Eco da Beira nº53 19-09-1915

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SEMANARIO.

POLITICO

 

Assinaturas : –

 

A One su RA ar PRO
Semesneo ienes heipraço o Dõo
Brazil (moeda brazileira), .. . 5%ooo

Anuncios, na 3.º e 4.º página 2 cen-
tavos alinha ou espaço de linha

É | A 2
Quem vem lár
— Está no seu posto o povo de
Lisboa. Dezenas ‘de milhares de
homens, de todas as condições
e de todas as classes, uniram f-
Jeiras. mal soou o primeiro sinal
de alarme. Acastelem-se embora
odios e más vontades em torno
da República. Surjam as amea-
ças, organizem-se conspirações,
afiem-se na sombra os punhais
com que: pretendem feri-la no.
coração. No momento do assal-
to, o povo de Lisboa será sem-
pre encontrado no seu posto, e
a-sua vós, como a da sentinela
vigilante, far-se-ha ouvir, grave,
no meio da noite:

-—Quem vem lá?…

Está sempre álerta, o povo..
Existe uma força misteriosa,
uma especie de instinto sagrado
que o leva’a unir fileiras no mo-
mento do perigo. A República
encontra nêlé dedicações que as-
sombram. Ao mínimo rebate,
agrupam-se: por centenas, por
milhares, por dezenas de mi-
lhar…

—Quem vem lá? A Repúbli-
ca não morre, porque a Repu-
blica é hoje a Pátria. A Patria
não morre, porque todos nós
morreriamos com ela!

A nação é pequena? Que im-
porta ! Pelo prestígio e pela in-
dependência dos pequenos po-
vos derramam hoje nos campos:
de batalha o generoso sangue
dez milhões de soldados. A Re-
publica não-realizou ainda a sua
íntegra missão? Falharam as
«élites»? Erraram alguns ho-
mens ? Embora. As «élites» não
são mais do que uma delegação
da-‘soberania popular. Os ho-
mens, igualmente dependentes
dessa mesma soberania, não
teem mais do que curvar-se pe-
rante a vontade do povo. :

Essa misteriosa fôrça que re-
une os filhos do povo é simples-
mente’a fé. Essa massa anóni-
ma e obscura que está sempre
pronta a todos os heroismos e a
todos os sacrifícios é constiuída
por uma raça épica de legioná-
rios—os legionários da fé, os que
teem fé nos destinos da Patria,
para a maior dignificação do no-
me português, na fôrça da Re-
“publica, para a maior glória da
nossa existência política e na vi-
toria final dos aliados, para ga-
rantia do supremo triunfo. dos
mais sagrados princípios de li-
berdade e de justiça.

“ Essa tríplice fé realiza o mi-

 

 

ao PROPRI

Bo e

 

 

Edit

 

Jagre. É ela que, nas ocasiões de
alarme, une, no mesmo «heroico
esfôrço, todos os’ bons” republi-
canos. E ela que se propaga,
que se difunde, que se alastra
por todo;o. territorio português,
que mobiliza indistintamente o
operario das fabricas e o cava-
dor dos campos, que hoje faz
estremecer na mesma comovida
crispação de nervos vinte, cin-
coenta, cem mil homens, cômo
ámanhã, ameaçado que fôsse o
territorio da Patria, todas as ca-
beçasse levantariam altivamente,
todos os olhares fuzilariam odios,
todos os labios; bradariam num
consciente desafio, as mesmas
palavras sacramentais:
— Quem vem lá?

Sim, quem vem lá! Quem são

os insensatos que pretendem ma-
cular de sangue a verdura” dos
nossos campos e as pedras das
nossas ruas? Quem são esses,
que numa visão ebria de delírio
ou de ambições querem transfor-
mar em ruinas os nossos lares
atear -incendios, semear lutos,
provocar orfandades? Quem vem
lá? Quem vem lá?

Homens sem fé, recuai!-Ho-
mens que o desalento invade,
que a descrença perturba, dei-
xai livre o caminho aos que
teem fé inabalavel nos destinos
de: Portugal.

Esses destinos, ao contrario
do que vulgarmente se tem afir-
mado, não é no estrangeiro que
se resolvem. Só o povo portu-
guês, com a sua fé, tem direito a
decidir da sua sorte. Só ele —
dando à Patria e à República
todo o seu amor, todo o seu es-
forço e todo o seu sangue, é di-
gno de dispor dos destinos de
Portugal, que exclusivamente re-
poizam na sua dedicação e nó
seu nunca desmentido patriotis-
mo.

Uma carta

O sr. António Martins dos San-‘

tos, de Sernache, escreveu ao sr.
padre Cândido Teixeira, que fez o
favor de me substituir na redacção
dêste jornal, por algum tempo, uma

carta a propósito duma local aqui

publicada.

Custa-nos deveras ir revolver

aquele monturo, mas já que assim O
* querem e atéimam lá iremos no pró-
ximo’ número.

Mas, não seria melhor o sr, Mar-
ns e o sr. Bernardo e tóda essa
gente dispensarem-nos de voltar a
essa esterqueira onde êles teem de
refócilar miserávelmenté ?

Seria um grande favor !

EDADE DO CENTRO REP

DIRECTOR — ABI

or e administrador — ALE

 

LICANO DEMOCRATICO

MISSÕES |

O nosso prezado colega c4 Na-
cão, de Lisboa, comentando 6 que’
sôbre missões em Africa disse no
parlamento o director dêste sema-
nário, exprime-se assim: n

«Por absoluta falta de espaço-ti-
“vemos ontem de reservar para hoje
os nossos comentários ao que disse
na sessão de têrça-feira, da-Gâma-
ra, o deputado sr, Abílio Marçal, o
qual, note-se, é democrático, uma
avis rara de bom senso no seu de-
sorientado. partido.

«Tem muita razão o sr. Marçal:
sómente não lhe chegou a língua
para dizer tudo.»

Engana-se o colega,
|. Temos língua para dizer tudo, se-
– ja contra quem fôr, desde que as
nossas palavras possam, por alguma
forma, servir ou defender os inte-
resses da nossa pátria, que nós co-
locamos muito acima de ‘ quaisquer
conveniências partidárias.

E até aproveitamos já o ensejo
-para desfazer o equivoco em que la-
a A Nação, confundindo nos seus
meios e nos séus fins as missões re-
lígiosas e as missões civis ou nacio-
nais, que procura deprimir e ames-
quinhar no seu valor.

São instituições diversas.

As nossas novas missões devem
ter uma orientação moderna e fun-
ção bem diversa.da que teem tido
até hoje.

Devem ser não só elementos de

civilização e educação das raças afri-
canas, levando a essas sociedades
embrionárias e primitivas os benefi-
cios da nossa civilização, elevando-

-as e derrubando-lhes os preconcei-:

tos: criar nelas uma família nova,
ensinando-lhes a nossa língua, reve-
lando-lhes as nossas glórias e im-
pondo-lhes os nossos. costumes e as
nossas instituições; mas tambêm, e
não menos intensamente, devem: ser.
missões de ocupação efectiva e de
exploração. das riquezas da terra,
pela indústria, pela agricultura, por
todos os meios, emfim, de trabalho,
sem exceptuarmos a especulação
mercantil.

Os nossos missionários, que aque-
las raças ministrarão o ensino lite-
rário e profissional por forma útil e
prática, devem ir habilitados a cons-

truir habitações, montar óficinas e

enfermarias, abrir caminhos, lançar
linhas, telegráficas, levantar plantas
e sondar.e explorar a terra: a faze-
rem, emfim, uma ocupação. efectiva
e lucrativa, iniciando uma civiliza-
ção nova e gloriosa para a sua pá-
tria.e para a humanidade. É

* As nossas missões devem ter uma
feição confiadamente nacionale emi-
nentemente, educadora : o moderno
missionário não pode ser sómente o
sacerdote duma crença espiritual
mas o ministro da religião do tra-
balho e do progresso !

Missões assim organizadas, com
esta feição moderna, não pode a
República confiá-las à igreja católi-
ca ou a qualquer outra sociedade.

Tem de formá-las de iniciativa «.

sua.
São os padres católicos bons ele.

E
S
MARÇAL Cla

do riBEINO.. 9]

“Publicação na Certã
Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

*- Composto 6 impresso na Tipografia Leiriónse É

BRLELA

Exmo g,

– Adrião David

 

 

 

mentos de educação é ensino e, pe-
la sua instituição pela suá doutrina,
pela sua moral uns excelentes coo-
peradores nessa grande obra da ci-
vilização africana ? –
Ninguêm o contesta.

“Mas, nesse caso, venham para

nós e sejam dentro das novas mis-

sões um dos elementos educadores. .

Não desconhecemos que o minis-
tro católico, dentro das nossas coló-
nias civilizadoras, completará à sua
organização, quer como evangeliza-

dór da excelente moral do cristia-.

nismo, quer como professor.

Não quer a igreja essa promis-
cuidade.

Fundé ela, então, em Africa as.
suas missões religiosas, com a liber-

‘ dade que lhe garantem os nossos
* compromissos internacionais e acei-
“te a protecção e a remuneração que

a República lhe oferece no diploma
de 22 de Novembro de 1913.

Desperte a Igreja da inacção em

que tem vivido, quebre os grilhões
da sua indesculpável apátia, e o go-
vêrno lhe protejerá as suas iniciati-
vas e convenientemente as súbsidia-
rá.

Deixe-se a Igreja de reservas €
más vontades contra a República.

Aí teem uma plataforma patrio-
tica para um enténdimento e alfim
a paz que, pelo menos por igual
bem necessária é à Igreja e à Re-
pública. –

SA SE
Consórcio

Realizou-se em Sernache o casa-

mento do nosso amigo António da”

Costa Mouga com a’sr.* D. Laura

da Silva, uma distinta menina dame-

lhor sociedade e filha do nosso que-
rido amigo’ António Pedro da Silva.

O acto revestiu o tom da maior
intimidade, restrita às pessoas de
família dos núbentes, que em segui-
da saíram em digressão, indo pas-
sar a lua de mel ao Bussaco.

O conhecimento que de ambos te-
mos, especialmente do-noivo, auto-
riza-nos a confiadamente classificar
de auspicioso Este enlace.

António Mouga é um excelente
rapaz, que, pelo seu carácter, pelo

seu critério e pelo seu trabalho, tem |

feito no seu pequeno meio um no-
me simpático c muito conhecido pe-
la sua honestidade e pela sua correc-
ção.

Estas qualidades, dum bom cida-‘

dão farão sem dúvida dêle um bom
* marido é um bom chefe de família.
A escolha, qué fez, da sua noiva

é digna de si: ela saberá honrar as

tradições de família que são de ex-
trema bondade e carinho: êle leva-
rá para a vida conjugal o perfume
das virtudes que em si foresceram,
pelo exemplo e pela educação, para
fazer a felicidade do seu lar. –

São os nossos votos e com êles as
nossas felicitações.

Esteve em Sernache, tratando da
construção do Jardim-escola João

de Deus, o nosso amigo capitão Eli-
– ; E
sio Campos, digno secretário da As-

* sociação das Escolas Móveis, Escolas Móveis,

 

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Algreja e a República
Portuguesa .
(Continuação)

O alto clero foi infeliz logo des-
de a proclamação da República.
Quando publicou a pastoral colecti-
va, que esteve incubada desde 24
de Dezembro de i9gro em que foi
assinada até dois meses depois em

que foi publicada, o jornal o-Dia –

de 1 de Março de 1911 em artigo
de fundo intitulado «Bispos e clero»
censurava aquelés dizendo-lhes:
«que só bispos feitos de pó… de
mau barro, procederiam como S.
Ex.’ Rv.mas, ingulindo a pastoral
em sêéco. «Decididamente estes nos-
sos bispos são de barro tôsco e frá-
gil: são de mau barro. E quando
voltarem ao pó de onde vieram, não
deixam de si memória ilustre.»

E” que as comodidades dos paços
episcopais enervaram energias que
os bispos não encontraram e lhes
eram precizas naquele momento. .

“Não queria quixotescas prosápias,
protestos platónicos e incertezas de-
sastradas que revelassem uma som-
bra sequer de timidez, mas sim uma
conduta serena, nobre e altiva; um
heroismo consciencioso levando a

 

defesa da igreja até onde ela pudes-.
se ir sem colidir com os altos de-
veres de cidadãos portugueses que |

devem acatar as resoluções do Es-
tado! Em vez de protestos platóni-
cos era mais sensato que os bispos
fizessem ordeiramente as suas recla-
mações. Estas seriam de certo aten-
didas se fôssem, rasoáveis.

O que os bispos não podiam dei-
xar de reconhecer era o direito que
assiste ao Estado de se defender de
loucas pretenções de predomínio
que os jesuítas tentaram conquistar

“de vários e, por vezes, pouco lícitos

meios, menosprezando, atacando ou-
tras congregações religiosas, e ten-

tando velhacamente desacreditar o.
clero secular que, sem abdicar da

sua dignidade e dever patriótico,
nunca se prestou a colavorar nessa
tentativa velhaca,

E” possível que aos paços episco-
pais, torres de luar e ilusão, não

– tenha chegado o conhecimento de

factos revoltantes que muitos cóne-

gos deviam saber mas que não trans-
mitiam com receio de perturbar di-

gestões e de excitar o figado daque-
les que, envenenados de bilis, pode-
rian não ver com. límpidos olhos os
pretendentes a mitras que surgiam
expontâneamente de todos os lados
como cogumelos.

Chega a condoer-me a lembrança
do isolamento em que os prelados
viviam, ignorando tudo, até os avi-
zos dados pela imprensa que, gene-
rosamente e dia a dia, lhes ilumi-
nasse os cérebros, a. durindana po-
tente para desfazer muita teia de ara-
nha que lhes impedia.o seu natural
funcionamento.

A República tinha de vir fatal-
mente; o destino não transige, e é
uma soma de fôrças indomávies que
que dilata, racha e dispersa os blo-
cos mais resistentes e mais bem
cimentados dos muros em que pre-
tendem tolamente aprisioná-la.

Os sinais prognosticadores dessa.

redenção vinham de longe, e é tris-
te confessar que muitos os não
viam! Lamentável cegueira em quem
por dever de ofício falhou no cum-
primento do dever ficando eterna-
mente atado ao potro da ignomínia
a que o Evangelho o amarrou no
seu eloquente versículo — sal ter-
rae et luse mundi!

Supremo contraste; extrema pro- .

va de incompetência !…

Não me cauzaram surpresa as va-
cilações dos prelados no primeiro
momento ; doeu-me, revoltou-me a
cegueira com que pretenderam

emendar a sua leviandade, buscan-.

do na massa ignorante um apôio
que não encontraram porque… es-
tamos no século XX.

E” triste e até quixotesco não ve-
rem meio de sair do atoleiro, e em
tão horroroso naufrágio agarrarem-
se desesperados ao mais falível dos
salva-vidas—Paiva Couceiro!

 

 

ECO DA BEIRA

Ainda durará a ilusão?!
Não tem explicação tão prolon-

gada expectativa e as medidas to-

madas, timidas é incertas, não teem
a’nobilitá-las o heroísmo que eno-
brece uma causa nem a contempori-
zação altiva e ponderada com que
a Igreja tem sabido firmar as suas
concordatas. é

Seria abdicar, sacrificar a Igreja
a uma liberdade ficticiamente pro-
metida? Desastrados! a

Há muito republicano que é ca-
tólico verdadeiro e são bons católi-

-cos noventa por cento dos padres
pensionistas. E é tão alta a com- :
preensão que. estes teem do seu de-

ver, tão nobre a sua conduta de he-
roico silêncio, que ainda não pro-
cessaram os bispos que os insulta-
ram nas cartas dirigidas ao sr. Pre-

»sidente da República, nem sequer .

se queixaram ao – poder civil das
perseguições e vários vexames a que
seus colegas os teem sujeitado, e
das suspensões que os prelados lhes
teem imposto sem processo canóni-
co! Não pode, porque ninguêm tem
autoridade moral para fazê lo, ex-
tranhar-se que eu fale do recurso
ao poder civil, quando os padres,
injusta, leviana: e revoltantemente
perseguidos, sabem de mais que os
seus recursos levados ao juízo ecle-
siástico seriam recebidos com des-
dêm’e aproveitados para saciar ó-
dios impotentes.

O recurso a Roma–as apelações
à Santa Sé— (proibidas pelas Orde-
nações do Reino, liv. II, tit. 13) não
encontrariam um Papa, mas o Ge-
ral da. Companhia… de farçantes
a quem só ingénuos forneceriam en-
sejo de obter mais: uma prova do
ódio que não sabe perdoar para
corrigir, da vingança que anceia por
uma vitima em que se sacie.

A pastoral colectiva, falha de se-
quência, amputada por timidez, co-
mo se conclúi pela sua leitura: pas-
toral que é apenas um necrológio
da Companhia de Jesus, que escre-
veram com letra maiúscula, falando
das restantes congregações por me-
ro incidente e com revoltante esque-
cimento de seus serviços à cauza
catolica,

A lei de Separação do Estado das
Igrejas não foi, como o alto clero
fez supôr, a cauza da revolia con-
tra’a República, ela forneceu lhe
apenas um pretexto melhor para,
explorando a velha crença dos por-
tugueses, vingar a expulsão dos je-
suitas! Está aqui o calcanhar de
Aquiles!…

A: Companhia… querendo ma-
rar de uma cajadada. dois coelhos:

vingar-se do clero secular que não

protestou contra a sua expulsão é
da República que à realizou, teve
artes de levar os bispos, seus ser-
ventuários: fieis, a impôr ao clero
secular, por vários modos mais ou
menos: revoltantes, a obrigação de
rejeitar as pensões, certo de que,
aguilhoado pela fome, combateria
as novas instituições!

E não se enganou, mercê da ri-
dícula sujeição episcopal, da timi-

| dez de uma parte do clero, e do

cálculo velhaco doutra que assim
fazia jus a larga retribuição no dia
em que, por acaso, voltasse o rega-
bofe do passado.

O alto clero, iludido pela espe-
rança de uma reviravolta, recuzou-
se a aceder ao convite que lhe fez
Bernardino Machado, então minis-
tro interino da justiça, para formu-
lar ordeiramente as reclamações que
tivesse a fazer sôbre a Lei de Se-
paração.

O que mais surpreende é a in-
consciência-dos bispos em não re-
conhecerem a gravidade do momen-
toco perigo a que expuzeram a
Igreja adiando sine die uma solução
que tem de vir a dar-se… uma con-
cordata–e quanto mais tarde ela se
fizer pior para os altos interesses
do catolicismo em Portugal. :

Como padre, eu passo a varrer a
minha testada, expondo lealmente,
como padre, republicano e portu-
guês, o que penso a respeito da Lei
de Separação. (Continua)

Pe Cândido da Silva Teixeira:

x

 

O Sr. Camacho
| Loucura perversa de um ambicioso |

Não exercemos a função de dela-
tores, mas temqs a obrigação, quan-
do se trata do socêgo da República,
de desmascarar os que tramam con-
tra ela e de chamar a atenção dos
que são ou parecem ser sérios.
Queremos, pois, para destrinça de
futuras responsabilidades, fazer o
avizo de que o sr. Manuel de Brito
Camacho, que desde Junho anuncia
a sua viagem imediata para o es-
trangeiro, tem aproveitado esse en-
sejo para tramar um movimento que,
quando não fracassasse, poderia
ter mais graves consequências que
os acontecimentos de Janeiro, gera-
dores, como se sabe, da ditadura pi-
mentista. Como então, o sr. Brito
Camacho não escrupuliza nos ele-
mentos de que se serve, e está por
isso jogando com : elementos essen-
cialmente monárquicos e outros que,
em tempos idos, lhe mereceram gri-
tos de cólera, pouco generosos na
ocasião, em que os vizados estavam
prêsos. O sr. Brito Camacho, o che-
fe do minúsculo partido que em 13
de Junho recebeu amais tremenda
exautoração política que se tem vis-
to em actos eleitorais, homem des-
prezado e odiado, tendo apenas a
lisongeá-lo uma insignificante mino-
ria de pseudo: intelectuais—O sr.
Brito Camacho julga-se fadado para
ditador de Portugal. Pensou, sê-lo
em Janeiro de 1915 e tem esperan-
ças de realizar a sua aspiração no
outono do mesmo ano, sem que Pi-
menta de Castro usurpe de novo o
lugar..Fazemos votos por que o go-
vêrno cumpra o seu dever, come-
cando por atentar nas maquinações
do sr. Brito Camacho, que nunca
se cansou tanto de anunciar a sua
partida para o estrangeiro. Em ca-
so de fiasco-quer ter pretexto para

– perguntar:

— Que há? Ouvem-se tiros em
Lisboa…

“(Do Mundo)
«O POVO DE IDANHA»

O nosso prezado amigo, dr. Jai-
me Dias, distinto advogado é notá-
rio em Idanha Nova, vem de pres-
tar um assinalado serviço. ao seu
partido, afirmando, ao mesmo tem-
po, a sua dedicação é a sua fé par-

tidária, com a publicação do Povo

de Idanha, que distintamente dirige.

E? uma resolução audaciosa e de
muito valor não só pelo esfôrço ma-
terial e moral de tão arrojada ini-
ciativa mas ainda pelas especiais di-
ficuldades e circunstâncias que neia
concorrem, por se exercer num con-
celho pouco afecto ao regime e até
dos que menos afectos lhe são.

De maior merecimento e mais
destemido é o gesto vir da fé par-
tidária do dr. Jaime Dias, a quem
cordealmente abraçâmos enviando
ao Poro de Idanha e a todos os que
nele colaboram as nossas entusias-
ticas saudações.

E longa vida!

Longa e brilhante, como de es-

perar é. a
«O LIBERAL»

Motivos alheios .à nossa vontade
tem-nos impedido de enviar a êste
nosso prezado colega, que recente-
mente começou a sua publicação em
Castelo Branco, os nossos cumpri-
mentos de boas vindas e boa cama-
radagem.

Tardiamente vão agora, mas nem
por isso são menos sinceras nem
menos afectuosas as nossas rela-
ções de estima e consideração para
com os que escrevem é inspiram o

destemido semanário republicano,

que, assim o esperamos, terá uma
longa vida.

Aproveitamos ‘o ensejo para lhe
dirigir os nossos agradecimentos
pelas palavras amigas e de benevo-

lência que no seu último número *

dirige ao director dêste jornal,

.

 

a

LITERATURA

“Os marotinhos

 

 

 

Como se namoravam o peralta e |
a peralta—êle e ela—no último quar–

tel do século XVIII?

São ainda as «Cartas sôbre as
Modas» que no-lo dizem, em 1789:
«Namorava o peralta com o chapéu,
ridículo traste de papelão e de tafe-

tá que a moda inventou, e a peralta

com o leque, que ainqga mesmo em
ternpo frio e húmido uzava sempre».
O lenço, «animado cambrai», «pes-

te de neve que matava pelo ar», elo-

quência suprema do faceira amoro-

so de 1730, tinha passado de moda.

como as velhas cabeleiras e como
os velhos donaires. O quitó, peque-
na joia que no tempo de D. João V
servia mais para namorar do que pa-
ra matar, começava a ser substituí-
do na rua pela bengala burgueza de
castão enorme de prata ou de faian-
ça,—a bengala que, trinta anos: an-
tes, fôra bastão nas mãos finas des
cardeais: da Cunha e da Mota, e

que, trinta anos depois, havia de.

tornar-se cacête no sovaco felpudo
do «Tarrabuzo» ou do «Cambaças».
De toda a liturgia do namôro lis-
boeta do século XVIII restavam o
chapéu e o leque. O chapéu, herdei-
ro da «bacia das almas» do faceira,
do «chapéu de três cantos», do «cha-
péu à malbruca» de 1720, do «cha-

péu à Anastácia» de 1750, da «al-
motolia» pombalina de 1770,;—era.

já o enorme «timão à holandeza» de
Bocage, o «paspalhão» apresilhado,
cortado de cantos, armado pelo ad-
mirável chapeleiro de Lisboa Gons-
tanti Albertini, espécie de mitra de
tafetá preto que os peraltas — diz

Twiss — tinham. infalivelmente de

tirar da cabeça, para caberem nos
côches, e com os quais se podiam

fazer de longe, no namôro de esta-‘

fermo, vinte e quatro sinais dife-
rentes correspondentes a cada uma
das vinte e quatro letras do alfa-
beto. A êsses sinais, qué obriga-
vam O peralta a uma série vertigi-
nosa e dançada de atitudes, respon-
diam «as da sécia», elegantes na-
moradoras de 1780, em outros. tan-

tos manejos e posturas de leque,

expressivos de todos os sentimentos

e de todas as comoções. O namôro
a distância, na Lisboa beata e apos-
tólica de Pina Manique, reduziu-se,
afinal, a uma sucessão rítmica de
movimentos; de leque e de chapéu,

executados com tanta gravidade e.

tanta solenidade, como sé obedeces-
sem, na «Sala das Talhas» de Que-
luz, as batutas de Jomelli ou de Da-
vid Perez.

Os leques, na mão das mulheres
portuguesas, são velhos como os
anéis. Os próprios homens uzaram
abanicos e regalos no século XVI,
o que determinou Pedro IL, pela
consulta de 19 de Outubro de 1672,
a proibir que meneassem leques as
mãos nascidas para brandir espa-

das. A frança de D. João V,’a’cas-

quilha de D. José, criadas nas «leis
da turina» e nas «leis da sécia», ti-
veram como a peralta de D. Maria

I o seu leque, a «borboleta de en-

feites», o «favónio de melindres»
dos Gôngoras do « Anatómico Joco-
so», scintilando e arfando, como
uma aza doirada, sob os focinhitos
trigueiros e anciosos. O leque foi a

grande arma de volúpia e de sedu-

ção. Era por detrás dos abanicos de

sêda comprados nas lojas do João.
Espiter a Cata-que-farás, ou do An-:

tónio Maltez aos Remolares, que as
franças-damas, eriçadas de peles e
de contas de oiro, mariscavam aos
homens debaixo dos arcos do Rocio.
Nas noites de luar, quando as cas-
quilhas pombalinas davam os seus
passeios de côche pelo Terreiro do
Paço, empenachadas de plumas e
de diamantes, «vestidas à francesa»,
diz o duque Du Chátelet, «mirando
com os olhos mais negros e mais
ardentes do mundo», diz o alemão
Link,—os leques serviam-lhes para
esconder a cara da «luz húmida e

í e

í

 

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fria da lua», que a medicina do tem-
po, pela boca de Frei António Tei-
Xeira, acuzava de cauzar paralizias
e abortos, e a que os capelos ama-
relos de D. João V tinham já atri-

“buído, em 1743, um ‘dos ataques
— de epilepsia jaksonniana do rei. E’

“Dalrymple que em 1774, por oca-
sião da sua viagem, surpreende e
revela êste singular costume das
portuguesas : «On a dans ce pays ci
(Portugal) comme en Espagne, an
plaisant préjujé dont je veux vous
faire part. Durant les plus beaux
clairs-de-lune du monde, j’ai remar-
qué que les femmes se couvrent
soigneusement le visage de leur evan-
tail, pour empécher les malignes in-
fluences de cette planête qui atta-
querait leur santé». Léque-brinque-
do com a bandarra; léque-rebuço
com a casquilha,—essa arma eterna
de seducção feminina transforma-se
em léque-telégrafo com a peralta
da Viradeira. A” medida que muda
de moda, vai mudando de dimen-
sões. Pequenino com a frança, como
uma aza de oiro de borboleta; gran-
“dee forte com a casquilha viril das
caçadas e dos capotes de saragoça,
—torna-se outra vez, com «as da sé-
cia» de 1778, delicado e leve como
um sopro de rendas, e chama-se «des-
dem»; atinge, nos últimos anos do
século XVII, as proporções minús-
culas dum mosquito, o brilho inten-
so duma joia, a transparência inve-
»rosimil duma teia de aranha,—e
chama-se «marotinho». Desdens ema-
rotinhos foram os léques namora-
dores do tempo de D. Maria 1. Era
com eles que se faziam sinais do
postigo das rótulas, do estribo dos
côches, da grade dos mosteiros, das
frisuras doiradas da Opera de S.
Carlos. Eram eles que respondiam,
em clarões, em sopros, em lampe-
jos, aos grandes chapéus de pape-
lão e tafetá preto dos peraltas do
Passeio Público. Foi pela sua aza
ligeira que passou, como um estre-
mecimento luminoso, o génio de To-
lentino. Foi no seu pequenino cora-
ção de sêda que poude refugiar-se,
como uma sombra triste, a alma
amorosa dum quarto de século. Foi
com um pequenino «desdem» que a
linda condessa de Assumar, rival da
espanhola Maria de Mendonça, en-
sinou a côrte do Arcebispo de Thes-
salónica a abanar-se e a namorar.
E se o próprio Amor, numa revoada
côr de rosa, viesse no fim do século
XVIII escolher um berço a Portugal
«—teria ficado a dormir, baloiçando,
na aza de espuma dum «maroti-
nho»…

Em 1800, côm os chapéus de palha
e as contradanças, os «marotinhos»
viviam e namoravam ainda. Uzou-os
a ministra Lannes. Encontrou-os a
duqueza de Abrantes. Eram névoas
de oiro arfando, ao sol, adiante de
josésinhos encarnados. Por volta de
1829, José Agostinho de Macedo,
ao reviver, na «Besta Esfolada», os
tempos da sua mocidade, recorda
ainda o namoro ingénuo dos «maro-
tinhos» e a intolerância monástica
das mães: «Se na Igreja, de manto
ou mantilha, havia sinais telegráfi-
cos com os léques, levavam as mo-
ças cada beliscão, que ao recolher
a casa os facultativos de agora lhes
deitariam bichas, as mães tinham o
remédio nas mãos, que era em cima
esbofeteal-as e tão deveras, que a
roca ficava ao canto, e o corropio
do fuso tinha seus dias de sueto…»

Júlio Dantas.

caSE isso
«A RENOVAÇÃO:

E o título dum valente semanário
republicano que se publica no Fun-
dão, sob a direcção do nosso bom
amigo, dr. Sérgio Tarouca.

Este nome é a afirmação garan-
tida da correcção é fé partidária do
nosso novel colega, que a êste cam-
po de luta trouxe o auxílio estrema-
mente valioso do seu entusiasmo e
da sua dedicação partidária.

Bem vindo seja o novo pioneiro
dos ideais democráticos, que no seu
próprio título contem um programa
* político,

 

 

ECO DA

Renovar, sim, toda a vida polí-
tica e social dêste distrito deve ser
o ideal e a aspiração de nós todos
que, perante o seu eleitorado, tácito
e expressamente, tomamos o com-
promisso da republicanização e re-
surgimento dêste distrito.

E receba o nosso colega os nos-
sos cumprimentos, algo estempora-
neos mas sinceros e amigos.

capo

E” da Capital, com a devica vénia,

* transcrito o artigo editorial.

Saíu para a Figueira da Foz com

sua ex.M2 família o nosso amigo sr:
David Mendes da Silva.

— AGRICULTURA

CONTRA O MÍLDIO

 

 

As condições atmosféricas, que
tem havido nêste ano agrícola, têem
sido muito favoráveis ao desenvol-
vimento das doenças criptogâmicas,
e não são poucas já as vítimas das
invasões do mildio. A região Tor-
reana tem sofrido muito. Vem, pois,
a propósito, ocuparmo-nos da defe-
sa contra êste encarniçado inimigo
das nossas vinhas. E, nêste propó-
sito, cumpre começar por fazer um
confronto entre a fórma de aplicar
os sais de cobre as vinhas.

Há, como sabem, os pós cúpricos
e as caldas líquidas. Como empre-
go exclusivo, tem dado melhor re-
sultado a aplicação das caldas líqui-
das, do que dos pós. Comtudo, há
a considerar que as caldas exigem
por hectare, pelo menos, 500 litros
de água no primeiro tratamento, e
1:000 € 1:500 litros nos outros. Alêm
disso, as caldas líquidas obrigam a
comprar um grande número de pul-
verizadores e a empregar só homens
na sua aplicação as vinhas. E em
contrário, pode o tratamento com
os pós ser feito por mulheres, e au-
xiliado simplesmente por um singe-
lo canudo de fôlha.

E nas vinhas, abundantes em va-
ras e folhagem, é mais fácil levan-
tar as ramadas e polvilhar todas as
fôlhas e cachos do interior do que
chegar ao mesmo resultado com o
pulverizador e sem intervenção duma
outra pessoa. E devemos atender
tambêm que o pó se insinua mais
fácilmente por entre os bagos dos
cachos, do que o líquido que espa-
dana na superfície dos cachos e di-
ficilmente penetra e banha os pe-
dúnculos dos mesmos cachos.

Os pós, porêm, tem no vento um
inimigo terrível e o seu uzo é quási
impossível nas localidades muito ven-
tosas. A aplicação dos pós é vanta-
josa, sobretudo quando .é feita nas
proximidades das chuvas que não
fôórem muito fortes. E é simples a

– razão disto. A humidade, como é

sabido, tem uma influência superior
na germinação dos spórulos ou se-
mentes do míldio. E, por essa ra-
zão, tem sempre lugar a germinação,
após uma chuvada.

Ora é isso que se evitalicom a
aplicação dos pós. Porque a água da
chuva, que não tiver fôrça bastante
para lavar completamente as fôlhas
e os cachos dos pós que os cobrirem,
dissolverá os sais de cobre que en-
contra sôbre as cêpas e realiza, por
essa fórma, uma perfeita calda cú-
prica, que é feita ad hoc, no momen-
to precizo, sôbre os orgãos verdes
da Videira. E como está provado

que a germinação é impedida desde.

que haja sais de cobre sôbre as fô-
lhas, estorvará a aplicação dos pós
que os spórulos do míldio, desper-
tados pela humidade da chuva, as-
sentou moradia nas Videiras que
procurâmos defender.
Posto isto, como explicação geral
sóbre as vantagens que poderá ofe-
recer cada uma destas fórmas de tra-
tamento do míldio, podemos asseve-
rar que os primeiros e últimos tra-
tamentos deverão, pelas razões ex-
postas, ser feitos com pós. Nós ser-
viços intermédios, porêm, tem cabi-
mento as caldas, contanto que se não

 

BEIRA

afastem muito umas das outras, por-
que, se houver grande distânciana re-
petição do remédio, deixar-se-hão ao
desamparo não só as fôlhas novas,
que vão desabrochando, como ainda
ficarão desacompanhados os desen-
volvimentos que vão continuamente
tendo todas as fôlhas já nascidas.

São variadíssimas as receitas pa-
ra pós cúpricos. Uma, porêm, das
melhores que conhecemos, é a sul-
fosteatite, do barão de Chefdebien.
E classifico-a assim, porque apre-
senta uma grande aderência para as
fôlhas e reage dêste modo contra o
pouco apêgo que oferecem os outros
pós, para as partes verdes da vinha.

“Millardet dizia que a sulfosteatite
era o pó que maior aderência mani-
‘festava para as fôlhas. :

A sulfosteatite é constituida, prin-
cipalmente, por sulfato de cobre e
steatite. E êstes dois elementos são
bastantes para realizarem tudo quan-
to se pode ambicionar para fazer

um bom tratamento.

E” o sulfato de cobre o encarega-
do de tomar a si a parte tóxica. E
tem a steatite, a seu cargo especial,

duas missões muito interessantes, e’

de efeito seguro, para o bom êxite
do tratamento. Auxilia ela, primeiro
que tudo, a divísibilidade que exige
o sulfato, para que não possa pre-
judicar a sua acção salvadora, com
os inconvenientes que nasceriam du-
ma concentração exagerada. E, por
último, serve para fixar o pó nas fô-
lhas e tornar útil a acção do sulfato
contra o mal, E

A steatite é um sílico-aluminato
de magnésia, que se divide fácilmen-
te em lâminas angulosas e que ofe-
rece ao contacto um toque untuoso.
Assim, pois, o grande valor da stea-
tite assenta naturalmente nas quali-
dades a que acabamos de nos refe-
rir. Alêm disso, é fácil reduzir a
steatite a uma extrema divisibilidade,
e, nessa situação, já pela natural un-
tuosidade dos seus fragmentos, já
pela fórma esquinada das suas pa-
lhetas, tem ela os melhores predi-
cados para aderir às fôlhas, levan-
do consigo o sulfato de cobre, que
inutiliza, por completo, a germina-
ção dos spórulos do míldio. Pode
calcular-se que cada tratamento pre-
ciza empregar dêste pó 25 gramas
por-cêpa.

Em França é moda, outra vez, o
uzo, da água celeste para combater
o míldio. Ora, como a fórmula des-
ta calda líquida permite uma gran-
de redução no sulfato de cobre, en-
tendemos dever agora lembrar o seu
préstimo.

Faz-se a água celeste dissolvendo
1 quilo de sulfato de cobre em 4 li-
tros de água a ferver. Depois deixa-
se esfriar e junta-se pouco a pouco,
e mexendo sempre, um litro e meio
de amoníaco (que tenha a graduação
de 22 Baumé). Esta mistura turva
em começo; mas, por último, fica
transparente e de côr azul-celeste. E
a quantidade que fica descrita é mis-
turada, quando fôr aplicada, com
200 litros de água e espalha-se na
vinha com auxilio dos pulverizado-
res.

Devemos, porêm, dizer que, re-
conhecendo a vantagem que hoje
oferece à água celeste, pela econo-
mia que se faz em sulfato, não po-
demos deixar de confessar que te-
mos mais confiança na acção da cal-
da bordeleza, onde a cal dá lugar Ã
camada de carbonato calcáreo, que
resguarda o óxido de cobre nas fô-
lhas e prolonga, por isso, muito a
acção do cobre sôbre os spórulos
do míldio.

Lisboa,

Antônio Batalha Reis.
(Do Larrador).

 

 

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O unico que resiste à terrivel

 

moléstia, a filoxera, que tão gra-.

ves estragos tem produzido nos.
nossos soutos, é castanheiro do
Japão. :
O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
lo americano tem oferecido no
caso da doença da antiga videi-
ra cujas vantagens são já bem
conhecidas. As experiencias teem

“sido feitas não so ao norte do

nosso pais mas principalmente
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-
mento magnifico.

O castanheiro japonez acha-
se à venda em casa de-Manuel
Rodrigues, Pedrogam. Grande.

CARREIRA DE AUTOMOVEL

No dia 18 de Maio começou a
carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo e de Paialvo
a Figueiró dos Vinhos Começou a
fazer carreira a 19 de Maio, de
Paialvo á Certã e vice-versa.

Parte o automovel de – Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras ás 16
horas para Paialvo. o

Parte de Paialvo. todas as quartas
feiras e sabados depois do comboio
correio em direcção a Certã saindo
dali ás 15 horas novamente para
Paialvo. De Paialvo parte para Fi-
gueiró dos Vinhos ás quintas feiras
e Jomingos depois do comboio
correio. Preços resumidos.

– Lemos, Pedro, Santos & C.*

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Vendem-se todas as propriedades
rústicas, que pertenceram a Possi- .
dónio Nunes da Silva, em Sernache
do Bomjardim.

Quem pretender ou desejar es-
clarecimentos, dirija-se ao sr. João
Carlos de Almeida e Silva, de

SERNACHE DO BOMJARDIM

PROFESSOR DE INGLÊS

Lecciona. Traduções de inglês,

 

 

 

– francês e espanhol.

Escrituração comercial e agricola,
Correspondencia.

Trata-se com F. Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim.

Cândido da Silva Teixeira
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; 9 é
E! o único que dátuitis próvas nítidas é que pode funcioner “cinco.

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menos de Roma minutos. Gar-nte seo bom resultado, resutuindo- se o impor-

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236, RUA DOS FANQUEIROS, 2385 RARA

 

“Agua da Foz: da Certa.

SA Agua minero- bia da, Foz da der tã apresenta! uma composição”
quieta que a distingue de todas-as outras até hoje uzadas na terapeútica, a

E empregada com segura vantagem da Diabetes—Dispepsias— Catar-
ros gasimcos, putridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas;; nã convalescença das febres. graves; -—nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuberculosos, br ighticos, ele. NÃo, «BAStrACISMO dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc. *-

Mostra a analise bateriologica que a “Agua da Fog davGentã. tal como
se encontra’nas garrafas, deve ser coiisiderada como; microbicamente:
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies parogenças
gue podem. existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa) acção micrebi-:
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella: perdem todos a-sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-:
sistencia maior.

A Agua da Foz da Certã não tem gazes: innãss é limpida; de: sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura; ne misturada com

DEPOSTO CHELRAE

“RUA. DOS FANQUEIROS— e DA.
Telefone “168…

* vinho.

e€œ168…

* vinho.

e