Eco da Beira nº30 21-03-1915
@@@ 1 @@@
SEMANARIO
Certã;21 de Março dét015
panda É
Assinaturas:
AnO, o air Arenot o ceDIO
SSMESURE.s prroii- é sata siritor 1500
Brazil (moeda brazileira)… Bibooo
Anuncios, na 32 é 4.2 página 2 cen-
tavos a oa ou espaço de linha
a
E om
a
“Ditadura e…
ditadores
Não são de hoje nem de on-
tem, mas de todos os tempos
desde que. o Estado: se encontra
orgânizado como-fôrça coerciti-
va, as ditaduras, é, porventura,
muitas vezes ainda se repetirão,
emquanto a modelação dos cha-
mados partidos políticos lhes fa-
voreça o aparecimento. Facilimo
seria“o, num’ alardear de ‘erudi-
ção barata, mas espalhafatosa e
adrede para empolgar ingenuos,
fazer estendal de quantas dita-‘
duras se teem exercido na terra;
desde a famigerada tirania do
não menos famigerado Pisistra-.
to, que outra coisa não foi mais
do que um, ditador, até as dos
nossos dias e-da nossa casa: Mas
nem por’sombras temos 6 pru-
rido de qualquer pedantesca dis-
sertação. histórica, bêm mal ca-
bida neste. lugar; para os que
desejem aplausos faceis e consa-
– grações inda mais faceis deixa-
mos função tal!
O, nosso intuito é bêm mais
singélo. na: aparencia : determi-
nar as condições ém que as dita-
duras teem- surgido, quais as
idiosincrarias dos homens que
assumem o. papel de ditadores
e as consequências que da sua
acção resultam: para às naciona-
lidades a que pertençam e para
a marcha geral da civilização na
sua modalidade política. Consi-
deradas devidamente as diferen-
ciações de tempo, de espaço e
de cultura, das quais nunca de-
vemos abstrair em, assuntos de
naturêsa social, verifica-se, toda-
via, que ha caraterísticas gerais
que podem considerar-se como
vincos iniludiveis de ditaduras e
de ditadores.
: Defeito, uma ditadura só tem.
sido; realidade ou, quando um
grande perigo ameaça a colecti-
vidade, ou quando a desorgani-
zação interna, motivada pelo dis-
cidio das facções políticas de-
gladiando-se ferozmente na con-
quista do poder. que as suas,
dissidencias. tornam – fugidio e
instavel, dá azo a que um auda-
cioso, mais astuto e de vontade
mais firme e decidida, chame a.
si todas as. magistraturas e, se
proclame-senhor absoluto.
Muitas vezes se dá tambêm o
caso de uma facção, partido ou
classe, aproveitando a indecisão
ou ignavia dos contrários, se as-
senhorear da administração pú-
blica’ e sem peias nem travões
exercer o mando à mercê dos
seus caprichos, servindo apenas
os interesses. dos seus apanigua-
dos: -e-serventuários, e obede-
cendo à’inspiração dum chefe
que nesse servir amigos e sequa-
xes assenta toda a fórça-do man-
do e.todo o prestígio da sua in-
fluência. A estamaneira de gerir
negócios públicos se chama, em
regra, por eufemismo já com fó-
ros de cidade em técnica políti-
ca, Oligarquia; nós chamamos-
lhe, tambêm, e com mais verda-
de, ditadura: e da: espécie mais
daninha e perniciosa, porque não
tem sequer à honrá-la a coragem
pessoal, que, não raro caracte-
risa os verdadeiros ditadores.
“Em: qualquer dos’ seus aspe-
ctos, porêm, a ditadura é sem-
pre uma anormalidade; é sem-
pre um desrespeito e um atenta-
do contra, os: direitos: daqueles
que, em igualdade de-circuns-
tâncias e regalias, façam parte
duma agremiação. Da anorma-
lidade provêm para a ditadura
o caracter de: efemera, e nenhu-
ma: há, por mais forte que se
suponha e por mais aviltado o
meio sôbre que se exerça, que,
ão cabo de pouco tempo, em
que a insania espulinhou à von-
tade naprática de tropelias, se
não estatele por entre o ódio
das multidões e por entre o té-
dio até, por vezes, dos que mais
dedicadamente a serviram e dela
móres lucros auferiram. E, pas-
sada ela, despertos os olhos ain-
da pesados pela sua influência,
vê-se que só resultados nefas-
tos e -deleterios ela produziu;
toda a sua obra esvai-se como
tenue coluna de fumo varrida
por forte lufada de vento, e, na
ancia de reacção contra o que
representowum aviltamento con-
tra a colectividade, chega-se qua-
si sempre ao extremo de anular
quaisquer medidas benéficas que,
porventura, a ditadura houves-
se tomado.
Para se ser ditador tambêm
se requerem qualidades que nem
todos os que hão: assumido es-
sas funções possuem. Funda-
mentalmente ambicioso e auto-
ritario, manhoso e astuto, O as-
pirante a ditador tem de possuir,
alêm dum conhecimento profun-
do dos complexos fenomenos so-
ciais, a sciência tão dificil do
PROPRIEDADE DO CENTRO REPUBLICANO DEMOCRATICO
DIRECTOR — ABILIO MARÇAL
trato dos homens, .sciência que
lhe dê os elementos seguros pa-
ra os. subordinar à sua acção,
os moldar ao seu pensamento,
os identificar aos seus interesses.
Não é ditador quem quer, ném
mesmo quem uma classe e um
partido imponham numa desvir-
tuada compreensão de deveres
sociais ou numa ancia irrepri-
mivel. de poderio.
Nos tempos mais chegados a
nós, quiz, em França, ser dita-
dor o presidente Mac-Mahon,
um velho. marechal aureolado
pelo prestígio do campo da ba-
talha, imposto ainda às multi-
dões pelo brilho de litógrafias
baratas; mas, apesar de servido
por um ministério pronto: para
todas as audácias contra a Re-
pública, da -qual.
Polga nasua fren e-encontrou
oposição -consciênte ‘e unida co-
mo um só homem c
que? atropêlo que esse a
soberania nacional. Entré nós
quiz ser ditador João Franco
quando, iludido por teorias er-
ronias que homens -de-forteen-
vergadura intelectual proposita-
damente propagavam, supoz que
o povo era nada e o poder pes-
soal dum rei era tudo.
E João Franco caiu, lamen-
tando, porventura, hoje a sua
cegueira, chorando, qual Mario
no campo de Cartago, sob as
ruinas da sua própria. obra em
cujos escombros ficou soterrado.
E, como êstes e todos, os di-
tadores de hoje, como os de on-
tem, como os de amanhã, hão
de cair. Teimosos e pertinazes
enveredam por nr plano incli-
nado e não há bom senso nem
palavras de conciliação amiga,
que possam sustê-los na mar-
cha. Perante uma ditadura que
é sempre uma afronta 0 que fa-
zer? Acendrar o amor pela li-
berdade e pelos direitos públi-
cos, e servirmo-nos de todos os
meios legais que essa mesma: di-
tadura, por pejo invencivel, sem-
pre mantem, para’ lhe neutrali-
zarmos os efeitos e afastarmos os
móres males que até à sua que-
da inevitavel, pela sua natureza
ra, qual-
k transitória, possa causar.
Peas
Pórto dos Fusos
Realizaram-se no dia 14 último as
provas dos alunos da missão conce-
dida pela Associação das escolas
móveis a esta localidade.
Eram 14 horas quando, constitui-
E
IE
dê
tel
Editor e administrador – ALBERTO RIBEIRO” *
Publicação na Certã
Redacção e administração em.
SERNACHE DO Fono
da a mesa pelos srs. Isidoro Antu-
nes e Carlos Santos, sob a presidên-
cia do’sr. dr. Salgueiro, começaram
as provas escritas, depois de entoa-
da a «Portuguesa» pelos alúnos des-
Ja missão.
Pelas 15 horas fói chamado” a
prestar a prova oral o primeiro dos
27 examinandos habilitados e apré-
sentados pela sr.à D: Beatriz Soares
Vasques a êste acto, cuja prepara”
ção teve início em meados de outu-
brô próximo pretérito. :
Seguiram-se – os’ restantes ‘altnos,
prolongando-se. os. trabalhos até às
dezanove, hora a-que terminaram,
ficando todos sas
vivo testemunho da compe-
tência; dédicação e! irabja lho! dispen-
dido pela zelosa e inteligente pro-
fessora D. Beatriz, para quem. o idi-
gno presidente da mesa, no seu elo-
quente discurso, teve, palavras de
bem, merecido louvor. !
Em, seguida, todos os alunos can-
taram o «Hino das escolas», ai «Ser
menteira» e. «Maria da Fonte»; le-
vantando-se. vivas à República Por-
tuguesa, que foram sAmpásiicaman,
te qoEespondidos,
Alêm, do, presidente e vogais da
mesa, cujos nomes.já referimos, e
de dezenas de pessoas do. Pôrto dos
Fusos, . associaram-se com: a sua
presença, sagrando com o seu aplau;
so a obra generosa dos beneméritos
instituidores dêste templo da instru-
ção, os srs.: Daniel Bernardo, P.º
António Luis Ferreira, Olímpio do
Amaral, António. Martins, D. Emilia
de Almeida e Alberto Ribeiro.
cneRD tdo
O LEANDRO
Em volta do caso –
Escreve o Mundo:
O sr. Brito Camacho chamou
outrora a D. Carlos o Leandro. Foi
este precisamente o acto mais cora-
joso da sua carreira de oposição à
monarquia. Feita a República, o sr.
Brito Camacho mostrou-se sempre
imcompativel com qualquer indulto
ao Leandro, chegando a ameaçar o
sr. Bernardino Machado do abando-
no da legação de Madrid pelo ;sr.
Augusto de Vasconcelos se qualquer
atenuação de pena fosse consedida,
a pedido de Espanha ao condenado
pelo incendio da Madalena. Nesta
altura, já o sr. Augusto de Vascon-
celos sabia das disposições do go-
verno do sr. Bernardino Machado
em atenção á Espanha. O próprio
sr. Camacho estava informado da
insistência: do govêrno e do ‘reéi de
Espanha, e, apesar disso, não duvi-
dava evocar e agitar os espectros das
14 vitimas da Madalena para fazer
oposição irredutivel a qualquer me-
dida de clemêcia, Hoje, porém, o
sr. Camacho cala-se! O seu silêncio,
dados os precedentes, não significa
apenas indiferênça. perante o’quê
ainda «ha poucos mêses considerava
monstruoso. O seu silêncio é cum-
plicidade. Sabemos que, se éle não
prometesse, calar-se, o govérno dita-
torial que para aí vegeta não se
atreveria a dar q mdulto. Pergun
«
PIABÇ OBNPY “1S cu XA
o Y
rio
rio
@@@ 2 @@@
“nome nesse indulto! DR
tamos portanto: para o sr. Camacho,
Leandro. ainda é sinonimo de E
Carlos? ‘
correligionario Vasconcelos já não é
incompativel, como nosso ministro:
em Espanha, com o-indulto dado a.
Leandro? -Consente que, pelo con-.
trário, êle vá receber os agradeci- .
por êsse indulto? Para o sr. |
cho só era mau o Leandro em.
quanto lhe não davam coisa alguma
em troca do seu horror por Ele
Que deu ou dá o govêrno ao’sr. Ca-
macho em troca do silêncio que êle
prometeu guardar perante o indulto? |—
pe panhando, o em sua gr ande dôn,
Como: quer «oisr. Brito Cámacho
que classifiquem hoje o seu silêncio
os homens imparciais, que em tem-
pos o:viram’classificar D. Carlos de
Leandro?
Diz um jog monarquico:
“Dias antes de ser indultado o
Leandro, um amigo do sr. Presiden-
te da República disse-lhe:
Manoel de Arriaga lembre- -se
da, opinião que exprimiu quando o
Leandro foi julgado. E, lembre-se
mais que lhe digo hoje: neste caso
Rocbenndio andam quarenta contos.
-—O quê?— exclamou .hororisado
o sr. E da. Repúblca.
– — Andam . “quarenta . contos!-—re-
petiu. o amigo. do, sr, Manuel de Are
Hagd.
«Ah! então, não “ponho o o. “meu
“D MARIA NOLJA COSTA»
bEag joPnál tarja hojé de crepés,
em solidariedade e é boia tecipação
do luto” dum amigo querido é em
manifestação sincera do sentimento
próprio, pelo passamento abrúto de
D. Maria Costa, a esposa caritihosa
e idolatrada’de António Costa.
‘ Compreendemos bêm a sua dôr
porque conhecemos a sensibilidade
afectuosa do seu coração e viamos,
com’ enlêvo, a paz carinhosa “da-
quela: vida: conjugal, dé confiança,
bondade ‘e amôr, Sem uma nuvem a
toldar-lhe a alegria, sen um inci-
dente a perturbar a serenidade” da-
a lar!
D.Maria Gosta, sendo de nasci-
mento modesto; era todavia, e fi-
dalga–pela suá bondade, pelo seu
trabalho, pelos primôres do seu’co-
ração.
-* Do bêm estar e Eanfório Ea
daquele lar o maior quinhão perten-
cia-lhe acela–á sua inteligência e
aos primóres do seu coração : a pros-
peridade «da sua vida conjugal aju-
“ dára-a ela com o seu zêlo e seu tra- .
balho.
O respeito e a à onsideeaio que
todos lhe dispensavam não ia el:
buscá-lo ao prestígio do marido, ás
suas relações” e ao seu valimento:
tinhaia ela na haneza do seu trato,
na sua! bondade e nas suas virrúdes,
Que descance em paz a bondosa
‘ senhora!
E ao nosso qu dd António Cos-
ta, que num momento viu desabar
a felicidade duma sorridente vida
conjtigal, enviâmos um saúdoso abra-
ço com sinceras palavras de re sigia-
Cego
* j
ao. Maria Noija! Maurela Costaeia
natural de S. Lourenço de Brautega,
diocese de Lugo (Espanha): faleceu
no dia 16 do corrente, nasua casa
de Matosinhos, com 52/anos de idu-
de. O seu funeral realizou-se-ho dia
seguinte, com. grande concorrência
de pessoas de todas as classes so-
ciais.
Foi dirigido; pelo sr. de aê HE
Sousa e a chave do caixão condu-
“zida: pelo sr. Francisco Borges, ban-
queiro no Póôrto, ambos amigos ín-
timos ida família. Gosta:
%*
O sr. Sequeira Lo pes, de Lisboa
representava no tea os-srs. dr.
Afonso Cosia, e Germano Martins,
‘ recebidos grande número de bilhe- *
– les, cartões é tel egramas de todos os
“Para o sr. Camacho o seu
“ECO DA BEIRA…”
; as
Na casa de Matosinhos teem sido
pontos ido país, entre os quais os
seguintes:
António A
Matosinhos
“+ Abraço-o comovidamente acompa-
nhando-o sua grande dor.
Afonso Costa. «
-Meu nome e minha mulher -acom:
Germano Martins.
*
Eu, esposa e filhos enviâmos seno
“Limentos por fatalidade a acaba
pe sn És E
ma
f *
“ Profundamenteimprssionado, com
um: grande abraço, sentidos pesames.
E duardo Brazão.
A: expressão sincera a nosso pe:
RQBA af
dsidóra. tando. família,
“Aceite | nossos sentidos. pesames. 2
per mita que o acompanhe em sua tão
justa dor. + se
Daniel Tavares.
Qu nas x ! ‘ Etr
“Sendas condolências. SEO
1Vi ai EM DÊ Angelino’
SqUR | Gir melina
dorge aa
Ê *
oo tacho fóram. assistir ao a
neral da desditosa senhora seu cu-
nhado; sr. António Simões’dos San
tose Silvie o pads dêste o
dr.) ‘Abílio Narcaki> Bi
um NOIVADO No CAIRO à
ATE *
.
. . un. 0. .
Pim de Hords da Hoje audi
mé deitei cheio de aborrecimento
pelos; prazeres desta capital deca:
dente. O meu primeiro: sôno era
intercortado duma fórma inexplicá-
vel com os sons vagos duma gaita
de fóles: e! duma viola constipada,
que me excitavam sensivelmente os
nêrvos,’ Estamúsica-obstinada repe-
tindo sempre em; diversos tons a
mesma frase melódica, acordava.em
mim a ideia duma velha trova da Bor-
gonhaá ou da Provença. Seria isto
um sonho ou tima realidade? O meu
espírito; hesitou” por algum: tempo
antes de despertar inteiramente. Pa-
rece que me surgiam na terra duma
fórma ora grave ora turlêsca, Bis-
pos dé diocéses é beberrões coroa-
dos de pâmpanos uma espécie de es-
troinice patriareal e de tristeza mi-
tológica . misturava as suas impres-
sões nêste estranho concerto, onde
os cânticos lamentados da igreja for-
mavam Os graves duma música cho-
carreira própria para marcar o pos-
so duma dansa de: coribantes,
O ruído aproximava-se e engros-
sava extraordináriamente; eu levan-
tei me sonolento ainda, e uma gran-
de claridade, entrando. pélas grades
exteriores da minha janela, mostrou
me: que se trutava dum espectaculo
todo major iai |O que eu julgára so-
nhar realizava-se em parte; homens
quási nús, coroados como Os luta-
dores antigos, combatiam no meio.
da’multidão com espadas é escudos,
limitando-se: apenas a feriros: me:
tais com Os aços acompanhando o
Titmo da música; e, pondo-se a ca-
minho, recomeçavam mais alêm o
mesmos simulácro dé luta Numero-
sos brandões e pirâmides de vélas
sustentados o crianças. ilumina-
vam brilhantemente a marcha, guian-
do um. longo cortejo de homens e
de mulheres, de que não pude dis-
nguir vodos os detalhes, Alguma
coisa como que um fantasma verme-
lho-ostentando uma corôa de pedra-
rias avançava lentamente entre duas
“matronas de aspecto grave, e um
* Era um noivado, não havia dúvi-
da. Eu vira em Paris nas a de
Cassas um quadro completo destas
cerimónias, mas o que estava admi-
rando por entre as grades-da janela
não bastava para satisfazer a minha
= curtosidade-excitáda;-e-quiz, antes”
que, desaparecesse; alcançar. o cor-
tejo é observá-lo mais-detidamente.
O drogueman Abdallah, a quem co-
muniquei esta. ideia, tremeu da au-
“dácia, desejando pouco percorrer as
ruas àquela hora da noite falando-
–me do risco de ser assassinado, Fe-.
“Hzmente “eu tinha” comprado uma
manta de pélesde camêlo chamada |
machallah que cobrem. um, homem
dos ombros aos pés;e com a mi-
nha barba’já comprida é um lençó
embrulhado à roda da cafe Odia:
farce era completo. a
A dificuldade esteve em encon-
trar o cortejo que se perdeu, no laí
birinto das ruas e das travessas. O
drogueman. acendera uma lanterna
de papel, e corremos ao acaso, guia-
dose distraidos de tempos-a tempos
pelos’sons longinquos da a ide
foles. e pelas roberações da luz re-
flectida nos angulos das encruzilha-
das. Finalmente chegamos ás -por-
tas dum-bairro diferente do “OSSO;
as cásas iluninavamise os cães Ta
tiam, e eis:nos numa: comprida rua,
radiante, de luz e de sons, cheia: de
gente até aos telhados.
O cortejo. avançava. lentamente
ao som melancólico dum instrumen-
to imitandoo rúido obstinado duma
porta ‘que’rânge. Os auetorés desta
vozearia marchavam em número de
– vinte, ladeados de homens que, em-
punhavam. fachos, Em seguida vi-
nham as crianças carregadas de
enormes candelabros, ‘e’4s velas lan:
cavam por-toda a parte uma- viva
claridaee; Os luctadores: continda-
vam esgrimindo ás numerosas para-
gens da procissão; alguns montados
em andas é cheios de plumas, ata-
cavam-sé com enormes paus; mais
longe; os rapazes traziam ‘estandar-
tes e hastes de alabardas encimadas
de emblemas: e atributos dourados,
como se vê nos triunfos romanos;
outros seguravam pequenas arvores
decoradas com grinaldas e corôas,
resplandecentes: de ‘ velas acezas e
de scintilamentos de lantejoulas, cos
mo. as arvores. do Na Largas
placas de cobre dourado, pendentes
de postes é cobértas de ornamentos ‘
extravagantes e de inscrições, irra-
diavam o brilho das luzes. Seguiam.
depois as cantoras (oualems). e as
dançarinas com fato de sedaslistra-
das, com os tarbouchs dourados e
as longas tranças pulvilhadas de se-
quins. Algumas tinham O narizatra:
vessado por grandes aneis; mostra-
vam as caras pintadas de vermelho
e azul, emguanto que outras, ainda
que cantando e dançando, permane-
ciam com os rostos cuidadosamente
velados. -Eram’ acompanhadas “em
geral a cimbalos, castanholas e taná-
bores. Duas longas filasde escravas
caminhavam atraz, trazendo cofres
e açafates onde brilhavam os. pre-
sentes dados á noiva pelo noivo e
pela família; depois o “cortejo dos
convidados, as mulheres no: meio,
cuidadosamente adornadas- com: as
suas grandes mantilhas pretas e os
rostos velados por mascaras brancas;
como pessoas dé distinção, os hos
mens, tam ricamente vestidos, por-
que neste dia, disse-me o drogueman
os proprios felahs sabém. escolher
os fatos mais convenientes. ..Final-
mente, no meio duma deslumbrante
claridade de tocheiros, de candela-
bros’é’ de lampiões, caminhava len-
tamente o fantasma: vermelho | que
já tinha visto, isto é, a nova esposa
(el arouss), inteiramente velada com,
uma longa cachemira que lhe caia
em dobras até aos pés, e cujo teci-
“do bastante delicado consentia que
ela podesse ver, sem poder serwís-.
* grupo confuso de mulheres vestidas |
“de azul fechava o préstito suspiran-:
E do: em cada paragem uns cânticos .
| piégas do mais singular efeito.
=
ta. Nada mais estranho que este
“grande vulto que avança sob o seu
vêo de pregas ondulantes, aumenta-
do aindacom uma espécie de dia-
dema piramidal radiante de pedra-
rias. Duas mulheres vestidas de
preto sustentam-na pelos braços, de
forma tal que ela tinha o aspecto de
deslizar mansamente sobre o. solo;
“quatro escravas cobrem-lhe a“cabe-
ça com um docel de purpura, e ou-
tras acompanham a sua marcha com
“| »-0 ruido sonoro dos -cimbalos e dos
—psaltérios.
“Houve uma nova paragem quando
eu admirava-todo: este aparato, e
algumas criançes distribuiram* ca-
deiras para que a noiva e os paren-
tes podessem descançar, As oualems
voltando; fizeram ouvir improvi isos
é coros acompanhados de música e .
danças, e todos os assistentes repe-
tiam passagens dos” seus cantos,
Quanto a mim, que ineste momento
era visto de-todos,-tive, decessidade
de abrir a boca como faziam os es-
* pectadóres, imitando” tantó quanto
Da os eleyson ou Os amen que
-—Seruem de responso aos couplets os
mais profanos; mas um perigo maior
ameaçava o meu incognito. Eu só
reparei passados minutos nas escra-
vas que percorriam a multidão dei-
tando um liquido’claro em pequenas
taças que iam distribuindo. Um gran-
de turco; vestido de-vermelho,-e que
provavelmente, fazia parte da. fami-
lia, presidia á distribuição e re
bia os agradecimentos dos’ que be-
biam: Estava a dois passos de mim,
ernão mé ocorria: amais Cinsignifi-
cante for mula, para, uma: saudação
– que era preciso fazer- Jhe., dl
Felizmente tive tempo para, ob-
sérvar “todos os movimentos dos
meus visinhos, é,- quando chegóu a
minha : vês, peguei na taça com’a
mão esquerda e inclinei-me pondo
a mão direita, «Sobre o coração, de-
“pois na testa, e por fim na boca.
Estes movimentos são faceis, mas
é necessário toda’ à cautela em não
inverter a ordem e em reproduzil-os
com cuidado. Tinha a partir dêste
momento o direito de examinar o
conteudo da taça; a minhã surprezã
foi grande: Era aguardente ou an-
tes anisette! Como compreendér
que «os maometanos distribuissem
taes. licores nos seus noivados? Eu –
estava de facto, á espera Jalguma
limonada ou dum licôr nevado.. Era
com tudo facil de vêr que’ós musi-
cos, “as” bailarinas é’ os luctadores
do ‘cortejo: tinham mais duma vez
tomado. parte nas libações. ;
Emim a noiva levantou-se e con:
tintiou o seu caminho; as mulheres
fellahs,’ vestidas de azul, seguiram-
na em multidão com os’ seno canti-
cos selvagens; eo cortejo-continuou
o seu passeio. até.a casa dos. noivos;
– Satisfeito de ter figurado como
verdadeiro habitante do Cairo e de
me ter comportado dignamente nés-
ta cerimónia, fiz. um sinal para cha-
mar»0; meu! drogueman,. que fôra
para mais longe, com o firme pro:
pósito de se colocar à passagem
dós distribuidores da aguardente,
sem’ ter pressa em voltár, o
como estava da festa.
—E’ melhor: seguil-os até) casa,
disse-me, num tom baixo de voz…
“—Mas que heide responder se
falarem comigo?
—Diga-lhe simplesmente: “Ta eb!
E” uma resposta para tudo. a
pois eu cá estou Re desvipo aicon-
vêrsação:
Sabia «já que: no » Egito. ras: era
o, ren da língua. E” uma pala-
vra que, segundo a entonação que
sé lhe dá, significa todas as cousas;
póde-se comparar algumas vezes ao
goddam dos inglezes, a não: ser em
marcar a diferênça que existe entre:
um povo. muito polido e uma nação,
quando muito policiada. A palavra
tayeb quer dizer alternativâmente:
Muito bem ou muito obrigado, ou
isto é excelente, ou estow’ás suas
ordens; o tom, sobre-tudo o gésto,
variam-na numa infinidade, de signi:
ficaçõs. Este meio é muito mais se-
guro do que aquêle de que fala um .
viajante. celebre, Belzoni, ‘se bem’
me denatgro Entrava numa. mesqui-
o.
o.
@@@ 3 @@@
ta admiravelmente disfarçado repe-
tindo todos os gestos que via fazer
aos visinhos; mas como não podes-
se responder a uma: pergunta que
lhe fizeram;-o seu drógueman disse
circunspéctamente ao curioso: «Não
à é um. turco inglês!»
“Entrámos por uma porta adoórna-
da de flores é de folhagens pata um
belo páteo todo iluminado-a-lanter-
nas de várias côres. Os mouchara-
bys |recortavam..as suas delicadas
ornâmentações no fundo laranja dos
aposentos iluminados e regorgitan-
tes de espectadores. Só asimulheres
subiam para casa onde tiravam os
véos, e apênas se admiravam as fór-
mas vagas, as côres e os scintila-
mentos dos seus. costumes. e das
suas joias, pelas, Bridges de madeira
torneada,
“Emquanto as damas eram recevi-
das no interior pela noiva e pelas
senhoras das duas famílias, o noivo
descia do burro; vestido com uma
túnica vermelho e oiro recebia as
felicitações . dos homens e convida-
va-os a“tomarem assénto “a umas
mesas baixas, dispostas’em grande”
número nas salas do rez-du-chaus-
‘sée, carregadas de pratos empilha-
dos em pirâmides. Bastava cruzar
às pernas no sobrado, puchar uma
travessa e comer prontamente com,
as mãos. Não deixei de tomar par-
te. no-festim temente faltar ao uso.
Alêmrdisso;-a parte mais brilhante
da festa passava-se no páteo, onde
as danças se agitavam num grande
ruído. multidão de dançarinos
tentes; 1am e vinham, guiados por
uma mulher velada. “vestindo um
manto raiado, que susténtando um
sábre recurvo, parecia ameaçá-los.
Emquanto isto durava, as oua-
l:ms ou bailadeiras da India, acom-
panhavam a dança com, seus, canti-.;
cos; ferindo-com os dedos uns. tam-
bores de porcelana (tarabouka) que
levantayam; à altura. da, cabêça. A
orquestra formada dum grande nú-
mero de instrumentos extravagantes,
tomava. parte. nesse, concêrto e os
espectadores divertiam- -se entre si
acompanhando. os.ritmos. com pal-
mas. Nos intervalos “das danças, dis-
tribuiam-se refrêscos, entre os quais
houve um que eu não prevera. Es-
cravos negros, segurando pequenos
frasco de prata, agitayam-nos , por
entre a multidão. Era água -perfu-
mada de que o suave aroma da ro-
sa só reconheci quando me corriam
pelas faces e pela barba as gotas
atiradas ao acaso.
Um dos personagens mais distin-
tos do noivado dirigiu-me aigumas
palayras. num ar de delicadeza re-
quintada; respondi-lhe com o vito-
rioso tayeb, que me pareceu satisfa-
zer-lhe plenamente; fui ter depois
com os meus visinhos e tive, então,
ensejo de perguntar: ao drogueman
o que ele me dissera.
—Convida-o para ir a casa ver a
“mulher.
Sem dúvida a minha resposta -foí
um assentimento.; mas como se tra-
tava dum passeio de mulheres .her-
meticamente veladas em volta das
salas cheias dos convivas, não jul-
guei prudente levar mais longe a
aventura, E” verdade que a esposa
e as suas amigas se mostram então
com os brilhantes costumes que
dissimulam-o véo negro que trazem
pela;rua; mas não estava bastante
firme na “pronunciação do tayeb pa-
ra me “atrever a entrar no seio das
iamílias.. Voltâmos, o drogueman e
eu, pela porta interior que dava pa-
ra a praça do Esbekich.
=-E’ | pena não esperarmos para
o espectáculo; diz-me o drogueman.
«Espectáculo?
—Sim senhor; representa se uma
comédia.
Pensei imediatamente no ilustre
Caragueuz, mas não! Caragueuz só
se desempenha nas festividades re-
ligiosas, é’um mito, um simbolo da
mais alta gravidade. O espectáculo
em questão devia constar sómente
de pequenas “scenas cómicas Lepre-:
sentadas- pelos homens é que corrés-
pondem ás Mossas récitas de sala.
mado pelôs assis-
* ECoDA BEIRA
Isto é para fazer passar agradavel-
mente O resto da noite emquanto ós
noivos se retiram com os seus pa-
rentes para a parte da casa destina-
“da ás mulheres.
As festas deste noivado, segundo
me disseram, duravam j já ha oito
dias. O drogueman disse-me que ti-
nha–havido no dia do contrato um
sacrifício de carneiros no limiar da
porta antes da entrada da noiva, e
falou-me tambem duma outra ceri-
mónia em que se parte uma bola
de assucar onde estão metidos dois
pombos;—-e tira-se-então um augú-
rio do vôo dêstes passaros. Todos
êstes usos se ligam provavelmente
ás tradições da antiguidade.
Voltei comovido, desta scena nou-
turna. Parece-me que para êste povo
o: casamento é um acontecimento
grande, e comquanto êste nos seus
pequenos detalhes mostra-se que os
noivos eram abastados; ainda assim
a gente pobre faz os seus noivados
com o mesmo brilho e ruido.
Não: teem que pagar aos mu-
sicos, aos palhaços e aos dançari-
–nos “que são. seus amigos, ou rece-
bem dinheiro dos espectadores. Os
fatos teem-nos emprestados; cada
conviva- tem em casa um archote ou
uma vela, e o diadema da noiva não
é menos carregado de diamantes e
dé rubis que o da filha dum pa-
chá. Onde procurar então uma igual-
“dade mais real? Uma rapariga egi-
pcia que póde não ser formosa debai-
xo daquele gaze e não ser rica com
todos aqueles diamantes, -tem o seu
dia de glória em que caminha ra-
diante pela cidade que a admira e
lhe faz cortejo, ostentando a purpu-
ra e as. jóias duma rainha, desco-
nhecida para todos e misteriosa com
– O seu. véo como – a antiga deusa do
Nilo. Um só homem possuirá o se-
gredo desta graça ignorada; um só
pode todo o: dia seguir. em paz o
seu ideal, e julgar-se o favorito du-
ma sultana ou duma fada; até o de-
1 Sapontamento deixa a coberto o seu
– amor próprio;—e demais, não tem
todo o homem o direito em tão di-
toso. país, de repetir por mais duma
vez este dia de triunfo e de ilusão ?
Gérard de Nerval.
E transcrito de O Povo o nosso
artigo editorial.
aSeRS See
GATUNOS
Em correspondência dum ilustre
e venerável jornalista de pRrnaRe,
diz o Século:
«Corre 0 boato de que roubaram
aproximadamente 300 escudos no
Club Bomjardim, ignorando-se se
os gatunos pertencem à mesma qua-
drilha.
-——Não é verdade. Simplesmente
deram um assalto, mas sem resul-
tado.
Tam mascarados : levavam à fren-
te uma coisita boa que lá teem e
contavam com a cumplicidade lá de
dentro, uns de velhacaria outros de
boa fé, armando em irmãos’da paz
e concórdia. Aí está a manifesta-
ção.
Também não é verdade que se
ignore quem sejam os gatunos : são
da mesma quadrilha que lá nos rou-
bou o relógio e.a bolsa com-dezase-
te tostões dentro…
Enquanto êles andavam pelos jor-
nais a descobrirem as ladroagens
que cada um fazia ou de faturas no
“bolso a; quererem convencer os in-
crédulos, com provas escritas e desa-
brochando o seráfico rosto num pú-
dico.e caritativo sorrisso, das gatu-
nices, alheias, ainda nos iamos li-
vrando, que tinhamos quem nos avi-
ZASSE qe
Agora associaram-se.
Estâmos perdidos !.
Que o risco que corremos é bêm
compensado com O prazer, que te-
mos, em vê-los, assim, enquadrilha-
dos.
Ejurdem ferrofuris,,.
AGRICULTURA
Gomo s se pode fazer uma
fortuna
ads vezes temos dito, em
tons diferentes, que O agricultor per-
de muito dinheiro por não aprovei-
tar convenientemente o estrume;
Que a-urina, principalmente, da
qual em geral se não tira nenhum
partido, representa um grande valor;
Que é, finalmente, necessario re-
colhel-a com todo o cuidado para a.
empregar como um precioso adubo.
E? bom repetir isto, pois que bem
poucos agricultores avaliam a perda
que sofrem, pelo facto da sua ne-
gligencia.
Querem fazer ideia da importan-
cia desse prejuizo?
Pois sigam com atenção o calculo
seguinte:
Tomemos por exemplo uma quin-
ta dotada com 30 vacas. Cada um
“destes animais dá pouco mais ou
– menos 15 kilos de urina em 24 ho-
ras, segundo a alimentação é feita
com forr agens verdes ou com for-
ragens secas; mas, se a quantidade
de urina aumenta, a riqueza em
principios fertilisantes diminui de
forma que podemos contar com es-
ta quantidade media.
assim temos que uma só vaca :
pode produzir por ano -5:475 kilo-
gramas, nos quais existem 28 “kilos
de azote e outro tanto de potassa,
eminentemente assimilaveis:
Ora computando cada kilo de azo-.
te ao preço minimo de 300 réis e
cada kilo de potassa a 80 réis, tere-
mos:
28 kilos-de azote a 300 téis, Bingo
réis.
Logo, as urinas produzidas “por
uma vaca durante um ano, valem .
cêrca de 1075040 réis; O produto de
30 vacas em questão é de 319%200
réis.
E já que oiro é que oiro vale se-
gue-se que todo o lavrador que dei.
xé perder as urinas dos animais em
lugar de as recolher e utilisar con-
venientemente sofre uma perda iden- |:
tica-á:que experimentaria, se lan-.
çasse pela janela: fora, cerca de 7044
libras!
Amigo lavrador, ficarias deveras.
espantado se tivesses conhecimento
perfeito do valor que tais perdas
representam.
Supõe agora que estas urinas fo-
ram espalhadas convenientemente e
cuidadosamente nas tuas terras; se-
rá exagerado admitir que uma” tal
adubação possa provocar um aumen-
to de produção correspondente a 4.
p: €., isto é, um valor corresponden-
te ao juro | do capital? Não, com
certeza.
Supõe agora que depositas todos
os anos esses 320000 réis em qual-
quer caixa economica ao juro de 4
p. c. que fazes capitalisar. Ão fim
de 30 anos, ser-te-há paga a “linda
quantia de “18: 000%000 réis!
Podemos, portanto, concluir. que
o agricultor tendo despresado este
adubo, se retira sem lucros nem
perdas ao fim de 30 anos de traba-
“lho, retirar-se-ia com uma linda for-
tuna de perto de 18:000:%000 reis se
tivesse aproveitado convenientemen-
te os conselhos dos bons amigos da
lavoura.
Curiosidades
Os cumprimentos em todo o
mundo
“O costume de nos apertarmos re-
ciprocamente as mãos constitui o
cumprimento mais generalizado-en-
tre os povos civilizados. A sua ori-
gem, segundo vários escritores, re-
monta aos tempos bárbaros, quan-
do. dois homens, ao encontrar-se,
apertavam as mãos que empunha-
vam as armas, para assim se guar-
darem de qualquer traição ou ata-
que súbito.
Em França e na Itália há costu-
me de o sexo forte, quando são ami-
gos ou parentes os indivíduos que
occseres
se encontram, se beijar mútuamente.
Na Alemanha constitui um acto
de cortézia beijar a mão das se-
nhoras. Na Rússia esta liberdade
estende-se até ser permitido beijá-
las na testa.
No Oriente as saudações variam
muito e todas revestem o caracter
de humildade.
O costume de ajoelhar e beijar os
pés do monárca subsiste na Pércia.
Na China, um. inferior. que:
montado em qualquer alimaria-des-
monta e pára quando avista-u
perior que vem pela mesma x
deve passar junto-dêle….. a
No. Japão, .o individuo da classe
mais. baixa descalçava, ou. descalça
ainda, as sandálias quando | encon-
tra um alto personagem, e, cruzan-
do’ as mãos, coloca a direita: sôbre
o braço esquerda e vice- -versa, curva
o corpo e exclama:: «Augh’! to “Aughb
(Não me faças mal ).
Em Sião, o inferior estéridds “se
no sólo quando pássa um superior,
e êste manda por um sérvo verifi-
car se o mísero mantém úmaposi-
ção respeitosa é não estava comen-
do. Se tal sucede, alguns póntapés
castigam-lhe a ousadia de faltarão
respeito devído ao magnate; no ca-
so contrário, O servo) levanta o po-
– bre diabo. …, . 23
cumprimentos.
É vir da Calitórnia um tror ig
-Entre alguns “índios das “tribus
americanas e das ilhas do Pacifico,
a saúdação verifica-se esfregando-se
mutuamente os narizes.
Os árabes, quando se trata duma
pessoa de distincção, beijam-lhe a
dextra “ou tocam-na—primeiro com
os dedos’e beijam-na em seguida.
Em Portugal são inúmeras as sau-
rações. da
“FE o pais, por ex celência, dos
Verdade é que al-
guns teem sido causa de dissabores.
Aposta dum milionário
O sr. Mind Waldorf Astor,
proprietário da: Pall; Mall Gazetti
apostou 500 “libras com o general.
Swen Williams, que faria servir um
jantar de 27 talheres sôbre um tron-
co de árvore da Califórnia.
Aceite a proposta, Astor mandou
Canfeténdi, fê-lo aplainar
havendo-o colodado no nepui de
Chivesden, convidou 26 pessoas pa-
ra jantar sôbre o trónco, entre as
quais o gentral Swen Williams,
tendo cada convidado à sua dispo-
-sição um lugar com SP centímetros
de largura.
O melhor de tudo isto é que
Astor, se ganhou as 5oolibras da
aposta, gastou 2:000 com a festa.
ANUNCIOS.
PROFESSOR DE INGLÊS
Lecciona. Traduções de inglês,
francês e espanhol.
GUA RDA-LIVRO
Escrituração comercial e agricola.
Correspondencia.
Trata-se com F. Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim. |
ANUNCIO
Vendem-se todas as propriedades
rústicas, que pertenceram à Po
dónio Nunes da Silva, em Ser
do Bomjardim. E
Quem pretender ou dear es-
clarecimentos, dirija-se ao sr. João
Carlos de Almeida e Silva, de
SERNACHE DO BOMJARDIM
+(CHAL
Com boa vivenda e nos arrabaldes
de Pedrogam’ Pequeno -«vende-sé,
Trata-se com o notário desta co-.
marca, Carlos David.
@@@ 4 @@@
“carro. “modelo-ideal”
aa de sap – introduzido T nOSs0 mercado, Esta SONEDha marca de. antomôreis:
“FOBPÉ DO HODELO 1914
6 ieiharos em dois blocos: 95 Dm 188 27 46, 19 He a 1200 rotações.
Allumage: Bosch alta tensão. | ese
Mudança de velocidades: Electrica: Vulcan. ia
Huminação: Electrica Westifighouse. ao coin
Conta-kilômetros: Stewart. o
Mise-en-marche: Electrica’ Mrediingloses
Roda sobrecelente, Faroes e lanterna, Bu sita electrica, Bomba-
ce enche-pneumáticos e Capota Soo
– Em. outros. países teem estes carros já “obtido o mais Cibor dl “su-
cesso, porque, «alêm . ds suplantar todos os aperfeicoamentos introduzidos
nos de outros. fabricantes, ocupam um lugar de destaque. pela solidez da sua
construção, , elegância, velocidade, duração, e economia de “combustivel.
Teem uma longa distância entre os eixos, baixo centro de gravidade,
todas, largas com, grandes pneumáticos, excelente sis tema de lubr: neaçhp au-
Fornárica e: estofamento, Turkish de 11.
– À sua.marcha é. da maior confiança, tanto nes, tuas É cidades,
nas. ; peiores, estradas -de; rodagem, e nas “subidas | não teem rival,
E, alâm de todas estas vantagens, são extraordinariamente, mais baratos
do. que os de: todas OS OUtros-carros de luxo até hoje pressnzados no nosso
detida)
E PESCito ETA
; como
“Representantes em Portugal:
ns LOPES é je Bi
ITORIO: Avenida das. Côrtes 47º
PT ISBÕA
de «End. telegr.: DIT. A Telefone ne 1800.
“CAMÍSARIA CYSNE
Es
USPENSORIOS
“BENGALAS º
“GUARDA- “CHUVAS!
Ee “IMPERMEAVEIS
ireclamente vi Londres b Pais oi sito
08 5 MoBicOs
aaa
“Estabelecimento de géneros alimentos, ouça, vidros
e — NT <abacas
“Grande sorjmento de po de primeira qualidade, de carnes, Per
* xes e mariscos. FAR
* Licôres nacionais e estrangeiros, vinho do; Porto « e de pasto, etc, pe
» Preços lemitadíssimos (|
ANTONIO dem e
« Sernache do Bomjardim ac
ABRIGA DA SALGADA
o Moagens e fabrico de azeite.
Nenda de cereais e farinhasu
– Recebem- -Se cereais e azeitona à maquia..
ANTONIO /PEDRO DA SILVA JUNIOR
MSernache do Bomjardin
ousa E RELOJO ARIA
ANTOMO “DAS COSTA NOUGA
«ME oSERNAGHE DO BOMJARD) No
ad e sortimento de: reló ógios de todos, os
aeee 86 CÍRO SENSE as di
| Objectos de ouro e prata de fino gosto, mui, ato;
prios para-brindes;- | |
Concertos, garantidos.
Ê
– quimica que à distingue” de todas
” Migud da Costa Trindade
gista anna mbagiiia está hottlicé está habilitada à executar com à má”
| Xima rapidez e perfeição todos os trabalhos de grande e peque- [NT
| no fórmato, para o que possue as competentes maquinas e e
E ge variedade de es nacionais e cs
“IMPRESSÕES v CORES OURO E PRETA!
Bilhetes de. visita. desde %. etv. o cento. -Pariipá- | >.
Jo pe ge casamento e qu É JA
– go DE ing PA, E É PAi úiais
Vagão 4 as é Passeio LEIRIA, hiob sa va
=… Preparado por FRANCISCO SIMOES | |
o e aperfeiçoado gd Bá
Com este: essparidiho obrims sé 100, copia de qualquer: sstógrato veomo:
preços’ correntes, “circulares, mapis, avisos, qua aguda po
hos, Plantas, caricattiras) anuncios, eric, VD Sino Re
A o único que está” sempreda” funcionar, porque sê
AGUA: QUENTE-EM UM’ MINUTO. den : :
“Muito útil nos escritórios comérciaes, govêrnos civ | adiminiirações
de: “concelho, câmaras municipais e, fihalmente, e! tódas’ as! repartições pú-
blicas e e-particiilares em’ algumas das quais finiciona com “inexcedi
«Rg Único.que-dá tantas provas initidas é! “que! pode Tunci ner
minutos depois de ter servido, por se lhe titaf a tinta com ua quét
menos de-dois: “mifitos, Garente se o. bom Fésálta stitui Eis
PREÇO Do APARELHO, Et Fi E
tirar” ont a
Para de visita . . …
Formato &º nc de
» Â. he RS as
» comercio. j
amp ce dae a
de Mobo E o
Massa–Lata de quilo ; SC Co do o EsauRoNoL ou au d
Dr meo Quilo. sa MA E 9 Mioy Di iDRORE
Tinta-eFrasco grande. ERA a ER a
Peteca PeqO e a cs
Para as províncias acres mais 100 réis por aprélho.
‘ Todos os dios devem sér dirigidos a
a FRANCISCO SIMÕES, .
238, Eua DOS FANQUEIROS, 238 — CLISBOA |
io da Foz da Ceria
A Agua | minero-medicinal da or da Certã apresenta t uma – ocumasição
as outras até hoje; uzadasna terapeutica.
E” einpregada com segura Vantagem da “Diabetes— Dispepsias— Catar
ros gastricos, putridos ou parasitarios ;—nas prever ‘sões digestivas derivadas
das doenças infeciosas! nã tonvalescença das febres graves ;–nas atonisa
gastricas dos diab: ticos, tubericulosos, brighticos, do pe as
exgotados pelos excessos ou pr ivações, | etc., etc.
Mostra a analise bateriologica ‘que a “Agua da e da. Certãis tal como
se encontra nas garrafas, déve ser considerada: como: microbicamente
pura não contendo” colibacitlo, nem nenhuma das especies patogeneas
que podem existit em aguas. Além disso, g9sa de uma certa acção mitrobi-
cida: O B. Tífico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco; tempo
nella perdem eia a sua vitalidade, outros microbios, apresentam porém Te-
sistencia maior; ,
A Agua d: Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de sabor te-
vemente acido, muto agradavel quer bebida | pura, quer misturada com,
e DE POSITO GERAL É. pe
RUA DOS FANQUEIROS= —84—LISB DA,
Ê à * Peleíone 2168:DA,
Ê à * Peleíone 2168: