Eco da Beira nº10 18-10-1914

@@@ 1 @@@

 

SEMANARIO


ça

Numero 10

 

POLITICO

 

Assinaturas:

ANO 1b2o
SOMeSire, um me ros A DÕO

“> Brazil (moeda brazileira). .. 5%000

 

Anuncios, na 3.2 e 4.2 página 2 cen-
“tavos à linha ou espaço de linha

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1%

PROPRIEDADE DO CENTRO REPUBLI

comecar common

DIRECTOR — ABILIO MARÇAL

 

ANO DEMOCRATICO |5

| no
E
a

Publicação na Certã

 

Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

Composto e impresso na Tipografia Leiriensa

 

ARE

MOBILIZAÇÃO

 

Sôa neste momento, na pátria,

– portuguesa, o clarim de guerra!

As suas notas estridentes e entu-
siásticas esbatem-se pelas quebradas
dêste glorioso país e ecôam por to-

dos os vales, até aos mais remotos:

povoados, levando-lhes o clamor an-
gustioso do alarme!
Brada às armas o velho Portugal,

“chamando os seus filhos às fileiras

do exército.

Para honrarmos um compromis-
so, como escravos do nosso dever:
em prol da humanidade, como pio-
neiros da liberdade e da civilização :
em defêsa da nossa independência e
da nossa integridade territorial, co-
mo filhos briosos duma pátria livre
e gloriosa.

A República Portuguesa, que na
sessão memorável do Congresso, de
7 de Agosto, definiu nobre e honra-
damente a sua atitude perante o con-
flito, toma nêste momento posições
de guerra, nesta ingente confagra-
ção, que convulsiona o mundo intei-
ro.

tugueses terão dado o seu saudoso
adeus de despedida à sua querida
em marcha alegre para o quartel de
concentração, a tomarem a sua ar-
ma e a encherem a cartucheira com
os 120 cartuchos da ordenança !

Dentro de alguns meses êles es-
tarão a queimá-los, e outros e ou-
tros, na fronteira de França, aniqui-
lando o inimigo cumum, numa luta
aguerrida e incruenta, ao lado dos
valentes soldados belgas, dos fran-
ceses, dos ingleses, dos argelinos e
de tantos outros valentes combaten-
tes que de todo o universo teem
acorrido ao campo da peleja, con-
fraternizando entusiásticamente com
êsses herois, cobertos de glória na
defêsa da causa sacrosanta da liber-
dade, nessa luta redentora, feita de
abnegação e de heroismo, que será
a epopeia culminante da humanida-
del

Já nesses campos tremulcu a ban-
deira portuguesa, desfraldada em
batalhas memoráveis e conduzindo
à glória, através essas regiões, até
ao coração da Rússia, um punhado
de soldados, que, por seus feitos de
resistência, de sofrimento e de he-
roismo, fizeram a admiração do pri-
meiro cabo de guerra do mundo!

As suas côres variaram.

Afirmam hoje mais vivamente a
confiada esperança no resurgimento
da pátria e a virilidade dum povo
de indomável vontade e audaciosa
decisão.

Os braços que a conduzem, êsses
são os mesmos braços de ferro dos
soldados lusitanos que a desfralda-
ram por todas as paragens do mun-
do e que, para poderem desfraldá-la,
novos mundos descobriram.

Os corações que a seguem palpi-
tam em arcabouços, que não que-
rem posições de rectaguarda: o seu
lugar será nos postos de combate e
de perigo, afirmando gloriosamente
que são os valentes e destemidos
descendentes duma raça de herois

que assombrou o mundo, e o sub-

– meteu e dominou !

Em breves dias os soldados por- .

 

*

E correrá perigo a pátria portu-
guesa ?

Sem dúvida !

Não tenhâmos ilusões. Falemos
claro. e

Chegou a hora da provação.

Nos campos da batalha jogam-se
os nossos destinos com a mesma
crueldade e com o mesmo risco com

que se decidem os das outras na-:

ções em combate.

A nossa sorte é igual e comum.

Comum tem de ser o sofrimento
na mesma comunhão de luta.

No ajuste final da conflagração,
ou havemos de sofrer a desdita da
derrota, numa inevitável e angus-
tiosa aniquilação da nossa naciona-
lidade, ou havemos de comparecer
na hora final, como vencedores, pa-
ra ditarmos o engrandecimento da
nossa pátria, pelas compensações da
vitória, afirmando definitivamente a
nossa independência e consolidando
indestrutivelmente a República !

“O triunfo -da-Alemanha constitue..

para nós mais do que uma ameaça.

E’ um perigo. E mais pavoroso
para nós do que para as’ outras na-
ções !

Principiaria pela expoliação das
nossas colónias, que seria inevitá-
vel e certo seria a perda da nossa
autonomia.

Na hipótese mesmo cruel e tene-
brosa, nós viriamos a ser um pro-
tectorado da Alemanha.

Como desdita mais aviltante e por
desgraça mais certa e afrontosa, nós
ficariamos sendo para sempre uma
província de Hespanha.

A nossa bandeira seria o farrapo
de Castela. ;

Perderiamos o nome português :
seriamos a província lusitânia.

Os descendentes de Nun’Alva-
res seriam espanhois!

Teriamos, como princípio da fa-
talidade, duas taras de condenação —
sermos uma nação p-quena em ter-
ritório continental e um povo gran-
de mas petulante de aspirações li-
berais!

O cântico de vitória do império
dos kaizeres seria o dobre a finados
do velho e glorioso Portugal.

Indo, pois, combater no centro da
Europa, nós não vamos guardar as
fronteiras da França, mas defender
a integridade e a independência da
nossa pátria e êste património de
liberdade, que conquistamos em 5
de Outubro de 1gio.

Como filhos dessa conquista, é
ainda lá o nosso lugar, batalhando
pela causa da humanidade, contra
êsses monstros que são dela a ver-
gonha, decepando hediondamente
mãos de crianças, arrancando-as,
em iímpetos de feras, do peito das
mães para as espetarem nas suas
baionetas, violando mulheres, des-
pedaçando octogenários indefêsos
sobas patas dos corceis de guerra.

E’ preciso derrubar essas féras,
que não respeitam as cãs dum ve-
lho, que não teem para com as mu-
lheres o sentimento do pudor nem
culto de dignidade nem um momen-
to de ternura pela meiguice inocen-

Editor e administrador – ALBERTO RIBEIRO

vel cóis

dos.

 

qn

 

na rs E e es

te duma criança. ,
– Mães portuguesas, enviai vossos
filhos em socorro das desgraçadas
mães dessa generosa França e des-
sa pobre Bélgica.

No vosso beijo de despedida trans-
miti-lhe todo o entusiasmo e a ter-
nura da vossa alma ea fé patrióti-
ca que fará, no campo de Bacilha,
de cada soldado português um he-
roi!

A” guerra!

Pela pátria. Pela humanidade !

«safa
O jôgo |

Que se lucra no jôgo? Duas coi-
sas e não mais; mas na realidade
importantissimas, se fôssem verda-
deiras—dinheiro e convivência. São,
porêm, efectivas, proficuas?.

Plenamente o contrário.

Tal convivência não educa, vicia;
não deleita, atribula.

Se o coração aí despenasse má-
guas; se a inteligência aí recebesse
luz; se a conversa, se os afectos aí
cultivassem as mais delicadas flores
dos sentimentos, formosa e louvá-

 

dáver em putrefacção, refervem as
larvas pestilentes, fermentam no
ânimo as invejas, no sangue as ri-
xas.

Que de vezes o crime traça e en-
sanguenta a última scena dêsses
dramas, cujo epílogo fecha as gra-
des da enxovia ou o recinto do ce-
mitério ! E se, em algumas classes,
a polidez enverniza a superfície, não
esconde menos corruto o âmago,
não são menos nocivos os resulta-

Tambêm à superfície dos pânta-
nos mais largos ostenta a nifica a
corola perfumada.

Por onde deve acordar-se, que a
tal lucrada convivência melhor se
denominava parceria e cumplicida-
de na paixão perniciosa, do que ro-
da de amigos para diversão.

Conivência, sim, se bem a clas-
sificarem; convivência, não.

Exausto o pecúlio próprio, acaba-

“dos os recursos disponíveis, princi-

pia o jogador, se é casado, a cer-
cear o dote da mulher, a compro-
meter os haveres dos filhos; entra,
se é filho-família, a contrair dívidas
fabulosas, a aceitar letras fraudu-
lentas que lhe absorverão o patri-
mónio paterno; é finalmente, qual-
quer que seja o seu estado, não tre-
pida, extintos todos os meios, dian-
te de ser falsário e ladrão e até ás
vezes assassino.

Tudo sacrifica, a tudo pode ar-
rastar o pensamento do ganho, que
encerra o mais perigoso feitiço de
paixão tão funesta.

D. 4. À. de Gouveia.

Ainda, a propósito, transcreve-
mos uma

Quadra francesa célebre

encontrada um dia na casa de jôgo
de Frascati:

Il est trois portes à cete antre:
Lespoir, Pinfamie et la mort; .
C’est par la primiêre qu’on entre,
Et par les deux autres qu’on sort,

“o

&

era: mas aí, como no ca- |

 

LEIRIA

 

ER Rd x ES as

Vozes…

O DS— : :
Vozes desorientadas e lídimos pa-
triotas regougam por aí umas lamú-
rias num estrebuchar desordenado

– de quem começa a bater com a ca-

beça nas paredes. inca

Entendem as boas alminhas .que
não devemos ir para à guerra, que
não estamos preparados, que. é um
crime.

E vão inoculando no espírito pú-
blico êste vírus peçonhento das suas
pústulas reaccionárias.

Letrados geniais, jurisconsultos
da gêma, discutem e comentam e
criticam em lucubrações ; suculentas
os textos dos nossos tratados: de
aliança… que êles nunca leram!

E vão lançando a descrença e o
desânimo e-a perturbação nas al-
mas puras é ingénuás que ainda lhe
limpam a bába.

Vão resmungando até que seja
publicado o decreto de mobilização,
que, pondo o país em estado, de
guerra, lhe recolham a fala ao bu-
cho, para conservação da mimosa
pele. Sab!

Lá para êles não temos que ir
para a guerra. Os outros que lutém,

-que se batam, que se sacrifiquem .
“por lá, defende ja E

 

 

do uma causa que
é nossa, que é a integridade da nos-
sa pátria, a independência da nossa
nacionalidade, a conservação do
nosso património colonial.

—A Inglaterra pede o nosso au-
xílio ?

– E responder-lhe que não pode-

mos.

Que somos uma raça degenerada,
a escória da sociedade, a vergonha
da humanidade, sem brios nem pon-
donor, um montão de vermes apo-
-drecendo num charco de ignomi-
nia.

Uma raça vil que lançou no cano
“duma latrina, a memória dos seus
antepassados, a história brilhante
dum passado de glórias!

—(Que vamos nós lá, fazer, ros-
nam os patriotas ?!. A

Fóra da nossa pátria, defendendo
os outros?! Aa

Quando a Inglaterra mandou as
suas esquadras ao pôrto de: Lisboa
dar-nos o seu apôio moral: quando
ela veio a Aljubarrota ajudar-nos a
restaurar a nossa independência:
quando soldados ingleses vieram alí,
as linhas de Torres, morrendo e
combatendo a nosso-lado, a repelir
a invasão do inimigo, não sabia na-
da de contractos nem sabia como
se honram compromissos seculares
com brio e dignidade. É

Os patriotas de cá é que sabem!

Que se governem!

Amanhã se vencesse a Alemanha
seriamos riscados da carta do mun-
do: se triunfarem’ os aliados sere-
mos expropriados por necessidade
de igiene social. 4
“Aos patriotas pouco importa: ser
alemão ou turco, um protectorado
de Marrocos ou uma província de
Espanha ! 188

Com tanto que não sejâmos re-

 

– publicanos ! :

Os grandes filhos da pátria…

SAS so

—Regressou de Lisboa o sr. dr.
Abílio Marçal, director dêste sema-
nário, PR

 

 

2129)

 

PME OBUPY IS ZH |
PME OBUPY IS ZH |

 

@@@ 2 @@@

 

Em volta da guerra.

—pap—

Alemães e ingleses

Regressou ha pouco a Inglaterra
uma senhora ingleza, Mrs. Algernon
Taylor, que no princípio da guerra
se encontrava em Francfort onde ti-
nha ido levar um filho ao collegio.
Conta essa senhora a maneira cruel
e injusta como ali são tratados os
inglezes, pois os allemães ainda os
odeiam mais do que aos franceses.
Conta Mrs. Taylor que o comissá-
rio de polícia fez saber a todos os
alemães que prestavam um grande
serviço aa país denunciando a pre-
sença de qualquer estrangeiro. Em
virtude desta ordem, todos os ingle-
ses foram perseguidos e era vulgar
vêr no meio da rua um garoto sujo
e esfarrapado insultar e maltratar
um inglês, entregando-o em seguida
á polícia. es ;

Os homens ingleses foram na sua
quasi totalidade presos; às senhoras
foi dado & consentimento para fica-
rem nas suas habitações, com a pre-
venção de que seriam executadas,
no meio da rua, ao primeiro sinal
de desordem, ou á minima suspeita
contra elas.

A muito custo, conseguiu Mrs.
Algernon Taylor, juntamente com
mais algumas senhoras inglesas e
seus filhos, auctorização para saír
de Francfort, mas antes de partir
foi posta no meio da rua de noite,
por não ter pago adiantadamente as
mensalidades do colégio, embora o
rapaz não tivesse chegado a entrar,
por ter começado a guerra.

Os prisioneiros feitos pelos
alemães

O Corriére della Sera, de Roma,
informa. que os alemães, desde o
começo da guerra fizeram os seguin-
tes prisioneiros:

Franceses, oficiaes, 2.050 e sol-
dados 128.000; russos, 2.150 oficiais
“e 92.000 soldados; inglezes, 180 ofi-
ciais e 8.600 soldados, e belgas 470
oficiais e 30.800 soldados.

As despesas britânicas

Londres, 7.—A propósito Juma
nova emissão de bonus do tesouro,
o Daily Graphic observa que os
empréstimos feitos para a guerra
ja se elevam a 37.500.000 libras
sterlinas e que o governo pede ago-
ra mais 15 milhões de libras. A
guerra custa, pois, á Inglaterra en-
tre 4 e 5 milhões de libras sterlinas
por semana. O govêrno, em rasão
da abundância de dinheiro na City,

arranja-o com um juro inferior a

22 0.

Cada semana de guerra, pois, cus-
ta á Inglaterra obra de vinte dois
mil e quinhentos contos.

Pelo pouco!

Qual é a atitude de Victor
Manuel ?

* Damos a seguinte estranha noti-
cia, apenas a titulo de curiosidade:

«Dizem de Florença para a Suis-
sa que, segundo boatos muito insis-
tentes espalhados por toda a Italia,
parece que é sobretudo o rei que
põe: obstáculos á entrada em cam-
panha do seu país contra a Austria.

Dizem que se acha ligado pela
palavra de honra que deu nos tem-
pos da Triplice-Aliança e alega que
não pode, sem quebra de dignidade,
faltar a essa palavra.

Nestas condições fala-se numa
abdicação possível. O herdeiro do
trono, príncipe de Piemonte, nas-
cido a 15 de setembro de 1904; aca-
ba de fazer dez anos.

Seria, neste caso, provável que a
regência fosse confiada ao duque
d’Aosta. Ultimamente êste príncipe
esteve muito doente; mas já está
restabelecido e acaba de pedir um
comando no exército, o que parece
provar que não compartilha as idéas
do rei no actual conflito. E” tenen-
te-general e comandante do exérci-
to. Tem presentemente quarenta e
sete annos, isto é, a mesma edade
do rei».

Muita surpresa nos reserva a
guerra!

ximo dia 26.

 

 

 

 

ECO DA BEIRA.

Insónias dum bandido

O notável poeta Jean Richepin
escreve no Petit Journal:

«O imperador nem já dorme».

«Estavam todos fartos de saber
porque forma êle entretinha algu-
mas das suas noites em claro. Umas
vezes aparecia inopinadamente à
entrada das camaratas onde dor-
miam os restos cansados e dizima-
dos da sua guarda; e ai em postura
teatral, a única mão viva suspensa
da abotuadura do colete, procurava
dar-lhe, iludindo-se a si proprio, a
impressão de que era o Napoleão
moderno. Outras vezes corria aço-
dado dum extremo a outro da sua
Germânia, no tal comboio cujos dez
vagões, que dantes se apresentavam
feericamente pintados de branco e
azul claro, se vêem hoje, cobarde-
mente disfarçados com as côres da

“Cruz Vermelha. Cobardemente é o

termo exacto—por que logra assim
escapar ás bombas possíveis dos
aviadores, como se fôra um ferido
heroico, quando, bem vistas as coi-
sas, não passa dum execrável Bo-
not enfermo!»

O fim da guerra
Uma profecia

Um doutor que preside à Socie-
dade Astrológica norte americana,
fez algumas profecias com respeito
ao fim da guerra actual. Esse doutor
gosa de muito crédito, pois que
anunciou, antes dêsses factos ocor-
rerem, o assassinato do presidente
dos Estados Unidos, Mac-Kinley, o
terramoto de S. Francisco da Cai.
fórnia e o comêço da presente guer-
ra europeia.

Agora profetisou o seguinte: «De
7a 13 de Outubro; de 31 de Outu-
bro a 3 de Novembro, e do dia ro
a 23 de Novembro, haverá grandes
crises na marcha da guerra, e esta

«terminará antes de 31 de Dezembro.

Fez anos no dia 14 próximo pre-
térito, o nosso estimado amigo sr.
António Pedro da Silva Júnior,

abastado proprietário, de Sernache
do Bomjardim.

— Encontra-se gravemente doente
a sr.2 D. Maria Maximina Nunes da
Mata, do Bailão, a quem sincera-
mente desejâmos rápidas melhoras.

— Após alguns dias de demora na
sua importante casa, em Sernache
do Bomjardim, retirou para Lisboa,
na quinta feira última, o nosso de-
dicado amigo e rico proprietário sr.
João Nemésio da Silva.

—Faz anos hoje, dia 18, a ex.ma
sr.à D. Carolina da Silva Girão,
ilustre esposa do nosso presado
amigo e assinante sr. Libânio da
Silva Girão, importante capitalista,
de Sernache do Bomjardim.

— Tivemos o prazer de cumpri-
mentar o nosso particular amigo sr.
padre Joaquim “Tomás, meritissimo
Inspector do círculo escolar da Cer-
tã, no dia 12 último, em Sernache
do Bomjardim.

Colégio das Missões

O sr. Ministro da Instrução en-
carregou o sr. dr. José do Vale Ma-
tos Cid e dr. Abílio Marçal de ela-
borarem. com urgência a reforma do
Colégio das Missões, a qual deverá
em breve ser decretada.

*
x *

Estão quasi concluídos os traba-
lhos desta segunda época de exa-
mes, devendo as aulas abrir no pró-

*
* x

Regressaram já a Sernache os
professores srs. drs. Jaime da Silva
Pereira, Joaquim Correia Salguei-
ro e Manuel Antunes Amor. ;

x
: *o
Tomou já posse do seu lugar de

prefeito o sr. padre Cândido Tei-
XeIra.

 

 

 

LITERATURA

Na Feira da Ladra

(História de um piano)

A feira da ladra é o bric-á-brac
da miséria. E a ante-sala do esgô-
to. Um pouco para diante há o es-
trume; um pouco para trás a indi-
gência.

Cifra-se nisto—o farrapo útil.

Tudo, que tem só o valor indis-
pensável para ter algum, está na
feira da ladra.

Uma vez encontrei lá para vender
um dos meus inimigos mais ranco-

rosos—um piano. Era um velho pia-:

no-desmantelado, derreado, cachéti-
co. Só já tinha um pé; seguravam-
-no com barrotes, como as casas a
desmoronar-se. O seu teclado de
marfim, a que faltava a maior parte
das teclas, estava entreaberto, e pa-
recia rir, com o riso sinistro duma
caveira desdentada.

Confesso que tive uma compaixão
extraordinária, vendo aquele diabo
daquele piano, coxo, trôpego, des-
feito, à espera que um marceneiro
qualquer o levasse por um quarti-
nho, para o transformar num lava-
tório.

Cheguei-me aô pé dêle, e toquei-
-lhe numa das poucas teclas caria-
das, que ainda lhe restavam. Soltou
um grito rouco e doloroso, como
um doente a quem espremessem um
tumor.

—Doi-te ? perguntei-lhe eu.

— «Não imaginas! disse o pobre
diabo. São dores infernais». E co:
meçou a tossir, a tossir, uma tosse
cava, ferrugenta, despedaçadora.

— Coitado! murmurei eu. Tenho
pena de ti, velha carcassa musical,
e esta pena é tanto mais sincera e
verdadeira, quanto é certo que eu
dedico a minha melhor cólera e o
meu melhor ódio a todos os patifes
da tua raça miserável. Eu admiro a
música, desde a música das esferas
até à gaita de foles. Mas o piano!
oh, o piano começa por não ser um
instrumento; é um móvel. E” uma
espécie de cômoda para guardar val-
sas. Não foi inventado por Orfeu,
foi descoberto por um carpinteiro.
Diferença-se apenas duma secretá-
ria, em não servir para se escrever.
O piano é a harpa eólia dos brasi-
leiros ricos.

Eu creio que o piano, como um
grande número de descobertas mo-
dernas, tem uma origem muito mais
antiga do que se julga. Suponho que
deve datar do tempo dos Faraós, e
que foi a oitava praga, que, com a
dos gafanhotos, chegou ainda até ao
nosso tempo.

E coisa singular! como o destino
dos pianos se parece com o destino
do povo de Israel:

Tanto os pianos como os judeus
andam espalhados por toda a super-
fície do globo, errantes, sem patria,
cosmopolitas. Nem sei mesmo quais
são em maior número, se os pianos,
se os filhos de Abraão.

Seja como fôr, o que é verdade
é que o piano é uma descoberta de
que ainda se não tirou todo o parti-
do, e creio mesmo hade ser ainda
um objecto de utilidade incontestá-
vel, logo que esteja resolvido o pro-
blema da sua aplicação à tipografia.

«O piano chegará à sua grande
perfeição, e tornar-se-há até um ins-
trumento agradável quando, mexen-
do-lhe numa tecla, em vez de sair

“um dó, sair simplesmente um X ou

um F, ou qualquer outra letra do
alfabeto, desde o A até ao Z».

E, emquanto eu dizia isto, o po-
bre esqueleto de guilhotina com te-
clas gemia ainda um soluço mori-
bundo, que reboava compassivo e
melancólicamente.

E eu continuei.

—Não te aflijas, que isto não é
contigo, meu pobre inválido. Já não
tens voz: és como as serpentes a
quem tiraram o veneno. E’s uma
cascavel inofensiva. Olha, sabes que
mais ? Faze um esfôrço, e conta-me
em voz baixa, aqui ao ouvido, a his-
tória das tuas aventuras, que, no fim
de contas, devem ser realmente cu-
riosas. Quando estiveres cansado,

 

 

 

pára um momento para tomar a res-
piração.

Não tenho pressa. Anda, menino,

conta-me a tua vida, que a tua mor-
te dolorosa, essa heide contá-la eu,
para que sirva de exemplo ameaça-:
dor a dois jovens pianos desordei-
ros que eu tenho na minha visi-
nhança.
“O sonoro quadrúpede, com uma
voz de melodrama ventríloquo, co-
meçou então a narrar-me a seguinte
história:

— «Nasci há quarenta anos; antes
de nascer, eu era madeira num plá-
tano, marfim num eiefante e cobre
no seio das montanhas. Devo dizer-
te que em toda a minha existência
desafinada, a única música harmo-
niosa que ouvi, e de que tenho sau-
dades, foi a que cantaram os rou-
xinoes, quando eu era plátano, sô-
bre os meus ramos verdejantes.

«Fui feito por um marceneiro, e,
depois de envernizado, exposto à
venda, entre duzentos companheiros,
num armazem luxuosissimo.

Estavamos ali, como os escravos
num basar, à espera de comprador.
Os visitantes entravam, abriam-nos,
batiam-nos no peito para nos aus-
cultar, e depois de convencionado o
preço, lá iamos nós levados por qua-
tro mariolas para casa do outro que
nos tinha adquirido.»

Nisto o velho piano ficou um mo-
mento silencioso, exausto de forças.
Começou a tossir, a tossir, e dei-
tou um escarro vermelho que pare-
cia sangue; enganei-me, era ferru-
gem.

Passado um quarto de hora de
repouso,sgontinuou :

«Eu fui dos últimos a sair do ar-
mazem, Estive lá quatro anos; nin-
guem me comprava. Devo essa feli-
cidade excepcional a eu ter sido
sempre duma compleição muito de-
licada.

Mesmo em rapaz fui sempre dé-
bil, duma saude melindrosa, e com
disposição hereditária para as doen-
ças pulmonares.

«Nasci com tuberculos; foram-me
transmitidos em três ou quatro cor-
das, que me puzeram, e que já ti-
nham pertencido a um piano, que
lançava sangue pela bocca, é que
morrera duma tísica de laringe.

«Eu tinha, pois desde pequeno o
germen da doença, que mais tarde
me havia de reduzir a êste estado
lamentoso. Quando por acaso um
comprador me abria a boca parame
examinar, terminava sempre dizen-
do melancólicamente, e em voz bai-
xa, para que eu mé não afligisse:—
Coitado! está pronto!—E afastava-
se de mim, lançando-me um olhar
de misericordiosa simpatia.

«A minha saúde era tão frágil,
que qualquer arsinho me constipa-
va. O menor esfôrço de voz punha-
-me rouco durante quinze dias. Uma
vez, inda eu estava no armazêm,
apanhei uma bronquite, de que ia
morrendo, como Joven Lília aban
donada. Estive meio ano no hospi-
tal, tendo sempre um afinador à ca-
beceira.

«Um dia entrou na loja um con-
selheiro com sete filhas tão feias e
tão magras, que eu creio que foram
elas mesmas as que apareceram em
sonhos a José do Egipto para lhe
anunciar os sete anos de esterilida-
de. Quando as vi entrar, tive um
pressentimento diabólico, e deu-me
no peito uma pancada tão forte, que
me estalou um bordão. Foi a minha
desgraça. O conselheiro aproximou-
-se e interrogou o dono da loja a
meu respeito. Este disse-lhe que era
um piano um pouco doente, é ver-
dade, mas em compensação muito
barato, e que com o exercício, que
era o que me faltava, me havia de
tornar ainda um piano forte e vigo-
roso.

O conselheiro comprou-me, e lo-
go nessa mesma noite fui instalado
na sua saia de visitas.

(Continua)
Guerra Junqueiro.

O coração ingrato assemelha-se
a um deserto que bebe ávidamente
a chuva caída do céo e nada pro-
duz.

Salomão.omão.

 

@@@ 3 @@@

 

dinda a igreja do Colégio

O sr. padre Bernardo volta im-
pertinentemente a êste assunto, para
confessar as suas inexactidões e pa-
ra dizer nem eu sei o quê?

E não diz-mais, por ter atendido

às considerações sensatas dos ami-
gos. e
Pois nem tanto devia ter dito. Es-
sas considerações foram-lhe feitas,
com instância e insistência, muito a
tempo de êle prudentemente as ou-
vir. E’ agora que êle descobre os
melindres da sua e da minha situa-
ção! dd ia
Quando andou por ai, pelos po-
voados das freguesias, a incitar ho-
mens de boa fé, contra mim, insi-
nuando-lhe inexactidões, a situação
não tinha melindres.
Nem os tinha quando êle se de-

sentranhava em epístolas lamurien-

tas a amigos comuns e não comuns,
deturpando factos, para me mal-

quistar com êsses homens de bem.

Quando êle veio para a Certãen-
comendar artigos, iludindo pessoas
de boa fé, alterando a verdade é
torcendo os acontecimentos, e an-
dando “depois a fazer a propaganda
dêsse artigo, não tinha ainda visto
os melindres da situação.

Nem os viu quando veio para a
imprensa com a sua prosa de lavra
própria, atacar-me directa e pessoal-
mente, resistindo persistentemente
aos bons conselhos de amigos, para
só se enlevar nas perfídias, já bolo-
rentas, dum Pacheco qualquer, es-
pécie de conselheiro Acácio de pa-
cotilha. .

Só agora descobriu as conveniên-
cias da disciplina e a necessidade
do exemplo.

Agora é que reparou ter andado
a discutir, até contra lei expressa e
bem severa, os actos, bons ou maus,
da administração superior dum ins-
tituto em que é ou foi funcionário |…

Quando lhe doeu!…

Eu nunca o aviltei: repeli apenas
acusações inexactas e injúrias que
não merecia nem esperava, porque

o meu procedimento, desde sempre, |

neste e em todos os actos, se inspi-
rou e exerceu em termos de sincera
cordealidade.

A mágua que viesse a trazer-me o
desgôsto que me preanuncia não se-
ria maior do que aquele que me
causou.

O meu egoismo!

Que ironia!

Faltava mais êste encontrão.

O meu egoismo só dêle usei uma
vez—em seu favor!

E o sr. Bernardo ficou supondo
que era feitio meu! Não, não mais
o pratiquei: foi só uma vez, em seu
benefício.

Não o acusei de criminoso: con-
sidero-o apenas um inimigo irrecon-
ciliável da República.

Irreconciliável e perigoso.

Cada vez mais.

E agora deu-lhe para armar em
profeta prevendo coisas…

Não preveja nada. Uma conse-
quência legítima: cada um ng seu
lugar. Sem ódios nem perseguições.

E ponto!

VARIEDADES

Grandeza do mundo

 

 

 

No primeiro e segundo dia da
creação creou Deus o céo, a terra e
os elementos, e é certo em boa f-
losofia que não ficou nenhum vácuo
no mundo, tudo estava cheio. Com
isto ser assim, e parecer que não
havia já lugar para caber mais nada,
ao terceiro dia vieram as hervas, as
plantas e as árvores, e com serem
tantas em número, e tão grandes,
couberam todas. Ao quarto dia veio
o sol, e sendo aquele imenso plane-
ta cento e sessenta e seis vezes maior
que a terra, coube tambem o sol:
vieram no mesmo dia as estrelas,
tantas mil, e cada uma de tantas mil
léguas, e couberum as estrelas. Ao
quinto dia vieram as aves do ar, é
couberam as aves; vieram os peixes
ao mar, e com haver nêles tantos
monstros de disforme grandeza, cou-
beram os peixes. No sexto dia vie-

ram os animais, tantos e tão gran-

 

 

ECO DA BEIRA

des à terra, e couberam os animais:
finalmente veio o homem, é foi o
primeiro que começou a não caber!

Padre António Vieira.
*

Saúdade

A saúdade… que sentimento, e
que palavra! que doçura e fel ex-
prime! que suave melancolia e que

pungente desesperação revela! Não

haverá talvez na lingua humana pa:
lavra que melhor exprima asultimas
gotas de seiva que nutrem o cora-
ção arado pelos desenganos, e des-
crido da esperança em venturas dês-
te desterro! Nem para o desgraça-
do ha outra seiva que lhe faça abro-
lhar no coração a candida flor da
fé, palido reflexo do formoso jardim
de flores esperançosas, esfolhadas
pelos ventos tempestuosos das pai-
x0es. E” então a saúdade sublime
de mágoa; e, se a sua dôce irmã, a
carinhosa esperança, não enxugasse
as lágrimas do hornem, a vida seria
um lento agonisar, e a morte a con-
solação do ateu.

Ha, porêm, uma saúdade, estre-
mecida filha do céo, e embalada
comnosco no nosso berço de infan-
cia. Brincâmos com ela no colo de
nossas mães, ouvimos-lhe melodias,
que os anjos lhe emprestaram, bei-
jámo-la em nossos sonhos, temêmo-
la em nossos temores infantis, vie-
mos abraçados con ela até às por-
tas do mundo, e aí… perdemo-la,
chamámo-la em vão, e lamentamo-la
para sempre pvrdida.

Essa saúdade é a crença religiosa
que nos desceu ao coração filtrada
pelos lábios maternais. Dessa cren-
ça o que nos ficou foi a cruel certe-
za de estar quebrado o santo pris-
ma por onde a viamos; o que se
perdeu foi o ideal da singela fé com
que nossa mãe nos dourava as san-

tas aspirações a um mundo que não

era, que não podia ser este.

E o coração do mancebo, que se
sentou fatigado do mundo no longo
caminho da sua peregrinação, tem
instantes de enlevo, que o transpor-
tam ao tumulo dc sua mãe, pedin-
do-lhe palavras de conforto, halito
de vida para a fé em Cristo, que
sente morrer-lhe no espirito.

“Camilo C. Branco.

*

A saudade

E’ portanto a saudade uma mimo-
sa paixão daima, e por isso tão sub-
til, que equivocamente se experimen-
ta, deixando-nos indistinta a dôr da
Satisfação. E” um mal de que se gosta,
e um bem que se padece, quando
fenece, troca se a outro maior con-
tentamento, mas não que formal-
mente se extinga ; porque se sem me-
lhoria se acaba a saudade, é certo
que o amor e desejo se acabaram
primeiro. Não é assim com a pena;
porque quanto é maior a pena, tan-
to é maior a saudade, e nunca se
passa ao maior mal, antes rompe
pelos males; conforme sucede aos
rios impetuosos, conservarem o sa-
bor de suas águas muito espaço de-
pois de misturar-se com as ondas
do mar mais opulento. Pelo que di-
remos que a saudade é um suave
fumo do fogo de amor, e que do
próprio modo que a lenha odorife-
ra lança um vapor leve, alvo e chei-
roso, assim a saudade modesta e
regulada dá indícios dum amor fino,
easto e puro. Não necessita de lar-
ga ausencia; qualquer desvio lhe bas
ta para que se conheça. Assim pro-
va ser parte do natural apetite da
união de todas as coisas amáveis e
similhantes; ou ser aquela falta que
da divisão dessas tais coisas prece-
de.

* Dr. Francisco Manuel de Melo.

AGRICULTURA

Trabalhos de Outubro

Neste mês, nas hortas, semeiam-
se acelgas, agriões, aipo, alfaces
para inverno, azêdas, beterraba pa-
ra salada, cebolas, cenouras, chicó-
rias, couves, coentros, diversas ervi-

 

 

lhas, favas, nabos, rabanetes, salsa,
giesta, pinhões, tôjo, luzerna, trevo
e outros pastos.

Plantam-se- alcachofras e espar-
gos.

Está a chegar o tempo da colhei-
ta da azeitona, que deve ser feita à
mão, com escadas e não com varas,
porque estraga o fruto e arvore.

Nas vinhas, terminam as vindi-
mas ; começa a poda das cêpas clo-
róticas para aplicação do sulfato de
ferro em alta dose (50 por cento);
a poda geral só começará agora nos
lugares onde se temem gelos no in-
verno e frios intensos na primavéra;
e trata-se da abertura de vales ou

“revolvimento geral da terra para

plantação.

Nas matas, colhem-se sementes é
plantam-se, em qualquer parte, co-
niferas e outras arvores de folha-
gem permanente.

Nas fruteiras e pomares, termina
a colheita das peras e maçãs e faz-
se a das nozes e castanhas, já co-
meçada em Setembro. – Pode tam-
bêm começar a poda nas condições
apontadas para a vinha, e antecipar-
se a colheita da azeitona, para azei-
te fino, ou quando estiver gafada ou
muito atacada do bicho, a fim de.o
esmagar, antes de passar à fase de
insecto perfeito.

Abrem-se as covas para as plan-
tações de Novembro e Dezembro.
Plantam-se morangais. Nas colmeias
reúnem-se, sendo muito preciso, os
enxames fracos, e colhe-se a cêra e
mel nos que ficam vagos; reparam-
-se-lhes coberturas e abrigos e ven-
dem-se os enxames, nos cortiços

+
que nao convem conservar.

Uma aplicação dos limões

Por muito que se tenha repetido,
é sempre útil recordar que o limão
é preconizado para a cura do reu-
matisuio e da gota.

Deve-se empregar o sumo de li-
mões espremidos na ocasião mes-
mo. O sucesso é mais rápido nos
casos de gota aguda do que crónica
antiga.

Está calculado em cento e cin-
coenta a duzentos o número de li-
mões necessários para uma cura.
Póde-se porêm, modificar segundo
a exigência do estômago.

No primeiro dia toma-se o sumo
fresco de um limão: espremido ha
ocasião; no segundo dia, o de dois
limões ; no terceiro dia, o de qua-
tro limões, e assim por diante, indo
aumentando até ao décimo dia, em
que se absorve o sumo de vinte e
cinco limões; depois o- tratamento
vai decrescendo até ao vigéssimo
dia. .

Dêste modo tem-se feito curas
maravilhosas. Não se tem assinala-
do qualquer caso de desarranjo no
estômago, ao contrário, muitos es-
tômagos doentes teem-se curado
com o sumo de limões, tomado em
alta dóse.

Durante o tratamento deve-se abs-
ter de bebidas espirituosas, como
vinho, cerveja, etc.

E’ conveniente enxaguar a bôca
com uma dissolução de bicarbonato
de sóda, para evitar a deterioração
dos dentes, emquanto se faz uso do
sumo de limão.

Leite em pó

Eis em que consiste o processo,
denominado processo Just-Hatmaker
para reduzir o leite ao estado de
pó.

O leite natural chega frio sôbre
dois cilindros que giram em sentido
inverso um do outro. Os cilindros
estão separados por um intervalo
de 1 a 2 milimetros e são ôdcos,
podendo receber pelos seus eixos
um jacto de vapor dalta pressão
que eleva a sua surperfície inter-
na a uma temperatura de 120º gráus
centigrados.

O leite líquido, caindo em fórma
de chuva sôbre a superfície dos ci-
lindros sobre-aquecidos, não se põe,
como é natural, em contacto directo
com os cilindros em virtude da for-
mação duma camada de vapor in-
terposta entre o leite e as superfícies
cilíndricas (calefação).

O movimento de rotação dos ci-

lindros arrasta o leite para o inter-.

 

valo que os separa: sofrendo êste
uma compressão ao mesmo tempo
que a sua temperatura é subitamen-
te elevada a mais de-100º. Esta o-
peração séca imediatamente o. leite:
sem quefêle tenha tempo de ferver,
escapando-se rápidamente sob a fór-
ma de vapor a agua que ele encerra
emquanto que as matérias sólidas
são arrastadas pelo movimento de
rotação e ainda algo húmidas são
separadas das superfícies cilíndricas
por laminas colocadas superiormen-
te. EM

O leite cai então em fôlhas hú-
midas que sécam imediatamente ao
contacto do ar. A simples acção du-
ma peneira reduzirá as fôlhas secas
a um pó fino, homogéneo, esbran-
quiçado, do sabôr do leite. E eis tu-
do. Simples e rápido.

Como se usará o leite em pó

Mas mais simples e mais rápida
é a reconstituição do produto. Lan-
ça-se num vaso O esbranquiçado pó
e água nas proporções de 2 para 1,
aquece-se a mistura até 70º ou 80º
e eis leite excelente, fresco puro e
esterilizado!

Quer o leite desnatado, quer o
completo, quer a mistura dos dois
podem sofrer a operação. Cada apa-
relho trata 350. quilos de leite por
hora, dando 12 quilos e meio de pó
de leite completo. Do leite recons-
tituido pode fazer-se manteiga e
queijo.

Não é só sob o ponto de vista
higiénico, fornecendo o alimento
mais completo e o mais necessário
à espécie humana “sob uma fórma
que exclue todas as fraudes e evita
todos os perigos de contágio das
doenças pelo-leite natural, que o
processo Just-Hatmaker vem pro-
duzir uma verdadeira revolução ali-
mentar; é tambem sob o ponto de
vista agrícola.

Com efeito, fóra das proximida-
des dos grandes agrupamentos. hu-
manos é extremamente difícil a ven-
da do leite, havendo regiões onde a
sua extrema abundância e a sua di-
ficil colocação causam grandes em-
baraços e prejuízos.

O processo Just-Hatmaker resol-
ve esta crise agrícola, redusindo o
leite a um produto seco, de conser-
vação indefinida, de esterilização
perfeito e de transporte fácil. Pro-
dutor e consumidor, sem que o pre-
ço ordinário desta excelente subs-
tância alimentar sáia da média or-
dinária, são extremamente benefi-
ciados, contribuindo mutuamente pa-
ra que a indústria agrícola do leite
tome, dentro em breve, uma extraor-

-dinária expansão, E’ o que já está

realmente sucedendo. Apenas foram
conhecidas e confirmadas as precio-
sas qualidades e vantagens do pó
de leite, logo se multiplicaram as
instalações agrícolas para a sua pro-
dução. Ha pouco havia mais de cem,
distribuídas pelos Estados Unidos,
pela Argentina, pela Inglaterra, pe-
la França, pela Bélgica, pela Itália,
pela Rússia e pela Austrália. Todos
estes centros de produção tem ex-
portado para diferentes é número-
sos lugares o leite desecado em pó
ou comprimido em fôrmas. Essas
fôrmas podem tambem ser de leite e
chocolate ou de leite e café.

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quimica que a distingue de todás as outras até hoje uzadas na terapcutica.

E’ empregada com segura vantagem da Diabetes—Dispepsias— Catar:

ros gastricos, pulridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas

das doenças infeciosas;—na convalescença das febres graves; —nas atonisa

gastricas dos diabeticos, tuberculosos, brighticos, etc.—no gastricismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica que a Agua da Foz da Certã. tal como
se encontr: nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogeneas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida O B. Tifico, Difeterico e. Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com

vinho; DEPOSITO GERA
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Telefone 2165 | | 2165 | |