Campeão do Zezere nº3 15-02-1891

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TANNO
Redactores
Domingo, 15 de Fevereiro de 189]
Da. J. A. ve Sovro Branvão W
Da.PA MH. Flba Coxceição
ASSIGNATURAS
(Paga adiantada)
SEMANARIO INDEPENDENTE
E o
Bigesior
TO asa ep +. 48200
BUG UDNOS pranci s600
Frimestre ……. $300
Aumero) avulso……:* s030
Brazil . ais mis aa o QDO
Africo eco. 24000
Fóra de. Pedrogam acresce à
cobrança
Toda a correspondencia dirigida ao direetar- J, M. Grillo, || ||
CERTAÁ,
PEDROGAM GRANDE
AINDA OS
atuntecimentos
DO PORTO
Esqueceremos ainda, por
hoje, o tratar em artigo
editorial varias questões de
interesse local, afim de fa-
zer-mos algumas conside-
rações sobre os ultimos
acontecimentos do Porto.
Se o nosso programma se
apresentou com o fim pri-
mordual, de principalmente
advogar os interesses pura-
mente locaes, não pode-
mos, nem devemos, de for-
ma alguma, preterir factos
na actualidade de manifes-
ta palpitação, pois se pren-
dem com o bem ou mal es-
tar d’uma nacionalidade,
que nos foi berço, por ou-
tras de interesse meramen-
te particular, por se limi-
taaem apenas a uma pe-
quenissima parcella d’essa
nacionalidade. Nos primei-
ros momentos, quando por
todo o paiz se espalhou
com a velocidade, digamos
assim, do relampago, que
o Porto se sublevara, todos
os espiritos se alarmaram,
desde a mistra choupana
até à camara real. Nesta
pensou-se, se é dado pen-
gar em cirenmstancias taes,
no exilio e no abandono de
todas as regalias. que se
consubstanciam no chefe
supremo duma nação;
n’aquella, a misera chou-
pana, idealisou-se um fu-
turo auspicioso, radiante,
parecendo-lhe, que uma
alteração na fórma gover-
nativa, da monarchica para
a republicana, no caso sit
Pedragam Grande
Jonquim Martius Grílio
É Bedragom Grande
NUMERO 3
| Administrador
| Francisco Martins Grito
PUBLICAÇÕES
No corpo do jornal, linha BO rs.
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Repetições, » 20 »
Permanentes, preço convencional.
Os srs. assignantes tem o abatis
mento de 25 p. c.
Annunciam-se gratuitamente
obras de que se receba um exem
plar.
Os originaes recebidos não se devolvem quer sejam ou
| | não publicados, BC à IGAACÇAU ASBLHI UV GIUCUACI é
jeito, collocatia ‘o mendigo,
o proletario, emfim, todes
aquelles para quem a for-
tuna foi menos prodiga,
em condições de viverem
desafogadamente.
Ephemeras foram taes
idealisações da parte d’es-
tes, da mesma forma pas-
sageiros os sustos do chefe
da nação; todavia lamenta-
veis as consequencias dos
acontecimentos do Porto
para todos aquelles que,
pensada ou impensadamen-
te, lhes deram origem e
v’elles tomaram parte, ven-
do-se hoje, uns privados
de “aspirar a tepida. brisa
da liberdade, outros expa-
triados, fugidos, para evi-
tarem os rigores que as
leis repressivas preceituam
em taes conjuncturas.
São nossos irmãos, seria
uma crudelidade flagrante,
bestial até, o não mamifes-
tar-mes o nosso sentimento
profundo pelos que soffrem
agora, esses martyres, uns
do dever, (?) das convie-
ções outros, e, quem sabe.
se vietimas duma allucina-
ção, senão todos, ao menos
a maior parte.
E” cedo para fazermos
mais commentarios.
Callemo-nos; não agora-
vemos com, objurgatorias a
sorte desses infelizes, não
ixijamos para elles o fuzi-
lamento, o exilio prepetuo;
curyemo-nos reverentes pe-
rante essas duas divinda-
des que se mostram sem-
pre altaneiras—a Justiça e
a Misericordia— e aguar-
demós o seu veradictum.
do 6:
e eg —
Chegaram á Catalunha va-
rios emigrados portuguezes da
revolução do Porto.
Chromos
LIVRO DE CONTOS
DE
D, Mugóslros Martins de Carvalho
PREÇO 3500 REIS
Pedidos á anetora em Reguengos, ou ao editor, Jogs
quim Martins Grillo, na Certã.
Estada
Estiveram n’esta villa, os
nossos estimaveis assig-
nantes os srs. padre Miguel
Henriques Serrano, da Sa-
pateira, e Manoel Correia
de Carvalho, da Castanhei-
ra de Pera.
+
Policia correcional
espondeu no dia 6 do
corrente, em audiencia cor-
recional, noyPrbunal desta
Jomarca, fjum individuo
accusado, entre outros eri-
mes, de haver dado umas
pancadas n’um? creado do
sr. Domingos Correia de
Carvalho, acreditado indus-
trial da Castanheira de Pe-
ra.
Consta-nos que o meri-
tissimo Delegado fez uma
aceusação brilhante e cer-
rada.
O reu”nem sequer pou-
de provar o seu bom com-
portamento anterior.
For condemnado no ma-
ximo da pena,
Sei ã RB ——
Ferias
! .
Foi passar as ferias ao
Bôllo, o filho do nosso ami-
go o sr Antonio Joa-
quim Simões David, dignis-
sino escrivão de direito.
Desastre
No logar da Palheira,
freguesia da Castanheira,
d’este concelho, um indivi-
duo que dirigia um carro
de hois, conduzindo uma
pipa de vinho, foi victima,
d’um desastre. À pipa res-
valou do carro e cahiu so-
bre elle, fracturando -lhe
uma perna.
——— GRADE — —
Retirada
Retiraram desta villa,
para Meda os sr.” Anto-
nio de Souto Brandão e
Francisco Gomes de Bar-
ros, que, como já noticia-
mos. vieram passar alguns
dias a casa do nosso amigo
e collega n’esta redacção
o sr. dr. João Brandão,
DOER DCD Ore aaa mm
Fallecimento
Falleceu na sua quinta,
um tio do meretissimo Juiz
desta comarca.
Os nossos sentidos pesa-
mes a s. ex.*
e O CHDO m
Ferias
Esteve gozando as ferias
do carnaval entre nós, o
filho donosso presado assi-
gnante o sr. Manóel Cae-
tano, cm@@@ 1 @@@
“Elterstura
CARMEN
– Como era bonita a Carmen !
“Alta, elegante, olhos pretos
e languidos, labios vermelhos, e
«abellos negros e encaracolla-
dos. ;
Quando a vi teria 16 annos
e faria parte d’uma companhia
de saltimbancos.
Ninguem como ella saltava
para a corda vom mais ligeire-
“Sa, dançava com mais «salero»,
“pu sorria com mais graça.
VI co ernax proulgio q pequena
Mas um dia, quando ao som
das castanholas e dos pandei-
ros a Carmencita entoava uma
canção do seu paiz, empallide-
ceu subitamente, e a sua voz
momentos antes firme e nitida,
tornou-se tremula e hesitante.
O coração da gentil Lespa-
nhola tinha sido ferido pelos
olhares ardentes e paixonados,
que como settas aguçadas lhe
dirigia um formoso mancebo
descendente d’uma familia aris-
tocratica e orgulhosa.
– Desde aquella occasiio a po
– bre rapariga começou a va-
gueiar de terra em terra, atraz
dos saltimbancos, sempre silen-
ciosa e triste, sempre a pensar
no galante rapaz por quem se
apraixonara loucamente.
ax
> x»
Uma tarde a Carmencita pal-
lida e abatida entrou no circo €
principivu a dançar.
Após os primeiros passos a
infeliz dançarina, a quem a
phthisica, minava lentamente,
caiu extenuada, quasi morta !|
e vin?
commovido e ajoelhado a seus.
Quando voltou a si
pés o homem, ‘a quem entrega-
va O coração, teve uma satisfa-
ção indisivel.
E nos sens olhos negros co-
mo à aza duma andorinha bri-
lhou por um momento a cham-
ma phosphorecente da paixão,
que a matava. ;
Depois, descerrando os la-
bios, murmurou com voz fraca
mas d’uma doçura inínita. «Te
quiero mucho Juan» ! | dei-
xando cair a cabeça sobre o
peito, expirou !!
* Pobre Carmen!
Magdatena Martms de Carvalho.
— — seno e-—— ——
Garnaval
Foram passar os 3 dias
“lo carnaval ao Bóllo, os
nossos presados amigos 08
sr* Antonio Joaquim Si-
mões David e Alberto Eu-
genio de Carvalho Leitão e
guas ex.“º familias; e ás
varzeas os srs. José Diogo
de Lemos e Abilio Pereira |
“da Dilva:
CAMPEÃO DO ZEZERE
Collar de Yerotas
Hs Besta de Gbel Smibal
I
Tenho sonhos crueis: n’alma doente
sinto um vago receio prematuro.
Von a medo na aresta
embebido em saudades
do futuro,
do presente…
Saudades desta dor que em vão procuro
do peito afugentar bem rudemente,
devendo ao desmaiar sobre o poente,
cobri-m’o coração d’am veu escuro!…
Porque à dor. esta falta d’harmonia,
toda a luz desgrenhada que allumia
as almas doidamente, e o eeo d’agora,
sem ella o coração é quasi nada;
—um Sol onde expirasse a madrugada,
rorque é só madrugada quando chora,
11
Encentraste-me um dia no caminho
em procura de que, nem eu o sei.
-— Bom dia companheir
que a jornada é maior
E” longe, é muito longe, ha muito espinho! /
Paraste à repousar, eu
o, te sandei,
indo sosinha.

descancei…
Na venda cm que poisaste, onde poisei,
bebemos cada um do mesmo vinho.
E’ no monte escabrozo, solitario,
corta os pés como rocha d’um calvario,
e queima como areia!.
“Foi o entanto
que chorámos a dor de cada um
E o vinho em que choraste era commum;
tivemos que beber do mesmo pranto,
TA
Tez-nos bem, muito. bem. esta demora:
enrijou a coragem fatigada…
im
Eis os nossos bordões da caminhada,
vae já rompendo q sol:
vamos embora.
Este vinho mais virgem do que a aurora,
tão virgem não o temos na jornada…
fnshamos as cabagas
: pela estrada,
daqui mda este nectar
avigora!…
Cada um por seu Jado!…Eu vou sósinho,
ew quera avrostar só todo o caminho,
eu posso resistir à graude calmal…
Deixai-me chorar amuis
e beber mais,
perseguir doidamento os meus ideaes,
e ter fé e sonhar — encher a alma,
Coimbra
CAMARA MUNICIPAL
DE
Pedrogam Grande
de
Sessão ordinaria 29 de
Janciro de 1891.
Vereadores presentes:
Domingos alexandre, Joaquim
Thomaz da Silva, Manoel Hen-
riques de Carvalho e José Al-
ves Callado.
Faltou com metivo justificado
o presidente Ex.” Visconde
da Castanheira de Pera:
Foi presênte a seguinte cor-
respondencia:
1.º um cfficio da comissão
encarregada de proceder aos
estudos das tarifas dos cami-
nhos de ferro portuguezes, eu-| pes, alegando ter findado o
Camilo Pessanha
E ope pi
viando um questionário sobre
o assumpto e solicitando umas
respostas em breve prazo.
2º—Outro do Tribunal ad-
ministrativo de Leirin, recla-
lumentos devidos . áquelle Pri-
bunal pelo julgamento das con-
tas de 1889.
– 3º— Outro da Commissão
idistrictal de Leiria, exigindo
copia autentica das deliberações
tomadas nas sesões de 2, 88, 6
de novembro ultimo. Interrada
a Camara mandou que se or-
denasse o pagamento dos allu-
d’dys emolumentos e se envia-
sem as copias pedidas,
Foi presente o processo de
petição em que o professor
temporario Manoel Antonio Lo-
Í
30 de outubro e 6,13 e 20:
mando o pagamento dos “emo- |
49 que teve logar,
Jadiar a praça para
seu provimento, requer para
lhe” ser dada, a propridade da
cadeira. A Camara tendo pre-
viamente examinado o referido
processo, e tendo em vista o
que dispõe o 8 4º de artigo
30 da lei de 2 de maio de
1878, e instrucções de 8 de
agosto de 1881, resolveu de-
ferir-jhe concedendo-lhe o seu
provimento. vitalício na cadeira
de Villa Facaia e mandou-lhe
passar o competente diplema.
Nesta compareceu o m.Pº ad-
ministrador do