A Comarca da Sertã nº404 26-08-1944

@@@ 1 @@@

 

FUNDADORES

— Dr José Carlos Enhrhardt —
“Dr. Angelo Henriques Vidigal
António
Dr. José Barata Corrêa e Silva
Eduardo Barata da Silva Corrês

Barata e Silva —

RDA SEPA tE

O| | DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETÁRIO Cº?ªªíªºn; o
ª Eduardo Barata da Silva Correia- Oficinas Gráficas
: = = TTA da Ribeira de Pe-
ºzº’ — REDAGEÃO E ADMINISTERACÇÃO — : ra, Cimitada :
m) ! RUA SERPA PINTO — SERTÃ easrg&—amn
DE PERA
Z PUBLICA-SE AOS SÁBADOS T elotarais
ANO 1X | Hebdomadário regionalista, mdepandenta defensor dos interêsses da comarca da Serta concelhos de Sertã, Oleiros, ] zmâgro-
— N. 404 = Progíça-o- -Nova e Vila de Rei; 6 freguesias de Amôndoa e Cardigos (do concelho de Mação) === 1944
EEESIFSSA FS SEHSA mmmmmmmmmmm

O presbitério

A ribeira vinha de cima, e ora
* rebentando entalada, ora
espraiando, quási adorme-
cida, na areia alva e fina do
leito, despenhava-se mais abaixo
com estrépito, entrando no logar
— opolenta com as águas recebi-
das. n
— Aquéles pâmpanos cingidos
de arvoredos ; aquéles vales vi-
cçosos de hortas e pomares; os
variados tons que zebravam as
encostas dos montes e colinas,
“desde a esmeralda viva dos pra-
— dos até ao louro cendrado das
paveias; os rosmaninhos e as
bontnas esmaltando as veigas; o

rio precipitando se aqui, mais.

— adiante correndo manso e lim- –

= pzdoedepozs preguicando-se só-
D & :

coma vontade e com o coração
“ para aqueles casais debrucados
;das colinas fazendo nascer dese-

Jos de pedir pousada em algum

— dêles, para ver romper o luar
por entre o arvoredo,
brincar a aragem com os ramos
aos primeiros raios brancos do
. alvor matutino.

Rebelo da Silva – —

208

«O .povo só pode ser tempo-
ralmente feliz, quando tiver a
posse segura daquela soma de
bens matertais que lhe são neces-
sários para viver digna e desa-

– fogadamente, sem pobreza nem
Fiquega, sem misérias e depen-
dências que comprometam e lhe
ponham em perigo os bens inte-

– lecfuais, morais e religiosos a
que tem direito».

(Ideàrio Social do P. Santana (S. J.)

20

OR virtude da dimínuição

dos contingentes de arroz

: e acúcar destinados ao

concelho da Sertã, no mês cor-

rente, baixaram, automâáticamen-

“te, as rações conferidas às res-
pectivas famílias.

Temos a impressão de que
os fornecimentos de acúcar vão
ser senswelmente reduzidos por
todo o País em virtude dos ape-
los que temos lido nos jornais
para que tóda a gente passe a
aproveztar ao máximo o acúcar
[ezto ae mósto concentrado.

– quadro, de nozle o clarão da luar
“tocando-o de mezga melancolia,
compunham um espectáculo de
tanto enlévo que a vísta fugia

ê ouvir

PELA PROSPERIDADE
dos povos da comarca da Sertã

Em tempo que não vai distante, tive-
mos ensejo de lançar um inquérito aos po-
vos da nossa comarca, procurando saber,
concretamente, quais as necessrdades 1mpe-
riosas de cada terra.

As respostas não se fizeram esperar, e
foi-nos dado constatar que, em tôdas as ter-

ras abrangidas pela nossa comarca, aindaas –

mais pequenas, existe uma enorme e arre-
batadora ansiedade, que consiste no enorme
desejo dêsses mesmos povos, por verem
um dia a sua terra progredir.

—De uma maneira geral é isso que nos

dizem em longos relatórios, os presidentes

* das Juntas de Freguesia.

Entre os vários melhoramentos que
“cada terra reclama, um existe que nos é ex-

i sempre sublmha os.

Todos os relatórios acentuam que ape-

— sar-de nos encontrarmos numa época de

progresso e civilização, esta causa primor-

dial, ainda se não verifica nas suas terras, .

pelo que nada podem progredir enquanto
permanecerem tristemente bloqueadas e iso-
ladas do resto do País.

E’ esta uma grande verdade, é facto, e
ela constitue, afínal, a principal causa dos
males de que os povos da nossa terra se
queixam.

Evidentemente que, — e como dizem,
não é possível o mais ínfimo desenvolvi
mento, nem jamais conseguirão entrar no
caminho próspero, enquanto não verificar-
mos, — acentuam, a exportação para os gran-
des centros, dos vários produtos que as mes-
mas terras produzem

Já afirmámos por mais duma vez que,
jamais se sairá do actual entorpecimento,
enquanto se não começar em primeiro lugar,
por abrir estradas transitáveis aos povos que
inglóriamente permanecem encravados nas

presso com grande cópia de argumentos’

mais recônditas e tortuosas serranias, e ma-
nietados a tôda a actividade que a v1da hoje
requere.

A-pesar-de não constituir para nós qual-
quer surpresa, constatamos, umã vez mais,
perante os relatórios que temos à mão, que
assiste tôda a razão não só nas reclamaçoes
dos srs. presidentes das Juntas, mas também
na defesa que temos imantido sempre, à
volta dêste mgno problema,.

Não nos restam dúvidas, por isso,
visto que os factos falam mais alto do que
nós, que será improfícuo para a solução da
causa apontada, tôda a acção que não colida,
em primeiro lugar com a construção de es-
tradas. Construídas que sejam, então fàcil-

mente conseguiremos uma franca expansão
dos produtos,. e concomitantemente do de- |

ruas sejam arranjadas, as casas tôdas muito
limpas ; tratar bem dos soutos ; as oliveiras
podem ser férteis e a colhelta do precioso
líquido ser abundante, etc. Tudo isto pode
ser uma realidade. Nada pode, porém, man-
ter-se nem prosperar enquanto o comércio
dos nossos produtos não fôr uma realidade
palpável. Quando isso suceder, então tudo
é possível. Tudo se poderá conservar inalte-
rável.

Do que o povo da nossa comarca en”
ferma é de falta de dinheiro, o que não pode
realizar sem que os seus produtos entrem
num comércio franco a que tem jús. Mas
tudo isto não é possível enquanto as nossas
vilas e aldeias não fôrem visitadas pelo mo-
tor. O automóvel e a camioneta são hoje o
maior auxiliar do homem. Abram-lhes ca-
minhos, e então verificar-se-á uma nova Era
de ríqueza, e ver-se-ão depois os povos li-
bertos da negra e arripiante condição de
vida que-ainda hoje nos é dado constatar.

JOÃO ANTUNES GASPAR

está em crise,

— Podemos pugnar, é certo, para que as |
: conseguzmos vencê-las

A MARGEM

DA GUERRÁA

Os tribulantes de um bombardeiro Stirling observam seis aparelhos do mesmo modêlo
que vão descolar Dara Berlim

laprs

; EFERINDO-SE ao edito-

torial que, recentemente, .

escrevemos—<«A crise das
Jfilarmónicas» — diz o nosso estt-
mado palrício Amilcar de Ol1-
veira, residente em Lisboa : «Diz
o meu amigo que a nossa filar-
mónica está atravessando uma

crise, que talvez a leve à deca-‘

dência. Que pena! Uma filar-
mónica como a nossa, que tanto
brado deu por essas vilas e al-
deias, filarmonica que era con-

vidada a abrilhantar festas, e –

que para chegar a essas festas
tinha de andar algumas dezenas
de quilómetros ; êsse convite era,
simultâneamente, uma honra para
os executantes e um meio de pro-

– paganda para a nossa terra.

AÀ nq,ssa learmómca, que tan-

santo “Deus.
tas crises temos nós. passado e

Porque ragao não se há-de
vencer essa crise e levantar mais

uma vez- o bom nome da nossa

terra? Suponho que bastará um
apélo aos filhos da Sertã. Creio
que todos éles acudirão. Eu sou
uma das pessoas que estou pron-
ta a trabalhar para que a nossa
Jilarmónica volte a ser o que já
foi. O meu amigo dirá a forma
mais prática de se auxiliar a
música da nossa terra».

Com todo o prazer diremos
a Amilcar de Oliveira o que con-
vêm fazer para auxiltar a filar-
mónica da Sertã,. fá-lo-emos por
escrito e directamente, depots de
trocarmos impressões com a sua

Direcção.
20E. .).
14 DE AGOSTO é o dia con.
sagrado a Nun’Alvares
o heróico «Condestável de
Portugal, que na grande batalha
de Aljubarrota firmou, para
sempre, a mdependencza da Pá-
Íria, : :

Nun’ Alvares, pelo seu patrio-
tismo e pela sua Fê, soube ev-
guer a terra bendita de Portu-
gal às culminâncias da glória.
Depois de tanto esfórco e abne-
gação, recolheu ao convento do
Carmo, em Lisboa, para, em mn-
teira humildade e absoluto desa-
pégo por honrarias e bens terre-
nos, que féz distribuír pelos po-
bres, se votar, inteiro, à prática

— da Caridade e à Oração, pedin-

do à Virgem o amparo para à
‘sua querida Pátria,

E uma das datas mais ful-
gurantes nos anais da FHistória
de Portugal e, como tal, foi
comemorada em todo o País,

(Conclue na 4.º página)

 

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A Comarca da Sertã

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445 VERUS 109,85 WEUA 25, WRUW 25,78 WBOS ro,7
i745 WRUS 10,83 WRUÁ 2545 WRUI, 195 :
1845 MWRUS 10,88 WRUA 2545 WRUL 195

1945 WRUS 10,88 WRUA 265 ;

20,45 :

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1,1 WRUS/ to,63 WRUA

260% WOEA 253 WGEX 35
at4o WRUS — 19,53 WRULA : .

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CARTAS ANÔNIMAS

Meu bom amigo:

Em pleno século XX, cha-
mado na linguadgem empolgante
do poeta, «Século das Luzes»,
há maravilhas que nos deixam
estupefactos,

Por vezes assim acontece.

A Humanidaje atingiu um
grau de civilização incompará-
vel, através dos tempos e che-
ga mesmo a parecer-nos que
nada há mais a descobrir e a
conhecer.

Como nos enganamos!…

Se, de quando em vez, des-
cermos à vida intrínseca do
povo, titubiamos, desiludidos e
novamente estupefactos, pare-
cendo-nos impossível existirem
ainda, à claridade das «Luzes
do Século», coisas só próprias
duma época puramente anímica,
se assim me deixam chamar-
-lhe.

E’ no âmbito-da Moral, onde
o aperfeiçoamento parece ter
mais vislumbre.

A falta de ensinamento e de
instrução leva o indivíduo mui-
tas vezes a esconder-se na pe-
nuúmbra das :«Luzes», para dar
largas a reminiscências que
ainda existem de tempos pre-
«históricos. Eis, meu amigo, a
resposta a uma das preguntas
da tua carta, à qual respondo
com prazer. :

—Mas para evitar estas ano-
— malias tem papel preponderante
a escola, a imprensa, o educa-
dor e todos aquêles que têm
uma vida moral sã e de traba-

“lho digno. E sem êstes, nada
feito, porque só êles podem evi-
tar tantos desalinhos que sur-
gem na vida social. –
— Não conheço, meu bom ami-
8o, termo próprio para qualifi-
car o autor duma carta anónima
que, como dizes, «calunia, men-
te, ameaça e que deve ser bem
o retrato do seu autor».

Sei, apenas, que é anóni-

mo o gatuno audacioso, que em
Aalta noite assalta a casa do vi-
zinho ; sei que é anónimo o as-
sassino que, embuçado na capa
do crime, mata traíçoeiramente
o seu semelhante; sei que é
anónimo o caluniador que difa-
ma e rouba a honra ao inocen-
te; e por fim, sei que são anó-
nimos o cobarde, o cínico e o
memtiroso.

éComo qualificar o autor
duma carta anónima ?

É’ um anónimo e basta.

Treme a mão descarnada do
criminoso que move a gazua;
agdita-se a mão facínora que le-
vanta o punhal; e também deve
tremer, agitar e vacilar a mão
de qualquer anónimo que es-
creve e empurra a carta ao
marco do correio.

Mas, meu amigo: não per-
cas tempo a pensar em cartas
anónimas.

“Conheço-te. E’s franco, leal

e capaz de enirentar qualquer –

anónimo que não tenha hombri-
dadeé para se te dirigir, pessoal-
mente, na imprensa ou em qual-
quer parte. A tua vida é recta:
Não temas, amigo.

Mas porque me fazes estas
preguntas?! Sei que tens o es-
pírito lúcido . e és cônscio dos
teus deveres, e por isso gostas
de ouvir opiniões. Aqui tens
mais uma, embora sem compe-
tência e valor.

Como recebes a «Comarca
da Serta», vou responder-te,

AGENDA

— Encontram-se no Mosteiro
da Sr * dos Remédios, o sr. Ma-
nuel Nunes Calado e família; na
Quinta de Santo António (Serna-
che), o sr. António Lopes, de
Lisboa ; na Abegoaria, com suas
famílias, o sr. José Martins, de
Coimbra e Armando Lucena, de
Pombal ; na Póvoa da Ribeira
Sardeira, com sua família, o sr,
José Gonçalves, de Lisboa.

—— Regressou a Lisboa, com
sua família, o sr. Ernesto Leitão,

— Saiu para a Parede Made-
moiselle Irene Carneiro de Moura,

— De passagem para Tomar
e Oleiros, respectivamente, vimos
na Sertã os srs. Capitão Jorge
Tasso de Figueiredo, de Abran
tes e João Francisco da Silva,
de Tomar.

ESTORLSTACAS ESA

Casamento

Na capela de S, João do Cou-
to, subúrbios da Sertã, realizou-
-se no pretérito dia 15, o casa-
mento de Mademoiselle Concei-
ção da Natividade Lérias, gentil
filha da sr.º D, Maria da Nativi-
dade Morgado e do sr. Jacinto
Lourenço Lérias, da Bica (Sertá),
com o nosso prezado amigo sr.
João Lourenço Tavares, natural
de Proença-a-Nova, sócio da im-
portante firma comercial Acácio
Tavares & Irmãoe, Ltd.º, de Sá
da Bandeira (Angola), filho da
sr.º D, Maria do Carmo Martins
Tavares e do sr. João Lourenço
Tavares, já falecido.

O acto foi celebrado pelo
Rev.º P.º Eduardo Filipe Fer-
nandes, digno coadjutor desta
freguesia, sendo padrinhos, por
parte da noiva, sua irmã e cunha-
do, sr.º D. Angelina da Nativida-
de Lérias, do Vale do Grou (Ma-
ção) e marido, sr. Manuel de Je-
sus Martins Canas, de Lisboa, e
por parte do noivo, sua irmã sr.º
-D.º Maria do Geu Tavares Car-
doso, de Proença-a-Nova e seu
cunhado sr. Assis Lopes, da
Sertã. Serviram de caudatários

— os meninos Amilcar Tavares Lo-

pes e José Francisco de Almeida
Lopes, interessantes sobrinhos
dos nubeútes.

Finda a cerimónia, serviu-se
um magnífico jantar na residên.
cia dos país da noiva, na Bica,
Ao novo casal deseja a «Comar-
ca da Sertã» tôdas as venturas
de que é digno pelas suas excel-
sas qualidades de carácter e cora-
ção.

tebbossoHieseososs

Nascimento

Está em festa o lar do nosso
querido amigo sr. dr. Rogério
Marinha, pelo nascimento, no
passado domingo, 13, de um ro-
busto rapazinho, que se encontra
de perfeita saúde, assim como a
mã1s, a dedicada espôsa daquêle
distinto clinico, sr.º D. Helena
Vidigal Marinha Lucas.

As nossas felicitações.

:óhE oh ososeescs

Baptizado

Na igreja matriz da Serta,
baptizou-se, no passado dia 15,
uma filhinha do sr. Manuel de
Jesus Joaquim Canas, emprega-
do da Junta Nacional dos Produ-
tos Pecuários, em Lisboa, e de
sua espôsa, sr.º D. Angelina da
Natividade Lérias, professora
primária no Vale do Grou (Ma-
ção), sendo padrinhos seus tios
maternos a Mademoisell Nazaré
da Natividade Lérias, da Bica
(Sertã) e o sr. João Lourenço
Tavares, comerciante em Sá da
Bandeira (Angola) e acidental-
mente no Continente.

AÀ neófita recebeu o nome de
Maria Adelaide.

públicamente,,pêdindo ao sr,
Director daquêle jornal a publi-
cidade desta carta.

Manda sempre e aqui vão

bem. expressos os meus cum-.

primentos de bom amigo .
SAÍD DE MENDONÇA

COomarca da Serta

A Z?’Z[/íl?í?/ 2197

na Garvalha

Numa noite perfumada,

Notte cálida de estio,

Em que a lua prateada

Se rejleclia no rio,

Vi as jóvens da Sertã
Cheias de graça e leveza,
Andando num grande afá,
Servindo de mesa-em-mesa ;

Na verbena dos Bombeiros,

Na Carvalha, iluminada,

Por rutilantes luz.iros,

Numa tendita cruzada ;
Desenvoltas, prazenteiras,

Como Náiades aladas
Que saíssem das ribeiras,
Gui1das por mãos de fadas,

Ou sereias vaporosas, ..

— Não seit como as comparar!

Se a um bando de mariposas

De mesa em mesa a pousar !
A mulher sertaginense,

De corpo e alma formosa,
Neste exemplo que convence
Deve sentir-se orgulhesa,

Por que os«Soldados da Paz»,

Os Bombeiros da Sertaá,

Seja uma coisa eficaz,

Não seja uma coisa vã !
Perdendo a vida, salvando,
Outras vidas preciosas
Que à morte vão arrancando
Das suas garras ciosas,

E sem nada vos pedir

Elas lá vão de corrida

Cuidando só em cumprir

Seu lema «Vida por Vida»!
Sertã, 13-8-44 :

: PATO DA LUZ

t224 b o Do aa oo

OFICINAS

de preparação de carnes
Requereram autorização, pe-

rante a Intendência de Pecuária

do distrito, para instalar ofíci-
nas de preparação de carnes:
António Martins, de Ribeiros;

António Dias Fouto, de Ladei- .

ra ; lIzidro de Oliveira Martins,
de Vale da Urra do Meio; Amé-
rico de Oliveira Mendes. de
Pêso; António Rodrigues da
Silva, de Pêso; José Gonçal-

ves, de Salaviza; Emília Men- .

des Dias, de Salaviza; Luiz
António Pires, de Conges ; Luíz
Henriques, de Ribeiros; Luíz
Alves Henriques, de Ribeiros e
José Maria Dias, de Eira Velha,
concelho de Vila de Rei; e Da-
niel Cardeso Costa, de Sobrei-
ra Formosa, concelho de Proen-
ça-a-Nova.

A SECA

AÀ seca tem sido medonha,
consequência imediata dos gran-
des calores que se têm regista-
do nas últimas semanas.

Principiou a escassear a
água no depósito de abasteci-
mento das fontes públicas da
vila e a certas horas, bem cedo
ainda, encerra-se, à cautela, a
fonte do Miradouro, aglomeran-
do-se tôda a gente nas demais,
onde não se verífica grande

fartura do indispensável e pre- –

cioso líquido; por isso, as ser-
viçais perdem longo tempo jun-
to dos marcos fontenários, es-
perando a sua vez de encher
os cântaros.

Há mesmo quem diga que

se pode vir a dar uma grande –

falta de água se a secá conti-
nuar com a mesma violência;
e tôda a gente sabe que trans-
tornos podem resultar dêsse
facto.

Talvez não fôsse desacer-
tado prover os chafarizes de
torneiras de pressão, como as
que existem em quási tôdas sa
terras que conhecemos; assim
se pouparia a água no estio, já

– que no inverno há tão grande
‘:abundância que se pode consu-

mir à larga,..

Áitravés da comarca

Ramalhos, 12

Realizou-se nesta freguesia,
no dia 6 do corrente, a tradicio-
nal festa de N S, do Amparo,
tendo nela logar a comunhão
das crianças, que se revestiu
de brilhantismo pela forma so-
lene como decorreram todos os
actos religiosos, que constaram
de missa, celebrada pelo Rev;º
P. Serafim Serra, que dirigiu às
crianças comungantes uma Dbri-
lhante alocução. Depois da
comunhão foi oferecido às crian-
ças um lanche.

Pela 1 hora houve missa
cantada, que foi celebrada pelo
Rev.º P. Serra, acolitado pelos
Rev.º P. Guilherme Marinha e
P. João Martins. Subiu ao púl-

– pito o Rev.º P. Eduardo F. Fer-

nandes, da Serta, à tarde, e
precedendo a procissão houve
novo sermão do Rev.º P. Fer-
nandes, !

—Há gente que só aparece
nas festas com o intúito de ar-

mar banzé e pôr os arraliais em
estado de sítio e julgando mos-
trar. valentias, que geralmente,
ihe saem caras, provam apenas
a sua má índole.

Foi o que sucedeu na festa
que nos acabamos de referir :
por volta da meia noite alguns
rapazes desta freguesia e dou-
tras circunvizinhas, armados de
cacetes, puseram o arraial em
balbúrdia medonha, dando bor-
doadas a tôrto e a direito, fi-
cando algumas cabeças parti-
das ; o pior suceceu a António
Canastreiro, filho de Manuel
Canastreiro, morador nc Casal
Novo, freguesia de Pedrógão
Pequeno, pois -que, ao fugir,
precipitadamente, caiu numa es-
trada que fica entre duas ríban-
ceiras, ficando com a perna di-
reita partida. E TA

O ferido foi depoís trans-
portado pelos bombeiros da
Sertã ao hospital da vila, onde
se encontra em tratamento.

ERRATAS

As gralhas continuam,.., na
ordem da semana!

NO n 402: 2. «Notaallá-
PDiss, êstes por estas: narso, E
por E; na 4.º, tributo por atri-
buto; na antepenúltima leia-se
«as familias da Sertã e «ma-
goam»; em O «ealor» saíu quo
por que, bafuradas por fafora-
das, João por José; na Agenda
deve ler-se D. Maria Matos
Abranches e D. Maria Augusta
de Mendonça David, e não como
vem publicado; em Vice-Presi-
dente da Câmara leia-se «sr. José
Farinha Tavares»; em «As Fes-

tas dos Bombeiros Voluntários

da Sertãá» leia se: importâncias,
no. 2º período, tôdas, no 3.º e

Cabeçudo; no editorial: leia-se: –
convenientes e possibilidade ; na
“notícia sôbre José Botelho. da
Silva Mourão deve ler-se : «…para.

o de chefe…» (no 1.º :período), di-
reito reconhecido e funcionário.
No n.º 403 : na local «Exame»
deve ler-se «… filho do sr. Ma-
noel Joaquim. Nogueira…»;na
Úúltima «Nota a lápis» deve ler-se
«fundamento». À notícia intitula-
da c«As fontes exisem reparação
urgente» vem absolutamente des-
locada por ser continuação da
correspondência da Madeirã, in-
SeFta Da secção respectiva, – .
De tantas faltas e deslises pe-
dimos muita desculpa aos nossos
leitores, sobretudo àquêles a quem
se faz referência imprópria e é
originada por pouca atenção. e

– mniopia do compositor.

aaan

Compreende-se que essa so-
lução, que representaria apenas
uma medida de previdência,
será desnecessária se o abas-
tecimento de água aos domicií-
lios se efectuar ràâpidamente,
porque, então, a poupança en-
tra, por fôrça, nos nossos hábi-
tos, visto que se tem de pagar
cada metro cúbico consumido;
mas temos as nossas dúvidas
de que essa obra se conclua
de-pressa, tão arrastadas são
as fases da execução…

O caudal das ribeiras vê-
-se decrescer a .olhos vistos:;
na ribeira grande, a montante
da ponte nova da Carvalha, as
rochas afloram à superfície,
formando um conjunto de pe-
quenos ilhéus !

Felizmente que os milharais

já estão criados, esperando-se –

uma esplêndida produção, a
maior dos últimos anos. Para a

rega dos mais produtos agríco- |

las sempre se vai arranjando
uma pinga com maior ou menor
dificuldade.

O certo é que o calor do
sol se torna insuportável du-
rante quási todo o diaesóaà
noite, a altas horas, corre brisa
fagueira, tão agradável a quem
tem de sunortar o horror da ca-
nícula,

Anibal Nunes Correia

Ao nosso amigo Anibal Nunes
Correia, aspirante da Secretaria
da G. M, dêste concelho, que já
por diversas vezes tem exercido,
interinamente, o cargo de chete
do mesma Secretaria, ao termi-
nar, agora, o seu mandato pêela
nomeação do sr. Manuel Gaudên-
cio Saramago, foi, em sessão. de
2 do corrente, reconhecido «todo
o zêlo e apreciável competência
com que esteve dirigindo os ser-
viços, depois da saída do último
chefe.da Secretaria efectivo», dr.
António Caldeira Firmino, «A Cã-
mara associa-se às palavras de
justificado aprêço dirigidas pelo

— sr. Presidente àquêle «funcionário.

De facto, Aníbal Correia é
um funcionário inteligente, hones-

-= to, zeloso, sabedor e duma capa-

cidade extraordinária de traba-
lho, a tal ponto que tem conse-

“guido desempenhar-se, simultâ-

neamente, de mais dum cargo da
Secretaria da Câmara, sem que
se verifique a menor interrupção
no andamento regular dos servi-
Ços. : :
Alêm disso, e esta é uma das
suas mais apreciáveis qualida-
des de funcionário, Anibal Cor-
reia, durante o período de.chefe
interino, dá expediente ao servi-
ço com a maior perfeição e sem
levantar qualquer dificuldade ao
público que ali se apresenta.

Por tudo isto, é-nos grato
tornar público o justissimo lou-
vor que a Câmara registou na
citada sessão, :

nunlumu,álm :

Miséria ençoberta.

Atendendo ao apêlo que,:sob
esta epigrate, fizemos em benefí-
cio de várias famílias que vivem
nas piores condições materiais,
por doença dos chefes, um ami-
80 enviou-nos 100%00 € Outro
50h00, importâncias que fôram
distribuídas, em partes iguais,
por três famílias absolutamente
necessitadas. ‘ —

Agradecemos de todo o cora-
ção a generosidade dêsses ben-
feitores,. de que Deus os haá-de
recompensar largamente em ben- :
Çãos. SBD

Brevemente!

Grande e linda exposição
da € – AM-ES Amarca
Samaritana.

padrões exclusivo,
ao preço oficial, ;

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TOMAR

 

@@@ 1 @@@

 

A Comarea da Serta .

Notas…

(Conclusão da 1.º pág.)

O dia 13 efecluou-se uma
grandiosa parada mili-

tar em Lisboa, em que
tomaram parte tódas as unida-
des da guarnição.

Pela primeira vez, segundo
cremos, o povo da capital assis-
tiu ao desfile de 1o.000 homens,
equipados com as mais modernas
armas, e à passagem de veícu-
los motorizados, a última pala-
vra na técnica da guerra.

Assim póde avaliar o esfór-
co que o Govêrno da Nação vem
Jazendo por dotar o Pais com
um Exêrcito eficiente.

2OE&

A Câámara Corporativa
continua em apreciação

o importante projecto
de lei respeitante à electrifica-
cão do País, que foi objecto dum
extenso relatório, de que a im-
prensa diária se ocupou detida-

mente.. – :

N’O intfúito de conseguir
É maior produção e melhor
“qualidade de leite, o
Grêmio da Lavoura de Figueiró
dos Vinhos avisou todos os pro-
prietários de vacas produtoras,
residentes na sua área, de que se
deviam inscrever para efeito de
serem beneficiados na distribui-
ção de sêmeas e farinhas para
sustento daquéles animais.
Áqui está uma iniciativa sen-
sata e oportuna, que o nosso Gré-
mio podia e devia seguir, pois
nós temos séêmpre verificado que
no concelho da Sertã há pouco

leite de vaca e nem sempre com
as indispensáveis qualidades nu-

tritivas, certamente por falta de
alimentação . adequada.
Z TM novo desembarque dos
: Áliados nas costas fran-

cesas do Mediterrâneo
provou, mais uma vez, a sua su-

Desastre com arma
de fogo

No passado dia 15, de ma-
nhã, quando o nosso estimado
assinante de Lisboa, sr. António
Lopes, acidentalmente na sua
quinta de Santo António, (Serna-
che do Bomjardim, procedia à

limpeza duma espingarda de fogo

central, apoiando, para êsse efei-
to, a mão direita sôbre a parte
superior dos canos, a arma dis-
parou-se, deixando-lhe a mão em
mísero estado, ficando triturados
pela violenta carga, os dedos
minimo e anelar e ainda em ris-
co de amputação o indicador.

Conduzido ao hospital local,
prodigalizaram-lhe o necessário
tratamento os srs. drs. Vidigal e
Lucas.

Lamentando, sinceramente,
tão grande fatalidade, fazemos
votos pelas melhoras do nosso
amigo.

Para uma <«foilette>
distíinta º !

Simples para de manhã,

Distinto para a tarde,

«Chic>» para a noite
Prático para <«sport»

só na CASA
Samaritana!
Rua Serpa Pinto, 32
TOMAR

10
0s animais falavam.”.

m) MP
A Rãe o Boi

Uma vez, uma rã muito curio-

sa de ver coisas novas, saiu do
charco onde vivia, meteu-se pe-
los campos dentro e foi dar com
um boi a pastar. :
— Era o animal mais corpu-
lento que ela tinha visto na sua
vida ; mas nem por isso deixou
de dizer:

— Ora, oral Se eu quiser
sou capaz de me fazer do ta-
manho dêle, ou ainda maior.
A questão é eu querer!

Voltou atrás e foi chamar as
companheiras que viessem ver
um animalejo como nunca tí-

. nham visto. As rãs fôram tôdas

aos saltinhos ver o boi e disse-
ram pasmadas: — .

— Ena, paí! Que animalejo
será êste ? Aquilo é que é um
bicho de respeito !

— Ah, sim? E que me dizem
vocês se eu me fiser do tama-
nho dêle, que nem me hão-de
conhecer ? Eu bem sei porque é
que êle está assim…

E aí começa ela a tomar ar
e a puxar do peito, com quanta
fôrça tinha; mas pouco
aumentou.

Quando muito bem lhe pare-
ceu, preguntou ás companhei-
ras ;

— Então, digam-me lá vo-
cês se eu estou já do tamanho
do bicho?

— Qual quê! Ainda te falta
muito para lá chegares…

Tornou a rã a puxar outra
Vvez, mas pouco mais conseguia
do que desfazer as rugas da
pele.

E então agora? Tornou ela
a preguntar,

— Agora… agora, na.mes-
ma, como dantes, quartel gene-
ral em Abrantes. —

* — Na mesma ?! Pode lá ser!
Abram-me êsses olhos que não
vêm bem! Está-me cá a pare-
cer que o que vocês têm é in-
veja… :

E voltou a fazer grandíssimo
esfôrço para enfolar, sem fazer
caso das amigas que lhe grita-
vam que desistisse, não fôsse
ela arranjar alguma carrapata.
Mas tanto puxou por si, tanto
repuxou, que de-repente reben-
tou, com um estoiro tamanho
que até o boi se voltou assus-
tado.

Assim morreu aquela inve-
josa rã, coisa que não lhe acon-
teceria se soubesse que os peé-
quenos ficam sempre mal quan-
do se metem a imitar os gran-

des.
CARDOSO MARTHA

= )

Incêndio

Numa casa que de há muito
se encontra inabitável e serve de
arrecadação, pertencente ao sr.
Demétrio Carvalho, na emboca-
dura inferior da Rua de Santo
António, nesta vila, declarou-se
um violenfo incêndio, que princi-
piou na loja onde existiam alguns
molhos de palha, e logo se pro-
pagou às traves e madeiramento
do telhado, ultrapassando o so-
brado constituído por táboas car-

comidas e onde. existiam largas .

fendas.

Os populares prestaram gran-
des serviços, transportando água
e tentando apagar o fogo a bal-
des, isto de início, mas pouco de-
pois entraram em accão duas po-
tentes agulhetas, alimentadas pelo
depósito do largo das ÁAcácias e
o fogo era prontamente domina-
do pelos Bombeiros, prolongan-
dose o rescaldo por bastante
tempo. :

O fogo chegou a produzir
certo pânico quanno se afirmou
ser na casa da moradia do sr.
José Ferreira Júnior.

mais .

Manifesto
de trigo

Os produtores de trigo de-
vem ter o máximo cuidado com
o manifesto da sua colheita dês-
te ano, apressando-se a fazê-lo,
imediatamente, pois, de contrá-
rio, estão sugeitos a penalida-
des graves, tanto mais que a
produção será rigorosamente
verificada pelos fiscais da F, N.
P. T., que percorrem todo o
país. ‘

O prazo legal dos manifes-
tos já terminou, segundo infor-
mações que colhemos, e tão
diminuto é o seu número no
concelho da Sertã que, ao que
nos dizem, se permitiu, excep-
cionalmente uma pequena pror-
rogação, únicamente para não
cairem sob a alçada da lei
aquêles agricultores que podiam
alegar ignorância duma dispo-
sição legal corrente, que todos
os anos tem de ser cumprida,

A falta de manifesto é con-
síderada sem dúvida, açambar-
camento e é desrespeito grave
à legíslação em tal sentido, por-
que afecta profundamente a
economia do país, onde, de há
três anos a esta parte, é escas-
síssima a colheita de trigo, o
cereal basico da alimentação.
Por, isso, mais uma vez, dize-
mos que são poucos todos os
cuidados e escrúpulos com o
preenchimento dos manifestos,
que deverá ser feito com todo
o rigôr.

E ss sa d

Às festas em benefício
dos Bombeiros

. Como o domingo passado se
apresentou chuvoso e bastante
tresco, o festival transferiu-se
para o salão do Grémio Sertagi-
nense, juntando-se ali muita gen-
te, que se divertiu até de manhã;
dançou-se com grande animação
e o «jazz-band» deu intenso colo-
rido à festa, assim como alguns
pianistas amadores, que se ouvi-
ram com muito agrado.

Amanhã, se o tempo estiver
bom, prossegue o festival na Car-
valha : concerto pela Filarmóni
ca, leilão de prendas, largada de
balões, vistoso fogo em Bboquets
de fantasia e queimando-se, tam-
bém, um formidável e ruídoso
castelo. E muito possível que de
tarde se realize um desatio de
futebol entre dois grupos locais.

E’ o rescaldo das festas ! Que
tôda a gente saíiba aproveitar
êste último dia de festas da épo-
ca, que têm marcado pelo des-
lumbramento !

FE

UM MORTO E UM FERIDO

POR SE TER VOLTADO
UMA CARROÇA

Na sexta-feira da semana pas-
sada, ao anoitecer, sairam daqui
com destino a Cardigos, trans-
portando, numa carroça, grande
porção de cera destinada à fábri-
ca de velas da firma J. d’Oliveira
Tavares, F.º”, daquela vila, José
Antunes, da Macieira e José Pin-
to, da Sertã; entre os . Vales e
Cardigos, já era noite fechada,
os dois homens adormeceram e,
como a estrada está em péssimo
estado, apresentando contínuos
precipícios, a certa altura o vei-
culo caífu num barroco e voltou-
-se, ficando o Pinto de-baixo da
carga, pelo que deve ter tido
morte instantânea e o Antunes,
muito ferido no tronco e membros
inferiores, sendo conduzido ao
hospital de Abrantes, onde ficou
internado.

Tôda a gente da Sertã la-

menta o acidente e sobretudo as
condicões trágicas em que mor-
reu o Pinto, fgigura muito popu-
lar no meio.

 

Éste número foi visado pe-

la Comissão de Censura de
Castelo Branco. ”

 

Atingida com um tiro
de espingarda

No logar da Pisoria, conce-
lho de Oleiros, no sábado passa-
do, Maria do Carmo Garcia, de
50 anos, casada cóm Manoel
Joaquim dos Santos, ao tirar
dum cabide umas peças de. rou-
pa, no qual também estava pen-
durada uma espingarda, esta,caíu

e disparou-se, atingindo-a no pé

esquerdo. : :

Foi acompanhada pelo sr. dr.
Raúl Lima da Silva, que actual-
mente exerce clínica em Oleiros,
ao hospital desta vila, onde ficou
em tratamento. :

[E=——— —— ..—

DOENTES

Têm estado bastante doen-

tes as Sr.º D, Conceição Bap-

tista e D. Clementina Nunes e
Silva.
Desejamos de todo o cora-

ção as melhoras das enfêrmas.

EEc ss

Major Raúl Ferreira Vidigal

Foi promovido a major o
nosso amigo sr. Raul Ferreira
Vidigal,

Pertence à arma de Enge-
nharia e à muitos anos que exer-
ce, com a maior distinção, o
cargo de professor dos Pupilos
do Exército.

Daqui lhe enviamos um gran-
de abraço de parabéns, com os
melhores votos pelas suas feli-
cidades.

F———

A colaboração dos Calvos
no cortejo das oferendas

Na descrição do cortejo das
oferendas, efectuado no dia 6,
em benefício dos B. V. da Ser-
tã, omitimos, involuntãriamente,
a citação do importante carro
dos Calvos, que se apresentou

engalanado e com um apreciá- – —

vel recheio, tanto em quantida-
de como em qualidade, de trigo,
mtlho, batata, fruta, galinhas,
coelhos, frutas, peixe e 160800
em dinheiro.

Foi classificado em 3.º logar,
como referimos,

55 s [c |

MARCO POSTAL

Ex Sr. Dr. Antómo Fer-
reira da Silva — Luanda (An-
gola): Em 17 do corrente rece-
bemos a prezada carta de V.
Ex.*º de 24 de Julho, estimando
saber que se encontra satisfei-
to e continua gozando uma es-
plêndida saúde. Grato por tô-

– das as suas informações, que

muito apreciamos. O mano Zé
continua em Fomar, crendo nós
que satisfeito.

Tomámos nota das suas instru-
ções directas, ao procurador,

em tal sentido. À carta vinha

sem franquia. Sempre que aqui
precise dalguma coisa, é só
mandar,

Ex”º Sr, Anibal Nunes— Cari-
xa Postal, 324— Lourenço Mar-
ques — O Ex.”* Sr. Joaquim Mo-
reira, dessa cidade. actualmen-
te na Metrópole, teve a bonda-
de de indicar V. Ex.º para assi-
nante e ao mesmo tempo entre-
gou-nos 50800 para pagamento
da assinatura até ao n.º 448. À
expedição principiou no n,º 399.

Ercce e ssl

OQOUERE COMUNICAR

com os seus parentes
e amigos residentes
no estrangeiro e nas
: colónias ?

Para maior segurança e fa-
pidez, utilize o nosso jornal e
só terá a pagar $10 (dez centa-
vos) por palavra. — —

É um óptimo serviço que lhe
facultamos porque um jornal
chega muito mais de-pressa
ao seu destino que uma carta.

.. a lâpis

perioridade aérea e o seu abso-
luto domínio naval, ao mesmo
tempo quê o avanço acelerado
em terra demonstra que os ale-
mães, por aquela banda, não ti-
nham sólidas defesas para afron-
tar um eventual ataque.

Pretende-se agora, segundo
se conclue da leitura dos comu-
nicados, ligar essas fórcas às
que combatem a noroesteda Fran-
ca, confluindo juntas em direc-
ção das fronteiras do Reich, pro-
curando antes disso, esmagar as
tropas germânicas que ocupam
solo gaulés,

O que parece evidente é acer
tar ofensivas simultâáneas em tó-
das as frentes, fechando o anel
em volta da nação germânica
para, e isto é o epíilogo, fazer a
sua ocupação e impor a Paz.

20

EM L.ibolo;Calulo (Angola)
existe uma gaande e im-

portante propriedadade
agrícola denominada «“Roça
Nova Sertã»”, E’ do sr. José dos
Santos Nunes, natural do Outei-
ro da Lagõa, que ali vive há
muitos anos; pessoa inteligente
e activa, o sr. Nunes tem dado
grande desenvolvimento à sua .
Roça, mostrando quanto vale o
esfórco bem orientado e a voca-
cão colonizadora da nossa gente.
E a designação da proprie-
dade evidencia um forte apégo

e amor à terra que é sede do

concelho onde aquéle senhor nas-
ceu. : : :
“Registamos êéste caso com pra- –

=2eE
«Dizem que os tempos são
maus, mas se os tempos são maus

zer.

—não é fanto porque os bons são

poucos, é sobretudo, porque os”
bons, poucos ou muitos, não apa- —
recem, não se unem, não entram

— em acção e abandonam o campo

éA os meios de acção social…
Esses meios, hoje, são a impren-
sa, tn capite hibri».

(Ideàrio Social do P. Santana S. J)

Festa vde N. S.º dos
– Remédios

Verificada a proibição do ar-
raial por parte da Autoridade
Eclesiástica, a festa de N. S.
dos Remédios vem decaindo de
ano para ano. Contudo, ainda
ali se juntou bastante gente no
dia 15, alguma vinda de longe,
havendo missa cantada, sermão
e procissão. :

Da Sertã fôram à Senhora
dos Remédios algumas famiílias
assistir aos actos do culto e
merendar, aproveitando a bele-
za do dia.

 

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