queno rio, do: mesmo nome, que en-
1 As cidades e villas da monarciia por-
que têem brasão de armas; por L.
torio, T£ annos antes da vinda de
Jesus Christo; chamou-se Certago,
depois Certagem e finalmente Certã.
Quando os romanos vieram para to-
mar este castello, uma mulher cha:
mada Celinda, que estava frigindo
uns ovos, para seu marido, principal
defensor de uma das portas da praça,
e sabendo que o tinham morto, deu
com o azeite fervendo nos olhos dos
que se approximaram à porta; e
desta sorte vingou a morte de seu
marido, e com gente: que entretanto
chegou, obrigou os romanos a levan-
tar o cêrco. Tem por armas uma certã
com esta legenda: «Certago sternit
certagine hostes.» *
Ouçamos agora o sr. Vilhena Bar-
bosa:
«A sete leguas ao nascente da ci-
dade de Thomar, acha-se a villa da,
Certã, assentada em lugar plano en-
tre duas ribeiras do mesmo nome e
d’Amioso. Foi fundada por Sertorio,
setenta e quatro annos antes de Je-
sus Christo, o qual a denominou Cer-
tago, edilicando-lhe para sua defeza
um bom castello. Nas guerras em
que este valente capitão se empenhou
contra o poder de-Roma para susten-
tar a independencia da, Lusitania, a
cuju frente se collocára, veiu um
exercito romano pôr cêrco a Certago.
Mal apercebido o seu castello para
resistir a tão, poderoso inimigo, ia
ser tomado no fim de renhido com
bate, quando uma corajosa matrona,
para vingar a morte de seu esposo,
corre à porta do castello no momento
em que vinham entrando os primei-
ros soldados romanos, e arremeçan-
do lhes «o rosto azeite a ferver, que
trazia n’uma- certã, suspende-lhes o
passo, e dá tempo a que chegue soc:
corro, com que foram repelldos os
Amigos, e salva a fortaleza. Em
memoria d’este feito heroico tomou a
poveição por brazão d’armas, que
ainda conserva, um escudo com uma
certã, e em volta a letra: aCertago
stornit cortagine hostes.» Com a certã
destruiu Certago a seus inimigos.»
Que me diz agora, meu bom, meu
caro dr. Bexiga! Leve lá mais essa
lição e cale-se bem caladinho; de-
pois não diga que eu não sou seu
amigo. De ora em diante não. se
atreva a dizer, seja onde for, que
Sertorio não foi o fundador da Sertã.
linda se não póde tirar Certã. Ora,
desde que a villa tomou por brasão
d’armas um: escudo com uma sertã,
é claro, clarissimo, que eu tenho to-
da a razão para escrever Sertã com
S, e não com C; porque é assim que
os bons diccionaristas escrevem.
Na mesma fonte onde o querido
doutor Bexiga foi buscar aquella li-
geira noticia de Sertorio e de Mario,
encontrará, se quizer dar se a esse
trabalho, a palavra sertã, e verá que
uão satisfez plenamente esta ortho-
grapbia, por isso que o auctor nos
remette para a palavra sartã, que
define assim: «Frigideira chata com
; pouca borda onde se frege o peixe ou
carne.»
Já vê, meu caro correspondente,
que lhe sei as manhas.e os paradei-
ros. Não deve pois espantar:se se eu,
ámanhã, por exemplo, n’um momen-
to de mau humor-me entretiver a di-
zer áquellas pessoas que nos lêem
onde o meu amigo Bexiga vae bus-
car toda essa erudição que ostenta
para os papalvos, e se eu disser que
ella, a tal sua erudição… de momen-
to! não resiste á mais simples ana-
lyse, porque não é o fructo de longo
e aturado estudo, porque é incom-
pleta e balofa como o abdomen dos
sugeitos que tomam o chocolate de
Mathias: Lopez.
Ainda mais. O Diccionario da lin:
gua portugueza, dos srs. Fonseca e
Roquete, não dá conta da: palavra
certã; mas se procurarmos na letra
S encontramos sertã, e os illustres
diccionaristas, 4 maneira do sr. La-
cerda e outros, remette nos para a
palavra sartã, que define assim:
«Substantivo feminino, frigideira.»
Está, pois, demonstrado até & eyi-
dencia que tenho toda a razão. para
escrever Sertã com S, visto que me
escudo em auctoridades litterarias e
scientificasQue-me prove o-dr. Be-
xiga o contrario com boas razões é
auetoridades e eu me defenderei,
Venha 4 estacada ; eu o esperarei
a pé firme, com escudo, armas e bra-
çaes. Meu amigo, sois infeliz nas
vossas digressões litterarias. Topetaes
e cahis a eada instante nas immen-
sas escabrosidades historicos, o que,
em boa verdade, não é muito recom-
mendavel para quem, como vós, para
ahi quer fazer de mestraço de pri-
– Agora é que vamos entrar no me-
lhor-do assumpto. Trata se de saber
se Sertã se deve escrever com (‘ou
S. Quer o meu sympathico dr. Boxi-
ga, que se escreva Sertã com O, e
não dá uma unica razão plausivel,
acceitavel, logica, que nos leve a se-
guir a sua estrambotica orthographia,
que me parece, por aquelle andar,
nada deixará a desejar á tão decan-
tada sónica.
Segundo os auctores supracitados
e de outros que não mencionei para
não fatigar os meus benevolos leito-
res, à Sertã teve por primeiro nome,
dado por. Sertorio, Certago; mais
tarde veiu a ter o de Certagem, e fi-
nalmente Certã, Não discuto agora
se O primeiro mome se escreve, com
C ou com S; para mim é ponto de fé
que está bem escripto com CG. Mas
quanto aos dois ultimos eu vou. pro-
var-que o meu sabio dr. Alcino errou
como um perro !
E já sabido que Celinda não foi
como erradamente lhe attribuiu o meu
consciente e honesto contendor, a fun-
dadora da villa; logo não deriva de
Celinda a palavra Sertã, muito em-
bora se deprehenda que depois do
feito heroico de Celinda; a villa se f-
cou chamando, talvez em memoria
da gloriosa acção, Certã. Mas o que
em boa logica é certo, é que de Ce-
1 Diccionario abreviado de chorographia,
topographia, e archeologia das cidades,
ville: e aldêas de Portugal—por J. A.
Almeida, :
meira plaia.
Basta. Passemos ao quarto perio-
do da correspondencia do Bexiga.
Diz elle:
«Vê-se, pois, que é philaucia, pou-
co louvavel dos soldadinhos da idéa
nova, que antes deviam sel-o da an-
tiga, pela qual pelejam, sem dar por
isso, O quererem que esta villa tenha
a sua origem no infeliz alliado de
Mario, e não em Celinda, como aci-
ma fica dito.»
Este periodo já fica refutado pelo
que temos dito. Cumpre nos, porém,
fazer um reparo áquellas palavras :
«soldadinhos da idéa nova, que antes
deviam sel-o da antiga, pela qual pe-
lejam sem dar por isso,» etc. Esto
entono com que o dr. Alcino escre-
veu a proposito de nós e do nosso
ideal político, dá assim idéa de fadis-
ta avinhado e faquista. À compara-
ção é um tanto esquisita, é facto,
mas é a mais verdadeira. Depois
chegamo-nos a convencer que este
demonio estava doido ou nos braços
de Baccho quando disse que peleja-
mos pela idéa antiga sem darmos por
isso. Oh! infeliz Bucephalo, és na
verdade desgraçado nas tuas affirma-
ções ; porque todas elas so destroem
com provas irrefragaveis. Estão ahi
publicados quatro numeros do Cor-
reio da. Sertã; dize-me, meu pobre
Bexiga, em que lugar descubriste que
se defendia a idéa antiga sem dar
por 1880?
Dou-te um doce, meu caro |ro |@@@ 1 @@@
CORREIO
DA SERTA
Vamos ao outro periodo.
«Os novos soldadinhos da senhora
republica que agora manobram no
arraial do hebdomadario correio ser-
tanejo, fazem-se echo de grande pa-
triotismo, mas só para armar ao ef-
feito dos que julgam beocios ; pois
bem se vê que preferem nomes es-
trangeiros aos nacionaes.»
A maneira como esto Bucephalo
do seculo XIX me atira respingos a
mim e á esplendida escola politica a
que me honto de pertencer desde que
tenho luz de razão, carecia que eu
fôsse d’aqui, de Lisboa, até 4 Sertã,
se conhecesse o tal Alcino, esperal-o
à porta da casa e cingir-lhe à cara
com um bom chicote, em nome de
todos os meus correligionarios.
Mas não; para que é descer tanto?
Alphonse Karr, o eminente escri-
ptor francez, escreveu algures: «A
arma mais terrivel na mão d’um es-
criptor é a da ironia, quando della
sabe fazer uso. A brincar é capaz de
dizer as verdades mais cruas, de
condemnar os erros e os abusos mais
graves. Ella é serena, alegre, inde-
pendente e justa, »
E” um punhado de verdades bem
eloquentes em poucas palavras. Al-
phonse Karr tem razão.
Ah! meu: dr. Bexiga, meu bom
amigo, não me esquenteis a bilis ou
por Deus, sou o vosso homem: res-
pondo por todos os artigos e noticias
insertas no Correio da Sertã. O pou-
quissimo que se tem publicado que
não seja da minha penna, tem sido
submeitido á minha direcção littera-
ria. Já vedes pois, que a redação sou
eu! Entendeis-me ?
Emprazo-vos agora a que declareis
sem perda de tempo, qual é o unico
acto da minha vida publica como
particular, isto é, como professor e
como escriptor, que vos auctorisa a
escrever estas palavras: «… fazem-se
echo de grande patriotismo, mas só
pãra armar ao effeito dos que julgam
beocios. »
Sois um calumniador abaixo de to-
da a crítica, e se vos não retratardes
o mais breve possivel, fico auctorisa-
do pelo vosso sujo procedimento a fa-
zeros juizos e considerações que mui-
to bem entender e a amarrar-vos no
pelourinho do ridiculo, expondo-vos
à irrisão publica,
Desgraçadamente vivemos em um
paiz onde qualquer escriptor, por
mais honesto que seja, não está li-
vre de ser esperado nas encrusilha-
das da imprensa por um bandido, por
um anonymo infame, que, lhe” atire
alguma pedrada: ou com aquillo que
o tenente Cambrone offerecia aos in-
glezes! Felizmente que a nodoa re-
sultante da calumnia dura apenas em-
quanto se não apura a verdade.
Os meus estimaveis leitores que
me desculpem se fui algum tanto ag-
gressivo é violento em qualquer phra-
se. Mas bem vêem que tenho razão.
Em polemicas, como em tudo, sou
urbano e cortez, em extremo, para
as pessoas que me tratam delicada-
mente. Sou violento e arrebatado pa-
ra os violentos e arrebatados. Esti-
mo quem me estima; odeio a quem
me odeia.
A turba dos escrevinhadores mal-
vados, isto 6, dos anonymos, existiu
em todos os tempos ; e tem-se multi-
Plicado de tal sorte que hoje, se hou-
vesse uma revista de sanidade litte-
raria, destinada unicamente a estir-
par a sociedade d’essa lepra medonha
que a infesta, seria, senão impossivel,
Pelo menos difficilimo, conseguir a
extincção completa d’ella. Qualquer
escriptor, por mais honesto que seja,
não está isento de ser esperado n’uma
enerusilhada da imprensa para rece-
ber uma punhalada ou um punhado
de lama, com que um d’esses cobar-
des malandrins se lembrar de o brin-
dar, attenta a faculdade que cada um
tem hoje, de ser muito 4 vontade in
solente e malereado.
Para estes traficantes toda a vio-
lencia do doesto é da diatribe e de-
pois a dilaceração da ironia pungen-
te e as gargalhadas voltaireanas.
Lisboa, 29 de novembro de 1884.
ABILIO DAVID.
— —tessiçes— — —
NOTAS DE VIAGEM
— a
DE LISBOA Á SERTÃ
Continuação do n.º antecedente
Depois de jantar, eu e o meu com-
panheiro, combinámos ir dar um pas-
seio pelo Nabão no pequeno barqui-
nho do dono da hospedaria,
Pouco depois appareccu nm nosso
conhecido de poucas horas, mostrando
tambem desejo de nos acompanhar,
Acceitâmos a. companhia da melhor
vontade, e pouco depois procurava-
mos equilibrar-nos n’aquella especie
de casca de noz a que o dono dahos-
pedaria dava o nome de bote, que
baloiçava como um ebrio na pequena
superficie do Nabio. O nosso passeio
durou cêrca de hora e meia.
Voltâmos à hospedaria a informar-
nos da hora a que partiria a diligen-
cia para a Sertã. Certos de que po-
deriamos folgaraté às 4 horas da ma-
drugada, se tanto nos appetecesse, fe-
mos dar um passeio pela Varzea Gran-
de. Não me deterei a fazer a descri-
pção d’este sitio, porque nem quero
enfadar, nem elle tem nada digno de!
mensão. 2d
De repente, ao passarmos em fren-
te do quartel de infanteria 11, lem-
brei-me que havia em Thomar um
theatro. Communiquei ao meu amigo
à ideia de irmos assistir ao especta-
culo ; elle approyou-a promptamente.
Dirigimo-nos ao tal theatro, mas
quando lá chegámos vimos com pro
funda magoa que não havia o minimo
indício de que n’essa noite houvesse
espectaculo.
Passava um transeunte; eu per-
guntei-lhe :
— Tem a bondade de dizer-me se
ha hoje espectaculo ?
— Não, senhor — respondeu elle.
— Sabe porquê.
= Não sei dizer. Taz hoje 3 dias
que pozeram contra-annuncio. “=
Retirâmo-nos descontentes, para
dar fundo em uma confeitaria, proxi-
ma das praias de um barril de cer-
veja de Jhansen & 0.2,
Demorámo-nos algum tempo a be-
ber cerveja; o proprietario do esta
belecimento, que era um antigo co-
nhecido, fez-nos presente de alguns
pasteis de nata e… de varias infor-
mações a respeito da cidade.
Como estávamos um pouco cança-
dos da viagem retirâmo-nos para a
hospedaria,
(Continãa).
José Augusto PIRES.
—— tentos
NOTICIARIO
Pedrogam Pequeno. — As nossas vis-
tas continuam ainda e continuarão
sempre sobre a junta de parochia de
Pedrogam Pequeno. Havemos de
acabar com os poderes pessoaes que
por lá tem havido. Não queremos
dictadores de modo algum, seja sob
que pretexto for! Se não poremos os
resultados que sobrevierem, Não que-
remos saber de considerações de hoje
para o futuro, mesmo por que não
dependemos de pessoa alguma. Ha
dias tencionavamos dizer umas ver-
daditas amargas e duras; mas al-
guns amigos nossos nos pediram en-
carecidamente que não dissessemos
tudo, porque isso acarretaria sobre
alguem responsabilidades sérias. Ago-
ra, porém, não: estamos resolvidos a
determo-nos ante quaesquer conside-
rações. O castigo a quem o merece ;
vá a pedra a quem toca. A Cesar o
que é de Cesar, Quem não quer ser
lobo não lhe veste a pelle.
Por iaso, repetimos, cuidado, cui-
dado, cuidado! A nossa paciencia
tom limites e nós não estamos resol-
vidos a aturar os respingos de qual-
quer Bucephalo arvorado em dicta-
dor. Quem nos entender que se pre-
vina.
Ficâmos de atalaya.
E
Mais um processo. — Acaba de ser
processado o nosso presado collega de
Madrid, El Liberal. Explendida ma-
neira de fazer propaganda em favor
da monarchia. Vamos, para a frente !
Cuidado, porém, com o despertar
d’esse colosso enorme, que se chama
Povo! A hora do ajuste de contas
não se fará esperar! Cautella, cau-
tella | O seculo XIX é todo progresso,
todo luz, todo civilisação ! As trévas
já não existem.
*
Quarentena. —Por proposta da junta
consultiva de saude publica, e em vir-
tude das participações offíciaes, de-
clarou-se que os navios de proceden-
cia hespanhola fossem admittidos no:
porto de Lisboa, ficando todavia su-
| atos à quarentena de rigor.
&
0 « Gonimbricense». — Entrou no
38.º anno de sua publicação o nosso
auctorisadissimo collega O Conimbri-
cense ; coincide esta data com o 62.º
anniversario natalício do seu hones-
tissimo e talentoso redactor.
D’aqui enviâmos um scincero aper-
to de mão ao eminente redactor do
Conimbricense, ao sympathico e hon-
rado decano dos jornalistas. portu-
guezes, ao sr. Joaquim Martins de
Carvalho.
*
Desordem no Limoeiro, — Nºesta. pri-
são houve grande desordem, trocan-
do-se algumas facadas.
4
Por Hogpáihias=- Tem — produzido
grandes desastres na Hegpanha, aa
quilando plantações e cobrinaç- 98
campos de agua em algumas provin-
cias, o mau tempo. Milhares de fa-
milias estão sem pão e muitas sem
abrigo.
*
Fonte das Avelleiras. -— No nosso 2.º
numero dissemos alguma coiga a res-
peito d’esta fonte, situada a poucos
passos de, Pedrogam Pequeno ; mas
até hoje não nos consta que se tenha,
feito qualquer melhoramento.
Vamos indagar o que ha de ver-
dade a respeito do estado em que
ella se acha e depois fallaremos como
muito bem entendermos, fira a quem
ferir, dôa a quem doer.
Estamos resolvidos a não poupar
pessoa alguma que mereça censura.
Dóe-lhes? Roam, que são ossos do
officio, Ceusuraremos aquelles que
não cumprirem com os seus deveres,
exaltaremos as pessoas dignas é ho-
nestas onde quer que ellas appare-
çam.
Emquanto tivermos um sopro de
vida seremos um latego implacavel,
erguido sobre tudo o que é incuria e
pontinhos nos i i, sobrevenham os
pouca vergonha.
[Ca
Tenham paciencia! Hão de ouvir-
nos por força. Nada ha que nos faça
callar. Somos jornalistas liberaes, de-
mocratas, e independentes, inteira-
mente independentes. O pouguissimo
que somos devemol-o a nós mesmos, |
ao nosso trabalho, à nossa dedicação.
Somos pobres, mas independentes,
repetimos.
3
Coimbra. — Nºesta cidade houve em
uma das ultimas noites uma questão
entre o sr. Adelino Barbosa, quinta-
nista de direito, e um clown conimbri-
cense, à sahida do espectaculo “rece-
beu aquelle cavalheiro na cabeça uma
forte pancada, dada por um fotrica.
Parece que o motivo da aggressão é
já de antiga data.
a
Universidade de Coimbra. — O con-
curso para 0 lugar de preparador de
hestalogia e physiologia geral da fa-
culdade de medecina da universidade,
está aberto. Ordenado 3005000 réis.
+
Uma victima do fanatismo. — Conta o
nosso querido, collega do Porto, a
Discussão, que um homem da Cor-
rilhã, do concelho de Ponte de Lima,
depois de ouvir uma conferencia que
alli fizeram uns missionarios, que ha
tempo estão n’aquella freguezia, se
deitou a um poço, e com tanta infe-
licidade que foi impossivel salval-o.
E a lei não fará nada para impe-
dir a causa d’estas fatalidades?
*
Desastre. — Na Povoa de Presen-
dões estava, ha dias, brincando uma
creança, n’uma estrada, proximo de
um carro que, voltando-se e cahindo
sobre a infeliz creança, a deixou hor-
rivelmente esmagada.
+
Estatistica demographica. — Na se-
mana decorrida de 9 a 15 de nos
vembro houve em Lisboa 115 obitos.
Predominaram a variola e as pheu-
monias. De 12 a 18 de novembro
houve 109 obitos e 88′ nascimentos,
Predominaram, como sempre, as ty-
sicas e as enterites. Ha uma diffe-
rença de 21 obitos sobre os nagci-
mentos. S
E” horrivel !
*
Professores. — Segundo parece não
é só em Portugal, como se presume,
que o professor pôde viver sem co-
mer. Veja-se a este respeito a seguinte
correspondencia para um períodico
brazileiro.
Paranaguá, 29 d’Outubro,
E inspector do thesouro provincial
Foribarear umo portaria determinando
que, em obediencia às grdens da pre-
sidencia, ficassem suspensos 08 Paga-
mentos dos empregados publicos.
Consta-nos que os empregados da,
collectoria estão pagos e satisfeitos
= pudera! — mas os professores des-
de setembro não vêem um níckel, e
só de novembro em diante poderão
receber os seus ordenados, isto mes-
mo pelo thesouro provincial, que é
em Coritiba.
Tire-se agora do ordenado do pro-
fessor 2 p. e. de direitos, 5 Pp. e.
para o procurador, 55200 para a
procuração, 400 réis de sellos para
O correio; o que resta?
E tanta despeza para receber o
ordenado de setembro em novembro
e o de outubro em dezembro !
Imagine-se um professor que não
encontre quem lhe fie por tão longo
lapso de tempo. Transforma-se ne-
cessariamente em um leitão em talas.
e ee
Typ. — Rua dos Cafalates, 98es, 98@@@ 1 @@@
O – CORREIO
DA SERTÃ
COLHEGIO
OCCIDENTAL
Lisboa—Rua Nova da Estrella, 1
DIRECTORA :
MARIA DA LUZ VAZ
Este antigo e acreditadissimo es-
tabelecimento de instrucção continúa
a neceitar alumnosde-ambos as se-
xs, para’ oque tem professores com-
petentes. ú i
Lecoiongsse pelo: methodo João de
Deus, instrucção primaria, portuguez,
desenho e prepara-se para o magiste-
rio.
Recebem: se alumnas internas.
“Cursos’- nocturnos para ambos os
soxos-todos:os dias não’sanctificados,
das sete 4s nove horas-da noite.
Rego ‘os cursos do-sexo masculino
o professor Abilio David,
Sexo feminino a professora e dire-
ctora,’D. Maria da Luz Vaz:
Precisa-se um: praticante de phar-
macia: completamente habilitado, na
Sertã: Quem partender o lugar, fa-
ça: arsúa propostá em carta fechada
a-Ghl Fernandes, na Sertã.
DEPURATIVO VEGETAL
O licor depurativo vegetal do me-
dico Quintelia, reunindo ás qualida-
des dos melhores purificadores do
sangue hoje conhecidos, outras indis-
pensaveis. n’esta ordem de medica
mentos que o tornam superior a to:
dos, como a experiencia de quatro
annos largamente já tem demonstra:
do; é infalivel na cura de todas as
manifestações syphiliticas, como mo-
lestias de. pelle, fistulas, ulceras, do:
rés rheumaticas. osteocopas, inflam-
mações viceraes d’olhos, ouvidos blo-
norragias, otc., e nas doenças deter-
minadas pelo abuso do mercurio.
“Pelo Correio se remette gratis um
folheto onde se encontram, enumera:
dos os resultados clinicos obtidos nos
hospitaes, diversos attestados de me-
dicos e doentes particulares. Deposi-
to geral—Pharmacia Salgueiro-—rua
de Cedofeita n.º 90—Porto, e em
Lisboa — Pharmacia Pires, rua dos
Fanqueiros n.º 124 e 126.
OURIVESARIA pe PORTUGAL
281 RUA, AUREBA, 281
Primeiro quarteirão é primei
ra QU-
. sr . Posdos ea
pisado partindo da «raça do D. Pe-
; so à
arvá tato >
Oiro sem falsificação
Venda por mindo e por atacado.
Preço. fixo marcado claramente em
cada, objecto, Todos, os objectos de
oiro e; prata são proprios para brin-
des, Satisfaz qualquer encommenda,
seja qual-for a sua importancia,
Preyenimos o publico, de; que, este
estabelecimento, para poder apresen:
tar um: sortimento limpo das enormes
falsificações, -que tanto tem desacre:
ditado o importantissimo commercio |
de ourivesaria, contratou com uma
casa muito importante e. da; maior
confiança todo o fornecimento do ar-
tigos de oiro e prata de fabricação na;
cional. Garantimos a boa qualidade
de todos os artigos.
” Sabomos por experiencia quanto é
difficil esta lucta- de um só. contra
tanta relaxação mas se 0. favor do
publico nos ajudar, tudo será bem
empregado.
OURIVES JARIANNO, DE CARVALHO
ÁS
PESSOAS QUEBRADAS
jam muito antigas. Este emplasto ter
sido applicado em 35:540 pessoas
Balsamo” sedativo de Raspail
Remedio para a cura completa d
se externamente em fricções.
Preço do frasco 13200 réis.
Molestta de pelle
600: réis.
Injecção Quuepin
do: frasco 15000 réis.
Contra: os callos
Unico remedio que os faz “cai
réis,
Creme das damas
bexigas; Preço do frasco 18200 réis
rdios-“a-guem enviar-a sua importan
Flores). —Lisboa.
MÚSICAS PARA PIANO
tação ao piano; 150 réis.
Lamentos, walsa, 150 réis:
Quem 2… walsa 150 réis.
Crençã; walsa; 150 réias
Adoração, walsa, 500 réis.
4 praça das Plores— Lisboa.
Aa esa Svenientes
imimieza de sangue
cr
do terreno;
faoto assignalado e inquestionavel |
do Salsaparrilha de Ayer é «conheci
mais inteligentes dos paizes adianta
dos, já durante 40 annos.
tem colhido beneficios do: seu empre
ravel.
PREPARADOS POR
RT & AYER
Lowell, Mass. Eistados-Uuidos
cias e drogarias do reino.
1,º Porto, :
Com ouso d’alguns dias do mila-
groso “emplasto: antiphelico se curam
radicalmente as roturas ainda que se-
ainda não falhou: Preço 15500 réis.
«| FARINHA H, NESTLE
vheumatismo nervoso; gottoso, articu-
lar, dôres de cabeça, pontadas, con-
tusões: o) «mollecimento: da espinha
dorsal, Frouxidão de nervos, fraque-
za de musculos, golpes e todu a qua-
lidade de dôr ou inflammação; usa-
Pomada Styracia, cura prompta e
radical de todas as molestias de pelle,
as impingens, nodoas, borbulhas, co-
michão, dartros herpes, lepra, pan-
no, sardas, ete., ete. Preço da caixa
E” esta: a unica injecção que, sem
datnno, cura em tres dias as purga-
ões ainda: as mais rebeldes. Preço
êm 12 horas. Preço da caixa 400
Torna rapidamente a pelle clara e
macia, dissipa as sardas, tez crenta-
da, nodoas, borbulhas, ro-to sarabu-
lhento, rugas, encobre es signses das
Remette-se qnalquer d’estes reme-
Soffrimento, melodia: para reci-
Mandam-se “pelo correio, a quem
enviar a sua importancia a Manuel
Pinto Monteiro, travessa do Cego, 28,
SALMPARRIDHA DE, ANA
Para a cura eficaz e prompta das
E! uma loucura andar a fazer ox:
periencias” com misturas inferiores
compostnsde drogas ordinarias ou de
plantas indigenas cuja efficacia não é
confirmada pela sciencia emquanto
que a molestia cada vez vae ganhan-
Lançem mão, sem demora, de um
remedio garantido cuja efficacia seja
O Extracto Composto Concentrado
doe recommendado pelos “medicos
Centenas de milhares de- doentes
go e são outras tantas testemunhas
da sua efficacia positiva e incompa-
Ge UG
A” venda nas principaes pharma-
Agêntos geraes James Cassels &
0.2 rua de Moúsinho, da Silveira 127
PÓS SIGATIVOS
Contra cancros yenereos e syphili-
ticos e ontras feridas de qualquer
natureza Injceção anti blenorrhagica.
Cara todas as purgações sem causar
apertos. Silva & Filhos pharmaceuti-
cos, vua de S. João da Matta 2 e
74 e rua Augusta 277, 279. Lisboa.
D
e
GRANDE DIPLOMA DE HONRA
Medalha de ouro, Paris, 1880.
Alimento completo: para creanças
de peito.
Substitue o leite materno, facilita
o desmamar, e de digestão facil e
completa.
Medalhas de onro de diversas ex-
posições attestados numerosos das pri-
meixas auctoridades em medicina.
Vende-se nas’ principaes pharma-
cias e drogarias, pastelarias e arma-
zens de viveres.
Deposito geral; armazem Suisso,
Chiado, 61, 2.º Lisboa.
Para evitar as numerosas imita-
ções deve-se exigir que cada: lata
contenha a assignatura do inventor :
Henr Nestlé Vevey.
A PEROLA DA CHINA
E O SEU
GAP E
Acaba de receber novas marcas O
que equivale a dizer : recebeu novas
jalidades.
Este estabelecimento continua com
o seu primitivo programma.
VENDER BARATO O QUE É BOM
Não procuramos attrahir o publico
= com o titulo de barato, para forne-
cia “em vales do correio ou-estampis
lhas a- Manuel Pinto Monteiro, trade mini
vessa do Cego, n.º 23, (á praça úas
»ermos generos de má qualidade e
Ȏ vezes prejudicam a sau-
so Vendemos barato relativamente
com a qualidade do genero que apre-
sentamos, e podemos afirmar que
ninguem venderá mais barato, gene-
ro da mesma qualidade, assim como
ninguem é mais escrupuloso na sua
escolha, e por isso temos a honra de
participar ao respeitavel publico que
acabamos de receber um completo
sortimento de café das melhores mar-
cas que vêem ao nosso mercado, para
os preços de :
1.º qualidade 560.
qa > 440.
Dr » 360.
Torrado e moido.
Igualmente recebemos um comple:
to c grande: sortimento de chá, tanto
preto cam “verde, paraos pregos Us
13600 à 48000 reis o kilo, fazendo
se notar o especial chá verde a 26000
rs., assim como o bem conhecido chá
Pouchong;. É
Ja25. RUA NOVA-DA PALHA, 125
E E SE E
CIRURGIA VETERIMA
Posta ao aleance de toda a
gente, ou diccionario prati-
co das doenças e curativo do
gado.
POR
J. J. VIANNA REZENDE
“| Procedido de um formulário geral
dos medicamentes necessarios para
tratamento das doenças dos animaes
domesticos, de um breve tratado da
maneira de praticar as operações a
que mais vulgarmente se recorre na
cirurgia dos mesmos.
Obra extremâmente util a todos
os lavradores, curiosos do cavallos
possuidores de gados, ferradores, pi-
cadores, caçadores e pharmaceuticos.
Preço 600 réis
Remette-se pelo correio a quem
enviar a sua importancia a, MA-
NUEL PINTO MONTEIRO— Tra-
vessa do Cego 23, à Praça das Flo-
res. Lisboa, ; ;
Unica auctorisada e previlegiada
para a cura radical do rheumatismo
e gotta, como se prova com docu-
mentos legaes, passados por: distins
ctos medicos em repartições publicas.
Só se garante a vendida nos de-
positos, rua do Amparo, 22, e rua
do Marquez de Alegrete, 16.
N. B. Todas as caixas são acora-
panhadas de um prospecto com. al-
guns dos attestados acima mencio-
nados e rubrica do auctor. Para re-
vender 20 p. e.
NODOAS
Com a AGUA SEBERIANA. se
tiram seja em que fôr, lã, seda, ete;,
eto. Não tem cheiro algum e por isso
superior a todos os mais preparados
Rua do Ampato, 22 e rua do Arco
do: Marquez do Alegrete, 16.
GUILHERME DE SANTA RITA
— ceouas—
VACILLANTES
A empreza da BIBLIOTHECA UNI-
vERSAL DE Lucas & FILHO, editou
este livro de bellas poesias, que se
acha à venda em todas as livrarias
de Lisboa, Porto e provincias.
Preço do volume 500 réis
VIOLETA DO CARNE
Privilegiado, auctorisado. pelo. govers
no, approvado pela junta consultiva
de saude publica.
E” o melhor tonico nutritivo que
se conhece: e muito digestivo, forti-
ficante e reconstituinte. Sob a sua in-
fluencia desenvolve-se rapidamente o
apetite, enriquece se e sangue, forta-
lecem-se os musculos, e voltam as
forças.
Emprega-se com o mais feliz exi-
to nos estomagos aindo os mais de-
beis; para combater as digestões, tar-
dias e-laboriosas, a: dispepsia, car-
dialgia,.. gastro pybia, gastralogia,
anemia ou inácção dos-orgãos, rachi-
tismo, comsumpção de carnes, Aliec-
ções escrophulosas, e em geral na
convalescença de todas as doenças,
aonde é preciso levantar as forças.
Toma-se trez vezes ao dia, no acto
da comída, ou em caldo, quando o
doente não se possa alimentar.
Para as creanças ou pessoas muito
debeis, uma colher das de sopa de
cada vez; e para os adultos, duas a
trez colheres tambem de cada vez.
Um calix d’este vinho representa um
bem. bife,
Esta dóse com quaesquer bolachi-
nbas é um excellente lunch para as
pessoas. fracas ou convalescentes ;
prepara o estomago pare acceitar bem
a alimentação do jantar, e concluido
elle, tome-se igual: porção ao toasi,
para facilitar completamente a diges-
tão.
Para evitar a contrafacção 08 en-
volucros das garrafas devem conter
o retrato do aucsor, e o nome em pe-
quenos circulos amarellos, marca que
está depositada em conformidade da
lei de 4 de julho de 1883.
Acha-se 4 venda nas. principaes
pharmacias de Portugal e do estran
geiro. Deposito geral na pharmacia
Franco em Belems