Gazeta das Províncias nº18 16-03-1899

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ANNO |
CERTÁ — Quinta feira 16 de Março de 1899
N.º 18
SsSemanario independente
ASSIGNATURA
CERTÁ, mez, 400 rs. FÚRA DA CERTA, trimestre, 39018. AFRICA, semestre, 48000 rs, BRAZIL, semestre, 24500 rs. Numero avulso, 30 rs.
Toda a correspondencia dirigida à Administração, R. Sertorio, 17. Os originaes recebidos não se devolvem
Ernesto Marinha — Director
Y
NONO. DESISTA DIPLOMA
PARA 4 TRANCA
Não basta já à França a sua de-
cadencia moral, claramente demons-
trada na questão Drey phus, senão ainda
agora accrescer-lhe o desprestígio in-
ternacional da sua diplomacia!
Hontem era Fashoda a entupir-lhe
a garganta; hoje é Mascate a encher-
lhe os dias de dôr.
Hontem era Marchand, embora he-
roico, a ceder o logar a Kitchener, não
menos heroico; hoje é um agente in-
glez apontando para os couraçados da
sua patria, a intimar o sultão de Mas-
cate, a que revogue uma concessão
feita á França em 7 de março de 1898.
O sonho de ligar, por uma linha
leste-oeste, Oubanghi a Bahr-el-gazal,
o Nilo ao Congo, desfez-se, ha pouco,
em lagrimas para’ deixar vingar um
outro sonho, mais largo e melhor pre-
parado, de unir o norte do Egypto ao
sul da Colonia do Natal, rasgando para
a civilisação uma estrada triumphal
atravez do vasto continente negro!
Fashoda era o ponto de crusamento
d’essas duas linhas. |
Quando a França suppunha ter
firmade ali o pé, a sua bandeira, ba-
tida por um vento secco, arriou silen-
ciosa, e, n’um infeliz cortejo, a expe-
dição que a trouxera, conduzira-a tris-
temente á terra patria.
Não vae ainda um mez que Isto
foi, e já agora, das bandas do Ganges, ,
vem a noticia d’um novo desastre para
a politica internacional franceza.
O governo de sua magestade bri-
tanica, invocando um accordo, realisado
com a França em 1862, reclamou
d’esta a desistencia d’uma concessão de
territorio que lhe havia sido feita pelo
sultão de Mascate, permittindo-lhe,
quando muito, a simples faculdade de
ter ali um deposito de carvão.
Os factos, porém, não ficaram só
por aqui. .
Delcassé, o ministro dos negocios
estrangeiros da França, interrogado na
camara dos deputados por Brunet ácer-
ca do mesmo incidente, arriscara-se a |
declarar que estava já honrosamente
sanado e que o proprio governo inglez
manifestara o seu pezar pela forma in-
correcta como procedera em Mascate o
seu respectivo agente.
Esta imprudente affirmação inflamou
a alma patriotica ingleza. O Times e o
Standard protestaram logo contra as
* expressões de Delcassé. Na camara dos
communs, Charles Dilke, interpellou
sobre o caso Brodrik, secretario parla-
mentar do ministerio dos negocios es-
trangeiros, e, com applauso geral, este
levantou-se para responder: «Não ex-
pressámos a nossa desaprovação ao pro-
ceder do nosso agente, que não fez se
não cumprir as nosas instrucções!!
À questão está n’este pé. À Ingla-
terra, tendo entrado francamente nºuma
linha audaciosa de acção internacional,
não vae certamente ceder agora. À
França presente-o, e manda artilhar,
convenientemente é a toda a pressa, as
suas costas, para o que dér e vier.
Os meus votos são para que uma
perfeita harmonia levante a palma e
que Deus desvie para bem longe os
erigos d’uma guerra iminente: mas,
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a ter esta de dar-se, de adivinhar é que
a Inglaterra, — com a sua grandesa
moral apoiada n’um poder descommu-
nal que tem como garantia a intelligen-
cia e o trabalho dos seus filhos, — não
seja a derrotada. Não caem os povos
laboriosos e praticos. A França, posto
que respeitavel na sua força material,
tem em compensação, a menos, aquillo
que mais vale nas crises violentas, —
a força moral do genio. Quando os
canhões inglezes troarem para lhe abrir
brecha, já ella hade estar em terra,
roida pela alma viciada que deu mo-
dernamente as questões do Panamá e
de Dreyphus, que ficarão a memorar,
na historia, O extremo de degradação
a que tem podido chegar o genero hu-
mano. O que obriga a tombar as nações
no corpo da batalha não são tanto as
ballas dos inimigos como as proprias
luctas intestinas. A espada perde o
brilho quando a não maneja um patriota
isento de odios civis; a espingarda deixa
de vomitar polvora quando ha resenti-
mentos entre os companheiros que lu-
tam, lado a lado, ainda que a pé firme.
Um povo só será vencedor, quando,
a elementos importantes de ordem ma-.
terial, se junte o enthusiasmo caloroso
que confia na capacidade dos dirigentes,
A França não está infelizmente n’este
caso; já não é capaz de fazer estoirar
uma grande alma, que, assombrando os
inimigos, levante ao cumulo da gloria
o nome da patria fortalecida |
O transe por que está passando é
horrivel. A sua historia, que é incon-
testavelmente uma das mais extraor-
dinarias da humanidade, está já no
fim: algumas poucas folhas que lhe
restam por encher, não se prestam para
n’ellas se registar factos brilhantes,
porque estão polluidas e repassadas das
masellas moraes dos ultimos tempos.
Oxalá que eu me enganasse! Teria
ao menos ainda a esperança de ver
erguer-se, a dominar os destinos do
mundo, a essa pobre raça latina, —tão
gloriosa outrora e cuja sepultura, ao
engolir em breve o seu cadaver putre-
PUBLICAÇÕES
No corpo do jornal, cada linha; 80 rs. Annúncios, 40 rs. a linha. Repetição, 20 rs. a linha. Permanentes, preço convencional; os srs, assiguantes
têm o desconto de 25 0/9. Esta folha é impressa na Imprensa Academica, R. da Sophia. Coimbra
“ Augusto Rossi — Editor
memos um
=.
feito, deixará verum epitaphio, que
será como um echo da maior grandeza
espiritual que tem opulentado as ge-
rações e os seculos |
L. N.
sa O
ECHOS DA SEMANA
Recommeçaram os trabalhos para a
conclusão das obras do novo cemiterio
desta freguezia. Diz-se, que para o meado
do proximo mez, já ali se farão os enter-
ramentos.
Veremos…
— À plantação do bacelio americano
neste concelho, tem tomado um grande
desenvolvimento nos ultimos tempos.
— Pelo conselho superior d’obras pu-
blicas, foi classificado como municipal o
novo ramal neste concelho que, partindo
da estrada districtal n.º 123 vae entroncar
na estrada real n.º 56.
“SESSÃO DA CAMARA
De 8 de março de 1899
Presidencia do sr. Álmeida Maio; verea-
dores presentes os srs. Daniel Tavares, Fa-
rinha Leitão e Silva Carvalho.
Foi presente 0 sr. administrador do con-
celho.
— Foi approvada a minuta da acta da
sessão antecedente.
— Concedeu o subsídio de lactação, por
12 mezes, a 15200 réis por mez, à reque-
rente Brigida de Jesus, de Carvalhal.
— Foi admoestado o fiscal do talho de
Sernache, em consequencia d’uma queixa
feita à camara contra aquelle empregado,
pelo sr. dr. Abilio Correia Marçal, de Ser-
nache.
A queixa contra este, fandava-se em se |
ausentar do talho, durante as horas em que
se conserva aberto. O admoestado, negou
perante a camara esta accusação e declarou,
que, se alguma vez acontece sahir do talho
durante o tempo que alli é reclamada a
sua presença, faz por não se demorar, por
quanto essas faltas se se teem tornado nota-
das por mais pessoas. à não ser, pelo seu
accusador, que por mais d’uma vez, delle se
tem queixado à camara, sem justas razões
e obedecendo a questões particulares que
existem entre elle e o queixoso.
O sr. vereador Tavares, propoz que o
talho de Sernache, esteja aberto desde as
8 às 12 horas da manhã, para evitar abusos.
Foi approvada unanimemente esta proposta.
Foi applicada a multa de 13000 réis, ao
arrematante do fornecimento de carnes ver-
des, Manuel Lebre, por fechar o talho de
Sernache antes da hora marcada para esse
fim.
— Deliberaram, fazer a demarcação do
terreno do concelho, em Santo Antonio, para
se proceder à sua venda sómente aos pre-
tendentes que desejarem construir predios
urbanos à beira da estrada real.
—— me ra
Já não vem como se aqui disse, tomar
conta da phylarmonica d’esta villa, o re-
gente da de Figueiró dos Vinhos, por mo-
tivos que se opposeram á sua vontade.
Procissão dos Passos
Effectua-se, âmanhã, n’esta villa, com o
esplendor do costume, a procissão e festi-
vidade dos Passos, que, de anno para anno,
augmenta em attractivos.
Hoje, sae, tambem em procissão da mi-
sericordia para a egreja matriz, a Imagem
do Senhor dos Passós, havendo no fim mi-
serere, exhebido pela phylarmonica Patriota-
Certaginense..
Apezar do limitado trajecto que esta
procissão hoje tem, é, deveras interessante,
pela profusão de luzes que a acompanham
e ainda pela variedade de lanternas de papel
de cores que o rapasio, caprichosamente,
costuma apresentar n’este acto.
Das occorrencias d’hoje e âmanhã da-
remos conta na proxima semana.
— em O pm —
GAZETILHAS
Fui mesmo agora chamado
P’ra gazetilha fazer,
Mas, por mais que haja pensado,
Não consigo ainda ter
Assumpto p’ra ser rimado.
O que fôr gazetilheiro,
E queira assumpto que prenda,
Tem de andar bem mais ligeiro,
Que um ministro da fazenda,
Sempre em busca de dinheiro,
E cá fico eu a pensar
Já na semana que vem.
« Nunca posso descançar |
E não me dirá alguem
Como tal remediar ?
Joli.
MONSENHOR CLARI
A morte do Nuncio em Paris
A Agencia Havas deu a notícia de ter
“fallecido em Paris o Nuncio de Sua Santidade,
monsenhor Eugenio Clari. Nascera elle em
Sinigaglia, em 1836, e tomara ordens sacras
em 1859. Doutorou-se em Roma, nas facul-
dades de Philosophia, Theologiá e Direito.
Occupou o logar de arcypreste na cathedral
de Sinigaglia e em 1862 foi 1omeado bispo
de Arnelia. Passou depois para a diocese de
Viterbo e em 1896 o Papa escolheu-o para
Nuncio apostolico em Paris.
Leão XII considerava muito monsenhor
Clari, que estava indicado para cardinalato
no consistorio que se celebraria em meados
d’este mez se a doença de Sua Santidade
no ão fizesse adiar.
“Um correspondeme de Paris nota que o
fallecido Nuncio não exercia influencia feliz
no-que o rodeava. E cita :
O seu primeiro acto publico em Paris foi
a benção do Bazar de Caridade, qne não
tardava a arder occasionando a terrivel ca-
tastrophe que ninguem esqueceu ainda. A
ultima visita que Mr. Felix Faure recebeu
foi a do Nuncio. Apenas monsenhor Clari
sahiu do Eliseu, deu-se a apoplexia que
matou o presidente da Republica Franceza.
O illustre prelado foi assistir à execução
da oratoria do rev. Perosi a « Resurreição
de Christo» e ahi apanhou um resfriado. No
dia seguinte, monsenhor Clari foi atacad
por uma congestão cerebral,al,@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTA, 16 DE MARÇO DE 1899
CHRONICA ELEGANTE
Está em Pedrogam Pequeno, o nosso
presado amigo st: José Custodio Martins
Vidigal.
3%
Sahiu de Mação para Portalegre O
nosso amigo sr. Francisco Pires Tavares.
*
Guardou o leito por alguns dias, mas
felizmente já está restabelecido, o sr. Da-
vid Nunes e Silva.
x
Já regressou de Lisboa, o sr. João
n) ” = ” E
Correia, procurador n’esta villa da ex.
sr? D. Clementina Relvas, actualmente
residente na capital.
*
Foi a Oleiros, mas já dºalli regressou,
o sr. José d’Oliveira Cabral, digno con-
ductor d’obras publicas.
Ea
Tem sentido algumas melhoras da
doença que ha longo tempo o tortura, O
sr. José Nunes e Silva.
n’esta villa. :
Desejamos-lhe um rapido restabeleci-
” mento.
x
Regressou da capital, o sr. Antonio
Joaquim Simões David, digno escrivão e
tabellião desta comarca.
Consta-nos que este inteligente func-
cionario se aparta por algum tempo dos
seus deveres profissionaes, afim de tractar
da doença d’olhos gue cruelmente o en-
commoda.
Appetecemos-lhe em rapido e completo
restabelecimento.
*
De visita a seus paes e sogros, estão
n’esta villa os srs. Firmino José David e
sua ex. esposa e o sr. Alberto Eugenio
de Carvalho Leitão, habil escrivão e ta-
bellião em Figueiró dos Vinhos.
x
Já chegou a esta villa, a ex.” familia
do illustre juiz de direito desta comarca.
x
Passou para a capital, demorando-se
nesta villa dois dias, o sr. Albano Se-
queira, natural da Cava, que, ha poucos |
dias regressou do Brazil, e é proprietario:
d’um dos mais emportantes cafés aquella
cidade. RE ;
Desejamos-lhe uma feliz viagem.
x
Regressou já a esta villa o sr.. Simões
David, digno escrivão e tabellião d’esta
comarca.
4
Já regressou a Castanheira de Pera, o
sr. dr. José Affonso Baetta Neves, illus-
trado cirurgião de infanleria 16.
———— eee fi —
FONTE DA «PINTA»
Projecta-se, por meio duma subscripção
aberta entre particulares, melhorar o estado
deste pittoresco sitio, alargando e regulari-
sando terreno, arranjar assentos, arborisar,
etc., etc. Ra
Applaudimos tão util lembrança é d aqui
levantemos um bravo aos seus sympathicos
iniciadores, louvando-os ainda pela dedicação
que tomam no desenvolvimento progressivo
da nossa Lerra.
A fonte da «Pinta», merece estas repa-
rações em troca das deleitosas tardes de
verão que ali vamos passar.
Folgamos muito se, ainda este anno vir-
mos realisados esses melhoramentos que
tornam aquelle sitio extraordinariamente bo-
nito e convidativo.
— rata ie —
Feira dos Passos
Realisa-se no sabbado, n’esta villa, a tra-
diccional e importante feira dos Passos, onde
se fazem grandes transacções.
A concorrencia costuma ser extraordi-
naria e este anno não será inferior à dos
annos anteriores devido ao tempo primaveril,
GAZETA DAS PROVÍNCIAS
(Correspondencias particulares)
Oleiros, 12 de março.
Foi acommettido d’um ataque apoplectico,
o sr. João Lourenço, da Tojeira.
— Regressou de Lisboa, onde fez sorti-
mento de artigos para a sua casa commer-
-Clal, o sr. J. M. Silva.
— Continua acompanhando seu thio, O
reverendo sr. Padre Vigario, a ex.mt sp,”
D. Maria Emilia Ribeiro d’Andrade.
— Volton à Guarda, onde vae continuar
no exercicio das suas luncções, o sr. David
Oliveira,
— Esteve n’esta villa o sr. João Luiz,
empregado da Companhia Singer, na suc-
cursal de Castello Branco. So
— No proximo dia 19 tem logar a so-
lemnidade dos Passos, que attrahe grande
numero de devotos das freguezias vizinhas.
E’, efectivamente, um dos actos religiosos
que, em meios taes, temos visto celebrar
com maior decôro, devoção e maior con-
cnrso de povo.
— Os mercados realisados no 4.º domingo
de cada mez, estão sendo rasoavelmente
concorridos. No ultimo effectuaram-se bas
tantes transacções. No proximo dia 25 rea-
lisa-se a feira annual a que não costumam
faltar muitos lavradores e negociantes até
de localidades bem: afastadas.
— Os campos prenunciam-nos um anno
agricola compensador. Continua, porém, a
devastação das vinhas pela terrivel phyllo-
xera; algumas já se acham substituidas pelo
bacello americano, sendo a plantação mais
importante a do sr. Antunes Pinto. Propa:
ga-se à doença dos castanheiros a que muitos
não resistem.
— Vendas: centeio, a 700 réiscada 13! 93;
trigo, a 720; milho, a 600 réis; castanha a
650 réis; vinho, de 18200 a 13600 réis cada
20 litros; azeite, a 15650 réis cada decalitro;
presunto, de 240 a 260 réis cada Kilo.
— Acaba de ser adjudicado o 4.º lanço
da estrada d’Oleiros a Alvaro, comprehen-
dido entre Alvaro e a Portella do Casal Novo,
ao sr. Antonio Alves, da freguezia do Am-
paro, pela quantia de 2:0095200 réis, obri-
gando-se à construcção das obras d’arte do
perfil n.º 4 ao 374 e às terraplenagens do
nº 4 ao 288. Foram 20 os licitantes. Ao
acto da arrematação assistiu o sr. M. S. €.
dos Reis, na impossibilidade do sr. presi-
dente da camara, devida ao seu estado de
doença.
Cumprimentamos o sr. Antonio Alves
Garcia, da Madeirã, assignante da Gazeta,
jornal a que dedica a sua sympathia.
— Passou no dia 7 do corrente 0 anni-
versario natalício do nosso presado amigo,
sr. Arthur Maria Romão. De tenros annos,
a implacavel Parca lhe cortou o fio da
existencia d’aquelle a quem deveu mais
n’este mundo, ou n’este valle de enganos,
4 de lagrimas, de dôres, de miserias; d’esse
ente querido seguiu as tradições, herdou o
caracter impolluto e o notavel acerto com
que sempre resolvia as questões inherentes
ao seu mister. Na orphandade, pois, com
dois irmãos de menos dias, não esqueceu os
deveres fraternaes nem despresou, até hoje,
aquella que tão azinha perdia o extremoso
companheiro da sua vida. Amparo d’uns,
guia d’outros, é o sr. Arthur Romão um
d’esses filhos e irmãos exemplares a quem a
sociedade deve premiar com a estima e vene-
ração a que teem jus os seus elevados me-
recimentos. Desculpe-nos a ousadia; mas en-
tendemos que as virtudes se não occultam
para que 0 vicio ou a ingratidão de tantos
se corrijam.
Nós que passamos pelos mesmos lan-
ces e nos succedem as desditas, demasia-
do credulos, hoje, extremamente scepticos,
se nesta vida ephemera ha esperanças,
neste mar de infortunios ha resignação,
desejamos-lhe que. d’oravante, conte riso-
nhas primaveras, repletas das maiores ven-
turas.
C.
PRELO
Compra-se um em bom estado.
Carta dirigida a esta redacção com as
iniciaes X Y.
O Branco e Negro
Vae apparecer no corrente mez de março,
em Lisboa, uma nova publicação semanal,
intitulada — O Branco e Negro — que deve
causar sensação e para a qual chamamos a
attenção dos nossos leitores.
O novo semanario, no genero do Branco
e Negro hespanhol e do antigo Branco e
Negro portuguez, constará de um folheto de
16 a 24 paginas profasamente illustradas
com magnificos retratos e gravuras de
actualidade e soberbamente collaborado.
A nova publicação que se vae encelar,
não só poderá igualar-se a quaesquer outras
do mesmo genero, conhecidas e consagra-
das, como procurará avantajar-se-lhes, tor-
nando-se a publicação mais chic, mais re-
creativa, mais instructiva e ao mesmo tempo
mais barata que verá a luz em Portugal.
Cada numero avulso, custa 50 réis e
assigna-se na Redacção e administração, rua
do -« Diario de Noticias », 45, 1.º — Lisboa.
VARIAS NOTICIAS
As maravilhas da sciencia
Temos uma revolução na humanidade por
causa das theorias do dr, Scheuk, de Vienna
d’Austria ácerca da producção humana de
creaturas do sexo masculino ou do feminino.
A theoria de Scheuk é qne não existem meios
certos de promover o nascimento de rapa-
rigas, mas que existem para dar à luz de
preferencia rapazes.
No genero humano as tendencias para a
produeção masculina e para a feminina equi:
libram-se sensivelmente a saber: 4.º que nas
primeiras semanas o embryão humano ainda
não tem sexo, podendo vir a ser tanto como
femea; 2.º à cellula organica pôde ser modi-
ficada pela nutrição emtoda a sua evolução.
Posto isto o dr. Scheuk achou pelo ra-
ciocinio e pretende confirmar pela pratica,
que para desviar o embryão no sentido mas-
culino basta dar à mãe a alimentação muito
azotada e diminuir muito a feculenta e a
assucarada; muito beef, muito roast-beef,
muita costeleta, muito queijo, etc., e nada
ou quasi nada de pão, de bolos, de legumes,
de batatas, de assucar e de doces de qual-
quer especie.
Este regimen deve começar uns 6 mezes
antes da concepção presumida é terminar
3 mezes depois da concepção realisada. Com
estas precauções é quasi- certo nascer um
robusto menino, Pelo contrario, se é glyco-
surica, ainda que pouco, e come muito pão,
muita batata, muito assucar, etc., as proba-
bilidades, mas não a certeza, são de rapa-
rigas.
Nãó ha nada mais simples.
As imposturas da toilett
E’ curioso reproduzir, em pleno seculo x1x,
o seculo do luxo, do artifício e da industria
applicada a aperfeiçoar todos os requintes
da ioileit, uma lei formulada pelo parlamento
francez em 1670.
Essa lei dirige-se exclusivamente às
mulheres :
« Qualquer que attrair aos laços do ca-
samento um subdito masculino (sic) de sua
magestade servindo-se de vermilhão ou al-
vaiade, de perfumes, de essencias, de dentes
e cabellos postiços, de algodão em rama, de
espartilhos de ferro, de miranaques, de sa-
patos de saltos muito altos e de anquinhas,
softrerá a pena correspondente à feiticeira,
sendo tal casamento considerado nullo e de
nenhum effeito.»
O lenço mais caro
Segundo uma revista italiana, a rainha
Margarida é dona do lenço mais artistico e
mais caro que existe no mundo.
Importou em 150:000 frrancos, e traba-
lharam n’elles tres artistas distinctissimos,.
durante vinte annos.
E’ tão leve esse lenço, que ninguem, por
mais sensivel que fosse poderia aperceber-se
do seu peso. Accomoda-se sem dificuldade
n’um estojo, cujas dimensões não excedem
às d’um dedal vulgar.
mea rem
Familia real ingleza. —
Em França
A rainha de Inglaterra, acompanhada
da princeza de Battemberg, da duqueza de
d’York e da princeza Victoria de Sebleswig,
saiu do seu castello de Windsor na manhã
de 411, seguindo para Folkestone, onde em-
barcou para Boulogne. Aqui foi recebida
pelo consul britanico, delegados officiaes do
governo francez, e prefeito maritimo de Cher-
burgo. As tropas da guarnição formavam
junto do caes, prestando as honras militares.
Depois da cerimonia da recepção, a rainha
tomou logar no comboio real.
Pela sua parte, a princeza de Galles,
acompanhada da princeza Victoria de Galles,
partiu de Londres para Douvres, em viagem
para. Paris, onde passará alguns dias. A
princeza irá em seguida a Marselha, onde
embarcará a bordo do yacht «Osborne» para
fazer uma viagem no Mediterraneo.
—— o Spotfsse=ao—
Do nosso collega o Elvense, trancre-
vemos na integra o bello discurso que se
segue, proferido pelo nosso amigo José
Correia Lino, n’um saráu realisado ha
pouco em Elvas pela Tuna Academica de
Portalegre.
«MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
Em sympathica romaria, com a alma a
florir-nos de esperanças e com o coração a
tremer nos de alegrias, vimos de Portalegre
a esta nobre cidade procurar, num fidalgo
acolhimento, a expansão natural do nosso
enthusiasmo de rapazes.
Correspondem os factos à expectativa.
A vossa hospitalidade é cavalheiresca:
recebeis-nos em festa, e em vossos rostos
brilha uma satisfação intima.
Aeceitae por isso, ardente e calorosa-
mente, a saudação que vos trazemos, nós,
a mocidade das escolas |…
O nosso intuito, visitando-vos, é dar-vos
um pedaço da nossa alma juvenil, é com-
municar-vos das nossas francas alegrias, é
erguer os espiritos, nas azas da esperança,
ao firmamento azul da harmonia e da paz…
E bem o exige a nossa epocha!
Uma lufada de desalento parece ter ro-
cado por sobre as nações da raça latina e,
sobretudo, por esta nossa querida terra por-
tugueza.
Na litleratura, na politica e na sciencia…
que desolador quadro !
Os livros estão cheios de pessimismo e
de descrença; o poesia, como a cantam hoje,
lembra o grito agoirento de uma ave das
trevas. Desde Anthero de Quental até Julio
Dantas não se sentem senão lagrimas, pé-
rolas da dôr !
A politica, pelas circumstancias que a
revestem, dá bem a idéa d’um pantano,
onde nem sequer a flôr do lótus lança um
perfumo da sua essencia…
Os escandalos succedem-se ahi como as
contas d’um comprido rosario. Nota-se lá
um apparato de estranhas figuras como que
se se preparassem para acompanhar à se-
pultura um cadaver em putrefacção…
-«-— nuvens negras por toda a bandal…
E, no meio d’esta pezada atmosphera,
e, no meio d’este enorme cataclismo moral,
os espiritos filam os horisontes, hesitantes,
remendo pelos destinos…
Em tal conjunctura, não haverá acaso
salvação possivel, para nós portuguezes ?
— Ha, certamente; mas essa salvação,
a vir, ha-de vir das novas geraçães acade-
micas, que teem a patria no coração, e ha-
de vir egualmente da população honesta das
nossas provincias, onde ainda, felizmente,
fructificam as intenções.
Nesta comprehensão e n’esta confiança,
partimos de Portalegre, com o cerebro a
ferver-nos em sonhos e com a alma a can-
tar-nos 0 triumpho de melhores dias…
Sentimo-nos perfeitamente bem, n’esta
cidade trabalhadora e patriotica. A historia
cobre de ouro o seu nome laureado. Elvas
tem sido a guarda avançada da indepen-
dencia de Portugal. Digo-o e affirmo-o con-
victamente. Em cada uma das suas pedras
ha um monumento, em cada uma das suas
muralhas ha um manto de glorias! E’ uma
cidade abençoada… É
Recebei, pois, n’este momento, qs nossos
corações, sinceros e ardentes; e, quandanda@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 16 DE MARÇO DE 1899
Portugal exigir um dia o auxilio das pecas
que guarnecem os vossos muros, fazei destes
corações as melhores balas para a defeza
da patria. –
Viva a cidade de Elvas! Viva o baluarte
da independencia portugueza! Viva a integri-
dade de Portugal!»
ep teem mo em
Sciencias & Letras
* OBSERVAÇÕES
Victima da mais irreconciliavel aberra-
ção de ideias o pensar da sociedade do se-
culo XIX periclita em seus fundamentos ao
insurgir-se contra a disciplina que tem feito
dos homens a admiração da sociedade de
todos os tempos e que tanto hoje como em
todo o correr dos seculos se tem chamado
Religião. P A
Cerceiam-se no coração os sentimentos
humanitarios que baviam de abrir em odo-
riferas flores que a linguagem, sublimemente
poetica da biblia chama caridade, para à
face da sociedade, vilipendiando a religião
que os inspirara, florirem as rosas vis cujo
aroma é fetido não obstante a sua apparen- .
cia cubiçosa é que se appellidam debaixo
do nome vago de philantropia.
Nem este é o unico mal que grassa por
toda a parte, inficionande desde os alicerces
até ao mais alto todo o edificio social.
Muito maiores e mais funestos males
apregoa cada dia a imprensa, ao querer dul-
cificar com o nome de bons e convenientes
ao pensar do seculo diatribes nunca ouvidas
e que pesadas nos conceitos moraes, que
d’ellas se deduzem logicamente, são um grito
rouco de desaspero e pervers o de todos os
sentimentos sociaes que hão de ter como
corollario fatal um gemido doloroso da mi-
seria e da revolução.
Acariciam como meninos os vícios €
erros mais atrozes em suas consequencias
reaccionarias, sem se lembrarem que mais
“tarde quando a pilula dourada do mal lhes
pozer denso veu nos olhos, inhibindo-os de
examinar toda a gravidade do mal que a si
proprios infligiram, esse menino convertido
em gigante musculoso hade cravar as garras
aduncas de leão faminto no peito do desven-
turado que fez de seu coração um altar ao
idolo gracil da revolução, e o arrastará em
Júcta rigorosa pela ladeira precipitada do
desespero e da descrença que conduz irre-
mediavelmente ao suicidio.
Suicídio! Que de ideias revoltantes não
suscita esta palavra na intelligencia, ainda a
mais safara de conhecimentos; que de lugu-
bres segredos ella nos não revela por entre
o pranto de uma esposa enviuvada e dos
filhos orphanados; que veu funebre de mise-
ria e desolação familiar ella não impõe à
“familia enlutada, que fustigada pelo açoute
implacavel do destino tem de fazer de seu
coração, ninho de amores e de esperanças,
um antro ao pezar consagrado à morte de
um pae ou de um esposo.
Suicida, arvore agreste fecundada pela
seiva da immoralidade, quanto eu te lamento
em teus desperdicios e te detesto em tuas
resoluções iniquas! Não vês que essa sahida,
por onde te podes escapar à vergonha de
tuas acções que te accusam ante a sociedade
que te condemna, é nma porta negativa que
Deus te deixou!? Como tentas pois abril-a,
subtrahindo-te à existencia, se ao cerral-a,
não tens a certeza de melhor fim, bem como
ao virar a pagina de um livro se te pode
deparar ou uma pagina de luto marchetada
de lagrimas, ou a narração placida d’alguma
aventura gloriosa ?
Não vês, suicida, que esse sangue suf-
focado ou derramado inutilmente longe de
lavar a tua honra no conceito da sociedade,
antes a extingue como banho mortal, e que
em vez de resgatar o pundonor offendido de
tua familia ahi vae por uma macula indelevel
imprimindo-lhe o estigmado teu crime?!
Ah! que se considerasses quão execra-
veis são as censuras da tua acção é quão |
nefandos os fastos do teu nome ao renegar
da sociedade, decerto na hora impetuosa do
crime, ao jogares a ultima cartada iriada dos
mil fulgores do ouro que luz coruscante à
Juz baça d’uma candeia, tro“arias essa vá
cobiça pelo prazer de’ gostar os fructos da
familia, à luz viva do olhar terno de teus
filhos, que mimosos de carinhos, tendo ainda
as faces humedeidas pelo ultimo beijo da
mãe chorosa, esperam, alta noite, num cir-
culo de ancias e palpitações, o teu regresso
da casa… quem sabe talvez da prostitui-
ção.
Como eu te condemno perante o seculo
desenove, ou antes como eu censuro o seculo:
de impio e descrente perante os destinos a
que o progresso mal comprehendido te su-
jeita.
– Pê-se à religião uma acção mais dire-
ctiva na civilisação, conciliando harmonica-
mente os principios de ambos e logo 0 pro-
gresso moldado pelo influxo da moral rea- |
girá efficazmente na psychologia social, não
se tendo a lastimar tanto a lacuna que o sui-
cidio projecta nas estatisticas dos annaes de
todos os povos, nem a perversão dos costu-
mes caminhará tão livremente offuscando a
razão.
* Gertã, 6—3—99.
Dominó.
Registro bibliographico
Atlas de Geographia Universal. Fasciculo
n.º 3 com as seguintes photogravuras no
texto: Vasco da Gama; Luiz de Camões; O
Gerez; A serra de Estrella; Valle do Douro;
Margens do rio Tara; Passagem do Tejo nas
Portas de Rodam; e em separado, um mappa
colorido de Portugal. Cada fascículo custa
apenas 150 réis. Agradecemos.
— Aspirações e Protesto do Professorado
Primario. Devido à amabilidade do seu au-
etor, o sr. Custodio Dias Guerreiro, illus-
trado professor em Varzea de Góes, rece-
bemos este opusculo, em que se acham com-
piladas as Memorias e Parecer apresentados
nos congressos Pedagogicos de Lisboa e Porto,
por aquele distincto delegado dos concelhos
de Gões e Pampilhosa nos ultimos congressos
realisados.
Muito agradecemos.
— Começou a publicar-se em Portalegre
uma nova publicação quinzenal, litteraria e
noticiosa, intitulada o Bebé.
Longa vida e prosperidades.
“Estrangeiro
Mulher morta pelo marido
Nºum d’estes dias, pelas seis e meia horas
da tarde, um homem e uma mulher, novos
ainda, entraram n’um restaurante da rua
Provence, em Paris, e sentaram-se a uma
mesa.
No momento em que iam pedir ao creado
o que desejavam, um individuo entrou brus-
camente no estabelecimento e, sem dizer
uma palavra, desfechou sobre o par dois
tiros de rewolver. A mulher, attingida no
olho esquerdo, cahiu immediatamente por
terra. Quanto ao seu companheiro, que ape-
nas fôra ligeiramente ferido na nuca, pôz-se
em fuga.
O aggressor, entretanto que eram pres-
tados à mulher soccorros inuteis, pois que
estava morta, pousava a arma sobre uma
mesa e dizia aos circumstantes :
-— Prendam-me. Acabo de matar minha.
mulher.
Levado para O posto policial proximo,
declarou chamar-se Jean Madec, ter vinte e
oito annos e exercer o mister de operario
electricista. Depois contou o mobil do seu
crime.
Quando alistado n’um regimento de in-
fanteria de marinha como officicial inferior,
travára relações com uma lavadeira chamada
Juliette Leroy, e despozara-se ao terminar
o seu tempo de serviço. O casal não fôra
feliz porque Juliette era d’um tal desregra-
mento de costumes que por duas vezes fóra
presa em plena rua, e elle, Madec, sofíria
muito por isso.
“No ultimo domingo sua mulher abando-
nára o domicilio conjugal. Elle mettera-se a
procural a e conseguira encontral-a, convi-
dando-a a retomar a vida em commum. Como
ella se recusasse a isso. os dois tinham se
separado fazendo ameaças mutuas. Madec
cumpriu as suas. Comprou um rewolver €
começou a espionar sua mulher, afim de
surprebendel-a com o seu cumplice.
No sabbado passado. viu-a entrar para o
restaurante em companhia d’um cosinheiro
desempregado, e o que depois se passou é
já sabido. á
Durante o interrogatorio a que foi sub-
mettido, Madec chorou muito, mas declarou
não estar arrependido de matar sua mulher
porque ella o fazia soffver horrivelmente.
1 A Italia e a China
Camara dos commuas :
Em resposta à moção Fresohard, o sr.
Morgan mostrando o appoio qne a Inglaterra
presta à Italia na China contradiz a declara-
ção anterior de que a integridade da China
era essencial à Inglaterra.
O sr. John Bronick, secretario parlamen-
tar dos negocios estrangeiros, combateu à
dizendo que a Inglaterra devia ter uma atti-
tude amigavel para com a sua antiga amiga
e alliada e assistir lã diplomaticamente. O
sr. Bronick desmente que a Italia cedesse a
Eritbrea à Inglaterra.
Segundo diz a «Tribuna» o ministro
plenipotenciario da Italia em Pekim, sr.
Martins, dirigiu, em nome da Italia, um
ultimatum à China, é não merecendo o acto
do ministro a approvação do governo italiano,
resolveu este mandar retirar de Pekim o
sr. Martins, ficando ali o sr. Macdonald a
exercer interinamente as funcções de pleni-
potenciario.
Filipinas
As 13 canhoneiras que estavam em Zam-
boanga foram vendidas a um tal Francisco
Reyes por 201:112 pesos mexicanos.
— Segundo dizem despachos de Manila
para os jornaes d’esta cidade, o major-ge-
– neral Otis impediu o proseguimento das ne-
gociações para a libertação dos prisioneiros
hespanhoes, porque a indemnisação ajudaria
os filipinos a sustentar a guerra.
— Um despacho de Manila annuncia que
o general Wheaton apoderou-se hoje de
Guadalupe San Nicolo, e cortou as commu-
nicações entre as ilhas do norte e do sul
das Filipinas. Um official hespanhol chegado
às linhas americanas contou que Aguinaldo
pediu aos prisioneiros hespanhoes para O
ajudar a combater os americanos, offerecen-
do-lhes quatro «dollars» de soldo diario.
Este official aceitou a dirigir um corpo de
artilheria, mas escapou-se na primeira 0c-
casião.
— ns (Ve
dA DAS PROVÍNCIAS
Compra-se n’esta redacção o n.º 8 d’este
semanario.
CEREAEIRAS A ES TS SEO ET EP
ANUNCIOS
Editos de GO dias
(1.º annuncio)
Pelo Juizo de Direito da comarca da
Certã e cartorio do escrivão do primeiro
officio Gonçalves e nos autos de justifi-
cação avulsa, para habilitação, em’ que
os justificantes José Alves e mulher
Maria Joaquina, proprietarios e mora-
dores no logar do Vergão Fundeiro,
freguezia de Proença a Nova, desta
comarca, pretendem habilitar-se n’este
Juizo contra pessoas incertas e com ci-
tação e assistencia do Ministerio Publico
como unicos e universaes herdeiros de
seu filho João Alves Martins, solteiro,
empregado do commercio, morador que
foi na Aldeia do Nague, circumseripção
administrativa de Santo Antonio do
Zaire, districto do Congo, Provincia de
Angola (Africa Portugueza), onde fal-
| leceu, sem testamento, no dia 13 de
outubro de 1897; e como taes pessoas
legitimas para haverem em dominio pleno
todos os bens da herança do mesmo seu
filho e m’essa qualidade poderem fazer
averbar em seu nome seis inscripções de
assentamento da Junta do Credito Publico,
do valor nominal de cem mil réis cada
uma, com os numeros 88:965, 92:595,
92:596, 94:706, 122:888 e 153:498,
e bem assim uma inscripção da referida
Junta do valor nominal de quinhentos
mil reis com o numero 63:307, as quaes
todas se acham averbadas em nome do
mesmo fallecido João Alves Martins, re-
ceberem os juros das mesmas inscripções
em divida, e que se forem vencendo, é
de tudo disporem como cousa Sua, Cor-
rem editos de sessenta dias que come-
carão a correr no dia em que se publicar
o segundo annuncio no Diario do Governo,
citando todas as pessoas incertas que se
julguem com direito de impugnar o pedido
dos justificantes, para na segunda au-
diencia deste Juizo, posterior ao praso
dos editos, verem accusar a citação e
marcar-se-lhes o praso de tres audiencias
seguintes para a contestação, e para
deduzirem por artigos sua habilitação.
Declara-se que as audiencias n’este Juizo
se fazem todas as segundas e quintas
feiras de cada semana não sendo dia
sanctificado ou feriado porque, sendo-o,
então se fazem nos dias immediatos e
sempre por dez horas da manhã no edi-
ficio do Tribunal Judicial, situado no
Largo do Municipio desta Villa da Certã.
Certã, 4 de março de 1899. Eu
Francisco Cesar Gonçalves, escrivão que
o subscrevi.
O Escrivão,
Francisco Cesar Gonçalves.
Verifiquei. João Lobo de Moura.
EDITOS DE 40 DIAS
À 4.º ANNUNCIO
Pelo Juizo de Direito da comarca da
Certã e cartorio do 2.º officio, no inven-
tario orphanologico a que se procede por
fallecimento de Domingos Ferreira David,
viuvo, morador que: foi n’esta- villa, em
que é cabeça de casal Domingos Henri-
ques Ferreira Vidigal, da Varzea Fun-
deira, correm editos de quarenta dias a
contar da segunda e ultima publicação
d’este annuncio na folha official, citando
Francisco Ferreira David, filha do inven-
tariado, ausente em parte incerta, para
deduzir, querendo, os seus direitos no
referido inventario, nos termos e para os
effeitos do S 3.º do art. 696.º do Codigo
do Processo Civil.
Certã, 8 de março de 1899.
O Escrivão,
José Antonio de Moura.
O Juiz de Direito,
João Lobo de Moura.
ARTIGOS PIOROGRAPILIGOS
Apparelhos e varios utensílios para pho-
tographia pelos preços dos catalogos de
Lisboa e Porto.
Ha tambem um completo sortido em
objectos para escriptorio, desenho, papeis
de phantasia, perfumaria, etc., etc.
Verifiquei.
PAPELARIA CENTRAL
2 — Rua do Visconde da Luz — 6
COIMBRA.RA.@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVÍNCIAS — CERTÃ, 16 DE MARÇO DE 1899
KALENDARIO DE MARÇO
Quarta-feira 4118/15/22] 29
Quinta-feira 2 19/16/23] 30
Sexta-feira 3 1140/17/24 | 31
Sabbado 4 |11/18/25] —
Domingo 5 [12/19/26] —
Segunda-feira 6 |13/20/27| —
Terça-feira AA 21/28 Es
Quarto minguante E a 3.
Lua Nova & a 44.
Quarto crescente D a 19.
Lua Cheia & a 27.
SERVICO DE DILIGENCIAS
Da Certã à Thomar (via Serna-
che do Bom Jardim, Valles, e Ferreira do
Zezere). Sahe da Certá às 2 h. da t. e chega
a Thomar às 9 h. da noite; Sahe de Tho-
mar ás 5 da m. e chega a Certã às 12 1/
da tarde.
Da Certã à Proença a Nova.
Sahe da Certã à 4 1/o da t. e chega a Proença
às 5 da tarde; Sahe de Proença às 5 da m.
e chega a Certã às 9 1/o da manhã.
diligencia communica com a de Proença a
Castello Branco,
Da Certã a Pedrogam Pe-
queno., Sahe da Certã às 2 da t. e chega
a Pedrogam às 5 1/a da tarde; Sahe de Pe- |
drogam às 7 da m. e chega a Certã às 10
da manhã.
ANNUNCIOS
Vende-se uma harpa, de
Erard, sete pedaes, movimento
simples e em bom estado de con-
servação.
Quem pretender dirija-se à
Antonio Victor da Rocha.
CERTA.
AUGUSTO COSTA
Alfaiate
Encarrega-se de fazer todo o serviço
concernente à sua arte, tanto para esta lo-
calidade como para lóra.
Garante-se o bom acabamento.
Toma medidas em qualquer ponto desta
comarca.
== PREÇOS SEM GOMPETENCIA
Rua do Valle, 62
CERTÁ
Esta
ATLAS
GROGRAPHIA UNIVERSAL
Descriptivo e ilustrado
Publicação Mensal
Contendo 40 mappas expressamente gra-
vados e impresssos a côres, 160 paginas de
texto de duas columnas e perto de 300 gra-
vuras representando vista das principaes
cidades e monumentos do mundo, paizagens,
retratos de homens celebres, figuras, dia-
grammas, etc.
A primeira publicação que n’este genero
se faz no paiz.
Todos os mezes será distribuido um fas-
ciculo contendo uma carta geographica cui-
dadosamente gravada e impressa a côres,
uma folha de quatro paginas de texto de 2
columnas, e 7 ou 8 gravuras, e uma capa
pelo preço de 450 réis pagos no acto da
entrega.
Toda a correspondencia e pedidos de as-
signatura devem ser dirigidos à EMPREZA
EDITORA do Atlas de Geographia Universal, —
Rua da Boa-Vista 62, 1.º, — LISBOA.
Historia dos Juizes ordinarios e de paz
POR
Antonio Lino Netto
Alummo da Faculdade de Direito e socio effectivo
do Instituto de Coimbra
Preço 400 réis
Vende-se na livraria França Amado —
Coimbra.
SELLOS USADOS
Compra-se qualquer porção por bom
preço.
Dirigir-se a
LUIZ DIAS
Certa
GUEDES TEIXEIRA
BOA-VIAGEM
POESIA
dita pelo auctor na recita de despedida
do quinto anno juridico de 97-98
Preço 200 réis
Vende-se no Porto, Empreza da ARTE
Editora.
João Marques dos Santos
FLORES DE MAIO
(Versos)
Um vol. Preço 400 reis.
Vende-se nas livrarias.
PROCESSO DREYFUS
CARTA Á MOCIDADE
‘POR
EMILIO Z0LA
Preço d0 réis
Acaba de sahir do prélo este vibrante
opusculo dirigido à mocidade academica.
Vende-se nas livrarias.
“VENDA DE PREDIOS RUSTIDOS E FOROS
Quem pretender comprar alguns, pertencen-
tes à Casa da Matta, dirija-se à Maximo Pires Fran-
co, da Certa. que está encarregado das respecti-
vas vendas.
Arrendam-se tambem propriedades, com gran-
des vantagens para os arrendatarios.
PYROTHECHNICO
— CERTÃ
David Nunes e Silva, com officina de pyrothechnia, encar-
rega-se de fornecer para qualquer ponto do paiz fogo d’artifício,
com promptidão e garantido acabamento.
Na sua officina encontra-se sempre um grande e variado
sortimento de fogo de estoiros, e foi della que sahiu o fogo
queimado nos centenarios: — Antonino — de Gualdim Paes —
e da India, — (neste sómente o de estoiros e balões), cujo
effeito tem sido applaudido pelo publico e imprensa.
Preços sem competencia
IMPRENSA ACADÊMICA
COIMBRA
153 — Rua da Sophia — 163
Grande deposito de impressos para todas as repartições
OD
Por preços diminutos imprime livros, relatorios, mappas,
prospectos, cartazes, circulares, etc., etc.:
Especialidade em FACTURAS com typos e vinhetas das mais modernas
CENTRO COMMERCIAL
LUISA DIAS
Completo sortimento de fazendas de algodão,
lã, linho e seda, mercearia, ferragens e quinqui-
lherias, chapeus, guarda-chuvas e sombrinhas,
lenços, papel, currafões, relogios de sala, camas
de ferro e lavatorios, folha de Flandres, estanho, |
chumbo, drogas, vidro em chapa e objectos do
mesmo, vinho do Porto, licores e cognae; livros
de estudo e litterarios, tabacos, ete, ;
Preços extraordinariamente baratos
competencia,
“Agencia da Companhia de Seguros Portu-
gal.
e sem
| a 7, Praça do Commercio, | a 7
CERTA
Retratos
Tiram-se em differentes tamanhos desde 800 réis a duzia,
garantindo-se a sua perfeição e nitidez.
“ Encarrega-se de ir tirar photographias a qualquer ponto
d’este concelho, mediante ajuste especial,
Quem pretender dirija-se a LUIZ DIAS, Praça do Com-
mer cio. —CERTÃ.Ã.