Eco da Beira nº57 17-10-1915

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Certã, 17-de-Qutubro de 1915

 

 

 

 

 

: Assinaturas:

ENIO: E es ASS 12“ Taboo

Semestre. L5Jideatio, 02 pão
5ipooo

Brazil (moeda brazileira). ..
i E

 

Anuncios, na 3.2 e 4.2 página 2 cen-

 

 

guerra

Os últimos incidentes da me-
donha conflagração que leva to-
do o mundo a ferro e fogo não
são propícios a trazerem-nos o
socêgo ao nosso espírito e quiçá
a tranquilidade aos nossos lares.

O triunfo das armas francesas
acentua-se todos os dias nas li-
nhas ocidentais mórmente na re-
gião de Champagne e Artois.

A estréla que guiou à Rússia
os exércitos alemães parece ter-
se apagado de repente eaté com
graves apreensões sôbre o; seu
futuro.

As suas derrotas continuam
e a situação de inverno começa
a apavorar a Alemanha.

Mas esta ganhou uma. grande
batalha nos Balcans—a batalha
diplomática que lhe trouxe o au-
xílio da Turquia e da Bulgaria
é a neutralidade da Grécia, abrin-
do-lhe assim a: linha de comu-
nicações por Constantinopla e
isolando a Rússia dos seus
aliados !

O fracasso da diplomacia da
França e da Inglaterra foi estron-
doso, dando já em terra com
uma figura prestigiosa como Del-
-cassé e publicando um jornal’in-
gles como o Daily Mail um sen-
sacional artigo’que termina. com
estas acuzações:

«O Foreign Office parece ter-
se deixado apenas flutuar, cos-
teando os baixios do oportunis-
mo dos políticos. Nem se podem
atribuir culpas às outras potên-
cias da «Entente». Só: a Ingla-
terra possuia uma armada livre.
Sô nós tinhamos o poder, a tra-
dição e o, prestígio. Tinhamos
navios, dinheiro e homens e, to-
davia, foi a Alemanha. que lá
chegou primeiro, com os seus
navios, empregou o seu dinheiro
e teve o cuidado de mandar ho-
mens verdadeiros, homens a va-
ler para captar o ingénuo turco.

Assim, desperdiçámos e per-
demos no oriente o nosso gran-
de pestígio, o nosso poder e as
nossas tradições, deixando . que
elas nos fossem literalmente ar-
rancadas das mãos, por optiinis-
mo, por estupidez. E esta nossa
falência fecha uma, grande. pá-
gina da historia».

Por sua parte, a Itália, entre-
tida nos Alpes, de nada mais
quer saber.

A Inglaterra carece de muitos
homens.

A situação é realmente” muito
grave e muito proximamente pa-
ra nós, como nação sua aliada…

SE

Melhoramentos impor-
tantes

O governo concedeu para a cons-
trução da estrada 123, dos Carva-
lhos à ponte da Bquçã, a quantia
de 6:000:%00.

Com esta dotação ficará conclui-
da e em grande parte reparada esta
estrada de tão grande importância
para este concelho. “ js

*

Foi dada ordem para se proceder
ao lançamento da linha telegráfica
entre O agraçiie e Ferreira do Zeze-
re, um outro. importante melhora-
mento. para este concelho.

oi

Vai em breve ser aberta ao pú-
blico a estação telegrafo postal de
Pedrogam Pequeno, para à qual vi-
rá como encarregado o que actual-
mente está em Canas de Senhorim,
sr. Júlio Leitão.

E” caso para duplas felicitações
aos povos de Pedrogam, que ficam
com uma estação telegráfica e um
excelente funcionário.

casado
Em volta da sindicância

Querem os senhores uma nota ri-
dicula dos três matas da sindicân-
cia? s ‘
E o artigo 11.º, que diz assim :

Que na imprensa e fora deja fa-
– qem o director, o reitor e alguns
professores propaganda dissolvente
contra o actual govêrno publicando
o director no seu jornal artigos de
ataque grosseiro e violento contra o
Excelentíssimo Presidente do actual
munistério. :
—Contra o Excelentissimo Presi-
dente do actltal ministério : :
Disse o Martins.
Disse o Silva,
E o Bernardo tirou o chapéu !
Que, a final, era o único artigo
de que êle poderia ter conhecimen-
to directo!
*

No género babozeira dizem, eles
os raias, que o director traz no ser-
viço do Colégio raparigas bonitas.

— Traz. Benza-as Deus!

E sóbre o exposto podem depor o
sr, dr. “Matos Silva, Tasso de Fi-
gueiredo…

—Hum! Foi tempo, foi tempo.

—E o sr. podre António Bernar-
do.

—Ah! esse agora sim: deve ser
entendido! à

O Martins. nunca lhe pôde per-
doar…

Adeante !

eae arremate emma

Os avaros de louvores provam
que são pobres de merecimentos.

Plutarcho.

 

PROPRIEDADE DO CENTRO REPUBLICANO DEMOCRATICO
DIRECTOR– ABILIO MARÇAL
administtador— ALBERT:

 

 

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8!
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E

 

“SCENAS TRISTES.

 

Ai vai a celebrada informação que
no último número. prometemos pu-
blicar, êsse mimo de correcção e de-
licadeza,’ modêlo de lialdade e ver-
dade que o público apreciará e jul:
gará, cada um ao seu paladar,

Diz a falada peça oficial:

«Com a urgência e informação
pedidas, remeto a V. Ex.º o incluso
memorial, que ontem recebi.

“Dos factos apontados, apénas te-
nho conhecimento directo dos refe-
ridos sob nº 1,2 3,se bem que
todos os restantes sejam hoje do do-
minio público néste concelho.

Conheço e tenho para os sinatá-
rios do mesmo memorial, cidadãos
João Carlos de Almeida e Silva é
António Martins dos Santos como
homens da máxima probidade e hon-
radez, julgo-os incapazes duma men-
tira, sobretudo tratando-se de acit-
Rações graves, como as que agora
veem faser, e por isso longe de,
em dúvida a sua palavra, antes ne-
nhuma relutância tenho em receber
como verdadeiras todas as suas ar-
guicões contra o Director e Reitor
do Colégio das Missões de Sernache
do Bamjardim.

Saúde e Fraternidade.

Administração do Concelho da
Certã, 22 de Abril de 1915.

OQ administrador do concelho
(a) Bernardo Ferreira de Matos».

 

Não definirei perante o públicoas
relações de amizade que 4o tempo
tinha e sempre tive com o homem
que escreveu e subscreveu essa pe-
ça que para aí fica transcrita.

» A depravação moral que está im-
Obressa em cada uma das suas leiras
dispensa bem pontos de referência
para pô-la em relêvo! j
“ Dói-me!!

Essa história imunda da sindicân- –
cia é a agressão pessoal, férae odien-
ta, de três homens que viveram: na
minha mais intima convivência e dois
dêles mais: especialmente tiveram a
minha mais sincera e carinhosa am-
zade, 7

Nunca com qualquer dêles tive
conficto. A algum. dêles jámais dei
pretexto. para um: rompimento.

Creio mesmo que um a ninguêm
terá dito o motivo porque as nossas
relações cessaram: eu guardarei o:
mesmo segrêdo!

Nesta caminhada da vida, tão cur-
ta e tão acidentada, tão cheia de
abrolhos e cortada de decepções, a
perda dum amigo, dêstes a quem di:
gnamente se pode dar êsse nome—
fére-me sempre dolorosamente.

Faz-me falta um homem que de
mim se vai, que leva as minhas con-
fidências, a minha afeição, favores
trocados, impressões: transmitidas,
conversas íntimas !…’.

E um vácuo que se faz em volta
de mim. E

Tenho pêna. Dói-me !

Para que hei-de negá-lo?

E eu não sei se mais dói quando
êles—coitados !—tombam no campo
da Morte se quando, fugindo-para o
lado me ficam a fazer esgares de

‘ Publicação na Certã

 

– Redacção + administração em.
SERNACHE DO BOMJARDIM
Compostoé impresso na Tipografia Latrianso

LEIRIA

 

 

histriões ou procuram atacar-me pe-
las costas 1…

Bernardo de Matos era da minha
convivência: mais’do que isso–era
da minha intimidade, )

E como não havia de eu estimái
lo’se êle pertencia a uma família da
minha consideração é me foi ‘reco-
mendado: por um velho amigo, dos
que mais estimo? ob. ais

Favores?

Não me deve nenhuns.

Nunca lhos: prestei. ;

A minha amisade, issó sim.. Uma
grande simpatia, úmá sincera afei-
ção, tudo isso lhe dei. : +

Com franqueza! ‘Com’ lialdade!

Recebi déle os’protestos mais’so-
lenes, tresandando’ a honradez e
franqueza! é im Sl 5

Em minha casa há, ainda hoje,
um quarto ‘que tem ‘o”seu’ nome,
porque só êle o utilizava, e só para
* uzo dêle eram’todos os objectos que
“0 guarneciam. :

Ao lado ficam aqueles em que êle
alojava os amigos que, por acaso,
levava. à E 4

E comque praser meu !

Passaram os dias.
pestade de infâmias: :

‘ Quem ‘a assopra? $a

Dois amigos dos ‘que mais eésti-
mei, e a quem nunca’fiz um agravo
ou uma deslealdade !

Quem’ ampara essa mísera igná-
via?

Quem recebe-essas infâmias e
lhes dá vulto e lhes dá cunho” ofi-
cial,? Peso ,

Um amigo meu–o Bernardo. O
sr. dr:” Bernardo “Ferreira de Ma-
tos!

Quem incita essa campanha, que
dá alento à infamia contra um ho-
mem gue muito e sempre, o defen-
deu, porque muito lhe quis e o con-
siderou ? :

Ele que aos/ factos da acuzação
dá todo o seu honrado, testemunho
pessoal e oficial!

Ele, porque viveu na minha; inti-
midade, vai dizer que sabe muito
bem que a minha família passeia no
carro do colégio !… Dói!

Ele conhece muito’bem os quei-
xosos João, Carlos de: | Almeida e
Silva e António Martins; dos ;San-
tos. Muito bem. São. homens “da
máxima probidade e honradez,

Para o pobre réu, para o Abílio
Marçal, seu velho companheiro e
colega, não há sequer uma: palavra
de benevolência ou de amizade!

As acuzações são: duma grande
gravidade—êle o confessa, mas—a
mão não lhe. treme !—os- queixosos
são incapazes de mentir!

Mais capaz é o réu de-praticar as;
infâmias. e A

Esse sim !.;

Nem o rebate: duma
de! j

E” por isso que êle, longe de pôr
em dúvida a palavra honrada dos
acuzadores, antes nenhuma relutân-
cia tem em receber como verdadei-

generosida-

 

ras todas as suas arguições contra

Levania-se contra mim uma tem-.

Elas

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OPaura)

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E! ?p Osse y

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Es om’Xa |a |

 

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7

oe

 

E

 

 

.o director do Colégio das Missões.

Ele não se limita a informar. Re-

cebe tudo e todas aquelas infâmias

– as adopta!

Dali por deante não há mais quei-
xosos: Rs
” le] o.
Ele, que para mim não teve um
gesto de magnanimidade, um movi-

mento de defesa, uma palavra de –

caridade !

Tudo aquilo, ou era de seu conhe- –
cimento pessoal ou era tão público .

e atestado por dois homens de tal

probidade e verdade que êle tudo.

adoptava como seu .. contra o di-
rector do Colégio das Missões!
-. Todavia alguma defesa me podia
dar em homenagem a verdade!
-Diz a queixa (art. 7.º) que eu, de
madeiras finas do Colégio mandei
fazer mobílias ficas.
“Diz Bernardo de Matos que o fac-
to é guiolico, e autenticado com.a.
honradez do Silva e do Martins. Mas
êle bêm podia dizer que eu em mi-

– nha casa não tenho mobílias novas

4

nem ricas.

Uns móveis velhos e uns farrapos

sem. valor. A mobília daminha ca:
sa! Uns míseros tarécos, Até isso!
“O;-melhor. que tinhamos iamos à
porfia e: com «alegria pô-lo no-seu
quarto, e tão pobresinho era, e de
tal .desconfôrto, que nós nos queda-
riamos envergonhados senão fôra a
desculpa que pediamos à muita ami-
zade com que o tratavamos! E se
mais do que os móveis não vales-
sem os afectos do nosso coração…
Esses é que eram-ricos e sólidos!
— Que sou um homem sem escrú-
pulos, diz a queixa: ;e-é do domi-
nio público nêste concelho, diz
Bernardo de Matos, que nesta par-
te bem: me podia valer.: o
– Ele: bem conhece. o caso dum co-
lega meu: que, tendo: perdido umas
centenas de mil réis, a mim recor-
reu aflictivamente, para satisfazer
certo; funcionário, ao-tempo de más
qualidades, segundo. o outro dizia,
mas – agora um. bocadinho – melho-
Ro o
Bem podia ter recorrido ao cofre
do Colégio, e talvez, até, que êsse
recurso me fôsse insinuado: mas
eu preferi andar de porta em porta,
socorrendo-me de parentes e ami-
gos e assim servi o tal: amigo, . em
bem melhores condições de que; às
vezes tenho encontrado para mim!
Nem tudo lembra.
Esquecimentos do sr. dr. Bernar-
do de Matos! |: E
Distracções suas, e- a distracção
sua atribuimos estes e outros esque-
cimentos; que à razão de um ho-
mem de bem, repugna admitir em
um ser humano, num seu semelhan-

te: tamanha abjecção de sentimentos

numa tal prostituíção de caracter !,..
*

Emfim,’a informação aí fica!

Cada um qué a leia como puder,

que a entenda como souber e a jul:
gue como quiser. Reel
“Eu-vou dar para ela-uma última
mopajuist: jodl se O Obg!

A sindicância nunca mé “incomo-
dou. Ri-me sempre. E opróprio dr.
Bernardo se admirou daminha in-
diferença:. Rota

Eu podia tê-la inutilizado. Para
quê, sé a ditadura caminhava tres-
loucadarnente para o abismo ?
“Que podia eu recear ? |

“A perda do lugar?

Mas-êle era de sacrifício para
mim. é

Queriam -vexar-me?

““Mas’tudo aquilo era falso.

De sindicâncias já tinha três; par
lição: .. dos outros! 5 dos
* Pouco me importou que o Silva
eo Martins fizessem à queixa: deu-
lhes para ali, e eu creio bem que o
Silva nem: soube o que’assinou.

Foi-me indiferente que Gualdim
de Queirós se prestasse ao papel
que: representou: é lá com êle e
certamente êle julgou muito correcto
o:seu procedimento, ao menos pela
consideração de que alguem me ha-
via de-substituir e êle, no seu lugar;
alguns bons. serviços me. viria à
PRASÊAD. ot io cnui od vi

“seguiuso! — –

“ciou !

2
-—Basta-me a consolação de até ao

– mo um brado de alarme—proceda

 

ECO DA

Não me moveu nem comoveu ver
como testemunhas os srs. Matos
Silva, Tasso, Antonio dos Quartos
o padre Bernardo, o Alexandre, etc.

Tanta gente para dar cabo dum
homem, e, afinal, todos para o
charco !

“Mas se o dr. Bernardo de Matos
quis magoar-me com as suas pala-
vras, aqui lhe fica a confissão—con-

Gada “uma delas me caíu-no co-
ração como gotas de chumbo der-
retido.

Magoou-me !

Não pelo que de mim disse.

Não, mas pelo que de si denun-

Nesse dia, dentro da minha pró-
pria alma, já dorida e cançada de .

tanta desilusão, suicidou-se um ami- |

go que nela se instalara com cari-

nho e alegria. :

“Porque o fez?

-Não sei nem de o saber cogito.
Foi-se !

último momento o ter amparado
com a: minha amisade, com a mi-
nha lealdade e com o meu conselho.

No dia 21 de Abril, vindo de casa
dêle onde fui assinar o termo de
registo de nascimento dum filho
seu, já próximo da porta dos Paços
Municipais, em plena rua e respon-
dendo a uma frase sua, eu disse-
lhe com uma entoação especial, co-

com honra!
“Não me compreendeu…

Vinte e quatro horas depois per-
petrava aquela informação.!…

Não lhe quero mal! Eu e
“- No dia sete de Maio, hesitante e
desconfiado, ainda. me. estendeu a
mad. Mano

Apertei-lha. A mão dum cadaver!

A mão que, 15 dias antes, havia
escrito a informação de que eu era
um homem sem escrúpulos que po-
zera o colégio a saque… .

Estava junto dele um bandido e
duas criaturas de bem.
Estive a trair-me: contive-me.

Mas creio que nos denunciamos
porque umas dessa boas criaturas –
disse-mé depois:

— Estranhei-o—naquele .cumpri-
mento e ao Bernardo.

Este, sobretudo, tinha um tal
olhar!

Sorri-me.

O estertor duma consciência!

A agonia dum caracter !

Foi-se!

Deus lhe fale na alma!

Este caso tem tambêm a-sua par-
te cómica e ridícula, embora, por
vezes, mísera e deprimente.

Ela está no princípio da informa
ção.

Mas como estas considerações já
vão longas e isto não vaia matar
fixem os leitores o periodo, com
que abre a informação, e fiquemos
para ‘o outro número.

a E ess Se
Necrologia

D. Maria do Carmo Ri-
beiro de Andrade.

“A este exílio em que, com gran-
de contrariedade, nos retem o cum-:
primento do dever, chega-nos abru-
tamente a notícia do falecimento
desta santa senhora!

Surprezo e como que absorto eu
fico-me maquinalmente, com a car-
ta- entre os dedos, a pensar:o que
foi esta vida, que se criou, cheia
de mistérios e cuidados como as
princezas encantadas e: que passa e
morre: neste século de revoluções
como uma:figura lendária da idade-
-média perdida. neste labirinto da
existência Es! de su

E á memória veem-me as.figuras
graves e rigidas de duas senhoras
rígidas como duas freiras: o bispo,
severo e faustoso: O capitão-mór:
o-solar da Arnoia…

E instintivamente a minha evoca-
ção vem fixar-se no dr, João Ribei-

 

 

BEIRA

ro de Andrade, esse verdadeiro ho-
mem de bem que à faustosa casa
da àArnoia veio como um cavaleiro
aureolado de triunfo para… traba-
lhar é morrer!

João Ribeiro de Andrade nem.

deu. pelo mundo, sempre a traba-
ari
D. Maria do Carmo da Mata Ri-

beiro de Andrade passou no mundo

sem o ver!
Era uma bondosa alma!

Eu tinha. por ela, por mais-dum

motivo, um grande respeito e uma
grande consideração.

Perante o seu ataúde que encerra
o cadaver, donde evolou uma alma

Santa e justa, eu me curvo com dor
e saudade.

Descance em paz nessa sua der-
radeira morada. do cemitério de

tes que guardam os cadáveres de
dois dos amigos que mais estimei
na vida Ê

E a seus filhos e em especial ao
meu querido amigo dr. Júlio Peixo-
to Corrêa, as minhas sinceras con-

JOFFRE

K sua vida e a sta alma

Joffre nasceu em Rivesaltes, no
departamento dos Pirineus Orien-
tais, um dos mais pequenos da Fran-
ça. Rivesaltes é em importância co-
mercial e população a segunda po-
voação dessa comarca que pelos
seus costumes«e pela sua lingua se
pode dizer tão catalã como france-
sa. À primeira ‘é Perpignan. Foi no
liceu desta cidadezinha que: Joffre,
depois de passar a sua infância na
terra natal—de que Gonzalez Blan-
co, um dos biógrafos de Joffre, diz
que é um esconderijo cheio de ma-
gestade e beleza solene — fez o seu

“dolencias.

 

“primeiro ano de estudo revelando
logo o seu feitio de estudioso obsti-

nado e as suas inclinações definiti-
vas, Os seus companheiros de infão-
cia chamavam-lhe escarninhamente
o terrassier. E” que para Jofíre pe-
gar em terra e pedras e fazer uma
miniatura de casa, de fortaleza ou
de blockhaus era o maior prazer
dêste mundo. Dizem os seus biógra-
fos quê Joffre nunca jogou à pedra-
da como os rapazes da sua terra.
Não será êste detalhe biografal um
traço focando a psicologia do gene-
ral, o seu temperamento sem frene-
sis de combatividade, amigo da or-
dem e do método? Quer-me pare-
cer que sim. «Na guerra nada se
improviza…» — disse Jofíre. Esta
frase, explicando em síntese as con-

cepções guerreiras do generalíssimo,

retrata psicológicamente o homem.
Ele não tem a vis fremente, a pu-
gnacidade ardente, a ebulição inte-
rior, a tgnts sacra que aureolaram
Murat, Kleber ou Condé. Joffre é a
ordem, o método, a disciplina inte-
rior, a confiança serena, o equili-
brio, a técnica coada atravez do
bom senso e de uma ternura pater-
nal pelos seus soldados. «Je fremis
en pensant aux souffrances que en-
durent nos vaillants soldals obligés
le plus souvent de coucher dehors et
ma pensée va sans cesser perseux»
—escreyeu um dia a sua esposa.
Estas tão expressivas palavras na
sua sobriedade dão a medida da
afectividade cheia de ternúra e si-
lhuetizam a sua alma de general
moderno, afeiçoado aos que estão
sob as suas ordens, sem sequidões
nem arrogâncias. O ocupador da
Tombucmú, o condecorado de Cour-

bet, o triunfador do Marne foi sem-.

pre isso. Chamam-lhe o «taciturno».

Bemdita seja a sua taciturnidade”

que não é mais do que a exteriori-
zação descuidada da sua serenida-
de interior, da sua concentração re-
flexiva e da sua modéstia exemplar.
A pátria dos generais espalhafato-
sos e brilhantes, senão fora ela, es-
taria talvez agora — talvez? — irre-
messivelmente esmagada. Por falta

Ra

 

“Castelo, sob esses mesmos cipres- |

 

de heroismo? Não! Charleroy foi
* uma hecatombe. Porque, então? Por
ausência de método, de organiza-
ção, de ordem técnica e daquela
pontualidade que certo principe ale-
mão disse ser a qualidade subs-
tâncial da sua raça e por falta da-
qual a França seria, no seu enten-
der, inexorávelmente esmagada. A.
França confia absolutamente em Jof-
fre. Ecce homo! disse ela depois do
Marne, E ficou tranquila. As gar-
–gantas que já gritavam, ofegantes,
quando da retirada de Mons-Char-
leroy—E Jofre? Oque faz Jofre?
—emudeceram, calaram-se. A alma
da França reencontrou o ritmo da
serenidade interior. Por isso ela es-
pera confiadamente a vitória final,
unida, silenciosa, calma, engulindo

” lágrimas que Eskilo transfigurava
– em tragédias imortais, com uma di- |

gnidade, uma compostura tão lin-
das e harmoniosas como O sorriso,
a graça alada ea griserie incompa-
rável que a endemoninhavam ga-
lantemente antes de, nas. cristas dos
Vosges, o Chantecler gaulês ter er-
guido para o sol o seu bico e lança-
do ao espaço a pastoral do seu cân-
tico de aurora e de batalha.

Xe
%* *

Não é esmaltada de grandes: fei-
tos a carreira militar dêste grande
general com o qual esta guerra—a
maior de todos os tempos—apenas
revelou ainda dois que possam hom-
brear: Hindemburg e o grão-duque
Nicolau,: há pouco substituido por
Alexieff no comando. supremo dos

+ exércitos russos em operações con-
tra os austro-alemães. Joffre foi
sempre como oficial o que sempre
fôra como estudante: uma criatura
modesta, contente de exercer hones-
tamente a sua função, de pertencer-
-lhe fielmente, e, de resto, com uma
grande aversão indefinida pelo tohu-
-bohu da política e das exibições ca-
botinescas. Quando um- ano antes
de estalar a guerra foi feito presi-
dente do conselho superior de guer-
ra— lugar para o qual a França
apontava a figura prestigiosa de Pau,
o decepado de 1870–o que corres-
pondia ao grau de generalíssimo,
muita gente de boa fé, perguntou:
quem é. êsse Jofire? Com: efeito
pouca gente o conhecia, quasi nin-
guem. À notoriedade que à ocupa-
ção sensacional de Tombuctú e a
sua acção contra os tuaregs lhe deu
havia anos, por volta de:’93 ou 94,
esvaíra-se totalmente. Joftre não es-
peculou com ela para a converter .
em permanente evidência. Os ser-
viços que prestára, sendo capitão,
na campanha da Indo-China—e que
Courbet e Meusier devidamente lou-
varam e galardoaram—tinham sido
esquecidos. Sabia-se apenas que fô-
ra professor. de fortificação em Fon-
tainebleau, membro do comité té-
cnico de engenheiros e director ge-
ral do genie, governador militar de
Lille e, finalmente, “chamado por
Gaillaux — eis um serviço que forço-
so é reconhecer a êste político—ao
conselho superior da guerra. E”,
pois, singelissima a biografia mili-
tar dêste homem a cujos talentos’
militares está confiada a defesa da
França, pode dizer-se da Europa,
contra o militarismo prussiano. Por-
que foi êle o escolhido, não sendo,
como se sabe, um militar com uma
carreira fulgurante, nem, sequer,
um politiqueiro? O instinto da Fran-

-ça adivinharia, num rasgo de clari-
vidência, neste homem. de queixos
bull-doguicos o seu homem? Seja o
que fôr. O que é facto é que desde
Agosto do ano passado que toda a
França pensa nele, reza por êle,
dêle se orgulha e nele confia; para
êle pedindo as iluminações do gé-
nio e da boa sorte. O que é facto
é que nas suas mãos está o destino
das armas francesas e com êle o da
França e da latinidade anicaçadas.
Ecce homo. O mundo descobre-se
diante do seu vulto. Eu quando ve-
jo; no écran: de um cinematógrafo
ou na página de uma revista, de um
jornal ou de um livro, a figura já
por todos nós familiar de Jofire sin-
to, subitamente, e sempre, um en-

 

@@@ 3 @@@

 

ternecimento profundo. Como deve
viver graves, religiosas, intensas ho-
ras êsse homem que no seu cora-
ção sente Os arquejos, as ofegações,
Os suspiros, o tremor, os nervos de
toda a sua raça que não quer ser
vencida! Uma tremenda responsa-
bilidade peza sôbre os seus hom-
bros sólidos. Como êsse pêzo deve
esquecer-lhe o orgulho, santo Deus!
O mundo descobre-se diante do seu
vulto. O espectro-de Napoleão er-
gue-se, envolto nas brumas de Wa-
terloo, para saudar êste homem que
vingou já nas planuras de Marne a
ridiculez trágica de Napoleão le pe-
ttt-—o Tartarin de 70. Senhores!
Jofire é o guardião da França. Bas-
taria isto pará que todos os latinos
o venerassem. Desde que se soube
no demais, que êste homem, que
venceu a maior batalha da história,
apenas quer como recompensa aos
seus feitos que o deixem, acabada a
guerra, no recanto tranquilo do seu
lar ouvir suas filhas tocar música, à
noite, longe do ruído do mundo, to-
dos o adoram como a um avôsinho.
Joffre é grande—até na modéstia,
Só Plutarco seria capaz de traçar
para a posteridade o seu perfil. Não
sei se é o representativiman de
Emeeson, o heroi de Carlyle, o su-

per-homem de Nietzsche. O que sei

é que é, em todo o rigor do termo
—um homem. :
= %

* *

«Tinha-se acostumado a comba-
ter sem cólera, a vencer sem ambi-
ção, a triunfar sem vaidade. Mais
atrevido para agir do que para fa-
lar, resoluto, determinado no ínti-
mo, mesmo quando parecia preocu-
pado com o exterior… Estas pala-

vras que Bosmet dedicou a Turenne .

são, como lucidamente nota Gon-
zalez-Blanco, o retrato vivo, impres-
sivo e exacto, do generalíssimo Jof-
fre». Houve, alguma vez. homem
mais sagaz e previdente—acrescen-
ta o bispo de Meaux, fazendo o pa-
negírico do grande marechal–que

dirigisse uma guerra com mais or-.

dem e juizo; que tivesse mais pre-
cauções e mais recursos; que fôsse
mais activo e empreendedor e, ao
mesmo tempo, mais inibitivo; que
melhor dispozesse todas as coisas
para o seu fim e que deixasse ama-
durar as suas emprezas com tanta
paciência Estas palavras dão os
traços psicológicos, gerais, de Jot-
fre. Retratam-no. Definem-no. E’
por isto que muitos críticos—alguns
dos quais militares—o teem compa-
rado a Turenne, é tambêm porque
aquele retrato do marechal se ajus-
ta a Joffre que neste depositam, co-
mo disse o Central Nemws, em 27
de Novembro do ano passado, uma
absoluta confiança quasi todos os ge-
nerais ingleses às suas ordens e, so-
bretudo, os melhores dêles: French,
Hamilton e Douglas: Haig. Por is-
so ainda confia nesse homem-—sô-
bre quem Blasco Ibafiez disse algu-
res que descança todo o pêzo da
nação —a alma anciosa, dolorida e,
todavia, – iluminado da fé no triunfo
da França inteira. Nesta hora terrí-
«vel, polarizada em esperança viva
e essa viva certeza moral de que a
vitória nada viu, a França, cuja car-
ne e cuja alma sangram ainda “das
chagas abertas em 70, trabalha, tra-
balha febrilmente e sem cessar, uni-
da e forte, nas oficinas, nos lares,
nos hospitais, nos campos, para dar
a Jofire e aos seus foilus o que êles
precizam. para a salvar. Longe vão
aqueles tempos em. que Flaubert,
interpretando de certo modo o sen-
tir efémero da França intelectual e
artística, podia estadear o seu en-
-tiçhisme do atléta burguesófobo. A
união sagrada é um facto. Nas trin-
cheiras, sur le font muitos vinte
anos intelectuais. teem já derrama-
do-pela pátria o seu sangue com a
abnegação e a candura heroica dos
pobres camponezes da Bretanha ou
dos pretalhões:do Senegal, Os que
pintavam a França como uma na-
ção decadente, intoxicada irreme-

diávelmente pelo maxixe e pelas.

voluptuosidades requintadas, devem
a estas horas estar, por certo, con-
fundidos e esmagados. Não é preci-

 

 

ECO DA BEIRA

-ZO recorrer à Alemanha para se ver

e admirar essa juvéntude, que, in-
telectualizada, não se desraizou e
desintegrou da realidade palpitante
da pátria. Só no Yser morreram
milhares de estudantes das univer-
sidades e das escolas alemãs, tam-

bêm na frente da batalha francesa

a mocidade intelectual da França,
tem, ao lado dos servos de gleba, e
com êles confundido, batalhado e
morrido. À esta union sacrée presi-
de Joffre com a sua inteligência, a
sua inergia e o seu patriotismo. Por
isso — senhores — ao mesmo tempo
que Maurice Bairos chama às vitó-
rias do Marne o «milagre do Mar-
ne», toda a França, com os lábios

de alma chama a Joffre o grande.

taumaturgo.
– Bourbon e Menezes
Falecimento

=

Faleceu no lugar do Pampilhal,
da freguesia de Sernache, D. Maria
da Silva Marques, uma excelente e
bondosa senhora, mãe do sr. José

Maria Marques, abastado capitalis- .

ta, residente em Lisboa, e do nosso
amigo António da Silva Lemos, hon-
rado comerciante em Sernache.

A falecida era cunhada do nosso ‘

amigo Zuzimo Nunes Correia, di-

gno vereador da Câmara dêste con-‘

celho. .
O seu funeral, muito concorrido,
foi uma sentida manifestação fúne-

bre e de consideração por sua famií-

lia.
A todos os seus enviâmos os nos-
sos pezames.

 

Correspondências

 

O. Aniversário da República

Vila de Rei, 6. Dia alegre
e festivo o de ontem comemorando

o 5.º aniversário da República Por- –

tuguesa! Ao nascer do sol, mal apa-
recendo os primeiros raios, uma
salva de 21 morteiros anunciava a
festividade comemorativa, após o
que a filarmónica executou a alvo-
rada e percorreu as ruas desta vila
tocando a «Maria da Fonte». Ao
meio dia reúniu a Câmara Munici-
pal, em sessão solene, tendo usado
da palavra-os srs: presidente da Cà-
mara, dr. Eduardo de Castro, Artur
Quaresma, Alberto Pimentel e
João Baptista dos Santos que pro-
feriram eloquentes discursos sendo
bastas vezes apoiados e no fim le-
vantados muitos vivas ao grande es-

tadista sr. dr. Afonso Costa, sr.

Presidente da República, sr. Gover-
nador Civil, sr. administrador do
concelho, etc.

Aºs 14 horas realizou-se um co-
mício público defronte do quartel
da guárda republicana usando da
palavra os srs: dr. Eduardo de Cas-
tro, administrador do concelho, Ar-
tur Quaresma e Joaquim Vasco, co-
mandante da Guarda Republicana
na Certã, que falaram brilhantemente
merecendo por issso grandes aplau-
sos e sendo delirantemente aplaudi-
dos, levantando-se vivas à pátria,
República, dr. Afonso Costa, Presi-
dente da República, e Governador
Civil.

A” noite a filarmónica percorreu
as ruas desta vila executando a «Ma-
ria da Fonte» e em todo o trajecto
foram levantados muitos vivas aos
srs. dr. Afonso Costa, dr. Abílio
Marçal, dr. Gastão Correia Mendes,
sr. Governador Civil, etc. que fo-
ram delirantemente correspondidos.
Defronte do posto falaram novamen-
te os srs. José Nunes Tavares e
Joaquim Vasco, terminando todos
por levantar vivas à pátria, exército,
marinha, República, deputados de-
mocráticos, etc.

A secretaria da Câmara Munici-
pal, o posto da Guarda Republica-
na e as ruas estavam linda e artisti-
camente ornamentadas e a ilumina-
ção à venesiana produziu belo efeito.

Foi uma festa patriótica, vitorian-
do a República e os seus homens,
porque todos concorreram com o

 

 

seu entusiasmo e a sua fé republi-
cana.
Viva a República!

Passamento

No lugar do Pampilhal, da fre-
guesia de Sernache, faleceu na se-
gunda-feira última, a senhora Ana

– da Conceição Gonçalves.

Era mãe do missionário sr. Padre
Hipólito Gonçalves e irmã do nosso
amigo António José Gonçalves, a
quem enviâmos os nossos sentimen-
tos.

AGRICULTURA

“Cerejeiras

 

 

As cerejeiras, pelo valor dos seus

frutos, muito estimados, são árvo-.

res de importante rendimento.

Produzem bem em qualquer ter-
reno; mas não gostam dos argilosos,
dos pantanosos, dos frios. Requerem
situação elevada, ou nas encostas,
para receberem livremente o ar e à
luz. .

A multiplicação das cerejeiras faz-
se por meio de enxêrto de borbulha*
sôbre cerejeiras de quatro anos pro-
vindas de carôço. ste enxêrto pra-

: tica-se a metro e meio ou dois me-

tros acima da superfície do solo.

A cerejeira não carece de podas.
A sua plantação faz-se durante o ou-
tôno. Os seus frutos colhem-se de
Maio a Agosto.

Principais variedades e época de
frutificação:

«Bical, Reine Hortense» (Maio).

«Preta, De Itália, Da Picõa, Na-

poleão 1, Gloire de France, Bigar-.

reau blanc à gros fruis, Monstrueuse
de Mezel» (Junho).
«Cleveland, Griotte commune» (Ju-
lho).
«Du nord» (Agosto).

Doênça das pereiras

O grande inimigo das pereiras é

um parasita vegetal, chamado scien-
tificamente «Fusicladium pyrifórme»,

-que é um fungo muito comum.

A invasão denuncia-se por umas
manchas escuras que invadem os
frutos, manchas que são, no comêco,
como pulverulentas e aveludadas, e
que, no amadurecimento das peras,
se tornam maiores, lisas e mais es-
curas. Então, as peras racham em
vários sentidos, adquirindo um feio
aspecto.

As mesmas manchas aparecem
ainda nos ramos e nas fôlhas das
pereiras, fazendo-lhes espalhar a epi-
derme; os ramos e botões atacados

secam, pouco a pouco,

Este terrível parasita vegetal, que
tanto destrói a producção das perei-
ras, combate-se por meio de pulve-
rizações em toda a árvore, mas prin-
cipalmente no fruto, com a calda
bordeleza; e com lavagens, durante

“O inverno, empregando a água de

cal (4 litros de água para 2 quilos
de cal) à qual se junta a seguinte
solução: |

Agua, 6 litros; sulfato de cobre,
5oo gr. .

Fazem-se tambêm lavagens a pin-

cel com a solução de 2 gr. de sul-
fato de cobre para um litro de água,
Submetem se as peras à prímeira
lavagem quando atinjam o tamanho
de avelãs, pouco mais ou menos; e
o mesmo se lhes faz até Agosto por

mais duas ou três vezes.
Aveleiras

As. aveleiras são ou arbustos ou
pequenas árvores.

Florescem de Fevereiro a Março.

São espontâneas no norte de Por-
tugal,

No caso de cultura, faz-se a plan-
tação no outono. a

Carro de aluguer

 

Preços baratissimos. Pedidos a .
‘ Acácio Lima Macêdo.

—CERT×

 

 

 

“ANÚNCIOS

 

“LINDA VIVENDA

CERTÃ
Situada em Santo. António, ven-
de-se por 3 mil escudos, . acabada
de construir, com quintais, bom
mazêm e lojas, com 2 andares e pô:
ço em exploração, Pode ser paga

 

em prestações ou-como. se .combi-

nar.. Dirigir a Carlos Santos, na

mesma, ou a José do Vale, avenida

Sá da Bandeira—Coimbra.

Castanheiro do Japão

O unico: que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem produzido nos
nossos soutos, é castanheiro do
Japão.

O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
lo americano tem oferecido: no
caso da doença da antiga videi-
ra cujas vantagens são já bem
conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não so ao norte do
nosso pais mas principalmente
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-
mento magnifico.

O castanheiro japonez acha-
se à venda em casa de Manuel
Rodrigues, Pedrogam Grande.

PROFESSOR DE INGLÊS *

Leccióna. Traduções de inglês,
francês e espanhol.

GUARDA-LIVROS
Escrituração comercial. e agrícola
Correspondencia. ‘ e

Trata-se com F. Tedeschi, Ser.
nache do Bomjardim.

ANUNCIO

Vendem-se todas as propriedades
rústicas, que pertenceram a Possi-
dónio Nunes da Silva, em Sernache
do Bomjardim.

Quem “pretender: ou desejar es-
clarecimentos, dirija-se ao sr. João
Carlos de Almeida e Silva, de

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carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo e de Paialvo
a Figueiró dos Vinhos. Começou a
fazer carreira a 19 de Maio, de
Paialvo á Certã e vice-versa.

Parte o automovel de Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras ás 16
horas para Paialvo.

Parte de Paialvo todas as quartas
feiras e sabados depois do comboio
correio em direcção a Certã saindo
dali ás 15 horas novamente para
Paialvo. De Paialvo parte para Fi-
gueiró dos Vinhos ás quintas feiras
e. domingos depois do comboio
correio. Preços resumidos.

Lemos, Pedro, Santos & C.*
Cândido da Silva Teixeira

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das d cas infeciosas;-—na convalescença’ das febres graves; nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuber culosos, br ighticos, ete.y—no gástr icismo dos
| exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica que a “Agua da Foz da Certã, tal como
se encontra’nas garrafas, deve ser considerada “como microbicamente
pura não contendo: colibacitlo, nem nenhuma das espécies parogeneas’
que podem existir em aguas: Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a’sua ‘vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Aguaida Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de’ sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida’ pura, quer misturada com

a DEPOSITO GERAL
RUA DOS FANQUEIROS-—84-=LISB DA
a Telefone 2168