Eco da Beira nº74 31-07-1918
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SEMANARIO POLITICO
2 Cbec tl NS
) ASSINATURAS
Ario—1820. Semestre —S60. Brasil (moeda
É Propriedade do. Centro Republicano: Democratico
PUBLICAÇÃO NA CERTÃ +
Redacção e administração em
E
RR REINO S00N DE é DIRECTOR — ABÍLIO MARÇAL | SERNACHE DO BOMJARDIM
Anuncios, na 3.8:e 4 pagina, 2 centavos, Ro Ds es | Composto impresso na Tipografia Leiriensé
Autores JE]. rato é admiistador = ALBERTO RIBEIRO (Ep CO
E a ET eEçãos : = , ass : OS SEP BRT E + a, t
dh pi i 4 | teréssa-se O estrangeiro na empreza?
ol E É À | Mas então, venda-se o resto em lei- Q a
NR RN lão, duma assentada, e acabemos ) RP BEBA
EE NH , com isto, de vez. Justo é que não to! Gui ‘
ssa E : tenha patria um povo cujos góver- | .
pa cnc se cieememem nantes assim pretendem traficar E serenas! “
Ha iniciativas e… iniciativas.
Ha as que. dizem respeito à em-
prezas honestas, orientadas, defini-
das e com fundamento sério; e ha
as que vivem de fantasia, ou se ali-
mentam cóm coisa muito diferente
de recursos próprios, e de fé na ac-
ção da mesma iniciativa.
“Isto é;ha individuos e colectivida-
des que teem ideias, recursos é yon-
tade para produzirém trabalho util
e produtivo; e ha individuos e colec-
tividades que fingem ter ideias, fin-
gem ter recursos e fingem ter von-
tade. No primeiro caso depara-se
com as iniciativas honradas de quê
fica sempre alguma coisa de util,
pelo menos o exemplo; no segundo
tropeça-se’com essas espectaculosas
operações . – . financeiras de cujo
fundo ninguem se apercebe bem,
adiudlo dp
– Nestas poucas linhas dum artigo
feito sobre o joelho, referimo-nos ao
povo e à Camara Municipal dêste
concelho, uma das primeiras e outrá
das segundas iniciativas apontadas,
Vamos à primeira. o
Em Lisboa fundou-se ha cêrca de
três meses a Companhia. Nacional | do?
de Viação e Electricidade cuja cara-
cteristica dominante para nós é a do
seu patriotismo, pois que no esta-
“tuto básico se estabelece que estran-
geiros não: podem fazer parte da
Companhia ol ter nela interesses
mediatos ou imediatos,“
Quer dizer que a Companhia é,
fundada-por bons e leais portuguê-
ses que só-com dinheiro porttguês
pretendem trabalhar e só para’o seu
pais desejam produzir. |
Em segundo logar essa’compa-
nhia recomenda-se pelo facto de te-
rem os-seus fundadores lévado anos
em estudos e gastando centenas de
contos, semaque’ se resolvessem a
apresentar em publico os seus pla
nos, antes dé adquirida a-convicção
de serem eles viaveis e de facil-e
pronta execução. 18
E dêste“modoforam já ‘compra-
das 6 quedas de agua, 2 no Zezere,
2 nasérra da’estrêla, e 1 no rio Ho-
mem, e a Companhia tem’a certe-
sa de que dentro dum ano produzi
rá para mais de 20 concelhos ener-
gia elétrica para iluminação e força
motriz, a um prêço de 30 a 40 por
cento mais barato “que” o mais
barato preço do país em tempo nor-
Propõe-se. ainda a. Companhia
construir um caminho de ferro elec-
trico-circulatório do Entroncamento
a Castanheira, Certã, Leiria e En-
troncamento, passando a Torres No-
vas. O eo de ferro não o pro-
mete com brevidade porque não q
pode fazer; mas entende e isso pro-
mete que poderá ter essa importan-
te linha a: funcionar para mercado-
rias e passageiros, dentro do praso
maximo de 4 anos. ‘
Não é espectaculosa esta iniciati-
va, mas não deixa por isso de ser
muito importante é é sobretudo sé-
ria e viável.
Vamos agora á segunda.
Pouco depois de ser dada a pu-
‘blico a noticia da fundação da Gom-
panhia Nacional: de Viação e Elec-
trecidade a que acima nos referi-
mos, surgiu a Comissão Adminis-
‘trativa do Municipio de Lisboa com
um projeto estrondoso com dois fins
(capitais: um abstracto—o do apro-
veitamento em” globo para breve,
| das aguas da bacia hidrográfica do
| Tejo e seus afluentes; outro bém con-
creto e visivel— o de ligar ao de
Lisboa, 34 municipios compreendi-
dos“na referida região da bacia hi-
drografica do Tejo é seus afluentes,
de forma a tolher as suas iniciativas
futuras e os seus interesses presen-
tes.
E porque falamos nós deste mó-
Frizámos já a coincidencia de ter
surgido o grande plano municipal lo-
go de seguida á noticia da constitui-
ção duma companhia portuguêsa que
quer fazer alguma coisa, pratica e
imediatamente, é essa circunstancia
merece bem estar presente. porque
se; sabe muito bem; que ha grandes
emprezas. estrangeiras interessadas
noproblema hidro-electrico nacional.
Primeiro perigo que receamos,
sem querermos, contudo: fazer inci-
nuações malévolas. :
Depois ha importantes objecções
a fazer ao desyairado, embora bri-
lhante. prójecto da Comissão alfaci-
nha, dp:
O que pretende o, projecto é ir-
realisavel como obra. de conjunto,
como trabalho uno e interdepen-
dente, na opinião de muitos e de
muitorabalisados técnicos. Depois,
ainda que fôsse rebatida essa opi:
nião é se viesse a demonstrar ca-
balmente a viabilidade do projecto,
porque preço ficaria a suá execução?
e onde iria o Município de Lisboa
buscar as fabulosas quantias neces-
sarias se O seu depaúperado tesouro
deve a todos, incluindo os grandes
monopólios de viação e iluminação
de Lisboa de que não pode mais
livrar-se, incluindo o proprio go-
verno de quem aliás se diz grande-
mente credor ? E
No país não: ha, é certo, quem
lhe dê esse dinheiro—se ele existe
disponivel — porque o seu crédito
com ela !
“Não! Vamos por partes, com pas-
Sos curtos e lentos, mas seguros e
firmes; partindo do princípio para
o fim; conquistando um novo pro-
gresso à custa dé outro já realisado,
A não ser, portanto, por uma
venda — e disfarcem-na como qui-
zerem, porque será sempre uma
venda — ao estrangeiro, o mirabo-
lante projecto da Comissão: Admi-
nistrativa do Município de Lisboa,
não pode ter realisação ainda que
seja realisavél. :
Comparando agora ‘as duas ini-
ciativas deduz-se facilmente que vale
mais a da Companhia Nacional de
Viação e Electricidade que dentro
dum ano estará beneficiando uma
enorme região do pais, que a dá
Comissão Administrativa do Muni-
cipio de Lisboa que levaria dezenas
[de anos a realisar e requéreria o
gasto de muitos milhares de contos,
Depois torna menos crivel 0 arro-
jo desta empreza a falta de compe-
tencia da referida comissão para o
mais elementar exercicio das suas
funções : Lisboa continua sendo uma
cidade inaproveitavel para a indus-
tria do turismo; e no capitulo da
guerra a Camara nem soube crear
armazens reguladores de preços,
[nem celeiros municipais, nem coisa,
equivalente ou parecida com estas.
Não esqueçamos que a ponte sôbre
o Tejo continua sendo um sonho e
| que,a celebérrima, avenida marginal
ainda hão saiu dos rabiscos no pa-
pel próprio-a-tais projectos.
Eis porque. nos resolvemos a cha-
mar a atenção dá Camara eido po-
vo dêste concelho, para semelhante
assunto, E” que = ou:nós nos enga-
namos muito —’se trata duma’ ver-
dadeira embora capciosa tentativa
de centralização administrativa pre-
cisamente na quadra em que mais
fervorosamente ‘emais justamente,
em face dos resultados praticos
obtidos, se faz a luminosa apológia
das prerrogativas e regalias munici-
pais, dos interesses q dos progres-
sos das regiões, como base e fulcro
da melhoria dos grandes agregados
nacionais. Ê
Recomendamos, findando, muita
a muita cautela ao Município dêste
concelho. Que ele estude bem o que
melhor lhe convem fazer, e só de-
pois disso resolva o’ caminho a se
guir. E” o nosso aviso e o nosso
conselho.
Ha iniciativas e… iniciativas.
Saiu para Lisboa, onde conta de-
morar-se o sr. dr. Hermano Mari-
nha, digno professor do Instituto de
não dá nem para muito menos. In:
Missões: Coloniais.
Transcrevemos do nosso presado
colega O Mundo o seguinte artigo
publicado em um dos seus últimos
números, com o título «Reacção em
Portugal». ; !
«Isto vai de foz em fóra !
A República “está positivamente
nas garras dos congreganistas, e dos
sectários de Loiola. :
Portugal: é um pais entregue aos
mais rancorosos inimigos da Liber-
dade.
A reacção estabeleceu descarada-
mente os seus arraiais nêste país,
ciatura. Reúne, conspira, faz conci-
lios e dá-nos notícias em suas notas
oficiosas da sacristia da República e
lavra do sr. Sidónio Pais!
O momento é incontestávelmente
de uma gravidade extrema.
O assalto está sendo feito sem es-
crúpulos nem robuço.
Entrou audaciosamente no domí-
nio dos factos consumados. |
Isto voltou a ser dêles, em troca
da benção apostólica generosamente
prodigalizada aosr. Pais, –
A adesão dos clericais à Repúbli-
ca é uma mistifiação repugnante, uma
da, em conchavo com os ‘monárqui-
cos,
Não nos iludamos!
A reacção toma posições : unamo-
-nos todos e salvemos’a Liberdade.
Serenamente, decididamente !
Sem uma distração, que seria uma
imprudência cara.
Sem uma hesitação, que seria um
crime! 5 ‘
O assalto, agora, é ali pelas ban-
das do ministério das colónias.
Já- os frades da congregação do
Espírito Santo estão no gôso do sub-
sídio de 50 contos para missões re-
lígiosas em Angola.
Os padres estrangeiros a naciona-
lizarem os nossos domínios africa-
nos!…
Os bens do Padroado do Orien-
te, no valor de alguns milhares de
contos estão ainda na posse e livre
administração da igreja, o que E
constitui uma subserviência inexpli-
cável, ; pol
“Todos ‘os seus rendimentos ela os
recebe e consome.
Pois ainda’ agora o sr. Tamagnini
Barbosa, mui dilecto e digno disci-
pulo dos jesuitas de Macau, lhe con-
cedeu um subsidio de nada menos
de 100:000 escudos dos’cofres do
Estado.
Cem contos de reis!
Isto é fantástico !
Chegou agora a vez ao Instituto
de Missões Coloniais, que vai ser
entregue à Congregação do Espiri-
com o seu-quartel generalina nun-:
grosseira manobra adrede prepara-
usa em
eua)m
eua)
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to Santo, com todo o seu mobiliá-
rio, a cêrca anexa e todos os seus
bens próprios, nos quais se incluem
inscrições no valor nominal de 150
contos! :
Este estabelecimento havia sido
reorganizado pelo último govêrno
democrático, que, em matéria de
missões, nêsse diploma havia niti-
damente afirmado a sua orientação.
Essa reforma, que inteligentemen-
te estava-sendo posta em execução,
faria do velho colégio um instituto
modelar.
“Vai agora ser entregue aos padres
do Espirito Santo pela porta falsa
de uma reforma, já em elaboração,
que o vai transformar em um semi-
nário diocesano !
A sua direcção vai ser entregue a
um padre muito conhecido nêste país
pelas suas manhas reaccionárias às-
sás discutidas no tempo da monar-
quia!
Se nós dissermos que esta mano-
bra: é feita de entendimento com o
procurador dos tais do Espirito San-
to.e de colaboração com: um secre-
tárió do bispo de Beja, teremos da-:
do uma nota viva e eloquente do es-
tado miserável e depriment: a que |
isto chegou erda situação cheia de
perigos, que começa a criar-se para
a República !»
Não sabemos qual o fundamento
com que são feitas estas afirmações.
Como é asneira deve ser verdade;
Há muito tempo que para aí an-
da umidiota a dizer que, se o Si
dónio lá estivesse 3 meses, isto vol-
tava para os padres ..
Os parvos repetem inconsciente-
mente o: que ouvem.
Os três meses vão passados e,
então, deve ser verdade…
“* Um outro, com alguma autorida-
de, inconfidenciou a mesma afirma-
ção a uma taramela que para aí exis-
te; não menos idiota do que.o ou-
tro.
Por isso, não deve haver dúvidas.
Salvas as que nós ainda lhe pomos!…
A igreja, pretendendo uma -con-
cessão tão melindrosa e tão comba-
tida, vai: lançá-la em um vespeiro
de.hostilidades ?
Querendo. uma instituição nova,
vai assentá lã sôbre os escombros
duma outra instituição, por baixo
da qual está ainda o rescaldo:de
acontecimentos bem memoráveis e
irritantes ? Pode ser.
Nêsse caso, desafia. Provoca !
E êsse o seu intuito-—destruir ?
Muito bem !
São, em reincidência, os proces-
sos de igog—misturar política com
religião—que certamente conduzi-
rão aos-resultados de 1910…
Para nós, êste incidente é sobre:
tudo uma questão politica—política
local, E í
Posto. isto, vamos escrever as pa-
lavas claras: anunciadas. no título
dêste artigo—serenamente reflecti-
das e decididas. ;
e
Tudo. quanto para ai se fizer du-
rárá apenas O tempo necessário pa-
ra o deitar abaixo ! j
A reacção quer destruir uma obra
boa, feita com consciencia e patrio-
tismo «e sem afronta para ela-—só-
mente porque não lhe agrada e re:
ceia a sua competência.
Pois bem !.
Essa, instituição republicana que
desnecessáriamente e só por malva-
dez e ódio à República é destruida,
terá quem a defenda e-quem a vin-
gue!
Intransigentemente, ind o má vel-
mente! Sete anos levámos, dia a dia,
hora a hora, a fazer essa obra que
ECO DA PEIRA
aí está. honesta em seus intuitos,
grande na sua compreensão, pode-
rosa, como elemento de vida regio-
nal, j
Sós!
Sem um desânimo, sem uma he-
sitação, sem uma fraqueza!
Sacrificámos-lhe, com ânimo ale-
gre, o socêgo das nossas comodida-
des, os interêsses duma vida profis-
sional razoávelmente lucrativa, O
bem estar próprio e o alheio: inte-
ligência, dedicação, energia—tudo !
Cinco comissões foram nomeadas
para resolver o assunto: de todas
fizemos parte e a todas demos o
concurso desinteressado do nosso
trabalho, por vezes esforçado.
Três vezes vimos a deliberação
da extinção do instituto : outras tan-
tas o salvamos !
Tudo lhe demos, enfim, para triun-
tar.
Triunfamos.
A instituição aí está.
Pretende a reacção destruí-la. Por
perseguição : em conspiração contra
a Liberdade.
* Muito bem !
Recomeçaremos amanhã!
Com a mesma energia, com a
mesma presistência, com a mesma
fé. Essa hora virá, amanhã, no dia
seguinte, em um dia qualquer, que
será a hora de liberdade contra a
reacção, a nossa hora de contas com
a fraudulagem que tripudia sôbre o
bem estar dêste povo, que ao ajuste
hade ser chamado, a seu tempo.
Senão tivermos tempo para re-
construir, destruiremos, desde os
seus fundamentos, por todas as for-
mas e por todos os meios—por to-
dos!—e de forma a proteger o fu-
turo. contra a repetição de tais as-
saltos.
Não lhes permitiremos um dia de
socêgo!
E a desgraça desta região, uma
calamidade para a minha pobre ter-
ra?
Já não vale a pena pensar em tal.
Isso é para a história.
Trabalhei sete anos pela mão de
Lia: outros tantos trabalharei pela
mão de Raquel.
E bem pode ser que em muito
menos tempo a conquiste !…
Mas com certeza, desta vez, sem
a indulgência do velho e paciente
patriarca hebreu.
Na hora própria falaremos.
. Temos dito.
Abilio Marçal.
SP ERA Snes
Ponte da Bouçã
Escreve o nosso presado colega
de «O Certaginenser:
«Ao que nos informam, os traba-
lhos da ponte sôbre o Zezere, na
estrada para Figueiró, não teem ti-
do êste ano o convemente desenvol:
vimento.
“Não se deu ainda começo à co-
locação dos simples nem se vê qual-
quer: indicio de preparo de cantaria,
hamamos a atenção dos atuais
dirigentes da política local para es-
ta obra tão importante e a cuja con-
clusão estão ligadas consideráveis
vantagens economicas para O nos-
so concelho»,
—Sim senhor: não recomende o ca-
so a mais ninguem. :
Os «actuais dirigentes da politica
local» não pensam noutra coisa se-
não nos interesses dêste concelho.
Andam, até, magros só de pen-
sar nisso.
PERES
Regressou da Curia com s, ex.mt
familia o nosso amigo sr. Libânio
Girão,
I4 DE JULHO
Nêste dia festivo, data memorá-
vel para toda a humanidade, foi en-
viado, em nome do Partido Repu-
blicano Português, um telegrama ao
digno representante de França em
Lisboa saudando nêle a França glo-
riosa e as nações aliadas que nêste
momento se batem pela causa da
Liberdade e da Civilização.
O ilustre diplomata respondeu
amavelmente nos seguintes termos :
Lazare Montile, Chargé d’Afai-
res de France: remerci monseur
Abílio Marcal des telegramme qu’il
lui a envoyé à Poccasion du 14 juil-
let et lê prie d’être son interpréte
auprês des membres du parti démo-
cratique du concelho de Cerlã. 14
jutllet. :
+
Também os nossos amigos, Da-
reira enviaram o seguinte telegra-
ma:
Legation de la, République Fran-
caise :
Lisboa.
Saudamos em V. Ex.3a heroica e
imortal França e todas as nações
aliadas que combatem pela causa da
Liberdade e da Civilização.
(aa) David Serra.
| Carlos Santos.
«Anlónio Luis Ferreira.
Ao Directório do Partido Republi-
cano Português enviaram tambêm
os seus signatários um outro tele-
grama de saudação.
Irreverência repugnante
A propósito da local, no ultimo
número publicada, com êste titulo,
recebemos a seguinte carta:
Sr. redactor:
Fez v. muito bem zurzir a comis-
são municipal pelo despreso e des
respeito com que trata a estátua do
saudoso dr. Guilherme Marinha, Há
que acrescentar-lhe um costume ver:
gonhoso: é no sopé dela que o var-
redor da Câmara costuma arrumar
o carro, a pá é a vassoura!…
Como está vingado à partido de-
– | mocrático!
Como tão cedo se começou a fa-
zer justiça á camara democrática de
9144 e
Esqueceu-se V. de que está tam.
bem na Câmara’aquéle Jericó, que
todas as semanas de postal da “Voz
da Beira nos busináva os ouvidos
com reclamações sôbre O asseio e
limpesa da praça e que certamente
continuará a businar quando já lá
não tiver assento.
A quanto isto desceu…
De V.
F… leitor amigo:
—Salvo o devido respeito quando
Jericó não tiver assento não buzina-
rá, fará outra coisa!…
ape
João Nemezio da Silva
Está em Sernache, com sua ex ma
esposa, o nosso querido amigo João
Nemezio da Silva, que ali vem pas-
sar nas suas propriedades uma par-
te do verão.
Regressou de Lisbóa a Sernache
os srs, Joaquim de Paula Antunes e
Izidro de Paula Antunes.
vid Serra, Carlos Santos e Luís Fer-
UMA CARTA
“Publicamos a seguir a cart do
sr. Eduardo Barata, a que nos
ferimos no último número dê
jornal.
«Sr. dr. Abílio Marçal
Chamaram-a minha atenção para
o número 72 do Eco da Beira em que
V., entre outras afirmações de ca-
rácter político e falando de mim, diz
qué recebera uma carta minha con-
vidando-o a uma conferência na
qual eu lhe dissera, entre outras
coisas, que tendo reunido o meu par-
tido para resolver sôbre a sua cons
duta e orientação, tinha resolvido
fazer uma política de entendimento
com V. e-que indicasse bases e con
dições para tal acôrdo.
Esta afirmativa carece de rectifi-
cação porquanto, sendo aliás certo
que eu lhe escrevi pedindo para lhe
falar, v. teve a amabilidade de ace-
der ao meu pedido, e entrando logo
no fim que re levou a ir estar com
v. entre outras coisas em que con-
versamos e que nenhuma importân-
cia teem para à caso, eu disse que
desejava que entrassemos num acor-
do para a constituição de novas as-
sembleias eleitorais de forma que, de
Juturo, se não pensasse em as modi-
ficar e que nésse sentido tinha já
conversado com o nosso comum. am-
go sr António Augusto Rodrigues ;
não tratando eu com v. de qualquer
outro acordo, para o que me não
achava autorisado pela comissão
municipal do meu partido, que nada
tinha deliberado nêste sentido.
Quanto à sua exoneração de Di-
rector do Instituto de Missões Colo-
niais, nada mais posso dizer que
afirmar que o partido unionista ne-
nhuma responsabilidade tem no ca-
so, mas se v. tem prazer em atri-
buir-lhe essa responsabilidade está
muito no seu direito e não serei eu
que disso o queira privar.
Peço a v. o favor da publicação
desta carta no Eco da Beira, o que
desde já muito agradece o que é com
toda a consideração :
De v.tete,
Certã, 2 de Julho de 1918.
Eduardo Barata Correia e Silva”
Aí fica publicada a carta e, assim,
satisfeitos os desejos, que aliás cons-
tituem-um «direito, do sr. Eduardo
Barata.
O sublinhado do verbo «indicas-
se» é meu. s
O jornal publica — JIndicasse ba-
ses e condições.»
Eu escrevi — Indicou
condições. à
Assim é que foi. Esta é que é a
verdade,
O sr. Eduardo Barata não me
convidou a indicar: êle é que in
dicou logo. ú O i
Não tem ocaso importância, mas
não quero deixar de o explicar, atri-
buindo-o à minha má caligrafia e à
celeridade com que escrevo os meus
artigos. á
Feita esta rectificação, vou. agora
responder à carta,
ú %* E
Não ocultarei que essa resposta
me contraria e embaraça.
Para dá-la, clara e completa; eu
seria obrigado a comentários e con-
siderações que por certo não seriam
agradáveis ao autor da carta, que
não a escreveu de vontade nem ex-
pontâneamente.
bases e
@@@ 3 @@@
“om
Conheço os homens e
bem o meio.
Eu teria mesmo de descer a por-
menores em que envolveria factos e
comentários, que não devem ser
assoalhados. Não está isso nos meus
hábitos : contrario-os até.
Não estou disposto a dar êsse
espectáculo às galarias, . :
Devo ao sr. Eduardo Barata essa
consideração e essa contemplação.
Eu teria de começar por rectificar
a própria data da conferência, que
propositadamente alterei-— e aqui
está uma rectificação que podia ter
sido reclamada e… não-foi!
Mas nem tudo, entretanto, posso
deixar passar, e assim acontece com
a afirmação do sr. Barata: de que O
motivo da nossa entrevista foi sim-
plesmente pedir-me que, de futuro,
não alterasse a constituição, que O
seu partido ia fazer, das assembleias
eleitorais. ;
conheço
Eº um subterfúgio infantil que eu |
não discutirei.
Ninguêm de- bom senso aceitara
que êle-me pedisse uma conferência
tão grave e misteriosa, para tratar
de-assembleias eleitorais e naquele
momento em que ninguêm pensava
em eleições.
“E” certoque me falou nêsse caso,
mas para vir a ser uma das bases
do acôrdo que êle me vinha propôr.
E vou lembrar-lhe uma circuns-
tância, que será a negação da sua
afirmação.
O plano de constituição das as-
sembleias ainda não estava feito
“nêsse momento. Havia de ser feito
nêsse dia, à noite, e no dia seguinte
levá-lo-ia o sr. dr. Ehrhardt ao sr.
Augusto Rodrigues. E é verdade
que assim foi. : :
Só duis dias depois* eu a recebi,
por intermédio dêste meu querido
amigo.
Se nesta parte me desmente, en-
tão zango-me e publico o tal plano
e a carta que o acompanhava.
Ora se nem osst. Barata conhe-
cia essa constituição de assembleias,
como é que me vinha pedir o com-
promisso de, de futuro, não alterar
o que nem eu nem êle conheciamos?
Diz ainda o autor da carta que
«não estava autorisado pela comis-
são municipal do seu partido”.
Isso é que não é comigo: é com
os seus correligionários.
Mas lá que o disse, disse.
Para que o disse é que eu não
sei. Se imáginou que com essa re-
presentação aumentava a sua auto-
ridade enganou-se. À categoria pes
soal e política do sr. Barata dispen-
sa bem reforços desta natureza. Ao
contrário. Logo que me falou na
deliberação do seu-partido eu esmo-
reci na minha confiança. Quando,
à saida mé fez um último pedido,
perdia completamente.
Desde que soube que as suas pa-
lavras eram a voz do seu partido,
eu não acreditei mais nas suas dis-
posições nem na sua realisação.
E quer o sr. Barata saber por-
quê? Porque essa é que era a
tica que há muito se devia ter feito.
Ela servia os interêsses da Repú-
blica, faria a prosperidade dêste
concelho «e a nós todos trazia um
bocado de socêgo, e nessa ocasião
os senhores só pensayam no exter-
mínio do partido democrático.
Com a sua demarche o sr. Barata
podia ter transformado, para bem,
a vida política dêste concelho :-com
a solução que lhe deu transformou-a
para mal, Irremediávelmente !
*
Enfim e pondo ponto em polé-
mica, e explicações: :
Eu-mantenho tudo quanto disse a
ECO DA BEIRA
respeito da conferência. O sr. E luar-
do Barata nega.
Um de nós está em erro, em boa
té: sem dúvida, mas em erro.
Não podemos ficar assim.
Mas há uma solução digna e ho-
nesta, que-eu vou propôr 20.sr.
Eduardo Barata. *
Tudo quanto me disse a mim,
e como m’o disse, o havia êle dito,
na véspera, ao sr. Augusto Rodri-
gues. Ainda hoje o confirma na sua
carta.
O sr. Rodrigues é. como se fôra
uma testemunha da nossa conversa.
E” um homem de toda a respei-
tabilidade, nosso amigo comum. –
Muito bem: recorramos a êle.
Seja êle o árbitro.
Nesta data lhe envio a seguinte
carta.
Peço ao sr. Eduardo Barata o.
favor de aceitar esta solução e de no
mesmo sentido lhe escrever.
E assim fica solucionado êste in-
cidente.
Meu caro Rodrigues :
O Eduardo Barata veio com uma
carta ao Eco da Beira desmentindo
os termos da conferência que comigo
teve em Dezembro tais como eu os
referi no jornal de 27 de Junho.
Referiu-me êle então, e o repete
agora na carta, que o que me disse
amim foi a repetição do que na
véspera lhe havia dito a si — nem
mais nem menos.
Sendo assim, porque se trata du-
ma discordância entre homens de
boa fée porque eu não estou dis-
posto a polémicas sôbre o caso, um
único caminho digno estava indica-
do—recorrer ao seu testemunho. Foi
o que lhe propuz.
Sem dúvida nenhuma que néêste
mesmo sentido êle lhe vai escrever.
Eu venho pedir-lhe o favor de nos
prestar esta sua intervenção. E
Por minha parte, fica autorisado
a socorrer-se e a tornar público tudo
quanto eu lhe tenha dito ou escrito
sôbre o assunto e que necessário seja
para o restabelecimento da verdade.
E dênos a sua resposta por in-
termétio do Certaginense, ondepeço
também a publicação desta.
Com um afectuoso abraço, meu
querido amigo, do :
Seu dedicado e obrigádo
Abílio Marçal
* ;
Resta-me responder agora à afir-
mação do sr. Eduardo Barata de
«que o partido unionista nenhuma
responsabilidade teve no caso da
minha exoneração”.
Valha-nos Deus!
Que mé importa a mim o que êle
diz se eu tenho diante de mim o que
êle fez?!
Os factos é que-falam, não sou eu.
Res, non verba,
sr Eduardo Barata, adminis-
trador do concelho, veio em nome
do seu partido declarar-me que não
queria absolutamente nada com es-
sa gente reles, de vingança e ódios,
que então pedia a minha cabeça: ele
ia para Lisboa intervir para que a
violencia se não fizesse.
O “seu partido só queria entendi-
mento com Os democráticos.
Ora, o sr. Barata veio de Lisboa,
de braço dado com a tal quadrilha
como lhe chamam: faltou a tudo
quanto propoz, se é que não tinha
faltado já-no momento em que o
prometeu: e eu fui exonerado.
E o que é que eu concluo? Que
uns e outros se entenderam: que o
o sr. E luardo Barata veio a concor-
dar com a, víolencia.
Mais.
Quando a minha exoneração se
fez era a política unionista que di-
rigia o concelho. O governador ci-
vil era unionista: o sr. Barata, admi-
nistrador do concelho unioníssimo :
eu exoneradíssimo …
A quem é que eu hei de atribuir |
responsabilidades se o partido ne-
nhum gesto fez que excluisse a sua ?
Aos da quadrilha ?
Não, que os senhores se mistu-
ram todos. 4
Partidos só havia um — o unio-
nista, como só- havia um adminis-
trador do concelho, que se chamava
Eduardo Barata.
Disse-me êle, e disse-o a toda a
gente, que, se se me fizesse alguma
violência pediria imediatamente a
demissão do seu cargo.
Ora;a violência fez-se. O sr..Ba-
rata ficou e ficou muito bem.
O seu companheiro na patuscada,
sr. dr. António Vitorino, êsse ainda
me. mandou dizer que não consentiu
na sindicância.
Aquela boa alma: não me quiz
deixar morrer de causticos abertos.
O sr. Barata nem me quiz acom-
panhar à última morada.
Nem um bilhetinho de saudade
e boa viagem ! Calou-se. Porquê?
Entendo eu que foi porque: nada
tinha que dizer nem a opôr. Dava
certos.
Entendo mal?
Sou injusto ?
Então perdoe-me o sr. Barata e
perdoem-me todos.
E’ que não tenho entendimento
para mais.
E’ que a minha exoneração foi,
então, de geração expontânea !…
*
Mas eu não tenho prazer nenhum
em atribuir-lhe a responsabilidade,
como diz a carta. :
Eu não me queixei. Se me quei-
xasse seria um tôlo. Tolos foram os
que me exoneraram. Prazer só m’o
deu a exoneração,
São os ossos do ofício !
Hoje eu, âmanhã, o sr. Barata e o
seu sócio. Que não são melhores
nem mais honestos funcionários do
que eu fui. Nem mais fidalgos !
Distingamos.
Quem embrulhou tudo isto foi o
sr. dr. Ehrahardt.
Foi êle quem apareceu aí com uma
carta no Certaginense, a negar a
responsabilidade do seu partido.
e a isso se limitasse eu conti-
nuária calado e indiferente ao caso,
muito embora contestasse àquele
cavalheiro o direito de, neste mo-
mento, se intrometer na vida poli-
tica do meu pais.
Mas o sr. Ehrahardt não ficou
por aí. Veio afirmar que a interven-
ção do seu partido se justificaval…
E disse mais.
Disse até qué a própria exonera-
ção se justificava pelo meu mau
procedimento, fazendo política no
meu lugar.
Quer dizer e segundo êle, que foi
muito bem feito!
Agrediu-me na hora adversa duma
miserável perseguição. Defendi-me.
Eis tudo.
E ponho ponto neste incidente,
que nenhum prazer me dá. Nenhum.
O partido unionista é uma fôrça
importante dêste concelho. Antes
quereria vê-la em colaboração com
o meu partido, fazendo política com
elevação e dignidade, sinceramente
e com lialdade, procurando o bem
estar dêste concelho, com essa maior
orientação, sem paixões nem ódios.
Adversários mas não inimigos.
Não quizeram. Preferiram a poli-
tiquice de intrigas e encruzilhada.
Seja.
Sigam o seu destino!
| Bantista Ribeiro
O nosso presado amigo e correli-
gionario, Antonio Baptista Ribeiro,
| que foi ha poucos anos empregado
do comercio em Sernache, onde dei-
xou muitas simpatias, acaba de es-
tabelecer se com casa de mercearia,
louças, vidros e outros generos nã
rua do Rego, em Angra do Herois-
mo, para onde havia partido em
busca de fortuna.
: Queela o proteja, como Baptista
Ribeiro é digno são os nossos sin-
ceros votos. ,
Olimpio Graveiro
Passou no dia 24 do corrente, o
aniversario natalício deste nosso
presado amigo, que, durante mui-
tos meses, honrou na frente de ba-
talha em França, esta sua terra e
que presentemente se acha de ser-
viço na Legação Portuguêsa em Pa-
ris.
As nossas felicitações.e
cnFSt o
Falecimento
Faleceu em Freixo de Espada
á Cinta o sr, P. Francisco Maria
Quintão.
A” sua familia e em especial a seu
irmão nosso querido amigo cónego
Joaquim Maria Quintão, as nossas
condolências.
Bco (Sansro
Para as Caldas da Rainha-saiu
com com sua ex.mê esposa o nosso
amigo sr. Sebastião das Dôres e
Silva.
case
Paços municipais
Diz-se para aí que a Comissão
Municipal resolveu tratar da cons-
trução do edifício para paços do con-
celho e que para tanto resolveu agre-
gar a si um representante de cada
um dos dois partidos—democrático
e unionista.
Não faz mal a ninguem!…
capeta
Informam-nos que o representan-
te do partido democrático na comis-
são que há de construir os paços
municipais é o sr. dr. Hermano Ma-
rinha,
Muito nos contam!
pain.
Saiu para o Porto, onde vai fazer
sortimento para o seu novo estabe-
lecimento de generos de sapataria,
em Sernache, o nosso presado cor-
religionário, Francisco Nunes Tei-
xeira Júnior.
O luto entre os hebreus
Data dos hebreus a demonstração
de sentimento: pelos mortos nos
vestidos e nos actos exteriores.
Abraham tomou luto por Sara. Ju-
dá quando enviuvou esteve certo
espaço de tempo sem aparecer em
público. Os hebreus rapavam a ca-
beça e cobriam-na de cinzas nessas
ocasiões. Vestiam-se de fazendas
grosseiras, de lã de cabra ou de ca-
melo, de côr negra ou escura, e não
limpavam os vestidos. O luto de
Saul, de Judit e de Herodes foi de
quatro dias.
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