Eco da Beira nº43 11-07-1915
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SEMANARIO. POLITICO
Assinaturas:
NR E en o 120
Semestre… Goes… – 6o
Brazil (moeda brazileira). 5jbooo
Anuncios, na 3.2. e 4.2 página 2 cén-
tavos alinha ou o de linha
E
[E
m
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No último domingo, 4 do corren-
te, foi dada a Abílio Marçal uma.
prova eloquente de quanto os seus
amigos e a maior parte dos seus
conterraneos o consideram, estimam
e admiram.
Conhecedores dos seus relevan-
“tes serviços e das tentativas louva-
veis que tem empreendido pelo en-
grandecimento de Sernache, resol-
veram aqueles cidadãos ofertar-lhe
uma rica pasta com cantos e mono-
grama a ouro. Para tal fim abriram
entre si uma subscrição que deu di-.
nheiro muito mais que suficiente
para a compra de tal brinde pois
que importando êste em 98 escudos
a subscrição atingiu a soma de
IIgPÃO. Por tal motivo resolveu-se
não só oferecêr a pasta mas ainda
uma bengala e uma caixa de cham-
panhe,
O resto do dinheiro destinou-se
a foguetes para solenisar as melho-.
ras do amigo dedicadíssimo de Ser-
nache —o grande patriota Afonso
Ca
Reunidos em casa de Abílio ie
çal foi, na presença de todos, lida
pelo padre Candido a mensagem
ue segue.
A ‘ Remo aa
| Um pleiade de amigos devotados
de V. Ex.2 e da aldeia que é de
todos nós, vem ofertar-lhe esta pas-
ta, que fica sendo um escrinio Sim-
bólico.
Esta oferta e mensagem não tra-
duz uma prova, melhor e mais con-
cludente, da estima e consideração
pessoal que tributamos a V. Ex,
consideração e estima que muito.
bem conhece, como também lhe
não são desconhecidos o caracter,
as aptidões e os sentimentos dos
sinatários desta mensagem.
Muito menos, esta oferta e men-
sagem, representa incitamento ou,
estimulo porque dêle não precisa
quem, como V. Ex.º, se tem sácri-
ficado incessantemente e de vários
modos pugnado pelos progressos e
bom nome da nossa aldeia, que ou-
tra coisa não são que o nosso bem
estar e a nossa honra!
A individualidade prestigiosa de
V. Ex. é grande de mais para fa-
zer a honra duma geração, ela é,
sem dúvida, um nobre orgulho, uma
lidima e incontestavel glória dó nos-
so querido Sernache.
Podem os zoilos ter ciumes da
homenagem que hoje tributamos
ay DR
A sua critica vão atinge sequer 0 ;
pedestal onde V. Ex.º subiu, guin-
dado apenas pelo seu caracter, pe-
lo seu engenho, pela sua inteligên-
cia, pela sua ilustração, pelo seu
trabalho e persistencia.
Os fundibulários, são pigmeus e
desastrados demais para consegui-
rem alvejal-o !
Deixemo-los em paz a escabujar
com a sua impotencia,.. emquanto.
a caravana democrática avança
aguerrida e prudente, patriótica e
progressiva !
Os relevantes serviços que desde
ha muitos anos V. Ex. vem pres-
tando ao nosso Sernache podiam e
deviam já ter sido consagrados ha
bastante tempo por uma manifesta-
ção feita pelos nossos patrícios que
sabem ser gratos e patriotas. ..
A sua gratidão revela-se agora.
Vimos pagar essa divida em aber-
to, para que ninguem tenha o direi-
to de nos chamar, indiferentes ou
ingratos.
– Vimos. trazer solenemente: a v.
Ex.i -e confirmar-lhe, uma vez mais,
a nossa indefectível solidariedade, e:
o nosso incondicional. apoio a todas
as tentativas que empreenda para
erguer, desenvolver e engrandecer
a nossa Ferra.
Finalmente, vimos testemunhar-,
-lhe a nossa imensa satisfação por
ver V. Ex.2 eleito membro da Ca-
mara legislativa, porque ter um de-
putado. sernachense constitue um
nobre e alto orgulho para todos nós.
Para o seu encendrado patriotis-
mo acaba de rasgar-se um largo
campo onde êle pode desentranhar-
-se em benefícios proveitosissimos
para Sernache.
Dêle confiamos a realização das
nossas, esperanças, fazendo votos
para que V, Ex.? “as consiga efectur
com glória para si e com honra e.
proveito do nosso Sernache.
Como paga de tantos sacrifícios
e de tão acrisolada dedicação resta
a V. Ex.2.a satisfação do dever
cumprido e a encendrada gratidão
de todos quantos a Sernache dedi-
cam o melhor dos seus mais puros
afectos.
Honra ao bom isa demo-
crata, ao sernachense ilustre, ao
patriota devotado que se chama
Abilio Marçal.
Viva o nosso querido amigo!
Sernache, 4 de Julho de 1915.
Padre Cândido da Silva Teixeira
Alfredo Vitorino da Siiva Coelho
Orlando dé Campos
José Antunes Duarte
António da Costa Mouga
Manuel dos Santos Antunes
Afonso da Costa Moreira
António da Silva Lemos
Francisco Nunes Teixeira
Dr. Virgílio Nunes da Silva
Marcélino Francisco da Silva
Libânio Girão
António Augusto de Sousa Guerra
Alberto da Purificação Ribeiro
Alftedo da Silva Mendes
António Lopes e
Joaquim da Silva Mendes f
José da Silva Teixeira
Vitor dos Santos Silva
Padre Antônio Luis Ferreira
Carlos dos Santos e Silva
Joaquim da Silva Ladeiras
Joaquim Nunes da Silva
5
PROPRIEDADE DO CENTRO REP! LICANO DEMOCRÁTICO
José Dionizio dos Santos e Silva
Hermínio José Quintão’ –
Luís Simões dos Santos
José Nunes da Silva
José David da Silva
Izidoro de Paula Antunes
João Lopes da Silva
Sebastião das Dores e Silva
António Ribeiro Gomes
Joaquim Nunes da Silva.
Todos os sinatários da mensa-
gem pertencem ao: partido: demo-
crático excepto António da Silva
Lemos, Libânio Girão, Sebastião
das Dores e Silva , que por emquan-
to são independentes, mas com cu-
ja solidariedade muito nos honra-
mos. :
Apareceu um outro patrício a
querer inscrever-se, mas foi recusa-
da a inscrição por ter tal cidadão
assentado praça no partido evolu-
cionista.
Note-se que a grande maioria dos
sinatários são marechais do partido
– democrático de Sernache e que foi
só a êstes correligionários que os pro-
motores da manifestação. se dirigi-
ram, pois que se se recorresse a
todos os democráticos do concelho –
fácil seria adquirir um outro brinde
incomparavelmente mais valioso.
Após a leitura da mensagem fa-.
lou Abílio | Marçal, com a eloquên-
cia que todos lhe conhecem, cagra-.,
decendo visivelmente sensibilizado
-a gentileza dos seus amigos e dos
seus correligionários mais gradua-
dos, asseverando-lhes a sua grati-
dão e, mais uma vez, a decedida
vontade que o: animava para ser
útil à sua terra. Entre muitas coisas
belas e sensatas que expoz disse:
que se pelo seu temperamento com-
bativo e pertinaz deficilmente – su-
cumbiria, mas admitindo de. barato
tal ipótese, bastava para o encorajar
a manifestação carinhosa e cativan-
te que os seus amigos acabavam de
fazer-lhe. Depois de ser por todos
abraçado dignou S. Ex.2 obsequiar
os seus amigos com uma-taça de
champanhe. Aproveitando tal ense-
jo, o Padre: Cândido brindou a fa-
milia Marçal e a dedicadíssima es-
posa do homenagiado, felicitando-a
pela prova de estima e considera-
ção prestadá a seu esposo, que em
S. Ex.” tambêm se reflectia, e fa-
zendo votos pelo futuro do. único
filho que possuem–já hoje uma
radiosa esperança de vir a seguir
com brio e honra as pisadas do
palacieo
A seguir, Abílio Marçal inda
na-esposa de Alfredo. Vitorino a
mulher portuguesa, a esposa exem-
plar, carinhosa e educadora, para
quem teve expressões justas e inci-
tadoras, animando-a e estimulando-a
a proseguir na louvável conduta de
educar o seu unico filho, (outra aus-
piciosa esperança de honra e glória
para Sernache), no amor da pátria,
da República e da terra amada em
que vivemos.
Ainda Abilio Marçal num brinde
ainda mais extenso, e se é possível
mais carinhoso, pediu aos seus ami-
gos que bebessem pelo grande ami-
go de Sernache o extraordinário ci-
dadão e benemérito patriota Afonso
Gosta. Neste instante a sala pareceu
E
‘ Publicação na Certã
Redacção e administração em
SERNACHE DO BOMJARDIM
Composto e impresso na Tipografia Loiriense e
pequena para conter a ancia de pos-
suir. gigantescos pulmões para cor-
responder a tão justo e simpático
apelo. (Mal se imaginava 0 desastre
de que aquele nosso querido amigo
havia sido vitima).
Só a lembrança desta tristissima
coincidência nos inibe de expormos,
com mais calor a festa feita a Abi-
lio Marçal.
“De contrastes é feita a vida.
Algrejae a as
“Portuguesa
A Contnado, do n.º 42) :
E êles bem. sabiam 0 pouco que
conseguiram, do clero que há 40 anos
fazia exames no liceu, as voções (pas-
se lá o palavrão) eram mais raras é
os padres assim escolhidos mais io-
dependentes e altivos.
Como fôsse necessário: colar al-
guns priores favoritos abria-se con-
curso que representava uma burla
porque, préviamente os “examinado-
res já sabiam pela insinuação dos
bispos, (insinuação menos moral e,
mais revoltante do que a insinuação
régia no deposto regime que êles in-.
coerentemente condenavam) o candi-
dato a quem se daria O ponto para,
ser classificado. em primeiro lugar.
Claro está que tal procedimento.
era injusto, um verdadeiro roubo,
que obrigava em consciência à res-
tituição… mas esta disposição da
moral era só para inglês vêr, só pa-
ra a arraia miúda,
Se o concurso era documental o
caso: aparecia por vezes mais bicu-
-do e assim sucedia quando o Minis-
tro da justiça escrevia ao bispo para
modificar os informes porque era
indispensável servir qualquer caci-
que eleiçoeiro. Então o bispo cedia
para ser agradável ao ministro a
quem nesse momento lembrava qual-
quer pretenção que tinha prpdeate
do govêrno.
A. simonia descarada!
Injustiça sôbre injustiça revoltou,
parte do clero, que se via sempre.
preterido apesar das suas Apadors E
bons serviços.
Os bispos dividiram assim o cle-
ro, parte do qual se tornou republi-
cano. Entretanto os jesuitas com in-
tuitos de predomínio, lançaram mão.
da imprensa que lhe facilitasse a fun-
dação dum partido político, queriam
ir longe, dominar tudo para a. explos
ração ser mais rendosa.
Assim apareceu o «Correio. Na-.
cional» pago por fidalgas e várias.
pessoas catequizadas, tendo no cor-
po de redacção só seculares, que
aproveitaram regularmente, o dinhei,
ro! e tanto que disto os jesuitas se
queixaram amargamente. Persisten-
tes, como sempre, arranjaram mais
dinheiro e montaram outro jornal a
que sucedeu o «Portugal». Quanto
o primeiro fôra bem redigido, cor-
recto e doutrinal, foram os outros
escritos a ta diable: A política des-
norteou-os porquanto o nacionalismo
não conquistava adeptos, emquan-
to o partido republicano engrossava
todos os dias assombrosamente. Fra-
so que por vezes conseguiu fazer
crítica mordaz e elevada, cançou des-zer
crítica mordaz e elevada, cançou des-
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norteado pela réplica dos jornais re-
publicanos. Matos que escreveu mui-
tos artigos de efeito morreu no dia
“em que o esfrangalharam na carica-
tura. Desde então sucedem-se os
seus disparates que chegam ao cú-
mulo nas «Cartas políticas» escritas
na sua aldeia. Esquecido de que era
padre essas cartas revelavam falta
de caridade, ressumbravam ódio:
chamando aos seus patrícios modes-
tos, «pobres diabos»;-contrapondo á
clericalha de Alpoim a republicalha
por vezes repetida no artigo de 16
de Agosto de 1910 com o título «Ex-
ploração Jacobina», e brindando Tei-
xeira de Sousa na 2.2 carta, assim:
—«Q sr. Teixeira de Sousa, se não
fôsse tão feio, era a imagem viva do
anjo do extermínio». Simplesmente
réles, demais escrito por um padre
a quem a natureza deu uma cara
pouco bonita !
Em 25 de Março de 1906 o Car-
deal Neto publicava uma Provisão
com fôrça de Decreto que foi a pro-
va cabal da sua inépcia, um vergo-
nhosíssimo fiasco.
Em 24 páginas é quási impos-
sivel mostrar-se mais ignorância e
incompetência. A crítica escalpeli-
zou aquele folheto por ; forma tão elo-
quente que se a reacção não estives-
se cêga mudaria de tática. Mas
– qual? abismo tem atracções irresisti-:
veis… e nêle se precipitou idiota-
mente,
Os jornais «O Independente, «O
Pais», «O Dia» e «A Verdade» dei-
xaram tal Prelado em situação de-
plorável. O que não admira porquan-
to o prelado citado falando dos seus
cooperadores da capital os brindava
– com os elogios seguintes: «réos de
muitos abusos, relaxados, escanda-
losos; maus que precisavam de exer-
cícios espirituais forçados duas ve-
qes por ano; ignorantes que neces-
sitavam de ser examinados uma vez
por ano; manipuladores de hóstias
de pó. “de arr 07 e vinho de maçãs pa-
ra . missas, peraltas que usavam de
penteado e barbas, etc., etc. E após
isto o jornal a «Palavra» de 16 de
Maio do citado ano de 1906, elogia-
va o Cardeal Neto cham
Prelado corajos6f E cabia-lhe E 0
epíteto porque pouco tempo antes
havia recorrido das decisões de Ro-
ma para o poder civil.
Parece lendário e é um caso de
OnIeni
Afinal o Cardeal Neto entrava em
tudo como méro comparsa. Ele não
escreveu a Provisão com fórça de
decreto—porque ela era apenas um
dos vários expedientes de que os’je-
suitas se serviam para desacreditar
o clero secular português. Esta cam-
panha de descrédito vinha de longe,
mais ou menos habilmente posta em
prática.
Nos últimos tempos, supondo-se
já senhores do terreno, puzeram de
parte a prudência e daqui o fiasco.
Fão extraordinário êle foi e tão mal
conduzida a questão que as criatu-
ras metidas no jôgo começaram a
ter dúvidas que procuraram desva-
necer pedindo conselho ao clero se-
cular! Este, assombrado, tratou de
elucidar os fieis inteligentes, dando
aos restantes as explicações precisas
para os precaver. Este papél, difici-
limo de desempenhar, trouxe preo-
cupações e desgôstos a muito padre:
preocupações e desgôstos que lhe
iluminaram a mente e geraram a re-
volta contra a horda selvagem, a
Companhia… de fariseus, que tão
tolamente se julgaram em país con-
quistado! Entretnio o clero secular
esperava e… confiava no destino
ue em breve poria um termo a tan-
ta loucura!
(Continia)
Pe Cândido Teixeira.
as
CNST A CF
– Na sua casa dd encon-
tram-se há dias os nossos particula-
res, amigos srs. Alfredo. Correia
Lima e Alberto Correia Lima, mui
dignos missionários no distrito de
Lourenço Marques. Apresentamos-
-lhes sincéros cumprimentos de boas
vindas,
ECO DA
JITERARURA
Gomo o diabo ficou calvo! ..
Toda a gente sabe que o Diabo
é careca.
Era lógicamente necessário que
assim fôsse, porque O maior casti-
go que merecia o abominável autor
de todos os males humanos era an-
dar com uma hedionda calva… à.
mostra
Não se sabe, porêm, como Lucj-
fer perdeu os Seus cabelos.
A propósito vou contar-lhes uma
história que reproduzo com a maior
fidelidade, — sem ofensa ao corren-
tio prolóquio árabe, —tal como ma
contou um barbeiro de Pamplona,
insigne jogador do dominó, entre o
corte do cabelo e a barba, numa
barbearia que tinha por letreiro:
«Ao barbeiro de Satan !»
x
x *
“Vermelha como a estrêla de alva,
rubra como as chamas do inferno,
negra como a noite-eterna, a cabe-
leira do anjo rebelde era tão prodi-
a Ra abundante e frondosa
que envolvia, como uma nuvem
imensa, a terra e o mar.
Nosso Senhor estava muito des-
gostoso, porque, ainda mesmo que
puzesse os seus óculos, que, como
se sans foram feitos com a última
estrêla do Sul e a última do Seten-
trião, ligadas pela cauda de um co-
meta, não: podia distinguir atravéz
da enorme sombra o mundo tão be-
lo que tinha criado.
E, quando se inventaram as ro-
sas, o menos que podiã pedir-se
era o prazer de contemplá-las.
Alêm disso, o Senhor, segundo
os retratos mais autênticos que pos-
suimos da Divindade, tem mais
barba do que cabelo, e por êste mo-
tivo, é muito possivel que uvesse
ciúme.
Nada lhe seria tão fácil como
lançar fôgo à cabeleira do Diabo,
Deus, porêm, sentiu escrúpulos
de dramaturgo honrado que, tendo
empregado o fogo em outras scenas,
sentia notável repugnância em ter
que fazer uso “diferente do mesmo
elemento. |
E estaria largo tempo perplexo,
antes de tomar qualquer resolução
idónea com a sua categoria divina,
se o inspirador Espírito Santo não
tivesse vindo em seu auxílio falan-
do-lhe desta maneira:
— Coisa de ínfima importância vos
preocupa. Resolvei que, por cada
assassinato que se cometa na terra,
Lucirer perca um cabelo; e, a cal-
cular pela maneira, como os huma-
nos se matam, dentro em pouco o
Diabo terá a cabeça lisa como uma
bola de marfim.
“— Qual! suspirou o bom Deus.
Dar-se há o caso de se odiarem tan-
to o que eu criei?…
Mas… seja assim. Experimente-
mos.
E depois disse: — Que Lucifer
perca um cabelo por cada homici-
dio que se cometa,
— E se desejais, — acrescentou o
Espírito Santo, —-que se realize mais
rápidamente a vossa divina vontade,
ordenai que, por cada roubo que se
faça entre os homens, caia outro
cabelo ao Diabo. ‘
Dentro em pouco terá a cabeça
nua como 6 rosto de um anjo.
Confrange-me a ideia de acre-
ditar que os mortais sejam tão la-
drões!-—suspirou o bom Deus. Por-
que precisam de roubar dando-lhes
eu a beleza do céu e das mulheres,
as flôres, as aves, o mar e os bos-
ques, a cuja sombra dormem a
sesta ?
Experimentemos outro processo.
E disse:
—(Que Lucifer perca um cabelo
por cada latrocínio que se pratica
na terra:
E, emquanto os serafins executa-
vam celestiais harmonias, Deus
aguardou os efeitos das palavras
imperiosas que pronunciara.
Um larápio furtava um relógio,
BEIRA
um bandido assaltava uns viandan-
tes, Alexandre, o Grand», conquis-
tava a Índia, César invadia a Gália,
uma rapariga de vida fácil despoja-
va o bolso dum velho burguês que
dormia, e era um cabelo, e depois
outro, que, no entanto, pagava êstes
malefícios.
E houve tramoias no jôgo da Bol-
sa que custavam fortes madeixas de
cabelo ao Diabo.
Comtudo a milagrosa cabeleira era
como: um bosque imenso e Nosso
Senhor continuava a não vêr a sua
querida terra.
O Espírito Santo disse: »
—Não se rouba! Outro partido.
Ordenou que, por cada asneira
que se diga na terra, Lucifer perca
um cabelo.
—Estás doido ?-replicou o bom
* Deus.
Acreditas que aqueles que eu fiz
à minha imagem e semelhança e a
quem insuflei uma alma com o meu
sôpro criador sejam todos estúpidos?
Mas… vá lá.
—Qh! Como a pobre cabeleira de
Belzebú ficava devastada, como se
um ciclone tivesse passado sôbre
ela! A’s estreias literárias, as con-
ferências, as colunas dos jornais,
porfiavam à compita em arrancar os
cabelos da cabeça do Diabo. –
Entretanto a emaranhada cabelei-
ra subsistia sempre não obstante os
esforços obstinados da estupidez hu-
mana. É
O Espírito Santo gritou furioso :
Apelemos para um recurso supre-
mo.
Ordenou que, por cada beijo que
permutem em Paris, Lusbel perca
um cabelo
O bom Deus mostrava-se desgos-
toso.
—Ah’! Vais muito longe. Formai
mau conceito das jovens, quando fa-
ço todo o empenho em que sejam
belas e honestas? As mulheres, lá
na terra, não resumem apenas as
suas ambições em ser o encanto dos
seus. lares, dos seus esposos e de
seus filhos ?
—Experimentai !—insistiu o Es-
pirito Santo.
— Vá lá isso.. Vou provar-te que
estás em êrro…—disse o Senhor.
—Que Lucifer perca um cabelo
por cada ber..:, é, não tinha con-
cluído ainda a frase, o Diabo esta-
va… careca
Catulle Mendés.
UMA CONTA INTERESSANTE
Um periódico francês publicou
não há muito tempo a seguinte con-
ta apresentada a uma autoridade da
Bélgica, por um artista que fôra en-
carregado de diversos trabalhos na
velha igreja duma povoação daquele
país:
Por corrigir os dez mandamen-
tos, embelesar Pôncio Pilatos e mu-
dar-lhe as fitas do gorro, 8,50 fran-
cos. Por um rabo novo para o galo
de S. Pedro e pintar-lhe a crista,
4,00. Por dourar e pôr novas pênas
na aza esquerda do Anjo da Guar-
da, 6,25. Por lavar o criadoô do Su-
mo Sacerdote e pintar-lhe as Suis-
sas, 5,00. Por tirar as nódoas ao fi-
lho de Tobias, 1,00. Por uns brin-
cos novos-para a mulher de Abraão,
4,75. De avivar as chamas do infer-
no, pôr um rabo novo no diabo, e
fazer vários concertos nos condena-
dos às penas infernais, 1,200. De
renovar O céu, arranjar as estrêlas
e limpar a lua, Foo: De retocar o
purgatório e pôr-lhe almas novas, *
8,75. Por compor-o fato e a cabe-
leira de Herodes, 5,00: Por meter
uma pedra nova na Tunda de David,
engrossar a cabeça de Golias e alar-
gar as pernas a Saúl, 6,00., Por
adornar a arca de Noé, – compor a
túnica do filho pródigo e limpar-lhe
a orelha esquerda, 3,00,
Tendo ultimado os seus negócios,
regressou de Pernambuco, o nosso
patrício e amigo José Pestana dos
Santos, a quem sinceramente cum-
primentamos,
x
– seguirem a douLt,.
MOSAICO
Experiência…
Hei-de deixar de vêr-te muitos dias
para saber
Se era verdade tudo o que dizias
Á cerca das mil coisas que farias
S’eu passasse algum tempo sem te vêr.
Quero vêr se tu choras, e se pensas
no nosso ceu
E se o sono te foge com as crenças…
Mas… agora me lembro, sonho amado,
Que nessa soledade era só eu
o desgraçado !.,
D. João de Castro
Amor
(NUM ALBUM)
Amor mais forte que o ferro,
Que o vento, que o mar também, .
Há só um, neste desterro..
o amor da nossa Mãe r
Alice Moderno
O ácido bórico
O ácido bórico é um produto que
a natureza elabora nas profundida-.
des da terra, e as circunstâncias que
acompanham a sua aparição à su-
perfície constituem um dos facios
mais curiosos da química natural.
E? coisa maravilhosa com efeito, ver
sôbre uma pequena porção de ter-
“reno acidentado nove ou dez esta-
belecimentos, nos quais, sem ces-
sar, se executa uma evaporação de
100 milhões de quilogramas de lií-
quido e onde se realiza uma produ-
ção anual de um milhão de quilo-
gtamas de ácido bórico cristalizado,
sem que se veja máquina, combus-
tiveis nem matérias primas.
Na Toscana, num sítio chamado
Lagoni acha se um solo tormentoso”
e fendido de onde sai, por jactos,
uma mistura muito quente de: áci-
do carbónico, azóte, exigénio, hidro-
gênio sulfurado, vapor de água, áci-
do chloridrico, matérias orgânicas e
sulfato de amoniaco, gal e alumina.
Ao redor destas fendas resfolgan-
tes construiram-se tanques circula-
res de diferentes diâmetros onde se
deposita a água das nascentes visi-
nhas. Desde que ela é bastante
abundante para penetrar nas fendas
observa-se um espetáculo singular :
a mistura gasosa recalca-a e a sua
massa eleva-se, como que se despe-
daça, para dar lugar a uma coluna
de vapores esbranqueados. |
A água assim rêfluida ou atacada
contém ácido bórico.
A água dos tanques de Lagoni
depois de uma agitação de 24 horas,
fica quasi em ebulição, e, então,
contém um por cento de ácido
bórico.
Esta dissolução, depois de esfria-
da, concentra-se facilmente por um
artifício tão simples como engenho-
so: fazem-a passar para tanques in-
feriores onde encontra ainda outras
fendas resfolgantes; penetra aí e
sofre nova e continua agitação; mas
como o fenomeno é sempre o mes-
mo, resulta que ao fim de outras 24
horas a água deve conter o dobro
de ácido bórico que continha pri-
meiramente. Deste segundo tanque,
passa a um terceiro onde se enri-
quece ainda mais, e assim suces-
sivamente, É
Quando o líquido está bem car-
regado de ácido bórico, fazem-o en-
trar num grande reservatório onde
o deixam em repoiso afim de que
as matérias terrosas em suspensão
se depositem, fazendo passar a par-
te límpida contendo ácido bórico
para caldeiras onde se efectua à eva-
porização. As caldeiras são muito
numerosas; estão . dispostas como
que aos andares e são aquecidas
por meio de correntes de vapor |
aproveitado das próprias nascentes.
De resto, se a dissolução está mui-
tô concentrada fazem-a passar ainda.
a reservatórios especiais onde, pelo
resfriamento, o ácido bórico preci-
pita.
Filipe Il e a inquisição
Inumeráveis , » suspeitas de
«e Lutheró ha-
viam sido queimadas vivas pela Invivas pela In
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quisição; esperavam ainda trinta e
três em Valadolid pela execução da
mesma sentença. Neste comenos
chega Filipe II agu-la cidade, orde-
na que se proceda logo ão suplício
daqueles infelizes e assiste a êle
com grande cerimonial, com seu fi-
lho D. Carlos, sua irmã, seus cor-
tezãos. Ê
Dirige-se-lhe com sentidas vozes
uma das infelizes vítimas e diz-lhe:
— (Como podeis vós, Ó rei, ser tes-
temunha dos tormentos de vossos
súbditos? Tende antes compaixão
de nós,» e salvai-nos desta morte
cruel que não merecemos!…
—Eu, salvar-vos ! responde-lhes o
compassivo monarca; levaria eu pró-
prio a lenha às costas para que meu
filho fôsse queimado, se tão culpado
houvesse sido como vós!…
E plácido e impassível, só dali
saíu depois de reduzidos a cinzas os
corpos de tantos desgraçados!…
Razão porque os reis de
Portugal não punham
a corôa na cabeça.
Desde o reinado de D. João IV,
os reis de Portugal não punham a
corôa na cabeça nos actos públicos,
como faziam até então.
A razão era esta:
Desde o assento das côrtes de
1640, lavrado aos 25 do mês de
Março, em que el-rei D. João IV
tomou a Nossa Senhora da Concei-
ção por padroeira do reino, em acto
de reverência e como piedosa abdi-
cação, nem êle nem os seus suces-
sores tornaram a pôr a corôa na ca-
beça, consignando-a como insígnia
que pertencia à Sanússima Padroei-
ra que tinham elegido para.o seu
reino.
Ultimamente o rei, nos actos pú-
blicos de exercício magestático, ti-.
nha sempre a corôa ao lado, sôbre
almofada, e só tomava O sceptro.
Pode o coração da mulher
— amar duas
“vezes verdadeiramente?
– Uma revista estrangeira apresen-
tou, certo dia, as suas leitoras esta
pergunta indiscreta: Pode o cora-
ção da mulher amar duas vezes ver-
dadeiramente?
As respostas foram variadíssimas.
“Vejâmos algumas das mais inte-
ressantes.
-—Não há senão um amor: o pri-
meiro. O resto tudo é falso.
—Podemos amar duas vezes. Mas
só uma vez amâmos verdadeiramen-
te.
—Ama-se duas e mais vezes; e
sempre verdadeiramente.
— O nosso coração, depois de ter
conhecido êsse grande e sublime
sentimento, não pode resignar-se a
viver apenas de recordações,
— O primeiro amor é fogo de pa-
lha. O segundo de lenha.
—Sim, podemos amar duas ve-
zes. Da primeira amâmos como lou-
– cas; da segunda, como desiludidas.
Mais valeria nunca ter amado!
—Amar duas vezes?… Que exi-
gência ! Somos nós capazes de amar,
verdadeiramente, uma só vez se-
quer ?
“—O emblema do amor é uma
criança travêssa, com as azas aber-
tas. Quer isso dizer que o amor de-
ve voar, andar de coração ém cora-
cao No x
“= O primeiro amor é infinito e
enche toda a vida. Depois podemos
querer muito, muitíssimo, verdadei-
ramente. Mas não… tanto!
—Sim, a mulher pode amar mais
duma vez. Ao inverno do desenga-
no quasi sempre sucede à primave-
ra da esperança…
De Sofie-Arnould :
A mulher é uma criança cresci-
da, que se distrai com brinquedos,
se embriaga com lisonjas e se se-
duz com promessas.
ECO DA)
–
Eu gosto muito de fumar.
Em momentos atribiliários, quan-
do todo o meu ser vibra doentia-
mente, aos embates terríveis da ne-
vróse que me devora, apraz-me
imenso reclinar-me e, voluptuosa-
mente, languidamente, a grandes
baforadas, encher de fumo de taba-
co a atmosfera morna do meu quar-
to. O fumar constitue um – vício de-
testável—direis vós, meus carissi-
mos maralistas.
Oh! bem o sei.
“Mas que coisa haverá no mundo
que não seja detestável?
E vós que fazeis excelentes diges-
tões, que tendes o sistema nervoso
num equilíbrio inalterável—ó impá-
vidas criaturas que viveis uma vida
pautada, regrada, metódica, isócro-
na como um pêndulo cronométrico,
—vós sabeis lá bem o quanto o fu-
mo oferece de reguintadamente vo-
luptuoso para os temperamentos
mórbidos como o meu!
Eu no fumo não vejo, tão só uma
distracção mais ou menos agradável,
um passatempo mais ou menos de-
leitoso. Fumando, vivo, porque to-
da a vida humana não é mais do
que o fumo.
E assim, toda a vida do homem
se resume num cigarro, a arder, en-
talado nos lábios esfingicos do Des-
tino. Nas nuvens de fumo que sé
elevam no ar, em caprichosos ara-
bescos, e qué em breve se rarefa-
zem e se evolam a distância, vejo
bem—ó alada fantasia!–todos os
estadios da curta vida do homem.
Primeiro, os castelos fantásticos
da ilusão: que a juventude alevanta
confiadamente : esperanças de ven-
tura, de amor, de glória; sonhos
que teem a brancura lactea de ala-
– bastros, fantasias que teem a graça
alada duma mariposa.
Depois, os palácios aéreos da
Utopia que a Ideia cria na mente
encandescida do homem imaginoso;
o Ideal altíssimo, mas imponderável
é vago como um sonho.
E por fim, as nuvens de fumo ra-
refazem-se, e sonhos, paixões, es-
peranças, tudo se evola a distância
na atmosfera morna—no abismo in-
sondável dum túmulo.
O” vida humana! que és tu mais
do que fumo?
Fumo-—-pó, terra, cinza…
Por isso eu gosto tanto de fumar.
A. Jorge.
As mulheres cosvestidos
Diz um escritor curioso que se
podem conhecer as mulheres pelo
feitio e côr dos vestidos.
Às que o usam apertado, são ava-
rentas;—largo, casquilhas e pródi-
gas;-—muito curto, apaixonadas pe-
los bailes;—comprido e asseado,
ricas e elegantes ;—curto e sujo des-
mazeladas ;–despresado, preguiço-
sas ;—sempre novo temíveis; sem-
pre velho, renunciaram ao amor ;—
de côres claras, muito alegres;—de
côres escuras, timoratas e pruden-
tes;—as que usam vestido afogado,
são modestas ;–muito decotados são
formosas ;-—as que o levantam quan-.
do chove teem com certesa pernas
e pés bonitos.
Grémio Certaginense
A comissão construtora do edifi-
cio para o Grémio Certaginense e
Teatro, comunica a todas as pes-
soas que se dignaram concorrer pa-
ra essa construção, que está con-
cluida, e que se, fará entrega do
referido edifício social à Direcção
do Grémio em sessão solene que
terá lugar no dia 25 do presente
mês de Julho pelas 13 horas, na
sala de espectaculos do “Teatro.
A comissão agradece desde já a
todos os senhores subscritores que
tiverem a extrema. amabilidade de
honrarem êste acto com a sua pre-
Sença. me ?
O Presidente da Comissão
“Domingos Tasso de Figueiredo
*
BEIRA
AGRICULTURA
Como se conhecem as terras
São curiosas as seguintes obser-
vações que encontramos em uma be-
la revista agrícola estrangeira sôbre
o modo de conhecer as qualidades
dos terrenos:
Pelo tacto-— Voma-se uma porção
de terra na mão. E” dura? E” áspe-
ra? Contêm mais ou menos areia.
E’ suave, dócil? Contêm pouca. E’
oleosa? Possui argila. O terreno
arenoso é fácil de lavrar em todo o
tempo; sucede o contrário se é argi-
loso.
Pelo our:do— Coloca-se uma por-
ção de terra entre os dentes ou es-
tende-se sôbre um prato; se produ-
-zir uma espécie de crepitação é are-
nosa.
Pelo cheiro—A argila tem cheiro
particular: se ao cheirar uma por-
ção de terra se perceber odor, é si-
nal de que o terreno a contêm. A
ausência do cheiro é sinal de que o
terreno é arenoso ou caliço.
Pela vista-Se ao trabalhar as
terras em dias húmidos ela aderir
ao arado nos dentes do rastro, é por-
que o terreno é argiloso; quanto
menos aderenté fôr mais areia, cal
e humus contêm.
Se a porção de terra que o arado
volta não se desfaz, o solo é com-
pacto e forte, ou seja argiloso; se
se desfizer é calcáreo. .
Se as águas se estancam, é argi-
loso e é preciso erear-se; se, pelo
contrário, não detêm a água que se
filtra, é pouco” argiloso e contêm
bastante gêsso e cal. O terreno é
branco? Contêm cal e gêsso. E” ama-
relo? Contêm ferro, argila e cal. E’
enegrado? Possui bastante humus.
Fazendo ferver em água uma’quan–
tidade de terra, se o líquido tomar
uma côr amarelo-escura, é sinal de
que contêm humus.
Se se impregnar uma pouca de
terra em vinagre e produzir uma es-
pécie de fervura, a terra contêm cal,
No caso contrário há ausência de cal.
Método de secar os legumes
para o inverno
O método de secar os legmes pa-
ra as provisões de inverno deve ser
conhecido, tanto mais que para o
fim da estação êles são muito raros
e muito caros. Conhecemos vários
processos para obtermos êsse fim, e
entre êles vamos apresentar o se-
guinte :
Os legumes descascados são lan-
çados em água a ferver. Passadoscin-
co ou seis minutos lançam-se em um
passador ; para os esfriar rápidamen-
te deita-se-lhes por cima uma pouca
de água fria. Depois da água ter es-
corrido bem, espalham-se sôbre fôlhas
de papel onde se conservam até se-
carem bem, ou se levam ao forno.
Isto feito, devem-se guardar em pe-
quenos sacos de papel.
As cenouras, os rábanos e as cou-
ves-flôres conservam-se do mesmo
modo.
Se a temperatura do forno fôr de
35º a 40º, os legumes devem lá es-
tar por espaço de 24 horas,
Os legumes assim secos perdem
três quartos do seu pêso;-porêm no
«acto de os cosinharem, tornam a to-
mar a sua primeira grandeza, e O
sabor é absolutamente o mesmo dos
legumes frescos.
Aplicação do tanino aos vinhos
O tanino é um corpo indispensá-
vel a boa constinição dum vinho.
Como ácido contribui para a conser-
vação do líquido, alêm disso com-
bina-se com as matérias azotadas
contidas em excesso nos vinhos é
arrasta-as para as lias ou bôrras,
produzindo uma defecção favorável,
porque estas matérias poderiam ori-
ginar fermentações secundárias,
Quando o vinho fôr pobre neste ele-
mento, é portanto preciso ajuntar-lho.
Em geral são os vinhos brancos
os que mais precisam de tanino,
porque êle existe nas graínhas e nos
engaços, e no fabrico do vinho de
bica aberta pouco tanino é arrasta-
do. E” por isso que estes vinhos cus-
tam. mais a limpar e às vezes são
atacados pelos gérmens da gordura,
Como em geral os vinhos brancos
precisam de fermentar separadamen-
te dos engaços e bagulha, é preciso
acrescentar-lhe o tanino artificial-
mente.
Um dos meios a que se pode re-
correr é acrescentar ao môsto. 500
gramas de graínhas por 100 litros,
os quais, contendo 4 a Gp. c. de ta-.
nino, o vão cedendo ao môsto em
fermentação, a pouco e polico. E!
preciso que as graínhas estejam in-
teiras, porque, se estiverem esma-
gadas, comunicam ao vinho um “sa-
bor espec al muito desagradável.
Quando se não queira empregar
as grainhas, pode-se recorrer ao-ta-
nino da indústria, que deve ser pu-
rissimo e que se deve dissolver -no
alcool ou aguardente e deitá-lo no
balseiro quando estiver em fermen-
tação activa.
Os vinhos tintos raras vezes ca-
recem de tanino, podendo sempre
aumentar-se a proporção dêste cor-
po, prolongando o trabalho da fei-
toria.
A análise quimica pode, porêm,
indicar quando êste elemento não
existe ou existe em quantidade in-
suficiente. sa à PEA ad
“Sempre que se faça uma colagem,
é indispensável fazê-la acompanhar
dum adicionamento de tanino na pro-
porção de 10 gramas para 100 litros
de vinho.
ANUNCIOS |
CARREIRA DE AUTOMOVEL
No dia 18 de Maio começou a
carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo e de Paialvo
a Figueiró dos Vinhos. Começou a
fazer carreira a 10 de Maio, de
Paialvo á Certãe vice-versa. |
Parte o automovel de ‘ Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras ás 16
horas para Paialvo,
Parte de Paialvo todas as quartas
feiras e sabados depois do comboio
‘correio em direcção a Certã saindo
dali ás 15 horas novamente para
“Paialvo. De Paialvo. parte para Fi-
gueiró dos Vinhos ás quintas feiras
e domingos depois do comboio
correio. Preços resumidos.
Lemos, Pedro, Santos & GC.
Lastanheiro ,do Japão
O unico que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem produzido nos
nossos soutos, é castanheiro do
Japão.
O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
lo americano tem oferecido no
caso da doença da antiga videi-
ra cujas vantagens são já bem
conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não só ao norte do
nosso pais mas principalmente
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-
ros do Japão, dando. um rendi-
mento magnifico.
O castanheiro japonez acha-
se à venda em casa de Manuel
Rodrigues, Pedrogam Grande.
PROFESSOR DE INGLES
Lecciona. Traduções de inglês,
francês e espanhol.
GUARDA-LIVROS
Escrituração comercial e agrícola.
Correspondencia.
Trata-se com F. Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim,ardim,
@@@ 4 @@@
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Açua da Foz da Certá :
– A Água minero-medicinal da Foz da Certã apresenta uma composição
quimica que a distingue de todas as outras até hoje uzadas na terapeutica,
E” empregada com segura vantagem da Diabetes—Dispepsias — Catar-
ros gastricos, puiridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas: derinadas
das doenças infeciosas ;—na convalescença das febres graves; -—nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuberculosos, brighticos, etc.,-—no gastricismo ) dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.
Mostra a analise bateriologica que a “Agua da Foz da Certã, tal como
se encontra nas-garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura. não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies parogencas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.
A Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com |
q DEPOSITO GHRRAS
RUA DOS FANQUEIROS-—84—LISB Br
Telefone 2168
a
a