Voz do Povo nº21 23-04-1911
@@@ 1 @@@
Õ
DIRECTOR
Augusto Fodrignes .
Administrador
ZEPHERINO LUCAS
“Editor.
Luiz: Domingues: da Silva Dias
erta, (2:
a
ide’abrilide 1911
CC Assignaturas
Anno…… 1200: Semestre… Goo ts.
Para o Brazil, ‘:.. .:..015gpooo-réis (fracos) 7
Pago adiantadamente
Não se restituem os originaes
A civilisação
A civilisação é hoje o fim a que,
em toda a parte, se dirigem as as-
pirações da humanidade.
As nações, que ha múito, auspi-
ciosamente, à inauguraram, não re-
pousam um só instante para a con-
tinuar e desenvolver, tomando no
bom resultado das suas empresas,
novos brios para mais brilhantes
commetmentos. É
Os povos. a quem à incuria dos
governos ou a inercia dos cidadãos,
a quem principios errados e grossei-
ros preconceitos impediram que vis-
sem ha’ muito tempo a aurora re-
demptora da civilisação, empenham-
se hoje em resgatar pela dedicação
e pelo trabalho o tempo que perde
ram na esterilidade dos seus ocios
prolongados TR As
Todos porfiam e se esforçam pe-
lo convívio a que preside a intelli-
gencia e o saber, e onde a fraterni-
dade procura conquistar para si o
culto é a adoração que antigamente
se votava ás rivalidades das nações,
às dissidencias dos próprios povos,
e ás paixões odientas dos cidadãos
do mesino paiz. ‘
Nunca houve na historia da civi-
lisação uma frase em que ella se
revelassc mais variada, mais lacta,
mais engenhosa, mais popular, e
menos egoista.
Apesar das injurias com que teem
pretendido diffamal-a, nunca a’ civi-
lisação procurou, como, no seculo
actual, exaltar a dignidade humana,
e ampliar ao maior numero de indi-
viduos as perogativas e as commo-
didades que outrora pertenciam,
como apanagio exclusivo, aos privi-
legiados da fortuna.
Esta civilisação tende visivelmen-
te a corrigir as injustiças do acaso,
a igualar quanto possivel, as condi
ções socíaes e as commodidades mo-
racs e materiaes de todos os cida-
dãos, E” deveras consolador o con-
templar as conquistas memoraveis
que a civilisação tem já mostrado
nos seus fastos. ‘
E” toda conforto e esperança, pers-
pectiva de que já se póde avaliar do
que virá a’ser em não distantes épo-
cas, a condição das sociedades, illu-
minadas pela sciencia e guia las pe-
la insaciavel ambição de novos e in-
definidos aperfeiçoamentos sociaes,
As antigas civilisações resplande-
ciam principalmente pela raridade
dos seus beneficios e pela avareza
com que memoravam os seus eleitos.
A de hoje tem por timbre o ampliar
os seus descobrimentos, o vulg:ri-
sar as suas praticas, O generalisar
as suas numerosas utilidades até aos
menos felizesina loteria. da socieda-
de. As antigas tomavam na popu-
lação um escasso numero de previ-
hgiados, adornayam para elles todos
os espaços, e semeavem-lhe de flô-
Tres o caminho da existencia. Brilha-
vam pelo; privilegio e robusteciam
pelo egoismo.
– A de hoje, a mais popular de to-
das ellas, espalha. iberalmente a
cornucopia dos seus fructos sobre
todas as gerarchias, sobre a massa
—m
inteira de immensas populações.
Existe porque é a collaboração ener-
gica de todas as forças sociaes, e a
mais equitativa divisão dos seus
proventos e prazeres por todos os
que militam/ sob’as suas bandeiras
e lidam sem cessar nas suas vastas
officinas de trabalho.
As civilisações antigas fizeram tu-
do o que o homem podia emprehen-
der e executar desajudado; de ins:
trumentos vigorosos, na lucta inces-
sante mas sempre desigual, com a
natureza, ;
A grande e verdadeira civilisação
só podia alvorocer quando a iintelli-
gencia applicasse ás lides da indus-
tria o segredo de motores desconhe-
cidos.na antiguidade.
A civilisação que é já hoje a for-
ma social de muitos povos, que é a
vida e a mesma creação das gran-
des nações do, globo. empenhamo-
nos todos por traduzil-a dos desejos
e das aspirações, em que a formu-
lam e anceiam, em realidades cujas
maravilhas e excellencias possamos
-por experiencia reconhecer.
Temos no. nosso, paiz todas as
condições para que o germen dos
grandes melhoramentos: nacionaes
possa florescer e fructificar prolifi-
camente.
Se a civilisação nas suas manifes-
tações fisicas, se a civilisação que se
traduz principalmente pela multipli-
cidade e perfeição das vias de trans-
porte, e se alia naturalmente á paz
é á ordem publica, ás maiores am-
plitudes da. liberdade | popular, á
mais desassombrosa: communicação
do pensamento, á pacifica discussão
dos assumptos do governo, nenhum
paiz como o nosso está hoje me-
lhor disposto para acceitar e rece-
ber jubilosamente todos os benefi-
cios da moderna civilisação.
TERRA ER
Seminario de Sernache
Na noute de 18 para 19 do cor-
rente deu sé neste estabelecimento
um grave conflicto, revoltando-se Os
estudantes contra a auctoridade do
Superior e contra dois dos perfeitos.
Aquelle não se achava então no
Collegio, tendo ido passar alguns
dias á Covilhã, acompanhado –do
bispo D. Antonio Barroso. Como
se sabe este, desde o procedimento
contra elle adoptado pelo governo
tem estado no: Seminario “erdiz’se
que os estudantes, ha muito descon-
tentes com 3 forma como o Superior
dirigia o Seminario, e com uma
certa congregação ou associação re-
ligiosa por elle fundada entre os
alumnos, aguardaram apenas, para
se manifestar, a sahida do sr. D.
Antonio Barroso, a quem, pelo res-
peito que lhes merece o seu caracter
não queriam desgostar.
Na occasião do conflicto, retira-
ram mais ou menos precipitada-
mente, o reitor, os. professores, e
os perfeitos, fugindo um dos alumnos
que os seus condiscipulos conside-
ram menos lcal. :
Mais tarde, uma commissão d’es-
tudantes, procurou o reitor, instan-
do com este para regressar ao esta-
belecimento.
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Travessa do Serrano, 8
CERTÃ
Typographia Leiriense — LEIRIA
Propriedade la EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL
Apenas constou n’esta villa este
conflicto, o sr. administrador do con-
celho acompanhado do seu secreta-
rio, partiu para Sernache a inquirir
dos acontecimentos e a tomar outras
providencias. Os estudantes respei-
taram a sua auctoridade, apresentan-
do-lhe por escripto as suas reclama-
ções
Os alumnos em revolta não pra-
ticaram attentados de caracter pes-
soal e os prejuisos materiaes são in-
significantes.
Parece que contra os professores
não ha reciamações. !
O sr. administrador do concelh
passou no Seminario a noute de 19
para 20, conservando-se os alumnos
em socego. º
Fazemos votos para que o confli-
cto sé resolva com equidade, dentro
do mais curto praso de tempo, de
forma a que o Collegio possa reco-
meçar funccionando sem embaraços
e para isso confiamos absolutamen-
te no bom senso de todos que n’elle
se veem envolvidos ou n’elle forem
chamados a, intervir.
de
Os srs. Vaz Guedes e Paiva Fa-
ria foram encarregados de proceder
a uma syndicancia a estes aconteci-
mentos. “O superior foi chamado a
Lisboa, sendo encarregado o cone-
go Quintão, como reitor, de dirigir
interinamente este estabelecimento.
FACTOS E BOATOS
Pela Camara
Sessão de 79 do corrente
Sob a presidencia do sr, Zeferino
Lucas e comparencia dos srs. Hen-
rique Moura e Antonio Nunes de
Figueiredo teve logar a reunião da
commissão municipal.
Foi presente:
Um officio da commissão repu-
blicana politica da Certã, pedindo
para que attendendo-se a ser o oli-
vedo um dos maiores factores de
receita, a camara peça 20 governo
para que os donos das arvores exis-
tentes nos olivaes do canto sejam
cortadas no praso de 8ºa:10’annos.
Chamando tambem a attenção da
Camara para o estado em que se
encontra a estrada que liga a villa á
fonte da Pinta pelo lado da Portel-
ER
A camara resolveu representar ao
governo no sentido pedido e man-
dar compor a estrada.
Um officio do sub-delegado de
saude.
Um officio do Instituto de Cegos
pedindo um subsidio. A camara re-
solveu concorrer com 58000 annuaes
devendo inscrever-se esta verba no
primeiro orçamento a organisar.
Officio n.º 294 da Administração
do concelho communicando haver
sido participado pelo director do
Hospital de Rilhafolles, a morte de
José Lopes Martins, que para ali
entrara em setembro de 1903.
Officio do official do registo civil
agradecendo a cedencia da sala, A
camara resolveu pôr a sua disposi-
Annuncios
Na 3.º e 4.º paginas, cada linha….. 3o.rs.
N’outro logar, preço convencional
Annunciam-se publicações de que se receba
um exemplar
ção as salas. onde. esteve installada
a repartição de fazenda.
Offício n.º 268. da administração
do concelho pedindo uns informes
acerca: da Escola Conde Ferreira
desta villa, e da Escola ida freguesia
do Castello. Resolveu responder.
Officio n.º 174 da repartição de
fazenda, pedindo a cedencia de uma
mesa para O serviço da caixa eco-
normica. Deferido.
Officio da commissão de propa-
ganda: do descanço Dominical de
Liiria, sendo approvado: “por: acla-
mação,
Um officio do sr. Cyriáco Santos,
inteirado. ,
Um requerimento do:sr./José Fa-
rinha Leitão, deferido. ;
Foi presente o balancete dosimes
de Março. uu
Resolveu: que o afilamento se ef-
fectuasse nos meses de” Maio e Ju-
nho. à
‘Authorisou o pagamento ás amas.
Conceder um subsidio de lacta-
ção a Joaquina de Jesus. e-Gracin-
da da Conceição., E
Autorisou o pagamento d’um an-
nuncio: á. administração . do jornal
«A Voz do Povo.»
Foi adjudicada a arrematação do
contracto da construcção. da estrada
da Varzea, a Manuel Antonio, de
Bezerins, por 3goooo. réis, por ser
o menor lanço offertado.
Concedeu licença ao sr. Joaquim
Nunes, de Pedrogam Pequeno, pa-
ra: depositar materiaes de construc-
ção durante 30 dias, na Rua do Ca-
bo.
mem CC ACONETR O te
Escola na Passaria
Realisou sc na Passaria uma reu-
nião. d’alguns- habitantes. d’aquella
região, para a construcção-d’uma
casa de escola.
O sr. Vicente Domingos d’Oli-
veira declarou offerecer O terreno,
constituindo-se uma commissão com-
posta d’aquelle, e dos srs. Joaquim
Matheus dos Santos, ‘Manoel”Fer-
reira Farinha, Manoel Simões, An-
tonio Amaro, José Marques e João
Pinto Basto.
Vão ser distribuidas: listas de su-
bscripção n’alguns estabelecimentos
da Certã.e Sernache, ‘acceitando:se
n’esta redacção quaesquer donati-
vos.
Parece que ha alguem que’tenta
prejudicar esta benemerita iniciativa.
Se assim fôr—no que não acre-
ditamos,—tratal’o-hemos como me-
rece. :
— a Cg0oc——
Roubo de madeiras
De ha tempos que o sr. Albano
Ricardo Matheus Ferreira vinha no-
tando que de uma sua obra em San-
to Antonio lhe furtavam madeira.
Encarregando os carpinteiros de
fiscalisar cuidadosamente, descobti-
ram elles que o auctor dos roubos
era João Matheus, conhecido pela
alcunha do Mogadouro, sendo d’isso
dado conhecimento á auctoridade
administrativa que ordenando uma
busca teve como resultado o ser
aprehendida em casa do referido Mo-
gadouro varias peças de madeira pe-
lo que foi enviado ao poder judicial,icial,@@@ 1 @@@
Afogado
No dia 16 morreu afogado no lo-
gar da Avelleira do Couto, da fre-
guezia da Certã o menor de 2 an-
nos de edade, João Antonio que,
andando a brincar, cahiu ali a um
poço.
—— o ojoc——
Falleceu em Lisboa a filhinha do
nosso jassignante, sr. dr. Affonso
Mendes Cid, em cuja dôr tomamos
sentida parte. |
Foi transformada em mixta a es-
—cola-do Carvalhal, e creada uma es-
cola do sexo masculino na freguezia
da Varzea dos Cavalleiros.
=” IO09c————
Registo civil
O movimento de 13 a 19 do cor-
rente n’esta repartição foi de:
Nascimentos: dois.
Obitos: seis.
—— amam — —
Esteve no dia 6 do corrente, em
Santarem, assistindo, como presi-
dente da Cruz Vermelha, ás festas
do: anniversario, do Gremio Ribei-
Fense, o nosso illustre amigo, sr. al-
mirante Tasso de Figueiredo.
Aquelle Gremio, como alliado da
Cruz: Vermelha, vae lançar á agua
4 embarcações destinadas a salva-
vidas, “o: ti T8]
—————opaIGe=——
Escolas Moveis
“Perante a commissão auxiliar d’es-
te concelho inscreveram-se como so-
“cios’-d’aquella prestantissima asso-
ciação o sr. Pedro Fernandes com
à quota annual de r24000 réis e o
sr. Sébastião das Dores e Silva com
a quota de 12000 réis no anno cor-
rente. !
Um benemerito e devotado ami.
go da instrucção e das creanças
“manda distribuir hoje a todas as que
frequentaram a missão do Outeiro
“premios pecuníarios. | À
Sabemos mais que egualmente
“vão ser distribuidos premios, offer-
tados pelo mesmo Dbenemerito, ás
creanças que frequentam a missão
da Passaria, distribuição que terá
logar” no dia do encerramento da
mesma,
RE PO er eee er
“Carteira semanal
Fazem annos:
No dia 26, a sr.* D. Aura de Ma-
galhães.
No dia 28, a sr.* D. Lucia San-
tos Valle.
Teve a sua delivrance a sr.º D.
Alice Gonçalves Marinha, ‘esposa do
nosso: patricio e assignante, sr. dr.
Accacio Marinha.
Regressaram já os srs. Cyriaco
Santos, drs. Joaquim Tavares e Al-
‘bano Lourenço. :
» Sahiram, para Lisboa, o-sr. João
Pinto d’Albuguerque, e para San-
tarem os srs, João José de Maga-
lhães e Joaquim Barata e Silva,
Está já, na sua casa do Outeiro,
o importante commerciante d’Afri-
ca, nosso assignante sr. Pedro Fer-
nandes, que no Dondo, Africa Oc-
cidental, honrou sempre, pelo seu
trabalho honesto e boas qualidades
de caracter, este nosso concelho,
“que tanto carece da dedicação de
todos os seus filhos.
Estão em via de restabelecimento
as sr.º D. Carlota Tasso de Figuei-
redo e D. Beatriz da Silva Neves.
* Estiveram na Madeirã os srs. Fru-
VOZ DO POVO
ctuoso Pires, João Branco e sua
filha D. Branca.
Esteve n’esta villa o sr. dr. An-
tonio Augusto de Mendonça David.
O sr. José d’Azevedo Bartholo
tem ultimamente passado mais en-
commodado de saude.
“CHRONICAS TRIPEIRAS
Policia civil
(A José da CG. Sousa e Silva)
(Conclusão)
Os senhores ainda não repara-
ram em que quasi todo o polícia é
estrabico
A explicação do facto não se nos
entolha dificil,
O policia, ideal seria aquelle que
não tivesse movimentos conjugados
dos dois olhos.
Poder dirigir um dos orgãos da
vizão para um ponto e o outro para
ponto diverso redundaria isso em o
agente da ordem (?) exercer vigilan-
cia em mais largo raio,
Ora o policia tem coração e by-
pertrophiado d’affcctos. Rival de gui-
ta municipal, sabe que, no coração
de cada creada, ha lá logar reserva-
do para um dos mantenedores da
ordem, isto quando não ha, até, lo-
gar para os dois. Qual dos dois to-
mará a praça forte? Q mais fino, de
– certo, o que equivale a dizer: omais
tenaz, o menos apressado.
– O municipal, brutal: em tudo, ao,
pegar-se-lhe o fogo ao trincafio dos
affectos, atira-se, à conquista com o
ardor bellico dos que, na edade me-
dia, manejavam o ariete, ;
E o policia que, de longe, lhe
contempla a manobra, ri-se lá por
dentro.
De certo que a resistencia exas
pera o assaltante e, então, o muni-
cipal, sentindo arder-lhe 0 paiol das
paixões, atira-se com a impetuosida-
de de quem: é empurrado pela dy-
namite da raiva. ;
O policia continúa a rirse e vae
murmurando, lá comsigo: «guarda
do está o boccado…!!»
A rapariga, vendo que o amor do
bruta-montes. só-se manifesta por
coices e pragas, mostra-se melindra-
da e retrahe-se sentidamente.
E”, então, o momento propício
para, todo fallinhas mansas, vir a
campo: o policia, que dá toda a rasão
aos melindres da mulher e lhe. de-
clara que, no fim de tudo, as gros-
serias do soldado tinham sido, até,
uma providencia, uma felicidade. A
ellas devia a creadinha o conhecer
agora que tal homem não era digno
d’elia. Merecia melhor, muito me-
lhor… E ella arroja-se-lhe nos
braços.
Venceram as blandícias do policia,
Fica assim, tomada a praça, de-
pois de meia duzia de pragas, e ou-
tras tantas ameaças, da parte do
preterido. !
E ahi ficam mais dois inimigos
figadaes. Porque o guita é o cuco
detestam-se,
Causa constante d’este odio : cher-
chez la feinme,
%*
Continuemos com a explicação
d’aquelles olhos tortos, que todo o
polícia, em geral, tem.
Mesmo em serviço o policia não
manda parar o coração, que conti-
nua distillando ternuras pela crea-
da que, lá n’um segundo andar, var-
re e limpa o quarto dos patrões.
Porque—é preciso saber sea es-
pecialidade do policia é a creada
de quarto, como a do municipal é
a cosinheira.
Manietado pelo regulamento, o
policia não pode fazer acênos à crea-
dita. Mas tambem não está prohibi-
do de a fitar,
Pelo que, galantemente, elle en-
via até lá cima, um olhar acarneira-
do, terno.
Lá se encaminha, pois, amorosa-
mente, um dos olhos para esse se-
gundo andar, emquanto que o ou-
tro, cumprindo com os seus deve-
res policies, rebusca e paira pela
área da sua observação, isto quan-
do se não dá o caso de ir tambem
parar a um outro segundo andar,
fronteiro,
Este facto, reproduzindo-se dia-
riamente, creou, pela sua continua-
ção uma divergencia angular, per-
manente nos eixos dos dois olhos.
Consequencia: um olho, vendo para
um lado e o outro, vendo para lado
diverso,
Eis a explicação do estrabismo,
divergente, da policia,
*
A baralha d’Qutubro, passado,
veio fazer recuar para muito longe
a importancie do cuco da ordem:
Esse movimento civil, no seu pri-
meiro arremêsso, desarmou-o, to
mando lhe o revolver e o terçado.
Deixou-o impotente! !
E; em condições tam deprimen-
tes, o policia já não é de temer.
Nem para os cidadãos, nem para as
creadas.
E peço-lhes agora, meus senho-
res, para não me obrigarem a pro-
var-lhes que um policia “desarmado
é inoffensivo e, até, inutil para’uma
creada de meio. !
A sêde d’affectos, que angelapih-
tamente, arde no coração de’ cada
uma d’estas, já não póde ser ‘sacia-
da por esses homens, à quem des-
pojaram da sua energia, do seu ner-
vo marcial.
Policia, n’estas condições, só á
custa de aturado regimen tonico,
de inuitos hypophosphitos e de mui
ta estrychinina, Pa chegar“ a
reoccupar o seu logar perante os
segundos andares (quod Deus adver-
Fara
A esses pobres sultões decahidos,
do seu passado de farturas, do seu
longo reinado de vaccas gordas,
apenas lhes ficou, como ferrete ‘ip-
nominioso, esse teimoso estrabismo.
que sarcastica é irrisoriamenté, vem,
no fim de tudo, a marcar o estan-
camento d’uma enorme força de
virilidade.
Se, pois, d’esses miseros restos
alguma coisa quizerem fazer, quei-
ram principiar por submetter os
supracitados mantenedores da or-
dem ao regimen intenso de muito
phosphoro e demuita . estrychinina.
O que não póde continuar é essa
existencia, constantemente ames-
quinhada pela ducha de vaias e
apupos, que todos esses segundos
andares, por ahi, lhes esguicham.
Deve haver differença entre um
polícia e um eunucho…
Rhuy Pires
Conselhos aos lavradores
Poucas palavras sobre adubos
chimicos
Se é certo, que ha muitos lavra-
dores que com uma leviandade cri-
minosa aplicam nas suas terras quaes-
quer adubos, sem indagar das con-
dições physicas, chimicas e mecha-
nicas da terra, não sabendo nem
querendo saber o que ella tem nem
6 que não tem, nem dos elementos
que no adubo adquire, é certo tam
bem que ha lavradores que debaixo
da adubação chimica imaginam cou-
sas mysteriosas e difficilimas.
Só estudando chimica durante 3
annos e só depois de calculos com-
plicados se conseguem aclarar. Co-
mo em tudo o termo medio é o me-
lhor.
E” certo que as leis que regem as
adubações são extensas e complica-
das mas para a maioria dos lavra-
dores damos os seguinte conselhos
simplificados:
Enviar uma amostra de terra a
um agronomo competente para elle
determinar a qualidade da terra e
escolher os adubos competentes.
Partindo do princípio que se adu-
“ba a terra e não a cultura, é-nossa
opinião que se deve dar á terra um
fundo de fertilidade conveniente, in-
dependente da cultura que se vae
fazer e muito antes d’esta, A me-
lhor: occasião: de fazer esta aduba-
ção é no periodo das grande lavou-
ras. ‘
“E? claro’ que os adubos applica-
dos em taes casos, não devem ser
de “rapida. solubilisação, | Convém,
pelo cóntrário, os de lenta solubili-
sação, como sãs os Phosphatos Tho-
maz ou Escorias Thomaz os Phos-
phatos «Bernard» juntamente com o
Kainite, adubo potassico barato e
perfeitamente adaptado ao caso.
Estes adubos são a base para a
cultura economica intensiva.
Terras assim adubadas podem no
dado momento ser semeadas com
qualquer cultura, tendo o lavrador
unicamente em vista de reforçar a
adubação no elemento de que a res
pectiva planta mais carece.
Supponhames que se trata de ba-
tata: convirá fespalhar alguns dias
antes da sementeira, à lanço algum
chloreto de potassio ou sulfato de
potassio. Para a maioria dos casos
e culturas bastará, porém, applicar
algum azote, visto não se ter dado
– na adubação antecipada este elomen-
to. Se durante a época de vegeta-
ção se fizer sentir a conveniencia
de levantar a cultura ou de apressar
o seu desenvolvimento temos á nos-
sa disposição o nitrato de sodio. |
Resumimos: ‘ Ê
Applicar com maior ou menor
“antecipação, conforme us convenien-
cias de serviço, por hectare: 500 a
1.900 kilos de. Phosphato Thomaz
ou phosphato Bernard ou outro que
lhes não seja inferior juntamente
com, 300 a 1.000 kilos de Kaimte ;
applicar poucos dias antes da semen-
terra do a 300 Kilos, por hectare, de
cal azotada ou sulfato de ammonia-
co, e caso se «reconheça a necessi-
dade», poderá, n’este momento, ap-
plicar-se mais algum acido phospho-
rico e potassa.
Applicar durante a vegetação al-
gum nitrato de sodio em cobertura,
sendo necessario.
Este processo de adubação é ba-
rato € seguro, porque não ha per-
das a recelar nem o exgotamento da
terra; pelo contrario, a terra é con-
servada n’um equilibrio de fertilida-
de muito conveniente,
O que acabamos de apontar ser-
ve ao lavrador para quando não
queira, por qualquer motivo, adqui-
rir os adubos completos, organisa-
dos em harmonia com as necessida-
des da terra indicadas pela analyse
da amostra, e da indicação da plan-
ta a cultivar, sendo então preferível
a proceder como apontamos acima
a adquirir adubos de baixas percen-
tagens, pugando por bons,
Assim o lavrador compra adubos
pelo cheiro e o azote é lhe fornecido
não sob a fórma ammoniacal ou ni-
trica mas sob a forma organica e as-
sim successivamente.
Cardoso Guedes,
nn a
Despedida
Carlos Pinto Tasso de Figueire-
do não lhe tendo sido possivel des-
pedir-se individualmente de todos os
seus parentes, amigos e pessoas das
suas relações da Certã, Proença-a-
Nova e Sernache, fá-lo por este meio
oferecendo o seu limitado prestimo
em Pangiin, para onde seguiu a pres-
tar serviço a bordo da canhoneira
Sado,oneira
Sado,@@@ 1 @@@
Pequena correspondencia
Dignaram-se pagar as suas assignaturas
os srs, Capitão David Ferreira, Jacintho Ba-
rata, Eusebio do Rosario, Adelino Viriato
da Costa, Pedro Fernandes, José Fernan-
des Torres, Luiz Rodrigues dos Santos,
Francisco Nunes ‘leixeira, João Romão
Pereira e José Nunes Cruz,
Agradecemos.
— ANNUNCIOS .
OVOS
Compram-se a 140 réis a duzia.
Para tratar À D. Oliveira; Rua
Gomes Freire n.º 150 A, Lisboa.
Comarca da Certã
3.º officio
Pelo Juizo de Direito da Comar-
ca da Certã e cartorio do escrivão
do terceiro officio nos autos civeis
d’acção de divorcio em que é au-
ctora Silveria Maria Farinha, resi-
dente no logar do Moinho do Cabo,
freguezia da Varzea, d’esta comar-
ca, e réo José Antonio Farinha, re-
sidente no mesmo logar, foi profe-
rida em 4 d’abril corrente sentença,
pela qual foi decretado o requerido
divorcio, sentença que transitou em
julgado. ;
É para os devido effeitos se pas-
sou o presente.
Certã, 19 d’abril de 1911.
O escrivão
Eduardo Barreto Correia e Silva
Verifiquei
O Juiz de Direito
3 Sanches Rollão 1
“Leis da Republica
Portugueza
y cada folheto, conten-
do uma ou mais leis
4 Ultimos folhetos pu-
blicados.
Lei do registo civil—
Leido recrutamento mis
litar—Lei eleitoral.
A” venda na PHARMACIA Z.
LUCGAS-CERTA.
INDIA
CONFERENCIA POR FAURE DA ROSA
Preço 300 réis
Pedidos á Editora 4 Nacional, R.
do Ouro, 178, 2.º Lisboa, ou a esta
redacção. 4
ESUS CHRISTO
por Augusto Rodrigues
Elegante volume ácerca
da vida do fundador do
christianismo. Suas ma-
ximas e suas parabolas.
Pedidos à redacção da «VOZ
DO POVO»
Preço, 200 rs. franco de porte
Comarca da Certã
1 1.º officio I
No dia 30 do corrente, pelas 11
horas da manhã, á porta do tribu-
nal d’este juizo, em virtude dos au-
tos civeis d’execução que o Ministe-
tio Publico move contra Maria Al-
ves e seu marido Antonio Mendes,
residentes no logar do Mogadouro,
freguezia d’Oleiros, d’esta comarca,
volta pela segunda vez á praça por
isso que na primeira não obteve
lançador, para ser agora arremata-
. do a quem maior lanço offerecer aci-
ma do valor que lhe vae designado,
VOZ DO POVO
que é metade da primitiva avalia-
ção—uma terra de cultura, videi-
ras, e mattos, no sitio do Vall: do
Moinho, ao Lameiro do Castanhei-
ro, limite do Mogadouro, no valor
de 26500 réis.
Pelo presente são citados os cre-
dores incertos para deduzirem os
seus direitos, querendo, no prazo
legal, í
Certã, 21 de abril de 1911.
O Escrivão,
Antonio Augusto Rodrigues
Verifiquei
O Juiz de Direito,
Sanches Rollão
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Pelo Juizo de Direito da Comar-
ca da Certã e cartorio do escrivão
David, vae à praça para ser vendido,
em hasta publica no dia 30 do cor-
rente mez de Abril, por 11 horas da
manhã, á porta do Tribunal Judi-
cial, d’esta Comarca, pelo maior
lanço offerecido acima da avaliação,
o predio seguinte:
A quarta parte d’uma casa d’ha-
bitação, sita no Rogueiro; avaliada
em doze mil reis.
Este predio foi penhorado na exe:
cução movida pelo Ministerio Publi-
co, contra Manoel Ramos, solteiro,
carpinteiro, do logar do Rogueiro,
freguzia do Estreito, pela quantia de
cincoenta e tres mil quatro centos
e onse reis.
Pelo presente são citados quaes
gume credores, incertos, nos termos
a lei:
Gertã, 7 de abril de 1gii.
O Escrivão,
Adriano Moraes David
Verifiquei a exatidão
O Juiz de Direito,
2 Sanches Rollão 2
Annuncio
Pelo Juizo de Paz do Districto de
Oleiros e cartorio do escrivão res:
pectivo, nos autos civeis de acção
nos termos do Decreto de 29 de
maio de 1907 que João Martins, ca
sado, negociante, da villa d’Oleiros,
move contra José Jorge e mulher
Rosaria Joaquina, do logar das Sar-
deiras de Baixo, freguesia de Olei-
ros, se hão de arrematar em hasta
publica no dia 30 do corrente, pelas
onze horas da manhã, à porta da
casa que serve de Tribunal n’este
juizo de Paz, sita na rua da Praça,
o predio abaixo relazionado, penho-
rado na mesma execução, pelo maior
preço, offerecido acima do volor da |
avaliação: — Uma terra com casta-
nheiros, pinheiros e matto, sita no
Charrim, limite das Sardeiras de
Baixo, avaliada em trinta e oito mil
réis.
Pelo presente são citados os cre-
dores incertos para deduzirem os
seus direitos, no prazo legal, que-
rendo.
Oleiros, 5 de abril de 1911.
O escrivão
Antonio éMartins Salgueiro
Verifiquei:
O Juiz de Paz, 1.º substituto,
Eluisa Guedes Santos
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CERTA
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No dia 30 do corrente, por onze
horas da manhã á porta do Tribu-
nal Judicial, em virtude da execu-
ção movida n’este Juizo por José
Lopes da Silva, casado, proprieta-
rio, da Certã, contra Manuel Nunes
Calvario e mulher Maria de Jesus,
da Serra do Pinheiro, d’esta comar-
ca, se ha de proceder á venda e ar-
rematação em hasta publica pelo
maior preço que fôr offerecido sô-
bre os respectivos valores dos pre-
dios seguintes:
Uma propriedade que consta de
terra de cultura, agua nativa, oli-
veiras, sobreiros, outras arvores e
matto na Horta da Nuna ou Carva-
lhos, no valor de quatrocentos e
vinte e quatro mil réis. | 4248000
Uma courella de terra com oli-
veiras, sobreiros, castanheiros e mat-
to, sita á Cavada, limite da Serra
do Pinheiro no valor de setenta e
dois mil réis. 728000
Uma terra de culturas com oli-
veiras sobreiros e matto sita ao Val-
le, limite da Serra do Pinheiro no
valor de cento e dez mil réis r1og000p
O dominio util d’um praso forei-
ro a Libanio Girão, de Sernache do
Bom Jardim em 5o! d’azeite e
54! 176 de pão meado, trigo, centeio
e uma gallinha, que consta dos se-
uintes predios: Uma casa de ha-
Eiição, quintal com oliveiras, ou-
tras arvores na Serra do Pinheiro.
Uma courella de terra com oliveiras,
sobreiros e mattos do Cimo do Val-
le dºArmuinha ou Poço do Cartaxo,
no valor de eento e cinco mil e
quarenta réis. 1058040
Pelo presente são citados quaes-
quer credores incertos,
Certã, 5 de abril de 1911.
O escrivão do 2,º officio
Francisco Pires de Moura
Verifiquei
O Juiz de Direito
2 Sanches Rollão 2
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n’outra comarca.
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Comarca da Certá
2 1.º officio | 2
Pelo Juiso de Direito da comar-
ca da Certã, cartorio do escrivão
abaixo assignado, nos autos civeis
de acção de divorcio em que é au-
ctora Emilia de Jesus, residente no
logar da Fonte da Matta, freguesia
do Cabeçudo, d’esta Comarca, e
reo Possidonio Nunes, residente no
mesmo logar, foi proferida em 28
de março ultimo, sentença pela qual
foi decretado o requerido divorcio,
sentença que transitou em julgado.
E para os devidos efeitos se pu-
blica o presente,
Certa, 1: de Abril de 1911.
O Escrivão,
Antonio Augusto Rodrigues
Verifiquei:
O Juiz de Direito,
Sanches Rollão
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