Voz do Povo nº127 04-05-1913

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3.º Ano

Certã, 4 de maio de 1913

NS I27

 

DIRECTOR

Augusto Frodrigues

Administrador
ZEFERINO LUCAS

Editor

“Luiz Domingues da Silva Dias

E

E)
4

Es

 

 

Vos DO

POVO

 

 

– Assinaturas
Anos. ses. . rt20o. Semestre… Goors.
Para o Brazil. …… – 5apooo réis (fracos)

Pago adiantadamente

Não se restituem os originaes

 

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Rua Candido dos Reis

CORTA
Tipografia Leiriense — LEIRIA

Proprigials da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL

 

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Na 3.º e 4.º paginas, cada linha….. 30 rs,
N’outro logar, preço convencional

 

 

» Anunciam-se publicações de que se receba

um exemplar

 

ORDEM PUBLICA

Com mágoa, nos referimos
aos deploraveis acontecimentos
que, na sematia finda, se produ-
ziram na capital.

Não osrelatamos, porque dºel-
les teem, decerto, conhecimento
os nossos leitores pela leitura
dos jornais diarios. :

Nas circunstancias em que o
paiz se encontra, em pleno pe-
ríodo de reconstrução, é lamen-
tavel que sejam republicanos que
venham levantar atritos a essa
grande e dificil obra de reorga-
nisação nacional, ,

Até á hora em que escreve-
mos, não está ainda suficiente-
mente apurado qual o verdadei-
ro fim do movimento,

Fosse, porem, ele qual fosse
e tivesse até as melhores inten-
ções, nem, por isso, deixaria de
ser prejudicial e condenavel.

Tantas vezes aqui temos re-
petido, por estarmos d?isso abso-
lutamente convencídos, que o
principal factor do nosso credi-
to é a manutenção d’ordem pu-.
blica.

Se o paiz tem sido prejudica-
do, por todas as formas, com
os movimentos que os partida-
rios da monarquia teem levanta-
do, muito mais o será com le-
vantamentos do caracter d’este,
que acaba de produzir-se, pelos
efeitos morais que d’ele podein
tirar não só os adversarios das
instituições como os inimigos do
nosso paiz. o

Não temos autoridade suficien-

“te para dar conselhos:—se a ti-
vessemos, aconselhariamos a to-
dos a serenidade precisa para
encarar os acontecimentos de
forma tal, que levasse ao espiri-
to de uns e outros o convenci-
mento de quanto é prejudicial a
alteração da ordem publica.

Devemos procurar convencer.
E as razões são tão” poderosas,
tão palpaveis, que nos custa a
crer seja dificil levar o conven-
cimento ao espirito dos obceca-
dos.

No nosso distrito, felizmente,
a ordem tem sido completa.

No sul do distrito poderemos
afirmar que em qualquer con-
juntura, ela não será alterada.
E se bem que não tenhamos ele-
mentos para fazer egual afirma-
ção com relação ao norte do dis-
trito que não conhecemos, esta-
mos certos que ele não cede em

 

patriotismo, nem em bom senso,
ao sul, com o que só temos que
nos congratular.

aa PRRGDIGE———— — —

K campanha de difamação
contra a Repiiblica Portuguêsa

Uma afirmação importante do
sr. presidente do ministerio

A campanha dos partidarios da
monarquia na imprensa estrangeira,
principalmente em França, Inglater-
ra, Alemanha e na Italia, contra
Portugal, acentua-se, cada vez mais.
Os seus autores recorrem a todos
os meios, inventam boatos e sofis-
mam factos, para insultarem as ins-
tituições, esquecendo-se que, assim,
prejudicam a sua patria, Para eles,
tudo lhes serve menos o regimen
republicano.

A este respeito o dr, João de Me-
nezes na Camara dos Deputados, na
sessão de 23 de abril, perguntou ao
sr. presidente do conselho se tinha
informações do que os emigrados
politicos portuguêses propalavam no
estrangeiro e do que ocorrera ulti-
mamente num comicio em Londres
promovido pela duquêsa de Belford,
onde o engenheiro português, Anto-
nio (Gomes, correu no risco de ser
agredido pelo facto de pretender
contestar as tendenciosas afirmações

| SO

sr, dr. Afonso Costa, presiden-
te do ministerio, deu as devidas in-
formações, descreveu os sucessos,
demonstrou que a campanha de di-
famação em coisa alguma podia pre-
judicar o país, porque a verdade dos
factos a lançaria por terra, e termi-
nou o seu discurso com a seguinte afir-
mação: —«de que essas campanhas
apenas prejudicam os prêsos politi-
cos, pois o governo não pode perfi-
lhar qualquer projecto de anistia em
quanto elas não cessarem,»

ace SS
ELEIÇÕES

Ficou definitivamente votado na
Camara dos Deputados, na sessão
de 24 de abril, o Codigo Adminis
trativo, cuja discussão no Senado
será, como se presume, pouco de-
morada, devendo dentro de pouco
tempo ser lei do país.

Votada tambem até ao fim da ses-
são a lei eleitoral, terá que proce-
der-se no interregno parlamentar ás
eleições administrativas em todo o
país. No mesmo interregno realisar-
se-hão as eleições suplementares de
deputados, visto que o numero de-
les é atualmente de 135, sendo mui-
to provavel que até ao fim da ses-
são esse numero diminua,

Em breve teremos, pois, eleições.
Assim deseja o governo.

——— IC QIC=— — —

Guarnição militar

Consta que vai ser transferido pa-
ra Castelo Branco o 1.º batalhão do
regimento d’infanteria 21, sendo co-
locado na Covilhã um dos batalhões
d’infanteria 34.

 

AS CULTUAIS

O sr, ministro da justiça leu na
Camara dos Deputados a nota das
cultuais organisadas em Portugal.
Vêmos que se organisaram por dis-
tritos as seguintes associações cul-
tuais:

Aveiro, 17; Beja, 14; Braga, 1;
Bragança, 9; Castelo Branco, 1;
Coimbra, 4; Evora, 2; Faro, 3;
Guarda, 7; Leiria, 14; Lisboa, 265
Porto, 27; Santarem, 5; Viana do
Castelo, 2; Vila Real, 3; Vizeu, 45
Angra do Heroismo, 1. Total, 140.

somo disse o sr. dr. Alvaro de :

Castro, a organisação das cultuais
teve em Portugal um exito muito
diverso do que teve em França; a
despeito das ameaças do episcopa-
do. A constituição das-140 cultuais
é um facto que se presta a largos
comentarios, mas para os quais nos
falta o espaço.

FACTOS E BOATOS

O sr. dr. Brito Camacho adiou a
sua visita ao nosso distrito para de-
pois do encerramento do Congresso.

— Sto — —

Tem estado em Lisboa, o nosso
presado amigo, sr. Joaquim Ciria-
co Santos. 5

—Reassumiu as suas funções de
administrador deste concelho, o sr.
dr. Abilio Marçal.

———<DO(0€C>—————”
Audiencia geral

 

Realisa-se no dia q do corrente,
em audiencia de juri, o julgamento
de Joaquim Moreira Barbedo, acu-
sado do crime de furto.

——— SOoc—

No automovel da carreira de Paial-
vo, teem-se realisado algumas ex-
cursões desta vila a alguns pontos
do concelho, que teem decorrido
agradavelmente,

MC a

Camara municipal

Desde a proclamação da republi-
ca que a comissão municipal admi-
nistrativa funcionava com 5 mem-
bros, por haver sido com esse nu-
mero constituida.

Tendo, porem, sido ordenado ago-
ra pelo sr. governador civil, que
se completasse o seu quadro com
sete vogais, foram chamados à efe-
ctividade de funções os srs. Filipe
da Silva. Leonor e José Januario
da Conceição e Silva.

SRA ES

Na Amadora, faleceu o pequeni-
no Guilherme, filho do nosso patri-
cio e assinante, sr. dr. Acacio de
Sande Marinha.

Avaliamos a dor que aflige os de-
solados pais, e nela tomamos parte.

— —oosoc— -——

A vacina nas escolas.

Pela Direcção Geral de Instrução
Primaria, foi enviada aos inspectores
uma circular, para ser distribuida
pelos professores, afim de se apurar
quais os alunos que não tenham si-

 

do revacinados, enviando uma rela-
ção aos delegados ou sub-delegados
de saude.

— — DO0c——

Em serviço extraordinario, na re-
partição de finanças deste concelho,
estão nesta vila os aspirantes de fi-
nanças- de Proença-a-Nova e Vila
de Rei, srs. João Ribeiro e Joaquim
de Moura Gomes.

— O secretario de finanças de
Santa Comba-Dão, sr. José G. da
Fonseca Diniz, foi mandado dirigir
a secretaria de finanças de Oliveira
do Bairro.

GEAR
Imprensa

Entraram, respectivamente, no 5.º
e 3.º ano de publicação os nossos
colegas Imparcial, de Pombal’e Car-
deal Saraiva, de Ponte de Lima.
— Dee

A? sua casa d’Alyaro, regressou
ha dias, o nosso ilustre amigo, sr.
dr. Antonio Augusto de Mendonça
David.

Encorporação de recrutas

Os mancebos recrutados em 1912;
e que devem ir receber instrução
militar no corrente mez devem so-
licitar as suas guias na secretaria da
camara, afim de se apresentarem
aos comandantes das unidade a que
foram destinados e onde se devem
apresentar de 12 a 15 do corrente,

me CSA Dm
ê Registo Civil

O movimento de registos de 23 a
30 de Abril no concelho foi;

Nascimentos et + sore o cptrioo LO

(ODITOsIEo scueto fa cite fe fo rei canipio fo 00 ENT

Casamentos.,….. Rá ECA,
Sair Aa os je

Pela Camara
Sessão de 30 d’abril

Sob a presidencia do sr. Zeferino
Lucas e assistencia dos vereadores
srs. Henrique Moura, Nunes Figuei-
redo e Luiz Domingues.

Lida e aprovada a acta da sessão
anterior.

EXPEDIENTE

— Oficio n.º 228 da Administra-
ção do Concelho, enviando copia de
um ofício do director do Colegio das
Missões Ultramarinas. Inteirada.

— Oficio n.º 65 do governador ci-
vil para que a camara seja consti-
tuida e funcione com o numero de
vogais prescrito no art.º 98.º do Co-
digo Administrativo de 1878. A ca-
mara em cumprimento do referido
artigo resolveu chamar á efectivida-
de os vereadores substitutos, srs. Fi-
lipe da Silva Leonor e José Janua-
rio da Conceição e Silva, devendo-
lhes ser dado conhecimento para
comparecerem na proxima sessão e
entrarem em exercicio; devendo-se
disso dar conhecimento ao sr. go-
vernador civil.

— Oficio n.º 1076 do Ministerio da
Justica, Comissão Central da Exe-
cucão da Lei de Separação, ácerca

 

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VOZ DO POVO

 

da aquisição da capela de Santo
Amaro, para construção do quartel
da guarda republicana, pedindo pela
sua cedencia 250000 réis.

A camara resolveu responder di-
zendo que não concorda com o pre-
ço por ser excessivo visto estar em
completo estado de ruina e que esta
Camara julga não valer mais de réis
Sojbooo.

—Foi apresentado o orçamento
suplementar (1.º) aprovado sem al-
terações pela Comissão: Distrital. A
Camara mandou pagar no dia 3 a
gratificação aos 4 guardas da policia
civica, em serviço nas cadeias e bem
assim o transporte dos mesmos até
esta vila e a lenha, carvão e objectos
de cosinha para uso dos mesmos.

— Telegrama do governador civil –

para que se requisite ao Mercado
Central de Produtos Agricolas o cen-
teio que julgue necessario para o con-
sumo. Inteirada, resolvendo a cama-
ra não importar este cereal por não
ser necessario.

=— Circular n.º 194 do Ministerio
do Fomento —Repartição do Turis-
mo-—pedindo uma nota das estradas
compreendidas na área municipal.

Ficou sobre a mesa para se res-
ponder na proxima sessão.

—Em virtude da mudança dos
mercados semanais, resolveu trans-
ferir o dia das suas sessões para as
segunda-feiras, pelas 12-horas, de-
vendo-se fazer os competentes avisos
e anuncios. ;

—Resolveu proceder á reconstru-
ção de algumas calçadas mais ne-
cessitadas nesta vila.

Mandou pagar o concerto de
um candieiro de iluminação publica
na R. Candido dos Reis, que foi
partido de noite, ignorando-se quem
o partiu.

—Concedeu 5 dias de licença ao
amanuense interino, devendo comu-
nicar o dia em que principia a gosál-a.

-—Mandou pagar no dia 2 do pro-
ximo mês de maio aos empregados
da Camara e Administração e aos
encarregados de limpeza das ruas da
vila. :
e e

Carteira semanal

Fazem anos:

No dia 5, a sr.* D; Carlota d’Al-
meida Figueiredo.

No dia 7, asr.* D. Beatriz da
Silva Neves.

No dia9,o sr. Ivo d’Abreu Ba-
rata e o menino Ivo Pedroso Barata,

Estiveram nésta vila, de regresso
a sua casa d’Alvaro, as sr.“ D. Ma-
ria Carolina de Mendonça David, e
sua’ ex.”’ sobrinha, D. Maria Eu-
genia.

Estiveram nésta vila a sr.“ D.
Guilhermina Barata e os srs José
Acurcio das Neves, Joaquim Nunes
Campino, Carlos Martins, Augusto
Alves Diniz e Simão Lopes Tavares;
no Porto, a-sr.º D, Arminda Eh-
rhardt; em Tomar, o sr. Joaquim
Nunes e Silva e em Mação, o sr.
Frutuoso A. Cesar Pires.

Teem passado encomodados de
saude o nosso assinante sr. Eusebio
do Rosario e a menina Maria Luiza
Tavares. :

Regressou já a esta vila o nosso
assinante sr. Luiz da Silva Dias.

Já regressou de Loanda a sua ca-
sa de Lisboa, o nosso estimado as-
sinante e patrício, sr. José Antunes
Farinha Leitão. É

– Saiu para Lisboa, d’onde seguirá
viagem para Quelimane, o nosso
presadissimo patric’o, sr. Artur Cal-
deira Ribeiro.

Desejamos-lhe uma boa viagem e
tadas as venturas,

 

Hino e bandeira nacionaes

Para geral conhecimento publica-
mos a seguinte circular, do ministe-
rio do interior: .

Segundo o disposto no artigo 3.º
do decreto de 23 de Dezembro de
IgIO e no artigo 20.º da lei de 23
de Outubro de igr1, «aquele que,
de viva voz ou por escrito publica-
do ou por vutro meio de publica-
cão, ou por qualquer acto publico,
faltar ao respeito devido à bandeira
e ao hino nacional, que são simbo
los da Patria será condenado na
pena de prisão correcional de 3
meses a 1 ano e multa correspon-
dente e, em caso defreincidencia, será
condenado no minimo de pena de
expuição do territorio portuguez fi-
xado no $ unico do artigo 62.º do
Codigo Penal.»

Néstas condições, deve ser au-
toádo, e preso quando em flagran-
te delito, todo o cidadão que pelo seu
procedimento ou pela sua atitude
intencionalmente descortês e ofen-
siva do acatamento devido aos sim-
bolos nacionaes manifestamente ex-
prima o seu desprêso e desrespeito
por eles, quer empregando gestos,
palavras, escritos, desenhos ou actos
considerados irreverentes ou obsce-
nos quer conservando-se assentado
e de cabeça coberta ao executar-se
o hino ou á passagem da bandeira.

Na mesma ordem de ideas, e pa-
ra que bem alto se mantenha o pres-
tigio do pavilhão nacional, que não
deve terum uso menos digno ou
menos proprio da veneração que
lhe pertence, cumpre ás autoridades
ter presente a circular do Ministerio
“do Interior n.º 292, de 17 de maio
de 1912, em virtude da qual não é
permitido a quaisquer corporações
ou colectividades particulares o em-
prego de bandeiras que possam con-
fundir-se com a nacional e da qual
apenas se diferençam por legendas,
disticos ou leves variantes na dis-
posição das côres republicanas.

Outrossim não é licito, por signi-
ficar desrespeito pelos simbolos da
Patria, o emprego da bandeira na-
cional para ornamentação ou recla-
mo de estabelecimentos comerciais,
quiosques, barracas de feira, casas
de penhores e de leilão, etc , assim
como não é permitido o uso ou apli-
cação das côres e do escudo repu-
blicano em tabolêtas, impressos, re-
clamos, prospetos, rótulos, cartazes
de natureza comercial e particular,
ou em vestuarios, mobiliario ou edi-
ficios que não sejam do Estado ou
das repartições ou estabelecimentos
da sua dependencia.

Quando sejam transgredidos es-
tes preceitos, devem os transgres-
sores ser avisados para que se abs-
tenham de tais atos e abusos, au-
tuádos no caso de desobediencia e
apreend dos os simbolos que em-
pregarem indevidamente.

E Mo EmA gm
“À mãe-e a escola

Eu creio piamente que não ha na-
da -no mundo capaz de substituir o
amor e o carinho duma mãe. O
amor maternal não é só o sentimen-
to generoso e delicado que uma mu-
Jher extranha, mesmo feita de bon-
dade, pode sentir por uma creança.
O amor maternal é, além d’um sen-
timento natural em que a vontade
não átua, um instinto imperiozo, ex-
pontaneo e tambem independente
“da vontade que, prendendo a carne
á carne, por isso que um filho é pa-
ra sua mãe «a carne da sua carne»,
prende tambem o afecto ao afecto,
o coração ao coração, a alma á al-
ma. O filho é para sua mãe o fruto
querido do seu amor e o orgulho

” incomparavel da sua missão de ma-
ternidade, e só ela, a mãe, pode
transmitir ao fruto amado das suas

 

entranhas o verdadeiro calor, o ca-
rinho, a ternura, o amor, todas as
emanações generosas da sua alma,
dado que foi ela que lhe deu o me-
lhor de si mesma:—uma parte da
sua propria vida. Assim, uma esco-
la, por muito ridente que seja, por
muito ar, muita luz, muito sol, mui-
ta higiene, muitas flores, muitos jo-
gos infantis, muitas atrações e se-
duções que tenha, jámais poderá su-
bstituir o carinho, os beijos, a ter-
nura, os efluvios d’amor que, fil-
trando-se na alma da creança, ema-
nam, como efluvios divinos, do seio,
dos labios, do coração, da alma de
sua mãe!… ;

Fernão Boto Machado.

“ CORRESPONDENCIAS

Vila de Rei, 23–Sab:mos que
serão postos em praça no principio
do mês que vem três tarefas que
nos dizem ser a conclusão da ponte
sobre a Ribeira do Codes e da es-
trada que ha muitos anos está co-
meçada pata nos ligar com Sardoal
e Abrantes, E” um importantissimo
melhoramento porque todos aspira-
mos e que se deve ao grande bene-
merito dêste concelho e velho repu-
blicano sr. José Henriques Alves
Fróes. f

Devemos agui declarar que con-
cluida aquela estrada ficamos sem
qualquer outra via de comunicação
apesar de estarem começados ha
anos e estudados os ramaes que
hão de ligar-nos com Ferreira do
Zezere e Certã, cuja conclusão se
impõe. Salientemos o interesse que
advinha para nós a conclusão da es-
trada que nos ha de ligar com a
Certã, que, sendo sede da comarca
a que com muita satisfação e até
orgulho pertencemos, muito tinha
tambem a lucrar.

Chamamos a atenção para o as-
sunto dos poderes superiores e prin-
cipalmente dos nossos ilustres re-
presentantes no parlamento que de
certo se farão eco das justas recla-
mações que fazemos e que cremos
são o sentir de todo o povo do con-
celho.

-= Aos senhores vereadores da ca-
mara municipal dêste concelho pe-
dimos que façam acender os can-
dieiros da iluminação publica pois
que tendo a infelicidade de não
ver de noite sentimos uma im-
pressão muito desagradavel por não
vermos onde pomos os pés que por
sinal ficam em agua nos dias de
chuva, devido às irregularidades das
calçadas: désta vila, E! pequena a
despêsa.

— Esteve aqui o sr. Joaquim To-
más, inteligente inspector escolar
do circulo da Certã.

—Acha-se fechada ha mezes a
escola mixta da Boafarinha, por
doença da respectiva professora,
Tendo uma grande frequencia por es-
tar bem situada, é para lamentar que
continue fechada o que causa gran-
des transtornos aos povos que por
tão pouco tempo usufruiram tão im-
portante melhoramento.

€.

e q me

) CALTARIO DO AMOR

Novo romance do popular autor
A. CONTRERAS

Em começo de publicação e por
assinatura, na Casa Editora Belem
& G.*—Rua Marechal Saldanha, 16,
1.º, Lisboa.

Em 7 partes se acha dividido es-
te extraordinario romance:

1.º parte—lnocente e Martin. 2.º

 

 

| —Os dramas do Coração. 3/–Da

 

Ambição ao Crime. 4º–A Loucura
de uma paixão. 5.º-A Caminho do
Mal. 6’—A Chave do Enigma. 7.º
— Expiação de Mãe.

Como bem se depreende do pro-
prio titulo da obra, que estamos edi-
tando, o assunto escolhido pelo au:
tôr para têma do seu trabalho, é um
dos sentimentos mais interessantes e
mais universais da vida humana: O
amor.

São muito numerosas e palpitan-‘
tes de intima comoção as peripccias,
que se desenrolam nas impressionan-
tes paginas do ramance—O calva-
rio do amor-—e todas elas, enge-
nhosa e habilmente ligadas entre si,
constituem varios episodios parciais,
que aumentam extraordinariamente
o interesse do drama, apresentado
pelo autor como assunto principal
do seu admiravel romance,

Com respeito ao famoso trabalho,
que tem por titulo—O calvario do
amor-—podemos repetir o que já

“dissemos a proposito de um outro

romance do mesmo autor, tambem
publicado por esta emprêsa, isto é,
que a acção do seu entrecho se des-
enrola sempre seguidamente e sem
quaisquer descrições fatigantes, que
seriam deslocadas, dada a indole es
pecial das cênas que o constituem.

O assunto principal do entrecho
do romance O calvario do amor
em volta do qual se agrupam inci-
dentes, que prendem irresistivelmen-
te a atenção dos leitores, decorre
entre duas irmãs, cujos instintos e
maneiras de ser divergem profunda
e completamente, mostrando-se uma
delas — Catalina — como sendo um
conjunto de todas as virtudes e per-
feições morais, ao passo que a ou-
tra—Mercedes—manifesta sempre a
maior perversão em todos os seus
costumes e procedimentos, e, para
satisfação do seu egoismo verdadei-
ramente feroz, torna a sua pobre ir-
mã vitima constante das suas infa-
mias e períidias.
* Tendo faltado aos seus deveres
de honestidade, a isso induzida por
um intrigante capaz de dodos os cri-
mes e aleivosias, a miseravel Mer-
cedes, aproveitando em seu favor di-
versas circunstancias ocasionais, con-
segue que a falta por éla cometida,
e da qual existe como prova irrecu-
savel uma criança recem nascida,
seja atrbuida á infeliz Catalina, e
daí resulta,que a desgraçada vitima
passa longos anos em temerosas tri-
bulações, esmagada sob o pêso da
maldição com que seu pae, agoni-
sante, a fulminara, por julgar que
fôra. ela quem conspurcara a honra
do seu nome, e despressada por
seu marido, que fôra tambem iludi-
do pelas aparencias, ardilosamente
exploradas nesse sentido por sua
infame cunhada. Apesar de tudo,
porem, a excelente Catalina, que,
por um dos acasos da sua desven-
tura, se vê forçada a tomar a seu
cargo a inocente filha de sua irmã,
procura criar e educar a criança co-
mo se fôra sua propria filha, e a
pequena Mariana cresce e desenvol:
ve-se na convicção de que é real-
mente sua mãe a bondosa e dedica-
da creatura, que desde os primeiros
momentos da existencia a tratou
sempre com o mais desvelado e ca-
rinhoso afecto.

Chega porém um dia em que toda
a verdade é posta a descoberto, e
Mercedes, depois de uma vida de
traições e de repugnante ignominia,
sente-se por fim tocada no coração
pelo sentimento: do amor maternal,
e, como expiação do seu: viver pas
sado, dedica o resto dos seus dias
a socorrer os que sofrem e a conso-
lar os aflictos. Ê

A parte capital do entrecho, ra-
pidamente esboçada nas palavras
que acabam de lêr-se, indica clara-
mente que OQ calvario do amoro do amor

 

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VOZ DO Povo

 

 

sendo um trabalho de elevado fole-
go, que faz vibrar intensamente os
mais ternos sentimentos, é ao mesmo
tempo um verdadeiro poema da vi-
do real, traçado pela mão experien-
te de quem conhece profundamente
– os segredos do coração humano.
Esmerada edição impressa em
otimo papel e ornada de numerosas
e finissimas fotogravuras de pagina.
Caderneta semanal de 16 paginas 20 réis
Tomo mensal de….. o » 100»
Volume brochado de..640 » 800 »

Brindes aos srs. assinantes no fim desta obra

Uma magnifica estampa propria
para emoldurar representando O
Marquês de Pombal expondo os
seus planos no a reedificação da
cidade de Lisboa, depois do terra-
moto de 1755.

Brindes aos srs. angariadores dassinaturas

Envia se a 1.ºcaderneta specimen
a quema requisitar.

Nesta Casa editora aceitam-se
propostas para novos agentes, €
recebem-se assinaturas tanto para
este romance, como para os que
abaixo se indicam :

A (Filha maldita—de Emite Richeb:

Comarca da Certa
1.º ofício

Pelo Juizo de Direito da comarca
da Certã e cartorio do escrivão do
1.º ofício, nos autos d’inventario or-
fanologico por obito de Antonio Fer-
reira, que residia nos Estevais, fre-
guesia de Vila de Rei, correm edi-
tos de 30 dias, a contar da 2º e ul-
tima publicação do anuncio, citando
o interessado Joaquim Ferreira, sol-
teiro, maior, ausente em partein-
certa, para no praso de 10 dias, fin-
do que seja o dos editos, pagar n’a-
quele cartorio, a quantia de 1275673
réis, proveniente de custas em divida
a folhas 114; e 115 dos mesmos au-
tos, sob pena de não pagando ou
não nomeando á penhora bens su-
ficientes, ser esta feita nos que lhe
forem nomeados pelo exequente e
de seguir a execução seus devidos
iermos até integral pagamento.

E eu Antonio Augusto Rodrigues o
subscrevi. ;
“Verifiquei
OQ Juiz de Direito,
2 Sanches “Rolão I

 

O Poder dos Humildes—-de A, Contreras
Os Exploradores da Desgraça–de A.
Contreras.

Esta casa envia lista de- outros
romances por assinatura permanen-
te e com direito a brindes.

a ema =]

Maneira simples de poupar
dinheiro

E’ sabido que os ratos e as rata-
zanas estragam anualmente grandes
quantidades de produtos alimenti-
cios de toda a especie. Se se pro-
cedesse a um exame rigoroso do
prejuizo causado por estes animais
daninhos via se que todos os anos
ficam estragados muitos contos de
réis em todos os produtos alimenti-
cios. !

Torna-se pois indispensavel com-
bater os ratos e as ratazanas.

Para este fim não ha nada me-
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A Camara Municipal do Concelho
da CGertã

 

Faz saber que em sua sessão de
23 de abril, resolveu.

1.º Restabeleceu o antigo merca-
do semanal aos sabados e criar ou-
tro ás 4 “ feiras, deixando assim de
realisar-se os actuaes mercados aos
domingos e às 5.º feiras.

2.º Que o mercado mensal de
gado será no 1.º sabado de cada
mez, continuando a realisar-se, co-
mo até aqui, os mercados de gados
nos dias 25 dé abril e 27 de julho,
nos mesmos locaes, Si

3.º Que estas resoluções princi-
piam a vigurar no dia 4 de junho.

Para geral conhecimento se pas:
sou este e outros de egual teor que
serão afixados nos logares publicos.

Secretaria da Camara Municipal
da Certã 1 de maio de 1913.

O Presidente
Ecferino Lucas

 

Anunci

No dia 13. do proximo mez de
maio, por 11 horas á porta do Tri-
bunal Judicial d’esta comarca, ha-
de proceder-se á venda e arremata-
ção em- hasta publica, pelo maior
preço que for eferecido sobre a res-
petiva avaliação. dos predios seguin-
tes.

Metade de uma horta com olivei-
ras, videiras e testada, sita ao Va-
longo, limite de Cambas, avaliada
em trinta e cinço mil réis, (35:%000).

Metade da casa de habitação e
quintal, sita no logar de Cambas,
avaliada em déz mil réis, (ropovo).

Estes predios pertencem ao casal
inventariado por obito de Bernardo
Monteiro, morador que foi em Cam-
bas, e vão à praça para pagamento
do passivo aprovado,

Certa, 12 de abril de 1913.

O escrivão
Francisco Pires de Moura
Verifiquei a exatidão
O Juiz de Direito
2 Sanches Rolão . 2

“ANUNCIO —

Pelo juizo de Direito da comarca
de Certãe cartorio do escrivão do
4.º officio que este subscreve, vão
á praça para serem vendidos em
hasta publico pelo maior lanço offe-
recido acima do valor da avalia-
ção, no dia 11 do proximo mez de
Maio por 11 horas. á porta do tri-
bunal judicial, d’esta comarca, os
seguintes bens:

Uma terra com sobreiros, casta-
nheiros e oliveiras, situada ao Fi-
gueiredo, freguesia do Castelo;
avaliada em 3008000 reis.

Um predio que se compõe de ca-
sas d’habitação e de adega, currais,
palheiros, casas terreas e quintaes
tudo contigou, situado no logar da
Roda de Santa Apolonia; avaliado
em 6009000 reis.

Uma horta, no sitio da Roda
denominada Horta das Uvas; avalia-
da em 2708000.

A cortiça que se crear n’esta
propriedade durante desenove an:
nos que terminam em 19 d’Agosto
de 1920, acha-se vendida pelos exe-
cutados.

Uma horta situada ao Vergal;
avaliada em 700000 reis.

A cortiça que se creár n’esta pro-
priedade durante dezenove annos
que terminam em 19 d’Agosto de
1920, acha-se vendida pelos execu-
tados.

Uma terra de semeadura de seca

 

 

com testada de mato e differentes
arvores, denominada o Valle dos
Curraes; avaliada em 2003000.

A cortiça que se crear. nesta
propriedade durante 19 annos que
terminam em 19 d’Agosto de 1920;
acha-se vendida pelo executados.

Uma terra com tanchoeiras; ma-
to, casas d’altos e baixos, no sitio
das Vergeiras; avaliada em 184:%%000.

Uma horta com arvores, no sitio,

da Pia, limite da Roda de Santa
Apolonia; avaliada em 54iboo0.
Estes bens foram penhorados na
execução hypotecaria que João Pe-
dro Nolasco, casado, proprietario
residente em Queluz de Baixo fre-
guesia de Barcarena, concelho de

– Oeiras, comarca de Lisboa, hoje

representado por seus herdeiros,
move contra José Nunes Amaro e
mulher Emilia do Sacramento, pro-
prietarios, do logar da Roda de
Santa Apolonia, freguezia do Cas-
tello, d’esta comarca, pela quantia
de 3:000%000 reis juros de cinco
por cento, selos e custas e mais des-
pezas até completo embolso.

Pelo presente são citados quaes-
quer credores incertos nos termos
da lei.

Certã, 12 de Abril de 1913.

“O Escrivão,
Adrião Morais David
Verifiquei a exatidão
O Juiz de Direito,
2 “Sanches Rolão. 2

Comarca da Certã

Pelo juizo de direito d’esta co-
marca e cartorio do escrivão do 3.º
oficio, nos autos civeis para divor-
cio, requerido por José Nunes, fer-
rador, da villa e freguesia de Pedro-
gam Pequeno, d’esta comarca, con-
tra sua mulher Maria Eduarda, da

– mesma villa, foi, por sentença defi-

nitiva de 14 do corrente mês de mar-
ço, que transitou em julgado, auto-

risado o divorcio entre os mesmos

conjuges,
Certa, 30 de março de 1913.
O escrivão
Eduardo “Barata Correia e Silva,
Verifiquei :
O Juiz de Direito,
Sanches Rolão ? 5

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