Campeão do Zezere nº18 31-05-1891

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FANNO

NMNogaciores
Pn Jo AÀ me / Sovro Braxnnão
AN SRA o BA SCEICÃAO

ATSIGNATURAS
(Paga adiantadaã)

EAA AA a LA N SAA ES 48
DISSICB LRA ex laA A A É
ANA LRcA d LRA Eo M AARArE) | º sso0
Numere aAvalso, cccc SO80
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TP CRÇÃO e T FA 2 2P AR0OO
Fóru de Podrogam arréses à
sobrança

Toda a correspondencia diríigida ao director=J. M: Grillo, ||. |

CERTÃ

PEDROGAM GRANDE

‘ TRIBUNAL DA OPINIÃO
PUBLICA

Visto ter subido ao Tribunal
da Relação de Lisboa o proves-
“ so em virtude do qual fomos
condemnados, obstemo-nos, por
emquanto, de fazer quaesquer
apreciações sobre us irregulari-
1 qhdes e flagrantes illegalidade
de que elle está eivado, o que
reservamos para depois, apel-
lando para o Tribuaal da Opi-
nião Publica. Vamos, porem,
hoje analysar o depvimento da
testemunha dr, Eduardo de
Magalhães testemunha presen-
cial do começo do conflieto—de
vista mas…sem vista.

Diz elle: dr. Eduardo À-

” Pereira de Magalhães Mello
e Campos, solteiro de 1«43» av-
nos de edade (isto em julho de
1890) ete. Que no dia 28 de
julho do corrente, seriam 9 ho-
ras da noute, pouce mais ou
mêénos, andava elle testemunha
no Lurgo da Deveza, d’esta
villa, passeando em compánhia
do mºoritissimo Juiz de Direito
d’esta! Comarea. — Que nessa
Oceasião «vios que estava; sen-
tado debaixo dos carvalhos um
individno, que elle testemunha
a principto não — conhecen por
estar mettido na sombra dos
mesmos carvalhos, nas que de-
pois levantando-se elle e deri-

“gindo-se para o lado do Calva-
rio conhecen «perfeitamente»
ser esse individuo o Julww Furi-
nha—Que «povwco tempo drpo-
is» appareceu vindo do lado do
Calvario, onde mora José Antu-
nes, soldado da guarda munici-
pal que se acha n’esta villa em

1 gozo de Ecença, o qual soldado
passando por elle testemunha e
«weritissimos Juiz se dergio
para o lado da Casa da Cama-
ra.

Que «ponco tempo , depois»
tornou a apparecer o já referi-
do Julio Farinha, o qual se poz
a passenr na Estrada Central
da Deveza—Que nesta ocea-
sião elle testemunha receando

ela maneirva como via andar o
ulio Farinha que houvesse al-

JJAn ÉTS

Domingo. 31 de. maio de 1891

1D2

gum conflicto pcnmnvidf) por
este, esteve prestes a refirar-se
d’aquelle logar com o mertis-
simo Juiz, sem mesmo a este
communicar as suas desconfian-
ças o que não fez por ver n’es-
sa occasião chegar ao local o
administrador do Concelho An-
tónio Conceição (dr. não) irmão
do referido Julio e «ver» que
o mesmo administrador chegan-
do proximo da quina da Ca-
deia, chamara pelo irmão, per-
guntando «se estava allivsconver-
sando com elleum bocado e
continuando os dois a passear
em companhia de um terceiro
que a elle testemunha lhe pa-
recau ser Francisco Pires Coelho
«viuvor desta, villa, julgando
então elle testemunha (isto en-
tão é o melhr) que achan’io:
se presente à auctoridade
administractiva nem um íreceio
haveria de qualquer conflicto —
Passado pouco tempo derigiu-se
para elle testemunha e para o
meritissimo Juiz o referido Ju-
lio . Farinha, que com modos
provocadores pedio lume ào
meritissimo Juiz dizendo-lhe—
dê ca lume—:que estelhe dera
v eharuto em que estava fuman-
do e que tornando-o n receber
quando ja com elle testemunha
Lia continuar o passeio, o mesmo
Julio Farinha principiou de o
inanltar, chamando-lhe canalha,

Que então o meritissimo Juiz
dizendo » elle testemunha que
prendesse o aggressor Julio
em quanto, elle Juiz 14 ch
mar o official de deligencias
d’este Juizo, Antonio da Silva
David, que mora alh proximo,
para vunde o mesmo dJúiz “se
deriginzacto continuo, chamando
pelo official—Que «immediata-
inente» e sem mesmo dar tem-
po à que elle testemunha «pn-
desse agarrar» o referido Julio
Faurinha correu sobre o meri-
tissime Juiz e se «deitou a el-
le».Que n’essa oceasião «corren-
dos elle testemunha para «acu-
dir» ao Juiz foi. abruptamente
detido pelo sdministrador do
voncelho Antonio da Concei-
ção (dr. ainda não) que lhe dei-
tou as mãos & gola do« casaco,
sendo ao mesmos tempo agarra-
do «pelas costas» pelo soldado
do guarda municipal José An-
tunes, de forma a paralisar-lhe

NDEPENDENTE

NUMERO 18

Administrador

FraxnciscoMantins Grucvo

i PUBLICAÇÕES

No corpo dojornal, linha 80 rs
Annuntci » 40 »
Repeticções, » 20v*

Permanentes, preco convencional
Os srs. assignantes tem o abati-
mento de 25,7». Ce

Annunceiam-se gratuitamente
obras de que se recebajum exem
Hdar.

: 1
Wrtrogam Graude

Os originaes recebidos não se devolvem quer sejamou

| não publicados, se a redacção assim.o entender.

os movimentos dos braços.—
Que dizendo elle testemunha
que queria ir acudir ao meritis-
simo Juiz e porisso qual era a
ragão porque o cagarravam»
o administrador lhe disse que
estava preso, gritando o guarda
municipal que cstava preso e

muito bem preso á ordem do

administrador—Que por mais
esforços, que elle testemunha f
z9850 para «acudir» ao Juiz, não
clhe foi possivel» porque v admi-
nistrador e o guarda municipal
o não largavam, lemitando-se
a dizer que estava preso «sem
dizer o motivo porquê».

Que apparecendo então Pru-
dencio Martins, d’esta. villa,
cagarrou um braço do adminis-
trador» , dizendo-lheeque deixas-
se a ejle testemunha, pois que
aquillo não era modo de pro-
ceder» entre collagas e patricios,
—Que logo elle testemunha,
«vendo-se livre», se derigira
«cimmediatamente» para & por-
ta do official David, onte «soº
punha» estar o — meretissimo
Juiz, mas não o vendo all1, ou-
vindo gritar a diffeventes «mu-
lheres» que acudissem lá baixo,
á quelha da Fonte, celle teste-

munkha se dirigio. «cor-
rendo» para Já, sendo nes.
45 necasito novamente/ «agar-

rado» e preso pelo administrador
do Concelho, estando ao pé
d’este o guarda municipal José
Antunes a quem se tem referi-
do. — «Que podentdo novamente
aoltar-se da mão do ” Adiminis-
trador, ceorreu»para « quelha da
Fonte, á entrada da qual encon-
trou já o meritissimo Juiz, sem
chapeu, queixundo-se a eile
teatomunha de que o refevido
Julio 6 havia maltratado e lhe
tinha «fúrtado uma bengala.»
Que vindo para cima a mãe
do official David, Margarida Ro-
sa—testemunha que está “para
depor —entregara o chapeu ao
meritissimo Juizo qual em com-
panhia — Q’elle / testemunha se
derigiram a casa do medico.
—Que em casa do medico. elle
testemunha vira que effoctiva-
mente o meritissimo Juiz tinha
differentes ferimentos, um dos
quaes no olho esquerdo, ou’ro
naftesta,tambem do lado esquer-
do e alguns

ultimo disse que é voz gerál

na cabeça—Por

n’esta villa, que o motivo da
aggressão feita ao meritissimo
Juiz foi o elle ter mandado
proceder contra o administrador
d’este Concelho–Antonio da
Conceição, (dr. tambem não)
por este ter faltado sem motivo
Justificado no dia 1.º do corren-
te mez no apuramento do Jury
criminal, não se attribuindo
nenhuma outra origem a este
clamenptavel» facto.
*

No proximo numero escalpe-
laremos este depoimento, que
é deveras interessante,

Temos a certeza de que. não
foi o dr. Eduardo de Magalhães
quem o redigio é creio que com
tal asserção lhe fazemos justiça.

Desafiamos o sr. dr. Eduardo

a sustentar o seu depoimento-

Cremos ver isso humanamente
impossivel. “ !

Tal depoimento não tem va-
lor nem moral nem juridico.—
E’ um mimigo pessoal que de-
põe negação da validade juridi-
ca. —Perguntado a edade men-
te porque disendo que em ju-
lho de 1890 tinha 43 annos
tal declaração fica destruida
por uma certidão de edade que
temos presente e que acusa o
sr. dr, Edunrdo de ter feito
45 annos em 12 d’Outubro
d’aquelle anno.

Proseguiremos no proximo nu-
mero.

(Continús)

Artigo de fundo
Por. absoluta falta de espaço
não publicamos hoje um artigo
de fundo / sobre a modificação
penal, 6 que faremos no pro-
xmo numero.

—— L DDA DSAA ZDA DDn ——
Festa do Corpus Christi

Teve logar no dia 28 a fes-
tividade do «Corpus Christis .

O dia apresentava-se bastan-
te chuveso porisso não * poude
sahir á rua à procissão.

Houve missa cantado a ser-
mão pregado pelo revd.º padre
Ántonio dos Santos C. e Castro.

Assistiu a Phylarmenica Pedroguense. )

 

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Iulgamento
IMPORTANTE

Crime de Lesa
MAGISTRATURA;

Não poderam demittir o ad-
ministrador do concelho, mas
conseguiram a prisão do guar-
da municipal.

Mas como? ” Mentindo, infor-
mando falsamente o Comman-
dante das Guardas municipaes,
Quem foi o instrumento imedia-
to de todas estas tropelias?

O bacharel Joãe Sousa—In-
clite commissario de policia
em Aveiro. celebre delegado
do Procurador Regio em Miran-
da do Douro, PedrogamGrande
e actualmente emíAldeia Galle-
ga.

(Faremos o panegirico d’esta
biliosa personalidade em secção
separada).

O conflicto em que se diz
ter tomado parte o guarda mu-
nicipal teve logar no dia 28 de
julho, pois no dia 30 é preso
por um official de diligencias
acompanhado de douis indivi-
duos herculeos pelo menos na
apparencia. O rapaz deu-se im-
mediatamente á prisão sem a
menor resistencia no entanto
perguntou ao delegado que
nessa occasião appareceu de-
traz d’uma parede, qual a razão
porque assim o prendiam; esta-
va convencido de que crime al-
gum tinha commettido; apresen-
tava a sua licença devidamente
vizada pela auctoridade admi-
nistrativa; emfim, achava tudo
extraordinario, mas… o dele-
gado dizia: são «ordes»…ordes
do sr. commandante das guar-
das municipaes — queria até
mostrar um telegramma em
que se dizia: prenda o soldado;
mas porque? repetimos.

Não o sabiamos n’essa occa-
sião mas hoje está averiguado
que das auctoridades judiciaes
d’esta comarceá foram dirigidos
telegrammas exigindo a prisão
do soldado José Antunes, pois
era um perigo o elle andar
em liberdade, porquê? pergun-
tamos ainda. Não sabemos, el-
les que o digam.

E, emfim, effectuou-se a pri-

CAMPEAO DO ZEZERE

são. Nella se counservou 15
dias spreso pelas auctoridades
judiciaes» sem ser em flagran-
te delicto e sem culpa formada,
mas tudo por ordem do com-
mandante das guardas munici-
paes de Lisboa que por menti-
das infomnações deu tal ordem.

Passados alguns dias depois
do soldado estar preso appare-
ceu nesta villa um sargento
do mesmo corpo para o condu-
zir. O administrador telegra-
phou ao general commandante
das guardas municipaes para
pôr o preso á sua disposição
para averiguações urgentes; O
pedido foi attendido e o sar-
gento retirou sesinho para Lis-
bos. O sr. general pondo o
preso á disposição do adminis-
trador por meioide telegramma,
confirmou em seguida tal or-
dem, officimido no mesmo sen-
tido, remettendo juntamente
uma guia para transporte d’el-
le no caminho de ferro e pe-
dindo dvo administrador abonas-
se ao soldado o dinheiro ne-
cessario para chegar á estação
onde devia entrar no comboio.

O «presu»r devia pois sair
d’aqui em plena liberdade co-
mo effectivamente sahiu.

(Continita.)
A AADO

Rogo aosr. Grillo o obse-
quio de, no proximo nume-
ro do Campeão do Zezere,
declarar se um artigo prin-
cipiado a publicar em o
N.º.16 do referido semana-
rio, sob o epigraphe:

JIULGAMENTO
IMPORTANTE

CRIME DE LEZA
Magistratura,

é por mim escripto ou a

pedido meu para aixi envia-

do.

Como sempre costumei
firmar com a minha assi-
gnatura o que escrevo, ou,
pelo menos, com as iniciaes
— . B.—, e paraque se não
Hulgue que abrimos agora
uma excepção para nos oc-

cultar por detraz do veo do
anonymo, é o motivo por-
que incommodamos o sr.
Crillo com o peúido que
acabamos de lhe fazer. Não
queremos enfeifar-nos com
as douradas pennas do pa-
vão. E não se julgue que
este nosso procedimente é
para dar satisfações a al-
guem, seja a quem for. Só
as costumamos dar como
cavalheiro, quando assim o
entendamos, assim como
tambem não temos o menor
rebuço em as pedir, ou exi-
gir em qualquer logar, tem-
po e occasião; mas aberta-
mente, lealmente, e não
acobertados com o veo do
anonymo como deixamos
dito. Fique-o sabendo d’ho-
je, para todo sempre, quem
isto ignorava.

Queira, pois, o sr. Grillo
satisfazer ao pedido que
lhe faz quem se assigna
seu

Amigo

João Antonto de S. Brandão

Não temos a menor

so collega nesta redacção, o
sr. dr. Brandão.

Os artigos publicados n’esta
folha, sob a epigraphe «Julga-
mento inportante, Crime de le-
za magistratura», a que s. ex.º
allude, não devem a paternid.de
& sua ex.º, nem foram publica-
dos a seu pedido.

São devidos À pena de um
outro redactor do «Campeão do
Zezere», que, se osnão assi-
gnou, é tulvez por um lapso,
ou melindre natural, mas nun-
ca para se oceultar cobarde-
mente nas sombras do anony-
mo.

Satisfazendo no justificavel
pedido do nosso amigo e colle-
£ga, o sÉr. dr. Brandão, desva-
necemos, tambem, as suspeitas
menos dignas para o auctor de
taes artigos, que a leitura da

duvida |
em satisfazer o pedido do nos- |

carta acima , publicada, possa

sugerir.
UVomo morabnente as redac-
ções são solidurias nas res-

ponsabilidades, ainda que cri-
minalmente só o reja o auctor
dos artigos, não duvidamos, co-
mo director d’este semanario,
perfilhar os artigos em questão,
publicados e a públicar, ainda
que d’vutra origem, se assim
for mister.

1Isto não qúuer dizer que pre-
tendenmos adurnar-nos com lou-

ros alheios, ganhos por pena

mais auctorisada e brilhante,mas
sim que os artigos inseridos
n’esta folha, teem sempre um
rédactor que os perfilha e toma
a sua responsabilidade, porque
todos traduzirão o modo de ver
da redaeção e satisfarão à sua
divisa—verdade e justica.

J. M. Grillo.
LNECEIOSS SS

À redacção d’este semanario
agradece .as amaveis phrases
que lhe dirige a sr.º Polonia
de — Pimentel, pseudonimo com
que se acoberta um reporter
espirituosissimo. Felicitamo-nos
com a sua collaboração e oxa-
lá o rheumatico não obste a que

continue.
À Redacção.
— —— emA —
“ Sahida

Para Leiria: sahivem via-
gem de recreio o:nosso presa-
do assienante o sr.: Alfredo
Correia d’Azevedo acompanha-
do de sua ex.”* esposa

EE SEA E ESA AN RA o HAS buãos
Mixnistro do Brazil
O novo, ministro do: Bra-
zil vae habitar o palacio da

viuva Cayres na caleada da
Estrella.

Condessa da Macedo

À sr.º condeasa de Mace-
do, foi agraciada pelo sul-
tão da Turquia com a ban-
da da ordem de Cheftaka.

FOLHETIM

%ilber;a

«E’ impossivel viver n’este
mundo, que tu abandonaste e
aonde tudo me recordaa mi-
nha telicidade d’outr’ora.

« E fomos tão felizes, Jorge!
Mas essa ventura era immensa
e por isso não podia durar mui-
to! f

«A fatalidade, que em todos
os actos da suimha vida se tem
manifestado cruel e barbaramen-

te, não consentiu que eu fosse
tua esposa.

«Pode o algoz ter um soirri-
so de compaixão para à victi-
ma, que vae estrangular?

«Oh! não pode, não!

«E quando um riso alvar,
estupido e mau, lhe atravessa
a fronte medonha e impassivel,
é quando se recorda que tem
um condemnado para supplici-
ar!

é S0A E SNS SEA D 6 aA a S ANA AERS

«E’ assim a fatalidade!…

«Essa sombra implacavel que
desde a infancia me escuúrece o
coração e a4 alma.

«Timha apenas D annos quan-

do “morreram meus paes»,
«Uma visinha recolheu-me em
sua casa, gonde fui tractada
com o maximo carinho e desvelo.
«Uma tarde estando encus-
tada á janella do meu quarto,
vi Jorge que passava . pela
rua, fitando-me ternamente.
«Dias depois apresentou-se
em casa da minha protectora
«ollicitando-me para sua esposa.
«Combinou-se o casamento:
, <Na vespera do dia em que
deviam ter logar &s nossas no-
Pejas, um immenso temporal
fez virar um barco no qual vi-
nha um velho pescador muito
estimado por todos os habitan-
tes da aldeia.

«Ninguem queria arríscar a
vida para salvar à do pobre
hkomem.

Jorge, que era corajoso e
nobre, atirou-se á agua, e con-
seguiu arrancar o naufrato 4
morte, à que succumbiria irre-
mediavelmente, se não fosse
o seu poderoso, auxilio.

«Mas quando nadava para
terra, uma vaga immensao o ar-
rebatou e fez desaparecer.

(Continúa.)

Magdalena. Martins de Carvalho.

 

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tma a

GCORRESPONDENCIA

A o A Rs S taa A o aaa o a

Srs. redúctores:

Lolonia de Piwentel, auo,
outr’ora, em mnomentos rou-
bados á sua efaina» de fázor
Inacarocas, cabiscava para a let-
tra redonda; não tem boje for-

gas para segnrar uma gata pe-

la eauda, ainda assim vãe com
difculdade mover o penna paraá
suudar, ainda que tarde, a bri-
lhante apparição do «Campeãà
do Zezeres, is in-
Tusiastica de alegria do que a
deos, povos dos , confins do, norte
o verem despontar a suspirada
aurora boreal. — o

Receba, puis, a illustrada re-
dacção do «Compeão» esta san-
dação humilde mas sincera da
pobre, velha,. que .se offerece
“para uma;vez ou outra dar aos
amaveis lsitores do já bem con-
Jceituado semanario, qualquer no-
ticin embora, muitas vezes, dis-
tindida do interesse local mar
cadono seu programma.

Como mulher «d’algum dia»
presto Culto ás autiguidades, e
a coévas tradicções, que me fa-
rá rabiscar (se o remmatico me
não atacar) «sobre velharias»,
e d’isto vou dar tima pequena
emostrar em relação á nobre
villa de Pedrogam, berço do
«Campeão».

Vou reproduzir uma lenda
contada. pelo meu visinho Ma-
noel Mendes Camão, (homem
«entendido») n’uma d’essas lon-
gas noites de inverno, junto no
lar, onde erepitava uma boa fo-
guéira de troncos de azinhei-
a

E’ o meu venerando visinho
Camão, octagenario respeitavel,
que tem a «palabra», por isso
pesso attenção e vespeito.

«O que vou «narvaro passou-
se ha não sei quantos seculos;
o meu trigessimo quarto avô,
segundo berrava a fama, não
era «nephelibata» mas, em com-
pensação um bello caçador de
lebres, por isso muito estimado
d’um ou dois reis successores
do sr. D. Affonso o 3.º que deu
foral 4 villa de Pedrogam Gran-
de, fundada pelos Petronios Ro-
manos, villa: que tinha por ar-
mas uma soberba aguia, sim-
bolo do imperio; villa firalmen.
te que foi arruinada por gner
ras velhas, e 1inais tavde po-
voada – por D. Affonso Henri-
ques, que nunca vi mais gordo.

Tinha então a villa e seus
suburvbios 200 fontes de crista-
Tinas aguas, é muita caça nos
matagaes e brejos vísinhos, o
que deu na dtelha» aàos ys.
reis o mandarem ali construir
vma ceasa de recreação, Onde
Yinham de Coimbra, então côr-
te nós nossos inonarchas, assis-
tirem a varias montarias.

Meu avô, já dito, era ali cha-
mado como distineto caçador,
distineção que tinha conqnuista-
do nas visinhaúças da Torncira
(solar d’um amigo meu) dando
Rum só dia à morte com a sua
«escopeta de pederneira», a

andação mal

CAMPEÃO DO ZEZERE

293 lebroa,955, perdizes e 92 tor-
dos, não fdlando n’um porco
bravo, e n’uma loba que havia
poueso tempo devorára um ho-
mom no logar d. Adega, dei-
xando-lhe apenas 05 pês dentro
encontradas por um
fulano Balandrau, de Pedrogam,
n’um pinhal, onde hoje existe
a capella de S. Vicente.

N esso dia, de tanta victoria
«venatoria»r para 0 men triges
simo quarto avó, «lancharam os
monteiros» à um quarto de Jle-
gua da villa, nã escarpada mon-
tanha, junto ao convento de N.
Sr.tla ILuz, dos frades dominia-
cos, dando-se então ali um fa-
cto de grande espanto-—Uma
moçola, loura como uma ladre
Iondrina, e com olhos seductores
proprios para imagnitisar um
S. Erancisco de Salles, foi
ali de mandado d’um senhor
de Pedrogam levar ao padre
guardião um cantaro de barro
cheio d’ovos de pata. DPor um
acaso meu avô tocou no can-
taro .com o canno da escopeta,
e lá vae elle (cantaro) de galão
em galão pela ladeira, parando
somente no Zezere, onde foi
encontrado tudo intacto!!! Meu
avô «catrapiscou» À loura, po-
dindo-lhe tmil desculpas, fican-
do desde logo namorados. Cou-
sas d’este mundo,

O Vivente (assim se chama-
va meu avô trigessimo. quarto)
foi ali apresentado ao Conde
do Redondo, senhor da vlila de
Pedrogam, ao Conde de Cas-
tello Melhor, senhor da Torre
dos Vasconcelios de Figueiró
dos Vishos, e à D. João Sipon-
tino, Venutel d’aquella. epoca,
quero dizer nuncio apostolico.

Este conhecimento, pois guin-
dou o avô Vicente á emminen-
cia de senhor Julz dos Orphãos
em Pedrogam com jurisdieção
em Figueiró, sendo elle, isto
aqui para nós, um cbapado es-
tupido e vingativo.

Jfano com o cargo e com
as costas «quentes» em quem o
tinha elevado, fez cousas do
arco da velha, que deixo de
narrar porque me está mal
como seu neto…,

O Largo da Deveza cra o
seu passeio predilecto, e o
«teatro» dos seus coloquivs com
a tal loura do cantaro e dos
ovos de pata, e vae se não
quando . passciando elle / no tal
sitio em uma nonte de luar
apanhou pelo lombo uma boa
bengalada, e não sei quantas
carranhaduras» no «caracter do
rosto»…

“Dizia-se então qua este «en-
chovalho» fora por via da lou-
ra, que certo mancebo: conquis-
tava, julgando-se com o mesmo
direito a * “«posse» “como
quaiquer juiz.

O homem ficou falo, e por
suas proprias mãos preparou o
processo! Já então se fazião
d’estas poncas vergonhas, .- e
d’estes arrojosfde justiça. ..

O bondoso moço apanhou
dias de cadeia, e largou «baga-

das Í):»t:l—’,

lhoça», mas tinda assim caque-

cen» o lomho do meu caro avô,
com o que me não contristo,
porque 1830 já lá yvae á muito.

«Mas» como «ia dizendo», a
loura ficon em lmdex’]dr) juiz,
que’em vez de a receber à fa-
ce da Egreja, e pedir a ben-
ção nupeial ao. nuncio D. João
Sipontino, casou «incivilmen-
to», porque já cntão havia de
facto taes matrimonios, e não
de direito. . . como hoje…»

Quando Manoel Mendes Cu:
mão continuava DA Sua Nárra-
ção «lendeira» foi acommettido
por um átaque de Mórpheu;
encostou-se o um «tambove-
te» de cortiça, e começou di-
mitar o toqua d’uma trombeta,
e Áàs vezes o ecto longiquo
d’uma trovoada.

Eu raspei-me e fui fazer

0111 ós. sonhando com a
«lenda».

REA
—— 5 5EENEZ R AN RA ——

LOUCURA?
No dia 27, por 7 horas da

manhã, manifestou-se incendio
n’uma casa pertencente no sr,
Francisco Antunes d’Almeida,
d’esta villa. Depois de previas
investigações sonbemos que elle
foi posto por um individuo tam-
bem d esta villa, de nome An-
tonin Correia, valgo o Anto-
nio Sulote. Foi immediatamen-
te preso pelo regedor.

Dures Simoes JFrugem —

Não sabemos a que attribuir
tal procedimento: se .a malva-
dez; bebedeira, on loucura no
entanto: optamós por este’ ultr
mo incentivo por quanto durán-
te parte da noute andon gritan-
do que o queriam ‘ matar. De
manhã dirigin-se à casa de va-
rios individuos d’esta villa que
tinham filhas, dizendo qne
queria cesar. Sendo posto fó-
ta de duas cásas onde foi com
tão estravagantes pretenções’e
não escadeirado por terem dó
dirigin-se & uma casa que fica
fóra da ‘ villa 40 fou 50 metros,
encontrou lá uma rapariga a
quem tentou violar » dque ella
evitou, fechando-se n’uma loia.
Desesperado lançou fogo á casa
onde havia empilhada bastante.
madeira e palha. O pavimentosu-
perior ficou reduzido a cinzas e
tudo teria “desapparecido, se
não apparece. muita gente, que
nessa oceasião vinha sabindo
da .missa, :

“Teremos um caso de mono
mania aphrosidiaça?

rrendamento

Libanio Girão arrenda
as suas propriedades no lo-

gar da Cava; quem preten-

der derija-se ãao mesmo pa-
rá tratar das condições.

41., RuA dos Fanqueiros. 43—Lisboa

DEPOSITO DE

CHAPEOS ) E .BONETS

EM TODUS. Os FEITIOS E QUALIDADES

Variado sortimanto de fazendas d algodão, 1ã e seda, colla-+

 

rinhos, gravatas, meias, chales.e 1à s para vestidos, boa e va
riada collecção de roupas feitas para homens, senhoras e crean-
çs assim como easemiras pretas e de cores para roupas por
medida. — Preços limitadiasimos. — “Tambem sc encarrega
de vestidos e roupas para senhora. “

y CARVL W
Ba U : Um Eis
GON: 0S PEXSAS, TUFÇOS E GEINHAES
‘ POR
: DERVIS MOCLES ESA
Obra illustrada com bellas gravuras
Oscar MNep t
E’ uma obra verdadeiramente extraordinária, cheia. de sol
e de vivos aromas, banhada por uma luz saliente e mysteriosas
a obra com que esta Kmpreza inicia úma seria de publicaçõue
destinadas à euusar sensações, obras-primas devidas 4 pena als
tnorisada de escriptores de . primeira grandeza. » iústa, que no-
faz passar pelos olhos deslunbrados, como n’um sonho produzi-
do pelo opio, teda a phantastiea vida oriental, é, sem duvida
mqito superior aos contos que existem traduzidos por Galland-
pois que encerra os mysterios, as reminiscencias do Oriente,-,
desdv a litteratura d India até aos poemas traçados nos confins,
da Ásia, como a litteratura persa, avabe e japoneza. — ” )
Em todos os paizes onde OS MIL E UM DIAS. tem
feito a sua apparição, numerosas edicções se tem logo esgotado
em resumido espaço de tempo,
CONDIÇÕES DA ASSIGNATURA
LISBOA SA

Duas folhas, por semana, de & paginas, em 8.º grande, alternadas com
bellas iflustrações pagas no acto da enWegas cccn B0 reis
1 S PROVINÇOIAS – :

Um fascienlo quinzenal de quatro folhas, de oilo paginas, uma gravurge
inpressão nivida, pagamento adiantado… « .. F20-reis

EMPRIEZA EDITORA DO MESTRE POPULAR
2.º— 278 Rua da Magdalena, 278— 2.º
LISBOA

 

@@@ 1 @@@

 

CAMPEAÃAO DO ZEZERE

CHROMOS
Wibro de Contos
de

D. Magdalena Martins de Carvalho

aa

“O livro que brevemente vãe ver a luz da publicidade seb

o titulo de CHROMOS, e onde ‘se reune uma -admiravel e va-

— osseima collecção de contos, váe ter um grande successo por

ser uma obra de merto, onde o leitor vacila no que mais de-

wverá apreciar::se o elevado do estylo, se o burilado da phrase.

A sua auctora e uma escriptora distintissma, como o attes

tam as suas produleções que são muito procuradas e lidas, es-

pevialmente no À emtejo; e o lyro que ora váe aparecer terá

uma larga extracção não só ali, mas em qualquer parte onde
ppareça, algum exemplar.

Condições da asmegnatura

‘Oilivro CHROMS, formará um elegante volume que, em
Reguengos e na Certã, pode ser adquirido pelo modico.

“Vreco 300 reis

nas demais localidades por 320 reis.

Pedidos á auctora, em Reguengos, ou ao editor Joaquim Mar

tins Grillo, na Certã.

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Escrivão e Tabel1ião
Pedrogam Grande

e ESCRIPTORIO
—— Rua deMiguel. Leitão d’Andra-
de, :
EDA SE ATSIAROSETT
— Advogado
J. A. de Souto Brandão
ESCRIPTORIO FORENSE,
Largo da Igreja
Pedrogam Grande
——A ——
N’este escriptorio toma-se
conta de qualquer causa civel,
erime ou prommoções quer
dependam dos tribunaes da Co-

marca de Pedrogam Grande
quer de outros quaesquer tri-

João Antonio Caetano
Rna do Eirádo

Precos convidativos

Abilo Nogueira David

Mercearia e Tabacaria

bunaes do paiz; e tambem de NITIDEZ
outros quaesquer negocios civis .
das repartições publicas d’esta E
villa, ou fora d’ella, Bom papel

W
— Mercearia e Tabacaria

Loja de mercearia, tabacos, ca
bdeal, sóla, ferragens e nutrus ustigo

Companhia:; de Úavegacão

Hamburgueza Ch::rgefuf
MALA REAL -.R.htghlb’
Portugueza Messagereis
Lloyd Bremen Mantimes
Bte. Rte. Ete. Ete.

Fara todo 03 postos deo

Brasil, Qirica Ocdental e Oriental ete.

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15 de cada, mez.
As creanças de passageiros, ate dois annos, gratis: de tres a quatro an-
nos, um quarto de passagem; e de cinco a dez annos meia passagem.
Para os diversos ponlos do BRAZIL, em difierentes dias dos mezes
Passa gerns gratuitas para o Brazil
Nos iImagnifie oº paquetes da Companhia Charguers Reunis que sahem
de Lishoa em um dorse e vinte e dois deis de cada mez dão-se passagens gra-
tuitas as familias, de trabalhadores que desjeemjir para quasquer Provincia
do Brazil, d’esde Lisbos ate ao Rjo da Janeiso. A’sualk chegada ali, o Go-
Verno conçede-lhes transporte gratuito ate a Provincia à que se , distinem-
se ahi são livres para empregarem a sua activídade laboriosa trabalho-
quê mais lhe convenha tião contrahindo nenhuma divida pelos beneficios re-
recehidos. á &
Na redacção d’este jornal prestão-se esclarecimentos.
Agente na

Cexta
dJuaquim Xartiva Grillo

Oflitina Neneadsenador

DE

MANOEL ÁNTONIO GRII;LOV =

Travessa Pires! N.º2 –

Certa

TYPGGBAPHÍÃ

DE
JOAQUIM MARTINS CRILLO

Travessa Pires N.” 1-2 e Becco da Imprensa N.º2

CERTA

Nesta officima confeciona-se todo e qualquer trabalho con-
cernente a esta arte. S

Joaquim Pircs C. David

LAKGO DO MUNICIPIO
Loja de Mercearia,, tabacaria,
ferragens e fazendas bran-
cas ete, ete,

m
Harcellino Lopes da Silva
Largo do Encontro
Mercearia e Tabacaria

O RECREIO

Revista semanal, Litte-
raria e Charadistica

RAFIDEZ
E

S O —Recreio= é semaduvida uma
PI’EÇDS modicos das publicações litterarias mais bare

tas do paiz e que tem unicamente

DE

Augusto [Thomaz [Barreto

— Rua de Miguel Leitão d’Andrade

1 eaDaS —

“ESTA, acreditada casa acaba” de

receber fina manteiga e bons assuca-

res, chá e café, que vende por preços

muito rasoaveis, assim como esta á

espera de magificos charutos e outras
— -qualidades de tabacos.

Wanssl Gusiauo

? argo do Municipio
Estabelecimento de ferragens
louças ceabedal, Agente
da Companhia de
Seguros Tagus

o N/’e’sta- typographia confecionam-se com rapidez quaesquer
livros” impressos para Juizes de Direito, Delegados, Escrivães,
Juntas de Parochias, Juizes Ordinarios, de Paz e Municipaes,
cobrança de congruas, diversas Confrarias, Camaras, Adminis-
trações, Recebedonias, Repartições de Fazenda, Escolas, Corpo
fiscal, Pharmacias, Estabellecimentos, Depositos de . tabacos, e
quaesquer outras repartições, corporações publicas ou parti
culares, etc. í

Palbeitas a visita AAA EE UTA

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« WA o a SEA fA u AAA « 5D0 de- 3002900 «
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Partecipações de casemento de ECO re para cima.

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O proprietario d’este estabellecimento encarrega-se de quaes-
quer serviços, na Certã.

Cumpra Jlivros e encarrega se da venda d’outros, ete.

em viata proporcionar aos s,eus assig-
nantes |91-t91’a amená e ulil mediante,
Unms modicissima reiribuiçõeus! 18to é
cadia numero —0, 1éis, com 16 pagi-
MT à duuas columnas e em optimo pa-
pel. :

Está cm publicação a 10 ? seri.Ca-
da série de 26 numeros : formam um
volume completamente independente,
Fm Lishoa à assignatura paga no à o
da centrega. Para a provincia, a assig
valura e léita ás series de 96 numero.
e custa 580 reis,

Toda a corvespondencia deve
ser dirigida a João Romano
Torres rua do Diario de Noti-
clas. 98— Lisbva.
W

—EDITOR—
==Albano Nunes Roldão===
Typograph]a e impressão

Travessa Pires. N. 92

SOBRTA