Eco da Beira nº29 14-03-1915

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SEMANARIO POLITICO

 

 

f

Assinaturas:
ANO SL. 120
Semestre… io o: Rs, HG
Brazil (moeda brazileira). ..

Anuncios, na 3.º e 4.º página 2 cen-
tavos a linha ou espaço de linha

 

dl PROPRIEDADE DO CENTRO REPU

itor

 

DIRECTOR — ABILI

administrador -ALBE

ICANO DEMOCRATICO |

E
MARÇAL ig

 

Publicação na Certã .
Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

Composto e impresso na Tipografia Leiriense

 

Viva a República

Congresso

Na vida da Republica Portu-
guesa o dia 4 de Março de 1915
fica sendo uma data memoravel,

e-uma data histórica na vida da

nossa nacionalidade!

‘ Por um capricho, por um abu-
so de força brutal, por um des-
vario, o governo não queria que
o Parlamento. reunisse no dia
prefixado!

Mas o Parlamento reuniu.

Reuniu c deliberou!

O governo, porque tinha a
força e a tropa e a policia, cer-
cou a casa do Congresso e im-
pediu ali a entrada dos repre-
sentantes do país. Mas, fechar
um edificio não é encarcerar um
ideal nem vencer um direito.

Os ditadores são pigmeus de
mais para conterem ou domina-
rem uma aspiração e um ideal
que vive, quente e impetuoso,
no coração da Patria, e é vela-
doe defendido pela vontade in-
domavel de um forte partido po-
litico, conduzido por uma inteli.
gencia privilegiada ao serviço de
uma grande decisão e energia,
e de uma grande dedicação pela
Patria e pela Republica!

“E assim foi que, emquanto as
tropas e os policias dos senho-
res ministros cercavam o velho
palacio de S. Bento, deserto e
vasio como o cerebro de um di-
tador, e inacessivel aos repre-
sentantes da nação, como. cra-
neo: de tirano impenetravel a
uma ideia nobre e generosa, o
Congresso da Republica reunia.

Reunia e deliberou votando
uma moção, que é a segura e
consoladora revelação de um po-
vo que, sequioso dos seus direi-

tos e das suas liberdades, quer.

viver no respeito da lei com brio
e dignidade!

A honra da Republica salvou-
a nessa metnoravel jornada o

Partido Republicano Português,

ao mesmo tempo que afirmou,
perante o mundo inteiro, que es-
te país tem a nitida compreen-
“são dos seus deveres, que ama a
Republica e com ela quer viver
e sabe defender dos abusos da
tirania ! aço

Viva a Patria!

Viva a Constituição !

Viva a Republica !

 

 

MOÇÃO

À câmara dos deputados da República
Portuguesa:

«Considerando que o sr. presidente da Re-
pública nomeou, fóra de todas as indicações
constitucionais, o actual ministério, pesidido
pelo general Joaquim Pereira Pimenta de
Castro: É

Considerando que este ministério, desaca-

“tando todas as normas reguladoras da com-

petencia e atribuições do poder executivo,
fez publicar, com a assinatura do sr. presi-
dente da República, como chefe dêsse po-

“der, os decretos números 1:352 e 1:377, de

24 de. Fevereiro e 2 de Março de 1915, em
que se contêm alterações a leis vigentes e se
regulam matérias da competência exclusiva
e privativa do poder legislativo, como são
as respeitantes à organização dos colégios
eleitorais das duas câmaras e ao processo da
eleição, artigo 8.º, 8 1.º e artigo 26.9, n.º 1.º
da Constituição Política da República Por-
tuguesa ; E ss

Considerando que o mesmo govêrno, com
a solidariedade do sr. presidente da Repú-
blica atentou contra o livre exercício do po-
der legislativo, opondo-se ao regular funcio-
namento das câmaras, mediante o encerra-
mento violento do edifício do Congresso, o
seu cêrco e guarda por fórças militares, que
nem aos próprios presidentes das mesmas
câmaras permitiram a aproximação daquele
edifício ;

Considerando que êstes factos constituem
os crimes de responsabilidade, previstos no
artigo: 959.0, 0:08 2,0 eocess 1º e 20’da
Constituição, e nos artigos 3.º e 6.º, n.º8 2.º
E) Ss, nº Br e dceS único, 9% n 1ºe
S único, 14.º e 24.º da lei n.º 266 de 27 de
Julho de 1914, sôbre responsabilidade minis-
terial, resolve: à

1.º— Declarar o ministério eo chefe do
poder executivo fóra da lei;

2.º-—Dar por nulos, e sem efeito algum,
os ditos decretos n.º* 2:352 e 1:377, na parte
em que alteram as leis vigentes e regulam
matéria legislativa ;

3.º—Incitar todps Os cidadãos portugue-
ses, e especialmente os funcionários públi-
cos, a não cumprirem tais decretos nem lhes
obedecerem, respeitando e exercendo assim
os direitos individuais consignados nos n.º:
20.º e 37.º do artigo 3.º da Constituição ;

4.º—Negar validade a quaisquer outros
actos ditatoriais do governo, e a todos os
que, de ora ávante, pratique o poder execu-
tivo, ainda em matéria de. competencia -des-
te poder, quando funcione constitucional-
mente ; É :

5.º—Comunicar a todos os interessados |

estas resoluções, para que, de futuro, não
seja exigido à Nação Porluúguesa o cumpri-
mento de quaisquer obrigações internas ou
externas, contratuais, políticas, diplomáticas.
ou financeiras, que O actual ministério, por
si só ou como poder executivo, emquanto
subsistir; de facto, porventura, ou se contra-
riar com terceiras pessoas ou com governos
estrangeiros. :

Arredores de Lisboa, Palácio da Mitra, em
4 de Março de 1915.— Afonso Costa.

x e *

Um ofício dos presidentes da

Câmaras ao st. Manuel de
Hrriaga

Os presidentes das duas Câma-
ras Legislativas enviaram hontem à
noite ao presidente da Républica o
seguinte ofício :

Excelencia. – Os sinatários, representan-
tes das duas câmaras legislativas, que con-
stituem o Congresso da Républica solicita-
ram de V. Ex.º, como chefe do Poder Exe-
cutivo, as providências necessárias ao livre
exercício do Poder Legislativo e go respeito

a

 

da Constituição. Apenas conseguiram uma
conferência do sr. presidente do ministério,
que na obstinação irredutível, mandou fe-
char hoje, abusiva e violentamente, as por-
tas do palácio do Congresso, que se acha
cercado de fórça pública, impedindo dêste
modo o funcionamento da Câmara dos De-
putados e do Senado. A brutalidade do cri-
me está consumada. Contra ela protestamos
em nome da Lei. A v. ex.º deixamos a res-
ponsabilidade das suas consegúências, con-
fiando serenamente na justiça da História.
As.ex.2 o sr presidente da República.
—Lishoa, 4 de Março de 1915.——Manuel Joa-
quim Rodrigues Monteiro; presidente da Câ-
mara dos Deputados; António Xavier Bar-
reto, presidente do Senado. É :

pe ese
“João Chagas.

O antigo republicano
deixa a legação de
Paris por não querer
servir a ditadura

O sr. João Chagas, ministro de
Portugal em Paris, enviou ao go-
vêrno o-seguinte telegrama:

Ministério dos estrangeiros. —
Listoa:-— Por êste telegrama tenho
a honra de enviar a v. ex? a mi-
nha demissão de ministro de Por-
tugal junto do govêrno e nesta data
entrego os negócios da legação ao
sr. Justino Montalvão, 1.º secrelá-
rio. Representante de um regime
de Liberdade, não sirvo ditaduras
nem ditadores. —João Chagas.

O acto do sr. João Chagas está
bem à altura da tradição republica-
na do seu nome. Não está o-sr.
João Chagas filiado no Partido Re-
publicano Português. Foi por esco-
lha do sr. Manuel de Arriaga, o
presidente do primeiro, ministério
constitucional. da República, apoia-
do pelos adversarios do mesmo par-
tido. O seu acto tem,.por isso mes-
mo, uma especial significação, Re-
presenta a lógica e espontanea ati-
tude de quem, sem nenhuma preo-

cupação de política partidária, põe, |

acima de tudo, a República, Há 26
anos que João Chagas. começou a
combater pela. República com um
ardor que nunca ninguêm excedeu.
Foi êsse ardor que inspirou a revo-
lução de 31 de Janeiro de 1891. So-

freu na cadeia, no exílio e no de-

gredo. Combateu sempre, conspi-
rou sempre, até vencer a revolução
de 5 de Outubro que implantou a
República, Esse homem lutou, sa-
crificou se, sofreu, para que em Por-
tugal existisse a República que tem
de ser o regime da lei, Mas a Re-
pública é neste momento o regime
do arbítrio. João Chagas não póde,
não quer servi-la, e por “isso aban-
dona o seu lugar de ministro em
Paris—os seus proventos e as suas
honras. O seu. acto glorifica-o, ao
mesmo tempo que é um correctivo
para aqueles que esquecem todos os

seus deveres, os mais sagrados, os

mais imperiosos. Como republica”
nos e como cidadãos de um país

que não póde, não quer, nem mere-.

ce ser escravizado. por quem quer
que seja, registamos com orgulho a
resolução de João (Chagas. E’ o
acto de um republicano que sabe
honrar a República, A

 

Dr. Joaquim Ribeiro

A êste – seu querido amigo é cor-
religionário, de luto pelo falecimen-
to de seu irmão, dr. José Ribeiro,
a redação do Eco da “Beira, que
compreende e avalia a sua grande
dôr, néla o acompanha de todo co-
ração e lhe envia as suas sinceras
condolências.

 

Damos hoje publicidade à carta
do nosso presado amigo, Ciríaco
Santos, a que nos referimos no pe-
núltimo número dêste jornal.

Por motivos alheios à nossa von-
tade e que bastante nos contraria-
ram, só hoje podemos publicá-la —
tardiamente e sem oportunidade. |

Releve-nos o seu autor a demora
e ela aí vai, visto que na sua publi-
cação insiste. e

Muito obrigado pelas amabilida-
des que por ela espalhou, com o
nosso reconhecimento pelas referên-
cias lisongeiras, que as suas pala-
vras velam discretamente.

Segue a carta:

Meu presado correligionário
e amigo:

Esperei que vós terminasseis a

– vossa resposta à minha carta, para

vir agradecer-vos as amáveis pala-
vras nela exaradas.

Aqui estou hoje, pois, a desobri-
gar-me dêsse dever.
– Não tive em vista a exterioriza-
ção das nossas pessoas e sómente
para cumprir um dever de lealdade,

‘que me manifestei daquele modo,

quando vi que a crítica mordaz, a
vosso respeito, tinha passado dos
marçanos da politiquice, aos quais
tenho sempre respondido como me-
recem, para um campo em que não
se deve admitir, de modo algum,
que a má fé-suplante a verdade.

Era preciso avivar a memória dos
patrões: da política! :.

Depois do vosso primeiro passo,
marcado com firmesa na política re-
publicana, como era natural, repu-
blicanos houve que ponderaram a
circunstância de o vosso lugar não
ser em casa!… A vossa situação e
a vossa pessoa na política republi-
cana faz-me lembrar nêste momen-
to um caso, um tanto curioso, dum
nosso patrício, africanista, de nome
«Ambondo», que quer dizer árvore
grande.

Ambondo era inteligente e inérgi-
co e de uma grande decisão de re-
soluções. Grande influência e bom
caracter. Era, emfim, um homem.

Durante a minha estada nas pro-
ximidades do sobado de Quiçama,
vinham, por diversas vezes enviados
do Angana Fidalgo, em nome do
soba, pedir-me impressões acêrca de
ocorrentes questões. intrincadas…

Um dia vieram dizer-me que o
fidalgo, a exemplo do que tinha fei-
to o seu colega de Sanga, tinha re-
solvido tomar para seu lugar-tenen-
te um branco que soubesse escrever
bem: por isso, êle me pedia que

ma

 

 

Ex Sr. Adrião David

egoo David

ego

 

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lhe indicasse um.

Indiguei-lhe aquele nosso patrício
—o Ambondo. Era o melhor que
havia por lá. :

Rapidamente, como se viesse de
uma deliberação, prévia e decidida-
mente tomada, os homens repeliram
a indicação. Que não, que êsse não
o queriam lá, o E

Ldmirado da recusa, visto que,
querendo êles um homem de inteli-
gência e caracter nenhum melhor
por ali havia, interroguei sôbre o
motivo da oposição: e os homens
responderam—nemo ca arimica qui-
avulol)soo 05 À

Em português quer dizer: esse
não, que está muito esperto!

E’ verdade, meu caro correligio-
nário: os do sobado de Quiçama
não queriam lá o Ambondo por es-
tar esperto de mais!

“Tenho muitas vezes – aproximado
no meu espírito os da aringa unio-
nista dos de Quiçama e lembrando-
me do Ambondo vem-me sempre à
memória a frase do soba.

Némo êa arimiça quiávulo!

Como sempre, desejo-vos

Saúde, Paz e Vida
CeA D.

Ciríaco Santos

capa aas-
Estrada da Vila de Rei

Na sua última sessão a comissão
executiva da câmara municipal dês-
te concelho deliberou, sôb propos-
ta dos srs. vereadores Emídio Ma-
galhães e Demétrio Carvalho, re-
presentar ao govêrno no sentido de
ser convenientemente dotada u es-
trada de Belver pela qual êste conce-
lho se virá a ligar como de Vila
de Rei.

A pretenção é justíssima e todo

o apoio lhe deve ser dado pelos que
nesta vida política labutam e para
com os povos contraem a obrigação
de zelar os seus interesse e velar
pelas suas necessidades.

A construção desta estrada serve
por igual os interesses dos dois
concelhos não só na sua vida co-
mercial e agrícola mas também nas
suas relações oficiais com a Certã,
como séde da comarca.

A maioria da comissão executiva
deu, sem reservas nem hesitações,
o seu apoio á proposta, demonstran-
do assim que, sem paixões e refrac-
tária a ruins, exemplos, cuida dos
interesses de todo o concelho.

E” preciso que sôbre o caso não
durmam os que. por: êle teem a
velar,

A câmara cumpriu o seu dever:
cumpram os políticos o seu, que
déles ha bem mais a esperar do
que da intervenção do município.

‘A situação é muito de ponderar
e sôbre ela falaremos num próximo

artigo.
Aquiles Gonçalves

Faleceu em Lisboa este antigo
ministro da República. à

Mais uma grande perda para o
artido. democrático do qual: Aqui-
es Gonçalves era um dos mais va-
liosos e dedicados soldados !

apa
Escola do Nesperal:

Foi nomeada interinamente pro-
fessora’ desta escola e entrou já no
exercicio das suas funções a senho-
ra D. Emília das Dôres Barata.

Felicitamos a freguesia pois; que

segundo as nossas informações, vão

ter uma: professora inteligente e
mui zelosa e de primorosas quali-
dades sociais.

EE a
Escola do Marmeleiro

“Foi nomeada interinamente pro-
fessora da escola do Marmeleiro a

sr* D, Maria da Piedade Oliveira,

 

 

 

“EGO DA:-BEIRA

Em volta da guerra

Francês -acima de tudo!

Um escritor católico da França

: bem conhecido pelos seus excessos
réeacionários, o sr. Artur Meyer,

monárquico impenitente, pergunta
no seu jornal:
—De que serviria na hora presen-

| té ai propaganda monárquica ?

Nessa abdicação dos seus princi-
pios o sr. Artur Meyer dá o exem-
plo do seu pena do seu des-
interesse absoluto, da sua fé cons-
tante nos destinos da sua pátria
heroica; Nobremente coloca’de par:
te as suas convicções monárquicas
para só se exaltar no sentimento
do seu país amado como nenhum
outro. Que extraordinária lição para
os cobardolas que hesitam ou se re-
cusam. a colaborar. na sua obra ci-
vilizadora de esmagar à arrogante
Alemanha! Esse homem, que não
nos meréce simpatia alguma, peran-
te o conflito em que se encontra en-
volvida:a-sua raça lembra-se-prin-
cipalmente de que é francês, e como
francês procede, colocando a pátria
acima-dos princípios que constituem
o seu crédo.: Bem fariam todos os
portugueses—os maus portugueses!
— procedendo como êle. Mas assim
não sucede. Ha uns que monárqui-
cos impenitentes, querendo regres-
sar á vida’de crapula e de roubo
que a monarquia lhes proporcionava,
se colocam. contra os aliados por-
que assim: sé colocam contra á Rê-
pública; óÓutros existem que por
simples | cobardia se declaram con-
tra a guerra. Revejam-se. no exem-
plo. do.sr. Artur Meyer-—e, enver-
gonhem-se, E

O generalissimo Joffre

Alguns pormenores sobre a sua indivi-
dualidade

Uma prova de que os franceses
já julgam ter assegurada a vitória é
que se pensa em recompensar o es-
forço do generulissimo Joffre como
chefe supremo do exército franco-
anglo-belga. Já se garante que será
eleito membro da Academia. Pouco
importa: que o general não tenha
nenhuma: bagagem literaria. De fa-
cto, só tem escrito os cumunicados
oficiais que envia ao govêrno da Re-
publica: Mas ha um precedente. Er-
nesto Renan, falando na Academia,
disse um dia:

«Se Cristovam. Colombo ainda
hoje vivesse nomeá-lo-hiamos mem-
bro da Academia, como da mesma
maneira procederiamos para com o
general que de novo nós conduzisse
á vitória. Certamente que esse ge-
néral séria nomeado por aclamação,
sem discutirmos a sua prosa € sem
nos preocuparmos com os seus es-
critos. E com que entusiasmo o
acolheriamos !»

Um: jornalista francês também
entrevistou uma irmã do generalis-
simo Jofre.

-—A nossa familia, disse ela, é
oriunda de Espanha: O nosso ter-
ceiro avô foi expulso deste pais por
vários motivos políticos e estabele-
ceuse em Rivesilites. Chamava-se
Gouffre, de que resultou Jaffre, com
as alterações do tempo. Era comer-
ciante. Quando morreu o meu visa-
vô encarregou-se dos negócios; ca-
sou-se, é aos 43 anos sua esposa
téve um filho. Este aprendeu o oficio
de tanoeiro e teve onze filhos, dos
quais existem três; O general, um
empregado no ministerio das finan-
ças e eu, que sou a mais nova.

Depois acrescentou :

—Meu irmão custuma passar va-
rias vezes com O nosso pai, já mui-
to velho. Em Riversaltes fala o ca-
talão, joga as cartas e entretem-se
em trabalhos do campo. Agora es-
tou contente porque meu irmão és-
creveu a sua esposa declarando que
está satisfeito com a marcha dos
acontecimentos é eu que O conheço
sei que não diria qualquer palavra
contra a sua consciência,

 

 

PORTUGUESES HERDICOS

A proposito da heroicidade do
nosso patrício Alberto Santos, que,

por feitos de campanha de guerra |

europeia, foi de simples soldado,
promovido a tenente, publica o nos
so presado colega Noticias da Bei:

ra-0 seguinte artigo que com mui-

to prazer transcrevemos :

E? consolador, nos. tempos atra-
biliários que vão decorrendo, consta-
tar factos que engrandecem aos
olhos do mundo inteiro 4 nobreza
duma raça tão mal compreendida e
sentida por nativos é estranhos. –

Trata-se dum voluntário portu-

+ guês do nosso distrito—Certã-—pro-

movido a tenente em França por
serviços relevantes nos campos da
batalha ‘ contra essa maldita raça teu-
tónica.

Uma nação como a nossa, que
conta no número de seus filhos pa-
triótas. como Alberto Dias dos San-
tos=assim se chama o distinto vo-

luntário que hoje enverga uma far- |

da que não é bera, farda que valo-
rosamente conquistou nos campos
da batalha, —uma nação que assim
conta, diziamos, não morre, não ce-

derá jâmais ao. pêso de assassinos”

que, assalariados, ou por conta pró-
pria, matam à luz do dia cidadãos
inermes; não vergará’ à pressão vio-
lenta de politicos rancorosos, de ca-
ractéres falidos, de cabeças desmio-
ladas!

Não; Portugal, raça de herois,
que conta nas paginas da sua his-
tória, feitos, os mais brilhantes, que
desvanece, que sacode a sonolência
dos desiludidos com gestos de ele-
vada nobreza épica, como agora su-
cedeu nos campos da França, não
se afundará, em que pése aos mi-
lhafres: sobreviverá a todas as cala-
midades políticas, porque no mo-
mento oportuno o povo português
sabe correr com os tartufos que pa-
ra, proveito próprio lhe roubam to-
das as liberdades.

Podem os dictadores, pois, estar
convencidos que isto não vai para
trás! Ai! daquele ou daqueles que
para chegar ao fim da sua jornada
se lançam a cometer desatinos de
toda a ordem!

Ai! daquele que para ser rico rou-
ba ao primeiro passageiro a bolsa
ou a vida!

Ai! daquele que para engrande-
cer um partido político mata ou
manda esmagar os direitos dos seus
adversários!

Ai! daquele que renega, por idio-
tia, por vaidade, por ambição ou
por rancôr, os princípios com que
se levou no conceito público!

Os maiores. aguaceiros ‘ podem
momentaneamente escurecer, e es-
curecem, o nosso límpido ceo, mas
tudo isso é efémero, porque a luz
rutilante, esplendorosa do astro rei
não tardará em estender o seu man-
to-benéfico sôbre a criação !

case
FALECIMENTO

Na sua casa do Nesperal faleceu
o sr. Antônio Pedro da Silva Mata.

Pesames.

Tem estado doente, mas já livre
de perigo, pelo que sinceramente o
felicitamos, o nosso amigo Marce-
lino Francisco da Silva, da Pajaria.

Estação telegráfica

Foi creada em Pedrogam Peque-
no uma estação telegrafo-postal, de
4.2 classe.

E” um melhoramento para aquela
vila que o fica devendo aos incan-
cáveis esforços dum dos seus mais
ilustres filhos e devotado republica-
no, o nosso querido amigo, sr. Ca-
simiro Freire.

 

 

tes na mocidade, as nossas compa-
nheiras na idade madura, e as nos-
sas armas na velhice.

Bacon

 

x

 

ercmenamamem emerge

 

LITERATURA

As aparências iludem
(Conto histórico)

Dois estudantes da universidade
de Varsóvia, que passavam pela rua
onde se acha erecta a estátua do rei
Segismundo, cujo pedestal está sem-
pre-rodeado de grande número de
mulheres, que vendem frutas, bolos
e comestíveis de toda a espécie, pa-
raram a contemplar uma figura de
aspecto singular, que atraiu a sua
atenção. Era um homem de 50 a 60
anos, vestindo um casaco, que ou-
trora fôra prêto, e atualmente esta-
va esverdeado e usado até ao fio;
um grande chapeu lhe cobria a pe-
quena cabeça: parecia um velho, e,
todavia, o seu passo eta firme e ra-

* pido. Parou numa das lojas próxi-
* mas da estátua, comprou por um
“soldo ‘ um
“guardot o resto na algibéira, pro-

pão, comeu parte dêle e

seguindo no seu caminho em direc-
ção-do palácio do general Laianczek,
que na ausência do czar Alexandre,
exerciaia autoridade absoluta na Po-
lónia.

—Conheces aquele homem? per-
guntou um dos estudantes ao. outro.

—Não! mas a julgar pelo seu fú-
nebre trajo é não menos lúgubre fi-
sionomia,. apostaria em como é al
gum dos muitos empreiteiros que
por aí andam.

—Perderias, meu caro; é Esta-
nislau Etaszic. :

— Etaszic ! exclamou o estudante,
olhando para’o homem em questão,
gue entrava então no palácio. Como
é que um homem tão miserável, que
pára na rua para comprar um boca-
Fones pão, pode ser rico e podero-
so?

— Todavia, assim é, réplicou-lhe
o seu companheiro; aquele exterior
repugnante oculta um dos ministros
mais influentes e um dos sábios
mais ilustres da Europa. :

O homem de que se tratava e de
quem a aparência contrastava com
a sua posição social, tão poderoso
quanto: parecia ínfimo, tão rico co-
co como parecia pobre, devia toda
a sua fortuna a si próprio, ao seu
trabalho e ao seu génio.

Nascido de baixa condição, tinha
partido da Polónia, ainda muito no-
vo, com a mais intima e veemente
vontade de instruir-se. Depois de
haver cursado as universidades de
Leipsich e do Gottingen, continuou
os seus estudos no Colégio de Fran-
ça, sôb a direcção de Brisson e de
Aubenton, conquistando-a amizade
de Boflon. Depois visitou os Alpes
e os Apeninos, regressando à sua
terra natal rico dé conhecimentos
profundos e variados.

Dentro ‘em’ pouco, foi convidado

‘por um, fidalgo para se encarregar

da instrução de um seu filho, e em
seguida o govêrno resolveu utilizar
o seu talento, elevando-se assim
Staszic, gradualmente aos mais al-
tos cargos e as maiores dignidades.

Com: as suas economias, ajuntou
uma grande fortuna. Quinhentos ser-
vos cultivavam as suas terras, e pos-
sufa grandes sômas de dinheiro em-
prestado a juros. É

Quando é que um homem, que
se- tenha. elevado. acima da: classe
designada pelo seu nascimento, se
não encontra exposto à inveja e à
maledicência? As mediocridades vin-
gam-se sempre caluniando: foi o
que aconteceu a Staszic.

Os brayos e patrióticos habitan-
tes de Varsóvia estavam sempre
prontos a atribuir cada uma das
suas acções a alguma cousa funesta
ou vergonhosa.

Tinha-se reunído um grupo, dê
ociosos próximo dos nossos dois es-
tudantes, e todos, olhando para:o
ministro, soltavam algumas frases
em seu desabono.

—(Quem* acreditaria, exclamou
um nobre, a quem o bigode grisa-
lho e o traje à antiga moda faziam
lembrar o século do rei Segismun-

do, quem acreditaria que vai ali um um

 

@@@ 3 @@@

 

ministro de Estado ? Noutro tempo,
quando um palatino atravessava a
capital, era precedido e seguido por
uma guarda a cavalo, e alguns sol-
dados dispersavam a multidão que
se ajuntaya para vê-lo. Mas que res-
peito pode impôr um velho avaren-
to, que.não tem-alma para comprar
uma sége-e que come um bocado de
pão na rua como um mendigo?

—O seu coração, diz um outro
velho, é tão duro como-o, cofre on-
de guarda o dinheiro; se um pobre
estiver à sua porta a morrer de fo-
me, não é capaz de lhe dar uma es-
mola. :

-—Veste aquele fato ha mais de
dez anos, observa outro.

— E. assenta-se no chão para não
estragar as cadeiras, diz um rapaz

de aspecto insolente, de quem toda

à multidão acolheu o grosseiro gra-
cejo com gargalhadas sarcasticas.

Um aluno da escola pública tinha
escutado, silencioso e indignado, ês-
tes ditos chocarreiros e malévolos,
que o magoavam e lhe feriam o co-
ração; emfim, não podendo conter-
se por mais tempo; voltou-se para
o venho e disse-lhe :

—Um homem conhecido pela sua
generosidade. devia tributar-se-lhe
mais respeito. Que nos importa a
nós o que êle veste e o que come,
se faz um nobre é generoso uso da
sua fortuna?

“Então que uso faz dela?

-=A academia das sciências pre-
cisava de uma casa para instalar

uma bibliotecas mas. por falta de.

dinheiro, não podia alugá-la, quanto
mais comprá-la. Quem lhe deu pa-
ra êsse fim um magnífico palácio, não
foi Staszic? À

—Sim, porquê él. é tão cubiçoso

de louvôres como de dinheiro.

—A Polónia estima como a sua
maior glória o homem que descu-
briu as, leis do movimento dos as,
tros. Quem; foi que lhe elevou um
monumento digno da sua celebrida-
de? Quem foi que obteve o cinzel
de Canova para honra e memória
de Copérnico? Ê

—Foi Staszic, replicou o velho, e
por issotoda a Europa louva o gran-
de senador, mas, meu amigo, não
é à luz do sol que se deve exercer
a caridade cristã. Se o amigo quizer
conhecer bêm um homem observe-
lhe o curso cotidiano da sua vida
privada. Aquele orgulhoso avarento,
nos livros que publicou, lamenta a
sorte dos camponeses, e, no entan-
to, os.seus vastos dominios são cul-
tivados por quinhentos servos ! Vá o
sr. uma manhã a casa dêle, e aí en-
contrará uma pobre mulher supli-
cante, com as lágrimas nos olhos, e
um-homem soberbo que a repele com
asperêna e altivez. Este homem, é
Staszic, aquela mulher sua irmã!
Esse altivo doador do palácio, cons-
trutor de pomposas estátuas, devia
antes proteger os seus servos opri-
midos e socorrer sua pobre irmã
abandonada.»

O mancebo começou ainda uma
resposta, mas ninguêm o escutou.
Triste e comovido de ouvir falar
assim daquele que tinha sido para
êle um verdadeiro e generos ami-
go, entrou na sua pobre e humilde
habitação,

No dia seguinte, de manhã cedo,
foi a casa do seu bemfeitor: A” entra-
da encontrou uma mulher chorando e
queixando-se da desumanidade de
seu irmão,

Esta confirmação das palavras do
velho tez-lhe tomar uma resolução
imediata. Era Staszic quem o tinha
colocado no colégio e lhe havia for-
necido meios para estudar. A con-
tar desta data não aceitaria mais as
suas dádivas; rejeitaria os presentes
dum homem que podia ver com in-
diferença, sem um vislumbre de co:
mo-ção, correr as lágrimas de sua
irmã.

O sábio ministro, vendo entrar o
seu aluno predilecto, não parou com
o trabalho, mas mesmo escrevendo,
disse-lhe :

— Olá ! Adolfo, em que posso ser-
vir-te hoje? se tens precisão de li-
vros, aí os tens na minha bibliote-
ca, se te faltam instrumentos, reme-

 

 

ECO DA BEIRA

te-me a nota. Fala-me com franque-
za, e dize-me se precisas dalguma
coisa.

Pelo contrário, senhor, eu ve-
nho agradecer-lhe a sua bondade
passada, visto ter me acumulado de
benefícios, e dizer-lhe que de hoje
em diante recuso os seus presentes.

—Estás então rico ?

ho contrário, continúo pobre

como até aqui.

—E os teus estudos ?

—Serei forçado. a abandoná-los.

—Impossível ! exclamou Staszic,
levantando-se e fixando um olhar
penetrante no mancebo; tu és o me-

lhor dos meus alunos, isso não:po-

de ser!

Em vão o pobre estudante procu-
rou ocultar o motivo de tão súbita
resolução, visto que Staszic insistia
em conhecê-lo.

— O senhor quer encher-me de
beneficios, diz-lhe Adolfo, à custa
da sua família sofredora.

O. poderoso ministro não poude
ocultar a forte comoção que sentiu
ao ouvir estas palavras. Os olhos
inundaram-se-lhe de lágrimas e, pe-
findo nas mãos do mancebo, disse-
he:

—Meu caro amigo, lembra-te sem-
pre dêste conselho : não faças juizos
temerários.

Emquanto a vida não acaba, a
mais pura virtude pode ser mancha-
da pela voz dum miserável e muitas
vezes tambêm a mais grave acusa-
ção não tem fundamento. A minha
conduta é um enigma que não pos-
so explicar-te, é o segredo da minha
vida. Ê

Como o joven estudante continuas-
se hesitando, êle proseguiu:

-— Toma nota por escrito da por-
ção de dinheiro que te vou dar ; con-
sidéra-a como um presente, e quan-
do um dia depois de muito trabalho
e estudo, tu fôres rico, pága-te en-
tãona mesma moéda, fazendo edu-
car um estudante pobre e honrado.

Depois, espera pela minha mor-
te, para julgares da minha vida.

*

Durante cincoenta anos, Staszic
tolerou à malevolência o denegrir
das suas acções; porêm êle sabia
que tempo viria em que toda a Po-
lónia lhe faria justiça.

A 20 de Janeiro de 1826, trinta
mil; polácos rodeavam o seu caixão
e todos pretendiam, empurrando-se
freneticamente, tocar no pano que o
cobria, como se fôra uma relíguia
preciosa e veneranda.

O exército russo não compreen-
dia a homenagem feita pelo povo de
Varsóvia a êste homem ilustre. O
testamento que êle deixara revela-
va, Claramente a razão da sua apa-
rente avarêza.

As suas terras ficavam, segundo
êle dispôz, divididas em quinhentas
partes, constituindo cada uma pro-
priedade de um camponês livre, seu
antigo servo.

Uma escola, dum plano admirá-
vel, deveria construir-se para ensi-
nar diversos ofícios aos filhos dos
camponeses. Uma sôma reservada
era destinada aos doentes e velhos,
e uma pequena verba anual teria de
ser paga por cada um dos seus vi-
sinhos, condenados, como êles o ti-
nham sido a um trabalho rude e in-
grato.

Depois de ter assim previsto a
emancipação de seus servidores,
Staszic dispôz de seis mil forins
para fundação dum hospital-modêlo,
e duma outra quantia considerável
para a educação de rapazes pobres
e estudiosos, ao passo que a sua’ir-
mã, deixou-lhe sómente a pequena
mensalidade que lhe dava em vida;
porque “era uma mulher pródiga e
estravagante, que gastava sem re-
flexão todo o dinheiro que’ recebia.

Singular destino o de Estanislau
Staszic!… Martir da calúnia en-
quanto vivo, depois de morto a sua
memória foi abençoada pela multi-
dão reconhecida a quem êle tinha
legado a elicidade.

Quem se casa á pressa, artepen-
de-se de vagar.

 

(Praverbia allemão)

 

 

— AGRICULTURA
Amendoim

O Arachis hypogea Linn. (Amen
doim, Mendoim, Meudobi, Gingu-
ba) da familia das Leguminosas, é
uma planta anual que se não sabe
ao certo qual é a sua pátria, supon-
do-se ser americana e talvez do
Brazil. A cultura desta planta não
oferece dificuldade e talvez valha a
pena ensaiar o seu cultivo no país,
nos pontos onde o frio se não faz
sentir nos pnsbica da primavera.
Em Coimbra, no Jardim Botânico,
prospéra sofrivelmente semeada des-
de os meiados de abril até aos prin-
cípios de maio, tendo os frutos ma-
duros . nos fins de setembro. O
Amendoim, em terreno e clima
lhe agrade, é muito produtivo. Não

prospera em terra compacta, requer ,

terrenos leves como os arenosos ou
argilo-arenosos. As terras calcareas
bem soltas são-lhe muito favoraveis.
Como os frutos completam o seu
desenvolvimento debaixo da terra,
a flôr depois de fecundada, o pe-
dunculo cresce dirigindo-se para o
terreno no qual penetra e no qual
o fruto – completa o seu desenvolvi-
mento.

A planta levá cerca de cinco me-
sesa crear e, durante este tempo
pe de algum calôr e alguma

umidade; sem isso prospéra mal,

A terra, depois de lavrada ou ca-
vada, arraza-se é as sementes são
semeadas em linhasno covacho, à
distância de 25 a 35 centimetros e
as linhas distânciadas umas das ou-
tras 5o ao centimetros, As semen-
tes enterram-se a 6 centimetros de
profundidade, Estas, antes de se
semearem, devem estar- de molho
três dias. Para que as plantas se
desedvolvam. bem, à terra precisa
de ser adubada com estrume bem
curtido, para ser absorvido depres-
sa. Não lhe convém humidade em
excesso, mas para a planta secrear
bem não lhe deve faltar de todo.
Se o tempo correr sêco e o terreno
não tiver a humidade precisa para
ofseu bom desenvolvimento requer
réga.

E” conveniente. dar-lhe uma ou
duas sachas como se faz ao milho
e feijão. Como os frutos se desen-
volvem debaixo da terra a 10 ou 12
centimetros de profundidade só se
conhece se estão maduros, quando as
folhas tomam a côr amarela e princi-
piama secar. Os frutos tiram-se en-
tão da terra por via de um pequeno
sacho; põem-se a secar, limpam-se
bem da terra e guardam-se. E’ bom
fazer isto por tempo enxuto.

As sementes contéem substancias
feculentas e oleosas que as tornam
muito alimentares. Comem-se tos-
tadas e servem de alimento a um
grande numero de habitantes da
America, Africa, Ásia e Oceania.
Na Europa tambem ha quem-as co-
ma. As sementes guardadas dentro
das vagens não rançam facilmente.
Elas são ricas em oleo dôce comes-
tivel, que é utilisado na alimenta-
ção de um grande numero de po-
vos. O oleo extraído a frio, por
simples pressão, em prensas apro-
priadas, é o melhor, parece-se no
sabor com o azeite de oliveira. Na
Alemanha + outros paises, substi-
tue nos usos culinarios o azeite de
oliveira. O obtido a quente é mais
abundante mas de qualidade infe-
rior; é mais amarelo e de um sabor
mais: ou menos desagradavel; em-

rega-se no fabrico de sabõês, vé-
las, iluminação e lubrificação.

O bagaço é um bom alimento
para o gado e tambêm. um bom
adubo para as terras. O óleo de
Câmendoim pouco carregado em côr
e bêm fabricado emprega-se bas-
tante nos usos farmacenticos subs-
tituindo o de amêndos dôces e na
perfumaria. As sementes.torradas
e moídas pódem-se utilizar como
um sucedaneo do café. Na Améri-
ca fabricam com as sementes um
falso chocolate, bolos e pasteis. Re-
duzidas a farinha são muito reco-
mendadas na alimentação do gado

 

domestico e nas aves de capoeira.

A Africa, a Ásia, América e à
Austrália exportam grande quanti-
dade de Amandoim para a Europa,
sobretudo para Marselha, Londres,
Hamburgo e Berlim, ondeé quasi
todo convertido em óleo. As nossas
possessões africanas tambêm expor-
tam algum para Lisboa. Esta plan-
ta, como forragem, é muito nutriti-
va e aumenta a. produção do; leite
nas vacas e cabras.

Quem desejar experimentar a
cultura desta. planta, póde adquirir
sementes, em Lisboa, ou mandal-as
vir da nossa África pelos nomes de
Ginguba ou Mancarra. Podem. vir
pelo correio.

Coimbra. *

.

Adolfo Frederico Moler:

 

– ANUNCIOS

Castanheiro do Japão

O unico que resiste à terrivel
moléstia, a filoxera, que tão gra-
ves estragos tem: produzido nos
nossos soutos, é castanheiro do
Japão.

O castanheiro japonez ofere-
ce iguais vantagens que o bace-
lo americano tem oferecido no
caso da doença! da antiga videi-
ra cujas vantagens são já bem
conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não só ao norte do
nosso pais mas principalmente
em França, onde o castanheiro
foi primeiro que em Portugal
atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se Os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-
mento magnífico.

O castanheiro japonez acha-
se à venda em casa de Manuel
Rodrigues, Pedrogam Grande.

Vendem-se todas as propriedades
rústicas, que pertenceram a Possi-
dónio Nunes da Silva, em Sernache
do Bomjardim.

Quem pretender ou desejar es-
clarecimentos, -dirija’se do sr. João
Carlos d: Almeida e Silvo, de

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Lecciona. Traduções de inglês,
francês e espanhol.

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Escrituração comercial e agrícola,
Correspondencia.

Trata-se com F, Tedeschi, Ser-
nache do Bomjardim.

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Com boa vivenda e nos arrabaldes
de Pedrogam Pequeno = vendesse,
Trata-se como notário desta co-

marca, Carlos David. ”

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exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

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se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies. patogencas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Agua di Foz da Gertã não tem gazes livres, é. limpida, de sabor le-
vemente scido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com

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