Voz do Povo nº60 21-01-1912
2.º Anno Certã, 21 de janeiro de 1912
DIRECTOR
Augusto Fodrignes
Administrador
ZEPHERINO LUCAS
Editor
Luiz Domingues da Silva Dias
8
E Assignaturas
FADO E nao, Semesirer.J.
Para o Brazil. …….
Pago adiantadamente
Não se restituem os originaes
Manifestação liberal
No passado domingo, imponente
manifestação percorreu as
ruas de Lisboa, saudando a liberdade
e afirmando o seu protesto
contra a reacção.
Relatam os jornaes que os
manifestantes se contavam por
muitos milhares e que, do conjuncto
dessa ruidosa affirmação
de principios, resultava a convicção
de que o governo se sente
fortemente appoiado nas suas
medidas anti-reaccionarias.
E assim é, não duvidamos
acredital-o.
Não obstante o atrazo intellectual
do nosso paiz, a falta evidente
d’educação civica, e o es-:
tado d’escravidão espiritual em
que nunca deixaram de viver as
nossas grandes massas ruraes, é
um facto, de sempre registado,
“que o nosso povo, cheio da fé
simples e ingenua no crédo da
sua religião, nunca se mostrou
favoravel ás absorventes pretenções
do clericalismo universal,
reagindo sempre, mais ou menos
energicamente, contra o seu predomínio
que, em nenhuma phase
politica da nossa existencia
nacional, conseguiu tornar-se
absoluto.
Denota este phenomeno, tantas
vezes, já, citado e discutido,
que nas reminiscencias atavicas
do nosso povo reside ainda um
vestigio do bom senso religioso
que, nos primitivos tempos do
christianismo, na velha Lusitania,
soube inocular o apostolo
Thyago, durante a sua longa
permanencia nesta lendaria região
de guerreiros. Ê
Ha muita gente que, de boa
ou má fé, confunde ainda hojeo
sentimento religioso com a pratica
de actos e doutrinas a que
se dá o nome de clericalismo.
Aos que de boa fé cahem nessa
perniciosa confusão, devem os
homens exclarecidos demonstrar
a razão do seu erro; aos que de
má fé pretendem levar aos outros
a confusão, pequena é toda
a violencia no castigo da sua duplicidade.
O aspecto religioso das sociedades
é um phenomeno tão digno
de ser estudado e respeitado
como qualquer dos muitos
outros factos que constituem o
modo de ser da humanidade.
Não é a religião que pode
Goo rs.
54000 réis (fracos)
constituir um mal; os que da re-
— EEE
lígião se servem para abusar da
simplicidade dos ignorantes é
que constituem um perigo social,
contra que o estado se tem de
precaver, com uma vigilante cautella,
por quanto nº’aquella cathegoria
de ignorantes se comprehendem
muitas vezes os que
mais esclarecidos se julgam.
Devido, certamente, ao seu
proprio systema, a religião catholica,
que; o é d’uma grande
maioria do nosso paiz, se por
um lado produz crentes d’uma
tão cega obediencia que ultrapassa
o fanatismo, por outro lado
produz um commodo materialismo
que constitue o estado
religioso de grande parte dos
seus adeptos; e phenomeno curioso,
tanto da parte d’uns como
da parte d’outros, salvo muito
raras e por isso mesmo honrosas
excepções, existe a mais
crassa ignorancia, o mais estupido
desconhecimento, dos simples
factos historicos da sua religião,
da sua doutrina, do-caracter
dos seus grandes homens,
das suas obras, das suas controversias.
Util seria que esta situação se
modificasse, o que redundaria
em apreciadas vantagens para
crentes e não crentes. Dentro do
paiz cabem uns e outros, á vontade,
sendo apenas preciso que,
para se não atropelarem, conhecessem
bem o seu caminho,
Dizia Emilio de Laveleye, o
sabio economista de Liége, que
a supremacia d’uns povos sobre
os outros se deve attribuir ao
culto que professam. Quanto
mais nobre, mais perfeito, mais
puro seja aquelle, mais os povos
se adiantam na luz bemdita do
progresso.
Sem podermos discutir a sua
affirmação, somos comtudo levados
a acreditar que realmente
ella encerra um fundo de verdade
que merece ser meditado.
— 9000 ——
Impostos
Dirige-se-nos um nosso estimado
assignante, fazendo justas considerações
acerca das condições desastrosas
em que se encontram os proprietarios
agricolas d’esta região e
manifestando os seus receios de
que um augmento de impostos venha
ainda agravar tão precaria situação.
y
Egualmente se fez echo do boato
que diz correu nas nossas aldeias
de que este anno serão maiores as
contribuições e que por isso se não
distribuiram os avisos que era de
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO –
Travessa do Serrano, 8
CERTAS
* Typographia Leiri—e nLEsIReIA
Propriedade da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL
costume ser expedidos n’esta epoca
do anno.
Não teem, felizmente, razão de
ser os seus receios. O lançamento
da contribuição predial está sendo
feito conforme a antiga legislação,
e a nova lei de contribuição predial,
que está sendo revista no parlamento,
longe de agravar as condições
do pequeno proprietario, antes procura
favorecêl-as.
Emquanto á falta dos avisos, é
ella simplesmente devida ao atraso
que, devido a ordens superiores,
houve na organisação dos serviços
preparatorios do lançamento.
m todas as repartições de finanças
do paiz, se está procedendo agora
a esse trabalho, e brevemente
deverão ser enviados os avisos das
contribuições.
Julgamos ter satisfeito, com estes
esclarecimentos, o desejo do nosso
presado assignante.
ADE ——>—>——
Dr. Trindade Coelho
Já regressou a Castello Branco, o
illustre governador civil do districto.
—————— praree>————
AMERICO OLAVO
Este distincto official do exercito
e nosso ilustre deputado, publicou
ha dias na Patria, de Lisboa, um
excellente artigo sob o titulo Afeições
fingidas, que era um modelo
de logica e de bom senso.
E mit
Guarda Republicana
No orçamento que acaba de ser
presente ás camaras incluiu-se já a
verba para a installação d’aquelle
corpo E segurança no nosso districto.
Consta-nos que o seu effectivo é
superior ao do projecto inicial.
———GASCUCRANCRR——
Proença-a-Nova
Vae ser estabelecida a communicação
postal, directa, entre a estação
de Alferrazêde e o visinho concelho
de Proença-a-Nova, que fica extraordinariamente
beneficiado com
esta medida, ha tanto tempo reclamada.
—— +. BA FL A FX e ——
Estrada d’Oleiros
Em conferencia ha poucos dias
realisada entre o digno governador
civil d’este districto, e o illustre deputado
pelo nosso circulo, sr. tenente
Americo Olavo, ficou assente a
immediata conclusão da estrada que
desta villa conduz a Oleiros?
Folgamos immenso em poder dar
esta noticia.
“e Contribuições
Até ao dia 1.º do proximo mez de
fevereiro deverão abrir-se os cofres
d’este districto para se receberem
as contribuições do Estado.
A de decima de juros está já em
cobrança: a industrial, renda de casas
e sumptuaria devem receber-se
a contar de 15 do corrente mez e a
predial a contar de 1 de fevereiro
proximo.
Annuncios
Na 3.º e 4.º paginas, cada linha….. 30 rs.
N’outro logar, preco convencional –
Armunciam-se publicações de que se receba
um exemplar
Torne-se a multidão educada
Ouvimos dizer muita vez que saber
é poder, mas nunca ouvimos
que a ignorancia é poder. E; todavia,
a ignorancia teve sempre mais
poder no mundo que o saber. A
ignorancia domina. E é por causa
das más propensões dos homens
que existem as dispendiozas instituições
repressivas que ahi temos.
A ignorancia arma os homens uns |
contra os outros; enche as cadeias
e as penitenciarias; dá que fazer á
policia e ájustiça, Toda a força material
do estado é fornecida pela
ignorancia; é exigida pela ignorancia;
é muitas vezes prestada pela
ignorancia. Bem podemos, pois, asseverar
que a ignorancia é poder.
E’ poderoza a ignorancia, porque o
saber por ora só tem obtido accesso
ao entendimento de poucos. Seja
o saber mais geralmente espalhado;
torne-se a multidão educa: a, reflectida
e esclarecida; e então o saber
poderá ter ascendencia-sobre a ignorancia.
Mas esse tempo ainda não
chegou. Abri os registos da criminalidade
e achareis que, por um homem
dotado de saber ou ilustração
que comette um crime, ha cem ignorantes
nas mesmas condições. Nas
estatisticas da embriaguez e da imprevidencia
de toda a especie ainda
a ignorancia é predominante. E nos
anaes do pauperismo, lá, ainda, a
ignorancia é poder.
As causas principaes de inquietação
n’este paiz são o penar e o mal
estar social que derivão da ignorancia.
Para as mitigar formamos associações,
organizamos sociedades,
dispendemos dinheiro e trabalhamos
em commissões. Mas o poder da
ignorancia é demasiadamente grande
para nós. Quasi desapparecemos
emquanto trabalhamos. Sentimos
que boa parte do nosso esforco
é perdido. Succede-nos muitas
vezes estar prestes a desanimar no
nosso proposito, e recuamos para
não nos encontrarmos com o poder
do mal. Quão sugestivas são as boas
palavras! exclamava Job. Sim, mas
com egual razão podia ter dito :
Quão suggestivas são as más palavras!
Estas teem mais poder do que
as boas sobre os espiritos ignorantes.
Ajustam-se ás más cabeças, ás.
que teem prejuizos, e ás cabeças
ôcas; e teem poder sobre ellas. Para
estas as boas palavras, como se
fossem termos de alguma lingua
morta, não teem por vezes significação
nenhuma. Os pensamentos do
homem sabio não attingem as multidões,
mas vôam por cima d’ellas.
Por ora só poucos os alcançam,
O phiziologista pode continuar
discutindo os preceitos da hygiene
e a junta de saude a escrever opusculos
para circularem entre o povo,
porém muito povo nem sequer sabe
lêr, e do. resto só uma porção
mui pequena tem o habito de pensar.
De maneira que os preceitos
hygienicos não são attendidos, e
quando chega a febre encontra campo
vasto para desenvolver a sua
acção: nas ruas sujas e pateos trazeiros,
nos logares insalubres e pestiferos,
nas habitações imundas e
más, grandes aglomerações de gente
mal provida de agua limpa e de
ar puro. A morte faz ali cruel devastação;
muitas viuvas e creanças
desamparadas teem de ser mantidas
à custa da beneficencia publica; e
depois nós confessamos contra vontade
a nós mesmos que a ignorancia
é poder. O unico methodo de
reduzir este poder da ignorancia é
augmentar o do saber. A! medida
que o sol se eleva no firmamento,
as trevas desapparecem. Instrui o
povo—dae-lhe melhor educaçã—o e
d’esta maneira o crime diminuirá, a
embriaguez, a imprevidencia, a depravação
e todos os poderes do mal
desapparecerão em grande parte.
Smuilos
perene
CHRONICAS
Para as mães lerem
éMeus sana in córpore sano dizia
o já Jovenal. A união do corpo e
do espirito não admitte o divorcio.
Se o corpo adoéce a alma cae tam:
bem de cama, Uma amargura d’alma
traduz-se no semblante. Se uma
desventura nos fere o coração todo
o organismo se resente. Mórre-se
de amor e mórre-se de dôr. Escrevo-
vos, a custo, estas linhas. Uma
dôr de cabeça paralisa-me o espirito.
E’ quasi, só a mão a tranjar automaticamente,
estas linhas. Isto é
como quem diz escrever pelo tacto.
Se alguma frase vos fizer arripiar
não vos irriteis contra mim. A nossa
intelligencia depende de uma boa
orientação do sangue, d’uns pulmões
que respirem em liberdade e d’um
estomago que trabalhe bem. Isto é
evidente e obvio. Estamos a vê-lo
a todos os instantes. E comtudo procede-
se ainda como se a nossa alma
estivesse fóra de nós. Grande
numero das nossas escolas, ainda,
se não avantaja, n’este ponto ás dos
frades de Porto Royal. Ha um des
prezo completo pela educação phisica.
Spenser lamentava que os layradores
inglezes dessem tantos cuidados
á criação e apuramento das
raças de cavallos e carneiros e tão
poucos á educação phisica de seus
filhos. E comtudo como acentua o
philosopho da educação, tambem é
possivel o apuramento da raça humana.
A humanidade podia ser mais
bella e mais forte. As mulheres podiam
ser mais formosas e menos
neurastenicas, os homens mais fortes
e mais ageis. Mas á epocha de horror
pela besta, como diz J. de Maistre,
succede um periodo de sonhadores
de peraltas e secias de amor
pelo pó de arroz e pelas faces palidas.
(O romantismo condemnava o
colorido das faces e a scintilação do
olhar. O ideal era uma mulher palida,
o cotovelo fincado na meza, a
face encostada á mão, envolvida em
melancolia. Inyentou-se o espartilho.
Probibiram-se os bifes e o vinho.
A mulher chega quasi a desabituar-
se de comer. Sobreveio a tisica
e as nevralgias, a anemia e a
chlorose. E as gerações foram-se
resentindo, resentindo. Às creanças
nasciam fracas. Embalavam-nas em
berços e dayam-lhe figas. Nos menáges
ricos furtavam-nas ao.ar e á
luz. E a creança continuava indolente
e inerte, palida e triste. Prohibiam-
lhes as brincadeiras, o agir,
o mover-se livremente. Os meninos
bonitos eram os que brincavam menos,
Os mais socegados, os que poutas
vezes esbocavam um sorriso ou
davam um salto. Não se lembrayam
de que a creança possue um excesso
de seiva e que o correr, o saltar,
o brincar, lhe é tão necessario como
a nós a convivenc’ia. Hoje é ainda
quasi o mesmo, Os paes man-
VOZ DO POVO
dam os filhos para a escola por causa
da brincadeira, Muitos professores
conservam-nos oprimidos, em
classe, por causa da brincadeira.
Quando uma ideia conquistou foros
de cidade nem a artilharia a aniguila.
A razão e a experiencia dizem
outra coisa, mas tem sido sempre
assim e ai dos que quizerem bulir na
arca santa da rotina. Está hoje provado
que o cerebro cança mais depressa
que os musculos e que o
mesmo numero de horas de trabalho
intervalado é mais ‘proficuo do
que o successivo. Eu não suporto
um trabalho mental, intenso, de |
mais de uma hora, quanto mais uma
criança. A primeira hora dos exercicios
escolares é a mais, proveito:
sa para o ensino. Interyalar as lições
com jogos infantis e outros
exercicios em que a educação phisica
tem a principal parte é util á saude
e á intelligencia. As crianças
mais robustas são tambem as que
mais aproveitam do ensino. Está
hoje provado que os estabelecimentos
de ensino onde mais se cuida da
educação phísica, são tambem aquelles
onde melhores resultados intellectuaes
se produzem de resto uma
boa saude é a maior riqueza. Não
ha nada que valha o colorido das
faces, a harmonia dos orgãos, uns
braços fortes, umas pernas direitas,
um torax herculeo, um rosto franco
e jovial. Deixae brincar as criancinhas.
Misturae-vos nos seus jogos e
nos seus divertimentos dirigindo-os
e orientando-os. A sr.” professora
de Ourique deu-se à curiosidade de
fazer uma relação dos jogos infantis
no sul do Alemtejo. A meu ver
prestou um, bom serviço á educação
phisica. Queirat escreveu tambem
um ‘livro—Les gene des enfants—
que todas as mães e os professores
deviam ler, E todos os lares deviam
possuir o livro de D. Virginia de
Castro e Almeida —Como devemos
criar e educar os nossos filhos—Isto
não são coisas frivolas. Na educacão,
nada ha que não tenha o seu
valor. As coisas que nos parecem
minimas tem! ás vezes uma importancia
maxima.
Eurico
FACTOS E BOATOS
Pela Camara
Sessão de 17
Sob a presidencia do sr. Zeferino
Lucas e assistencia dos srs. Henrique
Moura e Ciriaco Santos teve
logar a reunião da Commissão Municipal
Administrativa.
Lida e aprovada a acta da sessão
“anterior.
Foi presente: :
Officio do Engenheiro Director
das Obras Publicas do Districto,
dar ao conhecimento de haver tomado
posse do referido logar e offerecendo
á Camara todo o seu
apoio. A Camara resolveu agradecer.
— Officio n.º 217 do Ministerio
das Finanças, acerca da inclusão da
quantia de 2348750 para O recenseamento
da população. A camara
resolveu incluir no seu orçamento
ordinarioa referida quantia.
A Camara resolveu que nas condições!
da arrematação do imposto
do real d’agua se inclua a de que o
arrematante não poderá cobrar quantia
superior á cobrada pelo estado.
A (Camara resolveu mandar intimar
Joanna de São Pedro Fatinha
para comparecer na proxima sessão
com a menor a seu cargo.
— Officio n.º 57 do Inspector de
Finanças do districto de Castello
Branco, pedindo para que esta Ca;
mara indique o perito que deve fazer
parte das commissões ayaliadoras
dos predios tipos a que se refere
o artigo 11 do decreto de 4 de
maio de 1911,
A camara para evitar que continuem
os estragos: da estrada da
Certã ao Zezere, lanço do Cazal do
Ovelheiro aos Carvalhos resolveu
se procedesse à limpeza das valetas
e se paguem as despezas depois do
orçamento aprovado.
Concedeu um subsidio de latação
por dose mezes a contar d’esta data
a «2 de dezembro de 1912, na importancia
de 1:200 réis mensaes a
Maria Marcelino, da Gertã,
A Camara resolveu aplicar ao
arrematante das carnes de vacca a
multa de 1%000 réis cominadnao artigo
105 do Codigo de Posturas.
Não tendo havido concorrentes à
arrematação do petroleo para a iluminação
publica, resolveu-se passar
editaes para nova arrematação
ao preço de 120 réis cada litro.
Não. tendo havido concorrentes
para a arrematação do fornecimento
de carne de capado e carneiro, a
camara resolveu deixar livre o referido
abastecimento, devendo comtudo
as rezes antes de ser abatidas
serem. previamemte examinadas e
abatidas no matadouro municipal,
Pelo vereador sr. Henrique Moura
foi declarado que se associa ás
saudações preferidas pelo sr. Ciriaco
na-sessão anterior.
Assalto e roubo
Pelas 23 horas do dia desaseis
do. corrente na estrada de Thomar
á Certã, e entre os Falleiros e a |
Fonte foi assaltado, quando regressava
a esta villa, guiando um trem da
Companhia Viação Thomarense, o
cocheiro Antonio Ferreira Raposo a
quem furtaram 98300 réis.
+ IO ———
Registo Clvll
O movimento de registos na séde
desta repartição de 1 a 17 do corrente
foi de:
Nasci. m..esemnestessoessece a
(ODitao sts
| — poome—
Matriz industrial
Acha-se á reclamação de 22 a 27
do corrente na repartição de finanças
deste concelho esta matriz,
———acoc-———
Conferencia
Realisou-se no dia 11 do corrente,
na escola do sexo masculino d’esta
villa, uma conferencia sobre ensino
intuitivo, methodos, processos,
horarios e programmas.
Foi conferente o digno inspector
escolar, o nosso presado amigo Joaquim
Thomaz, que foi muito e justamente
ovacionado.
Assistiram os professores d’este
circulo.
er a UHEs DE judo a) atada
ee
Carteira semanal
Fazem annos:
Hoje, o sr. dr. Antonio Ildefonso
Victorino da Silva Coelho.
Estiveram n’esta villa os srs, dr.
Custodio Martins de Paiva, Carlos
Martins, Antonio da Costa Lima,
Luiz da Cruz, A. Ramos, e J, Patrocinio.
Regresou a esta villa, com sua
esposa e filhinha, o sr. Luiz da Silva
Dias.
Sahiu para o Valle de Santarem,
acompanhado de sua mana
e sobrinho José, o sr. Padre Antonio
Nunes e Silva.
No dia 25 proximo, tem logar no
Gremio Certaginense, o festival
com que esta sympathica agremiação
costuma solemnisar o aniversario da
sua fundação,
EE RS e
Pelo mundo litterario
A tua janella
“Todos os dias na rua
* Defronte d’essa janella
Que barbaridade a tua,
Porque não chegas a ella?
O quente sol no horisonte,
Com todo o fogo d’agosto,
E eu na rua e eu defronte
Da tua janella posto.
Dezembro, o mez inclemente,
O sangue nas veias gella,
E eu na rua e eu em frente
Em frente d’essa janella.
Sempre esta ideia constante :
Ah! meu Deus, se eu hoje a visse !
Se ao menos, um só instante
A janella hoje se abrisse!
E nunca se abre, Senhor !
Abrem-se os labios n’um riso,
O botão abre-se em flor,
Abre-se o teu paraizo:
Abre-se a concha do mar,
Onde a perola se encerra,
A” semente, a germinar,
Abre-se o seio da terra.
Abrem-se os braços da mãe,
Para abraçar o filhinho,
E as aves abrem tambem
As azas por sobre o ninho.
Abre o seu calice a rosa,
Abre-se o mar, tão profundo |—
Só tu, janella teimosa,
Nunca te abriste um segundo !
Pois fica sempre fechada,
Como a noite mais escura,
Como um’alma condemnada,
Como negra sepultura !
Mas o que estou a dizer!
Meu Deus, meu Deus, o que eu disse
Ai! que infinito prazer,
Se a janella hoje se abrisse!
Urbano de Gastro.
— Sp IgE—— — —
Emprego das horas vagas
Qual será o mais util emprego das
horas que o trabalho nos deixa livres?
Não é, de certo a paralysia de
toda a acção do arganismo e da alma,
designando por esta palavra tudo
o que em nós não é bem definida
e claramente um acto physiologico,
Ha mil coisas que o corpo e a
alma executam com verdadeiro gozo
e sem damno algum para ellas. Todos
podemos, pela attenção, formar
uma lista d’essas coisas e, nas hoaos
de ocio, executal-as sorrindo. O
cultivo das bellas artes é de certo
uma das mais atrahentes. Cada qual,
segundo as suas aptidões, escolha a
Musica, a Pintura, o Desenho, a Poesia,
a Esculptura, ou todas conjunctamente,
se n’isso encontra prazer
e para tanto o dotou, privilegiadamente
a natureza. Aprimorar a execução
d’um trecho musical que se
ama, esboçar um quadro, burilar
um sonêto, modelar um busto, eis
excellentes occupações das horas vagas.
Mas ha outras ainda mais simples
e ao alcance de todos, artistas
ou não artistas, pobres ou ricos;
taes são por exemplo, o canto, o passeio,
a contemplação dos bellos quadros
da natureza, escutar a musica,
a leitura de um bom trecho litterario
e moral.
Entre as mais uteis occupações figura
a de ajustarmos contas comnosco
mesmos; a de relancear os olhos
pelo nosso passado e pelo nosso presente;
vêr se é possivel remediar
erros comettidos ou prestes a cometterem-
se. Mas este, é preciso
uzar d’elle com parcimonia e certas
precauções, não vá succeder ficarmos
acabrunhados sob o peso da
meditação e que o bem estar procurado
degenere em preoccupação de
espirito.
O mais excellente meio de nos
distrahirmos, recolhendo larga copia
de bem estar intimo, é fazer bem
aos outros. Pela abnegação e pelo
q
VOZ DO POVO
affecto, sentir em torno de nós gra:
tidões, bençãos e votos de felicidade,—
isto alegra a alma e vigora os
bons sentimentos. Se conseguirmos
a um tempo deliciar os sentidos e
alegrar a consciencia, teremos alcançado
o mais precioso meio de
occupar as horas vagas que o trabalho
nos deixa livres.
Arthur Telles.
————« Oque —.- —
Partido medico
Está a concurso o da importante
freguezia da Sobreira Formosa, com
a dotação annual de 3808000 réis.
mm e GT IND 6 SR aa
Já se encontra em Castello Branco,
o sr. engenheiro Pinto Bravo,
novo director das Obras Publicas no
districto.
Conselhos aos lavradores
Poucas palavras sobre adubos
chimicos
Se é certo, que ha muitos lavradores
que com uma leviandade criminosa
aplicam nas suas terras quaesquer
adubos, sem indagar das condições
physicas, chimicas e mechanicas
da terra, não sabendo nem
querendo saber o que ella tem nem
o que não tem, nem dos elementos
que no adubo adquire, é certo tambem
que ha lavradores que debaixo
da adubação chimica imaginam cousas
mysteriosas e difficilimas.
Só estudando chimica durante 3
annos e só depois de calculos complicados
se conseguem aclarar. Como
em tudo o termo medio é o
melhor.
E’ certo que as leis que regem as
adubações são extensas e complicadas,
mas para a maioria dos lavradores
damos os seguintes conselhos
simplificados:
nviar uma amostra de terra a
um agronomo competente para elle
determinar a qualidade da terra e
escolher os adubos competentes.
Partindo do principio que se aduba
a terra e não a cultura, é nossa
opinião que se deve dar á terra um
fundo de fertilidade conveniente, independente
da cultura que se vae
fazer e muito antes d’esta. A melhor
occasião de fazer esta adubação
é no periodo das grandes lavouras.
E” claro que os adubos applicados
em taes casos, não devem ser
de rapida solubilisação. Convem,
pelo contrario, os de lenta solubilisação,
como são os Phosphatos Thomaz
ou Escorias Thomaz e os Phosphatos
«Bernard» juntamente com o
Kainite, adubo potassico barato e
perfeitamente adaptado ao caso.
Estes adubos são: a base para a
cultura economica intensiva.
Terras assim adubadas podem no
dado momento ser semeadas com
qualquer cultura, tendo o lavrador
unicamente em vista de reforçar a
adubação no elemento de que a respectiva
planta mais carece.
Supponhamos que se trata de batata:
convirá espalhar alguns dias
antes da sementeira, a lanço, algum
chloreto de potassio ou sulphato de
potassio. Para a maioria dos casos
e culturas bastará, porém, applicar
algum azote, visto não se ter dado
na adubação antecipada este elemento.
Se durante a época de vegetação
se fizer sentir a conveniencia de levantar
a cultura ou de apressar o
seu desenvolvimento temos á nossa
dispotição o nitrato de sodio.
Resumimos:
Applicar com maior ou menor
antecipação, conforme as conveniencias
de serviço, por hectare: 500 a
1:000 kilos de Phosphato Thomaz
ou phosphato Bernard ou outro que
lhes não seja inferior juntamente
com 500 a 1:000 kilos de Kainite;
applicar poucos dias antes da sementeira
5o a 200 kilos, por hectare, de
cal azotada ou sulphato de ammoniaco,
€ caso se «reconheça a necessidade
», poderá, n’este momento,
applicar-se mais algum acido phosphorico
e potassa.
Applicar durante a vegetação algum
nitrato de sodio em cobertura,
sendo necessario.
Este processo de adubação é barato
e seguro, porque não ha perdas
a receiar nem o exgottamento da
terra; pelo contrario, a terra é conservada
n’um equilibrio de fertilidade
muito conveniente.
O que acabamos de apontar serve
ao lavrador para quando não
queira, por qualquer motivo, adquirir
os adubos completos, organisados
em harmonia com as necessidades
da terra indicadas pela analyse
da amostra, e da indicação da planta
a cultivar, sendo então preferivel
a proceder como apontamos acima
a adquirir adubos de baixas percentagens,
pagando por bons.
Assim o lavrador compra adubos
pelo cheiro e o azote é-lhe fornecido
não sob a fôrma ammoniacal ou nitrica
mas sob a fórma organica e
assim successivamente, ?
Cardoso Guedes.
RR
Pequena correspondencia
J. G. Martins Leitão —Recebemos a sua
carta e nota de 58000 réis.
Miguel & J. A. Fraga–Recebemos o
vale de correio.
Agradecemos.
— ME —
«PROCURAL»
Está em distribuição o nº. 8 d’esta
Revista forense propriedade da
«PROCURADORIA GERAL» es
criptorios de advocacia e procuradoria
na Rua do Ouro n.º 220-2.º—
Lisboa,
Este numero firma os creditos
que na imprensa vem sustentando
esta importante revista destinada á
defesa dos interesses das classes forenses
e porventura a unica no paiz
que gratuitamente responde a todas
as consultas praticas sob contribuições
e mais assumptos forenses.
A «PROCURAL» publica todos
os alvitres e opiniões sobre o Congresso
Forense que está organisando
é será o boletim d’esse Congresso.
O Summario d’este numero é o
seguinte:
— Expediente.
—Pequenas informações
—Congresso Forense.
—Alvitres.
— Consultas.
— Resenha de ligislação.
– ANNUNCIOS
COMARCA DA CERTA
1.º officio
Por este Juizo e cartorio e nos
autos d’inventario orphanologico por
obito de Antonio Ferreira, que residia
no logar dos Estevaes, fregue-
“sia de Villa de Rei, d’esta comarca,
correm editos de 30 dias, a contar
da’2.* e ultima publicação do annuncio,
citando o coherdeiro Joaquim
Ferreira, solteiro maior ausente em
parte incerta, para assistir a todos
os termos, até final, dos mesmos
“autos, deduzindo n’elles todos os
seus direitos, querendo.
Certã, 3 de Janeiro de 1912.
O escrivão
Antonio Augusto Rodrigues
Verifiquei:
O Juiz de Direito,
2 Sanches Rollão 2
ÂAnnuncio
Pelo Juizo de Direito da Comarce
da Certá, cartorio do quarto officio,
escrivão David, correm editos
de trinta dias. contados da segunda
publicação d’este annuncio no «Diario
do Governo», citando José da
Cruz Prata e mulher Gracinda de
Jesus, proprietarios, do logar do Casal
Qutello, freguezia do Cabeçudo,
d’esta Comarca e residentes em parte
incerta em Lisboa, para no prazo
de cinco dias que começarão a contar-
se findos que sejam os primeiros
dez depois dos editos, pagarem
a quantia de 678066 réis, de capital
pedido, juros € custas, em que foram
condemnados conjunctamente
com seu fiador José Mendes dos
Santos, casado, proprietario, do Cabeçudo,
d’esta Comarca, nos autos
de acção nos termos do Decreto de
29 de maio de 1907, qua lhes moveu
Guilhermina da Conceição, solteira.
creada de servir, moradora
em Thomar, ou nomearem á penhora
bens suficientes para o seu inte
gral pagamento sob pena de não o
fazendo, a nomeação se devolver á
mesma exequente. :
Certã, 23 de dezembro de 19gr1.
O escrivão
Adrião Moraes David
Verifiquei a exactidão
O Juiz de Direito
2 Sanches Rollão 2
Annuncio
Pelo Juizo de Direito da Comarca
da Certã e cartorio do escrivão
David, vão á praça para serem vendidos
em hasta publica, pelas 11 horas
do dia 28 do corrente mez de
janeiro á porta do Tribunal Judicial
d’esta. Comarca pelo maior lanço
acima da avaliação, os bens seguintes:
Uma courella de matto, sita nos
Enxordeiros, limite da Povoa da Ribeira,
avaliada em vinte mil réis
(zorbovo).
Uma courella de matto, com castanheiros
e videiras, sita nos Enxordeiros,
avaliada em oito mil réis
(Sbooo).
Uma courella de matto e ameixociras,
sita na Povoa da Ribeira, avaliada
em dezeseis mil réis (16%000).
Uma courella de matto, sita na
Povoa da Ribeira, avaliada em dois
mil réis (28000).
Um quinhão n’uma casa,-da residencia
da familia do executado, sita
na Povoa da Ribeira, avaliado em
quatro mil réis (48000).
Estes bens foram penhorados na
execução de sentença que João Luiz,
viuvo, alfaiate, da villa e freguezia
de Oleiros move contra Thomaz
Peres, solteiro, maior, do logar da
Povoa da Ribeira, freguezia do Villar
Barroco, d’esta Comarca, nos
termos do Decreto de vinte e nove
de maio de mil novecentos e sete,
pela quantia de quarenta mil oitocentos
e dezenove réis.
Pelo presente são citados quaesquer
credores incertos, nos termos
da lei.
Certã. 5 de janeiro de 1912.
O escivão,
cAdrião Moraes David
Verifiquei a exactidão
O Juiz de Direito,
2 Sanches Rollão 2
VIDA POLITICA
POR
Luiz da Camara Reis
Cada n.º…
DO réis
Serie de 6 n.º… 300 »
Pedidos à administração, Rua da
Palma, 24, 1.º–LISBOA.
EDITAL
/ Antonio Alves Mendes, superior
do Collegio das Missões Ultramarinas,
em Sernache do Bomjardim.
Faço saber que no 1.º domingo
do proximo mez de fevereiro (dia 4)
de 1912, pelas 11 horas na cêrca
d’este Collegio, se ha-de proceder á
venda em hasta publica, de uma
porção de madeira de castanho, dividida
em varios lotes. As condições
da arrematação acham-se patentes
na secretaria deste Collegio.
Sernache de Bomjardim, 14 de
janeiro de 1912
O superior (a) A. Alves Mendes.
– CHARRETE
Vende-se uma em bom estado?
com, ou sem, arreios,
Para tratar: Accacio Macedo—
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a Junta do Credito Publi-
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Emprestimos sobre hypothecas
Consignações de rendimentos e
outras fúrmas de garantia.
Legalisação de documentos, Iquidação
de direitos de mercê, encartes.
Publicação de annuncios no Diario
do Governo e jornaes nacionaes
estrangeiros.
Registo de propriedade litteraria,
artistica e industrial; registo de nomes,
marcas, titulos e patentes de
invenção.
Habilitação de pensionistas no
Monte Pio Geral e outros.
Diligencia sobre serviços depen:
dentes de todas as repartições publicas,
secretarias d’estado, ministerios,
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bancos e companhias.
E’ esta a primeira publicação no
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meio, representando sem duvidas
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220.
Pedidos a esta redacção.
LEIS REPUBLICANAS
LEI ELEITORAL
7 eiição 40º folheto da colleção
Com as alterações ultimamente
publicadas na folha official.
A” venda as seguintes de interesse
geral: N.º 1, Lei de imprensa—
N.º 3, Lei do divorcio—N.º q, Lei
do inguilinato—N.º 17, Direito á
gréve—N.º 20, Leis de familia—N.º
21, Descanço semanal, Attentados
contra a Republica—N.º 36, Lei do
registo civil—N.º 37, Modelos e formulario
da Le: do registo civil—N.º
38, Descanço semanal e seu regulamento—
N.º 39, Lei do Recrutamento
Militar—N.º 41, Reorganisação
dos serviços de instrucção primaria
—N.º 42, Separação da egreja do
estado, etc.
Primorosa edição ornada de ma-
Bnificas photogravuras de pagina.
| BRINDES aos srs. angariadores
d’assignaturas. Veja-se o prospecto.
BRINDE aos srs, assignantes uma
finissima oleographia propria para
quadro, representando
Cada folheto contendo uma ou mais
leis
50 RÉIS
Esta empreza está editando TODOS
OS DECRETOS publicados
no «Diario do Governo» desde a
implantação da Republica, garantindo
que a collecção é sempre meticulosamente
feita pela folha official,
Pedidos à Bibliotheca d’Educação
Nacional — Typographia
Gonçalves.
BO,IAR do Alecrim, 2 — LISBOA
Acaba de ser posto á venda o terceiro tomo da:
NOVA COLLECÇÃO DE LEIS
REPUBLICA PORTUGUEZA
Approvadas pelas Constituintes
Summario do tomo n.º 3
Recenseamento geral da população—
Tabella das quantias com que
as camaras municipaes teem de concorrer
para o recenseamento geral
da população em 1g11—Instrucções
para a execução do recenseamento
geral da população Decreto sobre
circulação de automoveis.
A Empreza editora da Bibliotheca
d’Educação Nacional, resolveu, encetar,
desde já, a publicação com a
maxima urgencia, de todo o conjuncto
de leis que o Parlamento vae
sanccionando, assegurando que a reproducção
será feita exclusivamente
pela folha oficial e com o maximo
cuidado. )
A nova Collecção de Leis da Republica,
levará todas as indicações
de referencias aos Codigos em vigor.
A distribuição é feita em tomos
de 32 paginas, ao preço extrema
mente economico de 60 réis.
Todos os pedidos de assignatura,
devem ser dirigidos á Typographia
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