Voz do Povo nº10 05-02-1911

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O proletariado rural
mente agricola; é frequentissimo
| plesmente com esta: affirmação
mais tragica.
– 1.º Anno a
DIRECTOR
» Avgusio Iodrigues
pl “Administrador
j »- ZEPHERINO: LUCAS
os Editor
“— Luiz Domingues da Silva Dias
Certã, 5 de fevereiro de 1911
Assignaturas
“Anno…… Tipzoo. Semestre… 600 rs.
raro brazi Essa 53000 réis (fracos)
Pago adiantadamente
Não) se jrestituem os originaes
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
y Travessa do Serrano, 8
CERTA.
– —Typographia Leiriense — LEIRIA
Propriedade da EMPREZA- DE PROPAGANDA LIBERAL
Annuncios .
Na 3.*’6 42 paginas, cada linha… …30 Is.
N’outro logar, preço convencional
Annunciam-se publicações de. que se receba
um exemplar
ESSE
Portugal é um paiz essencial-
ouvir dizer isto.
Para quem se contente sim-
dogmatica sem se preoccupar se
este dogmatismo é a expressão
da verdade, esta asserção “deve
satisfazer em absoluto, ficando
na-supposição de que o terreno
portuguez produz. tudo quanto
pode produzir. trion
Se fizermos, porém, bem as
contas vemos que succede. pre-
cisamente o contrario, o, nosso
paiz é um paiz. cheio de char-
necas, de terrenos enormes aban-
donados e incultos que n’algu-
mas provincias attingem nume-
ros assombrosos. ;
– Somos, um. paiz essencialmen-
te agricola e, todavia, importa-
mos enormes quantidades” de
trigo, de milho e outros generos
de primeira necessidade, e este
anno, até se pretende importar
azeite. : jes 0En é
Porque não produz o solo na-
cional o trigo, o milho e 0 azeite
que baste ao consumo dos seus
seis milhões de habitantes? .
Para responder: cabalmente ,a
esta pergunta teriamos de dar
uma resposta muito complexa.
Tentaremos, porém, explicar:
aterra em Portugal está em gran-
de parte abandonada, porque o
proprietario ou não tem com que
a cultivar, ou ‘se tem, prefere’en-
tregar á usura o capital.
Jaz inculta porque se ignora
tudo o que pode: baratear a in-
dustria agricola, sendo rarôs os
que conhecem os modernos pro-
cessos de arrancar do solo tudo
o que elle pode e deve produzir,
por intermedio das culturas in-
tensivas, as unicas que. podem
convir-aos paizes velhos. E não
se extrahe-do solo tudo quanto
elle pode dar porque a miseria
moral e material do trabalhador
rural não pode. ser maior, nem
Elle é o mais desgraçado: d
todos quantos neste paiz regam
com as bagadas do seu suor o
torrão fecundo e rico, a que o
destino os prendeu.
O trabalhador dos campos e
o que todos nós sabemos—uma
machina que se move conforme
a direcção que.lhe imprimem,
um automato que caminha: ás
cegas, sem saber oque faz, tra-
balhando como ha’ dez’seculos,
rindo-se, se alguma vez d’isso
lhe fallam, de tudo quanto é no-
vo, de tudo quanto podia doirar
com um pouco de instrucção «a
noite da sua ignorancia, é sua-
visar-com “um boccado de pão
mais abundante, o eterno calva-
rio da sua miseria.
Nunca um trabalhador machi-
na poude produzir qualquer coi-
sa perfeita, “Tudo o que de nos-
sas mãos’sae, para saír bem fei-
to, precisa de levar a aureolá-lo
um raio do nosso, amor, um
atomo fecundante do calor do
nosso coração. Só-cria quem sa-
be criar,.e para alguem poder
criar, tem de sofirer, tem de sen-
MiREdoa Ceia
“O queé então: preciso pára
transformar em’ disciplinada: le
gião de trabalhadores conscien-
tes os cavadores portuguezes
que, ainda agora, n’este. sol. alto
da civilisação, não sabem como
se obriga uma. eira, de terra a
produzir no, mesmo anno duas
GOlerASD om ao stdor nec EA
Instruindo-os, isto é;-chaman-
do-osdefinitivamente’ao’desem-
penho’ perfeito” da súá missão.
Em primeiro logar urge arrancar-
lhes da alma ingenua e sofiredo-
ra o escalrácho. do analphabetis-
mo. E isto não se faz apenas en-
sinando a; ler novos: e «velhos;
faz-se:pela’conferencia popular;
pela lição tangível; faz-se levan-
do-por-todo-o-paiz. homens -que
faliem ao povo, da vida do nos-
so tempo, que O instruam, que o
preparempava ‘Sembater a fo-
me,”que lhe-digam como a terra
se semeia, como se: pesca me-
lhor pelos rios e. pelo oceano,
como se acarinha a oliveira, co-
mo se: cuida dos tenros-pampa-
nos davideira, como se prepa-
ra e colhe e como se utilisa em
favor do homem tudo quanto :
das entranhas da terra pode che-
gar até nós:
E”, parallelamente com este
ensino, dizer-lhe o que são os
seus direitos e deveres civicos,
transformar automatos em seres
conscientes. y
O maior” serviço que pode
prestar-se ao trabalhador do
campo é ensina-lo, pela. persua-
ção, a fazer as pazes com o pre»
gresso, do qual cinco seculos de
jesuitismo e de’monarchia deca-
“dente O trouxeram arredado.
E? preciso criar escolas d’artes
e officios e que em, cada villa,
em cada aldeia se ensine aos fi-,
lhos’do povo o melhor modo de
tirar das industrias’locaes ou do
soio, o maior proveito possivel,
livrá-lo das mãos dos que, abu-
sando da sua, ignorancia. e su-
perstições, lhe enchem:o cerebro
de mentiras para os explorar em
seu proveito.
Ensine-se, eduque-se o povo,
que cada homem do povo possa
ter uma: noção clara e, perfeita
doque é a evolução moderna,
porque então a situação do pro-
letariado rural terá melhorado.
Essa obra educadora só a Re- |
pública a-podia-realisar e ha-de
realisar com todo-o “amor e de-
voção, para que se saiba que
com o regimen que se afundou
desappareceu tudo quanto enver- |
gonhava: e envilecia -‘o. nosso
paiz. raro
=” MEBIDE-—— ——
“VISITA POLITICA
Foi de festa para a Certã o pas-
sado domingo. aqui sl
Ocilhistre*membro do Directorio,
sr. Cupertino Ribeiro, acompanha-
do’pelos nossos dedicados patrícios |
srs. Manuel Martins Cardoso e Ma-
huel’ Vicente – Nunes; deram-nos”a
honra da sua visita: ?
“Logo de ‘manhã se notava na Pra-
ça’da Republica urd’“movimento-de-
susado, é pelas ‘ro’ horas chegava-a
. esse local, tocando “uma das peças |
do seu apreciado reportório,’a anti: |
gaphilarmónica Certaginense, =» –
“Ao encontro’ A atueliesr cavalhei-
ros haviam partido: já os -illustres
memibros’da Comissão. Municipal
Republicana, srs. – almirante: Tasso
de Figueiredo; Henrique ‘Moura”e
Zepherino Lucas. ‘
ouco depois das 10 horas sen-
tiam-se os primeiros morteiros, é lo-
go os! dois “automoveis subiram’a
rua’Candido dos’ Reis: A philarmo-
nica rompe’com- a Portugieza, des-
cobrindo-se todas as pessoas pre-
sentes, é indo ao: encontro dos
recemvindos, com’ vivas á Patria,
ao Governo Provisorio, ao Dire-
ctório, ete.
Como a esposa do sr. Cupertino
Ribeiro o acompanhasse, aguarda-
vam a sua chegadaas sr.’* D. Chris-
tina Caldeira Ribeiro, D. Arminda
Ehrhardt, D. Judith Tasso de: Fi-
gueiredo, D. Ernestina Marinha Da- –
vid, D. Virginia’ de Sande Rodri-
gues, D. Maria do Ceu Carvalho:
Impossivel se torna indicar osno-
mes do grande numero de cavalheir
– ros que aguardavam a chegada dos
nossos illustres hospedes. “Todo ou
quasi todo o funccionalismo da Cer-
‘ tã, proprietarios, commerciantes, in-
dastriaes, artistas, em ‘fim todas as
classes ‘sociaes se achavam bem e
numerosamente representadas.
Feitos os primeiros cumprimentos
dirigiram-se todos para casa do: di-
gno presidente da Commissão Mu-
hicipal, o nosso querido amigo e pa-
tricio, sr. Tasso de Figueiredo, que
ali fez as apresentações.
Na rua, a philarmonica continua
va tocando a Portugueza, e ospovo
– victoriava a Republica e os:seus ho-
mens. moças
Em seguida realisou-se-o almoço,
a que assistiram os membros da
Commissão Municipal; e o;sympa-
thico quintanistasr, Custodio « Vidi-
gal, de Pedrogam, e que decorreu
sempre com vivo enthusiasmo, le-
vantando-se varios brindes…
Depois dos cumprimentos dos pre-
sidentes das commissões parochiaes,
dirigiram-se’ todos para -a’ Camara
Municipal, tendo-se expontaneamen-.
te organisado um imponente cortejo
com as pessoas que pelo trajecto se
iam encorporando e. tomando parte
na manifestação. os Foo”
Os vivas repetiam-se e sassim se
chegou ao: edificio” dos” Paços: do
Concelho, onde’serealisou uma ses-
são solemne que foi aberta pelo:sr,
Zepherino Lucas, vice-presidente em
exercio, que, em breves-paldvras
definiu o- objecto d’aquelta enthu-
siastica reunião, terminando “por-of-
ferecera presidencia aoillustre mem-
bro do Directorio, sr: Cupertino’Ri-
beiro;’o qual; n’um: substancioso,
claro e persuasivo) discurso; expoz
o fim da sua visita, e a justificada
esperança” de que’se achava possui-
do’de que os certaginenses, em vol-
ta da” sua -prestimosa”- Gommissão
Municipal; collaborassenirefficaz:’e
sinceramente: na” consolidação» das
instituições republicanas.» cu
Fallou seguidamente ‘e’com’ brilho
o st. dr. José Carlos Ehrhardt, que
expoz os seus trabalhos para a or
ganisação do partido republicano,
depois do que tomoú’a palávra o
sr. dr. Abilio Marçal que, com”a
sua habitual eloquencia, sáudou o
Directorio e’6 seu illústre’répresen-
tante, em seu nome e nós dos re-
publicanos de Sernache, ali-présen-
» tes. Todos estes oradores foram jus-
ta e calorosamente applaudidos com
vibrantes salvas de palmas.
Tomando tambem a palavra o
nosso collega da redacção, Augus-
to Rodrigues, apresentou as suas
saudações, em nome d’este jornal,
fez votos para que o bom senso dos
certaginenses auxiliasse os trabalhos
da Commissão Municipal e frisou a
circunstancia de que os antigos re-
publicanos- deste concelho, não;obs-
tante serem – em: pequeno numero;
possuiam homens: d’intelligencia “e
de caracter, aptos para’todas’as po-
sições e que felizmente se podia«ali
publicamente declarar: que, no tem-
po: da-monarchia, a acção do parti-
do republicano deste concelho, em
todas ‘as circunstancias sec poude
sempre exercerlivremente, sem’qual-
quer violencia ou perseguição; e aip-
da que-tanto era certo que esta vil-
la estava já em boas condições para
receber’as ideias republicanas que
se contava: aqui já na’quella’ epoca
um não pequeno: numero de socios
ou adherentes da Liga Liberal, al-
guns d’elles monarchicos, :
O sr. dr. Guimarães: discursou
ainda, arrancando as suas palavras,
buriladas e artisticas, enthusiasticos
applausos. brig oia
O nosso patricio e dedicado ami-
go da Certã, sr. Martins Cardoso,artins Cardoso,@@@ 1 @@@
com o enthusiasmo proprio da sua
alma de revolucionario, proferiu um
eloquente discurso que fortemente
impressionou os assistentes pela
quente sinceridade com que se ex-
premia, pelo vigor e pela delicade-
za das suas opiniões. Applausos ca-
lorosos cobriram as suas ultimas pa-
lavras. a
O sr. dr. Albano Lourenço sau-
dou ainda em breves palavras a
ideia republicana, e voltando a falar
o sr. Cupertino Ribeiro manifestou
a-sua admiração pelas bellezas na-.
turaes d’esta região e reiterou a sua
promessa de que não esqueceria as
nossas legitimas pretensões.
A esta sessão, notavel a todos os
respeitos, assistiram, alem da espo-
sa d’aquelle cavalheiro, algumas
senhoras da nossa sociedade.
Em seguida, foi o sr. Cupertino
Ribeiro acompanhado de alguns ca-
valheiros visitar o Casino Certagi-
nense, onde se trocaram varias im-
pressões, e depois ainda o Hospi-
tal, não tendo sido possivel a visita
a outros pontos d’esta villa, por não
o permittir o tempo.
O jantar realisou-se em casa do
sr. dr. José Carlos Ehrhardt, decor-
-fendo sempre no mais vivo enthu-
siasmo e trocando-se affectuosos vi-
vas, Calorosamente correspondidos.
A” noitinha, os nossos hospedes
deram ao Gremio Certaginense a
honra da sua visita. Todas as de-
pendencias desta. associação se
achavam repletas de socios que qui-
zeram prestar a sua homenagem
áquelles cavalheiros.
Muitas senhoras receberam na sa-
la do gremio a esposa do sr. Cu-
pertino Ribeiro, dançando-se anima-
damente e tendo algumas das se-
nhoras presentes tocado ao piano.
alguns apreciados e escolhidos tre-
chos, com vivo applauso de toda a
assistencia.
Os nossos amigos e distinctos in-
dustriaes srs. José, e David Nunes
e Silva fizeram a surpresa de man-
dar queimar em frente das. janellas
e varandas do gremio, um. vistoso
fogo d’artificio que deu aos nossos
hospedes uma boa impressão do es-
tado de intelligencia e progresso a
que chegou essa industria nesta
villa,
No dia seguinte, pelas 12 horas
da manhã partiram os illustres vi-
sitantes para Pedrogam Pequeno,
onde, nos consta, lhes-foi tambem
feita uma enthusiastica recepção,
de que, no proximo n.º daremos
mais desenvolvida noticia.
A impressão causada n’esta villa
por esta honrosa visita foi a melhor
ossivel e estamos certos que ella
ructificaria, dando-nos o resultado
de ver esta terra apreciada como el-
la merece.
PELA CAMARA
Sessão de 1
Sob a presidencia do sr. Zepberi-
no Lucas com a assistencia dos srs,
Nunes de Figueiredo, Henrique
Moura e Filippe Leonor, que tomou
posse.
Foi presente:
Um officio da sub-inspecção esco
lar, pedindo esclarecimentos para a
creação de uma escola primaria
mixta, na freguesia da Ermida e ou-
tra na de Figueiredo e escolas do
sexo femenino, uma na Varzea e ou-
tra no Nesperal,
Resolveu-se pedir, por intermedio
da Administração do Concelho, o re-
censeamento escolar para ser envia-
do á sub-inspecção, e organisar um
orçamento supplementar para acgui-
sição do material escolar.
—Um officio da Commissão Paro-
chial de Pedrogam Pequeno com-
municando “ter resolvido em sua
sessão dar a algumas ruas d’aquel-
la localidade os nomes dos mais no-
|
VNIÃS IPI ININVNITS
taveis caudilhos republicanos e soli-
citando as chapas.
A camara resolveu conceder a
licença pedida sem encargos para
o seu cofre.
—Um.officio do professor official
da Varzea participando ter inaugura-
do o curso gratuito nocturno creado
por sua in.ciativa. A camara lançou
na acta um voto de louvor por tão
louvavel iniciativa:
—Um officio-do sr. Delegado do
Procurador da Republica dºesta co-
marca, solicitando o fornecimento
de enxergas, mantas e toalhas de
mão para uso dos presos, ô que foi
concedido.
—Um officio do sr. sub-delegado
de saude, pedindo lhe seja forneci-
da vaccina, o que foi concedido.
—Um. requerimento de Anna de
Jesus, do Mourisco, da freguesia do
Castello, solicitando um subsidio
de lactação, sendo-lhe concedido o
de’ 1:200 réis mensaes, até 17 de
dezembro do corrente anno.
—Um requerimento do sr. José
Nunes e Silva, pedindo prorogação
do praso para a construcção de um
predio na Errinha, foi-lhe concedido
mais um anno a terminar em 27 de
Fevereiro de 1912… ç
—Um requerimento do commercio
de Sernache do Bomjardim, pedin-
do para que o dia de descanço n’a-
quella localidade seja á segunda fei-
ra; ficou para ser apreciado na pro:
xima sessão. ;
—Foi auctorisada a collocação dos.
vidros necessarios no edificio dos
Paços do Concelho.
-—Mandou-se pagar os ordenados
ao pessoal.
FACTOS E BOATOS
31 de Janeiro
Os empregados publicos. d’este
concelho, de todas as.categorias,
resolveram reunir-se no dia 31 de
Janeiro ultimo, n’um almoço intimo,
solemnisando o heroico movimento
do Porto, cujo zo.” anniversario se
completava n’esse dia.
Devido aos esforços d’uma com-
missão .compostã dos srs. dr. Alba-
no Lourenço, Gustavo. Bartholo, e
Fructuoso Pires, decorreu essa fes-.
ta com o maior brilhantismo, com
a assistencia dos srs. dr. José Car-
los Ehrhardt, dr. Francisco Nunes
Correia, dr. Figueiredo Guimarães,
dr. Abilio Marçal, dr. Sande Mari
nha, dr. Albano Lourenço, Fernan-
do Bartholo, Augusto Rodrigues,
Francisco Pires de Moura, Eduardo
Barata, Adrião David, Jacintho Va-
lente, Joaquim Affonso, Luiz An-
tonio, Antonio Leitão, Augusto Ros-
si, Manoel dos Santos, Antonio Ros-
si, dr. Gualdim de Queiroz, dr. An
tonio Victorino, dr. Joaquim Tava-
res, dr. Bernardo de Mattos, Fru-
ctuoso Pires, Gustavo Bartholo, Jo
sé Lopes Barata, José Miranda, An-
tonio Barata e Silva, José Martins,
Manuel D. Milheiro, Victor Dias
Ferreira, José Diogo Saraiva Proen-
ça, Antonio Martins Cardoso, Tho-
maz Namorado, Fernando Farinha
e Fructuoso d’Oliveira.
Esta festa intima decorreu ani-
madissima,e no primeiro brinde, do
sr. dr. Nunes Correia, foi proposto
para ser enviado ao governo provi-
sorio um telegramma de saudação,
o que foi approvado por acclama-
ção.
Outros e muitos brindes se tro-
caram, com o mais vivo enthusias-
mo, que subiu. porem, ao ultimo
grão, com a entrada na sala do sr;
almirante Tasso de Figueiredo e sr.
Manuel Martins Cardoso, aos quaes
foram feitas extraordinarias mani-
festações de apreço e de sympathia,
nos quaes foi incluido o nome do
sr. Manuel Vicente Nunes que, não
obstante se não achar presente, foi
enthusiasticamente saudado,
Ambos aquelles cavalheiros, fize-
ram uso da palavra, e ao termina-
rem recrudesceram as manifestações
de applauso.
O sr. dr. Virgilio Nunes, Carlos
David e Torres Carneiro, justifica-
ram a sua falta, tendo este compa-
recido na sala onde se realisára es-
ta festa e pessoalmente manifestado
O seu pezar por não poder assistir.
O sr. Zepherino Lucas, tambem
não poude comparecer.
Festas como esta são muito uteis:
estreitam os laços de solidariedade
e cortam muitas arestas que preju-
dicam a Certã.
TIA CI ES
Realisou-se no dia. 27 de Janeiro
o julgamento de Theodosio e Ma
nuel Pedro que, em Fevereiro do
anno findo, no logar doRio Fundei-
ro, agrediram à pauladaum homem,
causando.lhe a morte.
Foram absolvidos.
——ARIA)——
Maria dos Anjos Nunes e Silva
Fernandes e Francisco Martins Fer-
nandes participam o seu-casamento
ás pessoas das suas relações e of-
ferecem a sua casa em Lisboa, na
Avenida Candido dos Reis, 97,:1.º,
sentindo não lhes ter sido. possivel
despedir-se pessoalmente, devido á
precipitação com que a doença de
pessoa – de familia, os forçou a reti-
rar.
De Rca a O:
Luiz Domingues
-No dia 1.º do corrente, embarcou
para o Pará, com pouca demora, O
nosso querido amigo e collega Luiz
Domingues da Silva:
Fazemos votos para que a via-
gem lhe decorra feliz, e que em bre-
ve volte para junto dos seus amigos,
que são todos os que o conhecem.
rea O e Dema
Linha ferrea
O nosso presado collega A Covi-
lhã Nova, refere-se, no seu ultimo
n.º, aos trabalhos que a-digna com-
missão de defesa dos interesses da
Certã e Oleiros tem emprehendido
para levar a cabo o grande melho-
ramento que se traduz na constru-
cção da linha ferrea do Zezere.
Regressou de Lisboa á sua casa
d’Alvaro, tendo-se demorado: al
guns dias n’esta villa, o nosso illus-
tre amigo, sr. dr. Mendonça David.
CHRONICAS TRIPEIRAS:
6 D’QUTUBRO
(Notas soltas)
(A Eurico Magalhães)
(Conclusão)
Uma multidão compacta premia-
se em frente á casa da Camara, es-
perando sempre pela almejada che-
gada dos dois emissarios, que ti-
nham ido conferenciar com o Gene-
ral da Divisão.
De vez em quando, um alvoroço
agitava toda aquella mole. Era uma
ou outra bandeira revolucionaria
que passava; E alguns vivas, ainda
que recciosos, acompanhados de es-
tridentes salvas de palmas, acolhiam
a passagem do pendão verde e ver-
melho.
Eu e o “Eurico, talvez percusso-
res da lucta que, mais tarde, have
ria de envolver homens do valor de
Bruno e Guerra Junqueiro, discu-
tfamos a arrepiante esthesia da no-
va bandeira. Ambos achavamos de
pessimo gosto aquella discordante
associação do verde ao vermelho e
preferiamos-lhe, sem hezitações, o
azul e branco da bandeira, que sem-
pre conhecêramos como represen
tando a patria portugueza.
Em dado momento, acclamações
e
enthusiasticas, acompanhadas de
salvas de palmas ou do agitar de
lenços brancos, estrugem d’um dos
lados da Praça, Era um sympathico
cadete do 16 que, apanhado pelo
povo, vinha, conduzindo em trium-
pho em redor da Praça. E o pobre
moço, muito rizonho-e confundido,
agradvcia, agitando o seu bonet de
militar.
Em frente á Camara, além do
esquadrão da Municipal, estacionava
uma força do 6 d’infanteria.
Os olhos do povo viam differen-
temente os soldados d’um ou d’ou-
tro corpo.
Aos do 6 enviava-lhes a popula-
ção portuense um olhar de carinho –
e amor. Considerava-os como esteios
seguros para as novas instituições a
proclamar. E, se a disciplina militar
o não impedisse de certo que todos
esses bellos rapazes seriam abraça-
dos por cada cidadão, que passasse.
Mas a Municipal! Aquela Muni-
cipal! Era um enigma, um ponto –
negro…
que sahíria d’aquelles soldados,.
de cujas physionomias não transpi-
rava o mais leve significado tranqui-.
lisador? Fariam causa commum com
os revolucionarios, ou trucidal-os-
hiam, como no 31 de janeiro?
Ninguem sabia responder com
segurança. E todos olhavam, com
enorme desconfiança, para a detgs-
tada Guarda. E
De repente, uma agitação medo-
nha, um alvoroço ingente se levan-
ta d’aquella immensa mole de povo.
A” porta da Camara parára um
trem. E, por toda aquella multidão,
corrêra, ligeirissima, a noticia de
que os srs. Candido de Pinho e Nu-
nes da Ponte voltavam, emfim, tra-
zendo a desejada permissão, para,
sem opposição da força publica, se
fazer a proclamação da nova forma
de governo. j
D’ahi a momentos, no meio d’um |
delirio de acclamações, no meio
dum enthusiasmo. que a nossa pen-
na não sabe descrever, a bandeira
verde e vermelha da; Revolução era
içada magestosamente n’um mastro –
collocado na varanda do edifício
municipal,
Momento solemnissimo esse em
que ninguem deixou de gritar até
enrouquecer, em que todos se abra-
çavam com ternura, em que, dos
olhos se disprendiam lagrimas de
commoção…! Momento inolvida-
vel! ,
Raiára, para o Porto uma nova
aurora, toda nuvens cor de rosa €
oiro, repleta de esperanças e pro:
mettedora de mil venturas e felici-
dades,
Estava proclamada a Republica
na segunda cidade do paiz.
Ao retirar-me da Praça, encontro
de novo.o sr. Januario.
Como quem se atira a advinhar, .
bradei-lhe:
«Então diz que você tambem deu
vivas á Republica?!»
«E” verdade! Ainda não sei como
isso foi! Não obstante ter sido sem-
pre republicano convicto, gostei sem-
pre, tambem, de andar com tino e
prudencia em todas as coisas. Foi
provavelmente o espectaculo, a que
assisti, que me deu volta ao miolo,
porque, sem cuidar, encontrei-me a
dar vivas á Republica!»
E, com physionomia. contristada,
proseguiu;
«Estou tão receioso dos resulta-
dos que já me lembrei de ir ou-
tra vez ao Governo: Civil declarar
que aquelles meus vivas foram sol-
tados sem o sentir…»
«… Palqualmente o sr. de la Pa-
lisse, quando fazia proza,..»
«Não brinque! Não brinque, que
a coiza é séria! Se alguem reparou
o
o@@@ 1 @@@
em mim, o menos, que me poderá
succeder, será perder o emprego.
E, se El Rei, auxiliado pela Ingla-
terra, volta-de novo e esmaga a Re-
volução ? !.
Nada! Nada! Parece me que o
melhor será O ir Já, já, apresentar–
me ao Governo Civil..:»
Rhuy Pires.
—— apena —— —
Carteira semanal
Fizeram annos:
No dia 27 de jan.iro—o sr. Er-
nesto d’Araujo; ;
No dia 1.º de fevereiro—a menina
Emma Guimarães.
Fazem annos:
Hoje—o sr. dr. Accacio Marinha.
Acha-se completamente restabe-
lecida a sr.” D. Fernanda de Campos
Dias.
Com sua esposa e filhinha reti:
rou para a sua casa de Proença, O
nosso assignante sr. Sebastião Ta-
Vares.
Teem passado incommodados de
saude, os srs. Joaquim Pedroso Ba-
rata dos Reis, José Nunes e Silva,
e David Nunes e Silva. Ê
Partiu para Lisboa o sr, Adolpho
Nunes Cardoso e-sua familia.
—Tem estado em Lisboa o sr.
Carlos dos Santos.
Retirou para a sua casa de Lisboa
o sr. Francisco Martins Fernandes
e sua esposa D. Maria dos Anjos
Nunes e Silva Fernandes.
2 — ”
Partiu no dia 1.º do corrente pa-
ra o Pará, o sr. Antonio Gonçalves
Farinha, que era empregado na phar-
macia Lucas. A
Tem passado um tanto incommo-
dado de saude, o nosso assignante
sr. Anthero do Valle, motivo por-
que seu irmão adiou a sua partida
a para Africa. :
PELA ADMINISTRAÇÃO
Covarde aggressão
Manuel Martins, do logar do Sor-
vel, da freguezia de Figueiredo, foi
ali aggredido barbara e covarde-
mente por Antonio Farinha, do mes-
mo logar, que, com uma enchada,
lhe fracturou os ossos do nariz.
Repugna-nos este acto, porquan-
to O aggressor é um rapaz cheio de
vida e o aggredido um. pobre de
mente o que torna o delinquente
merecedor de um severo castigo.
— oco ——
Roubo
A requisição da auctoridade admi-
nistrativa do concelho de Oleiros,
foi preso o cigano Antonio Reis é
culhe que ali haviam furtado uns
objectos de vestuario, um annel é
tres mil réis.
— — oco.
Um gatuno introduziu-se, ás 2 ho-
ras da noite, em casa de Antonio
da Silva Guimarães, da Macieira,
que se viu forçado a aggredi-lo com
um: tiro. :
O gatuno, João dos Santos, do
mesmo logar, está em tratamento
na casa da família.
————SC9C— — —
Acto de honradez,
Joaquim da Conceição, trabalha-
dor rural, do logar dos Calvas, an-
dando a trabalhar na propriedade
do sr. Albano Ricardo Matheus Fer-
reira, achou um botão de punho, em
oiro, com um brilhante, e que este
sr, ali perdera, indo entregal-o im-
VOZ DO POVO
| mediatamente, pelo que o sr. Ma
theus Ferreira o recompensou.
Actos de honradez como este ele-
vam sempre quem os pratica.
SO CIC-——— —
Contrabando
Pela ronda volante da Companhia
dos Tabacos, foi passada uma bus-
ca em casa do marchante João Luiz
desta villa, sendo-lhe encontrado
tabaco e umas cintas, motivo por-
que foi preso e enviado á séde do
districto fiscal, onde pagou a multa
correspondente.
Diz-se que o contrabando não
pertencia ao dono da casa. :
Pequena correspondencia
Dignaram-se pagar as suas assignaturas,
os srs. José d’Olíveira Tavares, Francisco
d’Oliveira Tavares, Joaquim Apparício da
Silva, João Maria d’Assumpção Costa, José
Joaquim de Brito, Libanio Girão, João
Carlos d’Almeida e Silva, Sebastião das
Dores e Silva, Antonio da Silva Ribeiro,
Augusto Costa, Joaquim José Francisco
da Silva, Augusto Rossi, Antonio Martins
Salgueiro, José Bernardo de Bastos é An-
tonio Alves da Piedade.
Agradecemos.
CANTOS DALMA.
(A’ guitarra)
vi
Minha amada, minha amada,
E’s meu guia nestas trevas,
E a noite é já tão cerrada
Que não sei p’r’onde me levas!…
AL-SIFER
sacos por cada hectare de terra e
ainda alguma potassa, principalmen-
te se se tratar de culturas como a
vinha, olival, batataes que exigem
muita potassa. :
Cardoso Guedes,
| Errata. —No nosso anterior arti-
go, por erro typographico, sahiu pu-
blicado Mainite, quando devia ser
Kainite.
CORRESPONDÊNCIAS
– / Figueiró dos Vinhos
Foi na 3.º feira, dia 24, 0 primei-
ro dia de descanço semanal, n’esta
villa,
Foi interessante a reunião effec-
tuada pelos commerciantes no dia
23, a convite do administrador d’es-
te concelho, sr. Roberto Alberto
Pimenta, o qual, depois d’uma bre-
ve mas clara allocução, fez ver aos
commerciantes a justiça e o dever
de dar descanço aos caixeiros.
Alguns dos commerciantes com
mais amor ao…. trabalho não que-
riam, por fórma nenhuma, fechar os
estabelecimentos.
A reunião, que esteve por vezes
em acalorada discussão, acabou por
resolver o encerramento.
Os caixeiros que pensam em
agradecer áquelles que mais fizeram
para se conseguir aquelle fim, com
certeza não se esquecerão do sr.
Francisco Agria, pois que, sendo pa-
trão, foi um dos que mais se inte-
ressou.
E:
———————— tinas, lavatorios e’retretes; tubos de borracha, latão e ferro; tu-
bo de chumbode- todas as dimensões » torneiras de metal de di-
versos typos e dimensões; grande sortimento de tulipas, bacias
| para gaz, mangas de incandescencia, bicos simples e de incandes-
Po cencia; esquentadores para gaz e petroleo; pára-raios; artigos de
electricidade, etc. ;
vincias, ilhas e colonias.
encartado.
LEITÃO & ALBUQUERQUE
EM COMMANDITA e
Rua do Ouro, IO, 2.º-ESCRIPTORIO FORENSE-Teleg.*=LEQUE=LISBOA [5
Commissões e consignações,
informações, remessas de encommendas para as pro-
Acceita representações de
quaesquer casas productoras tanto nacionaes como estranjei-
ras. Trata de liquidações de heranças e de processos commer-
ciaes de toda a natureza, estando estes assumptos a cargo do
socio gerente Armando, de Albuquerque, solicitador
despachos nas alfandegas,as,