Gazeta das Províncias nº14 09-02-1899

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sSemanario independente
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Ernesto Marinha — Director
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têm o desconto de 25 0/9. Tsta folha é impressana Imprensa Academica, R. da Sophia. Coimbra
Augusto Rossi — Editor E
A Internacionalisação
das linguas
Eis um phenomeno geral que, dia a
dia, tende a accentuar-se, com prejuiso
manifesto dos sentimentos patrioticos mais
profundamente exclusivistas.
Já não vale para o sustar o grito sin-
cero de alguns nacionalistas ferrenhos e
rotineiros. Os anathemas que vomitam
perdem-se no espaço como o echo pelas
quebradas de um monte: choram senti-
damente o passado que se abysma; mas
o explendor triumphal, que irradia já dos
dias futuros. illumina outros caminhos, e
não deixa ver essa extemporanea home-
nagem das lagrimas pela terra da patria.
Novos sentimentos, novas ideias.
Estamos n’uma hora alta de civilisa-
ção. Os seculos teem passado, agitada-
mente, semeando ouro nos corações; e
destes, como de um jardim encantado,
estão brotando as flores candidas d’uma
bondade intensa.
Em tempos que foram, extrangeiro
era synonimo de inimigo. O mais insi-
gnificante capricho levantava em armas
miihões de individuos, para se digladia-
rem, derramando inutilmente um sangue
digno de melhor sorte. Transpor fron-
terras era entrar em terra de barbaros.
Falar palavras de outras nações era com-
metter um crime; era praticar uma trai-
ção, attrahindo sobre si a colera dos
deuses.
E hoje?
— Não ha extrangeiros, ha apenas
irmãos. As fronteiras cabiram ao silvo
da locomotiva; o tunel communicou veias
atravez do mundo; a navegação ligou os
continentes longinquos; o progresso fez
da terra um corpo só, como devia ser,
altamente solidario e harmonico.
Precisava, porém, de alma esse corpo.
E, felizmente, adivinha-se já a sua
unificação ao calor ardente de ideias le-
vantadamente altruistas.
As classes dos diversos paizes dão-se
reciprocamente as mãos para a reivindi-
pe
cação dos mesmos direitos e de ideiaes:
communs. ;
E, para o reconhecer, não é forçoso
sahir fóra de Portugal.
Pelo Centenario Antonino, congrega-
vam-se em Lisboa representantes catho-
licos de nacionalidades differentes ; pouco
depois reunia-se lá o congresso interna-
cional de direito penal; e, pelo Centena-
rio de Vasco da Gama, saudavam-se tam-
bem, na capital portuguesa, os jornalistas
mais eminentes de todo o mundo.
E, pois, evidente que os corações se
comprehendem e se aconchegam; é in-
contestaval que os sentimentos superio-
res de humanidade estão ganhando mo-
dernamente um campo glorioso.
ESTE ESG TI mm
Nos programmas educativos entra
como elemento geralmente acceito o es-;
tudo de linguas extrangeiras : a alta com-
plexidade das relações sociaes determina
a importancia do seu conhecimento e as
vantagens da sua comprehensão.
D’ahi uma consequencia inevitavel :
é a inserção de termos importados de lin-
guas extranhas, cujos orgãos, pela sua
influencia material ou moral, mais pres-
tigio desenvolvem.
Assim, é notavel a superioridade que
a technologia musical italiana tem alcan-
cado em nossos dias, sendo por isso pre-
ferida na melhor linguagem geral; o mes-
mo se verifica relativamente á lingua in-
gleza no que respeita a navegação, pro-
cessos governativos, sciencias naturaes é
jogos. A França exerce a sua hogemonia
sobretudo na determinação das formas
artísticas e combinações culinarias; a Al-
lemanha na designação das abstracções
transcendentes da mais profunda philo-
sophia; e, como estas, todas as nações
emprestam o seu cabedal de termos e si-
gnificações, embora em menor escala.
O que é certo, pois, ê que a intimi-
dade crescente das relações internacio-
naes está creando uma psychologia. uni-
versal e caracteristicamente definida, á
qual está tambem correspondendo a for-
mação d’uma lingua, respectiva e propria.
O que é certo, poís, é que a intimi-
dode crescente das relações internacio-
naes está creando uma psychologia uni-
versal e caracteristicamente definida, à
qual está tambem correspondendo a for-
mação duma lingua, respectiva e propria.
O phenomeno tem chamado a atten-
ção dos sociologos modernos.
Um ilustre publicista russo — Novi-
cow, na interpretação dessa corrente
linguistica evolutiva, chega a affirmar
que as linguas atlingirão num futuro,
-que é de prever, o numero de quatro ou
cinco, apenas, Nada obsta, porém, a que
se leve mais longe essa reducção, consi-
derando possivel a sua unidade,
Assim 0 cremos.
O arranco de fraternisação lançado
ha desenove seculos do alto do Calvario
tem feito prodigios; a doutrina que delle
emanou tem relampejado clarões immen-
sos; entre os seus ensinamentos consi-
gna-se a mais formosa aspiração de todos
os tempos: unus ovilis, unus pastor !
Porque não havemos, pois, de julgar
possivel a existencia duma só lingua para
a alma de todas as nações? Porventura
não somos todos nós irmãos e feitos á
mesma imagem? Não temos nós acaso 0
poder do nosso espirito, com as suas ma-
ravilhosas descobertas, para modificar
n’um sentido nivelante as influencias cli-
matologicas differenciadoras ?
Não nos admiremos, portanto, da,
consecução d’um aggregado unico para
à huwanidade inteira.
Não póde ter corrido inutilmente o
sangue de tantos martyres, cujas ossadas
branqueijam, perdidas, atravéz dos ser-
tões selvagens de alguns continentes;
não póde ter echoado em vão a voz de
tantos beroicos propagandistas, cujos no-
mes a historia regista com veneração e
que affirmaram a sua abnegação por en-
tre perigos eminentes e quasi incriveis.
Sobre o tamulo de Anchieta ergue-
se hoje florescente a grande republica
brasileira; sobre o tumulo de S. Fran-
cisco de Xavier levantam-se agora phos-
phorescencias extranas que promettem
desenvolver-se em largos clarões.
A estatua de Lavigerie na Argelia é
alta e digna como a poderosa ideia que
representa.
— Pobres opprimidos da terra! Le-
vantae as vossas cabeças cançadas, e re-
cebei em vossa fronte o escudo esperan-
çoso da paz!…
— Povos de todo o mundo ! Dae-nos
os vossos braços; tomae vós os nossos,
e, com amor, fixemos os olhos no vasto
firmamento azul em que paira o sol da
egualdade e em que está gravado o arco-
ires da nova allança!…
— Humanidade! Sustenta os cora-
ções para que não caiam de dôr ; une os
teus esforços, e dispõe-te ardentemente
a percorrer o espaço infinito na pompa
das suas constelações luminosas |…
ECHOS DA SEMANA
Corre que será transferido para Torres
Novas o sr. dr. João Lobo de Moura, juiz
de direito ha pouco transferido d’Abrantes
para esta comarca.
— Installou-se no dia 5 do corrente,
nos Paços d’este concelho, a commissão do
recenseamento eleitoral que ha de servir
no corrente anno.
— Arremata-se no dia 11, à porta dos
Paços do concelho, a construcção das ter-
raplenagens do lanço da estrada da Certã
a S. João do Couto.
A base da licitação é de 312;p000 réis.
Camara Municipal. — Sessão ordi-
naria de 1 de fevereiro. — Presidente, sr.
Almeida Maio; vereadores presentes, srs.:
Carvalho, Vidigal e Leitão.
Deliberou :
Assignar a representação que a camara
resolveu apresentar ao parlamento, afim
de ser desviada dos fundos de viação a
quantia de 303314 réis.
Conceder a um proprietario licença de
6o dias, para depositar materiaes na via
publica, sem impedimento de transito.
Representar ao governo pedindo a con-
tinuação da construcção da estrada n.º 123.
– Às licenças de porte d’arma passadas
pela administração deste concelho até ao
mez de janeiro passado, foram em numero
“de rI8.
— Fri promovido a 1.º classe o pro-
fessor official da freguezia do Marmelleiro,
d’este concelho. |
— Foi transferido para Alpedrinha o
guarda-fios da estação telegrapho-postal
d’esta villa, sr. Francisco Dias da Silva.
— Foi transferido para o Fundão, o
delegado do prócurador regio de Castro
Daire, sr. dr. João Cardoso.
——— escape
GAZETILHAS
Esta hoje é destinada
A pedir ao meu leitor
Que dispense, por favor,
P’r’a semana a versalhada.
A minha musa, coitada,
Sente à porta o carnaval
E quer tambem (não faz mal)
Entrar u’uma mascarada.
Eu tinha vontade immensa
De a não deixar à gandaia,
Mas fez-me tanta zumbaia,
Que afinal dei-lhe licença.
Depois de tanto gosar,
Não toma de certo a peito
Dictar-me coisa com geito;
E se eu hei de apresentar
Versos mal alinhavados,
E melhor nada escrever.
Gozem todos, a valer,
E sejam bem empoados.
Joli.
.
—niito cE —
MUNDO EM FÓRA
Subscripção patriotica portugueza
no Brazil
Informa o nosso collega União Portu-
queza, do Rio de Janeiro, que foi remettido
para o Banco de Portugal o producto da sub-
seripção patriotica portugueza, recolhido na
thesouraria da Grande Commissão, e por
esta depositado na Agencia Financial de Por-
tugal.
A verba convertida em moeda portugue-
za foi de 688.0635560 réis fracos.
A transacção cambial foi operada no dia
12 de novembro, aproveitando a commissão
executiva a taxa cambial de então, ficando
desde logo assente que a operação se faria
ao cambio de 40), embora fosse necessario
aguardar a remessa das verbas colhidas no
Pará e em S. Paulo.
Como estas não entraram na thesouraria
da commissão até 31 de dezembro, a tran-
sferencia da moeda fez-se, produzindo réis
172:0153890 em lettras contra o thesouro
portuguez, aos quaes se vencem em 12 de
maio proximo.
A commissão do Pará fez constar que
deseja ser a ultima a entrar com a verba
alli recolhida, que attingiu a cerca de 180
contos.
A commissão de S. Paulo resolveu não
enviar a verba que recolheu à commissão,
mas depositá-la no Banco de Portugal, à sua
ordem.
O Times de Londres refere que em
| 1898 o mais veloz vapôr da marinha mer-z vapôr da marinha mer-@@@ 1 @@@
2 GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 9 DE FEVEREIRO DE 1899
cante era o Kuiser Wilhelm des Grosse (Im-
perador Guilherme o Grande) do Lloyd
Norte-Allemão de Bremen. Este magnifico
vapôr venceu tambem a Lucaria e todos os
outros vapôres de maior velocidade que
possuem as diversas nações.
Gazeta das Provincias
Na proxima quinta-feira não:
se publica este semanario.
CHRONICA ELEGANTE
Passou no dia 2 o -anniversario nata-
lício da ex.” sr.2 D, Ritta Michelina Car-
doso Fernandes.
*
Fazem annos uo dia 12 a ex Pa sr? D.
Ernestina de Sande Marinha, e no dia 13
a ex,” sr.º D, Aurelia Pinto d’Albuquer-
que.
*
Passa tambem no dia 12 o anniversa-
rio natalício do nosso presado amigo sr.
Antonio Eugenio de Carvalho Leitão.
Cordeaes felicitações.
*
Está n’esta villa o nosso amigo, sr.
padre José Farinha Martins, digno capel-
lão de infanteria 11.
x
Já regressou de Castello Branco, o sr.
Joãe da Silva Carvalho.
a
Tem passado incommodado de saude
o sr. Joaquim Maria das Neves e sua ex.ma
esposa.
*
Sahiram para Figueiró dos Vinhos, os
srs. Francisco Cezar Gonçalves e sua ex.”
esposa, Gustavo Bartholo e Jayme de
Sande Marinha.
*
Regressou de Figueiró, o nosso amigo
sr. Adrião Moraes David, acompanhado
de sua gentil sobrinha D. Alice Leitão.
*
Está em Pedrogam Pequeno, o nosso
amigo sr. dr. Henriques David.
— ipa
NECOROLOGIO
Victimado por uma lesão cardiaca, fal-
leceu no dia 1 do corrente em Castello
Branco, o sr. Antonio da Silva Carvalho,
digno tenente de cavallaria n.º 8.
A sua ex.Ӑ familia os nossos pezames.
— pra
A tua casta
“Tu não pensas, Beatriz
A ventura que me déste
N’aquillo que me escreveste,
No que a tua carta diz.
– Se tu soubesses, talvez
Fosses menos preguiçosa
Escrevias muita vez,
Serias mais cuidadosa.
Quanto bem, quanta ventura .
A tua carta me trouxe,
N’aquella linguagem doce
Tão singela, mas tão pura !
E então, como ella veio
Acalmar à minha dôr,
Trazer à paz o meu seio,
Dar-me vida, fé, amor!
Quanta vez e quanta a leio
E depois me fico mudo,
Esquecendo-me o mais tudo
Por vel:a e unil-a ao seio.
Até de tanto a ter lido
— Se esta traduz tanto amor! —
Tenho, sem qu’rer, aprendido
A lel a mesmo de côr.
Eu estinio tanto e amo
A tua carta, Beatriz,
Sem, de tel-a — até me chamo
Dos felizes o mais f’liz.
E reluz-me ainda a esp’rança
Que o viver que nos tortura
Sofirerá ainda mudança,
Tornando a dôr em ventura.
A tua carta trazia
Umas manchas, reparaste? |
Lembrei-me, talvez seria
– Das lagrimas que choraste.
O papel della, então, esse
” Mais branco do que o marfim,
Que aroma! até parece
Um raminho d’alecrim.
A carta foi feita, eu creio,
Multo à pressa, de fugida,
“Stavas talvez com receio
Que fossas surprehendida.
O que ha de fazer teu pae,
Que ha de dizer tua mãe,
Se, em tempo que já lá vae,
Ell’s se escreveram tambem?
E demais, não tem ninguem:
Direito de sensurar-te
Por me qu’reres tanto bem,
Nem a mim por tanto amar-te.
Deixa-os lá fallar, escreve
Escreve mais, Beatriz,
Que a gente nem sempre deve
Olhar p’r’o que o mundo diz.
Não ser a gente senhora
De escrever a quem quer bem!
Bem basta o que o peito chora
De não poder ir tambem.
Não nos basta a saudade,
Não nos basta a dôr d’auzencia
Se não, ainda a gente ha de
Fazer maior penitencia?!
Escreve, escreve basianie,
Não te enfades de escrever,
Que eu ao ler-te, n’esse instante
Cuido que te estou à ver.
Mesmo até que te vou lendo
Consola-me a ideia, emfim;
De que emquanto vaes ‘serevendo
Te não esqueces de mim.
Certa.
L. da Silva Dias.
OSLO S
S de fevereiro.
– Subseriptoros, e respectivas quantias,
em auxilio do edifício escolar com que esta
freguezia deseja ser contemplada, na distri-
buição dos edificios que o governo projecta
mandar construir :
Viscondessa d’Oleiros, 1005000 réis;
Conselheiro Albuquerque, 505000 réis; Dr.
Barata, 365000 réis; Martins da Silva, réis
105000; Padre Pinto, 55000 réis; A. M.
Romão, 25000 réis; Pinheiro, 25000 réis;
Anonymo, 55000 réis; Lopes Ferreira, réis
19500 réis; Breda de Mello, 25000 réis;
Thomaz, 15500 réis; Francisco Martins,
500 réis; Adelaide 500 réis; João de Mat-
tos, 100 réis; Cassiano, 500 réis; Anonymo,
000 réis; João Martins, 15000 réis; Patri-
cio, 500 réis; João Gonçalo, 500 réis; Alves,
500 réis; Antonio Salgueiro, 500 réis; José
Rei, 15000 réis; José Mendes, 100 reis;
Antonio Rei, 15000 réis; A. J. de Paula,
15000 réis; João Libreiro, 300 réis; José
Sequeira, 400 réis; M. A. Jorge, 28000
réis; Vigario, 25400 réis; M. Coelho, 500
réis; José Antunes, 18000 réis; João Cardoso,
15090 réis; Padre João, 500 réis; João An-
tunes, 15000 réis; José Luiz, 18000 réis.
Somma, 23453900 réis.
Ajuntar o auxilio da Junta de Parochia:
Em dinheiro, 303000 réis; 148 carros
de bois, à razão de 18600 réis por dois dias
de trabalho, 2365800 réis; 494 homens, a
400 réis por cada dois dias, 1974600 réis.
Total, 6985700 réis.
Como se vê, pode o governo contar já
com o auxilio de seiscentos e noventa e oito
mil e sete centos réis, notando, que a sub-
scripção continua, sendo certas mais algu-
mas quantias. A camara, como dissemos,
offerece o terreno; as madeiras e a pedra
são aqui de facil acquisição; o desejo do povo
é immenso e, por isso, ninguem n’esta fre-
guezia, se eximirá a contribuir com tudo que
seja ao alcance da sua força,. Fazemos ar-
dentes votos para que a nossa terra adopliva
venha a possuir este importante melhora-
mento de que tanto carece e é bem mere-
cedora.
— Estão approvados os estatutos da As-
sociação de Soccorros Mutuos do Professo-
rado Primario Portuguez, por alvará de 9
de junho ultimo e publicados no Diario do
Governo de 23 do mez findo.
Os fins da Associação, são:
Prestar soccorros aos associados no caso
de enfermidade; dar pensões aos herdeiros
dos socios fallecidos, a parentes em certos
graus e conceder dotes a pensionistas sol-
teiras; conceder donativos aos socios sus-
pensos ou demiltidos do logar que exerce-
rem; soecorrer os socios quando soffrerem
prejuizos graves; estabelecer uma Caixa Eco-
nomica e uma Escola Profissional. Podem
ser socios todos professores primarios offi-
ciaes e ajudantes e todas aquellas pessoas
que possuam diploma de habilitação para o
magisterio primario.
Entre outros, são estes os deveres do
socio :
Pagar joia e quotas, 200 réis por cada
exemplar dos estatutos e 500 réis pelo di-
ploma. As joias variam entre 28000 réis e
159000 réis e as quotas entre 250 e 600
réis.
Os direitos dos socios, além d’outros,
são estes :
Receber em caso de doença, o subsidio
mensal de 853000 réis ou de 58000 réis;
quando suspensos ou demittidos do cargo
publico, receber o donativo de 155000 réis
durante quatro mezes ; em casos da prejui-
zos que tenham soffrido, receber o donativo
de 508000 réis; ter as despezas do funeral
a cargo da Associação; requerer admissão é
alimentação gratuitas, de filhos seus, na Es-
cola Profissional; estabelecer a quantia por
que subscreve, não podendo ser inferior a
1003000 réis nem superior a 6003000 réis;
transmittir pensão por sua morte. A admi-
nistração é confiada a uma direcção e a fis-
calisação a um conselho fircal. As pensões
a cuja transmissão adquire direito o socio
subscriptor de 1005000 réis, variam entre
155000 réis e 1008000 réis. Por, morte
do socio, a pensão a que o mesmo tiver di-
reito, pertencerá aos seus herdeiros nos ter-
mos seguintes: metade à viuva ou vinvo
impossibilitado de adquirir os meios de sub-
3 FOLHETIM
SULTÃO
TRINDADE COELHO
E no meio da malta em alvoroço, com a
arreata do burro na mão esquerda, e na di-
reita 0 minacissimo cacete, berrava que 0
deixassem, que ia tudo razo — «com seis-
centos milhões de diabos !»
Seguiu-se altercação, vieram razões de
parte a parte, insultos.
— Já lhe disse que você é um ladrão !
— Ladrão será você! — tornou lhe o ou-
tro já de pé, avançando de punhos cerrados.
— E não m’o diga outra vez, que o racho !
Afflictas, algumas mulheres voltavam-se.
de mãos postas, para a capellinha proxima,
rogando o soccorro da Virgem. O lavrador
entrava de tremer como varas verdes, des-
figurava O a raiva, uma saliva muito branca
bordejava-lhe os cantos da bocea. Pela ca-
misa rota, via-se-lhe ja um pedaço do hom-
bro. Tinham, alfim, conseguido arrancar-lhe
O cacete, mas agora esbracejava, punhos no
ar sobre aquellas cabeças em desordem.
Já, para uns certos do grupo, 0 homem
do burro se desculpava : —= «tinha-o com-
prado a uns ciganos, fossem lá advinhar que
o burro era roubado…»
— Vê, sr. Thomê? acudiram logo uns
poucos. — O homem não tem culpa. — E
gritavam-lhe aos ouvidos: — Não tem culpa!
Comprou o animal na boa fé, Vês-abi está !
— Mente! objectava incredulo o Thomé,
cada vez mais irado. — Mente !
— Mente?! perguntava o outro de lá,
assanhado.
— Como um judeu ! cuspia-lhe da outra
banda o Thomé.
De modo. que para o convencerem, foi
preiso afinal leval-o quasi à má cara, cha-
“mar lhe homem de rixas, despropositado,
bulhento. Elle então, abrindo os braços como
se fosse para nadar, socegou um pouco,
amainou, — prometteu levar aquillo com pa-
ciencia, às boas. Chegou quasi a pedir des-
culpa, limpando com a manga branca as
bagas das camarinhas, — «Mas tinha per-
dido a cabeça, que lhe queriam ?»
Chegou-se por fim a um accordo. «Sim,
senhores, accomodava-se, mas punha uma.
condição : largasse elle o burro, e o burro
-é que havia de resolver…»
— Serve-lhe o contracto ?
— Qual contracto ?
— Mau! larga-se o burro, você entende ?
deixa-se o burro ás soltas. Depois, ê p’ra
onde elle fôr. Se o burro larga p’ra traz,
já p’r’as banda d’onde você vem… Você |
d’onde vem ?
— Dos Casaes.
— Pois ahi está. Se o burro tomar p’r’os
Casaes, o burro fica seu…
— E lomando direito à aldeia, é do sr.
“ Thomé, — concluiram alguns do grupo, con-
ciliadores.
— Nem mais ! Serve-lhe assim ? Diga se
lhe serve assim.
Por um desfastio, o outro concordou,
Mas lá parecia historia que o burro tomasse
para a aldeia… Vinha de tão má vontade,
que até lhe custara tiral-o de casa,
— Olhe que vae p’r’os Casaes | Digo-lhe
então que vae p’r’os Casaes. .. — affirmou.
— Melhor p’ra você. Mas nós veremos
p’ra onde vae. Você está pelo dito? — quiz
saber o Thomé. à
— Sim senhor, estou! Pois que duvida
tem que estou ? disse-lhe o outro n’um rom-
pante. Olhe: uma, duas, tres; às tres largo-
lhe a arreata.
Ja já a abrir a Docca para dizer — «uma!»
— Alto! fez o Thomé. Espere lá um pou-
co. Primeiro hei de fazer duas festas ao ani-
mal.
E pôz-se a bater-lhe na anca, no pescoço,.
no peito, demorando-se um pouco a fital-o
de frente, «para que o animal o conhecesse,»
— «Sultão» ! gritou-lhe de repente. Eh!
«Sultão» !
O burro estremeceu… Dir-se-hia que
no fundo da sua memoria, a lembrança por-
ventura adormecida d’aquelle nome desper-
tára subitamente…
Eh! Eh! riu-se muito satisfeito o lavra-
dor. O burro, agora, vira-se p’ra ali, Isso.
Nem é p’r’os Casaes nem p’r’o logar. Assim.
Eh! Eb!
E afastou-se para o lado, aguardando.
Uma anciedade dominava n’aquelle mo-
mento os do grupo; o Thomé pôz-se a roer
as unhas, nervoso…
— Então você porque espera? perguntou,
Ouviu-se logo a voz do outro, dizendo :
— A” umal,..
O Thomé sentiu um calafrio; sapateava
nervoso, cheio de medo, o olhar de esgue-
lha, e entre os dentes ferrados o pollegar
da mão direita…
— . . às duas!
— 1h! cum raio!… dizia baixo o Thomé.
E sem querer, os olhos cerraram-se-lhe
com força. –
=> + e. 48 VOS!
Foi então um barulho de palmas, um
berreiro alroador de vivas e gargalhadas !s !@@@ 1 @@@
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 9 DE FEVEREIRO DE 1899
sistencia, e a outra metado aos filhos. Se
o fallecido deixar só conjuge, ou só filhos,
haverão esses a pensão por inteiro; não dei-
xando conjuge nem filhos, pertencerá a pen-
são à mãe solteira ou viuva ou ao pae, maior
de 60 annos, sem meios de subsistencia; na
falta dos herdeiros mencionados poderá o
socio legar, por testamento, a pensão a qual-
quer pessoa ou pessoas, uma vez que sejam
do sexo feminino, viuvas ou solteiras, ou do
sexo masculino, menores de 18 annos; quan-
do o socio não disposer da pensão e não ha-
jam ou não sejam habeis os herdeiros indi-
cados, teem direito à pensão as irmãs sol-
teiras ou viuvas; perde a pensão a pensio-
nista que contrahir matrimonio ou o pensio-
nista que complete 18 annos de idade; a pen-
sionista solteira, casando, receberá um dote
nunca inferior à importancia de dois annos
de pensão.
A séde da Associação é, provisoriamente,
em Coimbra e, definitivamente, deverá sel-o
Coimbra, Porto ou Licboa.
E” provavel que se escolha o Porto, se
se bem que abundam as razões em favor
d’aquella primeira cidade. Seja qual fôr:
acabem-se as dissenções levantadas entre os
jornaes da classe, e já que existem estatu-
tos, imprima-se à Associação um caracter
sério e digno.
(Correspondente).
VARIAS NOTICIAS
Esmolas para os presos
Alguns rapazes d’esta villa, aquem os
folguedos carnavalescos não deixam esque-
cer os entes infortunados, projectam apre-
sentar ao publico no proximo domingo gor-
do, uma surpresa propria da epocha, com o
sympathico fim de angariarem donativos para
os presos nas cadeias d’esta localidade.
Phylarmonica
Já está contractado um mestre para a
Phylurmonica Certaginense.
Cheia extraordinaria
As ribeiras que circundam esta pitto-
resca villa, por effeito das abundantes chu-
vas d’estes ultimos dias, engrossaram ex-
traordinariamente, causando a alguns pro-
prietarios prejuisos avultados.
“Tuna Academica
A Tuna Academica de Lisboa, que foi
de visita à Figueira da Foz, deu alli dois
espectaculos no theatro de D. Carlos em
beneficio da Associação dos Bombeiros Vo-
luntorios.
PERFIS LIGEIROS
I
Alto, direito qual fuso,
Alguem lhe chama na sua:
— Um perfeito parafuso
À girar por essa rua.
Quer por força estar doente,
Mil doenças em si reune
(Conta elle), e ultimamente
Usa o systema do Kune..
Tem um genio estravagante
— Que em nada, emfim, o desdoura —
““Stica muito mas n’um “stante
Se contenta o amigo……
II
Esplendido ! Este então
Usa cangalhas nos olhos
E manda, como patrão,
O Zé sachar o repolho:
— O’ Eduardo ! tu não ouves?
— S’nhor! às ordes me tem
— Já hoje rigaste as couves?
— Já sim s’nhor. — Então ‘stá bem —,
Entre as damas é quem brilha
— Seja dito sem aggravo —
E quasi sempre a quadrilha
Quem a marca é O ..s….
=
III
Veio di lá, está ca,
Mas não trouxe uma sinhá,
Dizem que volta p’ra la
Ouvir cantar o sabiá.
A elle pedir mi vou já:
— Sinhô moço, na si vá, fique,
Deixe o engenho di lá
Não vá ver elle, sô. …….»
Silvadeas.
MARCO POSTAL
Cabeçudo, 6-2.º-99.— Continua
ainda gravemente doente, em sua casa no
Bailão, devido a um ataque cerebral, o sr.
Domingos Raphael Baptista, que por mui-
tos annos exerceu na cidade do Rio de Ja-
neiro, 0 logar de thesoureiro d’um dos ban-
cos commerciaes mais importantes d’aquella
cidade.
Desejamos um rapido restabelecimento
a este bemquisto cidadão, a quem o traba-
lho de 22 annos, ausente da sua patria, lhe
proporcionou um futuro independente e li-
songeiro.
€.
ee a
DECIFRAÇÕES DO N.º 13
Do Logogripho — Não me deixes.
Da Charada — Saudade,
—Que diz ao meu drama? perguntou
um auctor a um critico.
—QOh! é magnifico! Então os typos
dos ladrões estão muito bem estudados.
Até as palavras que elles dizem são todas
roubadas!
Nºum exame primario:
—Agora diga-me o nome das coisas
mais importantes que existiam ha cem
annos.
—O senhor e eu.
———— aci mo (Treme
KALENDARIO DE FEVEREIRO
Quarta-feira 1/8 /15/22]—
Quinta-feira 2/9 /46/23]—
Sexta-feira 3 1410/17/24] —
Sabbado 4 [11/18/25] —
Domingo o /12/19/26 | —
Segunda-feira 6 |13/20/27| —
Terça-feira 7 |14/21/28| —
Quarto minguante E a 2.
Lua Nova O a 9.
Quarto crescente D a 19.
Lua Cheia & a 26.
“SERVICO DE DILIGENCIAS
Da Certã à Fhomar (via Serna-
che do Bom Jardim, Valles, e Ferreira do
Zezere). Sahe da Certã às 2h. dat. e chega
a Thomar às 9 h. da noite; Sahe de Tho-
mar às O da m. e chega a Certã às 12 1/a
da tarde.
Da Certã à Proenca a Nova.
Sahe da Certã à 4 1/a dat. e chega a Proença
às 5 da tarde; Sahe de Proença às 5 da m.
e chega a Certã às 9 !/a da manhã. Esta
diligencia communica com a de Proença a
Castello Branco.
Da Certã à Pedrogam Pe-
queno. Sahe da Certã ás 2 dat. e chega
a Pedrogam ás 5 !/a da tarde; Sahe de Pe-
drogam às 7 da m. e chega a Certã às 10
da manhã.
A NINNUINCIOS
Editos de 30 dias
1.º ANNUNCIO
Na comarca da Certã e cartorio do
3.º officio pelo inventario orphanologico
de José de Brito, morador que foi em a
Aldeia Velha, freguezia de Sernache, e
em que é cabeça de casal a viuva Maria
3
Felizarda, do dito logar, correm editos
de 30 dias da 2.º publicação deste an-
nuncio no Diario do Governo, citando
todos os credores e legatarios desconhe-
cidos ou domiciliados fóra da comarca
nos termos do artigo 096.º e $$3.º e 4.º
do Codigo do Processo Civit, e especial-
mente o coherdeiro Antonio, ausente em
parte incerta, filho do inventariado.
Certa, 7 de fevereiro de 1899.
O escrivão,
Eduardo Barata Correia Silva.
Verifiquei.
O Juiz de Direito substituto,
Ehrhardt
VENDA E ARREMATAÇÃO
(1.º annuncio)
No dia 26 do corrente mez de feve-
reiro, por onze horas da manhã, á porta
do Tribunal Judicial desta villa, vão à
praça para venda e arrematação em hasta
publica pelo maior preço que fôr offere-
cido superior ao valor da respectiva ava-
liação os bens abaixo indicados, deseri-
ptos no inventario entre maiores a que
pelo cartorio do escrivão Gonçalves, se
procede por obito de Caetano Farinha,
morador, que foi, no logar do Maxial
Grande, desta freguezia, em que é ca-
beça de casal sua segunda mulher Feli-
ciana Maria, do mesmo logar, para pa-
gamento das dividas descriptas e appro-
vadas no mesmo inventario; os quaes
bens são os seguintes :
Umas casas de residencia com suas
lojas, ruas, palheiros, quintaes com vi-
deiras e mais arvores, no logar do Maxial
Grande; avaliadas na quantia de2308000
réis.
Uma casa com sua testada de rua e
um pateo ao — Cimo da Rua do Maxial ;
avaliada em 14600 réis.
Um bocado de terra ao — Valle das
Taboas, limites da Macieira; avaliada em
18000 réis.
Uma courella de terra com tres so-
breiros, no sitio das — Barreiras, limites
do Troviscal, avaliada na quantia de réis
18500.
O dominio util d’um prazo foreiro a
Manoel Antonio, do Maxial Grande, em
20 266 de centeio, e um frangão, que
se compoe de uma horta com videiras e
matos no sitio do — Colladinhos das La-
O Thomé vencera: corriam todos a abra-
calo, affirmando que o caso era para fo-
guetes.
— Viva o sr. Thomé! Viva o «Sultão» !
Aquillo é que é burro !
— Aquillo é que é amigo, hão de vocês
dizer ! — emendava o Thomé a rir. Tenho-os
com dois pés, que não valem metade…
— Oh! sr. Thomé ! protestavam alguns.
— Isto não é com vocês, mas é como
quem se confessa… Está visto que não é
com vocês.
E ria, ria como um perdido, emquanto,
estrada fóra, o «Sultão» corria que voava,
cauda no ar, corda de rastos, perdendo-se
por fim lã ao fundo, na poeirada immensa
da estrada, como que nimbado n’um res-
plendor de apotheose. E na peugada do
burro, esbaforido e como doido, seguia agora
o lavrador, após o fraternal abraço pregado
no dos Casaes…
Quando o Thomé chegou .a casa, offe-
gante, a suar, cheio de gestos e de palavras
entrecortadas de riso, já o «Sultão», relin-
chando, pateava à porta do antigo cortelho,
n’uma grande impaciencia, um «rap-rap»
continuo na soleira.
— Venham vêr! Venham cá vêr! ber-
rava 0 Thomá para a vizinhança. 0º Antonio!
Q” compadre ! O” Maria Engracia !
Ás janellas assomava gente, peguntando
se era fogo.
— Qual fogo, nem qual carapuça! E’ o
«Sultão», mas é ! Este inimigo ! 0º Josepha !
Josepha! cá temos o burro, este demonio.
Assoma.
Ora imaginem agora os senhores, se
podem, a effusão do lavrador. Abraços? E
até beijos. Aquillo era um thesoiro perdido
que reapparecia alfim. A mulher, do alto da
escada, benzia-se, perguntando se o seu ho-
mem teria endoidecido. ..
— Palavra de rei, «Sultão» palavra de
rei! Anda d’ahi pelos saccos. São só dois.
O” Josepha! ouves? p’ra cá esse garrafão
que está ao pé da arca, avia-te. A caneca
“tambem, ouviste? Essa das riscas vermes
lhas, a maior.
E atirando as mãos ambas para a albarda,
montou muito regalado, de um pulo.
— Ah!
A senhora Josepha assomava, ajoujada
com o enorme garrafão.
— Anda, mulher, põe aqui deante de
mim. Avia-te,
Ja a boa da senhora Josepha arriscar
uma obsereação, um conselho, qualquer coisa
de tomo…
— Adeus, minhas encommendas! Não
me fanfes, mulher, não me fanfes. Põe aqui,
que mando eu, avia-te. Assim. Está bem.
— Nome do Padre…
— Então que lhe queres? Deu me agora
pr’aqui!
— Nome do Padre, nome do Filho…
— A caneca! Venha de lá agora a ca-
neca !
— … nome do Espirito Santo |
— Passa bem, ó mulher, — concluiu às
gargalhadas, entre as gargalhadas dos de-
mais. — Ouves ? Quando o Manoel vier dos
ninhos, esse maroto, manda-m’o às eiras.
A trote, «Sultão» ! Eh ! valente !
E lá parte, veloz como uma setta. Já de
longe volta-se de repente :
— Josepha ! O Josepha ! n’esse alguidar
do meio umas sopas de vinho p’r’o «Sultão»,
ouvistes ? No do meio. O grande é muito
grande, e esse pequeno não presta. Quves ?
mas quer-se coisa que forte, bem entendido.
E de novo despediu como uma flecha,
abraçado ao garafão. Arreata para a direita,
arreata para a esquerda, pernas a dar a
dar, elle lá vae n’uma corrida, sumido n’uma
onda de poeira, até chepar às primeiras
«mêdas».
— Vinho, rapaziada! O” Maria do Carmo,
toma lá uma pinga, mulher ! Lá por andar-
mos de mal ha 15 annos isso acabou-se !
E o Thomé atravessou a eira sempre a
cavallo no «Sultão», caneca de vinho para a
direita, caneca de vinho para a esquerda.
Meia hora depois regressava, 0 «Sultão»
pela arreata, o Manoel no meio dos saccos,
e adeante do Manoel o bello garrafão — sem
pinga… ;
Pelo caminho, a todos o Thomê contava
a historia, a rir como um perdido, n’um
ah! ah! de gargalhadas sonoras, muito in-
timas.
— Colheita rica, sim senhores, um co-
lheitão |
E parando à porta, ainda a mulher se
benzia do alto da escada, mexendo e reme-
xendo o alguidar de barro :
— Nome do Padre, do Filho, do Espirito
Santo.
–. AO mesmo tempo que o Thomé,
abrindo os braços, respondia reclamando as
sopas :
— Amen |
FIM.IM.@@@ 1 @@@
meiras; avaliado, liquido, em 2408500
réis.
O dominio util d’um prazo foreiro a
Joaquim Alves, do Fundão, em 6! 722
de centeio e meio frangão, em 3! 386
de Geio a Francisco Manoel João,
d’aquelle logar do Fundão; o qual prazo
se compõe de uma propriedade de terra
de cultura, videiras, matos e pinheiros,
no sitio da Corga da Fusca; avaliado,
liquido, em 309550 réis.
São citados para a dita arrematação
quaesquer credores incertos do inventa-
riado que se julguem com direito aquel-
les bens.
Certa, 4 de fevereiro de 1899. E
eu José Antonio de Moura, escrivão que
o subscrevi no impedimento do respectivo.
Verifiquei
Elirhardt.
Arrematação
(2.º annuncio)
No dia dezenove de Fevereiro pro-
ximo futuro, por onze horas da manhã,
4 porta do Tribunal Judicial d’esta Co-
marca, por virtude da execução que o
Digno Magistrado do Ministerio Pu-
blico como representante da Fazenda
Nacional move contra o refractario José,
filho de Manoel da Costa e de Anna
Maria, do logar do Valle da Gallega,
freguezia de Pedrogam Pequeno, se ha
de arrematar em hasta publica pelo
maior lanço offerecido sobre o preço da
avaliação — Uma terra de semeadura
com agua, com oliveiras. videiras, cas-
tanheiros, sobreiros e testadas de mat-
to, sita à Fonte Maria Maia, limites do
Valle da Gallega que foi avaliada na
quantia de cento e quarenta mil réis.
Pelo presente são citados quaes-
quer credores incertos, nos termos le-
gaes.
Certã, 21 de Janeiro de 1899.
O Escrivão,
Antonio Joaquim Simões David.
Verifiquei a exactidão
O Juiz de Direito substituto,
Erhardt.
ARREMATAÇÃO
(3.º annuncio)
No dia vinte e seis de Fevereiro
proximo futuro, por onze horas da ma-
nhã á porta do Tribunal Judicial desta
Comarca, por virtude da execução que
o Digno Magistrado do Ministerio Pu-
blico, como representante da Fazenda
Nacional, move contra o refractario
José, digo contra o refractario Antonio,
filho de Manoel Lopes e de Maria de
Jesus, do logar do Cimo do Valle, fre-
guezia do ‘Proviscal, se ha de arrema-
tar em hasta publica pelo maior lanço
offerecido sobre o preço da avaliação
— Uma terra de cultura com oliveiras
e testada de matto, sita 4 Cór do Gil,
limites do Cimo do Valle, que foi ava-
liada na quantia de sete mil e dusentos
réis,
Pelo presente são citados quaes-
quer credores incertos, nos termos le-
gaes.
Certã.27 de Janeiro de 1899.
-O Escrivão,
Antonio Joaquim Simões David.
Verifiquei a exactidão
O Juiz de Direito substituto,
Elirhardi,
GAZETA DAS PROVINCIAS — CERTÃ, 9 DE FEVEREIRO DE 1899
MESTRE DE MUSICA
Precisa-se devidamente habilitado
para reger uma philarmonica na Certã,
e que saiba tocar instrumentos de corda.
Carta dirigida ás iniciaes A. D. F.
CERTA,
Harpa
Vende-se uma harpa, de
Erard, sete pedaes, movimento
simples e em bom estado de con-
servação.
Quem pretender dirija-se a
Antonio Victor da Rocha.
CERTA.
João Marques dos Santos
FLORES DE MAIO
(Versos)
Um vol. Preço 400 réis.
Vende-se nas livrarias.
PROCESSO DREYPUS
CARTA Á MOCIDADE
POR
EMILIO ZOLA
Preço 50 réis
Acaba de sahir do prélo este vibrante
opusculo dirigido à mocidade academica.
Vende-se nas livrarias.
GUEDES TEIXEIRA
BOA- VIAGEM
POESIA
dita pelo auctor na recita de despedida
do quinto anno juridico de 97- 98
Preço 200 réis
Vende-se no Porto, Empreza da ARTE
Editora.
SELLOS USADOS
Compra-se qualquer porção por bom
preço.
Dirigir-se a
AUGUSTO CUSTA |
Alfaiate
Encarrega-se de fazer todo o serviço
“concernente à sua arte, tanto para esta lo-
calidade como para fóra.
Garante-se o bom acabamento.
Toma medidas em qualquer ponto desta
comarca.
PREÇOS SEM COMPETÊNCIA
Rua do Valle, 62
CERTÃ
Historia dos Juizes ordinarios e de paz
POR
Antonio Lino Netto
Alimno da Faculdade de Direito e socio effectivo
do Instituto de Coimbra
Preço 4100 réis
– Vende-se na livraria França Amado —
Coimbra.
PYROTHECHNICO
; CERTÃ
David Nunes e Silva, com officina de pyrothechnia, encar-
rega-se de fornecer para qualquer ponto do paiz fogo d’artifício,
com promptidão e garantido acabamento.
Na sua oficina encontra-se sempre um grande e variado
sortimento de fogo de estoiros, e foi della que sahiu o fogo
queimado nos centenarios: — Antonino — de Gualdim Paes —
e da Índia, — (neste sómente o de estoiros e balõas), cujo
efeito tem sido applaudido pelo publico e imprensa.
Preços sem competencia
IMPRENSA ACADÊMICA
COIMBRA
153 — Rua da Sophia — 163
Grande deposito de impressos para todas as repartições
Por preços diminutos imprime livros, relatorios, mappas,
prospectos, cartazes, circulares, etc., etc.
Especialidade em FACTURAS com iypos e vinhetas das mais modernas
CENTRO COMMERCIAL
LUIS DIAS
Completo sortimento de fazendas de algodão,
lã, linho e seda, mercearia, ferragens e quinqui-
lherias, chapeus, guarda-chuvas e sombrinhas,
lenços, papel, garrafões, relogios de sala, camas
de ferro e lavatorios, folha de Flandres, estanho,
chumbo, drogas, vidro em chapa e objectos do.
mesmo, vinho do Porto, licores e cognac; livros
de estudo e litterarios, tabacos, etc.
Preços extraordinariamente baratos
competencia,
Agencia da Companhia de Seguros Portu-
gal.
e sem
| a 7, Praça do Commercio, | a 7
BERTA
Retratos
Tiram-se em diferentes tamanhos desde 800 réis a duzia,
garantindo-se a sua perfeição e nitidez.
Encarrega-se de ir tirar photographias a qualquer ponto
d’este concelho, mediante ajuste especial,
Quem pretender dinijaçãe, a LUIZ DIAS, Praça do CGom-
mercio.—GCERTÃ.ERTÃ.