Eco da Beira nº7 27-09-1914

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E)

Kno 1.

SEMANA RIO POLITICO

 

 

Assinaturas:
AnoSa so SPD. Seria Do
Semestre… …. Rio sal oC css
Brazil (moeda brazileira). .. 5;pdoo

Anuncios, na 3.2 e 4.º página 2 cen-

‘tavos a linha ou espaço de linha

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é

PROPRIEDADE DO CENTRO REPU
é DIRECTOR — ABILIO

Es
1% Editor e administrador – ALBERT

8

ICANO DEMOCRATICO
ARÇAL

O RIBEIRO

ETA

Publicação na Certã

Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

Composto e impresso na Tipografia Leiriense

” LEIRIA

 

 

; a

 

sia

ÓsS

BÁRBAROS

 

Essa pavorosa guerra que caíu
sôbre a Europa como a maior
calamidade de que reza a histó-
ria militar do mundo, continua a
desdobrar-se numa série inces-
sante de horrorosas batalhas.

Felizmente, a situação apre-
senta-se extremamente desfavo-
rável aos imprudentes provoca-
dores da conflagração.

Do Oriente e do extremo nor-
te da Europa só nos chegam no-
ticias de continuas derrotas dos
austriacos.

Na frente dos russos, dos sér-
vios e dos montenegrinos, que
heroicamente .a perseguem, a
Áustria opera uma retirada pre-
cipitada, a que bem se pode cha-
mar uma fuga desordenada.

A Áustria-Hungria, assim des-
moralizada em sucessivas derro-
tas, contendo em si o gérmen da
revolta permanente, pela diversi-
dade de raças e de aspirações,
que ela, durante tantos anos,
conseguiu afogar em sangue, po-
de bem considerar-se um impé-
rio moribundo—liquidado !

Não corre para a Alemanha
melhor a sorte das armas nem
menos carregado de pesadas nu-
vens o seu; futuro, como nós
sempre aqui profetizamos.

Na França mal “conseguem
êles opor resistência. ao. embate
impetuoso das tropas francesas.

A sua situação é extremamen-
te critica, tendo-se visto até na
dura necessidade de chamar em
seu auxilio as tropas que haviam
deixado na Bélgica, o séu último
recurso.

Depois da batalha do Marne,
uma autêntica vitória dos alia-
dos, o exército alemão, retirando
sôbre as linhas de Aisne, empre-
ga aí os seus últimos e desespe-
rados esforços, não para vencer
que êles já não teem ilusões, mas
para demorarem uma derrota
decisiva—a derrocada geral, à
ver se antes dela conseguem uma
paz mais honrosa é menos gra-
vosa. :

Às suas colónias estão já sen-
do ocupadas pelos estados: beli-
gerantes.

No Oriente não oferece dúvi-
das que em breves dias a sua
bela colónia de Kiao-T’chao caí-
rá em poder dos japoneses; e,
emquanto às suas colónias de
África, não serão indiferentes à
sua situação e aos seus destinos
as expedições portuguesas que a
estas horas sulcam os mares, a

caminho de Moçambique e An-

E

gola!…

A Alemanha pode, pois, con-
siderar-se uma nação perdida!

Perdeu-a a sua desmedida am-
bição, o seu afrontoso orgulho,
a embriaguez das suas vitórias,
os desvarios do seu poderio.

Mas—e êste é o aspecto sob
que agora considerâmos a situa-
ção—essa Alemanha que sempre
foi impertinente e provocadora
na paz, que foi temerária e des-
vairada na provocação da guer-
ra, vem de mostrar-se vil e he-
dionda nos processos por que a
faz!

Ela deixou de ter responsabi-
lidades perante a história porque
se revelou um povo de bárbaros,
uma horda de canibais, a quem,
dignamente, se não podem pedir
responsabilidades históricas.

A Alemanha é, perante a hu-
manidade, um povo desqualifica-
do, que no ajuste final bem caro
pagaráos seus actos sanguinários
e de vandalismo.

Nem ao menos pode levantar-
se dignamente nos paroxismos
dessa agonia que começa a es-
trangulá-lo !

Esse exército de vândalos que
arraza cidades abertas, que vio-
la mulheres, que mata velhos in-
defesos, que mutila crianças, que
dispara sôbre as ambulâncias da
Cruz Vermelha, que incendeia
hospitais e assassina enfermeiras,
vem de derruir a tiros de canhão,
friamente, serenamente, um dos
mais valiosos monumentos histó-
ricos do mundo, convertido em
hospital de sangue!

E” um programa completo de
devastação pavorosa, executado
com os mais vis requintes de
maldade ! !

Estremece-se de horror peran-
te êsse acto de banditismo, pra-
ticado por un povo que tanto
blasonava da sua grandeza mo-
ral é intelectual.

Todo o mundo se levantou,
num grito unisono de impreca-
ções, ao ver derruir a velha ca-
tedral de Reims, êsse monumen-
to que levou 300 anos a cons-
truir, sempre respeitada pelos sé-
culos, venerada por todas as al-
mas católicas, uma das mais be-
las pérolas do património histó-
rico da humanidade, contendo
preciosidades históricas de ines-
timável valor! :

Dêsse templo, que para a Fran-
ça constituía uma perfumada re-
cordação, porque fôra nêle que

 

 

S. Remigio baptisara Clovis, o

 

primeiro rei cristão dos france-
ses, só resta hoje um montão de
fumegantes ruínas!

Heroico feito de guerra!

Aqui fica o nosso modesto
mas enérgico protesto contra ês-
se acto de malvadez dum povo
que terá a execração universal €
é a vergonha da humanidade !

eos
Dr. Antonio Dias

Da expedição portuguesa que vai
a caminho de Moçambique, faz par-
te um oficial, natural dêste conce-
lho, o tenente médico e nosso pre-
sado amigo, dr. António Dias da
Silva, do Nesperal.

Congratulâmo-nos mui sincera-
mente em vermos esta nossa região
tão distintamente representada nes-
se corpo expedicionário, ao qual es-
tá confiada a defêsa da integridade
da pátria e o engrandecimento e
glória do nome português, e daquí
enviâmos ao novel oficial, num cor-
dial abraço, os nossos cúmprimen-
tos de boa viagem.

je
POLITICA LOCAL

Ainda a ponte da Bouçã

Damos, a êste réspeito e nes-
te lugar, a palavra ao nosso pre-
sado colega União Figueiroense,
que, num excelente artigo, com-
pleta a história dêste caso; e ne-
cessário é que ela fique clara e
completa, visto ter-se pretendi-
do desvirtuá-la e iludir a ver-
dade.

Nós so temos que confirmar
tudo quanto ali está escrito, me-
nos nas palavras amáveis com
que o nosso colega se refere ao
director dêste jornal: para essas
os nossos agradecimentos.

E, reivindicando para o Parti-
do Republicano Português o que
lhe pertence na realização desta
importante obra, pode o resto fi-
car para os unionistas, que quem
lhe receber a herança não se ar-
ruinará em pagamento da con-
tribuição de registo…

Segue o artigo:

Dissemos aqui no penúltimo nú-
mero que o partido democrático de
Figueiró tivera tambêm interferên-
cia na primeira dotação do mais be-
lo melhoramento que nos podia ter
sido concedido—a Ponte sôbre o Zé-
zere—quando se achava no poder o
govêrno presidido pelo eminente es-
tadista, sr. dr. Afonso Costa. Assim
foi e, se não fôra a estulta preten-
ção manifestada pelo sr. Tasso de
Figueiredo de ter contribuído gran-
demente para êsse melhoramento,
manifestada no Wigueiroense e no
Eco da Beira, não seríamos nós que
viriamos a público alardear serviços
que, diga-se com franquesa, ficariam –
muito aquem dos efeitos desejados,
se outras influências mais poderosas
não tivessem intervindo eficazmente,

 

Não abdicâmos núnca dos nossos
direitos, mas tambêm não queremos
enfeitar-nos com pénas de pavão. O
seu a seu dono.

Se os povos interessados em bre-
ve vão ver realizado o seu sonho de
há tantos anos, não teem que agra-
decer-nos o benefício, mas sim a
nossa boa vontade, que pômos sem-
pre em tudo o que de nós dependa,
directa ou indirectamente, para o
seu engrandecimento. E” claro que
nosestâmosreferindo à parte que toca
ao nosso concelho; na que respeita
ao concelho da Certã, tem êle me-
lhor defensor, mas êsse não é de
certo, no caso sujeito, o sr. Tasso
de Figueiredo.

Logo que subiu ao poder o Par-
tido Republicano, deliberaram as
comissões políticas de Figueiró ins-
tar pela imediata construção da Pon-
te sôbre o Zézere, elaborando, para
êsse fim, várias representações que
foram presentes às instâncias supe-
riores. Política e pessoalmente, os
democráticos de Figueiró emprega-
ram os seus melhores esforços no
sentido de secundar os dos seus cor-
religionários do outro lado do Rio,
como nós empenhados em conseguir
tão importante melhoramento.

Um dos nossos representantes em
côrtes, o ilustre senador Silva Bar-

sreto, chegou a prometer-nos que
apresentaria ao Parlamento um pro-
jecto de lei tendente a resolver ra-
pidamente o problema, fazendo-o
acompanhar de um relatório que pa-
tenteasse com iniludivel claresa a
imperiosa necessidade de começa-
rem os trabalhos da obra que sôbre-
maneira interessa a esta região,

Entretanto, o dr. Abílio Marçal,
espírito combativo e inteligente, con-
tinuava afanosamente a interessar-
se por esta questão, com o mesmo
denodado estôrço com que patroci-
nava a remodelação completa do
Colégio das Missões.

Um dia, falando sôbre o assunto
com o ilustre senador, sr. Artur Cos-
ta, admirador entusiasta das belesas
naturais desta terra e designadamen-
te do soberbo panaroma das Bair-
radas, dissemos-lhe que Figueiró se
transformaria por completo dentro
do prazo de 6 anos, após a conclu-
são da Ponte, e que o estadista que
ligasse o seu nome a êsse melhora-
mento jamais se apagaria da memó-
ria dos nossos conterrâneos,

— Você fala pela boca do Marcal!

Foi a resposta que o nosso que-
rido amigo achou mais pronta para
acolher o entusiasmo das nossas pa-
lavras. Mas a maneira como mos-
trava interessar-se pelo caso, inda-
gando qual o custo das obras e 6
tempo que levariam a concluir-se,
convenceu-nos de que a República
faria a breve trecho o que a monar-
quia nunca fizera, nem sequer ten-
tára fazer.

As representações continuavam,
porêm, a fervilhar no ministério ‘do
fomento e o próprio Directório ocu-
para-se várias vezes do momentoso
assunto. Se não presidisse no mi-
nistério das finanças a preocupação
constante de acumular economias
que levantassem os créditos da na-
ção do cãos profundo em que a ad-
ministração crapulosa dos monár-
quicos no-los deixou, um dos pri-
meiros actos do govêrno. democráti-
co teria sido a construção da Ponte

 

@@@ 2 @@@

 

ç

das Bairradas. Mas, nem por êste
motivo, que a todos sobrelevava,
aqueles que andavam empenhados
na construção da ponte desanima-
vam“da tarefa que se impuseram,
quando até nós chegou a notícia de
que o presidente do conselho de mi-
– nistros tencionava vir a Sernache vi-
sitar o Colégio das Missões, a con-
vite do sr. dr. Abílio Marçal, em
cuja residência seria recebido. Era,
à data, o director da «União» admi-
nistrador dêste concelho e-fôra,
nessa qualidade, convidado pelo sr.
dr. Abílio, que exercia idênticas fun-
ções no concelho da Certá, para to-
mar parte no banquete por êsse se-
nhor promovido em honra do sr. dr.
Afonso Costa.
Viram as comissões políticas de
Figueiró. ensejo propício para cum-
rimentarem o eminente homem pú-
Ecos renovando pessoalmente os
seus desejos junto do ilustre estadis-
ta, que logo ali lhes declarou que a
ligação entreja Extremadura e a Bei-
ra Baixa pelos concelhos do norte
de Leiria não podia continuar a fa-
zer-se pela estrada de Tomar.

S. ex. estava, emfim, compene-
trado da justiça da inadiável preten-
ção; o resto, para quem, como o dr.
Afonso Costa, não é homem de he-
sitações banais, estava feito.

Antes de abandonarmos Sernache,
conseguimos saber que a construção
da ponte era caso assente, faltando
apenas resolver se seria feita em
ferro, como convinha aos planos eco-
nómicos do govêrno, ou se seria
construída em alvenaria, como o dr.
“Abilio Marçal advogava com reni-
tência.

Quando chegaram.a Figueiró, as
comissões políticas tornaram públi-
ca esta grata notícia e a União Fi-
gueiroense poude, com satisfação,
reproduzi-la, no seu número seguin-
te, por entre a galhofa dos seus ad-
versários que não hesitaram em des-
menti-la por largo tempo, até que
os factós vieram provar que falára-
mos verdade.

E então, quando viram que a rea-
lidade, quebrando os dentes à calú-
nia, mostrava que não sabemos men-

tir e que o Partido Republicano Por- .

tuguês satisfizera os desejos dos po-
vos de aquem e alêm Zézere, do-

tando-os com o melhoramento que –

desde há tanto ambicionavam inu-
tilmente, que julgam os leitores que
fizeram os nossos desliais adversá-
rios?—Abriram caminho ao sr. Tas-
so de Figueiredo… disseram que
foram êles quem conseguira do go-
vêrno do nosso partido a dotação da
ponte!…

O povo acolheu com uma garga-
lhada estrídula mais essa intrujice
dos nossos inimigos, não os acredi-
tando.

Envergonhados de si próprios, es-
condidos no mais recôndito da sua
mesquinhez, manejaram contra nós
a sua navalha de ponto em mola,
mas, desta vez, sem ofenderem a
verdade: vieram dizer no seu orgão
que não fôramos nós que haviamos
conseguido a ponte, mas sim o sr. dr.
Abilio Marçal que com a sua influ-
ência pessoal e política, junto do sr.
dr. Afonso Costa, alcançara a al-
mejada dotação. Não disseram isso
com o intuito generoso e grato de
prestar o seu preito de homenagem
ao sr. dr. Marçal: quiseram apenas
salientar que nós, os democráticos
de Figueiró, não tinhamos a influên-
cia daquele nosso ilustre amigo pa-
ra levar por diante, com a fôrça
exclusiva dos nossos ombros, tama-
nho empreendimento. Embora sem
quererem, fizeram justiça, disseram
a verdade. Perante uma e outra nos
curvâmos, em obediência aos nos-
sos. princípios e à nossa honestida-

de.
O S/S

Regressou já a Sernache de Bom-
jardim o director dêste semanário,
sr. dr. Abílio Marçal, que havia
saído para Elvas, onde fôra acom-
panhar sua ex.ma esposa, filho e ir-
mã D. Maria Carmelina Marçal, de
visita à sr? D. Carlota Nogueira da
da Silva. é

Os nossos respeitosos cumprimen-

tos á virtuosa senhora D. Carlota

e a seus ilustres visitantes,

 

 

E

ECO DA BEIRA

Vozes…

DS |

-.. Das que não chegam ao ceu…

Os bons patriotas, percebendo
agora que a Alemanha está irreme-
diavelmente perdida, espalham por
aí:

—(Que em França lavra uma te-
merosa agitação por o govêrno ter
transferido a sua séde para Bordeus;
– *— Que em França vai-ser procla-
mada a monarquia, indo para seu
imperante o rei Alberto, da Bélgica.

—Que a Inglaterra está furiosa
com-Portugal…

Eic.

—Grandes burros !

*

Ha cerca de 25 anos houve em
Coimbra um grupo de boémios, que
fez a sua época.

Chamava-sea Vinicola do Centro.

Esses belos rapazes, de bom es-
pírito, gastando a vida com o mes-
mo desprendimento com que gasta-
ram as mesalas paternas!

Excelentes moços, alguns deles
dormindo já o sono da eternidade!

A Vinícola tinha o seu regula-
mento, de rigor.

Reuniam todos os dias, invaria-
velmente às 5 horas da tarde: cada
sessão durava 12 horas.

Era proibido transitarem pelos
passeios… por; causa dos encon-
trões !

O seu caminho era pelo. leito da
rua, o irmão de semana à frente, e
os outros atraz, a um e um.

Não admitia no seu grémio estu-
dante que não tivesse, pelo menos,
uma reprovação.

Um deles por um bamburrio uni-
versitário teve a desdita de ter um
dia uma classificação.

Foi um escândalo: logo irradiado
da sociedade!

No ano seguinte ficou reprovado!

Foi um dia, de festa para a Vini-
cola, que, em sessão solene o pro-
clamou seu presidente honorário.

E’ hoje juiz e prestou serviços
importantes, quando da implantação
da República.

Encontramo-lo há tempo.

—Pareces doente, dissemos-lhe
nós.

—E’ verdade. Que queres? Aque-
les 14 meses que estive fóra da Vini-
cola arrazam-me o estômago! .

Um outro escreveu um dia um
livro sôbre direito penal.

Chama-se Solilóquios penais.

Tratava o problema da loucura.

Era a sua biografia. Ali. êle pró-
prio se denunciava, como um doido
á sociedade, para que o mande re-
colher a um manicómio…

Bons tempos e boas almas!

Esta sociedade tambem tinha o
seu ino

Altas horas da madrugada lá pas-
sava a “Uinicala, seguindo o meio
das ruas, a um de fundo, a cantá-lo!

Lembrou-nos este cântico ao ler-
mos a seguinte quintilha:

«Mas porque tais aventuras
Não foram de certo agrado,
Transgredindo-se as posturas
Parece que foi multado

O grande Deus das alturas»

Porque o ino da “Unicola era as-
sim:

Antoninho, cravo rõxo

Não vás ao meu jardim

Que te querem dar um tiro. –

E não te posso ver matar…

Ê

A da Beira pede providências
contra o mau estado em que se en-
contra a estrada de Sernache ao
rio Zézere.

—Estamos com o colega apoian-
do a sua reclamação.

Sim senhor!

Mas temos que dirigirmo-nos lá
para o alto, para o districto, que é
de onde veem as verbas para a con-
servação das estradas.

O sr. chefé de conservação, que
é um funcionário zeloso, pouco ou
nada pode fazer com o pequeno re-
curso que lhe concedem, não obs-
tante as suas reiteradas instâncias,
que muito bem conhecemos,

Muito tem êle feito!

 

A mesma voz pede providências
contra a falta de água na fonte do
Adro.
E receia ficar pregando aos pei-

NES.

—Não, senhor, não ficará, que
sempre ha de haver quem o ouça.

Não ha por cá herejes.

As reclamações justas, e quando
feitas em termos, devem ser aten-
didas por quem exerce funções pú-
blicas.

E esta sê-lo-ha certamente.

INVEROSIMIL…

O sr. presidente da câmara, no

“seu ofício, que no último número

publicamos, dirigido aos qué recla
maram uma sessão extraordinária,
supõe que a queixa não se refira à
comissão executiva, pois tal lhe pa-
rece inverosimil, tendo a-reclama-
ção a assinatura do sr. Luis Domin-
gues da Silva.

Eº’ uma estocada de mestre—a

fundo!

Pode efectivamente ser uma in-
congruência—para empregarem um
substantivo benévolo–mas é, infe-
lizmente, uma triste verdade.

O sr. Luis Domingues pertence à
comissão executiva, onde a sua voz
foi sempre escutada com atenção.

Todos os seus colegas lhe mani-
festaram sempre uma especial esti-
ma e simpatia.

As suas reclamações eram sem-
pre atendidas com o maior cuidado
e boa vontade. –

Tamanha era a consideração que
por êle tinham, que o elegeram seu
vice-presidente e não o fizeram pre-
sidente porque isso seria uma abdi-
cação política.

Um dia, porque a comissão, man-
tendo uma deliberação tomada sô-
bre “uma proposta sua, permitindo-
se ter uma opinião diversa da sua
nova opinião, o sr. Luis Domingues,
em assômos de menino amuado,
abandonou os trabalhos da comissão,
chegando a pedir a demissão, que a
câmara. não: lhe concedeu, em ter-
mos extremamente honrosos.

E agora aparece, num oficio, a
acusar de irregularidades, pela pre-
terição de formalidades legais, os
seus colegas, que tamanhas provas
de afecto e consideração lhe deram!
E” extraordinário!

O sr. Luis Domingues praticou
um péssimo acto de camaradagem
política !

Quem se nega ao cumprimento
do seu dever cívico negando a uma
corporação a que pertence a coopera-
ção do seu trabalho e da sua inteli-
gência não conserva o direito de crí-
tica contra aqueles que no seu pos-
to se conservaram.

– Esse escrúpulo em que agora bro-
toeja, essa condição em que agora
desabrocha pertence e devia pô-la
ao serviço da sua função pública.

Quem, por uma futilidade ou por
um capricho mal contido, abandona
o seu posto não tem autoridade pa
ra censurar nem acusar os seus com-
panheiros de hontem, que lá ficaram
cumprindo o seu dever e ainda so-
brecarregados com a parte do tra-
balho que lhe estava distribuído!

Se tanto sabe e vê, a lialdade im-
punha-lhe o dever de ir à comissão
e aí orientar os seus colegas com
essas luzes do seu estudo e da sua

competência: desse à comissão o.

estôrço honrado do seu-trabalho e
da sua inteligência; procurasse con-
vencer os seus companheiros do seu
êrro, e então é que teria cumprido
o seu dever.

Se êles insistissem em trilhar o
mau caminho, a êsses ficariam as
responsabilidades: o sr. Luis Do-
mingues teria salvado as suas e teria
elevado o seu nome no conceito dos
homens dêste concelho.

Estaria alêm disso dentro das nor-
mas da lei.

Era assim que procederia um bom
republicano, em toda a serenidade

dum homem público e com a com-

postura de quem sôbre as paixões
do meio sabe colocar os deveres e
as responsabilidades do seu lugar.

Desertar dum posto, abandonar

 

companheiros de quem só recebeu
testemunhos de consideração, para
vir cá para fóra denunciá-los à exe-
cração pública é acto que não eleva
ninguêm!

E, sobretudo, é dum ridiculo
odiôso e deprimente censurar o exer-
cício duma função pública quem,
uma vez nela investido, não foi ca-

* paz de exercê-la!

O sr. Luis Domingues, revelando-
se tão conhecedor de leis, tão res-

peitador dos princípios, tão besun-

tado de erudição, esconde essas lu-
cubrações do seu espírito aos seus
companheiros de trabalho, deixa-os,
com uma crueldade que é a negação
duma boa fraternidade, cair em &r-
ro, e vem depois desafiá-los para
uma sessão pública para ali os cri-
var de acusações: denunciando a
uma assembleia, adrede preparada,
todo o saber da sua competência e
as fulgurações do seu génio!

A uma colaboração leal e-modes-

“ta, com Os seus companheiros, de
“trabalho de utilidade parasos inte-

resses do município o sr. Domin-
gues preferiu a especulação especta-
culosa duma sessão plenária, sem
proveito para ninguem, nem mesmo

para os seus interesses políticos.

Porque, todos poderiam requerer
uma sessão contra a comissão me-
nos quem dela faz parte!…

Se abandonou tais funções para
o trabalho, dignamente deveria tam-
bem tê-las abandonado para a críti-
Ca. a

Alêm disso, um réo não pode ser
acusador, e o sr. Domingues é réo
do crime de deserção do posto que
lhe-confiaram e êle aceitou!

Mas, é assim que a minoria da
câmara compreende o seu dever e
serve as suas funções-—fazendo e
provocando escândalos, sem escrú-
pulos de meios.

Lá se entendem!.

cafe co

—De visita ao seu cunhado, nos-
so estimado amigo: e assinante sr.
Francisco Nunes Teixeira, esteve
em Sernache do Bomjardim o sr.
Manuel da Silva e esposa D. Emí-
lia Teixeira e Silva, que retiraram
para Ferreira do Zézere, de onde
tencionam seguir para Lisbôa em
breves dias.

— Esteve no Cabril, no dia 20 do
corrente mês, a ilustre escritora D.
Ana de Castro Osório, em compa-
nhia do sr, Acácio Virgílio de Sou-
sa Manso e família, dos Cabaços.

— Estiveram em Sernache os srs.
António Manso, digno professor ofi-
cial em Galveias, e Daniel de Ma-
tos, de Sobreira: Formoza.

pegas
O credo do amor

POR
A. DAUDET

(Conclusão)

Não obstante, aparentou grande
satisfação e, como no seu jardinsi-
nho de Auteuil tão bem resguarda-
do, a senhora se conservara pura e
bonita, levou-a sem murmurar. Os
primeiros dias foram deliciosos. Te-
miam as perseguições do marido.
Foi-lhes necessário; ocultar-se sob
nomes supostos, mudar de casa, e
ir viver nos últimos bairros de Pa-
ris.

Ao anoitecer saiam furtivamente,
davam passeios sentimentais pela
estrada das fortificações. O” poder
do romanticismo! Quanto mais me-
do ela tinha, quantas mais precau-
ções eram necessárias, mais jane-
las fechadas e mais persianas corri-
das tanto maior lhe parecia o seu
poeta.

Pela calada da; noite abriu a ja-
nela do seu quarto, e contemplando
as estrelas que se viam para lá dos
faroes dum caminho de ferro, pró-
ximo da casa onde viviam, ela fa-
zia-o recitar os seus versos. E era
tão bom!…

Desgraçadamente aquilo não du-
rou muito. O marido deixou-os em
paz.

Que quereis? Aquele homem era
filósofo, Quando sua mulher fugiu,a mulher fugiu,

 

@@@ 3 @@@

 

êle fechou a porta e continuou de-
dicando-se à creação de roseiras,
pensando que, felizmente, as plan-
tas deitam raizes mais fundas, agar-
ram-se á terra e não podem fugir
tão facilmente. Os nossos enamora-
dos, já; tranquilos, voltaram para
Paris, e, de repente, pareceu à joven
que lhe haviam. trocado o seu poe-
“ta por outro. A fuga, os receios de
serem surpreendidos, os perpétuos
alarmes, todas essas coisas que man-
tinham viva a sua paixão, já não
existiam e então começou a com-
preender, a vêr claro. Alêm disso,
a cada instante, na instalação da
casa e nesses mil pormenores bur-
gueses de vida íntima, o homem
com quem vivia dava-se melhor a
conhecer. O pouco que nele havia
de sentimentos generosos, heroicos
ou delicádos, gastara-o nos versos
sem ficar com coisa alguma para

seu uso particular. Era mesquinho, |
egoista, e sobretúdo parco que é.

coisa que o amor não perdôa.
“Alêm disso rapára o bigode e
aquele disfarce ficava-lhe muito mal.
Que diferença fazia daquela noite
em que com o bigode sedoso e fri-
sado o ouvira recitar o seu Credo
entre dois candelabros! Agora, no
forçoso retiro que sofria por culpa
sua, entregava-se a toda a casta de
manias, a maior das quais era a de
supôr-se sempre enfermo. Diabos!
A” força. de pensar na tuberculose
acabam por convencer-se que na
realidade está tísico. O poeta Aman-
ry era afeiçoado as tiranas, usava
papel de-tápsia-e enchia a chaminé
de frascos e boiões. Durante algum
tempo a pobre mulher tomou a sé-
rio o seu papel de Irmã da Carida-
de. A abnegação dava ao menos
uma desculpa à sua falta, um objec-
tivo à sua vida.

Porêm, cansou-se depressá. Con-
tra sua vontade, na acanhada habi-
tação onde-o poeta se envolvia em
flanela, pensava a infeliz no seu per-
fumado jardim. E o bom jardineiro,
visto: de longe, rodeado dos seus
canteiros de flores, e até das suas
hortaliças, parecia-lhe: tão sincero,
comovedor, desinteressado, como
egoista e exigente o outro.

Ao fim dum mês amava o seu
marido, e amava-o realmente, não
por afecto imposto . pelo costume,
mas com verdadeiro amor. Um dia
éscreveu-lhe uma extensa carta, a-
paixonada de arrependimento. Tal-
vez não supozesse que estava sufi-
cientemente castigada. Então en-
viou-lhe cartas e mais cartas; humi-
lhou-se, pedia que a deixasse voltar
ao seu lar, dizendo que preferia
morrer a viver com aquele homem.
Agora pertencia ao amante ser ésse
homem. O curioso é que se escon-
dia dêle para escrever, porque o
julgava ainda enamorado e ainda que
pedindo perdão a seu marido, temia
a exaltação do amante.

«Nunca consentirei que me sepa-
re dele» dizia.

Assim é que, quando á custa de
muitos pedidos, obteve o perdão, e
o jardineiro—não vos disse que era
um filósofo?—permitiu que voltas-
se a viver com êle, aquele regresso
ao lar conjugal teve todos os aspec-
tos misteriosos e dramáticos duma
fuga. Positivamente, fez com que
seu marido a raptasse. Foi o seu
último gôso de culpada. Uma noite
que o’ poeta, farto da vida em co-
mum e muito orgulhoso com o seu
bigode, já crescido de novo, foi a
uma reunião recitar o Credo do
amor, ela meteu-se numa carruagem
na qual a esperava o marido à es-
quina da rua, e assim regressou ao
seu jardinsinho de Auteuil, curada
para sempre da ambição de ser a
mulher de um poeta…

Verdade seja que aquele poeta
era bem pouco poeta!

RSRS Eros
SELVAGERIA

«Extracto de uma carta escrita por
um oficial francês no campo de ba-
talha, em 10 de setembro:

Fui ontem testemunha de um ter-
rível espectáculo que jámais esquece-
rei. Depois de um violento combate
voltámos a ocupar a aldeia. Quando
chegámos, ouvimos gritos que par-

 

– sários».

 

 

ECO DA BEIRA

tiam de uma casa em chamas. Era
a ambulância à qual os alemães ha-
viam lançado fogo depois de nela
haverem encerrado enfermos e en-
fermeiros. Todos os nossos esforços
foram impotentes para conseguir
salvar os que ainda viviam. Alêm
disso os feridos estendidos sôbre a
palha da ambulância, tinham já
quási todos cessado de viver e nas
atitudes macabras dos seus destroços
carbonizados patenteavam o horror
da sua lucta impotente contra as
chamas. Nesta mesma aldeia encon-
trámos vários rapazitos com a mão
direita cortada pelo inimigo a fim
de que, segundo nos disse um ve-
lho, louco de terror, não pudessem
de futuro pegar em armas contra a
Alemanha. Uma destas pobres cri-
ancinhas parecia ter menos de três
anos de idade. Cada dia aprendemos
mais a não estimar os nossos adver-

Bárbaros!
EDGE o
“Embaixada de D. Manuel
a Leão |

Findava o ano de 1513, e no rei-
no tudo caminhava pelo melhor, ao
passo que os cofres do tesouro pú-
blico abarrotavam de riquezas e pre-
ciosidades enviadas de todos. os
rea do Oriente, quando el-rei D.

anuel recebendo notícia de que
Malaca, tomada por Afonso de Albu-
querque, se defendera heroicamente
dos ataques dirigidos contra ela pe-
los sultões de Java, quiz, como bom
cristão que presumia ser, apresen-
tar ao supremo chefe da cristanda-
de; a homenagem de todas essas
conquistas.

Não lhe era dificil, entre a nume-
rosa E de homens eminentes,
que lhe rodeavam o trôno, escolher
quem fosse adequado para a alta
missão que devia “desempenhar; e
por isso os escolhidos, foram Tris-
tão da Cunha, fidalgo muito respei-

tado e hábil diplomata; Diogo Pa-

checo, juris-consulto e latinista de
primeira ordem ; João de Faria, ma-
gistrado de alto conceito; e por úl-

| tmo Garcia de Rezende, muito re-

comendável pelos seus variados ta-
lentos e vasta erudição.

Acompanhavam a embaixada os
três filhos de Tristão da Cunha e
grande número de parentes dos
quatro embaixadores. :

Partiu de Lisboa a esquadra por-
tuguesa em’ princípios de 1514, e
depois de uma série de aventuras e
peripécias chegou a Roma em prin-
cípios de Março, marcando Leão X
para a entrada soléne naquela cida-
de o dia 12 de Março, primeiro do-
mingo de quaresma.

Na madrugada dêsse dia sairam
os embaixadores da cidade e foram
postar-se na vila de Adriani; nos
subúrbios de Roma, de onde a em-
baixada devia partir.

As duas horas da tarde poz-se o
próstito em marcha caminhando pe-
a via Flamínia; a pouca distância
da vila Adriani, vieram juntar-se à
embaixada Francisco Sforza, duque
de Bari, irmão do Duque de Milão
e muitos outros membros do corpo
diplomático, Assim chegaram à por-
ta del Pópulo, onde o governador
de Roma os veio receber, acompa-
nhado por outros membros do go-
vêrno. Aí se formou então o prés-
tito da seguinte fórma:

Abriam a marcha trezentas aze-
molas cobertas de ricos xaireis de
seda lavrada e matizada, guiadas
por trezentos azemeis que vestiam
as mais ricas librés; em seguida
iam os criados dos cardiais roma-
nos e dos nossos embaixadores; lo-
go imediatamente os subditos: por-
tugueses, tanto eclesiásticos como
seculares, que então residiam em
Roma. Seguiam-se os parentes dos
embaixadores, que não faziam par-
te oficialmente da embaixada, mas
que, no entanto, eram mais de cin-
coenta, ostentando télas e brocados,
os chapeos, bordados, ou antes
inundados de pérolas e aljofar, a
tiracolo soberbas ‘cadeias de pedras

– preciosas engastadas em oiro, e os

cavalos em que montavam opulen-
tissimos arreiados. Caminhava de-

 

pois uma companhia de besteiros a
cavalo, precedendo os oficiais da
casa de Leão X, acompanhados por
duas guardas de honra, uma de ar-
cheiros suissos com os capacetes e
alabardas, e os seus gibões brancos
e borzeguins encarnados de canhões
verdes, outra de soldados gregos
com o seu trajo nacional, barretes
vermelhos, espada suspensa do bol-
drié, e lança em punho. Em segui-
da, montando bons cavalos rica-
mente ajaezados, iam os: músicos
da embaixada portuguesa de envol-
ta com os trombeteiros e charame-
leiros das guardas nobres do pon-
tífice.
Começava então o espetáculo que
verdadeiramente excitava o espanto
e o entusiasmo da plébe romana, e
essa parte brilhante do séquito era,
por assim dizer, capitaniada pelo
estribeiro mór de el-rei, Nicolau de
Faria, montado num ginete ajaeza-

– do com esmaltes de oiro, e pérolas.

Depois o magnifico elefante de Cei-
lão, acobertado com guarnições de
oiro macisso, levava nas robustas
espáduas o cofre que encerrava o
ponHiida, oferecido por el-rei D.

anuel a Leão X.

Obedecia o elefante à voz do seu
cornaca, um naire malabar, que ia
montado nele e cujos excêntricos e
riquíssimos trajos, da mesma fór-
ma-que a sua fisionomia e as suas
maneiras, não eram das coisas que
menos extranheza causavam à plé-
be da cidade eterna; em seguida
ao elefante ia o cavalo pérsio, mon-
tado por um caçador de Ormuz, e
levando deitada na garupa, com a
sua esplendida pele, mosqueada co-
mo que a matizar com variegados
recamos uma coberta nevada e doi-
rada, a pantera que, perfeitamente
domesticada e ensinada, tinha de
ser, pela sua rara agilidade, o en-
levo do Papa e dos cardiais.

Vinha enfim o corpo da embaixa-
da portuguesa, sendo os primeiros
os fidalgos adidos à legação é o se-
cretário Garcia de Rezende; logo
depois o rei de armas de Portugal,
Antônio Rodrigues, com a sua cóta
vestida; em seguida os maácieiros
do Papa, e a final os três embaixa-
dores, Tristão da Cunha entre o
duque de Bari e o governador de
Roma, Diogo Pacheco entre o bis-
po de Nicósia e o conde Alberto
Cáspio embaixador da Alemanha,
João de Faria entre o bispo de Ná-
poles e o célebre e sapientissimo
Guilherme Budée, embaixador da
França.

Rematava o cortejo os embaixa-

dores de Castela, Inglaterra, Poló-
nia, Veneza, Milão, Bolonha, Luca,
todos; levando bispos aos lados.
Quasi toda a prelatura residente
em Roma se seguia ao corpo diplo-
mático e terminava êste esplendido
cortejo.

Assim entrou a embaixada pelas
ruas de Roma ao som alegre do re-
picar dos sinos das inúmeras igre-
jas e do troar da artilharia, a que
se juntavam os entusiásticos vivas
de mais de trinta mil pessoas que
se acumulavam nas ruas do trânsi-
to, manifestando assim o entusias-
mo por um espectáculo tão novo e
tão deslumbrante.

Chegado o préstito em frente do .

castelo de Santo Angelo foram os
embaixadores portugueses cumpri-

mentados com uma salva de arti-

lharia, e, logo que o fumo se dissi-
pou, viu-se a bela figura de Leão
X, com aquela magestade e nobre-
za que o salientava, rodeado de to-
dos os seus cardiais.

Ao aparecer na varanda o ponti-
fice; o naire cornaca do elefante,
avisado por um sinal de Nicolau de
Faria, fez apresentar ao colosso em
que montava um grande vaso de
prata cheio de água aromatizada, e
o elefante, préviamente ensinado
mergulhou nele a tromba, e asper-
giu por tres vezes, primeiro o pon-
tífice, e depois o povo que o olha-
va assombrado.

AGRICULTURA

Animais prestantes

 

 

—O sapo, o lagarto, a cobra, a

“toupeira, O ouriço cacheiro e o mu-

 

saranho. –

Aqui tem o leitor um batráquio,
dois rêéptis. e três mamíferos, que
são excelentes auxiliares dos lavra-
dores, horticultores e jardineiros.

O sapo é um animal de extraor-
dinária voracidade. Alimenta-e de
caracóis, lesmas, larvas de toda a
espécie, moscas, pequenos roedores,
aranhas, minhocas, comendo-os em
quantidades assombrosas. . .

Um sapo do pêso de 50 gramas
pode comer uma ninhada de ratos
de campo ou uns vinte metros de

Jombrigas da terra. Pode, alêm dis-

so, comer diáriamente alimento equi-

valente a metade do próprio pêso. |

Um naturalista francês verificou que
o sapo pode devorar perfeitamente
cincoenta e dois mosquitos-dos pân-
tanos. Os seus serviços são de-tan-
ta importância que os horticultores
ingleses compram-nos por bom pre-
ço e osjardineirosbelgas introduzem-
nos nas suas estufas, que êles desem-
baraçam dos bichos de conta e-dos
insectos nocivos sem causarem o mí-
nimo prejuizo às fôlhas e às flores,
tal é a habilidade com que deslizam
por entre elas.

Eu sei que o sapo não é um ani-
mal bonito e que talvez por isto
os ignorantes o costumam empalar,
mas precisâmos evitar que os nos-
sos patrícios continuem à cometer
tão grave êrro.

O lagarto alimenta-se exclusiva-
mente de prêsas vivas, e, conguan-
to se apodere de alguns insectos ca-
çadores como êle, e portanto úteis,
destroe grande quantidade de peque-
nos moluscos, de moscas e de ou-
tros dipteros nocivos; alêm disso, a
grande facilidade com que êste pe-
queno sáurio percorre as pedras, as
árvores e as suas cavidades, em to-
dos os sentidos, tornam os seus ser-
viços muito importantes.

A cobra vulgar é ainda um bom
auxiliar do lavrador pela quantidade
de insectos, vermes e ratos que con-
some para se alimentar.

A toupeira, alimenta-se de vermes
e larvas e como faz o seu ninho de-
baixo do solo fura-o em extensas ga-
lerias sinuosas arremeçando a terra
para a superficie. O terreno assim
revolvido fica mais permeável faci-
litando o enraizamento das plantas.

São tambêm muito úteis o ouriço
cacheiro e o musaranho que se ali-
mentam tambêm de insectos e ver-
mes.

Entregues a si, alguns insectos há
que se multiplicariam tão depressa
que seria baldado o esfôrço do agri-
cultor, porque toda a-haste verde
que apontasse à superfície da terra
seria logo comida por êles. Há mui-
tissimos insectos e vermes que gos-
tam da mesma espécie de alimenta-
ção do que nós, e que muito dificil-
mente nos deixaria um quinhão de
tudo quanto semeâmos e plantâmos,
se não fossem destruidos no estado
de larvas pelos animais citados e pe-
las aves.

Protejâmos, pois, as aves úteis e
defendâmos aqueles pequenos ani-
mais que, quando dormimos, andam
êles pressurosos a trabalhar em nos-
so favor.

Sernache, 31-8-g14.
P* Cândido Teixeira.

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quimica que a distingue de todas as outras até hoje uzadas na terapeutica.

E’ empregada com segura vantagem da Diabetes — Dispepsias — Catar-
ros gastricos, putridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas ;-na convalescença das febres graves; —nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuberculosos, brighticos, etc.,—no gastricismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica que a “Agua da Foz da Certã. tal como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogeneas
gue podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua eua outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

Ay Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com

vinho.
DEPOSITO GE ERA.

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Telefone e165165