Voz do Povo nº76 12-05-1912

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2.º Anno

DIRECTOR
Augusto Fiodrigues

a “Administrador
ZEPHERINO LUCAS

Editor

; Luiz: Domingues da Silva Dias

 

 

Certã, 12 dé maio de 1912

 

 

 

 

 

 

Assignaturas
Anno…..’. 19200. Semestre…

Para o Brazil uso.
Pago adiantadamente

Não se restituem os originaes

doors.
5ooo réis (fracos)

— nina

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

Travessa do Serrano, 8
CERTA
Typographia Leiriense— LEIRIA

Propriedade da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL

 

Na 3.º e 4.º paginas, cada linha…
N’outro logar, preco convencional

Annuncios
RS O So

Annunciam-se publicações de que se receba

um exemplar

 

INTERESSES LOCÃES

—ses—

Continua a trabalhar-se dedi-
cadamente em favor dos legiti-
mos interesses do nosso conce-
lho. Os seus amigos nem porum

– momento descuram a defeza dos
seus direitos, e ainda agora po-
demos communicar aós nossos
leitores que, por iniciativa do
illustre filho da Certã sr. almi-
rante Tasso de Figueiredo, se
reuniram nã sala das conferen-
cias do Senado: todos os repre-
sentantes: parlamentares do cir-
culo norte do districto.de Leiria
e do circulo sul do districto de
Castello Branco, a fim de se ac-
cordarem na fórma de obter a
construcção da, ponte sobre o
rio Zezere que ha: de ligar os
dois districtos, entre o nosso
concelho e ‘o de Figueiró dos
Vinhos.

E? esta uma obra cuja conve-
niencia e urgente necessidade se
impõe, como por mais duma
vez aqui temos demonstrado. O
respectivo projecto, elaborado
ha muito tempo, foi approvado
pelo ex-ministro do fomento, sr.
dr. Sidonio e está orçado em
18:000:5000 reis.

Aqueles parlamentares mos-
traram achar-se todos d’accôr-
do na urgente necessidade d’a-
quella obra, e resolveram que o
nosso presadiíssimo patrício Tas-
so de Figueiredo redigisse um
memorial, para ser entregue por
todos elles, como foi, ao sr. mi-
nistro do fomento. Este, que se
compenetrou ‘da justiça da pre-
tensão, prometteu incluir a neces-
saria verba na proxima distribui-
ção de fundos; e assim, confia-
dos como todos devemos estar,
de que os illustres representan-
tes dos dois circulos mais dire-
ctamente interessados não per-
dem de vista o assumpto, e ain-
da no patriotismo e sinceridade
do illustre ministro, não nosres-
ta duvida de que essa obra será
um facto, dentro em pouco tem-
po

Assim se faz a boa politica
nacional, em que não ha intrigas,
represalias e outras pequeninas
infamias que maculam todas as
instituições.

Folgamos imenso de que o
procedimento de todos aquelles
que mais de perto estão ligados
aos interesses do nosso concelho

 

estão muito acima d’essas nojen-

tas luctas pessoas que muitas
vezes não deixam ver aos ho-
mens o erro do seu prócedimen-
to.
“Trabalhemos todos, sim, mas
dentro de formulas dignas, que
nos não envergonhem, para que
d’esse trabalho alguma, cousa
de util resulte para a collectivi-
dade, e não apenas a vã satisfa-
ção de caprichos, muitas vezes
inconfessaveis.

= PAGE
As praças licenciadas

Tendo sido licenciados grande nu-
mero de recrutas e soldados do se-
gundo anno, julgamos conveniente
chamar a attenção de todos os inte-
ressados para as principaes obriga-
ções a que ficam sujeitos os milita-
res licenciados e para o modo como
devem proceder em certos casos, Os
soldados licenciados continuam a per-
tencer aos seus regimentos, bata-
lhões e companhias, salvo se, no
acto do licenciamento, declararem
ir residir em districto de recrutamen-
to diferente d’aquelle que corres-
ponde ao regimento a que per-
tencem, porque, n’esse caso, serão
transferidos immediatamente para o
regimento correspondente ao. distri-
cto de recrutamento para onde vão
residir.

Às praças licenciadas conservam
os: mesmos numeros de companhia
e de matricula emquanto pertence-
rem. ao mesmo regimento. Devem
ser portadoras das suas cadernetas,
devidamente escripturadas, e apre-
sentar-se, com ellas, aos administra-
dores dos concelhos onde vão resi-
dir, para estes Ih’as visarem e regis-
tarem a apresentação nos cadernos
que estão a seucargo, ja especialmen-
te destinados a esse fim. Quando mu-
darem de domicilio deverão fazer a
respectiva declaração ao admnistra-
dor do concelho, para este commu-
nicar a mudanca ao regimento. Se,
porém, residirem na localidade: on-
de está a séde do regimento ou do
batalhão a que pertencem, entrega-
rão a declaração no proprio regi-
mento ou batalhão, como fariam se
estivessem em serviço effectivo. Se
a mudança de domicilio fôr para dis-
tricto de recrutamento differente d’a-
quelle que corresponda ao regimen-
to a que pertencem, deverão reque-
rer;, por escripto, a sua transferen-
cia para o regimefto corresponden-
te ao districto de recrutamento on-
de vão residir, como fariam se esti-
vessem em serviço effectivo. Este
requerimento póde ser entregue ao
administrador do concelho, quando
a praça requerente resida em locali-
dade diferente d’aquella onde está a
séde do regimento. O administra-
dor do concelho envia immediata-
mente este requerimento ao regimen-
to.
As praças licenciadas devem con-
servar, com todos os cuidados, os
antigos fardamentos que levaram,
mas não podem fazer uso d elles se-

2

| não quando forem chamadas para

| serviço. Áquellas que, dois dias de-
pois de licenciadas, forem encontra-
das usando, artigos do uniforme, se-
rão presas e punidas. Todas devem
conservar a sua caderneta em seu
poder, e apresentar-se com ella, to-
das as vezes que sejam chamadas
ou: tenham de tratar qualquer as-
sumpto. com as auctoridades civis
ou militares.

Apresentar-se-ão o mais prompta-
mente. possivel, devidamente unifor-
misadas e com a sua caderneta, no
quartel ou no local que lhes fôr de-
terminado, logo; que sejam convo-
cadas. As que faltarem, sem motivo
de força maior, são consideradas
desertoras. Todas são chamadas,
cada anno, para fazerem duas se-
manas de serviço (escolas de repe-
tição). Esta chamada deve realisar-

* se, principalmente, no mez de se-
tembro. As convocações ou chama:
das, tanto ordinarias como extraor-
dinarias, são feitas por editaes, avi-
sos e quaesquer outros meios. :A af-
fixação de editaes nos logares publi-
cos, convocando: os militares licen-
ciados, constitue aviso legal e inti-
mação sufficiente para a apresenta-
cão dos mesmos militares: nos lo-
caes, dias e horas indicados. As au-
ctoridades militares e civis farão,
porém, tornar publica, por todos os
meios ao seu alcance, qualquer con-
vocação de militares licenciados.

As praças licenciadas ficam sujei-
tas ao regulamento ou codigo disci-
plinar logo que vistam o uniforme,
sejam convocadas, estejam dentro
dos quárteis, repartições ou estabe-
lecimentos militares, estejam tratan-
do qualquer assumpto com superio-
resoutenham recebido alguma ordem
de serviço. Não podem esquecer-se
de que são, militares, que estão na
situação de licença, até serem cha-
madas. Os militares licenciados não
podem ausentar-se para fóra do con-
tinente ou das ilhas adjacentes
sem licença superior. A ausen-
cia, sem licença para o estran
geiro constitue deserção. Uma boa
prática que convirá que todos sigam
e que poupará- muitos incommo-
dos consiste em se corresponderem
directamente com os primeiros sar-
gentos ou com os commandantes das
suas! companhias para lhes pedirem
todos os esclarecimentos de que ne-
cessitem e fazerem quaesquer com-
municações. A companhia mais mo-
bilisavel será evidentemente aquella
cujo commandante soubér, sem dif-
ficuldades e sem demoras, onde es-
tão todos os seus subordinados.

Edministradores de concelho

Por grande maioria, foi votada
na camara des deputados a extinção
d’aquelles cargos de confiança.

o rigor dos principios, nada te-
mos a oppôr: mas nas circunstan-
cias em que o nosso paiz se encon-
tra, achamos tal medida muito in-
conveniente, e temos ainda a espe-
rança de que se não persista n’um
erro, que se nos afigura bem grave.

 

 

Caminho de ferro

Transitou já para a camara de
deputados o projecto do caminho
de ferro do Entroncamento a Tho-
mar e Certã.

 

 

FACTOS E BOATOS

Guarda Republicana

O «Diario do Governo» publicou
a lei autorisando o Governo à orga-
nisar 3 companhias mixtas da Guar-
da Republicana, com o effectivo to-
tal de 460 homens e 167 cavallos,
tendo as suas sédes nas cidades de
Castello Branco, Santarém e Setu-
bal. ;

ea

Os reservistas do exercito e ar-
mada e praças licenciadas do exer-
cito que desejem alistar-se nºestas
companhias, pódem’ apresentar-se
no quartel do Carmo para inspecção
e alistamento ou dirigirem os seus
oferecimentos por intermedio dos
districtos de recrutamento e reser-
va, corpos do activo em que foram
licenciados ou administradores dos
concelhos, fazendo-os acompanhar
das respectivas cadernetas. Ê

Condições | d’alistamento: altura
1,05 para cavallaria e 1,60 para in-
fanteria, bom’ comportamento, sa-‘
berler e escrever alguma coisa; ter
divida á fazendade menos de réis
254000.

Tambem se recebem oferecimen-
tos para preenchimento das vagatu-
ras existentes nos batalhões n.º 1 é
2 Grupo de Esquadrões em Lisboa.

— DOOC>=

Muslca

A sociedade Recreio Artista, to-
cou no adro, no dia 5.

—A Patriota Certaginense far-
se-ha ouvir, no mesmo passeio, no
dia 12, das 17 ás 19 horas,

—— REDE ——
Colegio das Missões Ultramar
rinas

Foi nomeado reitor d’este estabe-
lecimento de instrucção o padre mis-
sionario, sr. Herminio J. Quintão.

— ——DOGOC—— —

Izidoro de Paula Antunes

Encontra-se já em Sernache do
Bomjardim, de regresso de Manaus,
este nosso presado assignante, a
quem apresentamos as boas vindas.

—— PEGA — ——

A troupe dramatica F. Carmo,
realisou no salão do Gremio Certa-
ginense, na noite de 3 do corrente,
um sarau, cujo desempenho agra-
dou immenso, principalmente por
parte das pequenitas Pomba emimi.

— prEDIOE —

“Ollvro dor. Teixeira de Sousa’

Informam-nos de que este livro
sobre’ a revolução de outubro de
Igro e ácerca do qual’ tanto se tem
falado, será posto á venda entre 10
e 15 do corrente mez. À casa edi-
tora Moura Marques, de Coimbra,
diz que a versão, que tem corrido,
de que o livro do ultimo presidente

.idente

.

 

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de conselho da monarchia já se não
publicava; a pedido não se sabe de
quem, não tem fundamento. E’ cer-
to que se fizeram pedidos no senti-
do da não publicação do livro, mas
tambem é certo que o sr. Teixeira
de Sousa se recusou, e ai terão em
breves dias o tão desejado livro os
leitores anciosos por este aperitivo
e estimulante.
— —+32009€-—-— —

Foi transferido para este conce-
lho, e já está n’esta vila, o chefe
fiscal dos impostos, sr. Alfredo dos
Santos Alves de Moura.

— apra ico

O ministerio do Interior determi-
nou que as quintas feivas sejam sem-
pre não lectivas, muito embora haja
durante a semana ‘algum feriado or-
dinario ou extraordinario.

— aero —

População

Já é conhecido o resultado defini-
tivo do recenseamento da popula-
ção d’este districto, ultimamente
feito.

São 241:620) os habitantes do
districto, sendo 117:606 varões e
123:003 femeas.

A população de facto pelo censo
de’ 1900 era de 216:608 e pelo de
1890 era de 205:212, havendo por
isso um- augmento, de 1900 para
1911, de 25:021 habitantes.

——— ApremRIe e

Explosão

No. dia 7, deu-se uma explosão
de gaz acetylene em casa do sr.
Augusto Rossi, de que resoultou fi-
car este nosso amigo com a cara e
mão esquerda bastante queimadas.

HE PrE =D C90E>——..

Foi nomeado medico municipal
do concelho de Proença-a-Nova,
com séde em Sobreira Formosa, o
nosso estimado assignante sr. dr.
Manuel Ferreira de Mattos Rosa.

TR CARA RO er

Escola na Varzea dos Caval-
leiros

A fim de se ultimarem os traba-
lhos preparatórios relativos à cons-
trucção da escola para os dois se-
xos, estiveram hontem n’esta locali-
dade os srs. dr. José Carlos Erhardt,
administrador do concelho, e Joa-
quim Thomaz, inspector escolar.

Ambos falaram ao povo no adro
da igreja, expondo-lhe o fim que
aqui os trouxera e encarecendo o
valor da instrucção, bem como o
da educação da mulher.

A construcção do edificio deve
começar no dia 6 do proximo mez.

— — acyoo——— —

Exercicios de recrutas

Pela nova lei de recrutamento
conjugada com a organisação do
exercito, sob o systema miliciano,
os soldados permanecem nas fileiras
apenas o tempo indispensavel para
a sua instrucção preparatória, sendo
depois chamados a lições de repe-
tição, em setembro, durante dez
annos que dura o serviço activo.

Os soldados de infantaria teem
quinze semanas de instrucção pre-
paratória e, assim, os encorporados
em janeiro foram agora licenciados
depois de prestarem as provas.

E PARE Ea
Pela camara
Sessão de 8 de maio
Presentes: Zeferino Lucas de
Moura, presidente; Henrique Pires
de Moura e Antonio Nunes de Fi-
gueiredo, vogaes.
Foi lida e aprovada a acta da ses-
são anterior.

Deliberações *

 

— Votou as percentagens eguaes
ás do anno anterior.

 

VOZ DO POVO

—Archivou ofícios de diversas
repartições e autoridades.

—Pagar o seguro dos Paços
do Concelho á companhia dei
annuidades como socio á sociedade
da Cruz Vermelha e associação das
Escolas Moveis.

—Pagar á commissão districtal a
importancia em divida pela aprova-
ção das contas.

—Pintar as portas, janellas, por-
tão e bancos de ferro do cemiterio
municipal.

— Fazer uma janella para o gabi-
nete dos officiaes do juizo.

—Limpar as valetas das estradas
municipaes.

— Concedeu licença a D. Maria
Christina Caldeira para depositar
pedra para a reconstrução d’um
muro, na Travessa do Ramalhosa.

—Deferiu um requerimento de
José Santo para poder vender car-
ne de chibato e carneiro nos talhos
municipaes.

— Passar attestados de pobreza a
José Carvalho, dos Vilões e Satur-
nino Nunes, do Gasal da Cruz.

— Conceder subsídios de latação
a Delfina das Neves; do Sesmo, e
Maria do Carmo, do Valle das Bar-
rocas.

— Offficiar ao conductor de obras
publicas, Luciano Monteiro, para in-
formar se podem ser pagas aos res-
pectivos empreiteiros a ponte da Va-
lada e ultima tarefa da estrada da
Varzea dos Cavalleiros. .

— Tornar definitiva a venda de
0,66 de terreno no cemiterio muni-
cipal a D. Maria do Sacramento Le-
mos Nunes.

— Fazer varios reparos nos mar-
cos fontenarios d’esta villa.

—Fazer acquisição de 35 tubos
de vaccina, a requisição do cidadão
administrador do concelho.

— Conceder licença a David Nu-
nes e Silva para levantar um andai-
me na Rua Serpa Pinto para caiar
a casa.

=. 9000€C-——— –

Vaccina

Os srs. dr. José Carlos Erhardt
e Gualdim de Queiroz vaccinaram
grande numero de crianças nas fre-
guezias de Troviscal, Figueiredo,
Varzea dos Cavalleiros, Ermida,
Marmeleiro e Cumeada, tencionan-
do percorrer ainda as restantes fre-
guezias do concelho.

= 8″
«A Beira»

Sahiu o 1.º numero d’este sema-
nario que se publica em Castello
Branco, propriedade do Grupo União
Albicastrense. E seu director, O sr,
Antonio Pignateli; editor o sr. En-
genheiro Cardoso; e administrador,
o sr. Antonio Basilio. Desejamos-
lhe vida longa e prospera.

er E

arta de Lisboa

HOMENAGEM AO BRAZIL

Uma numerosa commissão em
que se acham representadas todas as
classes sociaes, promove a offerta
de um objecto de arte ao Brazil —
uma floreira artistica «Duas Patrias»
—como affirmação de amisade en-
tre Portugal e Brazil.

Este patriotico pensamento ins-
pirou um distincto artista, sr. João
da Silva, que o difiniu n’uma qma-
quette de grande estylo e expres-
são. Representa a maqueite, que
tem merecido geral applauso, o gru-
po das Duas Patrias, avançando
atravez dos mares que materialmen-
te as separam, mas que foram o ca-
minho glorioso da descoberta, da
victoria e da união, dos espiritos,
envolvido: pelas Atlantidas que se
erguem aos ceus para o coroar. Em
redor d’esse grupo que serenamen-
te poisa n’uma caravela de sonho

 

e caminha guiado á prôa pelo genio
do progresso, reunem todos os ele-
mentos decorativos que, entre ou-
«tros factos, exprimem a provenien-
cia da offerta, a data gloriosa do
descobrimento do Brazil, o anno da:
offerta, da obra, etc.

Esta soberba maqueite foi formu-
lada com o destino de na-sua exe-

+ cução se empregarem os mais ricos

materiaes: O oiro, a prata, o bron-
ze, O marfim e o marmore; e a obra
definitiva medirá 17,80 de altura
por 150, aproximadamente na ba-
se. E”, pois, uma peça triunfal que
honrará a arte portugueza, e será a
nobre expressão do affecto que liga
os dois povos amigos.

A homenagem, altamente patrio-
tica, á qual nos associamos com to-
do o prazer, encontra entre todos
os portuguezes, sem distincção de
côr politica, o mais bello e lison-
geiro acolhimento.

E” uma homenagem que repre-
senta o sentimento unanime do paiz.

Exposição de avicultua e cu-
niculicultura

Com a assistencia do sr. minis-
tro do fomento, foi inaugurada na
séde da Associação Central de Agri-
cultura Portugueza, rua Garrett, a
exposição internacional de avicultu-
ra e cuniculicultura promovida pela
mesma collectividade.

A exposição, que abrange o pri-
meiro andar, pateo e jardim, offere-
ce um aspecto verdadeiramente in-
teressante e pittoresco.

Os pavilhões, no pateo, artistica-
mente construidos e cobertos de
colmo, dá ao visitante a impressão
agradavel, posto que momentanea,
de julgar-se entre as palhotas em
que se abrigam os camponezes.

Encontram-se ali bellos e magni-
ficos exemplares de maior vulto,
em varias especies de gallinhas, na-
cionaes e estrangeiras, gansos, pe-
rús, pavões, cysnes, faizões, patos,
etc.

Nºoutras installações acham-se
expostos pombos de utilidade, in-
cluindo todas as raças de correios,
pombos de luxo, perdizes, rolas e
codornizes, e outros pequenos galli-
naceos.

“Tambem ali se admiram varias
raças de coelhos de consumo, pro-
ductores do pêilo e pelles para as
industrias, lebres e cobaias.
| Acha-se egualmente na exposição
grande quantidade de material avi-
cola, entre o qual encontram-se be-
bedouros, remedios, alimentos, en-
gordadeiras mechanicas, triturado-
res, etc:

Está ali uma interessante ma-
china a gazolina destinada ás appli-
cações do gaz. Cada bico de gaz de
304 velas produzido pela machina,
consome seis réis por hora.

Ha tambem chocadeiras, incuba-
doras e creadeiras.

A exposição está bem disposta,
desperta curiosidade e deixa o visi-
tante agradavelmente impressíona-
do.

a Sb

pe pt per reereererrre

Carteira semanal

Acompanhado de sua esposa e
cunhada, esteve n’esta villa o sr.
dr. Claudio Rebelo, medico em
Fronteira.

Tem n’estes ultimos dias experi-

mentado bastantes melhoras, com o
que muito folgamos, o sr. José d’A-
zevedo Bartolo.

Encontram-se em Lisboa, onde
tencionam | demorar-se alguns dias,
o nosso colega de redação sr. Luiz
Domingues da Silva e os nossos as-
signantes srs. João Pinto d’Albuquer-
que e Manuel Ramos,

 

Tem estado bastante incomo-
dado de saude, o nosso colega de
redação sr. Luiz Augusto Cardoso
Guedes.

Está na sua casa do Mosteiro de
Oleiros, o nosso estimado assignan-
te sr. José Muralha, importante co-
merciante no Pará.

Acha-se quasi restabelecido, o sr.
José Nunes Destrinço, pae dos nos-
sos patrícios srs. Eugenio, João e
Victor Antonio Nunes.

Estiveram: n’esta vila, ossrs. Joa-
quim Nunes Campino, de Vila de
Rei; e A, Ramos e F. Mouiho, de
Thomar; em Alvaro, o sr. Eduardo
Barata; em Oleiros, os srs. dr. Jo-
sé Bartolo e Fructuoso Pires; em
Castelo Branco, o sr. Joaquim To-
maz, e em Lisboa, o sr. Joaquim
Cyriaco dos Santos.

Teem passado incomodados de
saude, os nossos assignantes srs.
Luiz Dias e Antonio Augusto Rosa
Mela, c a menina Eugenia Guedes.

 

Pelo mundo litterario

A ROSA

Pobre rosa! Mal sabias
Quando lá no teu jardim
Entre as outras florescias,
Que havias morrer assim!
Aquelles olhos tão puros
Que com affectos obscuros
Te adoravam em segredo,
Que te olhavam a medo,
Eram mais dignos de ter-te
Do que o teu dono cruel,
Que com mãos sujas de fel
Foi sem dó emurchecer-te !

Garrido mancebo alpestre
Te collocou sobre o peito,
Bella rosinha campestre,
Com. tal graça, com tal geito
Que tu, contente das galas
Entrando em festivas salas
Onde eras por elle levada
Foste por todas amada.
Todas as louras donzellas
Freneticas, sensuaes, |

Te adoravam mais e mais,
E foste de todas ellas.

Mas das luzes o calor
Fez-te murchar e (que magua!)
O teu infame senhor
Metteu-te n’um copo d’agua.
Solitaria, abandonada

Das irmãs do teu jardim
Tuas folhas enrolando

Cada vez eras mais triste !
Ias murchando, murchando.. .
E desfolhaste e cahiste !

Quando veio o teu amor

E te viu sujando o chão
Pegou-te com mau humor

E deitou-te n’um saguão. «
Não tinhas pois mais desvelos
No jardim, rosa gentil,

Onde esses olhos tão bellos
Te amavam no teu abril?
Todo o goso dá em pena,
Verga toda a f’licidade !

E é o fim d’aquella rosa

O das mulheres de vaidade !

€. Sertorio.

Therê,.. Therê,.. Therêsa…

Havia um homem casado, que tem
por costume falar de rijo a dormir.
Sabe isso; e tolhe-o, esta pecha, de
saborear à vontade as doçuras de
uma sonéca boa, — porque, apesar
de ter poucas culpas no cartorio,
receia descobrir, estando ao lado da
esposa, alguns rasgõesitos que pos-
sa ter feito nas escripturas nupciaes ;uras nupciaes ;

 

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| ca carecas

 

VOZ DO POVO

 

 

 

coups de canif, como dizem os fran-
cezes.

O que fez? Imaginou uma «insi-
dia»,

Numa noite, em que a mulher es-
tava acordada, fingiu, elle dormir
profundamente, e resmungou, como
se fôra em sonhos:

—pDe ti, de ti é que eu gosto, mo-
rena! Morena, é por ti que eu mor-
ro! Therê… Therê… Therêsa!

A mulher sentou-se logo na cama,
e ficou pasmada. Elle fingiu accordar
sobresaltado, e teve de responder
sem demora a um vendaval de per-
guntas. Riu-se.

—Era brincadeira! disse. Fingi
que sonhava para te metter ferro!…

—Cuidas que sou tola!?

—Não tens nada disso. Mas le-
vanta-te, que vou mostrar-te, em
cima da meza de escripta, um pape-
linho em que has-de lêr o que te
disse. Queres vir?

— Vamos!

Foram; e, a mulhere, julgou, pe-
los seus. proprios olhos, da verdade,
que se lhe affirmava. — N’uma ou-
tra noite, porém, estando elle a dor-
mir e a sonhar devéras—sentiu sa-
cudirem-o com ancia, e viu a mulher
a rir. ; E

—Perdes o teu tempo meu riqui-
nho! Escusas de estar a fingir na-
moros! Inventa outra coisa; essa,
já não serve!

Julio Cesar Machado.

Aos amibos

Amigos?!… que são amigos?
a que chamaes amizade?
será acaso á indifferença
no imo d’adversidade?…

Amigos?!… que são amigos
neste trilho corruptor?
quem viu curvada a amisade
ante a miseria e a dôr?

Amigos??… que fazem elles
quando um destino fatal

vem trocar tagueiras auras
por medonho vendaval?

Dispersam, então, ligeiros
como nuvem que o vento
dissipa nas Espe
que ballisa o firmamento.

CANÇÃO

Marilia que lindos olhos
Que te deu o Creador!

Que ternura! que doçura
Que lá tens, e até amor!…
Marilia, que lindos olhos
Que te deu o Creador !

Marilia, que lindos labios
Que Nosso-Senhor te deu!,
Os seus encantos são tantos !
Seus beijos vêem do ceu!
Marilia, que gentis labios
Que Nosso-Senhor te deu!

Ai! Que sorrisos, Marilia
Que Deus nos labios te poz!
Entre esse teu rosto alvissimo
Onde jnão ha pó de arroz!
Ai! Que sorrisos, Marilia
Que Deus nos labios te poz !

Nunca vi mão tão galante,

Nem lindo pé como o teu!

Tão pequenos, tão formosos,
Como o olhar que Deus te deu!
Nunca vi mão tão galante

Nem lindo pé como o teu!

Marilia, que lindos olhos
Que te deu Nosso Senhor.
Que tornura? Que doçura !
Até mesmo tem amor!
Que lindos olhos, Marilia
Que te deu o Creador!

G. Sertorio.

 

O cavallo

Na revista franceza «Chasse et
Pêche», publicação absolutamente
insuspeita de «sensibierie», como
os francezes chamam a toda a sen-
sibilidade que reputam piegas, lê-
mos:

—«Na cavallariça, quando um ca-
vallo procura morder e dá couces,
ficae sabendo que é um animal ner-
voso em que já bateram injustamen-
te e que, por isso, nos considera um
declarado inimigo. Procurae mos-
trar-lhe que sois seu amigo, dando-
lhe alguns pedaços de assucar e al-
gumas caricias.»—

A lusa gente não deve estar gran-
demente inclinada a crêr na effica-
cia do: conselho. Habituada a vêr
nas praças de touros mais do chic
os cavallos ser maltratados pelos bois
que lhes põem, como já tem succe-
dido, os intestinos á mostra, acha
piegas e superíluo tudo quanto não
seja pancadaria ou cousa que o va-
lha.

Quantas vezes, no passado regi-
me, se tentou introduzir entre nós
a corrida á hespanhola!

Uma das vezes o «Diario de No-
ticias» pronunciou-se abertamente
contra a ideia, escrevendo o seguin-
te

«Deixar implantar nas nossas pra-
cas os touros de morte, é querer
dar uma prova evidente de retroces-
so; é mostrar que descemos na cra-
veira dos sentimentos nobres e di-
gnos.»

E accrescentava ainda:

«Quanto mais se estuda a escala
zoologica, tanto mais se reconhece
que os animaes, ainda os mais rudi-
mentares, possuem um organismo
intellectual parecido com o nosso.
Fazê-los padecer por goso é depra-
var o nosso sentimento, rebaixando-o
ao requinte das perversidades; é of-
fender gravemente as leis da natu-
reza.»

Mas nas corridas sem o episodlo
a que o jornal allude, isto é: á por-
tugueza tambem faz sofirer os ani-
maes.

Porque festeja então o «Diario de
Noticias» essas touradas?!

Luiz Leitão.
RR DE ad CO

Os trigos e os milhos atraza-
dos e amarellos

Todas as culturas podem ser me-
lhoradas e aumentadasas suas colhei-
tas se na ocasião propria se empre-
garem os adubos convenientes.

N’esta epoca muitas cearas de tri-
go serodio apresentam se fracas e
atrazadas, por isso lembramos que
O unico meio de as tornar verdes,
de as fazer desenvolver para se con-
seguir boa ceara, é espalhar o Ni-
trato Melhorado e Modificado com
Potassa, que é de excelentes e efi-
cazes resultados,

Os milhos ainda se estão semean-
do nalgumas regiôs, nas outras em
que ha mais tempo se semeou, já
alguns milharaes estão amarelos, tra-
cos e bastante atrazados, e, se não
lhes aplicam o Nitrato Melhorado e
Modificado com a Potassa, não po-
dem resistir á secura e, portanto,
morrem,

De todo o paiz temos as mais sa-
tisfatorias informações das culturas
onde foi aplicado o Nitrato Melho-
rado e Modificado com Potassa, e
muitos lavradores teem feito novas
encomendas, porque se deram bem
e este anno é indispensavel refor-
çar as terras com estes adubos es-
peciaes.

O Nitrato Melhorado e Modifica-
dos com Potassa é exclusivo de O,

 

Herold & C.º e tem as marcas re-
gistadas N. M. P. 104 e N.M, P.
86, que apresentamos como nome de
Adubos Especiaes para Cobertura,
e como tem q azote e a potassa egual-
mente soluveis, influem ao mesmo
tempo no desenvolvimento e no ta-
manho das espigas e massarocas, e
d’este modo aumenta as colheitas.
A casa O, Herolde & C.º com
armazens em Porto, Pampilhosa e
Regoa, tem estes adubos e todos os
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cução de todos os trabalhos que lhe
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de arvores e plantas doentes, com-
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ras, Os melhores em qualquer caso
pelos bons resultados, não correndo
o lavrador’o perigo de perder o di
nheiro e as sementes pela acquisj-
ção de formulas feitas sem criterio,

 

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dido dos Reis. Este estabelecimento
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prietario não poder estar à testa d’el-
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to á ponte do rio Zezere; tem bella
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des extensões de matos e pinhaes,
é de muito futuro, porque deve ficar
perto da linha ferrea do Entronca-
mento á Certã, quando se explorar
convenientemente as aguas da Foz
da Certã e outros mineraes da mes-
ma zona.

Dão informações, o sr. Jasé Nu-
nes da Matta, linha de Cascaes—Pa-
rede-Lisboa e o proprietario Manuel
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