Eco da Beira nº51 05-09-1915

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Ano, «cesar RR pa bRO
SemIdNC A a OO
Brazil (moeda Drdnleica), – 3000

Anuncios, na 3%e q “Página 3 cen-

de Nas

– tavos a linha ou espaç

 

 

sa Editor e administrador =. LEE + o: Es

 

Pu. blicação. na. Certã,

Redacção e administração em :

papo à DO RO RNA

 

 

Os conspiradores que: nestes
graves momentos da história na-
cional tentam como há dias se
viu, atirar O país pára O tumul-
to, podem ser tudo. quanto de
mau envergonha um; cidadão,
pública e particularmente. Mas

eles mostram, mais uma vez, ques
sobre todas as vergonhas que os

adornam, uma há que. para um
português representou em todos
Os tempos a ‘supretna das infã-
mias. E” O esquecimento da sua
Pátria. Porque, quando êles os
conspiradores, se abalançam a
empresas como: aquela que. há
dias ainda tentaram, evidente-
mente que, coin juizo prévio, re-
negaram à sua nação, a sua ter-
ra, a sua casa, O berço onde
“nasceram, os “primeiros: beijos
“de suas mães. Rasgaram a sua
bandeira, quaisquer que sejam

as côres dessa. bandeira, ou a:

branca, salpicada pelo-sangue
dos assassinados durante os seis
anos miguelinos, ou a azul é

branca, conspurcada por toda

a sorte de ladroeiras.
Renegaram tudo. A Pátria,
pará êles, deixou de existir. Po-
dem negá-lo. Podem, iradamen-
te insistir em que, como os repu-
blicanos, prezam e amam a; sua
Pátria. E’ mentira. : Os factos e
só os factos, provam exactamen-
te o contrário. Talvez nos fosse
extremamente -facil escrever nes-
te mesmo instante um artigo
sensacional, que o seria justa-
mente pelas informações dadas
e pelas conclusões a que o nos-
so raciocínio nos conduziria ló-
gicamente, Disso-nos abstemos,
porque invariávelmente aqui fa-

zemôs jornalismo de patriotas

e de repúblicanos que acima de
tudo colocam uma devoção sin-
cera pela República e uma, pai-
xão ardente pelos interesses su-
periores da Patria. Mas em’re-
sumo podemos afirmar que, nes-
te período. que atravessamos. é
que desconhecemos quando ter-
minará, todo aquele que conspi-
rae forja tumulto, sedição ou
revolta, comete um autentico
crime de traição.

*
É í o db é
Há conspiradores que por es-
“tupidez, ódio e fanatismo, sem-
pre se consideram prontos a pro-
vocar agitações. Supõem, assim
hostilizar a aplicam nada mais

 

nenhuns estúpidos,

 

 

vendo que a República para me-
recer’os seus ódios. Esses não
teem Pátria, porque a Pátria, pa-
ra eles, não é esta sagrada terra
portuguêsa que sobre o sangue
e osheroismos de tantas gerações
se ergueu e consolidou. Não é.

Para êsses, a Pátria era a mo-
narquia, era O rei, era o jesuíta,
era a freira, era o frade, era o
roubo no erário legalizado em
sistema e regime, eram a sacris-
tia e a missa, a novena e. o ro-
sário; o título de barão ou. a
qualidade de eguariço palatino.

Há, porem, dir-se-há, cons-
piradores que | nem são fanáticos
antes são até muito mais heréti-
cos que certos livres pensadores
de fama, e-que tambêm nem são

CONtrÁRIO. E

“Nestes mais graves é o seu
crime de conspiradores, porque,
queiram ou não queiram, per-
feitamente sabem porque cons-
piram e para que conspiram. Se
os outros, os fanaticos e os im-
becis, conspirando por ódio e
sectarismo, são traidores incons-
cientes, infalivelmente êstes ulti-
mos, os que não são imbecis, sê
devem qualificar de conspirado-
res conscientes. Para nenhum
deles deve haver perdão. Mas,
êstes ultimos, os. que: procedem
e-actuam conscientemente, não
podem em caso algum ser olha-
dos com misericórdia. São trai-
dores conscientes. Consciente-
mente, deliberadamente, renega-
ram a sua Patria, vendendo-a
por interesse ou traindo-a por
ódio. Não teem Patria. Conspirar,
agitar, perturbar, desordenar pro-
duzir tumultos, é, em qualquer
dos minutos que constituem o
periodo de tempo que atraves-
samos, um rematado crime de
alta traição.

Não escrevemos palavras i inu-
teis e sem sentido próprio. Es-
crevemos palavras a que é neces-
sario dar todo o significado que
elas conteem! Os conspiradores
sabem que, agitando, perturban-
do, inquietando, produzindo de-
sordens, organizando intentonas
não restauram nenhum rei e ne-
nhum roque. Sabem-no. É sabem
tambêm, que agitando, pertur-
bando, inquietando, provocando
desordens é organizando inten-
tonas, O fim que pretendem atin-
gir. não é erguer dificuldades gra-

“antes pélo |

 

ves à Republica, mas cavar pre-
cipicios profundos em que a na-
cionalidade pode despenhar-se
para sempre. Eles sabem-no.Con-
tudo, perturbam, agitam — por
isso mesmo. São. traidores au-
tenticos. Como tais, temos o de-
ver e a necessidade patriótica de
assim os considerar e julgar.

Dizemos o bastante para: que
o público nos entenda. Eles já
não querem restaurar nada, nem
ditaduras pimentistas nem di-
taduras realistas. Nada disso.
Desanimaram. O seu fim agora
é outro e é unico: esfarrapar Por-
tugal e de todos nós seis milhões
de portuguêses, fazer seis milhões
de vis sendeiros. Há, pois, que
vigiá-los e que. puni-los, sendo
necessario, como facinoras da
mais repugante categoria.

«ECO DA BEIRA»

Do nosso querido, amigo, sr dr
Abílio Marçal, recebemos a. seguin-

tel carta que com muito prazer pu-

blicamos, por o vermos regressar
novamente aos trabalhos désta re-
dacção, e êsse prazer terão certa-
mente todos os leitores dêste jornal.

Meu caro Alberto

Retomo a direcção do Eco. Era
já tempo de vós aliviar dêsse traba-
lho impertinente.

Recebei os meus melhores agr a-
decimentos, com um mui cordial
abraço do
Vosso dedicado

Abilio Marçal.
dra ge en

Às tentativas monár-
quicas

A revolução de 5 de Outubro de
Igio não tem rival na história das
revoluções políticas, pela geénerosi-
dade com que tratou os vencidos.
Disparado o último tiro, dir-se-hia
que não houvera uma luta sangren-
ta. Nenhuma reprezália se efec-
tuou. Os candieiros, preconizados
pelas exaltações do. tempo da pro-
paganda como instrumento de cas-
tigo dos prevaricadores da monar-
quia, continuaram a servir simples-
mente para os efeitos da ilumina-
ção pública. O povo, tantas vezes
acutilado pela polícia, ferozmente
monárquica, não só a não hostili-
zou como a deixou ficar quasi intei-
ramente composta dos mesmos ele-
mentos que a tinham tornado uma
corporação de mamelukos. Nas se-

cretarias de Estado, no exército é
“na armada, ficaram todos os mo-

nárquicos que quizeram ficar, apê-

nas com rarissimas excepções. Ao

próprio Paiva Couceiro, que de ar-
mas em punho combatera o movi-

mento revolucionário, que tinha as
mãos tntas de sangue republicano,

até a êsse a República não o fuzi-

anos se observa

 

lou, não o prendeu, não 0 “demitiu
sequer, Pelo contrário, prestando
homenagem ao que julgou ser .a
consequência duma noção do de-
ver, e convidou a continuar servin-
do no sxército português, colocando
acima de tudo a causa da sua pátria,
Não houve umã perseguição—e
como corresponderam a esta atitu-
de os monárquicos, que tinham
abandonado o seu rei? Ao princi-
pio, manifestando-se inteiramente
conformes com o acto revolucionário
que muitos dêles justificavam, de-
clarando que a monárquia, pelos de-
feitos do seu regime e pelos erros
dos seus homens, perdera a razão
de existir. Mas no fundo o que êles
pensavam é que poderiam continuar
dominando na República como ti-
nham dominado na monarquia. O
que êles pensavam é que se-trata-
va apênas da mudança duma: tabo-
leta, e por issó se preparavam para
empregar dentro da’“República os
mesmos processos de que dentro da
monarquia tinham usado: uia

2

 

amo Beto e paistA
rogo! o conflicio que há quatro
4 rivou da
lusão dos monárquicos,. quando re
conheceram que a República não
era nem podia ser uma mera mu-
dança de taboleta nas instituições
do pais. A República não perseguia
os monárquicos, a República | não só
aceitava como desejava a adesão
dos monárquicos. Mas a República
não capitulava ante os monárquicos,
e não se acomodava com os seus
processos, A República não admi-
tia a corrução monárquica, o caci-
quismo monárquico, é a República
aceitava todos aqueles que, tinham
sido monárquicos, mas não Os mo-
nárquicos, isto é, requeria e agrade-
cia o concurso dos convertidos aos
princípios que: são sua base, mas
não o daqueles que, com a másca-
ra republicana, só, pensavam em
servir os seus interesses sórdidos,
em alimentar as suas vaidades ridi-
culas, prejudicando, deturpando, en-
venenando a República, |.

Quando os monárquicos chegaram
a êste convencimento, uma só ideia
se apoderou do seu espírito e guiou
a sua acção: derrubar a Republica,
Uns entraram abertamente em hos-
tilidade com o novo regime; ou-
tros trataram de o atraiçoar. Tivemos
os inimigos de fóra e os inimigos
de dentro. Os primeiros em Espanha,
organizando colunas revolucioná-
rias que não duvidaram armar com
espingardas da fábrica rial de To-
ledo; os segundos deixaram-se es-
tar no país, na maior parte metidos
dentro da engrenagem do Estado,
e surdamente cooperando, por meio
duma campanha de descrédito, que
tem revestido mil aspectos, com os
seus companheiros que, alêm fron-
teiras, preparavam a invasão de
Portugal, e porventura. sobretudo
pensavam na, possibilidade de pro:
vocar uma intervenção seman Gia
na sua pátria.

Deram-se as incursões de OLL e
1912. Houve a tentativa interna de
1913, e que fez a República? A Repú-
blica, persistindo na sua generosida-
de, indultou primeiro uma. grande

 

 

 

 

 

“Exve Sr Adrião Dalid

 

Rar Adrião Dalid

 

Ra

 

@@@ 2 @@@

 

parte dos consp: iradores, que tinham
caido nas mãos da justiça, é aca-
bou por amnistiar quási todos. Gri-
tava-se que a sociedade portuguesa
estava desunida pela acção repres-
siva da República. Em que con-
sistira essa acção repressiva? Con-
sistira em prender e julgar os cons-
piradores que tinham caído em seu
poder. Em parte nenhuma do mundo
se exigiria que um regime se não
defendesse dos seus inimigos que

três vezes se tinham sublevado con-

tra êle de armas em punho. Pois

em” Portugal exigia-se, impunha se”

que assim sucedesse, e não eram
só os nacionais, mas tambêm es-
trangeiros cujos govêrnos em cir-
cunstâncias análogas não se limi-
tam a meter os seus inimigos nas
cadeias: matam-nos, utilizando os
pelotões das exec
o garrote.

A República não aplicou a pena
de morte a niuguêm. A República
até acabou com o regime peniten-
ciário para favorecer os conspirado-
res condenados. E a Republica,
por fim, amnistiou quási todos.

Abriu as portas das prisões atodos,
e abriu as portas da fronteira a quá-
si todos. Não serei eu que à in-
crimine pela sua generosidade. Acho
que foi um acto conforme aos seus
princípios e.ao mesmo tempo, duma
elevada política. Porque ? Porque a
República tentava os extremos re-
cursos da clemência e munia-se da
mais ampla justificação para a sua

 

 

 

severidade, “dada a contumácia dos
que havia beneficiado.
É

‘ Foi essa contumácia que se reve-
lou. Clamara se que-se osinimigos do
regime. não. desarmavam. era: por-
que; nas prisões estavam correlígio-
nários Seus, era porque a República
se defendia com as suas repressões.
Veiu a amnistia, e passados alguns
meses, eis que surge a tentativa de
Mafra. Só num momento os mo-
nárquicos se conservaram na espec-
tativa. Foi durante a ditadura Pi-
menta de Castro, Porque ? Porque a
ditadura Pimenta de Castro repre-

sentava à fórmula republicana da

restauração da monarquia ou, pelo
menos, umã República com a qual
êles tinham sonhado, uma Repúbli-
ca dirigida por monarquicos, adap-
tada aos processos monárquicos,
mil vezes mais vil do que a própria
monarquia, em que os monárquicos
governariam,. tendo ainda o prazer
de desonrar a democracia com es-
sa abominável caricatura do seu re-
ne. :
“O admirável espírito do povô oa
tuguês varre essa ditadura ignóbil,
obra da traição qu da inconsciência,
| com um dêsses gestos formidáveis
em .que se reconhece a onipotência
popular. Então os monárquicos vol-
tam aos seus velhos manejos ; tor-
nam à pensar sómente em derru-
bar a República com um golpe de
mão audacioso. Todos às pr efexios
lhes servem, tudo procuram explo-
rar, como vet idadeiros pescadores de
águas turvas. Eles nem já acredi-
tam na possibilidade da sua vitó-
riá. De-cada vez se reconhecem mais
alheiados do sentimento da nação.
De cada vez os seus esforços dão
resultados mais misérandos. Mas
presumem que lhes “será possivel
criar um estado, embora transitó-
HO, UE aptação, de confusão, de
anarquia, de caus. Para “que? Pa-
ta que se dê a intervenção estran-
geira que, sem dúvida, destruirá a
nacionalidade, mas que subverterá
à República.
RAS O pensamento odioso dêstes
renegados “da pátria, e tão abjectas
“les reconhecem as suas responsa-
bilidades que se suicidam a tiros dê
“revolver, quando se vêem agarra-
dos pela mão justiceira da Repúbli-
ca. Não é o témor das’ punições le-
gais. Eles bem sabém que essas
punições não teem nada de ferozes.
E” a consciência da própria infâmia.
s homens de. convicções, hoje que
os: tormentos físicos já não exis:
tem, não se matam para fugir as
suas | responsabilidades. Reivindi-

 

 

ões, as fôrcas ou

 

a

 

ECO DA BEIRA

cam-as altivamente, conscios de que
se praticaram um delicto perante as
leis serviram ideias puras, pugha-
ram por uma causa nobre. Mas ês-
tes sabem que ninguém lhes apaga-
rá da fronte o ferrete de traidores à
pátria, e aqueles que ainda não es-
tão inteiramente pervertidos, aque-
les que teem um momento de luci-
dez, iluminando, como um relam-
pago, a cegueira das suas paixões,
aqueles que não são apênas merce-
nários de baixa estofa, aventurei-
ros da pior espécie, tremem dessa
punição moral, que degrada para
sempre os que justamente castiga.

Mayer Garçal

(Da das e
mes

Dr. Nunes Correia

Recebemos a seguinte carta que
com muito praser publicamos:

Sr. redactor

Retiro da Certã sem um gesto de,
enfado, sem uma palavra de queixa
contra quem quer que seja, e com
o espirito tomado de encanto por
uma terra que eu já supunha minha.

Neste sas pois, bem difícil
para mim, € ae materialmente
vejo impóssibil idade de abraçar, um
a um, todos quantos me honraram,

– com os primores da sua amisade e

muito estremada cortezia, seja-me
permitido uzar dêste meio para, do
intimo da minha alma, lhes endere-
çar um áfectuoso adeus de despedi-
dae um grande e sincero apêrto de
mão, E
A v., sr. redactor, pelas imereci-
das deferências com que sempre me
distinguiu no seu conceituado jornal,
a minha muita admiração e estima,
bem como o meu agradecimento, e
a todos, sem distinguir, o meu mais
profundo reconhecimento, que ins-
creverer em caracteres. indeléveis
no mais recôndito de meu coração.
Coma maior consideração de v.

Mt. at.º ven. é obg.” o
Certã, 23-8-915.

Francisco Nunes Correia

O sr. dr. Nunes Corrtia serviu
durante muitos anos, nesta comar-
ca o espinhoso lugar de delegado
do Procurador da República, e de-
ver nosso é registar que o exerceu
com muita inteligência e com muita
bondade, que” é tambêm um dos
simpáticos aspectos do seu caracter.

Tinha nesta comarca dentro e fo-
ra do Tribunal, sinceras .afeições
com geral simpatia e respeito. E
aquias deixa ao partir, coma sauda-
de de nós todos.

Promovido a juiz foi recentemen-
te colocado na comarca de Miranda
de Douro e para essa cidade partiu
há poucos dias.

Agradecemos as boas palavras
que nesta carta nos dirige e como
afirmação da nossa âmizade e con-

-sideração aqui lhe consignamos os

nossos melhores, votos pelos seus
triunfos na carreira da magistratura
judicial, que agora encetou,

ns Tanto
O GRERO E OS DEMOCRÁTIGOS

Com êste título publicou-se no
penúltimo número dêste jornal um
artigo em que se fazem referências
ao sr. cónego Joaquim Mendes, que,
a tal respeito, nos enviou a seguin-
te carta :

Sr. Director do Eco da Beira

Muito me obsegueia, mandando
inserir nas colunas do seu mui acre-
ditado jornal a seguinte declaração :

WPbudo lido no jornal «Eco da
Beira», de 22 do corrente, um arti-
go enil que está inscrito Oo meu no-
me, cómo testemunha de uma pre-
tendida E dicância aos actos: do
Ex.”º Sr. Dr. Abílio Marçal, na qua-
lidade de Dada do Colégio das
Missões Ultramarinas, declaro pú-

blicamente que não dei o meu cons.

 

sentimento para ser apresentado cc co-
mo testemunha, nem sequer fui ou-
vido sôbre tal asno.

De V.
ato ven.“ e obp.o
29-8-915
, O Pároco do Nesperal,
É Cónego Joaquim “Mendes.
*

Ficam” satisfeitos os desejos do

sr. cónego Joaquim Mendes, e-como –

boas temos as suas declarações.
Cremos que assim tenha sido e a
induzir-nos nesta convicção está a
matéria do requerimento, sem des-
cer mesmo aos nomes que o assi-

nam e ao da autoridade pública que.

tudo aquilo confirmou.
O sr. cónego Mendes não podia,

em verdade, depôr sôbre porcarias |

daquelas: é um homem digno e não
iria naquela imundicie: poluir a sua
dignidade.

Sentimos que tal facto fôsse stra-
zido às proc dêste jornal.

Em volta ja guerra

DOT —

Porqte retirou a Rússia

Por falta de munições 25 que produz
a Rússia em ferro, aço e carvão —lo- .
mo a produção está sendo intensificada

 

Está hojeraveriguado que O recuo
do exército russo da Galícia eo
abandono de Varsóvia tiveram. co-
mo causa principal a falta de muni-
ções. Alguns membros da Duma
pediram até que fossem processa-
dos diversós funcionários responsá-
veis, obedecendo assim ao sintimen-
to- de desgosto que se manifestou
no país quando, se conheceu a ver-
dadeira causa da retirada. . –

‘* Para reparar os êrros cometidos,
a Rússiá mobiliza actualmente as
suas fôrças produtivas e organiza a
sua indústria. Está claro que, como
os aliados, não tem a pretenção de
se abastecer por si mesma imedia-
tamente. Uma parté das munições
de que precisa recébê-las-há certa-
mente do estrangeiro, emquanto no
interior: do país a produção se in-
tensifica. Não deixa, pois, de ser
interessante saber quais os recursos
próprios da Rússia e como e por-
que vias ela pode abastecer-se sem
esperar que os Dardanelos sejam
forçados.

. ** »

Abordando a questão das maté-
rias primas, começa-se por verificar
que durante o primeiro-ano da guer-
ra a Rússia reduziu a sua produção
de ferro e de aço; é a causa ‘princi-
pal da sua insuficiência “de “muni-
ções.

A mobilização interna tendo pre-
cizamente a intensificar essa produ-
ção das matérias primas. Logo na
sua primeira reunião; a junta cen-
tral militar e industrial examinou
uma série de providências. destina-
das a modificar o presente estado
de coisas.

Não se pode agora contar com a
produção da Polónia, mas, embora
não contando com ela, a das outras
regiões do império é de molde a
tranguilizar..

A Rússia produz em tempo nor-
mal 3.540.000 toneladas de aço Mar-
tin. Ora são precizos cêrca de ‘7 qui-
los de aço Martin para fabricar uma
granada de artilharia de campanha
de 77. que vasia pesa 3 quilos. Ad-
mitindo que nã frente russa se dis-
param 500.000 granadas por dia,
teem-se 1.270.000 granadas por ano.
Metade da produção russa bastaria
para confeccionar. as granadas pró-
priamente ditas e a outra e
ficaria livre para a construção de
canhões, máquinas, reconstrução de

– pontes, reparação de linhas ferreas,

etc.

O exemplo da Alemanha, que du-
plicou desde o início da guerra a
sua produção, indica, de resto, o
caminho a seguir, A? Rússia não

 

faltam matérias primas. Os miné-

rios de ferro, nomeadamente os da –

bacia de Krivoi- -Rog, situada no sul,
perto do Dnieper, são muito procu-
rados até no estrangeiro, por causa
da sua puresa. À capacidade pro-
dutiva das minas de Krivoi-Rog
abertas à exploração calcula-se em
6.530.000 toneladas anualmente.

Ora até hoje semelhantes rique-
sas não foram utilizadas de um mo-
do intensivo. Nos primeiros seis me-
ses que se seguiram à declaração
da guerra apenas 1.692.400 tonela-
das de minério foram extraídas na
rica bacia, O que representa uma
diminuição de 47 por cento em re-
lação à extraçção do primeiro se-
mestre de I914.

Não se tonhecem números pre-
cizos relativamente à extracção no
ano corrente, mas sabe-se que bai-
xou de metade em Janeiro e Feve-
reiro; por outro lado, as estatisti-
cas das expedições de minério pelo

“caminho de ferro acusam uma di-

minuição de 36.%, relativamente a
Janeiro, Fevereiro e Março. Depois
de terem aumentado um pouco em
Abril, voltaram a descer em Maio
e-em Junho.

Vejamos ‘agora o: que se passa ..

quanto aq carvão. Em tempo nor-
mal, a Rússia extraia o combustível
da Dacia de Donetz que só por si é
capaz de cobrir as necessidades do
país. A’partir da mobilização, a ex-
tracção diminuiu bruscamente. Após

«baixas e altas durante. os. seis últi-

mos meses de 1914, O ano corrente
iniciou-se com um déficit apreciável
pois que durante os primeiros me-
ses de 1915 se extrairam 10.786.000
toneladas contra: -12.140.000 tonela-
das, ou seja, uma, diminuição, de
1.354. 000 toneladas. Juntando à pro-
dução. da bacia do Donetz e das re-
giões de Term, de Moscou e do.
Caucaso e comparando: o conjunto
as provisões de: carvão do império
no período correspondente de 1914,
obtem-se um déficit de 38 9.

E, no entanto, a região hulheira
do Donetz bastaria, como dissemos,
para saldar o déficit.

o
x *
Imagine- se a repercussão que esta

“insuficiência momentanea de maté-

rias primas teve na marcha ‘da’me-
talurgia russa. À 1 de Dezembro-de
1914, no sul da Rússia, de 50 altos
fornos em atividade, 13 foram obri-
gados a suspender por falta de com-
bustivel. No mês de Março pes
outros fornos.

Em Março, outros altos fa
vieram: aumentar o número dos já
existentes. Nas oficinas metalurgi-
cas tendiam a esgotar-se as reser-
vas de matérias primas que as ali-
mentavam ; feita aicomparação com
as quantidades de que dispunham em
1 de: Janeiro de 1914, as fábricas
do sul tinham. registado em 1 de
Abril de 1915 dimihuições de 86%,
nos minérios, de 54% no’spath, de
54 “fina: hulha-e-de’8 “fo: no coke,

Não é pois:para admirar que nes-
tas condições a produção de mineral

fundido, e portanto a de aço Martin:

necessário para a confecção dos en-
volucros de obuses, tenha deminui-
do. Durante a segunda metade: de
1914, em toda a Rússia da Europa.
apenas se produziu 1.950.000 tone-
ladas de ferro fundido, tendo, havi-
do, comparando com igual período
de 1913, uma diminuição de 16 “fo.
Em r1915-ainda esta diminuição foi
mais sensível.

As fábricas do sul, de Janeiro a
Maio, apenas produziram 1.152.000
toneladas o que representa a dimi-
nuição de 14º em comparação
com; os primeiros cinco meses; ide
I914, O que. obrigou a, suspender o
trabalho em muitos fornos Martin.
“E foi por este motivo que duran-
te os mesmos meses do ano de 1915
as fábricas do sul produziram ape-
nas 988.000 tontladas de ferro fun-
dido, em vez de 1.190.000, isto é,
menos 15 *f:

: %*
x s%

Encontramo-nos assim em face
de uma oútra questão que é a seu
produção das matérias PRO Ematérias PRO E

 

@@@ 3 @@@

 

x

– Na, reunião da comissão militar
dos industriais de Kharkof a 7 de
Junho último, dizia o relator que
«as fábricas metalurgicas estarão
em condições de fornecer todo o
material necessário para a defesa
nacional se não houver demora na
entrega do minério.» Estará a Rús-
sia em condições de aumentarfa sua
– “oLipJado
emajgold o stodop as-pruosoidy
ioj-psseden|n op ousou a “jeuou
[SAIU OB Ej-PAD] OP ojuOd 2 oyoo op
2 “OBAILO OP “out op opóônpoJd
-A verdadeira causa do déficit
constatado, provem,: no fundo, da
desorganização do trabalho deter-

minada pela mobilização. A chama- –

da às fileiras fez descer a metade o
pessoal das minas de ferro de Kri-
va Roz, e nas hulheiras desceu-re-
pentinamente de 200.000 a 135.000
operários, mas o govêrno está em-
pregando todos os esforços para
preencher estas vagas. Os operá-
rios das minas de hulha e de ferro
já não são enviados para a linha de
fogo; além disso o govêrno conce-
deú passagens gratuitas em “cami-
nhos de ferro a todos os operários
que queiram ir para Donetz, e, por
seu lado, os industriais encarrega-
ram 1.200 agentes de recrutarem
mineiros.

Estas medidas já começaram à
dar resultados apreciáveis; actual-
mente 100:000 operários estão tra-
balhando na bacia hulheira, haven-
do, pois, mais 31.000 do que duran-
te os primeiros tempos da guerra.
E’ certo que «ha dificuldades em
preencher rapidamente as vagas, as
mesmas, em- geral, que até agora
teem impedido de fixar uma popu-
lação operária na bacia de Donetz.
As condições higiénicas, e as habi-
tações deixam muito a desejar.

Mas, em suma, estas dificuldades
são secundárias em tempo de guer-
ra: além disso apelou-se para a mão
dobra chineza, e actualmente milha-
res de operários estão sahindo da
Mandchuria para Donetz.

*o.
e

E destarte, não faltando matérias
primas nem mão dobra para con-
feccionar envolucros d’obuses, uma
simples reorganisação porá dentro
em pouco a Rússia em circunstân-
cias de produzir o que até agora
lhe tem faltado. E verifical-o con-

sola,
aa
E’ do nosso presado colega o

Mundo o nosso artigo editorial dês-
, te numero.

LITERATURA

O amor cm Poringal no século XVII

A Freira Casquilha

Sabem para que era que, no sé-
culo XVIII, as meninas fidalgas se
faziam freiras? Para que era que
se amortalhavam numas varas de

 

 

 

burél e se sepultavam vivas numa

claustra de mosteiro? Para terem
liberdade, Nada mais absurdo; e,
entretanto, nada mais verdadeiro.
As grades dos conventos chegaram a
representar, para a mulher portu-
guesa de 1700, alguma coisa de pa-
recido com uma libertação. Porque
era severa a tirania patriarcal da
família? Porque era rigorosa a re-
clusão quási monástica do lar ? Por-
que a casa paterna era um cárcere?
Por todas essas razões, –e ainda
pela razão oposta de que no sécu-
lo XVII, mercê da absoluta falta
de observância das constituições e
das regras, a vida dos mosteiros de
freiras foi a coisa mais divertida dês-
te mundo. E se não o tivesse sido,
como se compreenderiam as fugas
constantes de mulheres nobres, sô-
bre tudo para os claustros seráfi-
cos,—fugas com todo o carácter li-
geiro de ráptos amorosos, —como
em 1728 a da filha dos condes de
Tarouca, D. Mariana Joséfa, que
iludiu -a- vigilância dos pais e -abaí
lou de noite para q mosteiro das car-

«ves e: das bernardas orgulhosas já

 

ECO DA BEIRA

melitas calçadas de Carnide, prote-
gida na fuga pelo conde de Alvor e
pelo próprio D. João V, que lhe man-

dou um côche e criados da Casa .

Rial? Se rezar antífonas no côro,
fazer dôce na cozinha e namorar
freiráticos na grade não fôssem ofi-
cios leves e risonhos,—teria por-
ventura. sido preciso, sob a ameaça
de despovoar o Brasil dos seus máis
floridos ventres, expedir -o alvará
de 10 de Março de 1732, proibindo
o embarque da multidão le mulhe-
res brasileiras que queria vir pro-

fessar a Portugal? Se o hábito de.

« brigida ou de.capucha, de agostinha

“ou de bernarda, de cónega sumptuo-

sa de Cheias ou de malteza fidalga
de Extremoz não fôsse mil vezes
preferível à clausura mourisca dos
lares nobres e ao ciúme tenebroso
dos maridos portugueses, — onde es-

taria a mulher que se sentisse res-

pirar a plenos pulmões, que se con-
siderasse, emfim, feliz e liberta, no
instante em que lhe vestiam, depois
dum ano de noviciado, a estame-
nha tremenda da aprovação? Nos
versos galantes de todos os poetas
menores do século XVIII que se re-
terem a profissões de religiosas,
surge, a cada passo, a mesma ideia
insistente de liberdade. Não o vago
conceito místico da redenção espi-
ritual pela comunhão com um es-
poso divino; mas a ideia precisa,
grosseira e clara da libertação para
o gôso sensual de todas as tempora-
lidades e para o exercício instintivo
de todas as seduções. Podiam, em-
fim, amar, respirar, viver. Sôbre a
cerimónia pungente da profissão, os
poetas já não choravam uma renún-
cia; sorriam para uma promessa. O
hábito branco das carmelitas sua-

E

não era uma mortalha que se abria;

“era uma flôr que desabrochava. O

claustro tornava-se uma emancipa-
ção. A profissão, uma festa galante,
A grade, uma indústria. Nuns-ver-
sos inéditos do tempo («F, A,, Mss.»,
códice 8581), descreve-se certa ma-
dre discreta da Santana felicitando
uma freira bonitinha, que professara
de manhã: :

«Dou-vos o parabem de professar,

“Menina, agora tendes liberdade

E visto estar na nossa mocidade,

Podeis buscar devoto a quem amar.
Olhai as mãos, mas sem o rôsto olhar:
Arrematai-vos sem diversidade

A quem mais der: por que julgo, em verdade,
Que quem mais dá, mais se deve estimar.
Não repareis se é torto ou se é direito,
Oficial, fidalgo ou mercador,

Leigo, frade, estudante, page ou micho ;
Não vos detxeis levar dêsse capricho,
Menina : se êle dá, tomai-o a geito,

Que a honra duma freira é o proveito».

Este conceito da vida conventual,
tão excessivamente profano e utili-
tarista, que não era fácil conciliá-o
com os votos de castidade e de po-
breza, fez convergir todas as ener-
gias da freira para uma preocupa-
ção única; a sedução do homem.
As fréiras moças só tinham um
pensamento: agradar. As freiras ve-
lhas só tinham uma ocupação: tirar
o maior partido possível dos encan-
tos das freiras moças. Todas esta-
vam de acordo, desde as jerarquias
solenes, trôpegas e septuagenárias,
até à virgindade tímida das últi-
mas professas: o dever da freira
era, antes de tudo, procurar ser de-
sejada e procurar ser bela. A regra
proibia-o? A constituição opunha-
se? Atirava-se a constituição é a re-
gra por cima dos moinhos. Em bre-
ve os mosteiros portugueses, que
Besenval considerava ‘tão impuros
como o próprio D. João V, tras-
bordaram de freiras-bandarras, de
freiras-cécias, de freiras-franças de
freiras-casquilhas. A elegância en-
trou nos claustros. Hábito, escapu-
lário, cordão, toalha, véu, as pró-
prias sandálias das capuchas, das
carmelitas, das agostinhas descal-
ças, insígnias de renúncia e de ex-
piação, de penitência e de humilda-
de, transformaram-se pouco a pou-
co, sôbre a carne rósea e doirada
dessas pródigas de amor, em ar-
mas terríveis de sedução e de es-
cândalo. Nos «flirts» do locutório,
nas comédias do convento, nas gra-
des de dôce, nos tonos de viola, nos

 

outeiros de abadessado, as freiras-
casquilhas principiaram a apare-
cer pintadas, mosqueadas de si-
nais, perfumadas de água de Córdo-
va, as mãos finas metidas em rega-
los de-arminho, o hábito decotado,
no abanico desinquieto do reparo do
rôsto», Ssofraldando-se, dançando
minuetes, mostrando as pernas —
diz Frei Manuel Velho, em 1730, nas
«Respostas duma freira capucha»—
calçadas «de meias e de sapatos pi-
cados, rocados, de seda, de tissum,

com fivelas de oiro, de prata, de pe-

dras preciosas». As bernardas por-
tuguesas tornaram-se célebres, en-
tre todas, pela elegância profana dos
seus hábitos, pelo excesso ridículo
das suas pinturas. Nuns versos
inéditos do mesmo códice 8581, as
freiras de Santa Clara de Coimbra
acusam sem rebuço as bernardas
de Celas de «caiarem os rôstos»,
de «pôrem côres vermelhas» e de se
mostrarem aos amantes «disfarça-

das e cobertas como pírolas doira- –

das». Frei Manuel de S. Luis, psi-
cólogo admirável das «demi-viér-
ges» monásticas do século XVIII,
descreve, na «Vida da Venerável
Madre Francisca do Livramento» a
fórma por que as freiras claristas de
1700 compunham o rengo da toalha
e amantilhavam o véu preto, acon-
chegando-o à cara para fazer real-
çar mais a Drancura pintada da pe-
le, e assomando à grade «com Os
olhos revirados, a voz afectada e

– melindrosa, o hátito aberto no pei-

/

to, passos requebrados, corpo ligei-
ro, pescoço estendido». Fôssem lá.
os bispos, os arcebispos, os vigáriós
capitulares, os padres provinciais,
os abades gerais, os confessores, os
visitadores, compelil-as à reforma:

– dos trajos, à observância da régra |

 

e ao respeito da Ordem. Expulsa-
vam-nos do mosteiro, como fizeram
as freiras do Salvador, em 1706,
ao seu vigário, ou abriam as portas
e sahim em procissão, de cruz al-
cada, entoando ladainhas, insultan-
do os padres, alarmando o povo.
Quasi todos os grandes conflitos no
tempo de D. João V e de D. José,
entre os padres claustrais e as co-
munidades religiosas, tiveram a sua:
origem em intrigas infinitamente
pequenas de toucador ou de alcova:
hoje, porque queriam um toucado/
redôndo, que as remoçava, em lo-
gar dum toucado de bico, que as
fazia velhas; amanhã, porque o calo
da touca havia de nascer da testa,
em vez de nascer no nariz; um dia,
porque queriam licença para usar
môscas de tatefá ao canto da boca;
outro dia, porque já não podiam
andar sem tacões encarnados nos
sapatos; agora, a história dos rega-
los no côro, por caúsa do frio; logo,

a invenção dos decotes na grade,

por causa do calor:—e se o rei he-
sitava, se o ministro da Ordem
proibia, se o Nuncio carregava os
sobro’olhos, lá estava a Abadessa a
remangar do báculo, as jerarquias
velhas a alçarem cruzes, OS sinos a
dobrarem no mosteiro, as bentas,
as claristas, as bernardas, hábitos
ao vento, a coalharem as ruas, a
cavalaria a sahir dos quarteis para
lhes cortar caminho, e o rei, parali-
tico, imbecil, opado, risonho, a man-
dar-lhes todos os côches, todas as
berlindas, todos os florões doirados
da Casa Real, para suas Reverên-
cias profanissimas se darem ao in-
comodo de recolher ao mosteiro.
O escandalo das freiras casquilhas
chegára a tal ponto, que em 1778,
diz o «ci-devant» duque de Chãte-
let, «poucas eram as bernardas de
Odivelas que não tinham o seu
amante, e raras as que vestiam os
hábitos da Ordem». Das casas de
religiosas portuguezas do século
XVII, e, em especial, dos mostei-
ros ricos de bernardas, de bentas,
de maltezas e de cónegas, podia di-
zer-se sem grande injustiça o que O
grave Saint-Simon disse um: dia de
certo convento de capuchas da Bre-
tanha:
-—«Se alguma freira sai, de lá é
porque quer ser uma mulher ho-
nesta»,

– Júlio Dantas.

 

 

 

Exames de Cêgos

Instituto Branco Rodrigues
(ESTORIL)

Terminaram no dia 17 de Agosto
os exames dos, alunos cêgos desta
instituição, fazendo nêsse dia exame .
de instrução primária de 2.º grau, na
Escola Oficial de Cascais o aluno
cêgo Carlos da Conceição Almeida
e Silva, de 12 anos, natural de Fer-
nando Pó. Ev o REUL

Nessa escola fizeram êste ano exa-
mes de instrução primária de 1.º
grau, obtendo distinção, os cegui-
nhos: inaisssidos EDOA
“Manuel “da Costa; de:g anos, na-
tural de S. João da Ponte (Guima-
rães); António de Oliveira, de 10
anos, de S. Miguel de Gêmeos (Ce:
lorico de Basto). RE

Ficaram aprovados com a classi-
ficação de bem: Cd

Maria de Jesus Carriço, de Tei-
xoso (Covilhã); Gracinda dos Anjos,
exposta da Misericórdia de Lisboa e
António Galante Júnior, natural da
Orca (Fundão.

 

No Liceu Passos Manuel“

Nêste liceu fez exame do 5.º ano
de francês, obtendo distinção .o-alu-
no Joaquim Nunes Pinto, de Arren-
tela, (Seixal): Francisco Martins, de
Vilela Sêca (Chaves) fez exame do
5.º ano de português, ficando apro-
vado.

A êstes actos assistiram o sr. Bran-

“co Rodrigues, fundador do Instituto
“ea professora D. Luzia Guimarães,

que foram felicitados pelo reitor do
Liceu. or

No conservatório dê Lisboa

– Nêste estabelecimento do Estado
fizeram exame do 2.º e último ano
de rudimentos da Escola de Música,
ficando aprovados os alunos -cêgos-:

Francisco Martins, de Vilela Seca
(Chaves); Francisco Lopes, de Vi-
seu; José Carvalho, de Santa Qui-
téria de Meca (Alemquer); José Cor-
reia, de Faro; Serafim Joaquim João,
de S. Bartolomeu de Mesenos.

Fez exame do Curso Geral de
Piano (2.º ano) obtendo distinção o
aluno José Correia, de Faro.

Fez exames do 2.º e 3ºano do
mesmo curso de piano o aluno Joa-
quim Nunes Pinto, obtendo em am-
bos distinção.

Foi tal o entusiasmo que os exa-
mes dêste aluno causaram ao presi-
dente do juri, O. insigne artista Rey
Colaço que resolveu comunicar ao
sr. Branco Rodrigues, fundador do
Instituto, o desejo que tinha de dar
lições especiais a este aluno, porque
descobriu nele uma. invulgar voca-
ção musical aliada a um grande ta-
lento. e

As lições começaram no dia q de
Agosto.

Ao todo foram feitos dezeseis exa-
mes oficiais, obtendo se outras tan-
tas aprovações, com seis distinções.

Este resultado “prova à evidência
o grau de adiantamento do ensino
dos cegos no nosso país. A

aSeGEs
Instituto Branco Rodrigues

Outro cego de nascença que adquire vista

A pedido do sr. dr. Lago Cer-
ugeira, presidente da Câmara Mu-
nicipal de Amarante veio para Lis-
boa, a fim de ser admitido nesta ins-
tituição o ceguinho Manuel Ribeiro,
de 10 anos de idade, natural de Ca-
nadelo, daquele concelho.

Antes de dar entrada nêste esta-
belecimento de ensino e de benefi-
cência, foi observado no Instituto de
Oftalmologia, pelo sr. dr. Gama Pin-
to, gue declarou que a criança era
susceptível de cura.

Ficou, por isso, internada naquele
instituto, em 31 de Maio, onde: só-
freu cinco operações, com tão feliz
êxito que recuperou a vista,

Saíu em 12 de: Agosto, completa-
mente curado e regressou à sua ter-
ra natal, a: ): )

 

@@@ 4 @@@

 

Eco. DA. BEIRA.

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Huminação: Electrica Westinghouse,

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Mise-en-marche: Electrica;Westinghouse.

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nos de outros fabricantes, ocupam um lugar de destaque pela solidez da sua
construção elegância, velocidade, duração e economia de: “combustivel.

“Teem uma longa distância entre os- eixos, baixo centro de gravidade,
todas largas com grandes pneumáticos; excelente sistema de habrificação au-
romática e estofamento Turkish de 11”.

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nas peiores estradas de rodagem | é nas “subidas não teem rival,

“É, alâm de todas estas vantagens, são extraordinariamente 1 mais baratos
do que os de todos os outros carros de luxo até hoje apresentados no nosso

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Agua, da Foz da Ceriá

A Agua minero- “medicinal da Foz da Certã apresenta uma composição
quimica que a distingue de todas as outras até hoje Uzadas na terapeutica,

E” empregada com segura vs ntagem da Diabetes— Dispepsias— Catar-
ros gasiricos, putridos ou parasitários;—nas preversões digestias deriradas
das doenças infeciosas;-—na convalescença das febres graves; —nas, atonisa
gastricas dos diab: ticos, tuberculosos, br ighticos, etc. esto gastricismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.
“Mostra a analise bate riologica. que a “Agua da Fo da, Certã, tel como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogencas
gue podem existir em aguas. Alem disso, gosa: de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico,
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém. re-

“sistencia maior.

A Agua da Fox da Certã não tem gazes, livres, é limpida, de sabor Je-
vemente acido, muito agradavel, quer bebida pura, , quer misturada com

Ei DEPOSITO. GERAR ve
E DOS FANQUEIROS-— En DA
Telefone 2168.

 

em pouco tempo .uco tempo .