O Renovador nº220 25-05-1974

 

Ano V — N.º 220 — AVENÇA

– D R6NDUR

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE:

SERTÃ, OLEIROS, PROENÇA-A-NOVA E VILA DE REI

25 de. Maio de 1974

Rua Lopo Barriga, 5-

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
r/c — SERTA — Telef. 131

DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSE ANTUNES

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

As nossas (| Monento Político
relvindicações em que

Percorre o País uma onda de
reivindicações de toda a ordem
tanto no campo social e econó-
mico como no de toda a vida

úbli ] ESESIROA
Tas, todas as profissões e organi-
zações, todas as instituições e
grupos pr ref: -se,
auto-gerir-se, contribuirem para
a modificação das suas próprias
estruturas. baseadas em certos
privilégios, em certas ideias im-
postas, criadas sem a convenien-
te e indispensável participação
daqueles a quem as mesmas se
destinavam.

Claro está que muitas destas
meodificações implicam a coor-
denação de umas com outras,
pois se contrariam mutuamente:
— o que a uns é útil e convenien-
te, afecta os interesses de outros,
umas vezes mal entendidos, ou-
tras vezes, msmo bem entendi-
dos, e compreendidos.

O que importa em todo este
mundo de sociedades e grupos
interdependentes e interpenetra-
dos, é ser-se sensato, ser-se com-
Pr vo, fugir dos ex
e dos egoísmos.

Por isso a função mais impor-
tante das Administrações e dos
Governos é precisamente hierar-

quizar as necessidades, é contro-
lar as reivindicações de uns com
os anseios dos outros.

Não é porque um grupo faz
mais barulho, que tem mais ra-
zão. Não é porque uma zona sa-
he apresentar melhor, mms bri-

mais ord
te, os seus problemas, que a
Administração ou o Governo de-
verão dar prioridade à& sua solu-
ção,

Ora verifica-se que se alguma
classe, se alguma região se en-
contra em condições de atrasa-
do desenvolvimento, essa é, sem
dúvida, a classe rural do interior
beirão, como aliás, do interior
transmontano. Não há aqui lati-
fúndios,. não há indústrias. Há
pequenos proprietários, há pe-
quenos negocionteks, há mini-co-
mércios, há trabalhadores que
são também proprietários e só
trabalham por conta de outrem
quando não trabalham para si.
Relativamente poucos são aque-
les que trabalham exclusivamen-
te por c:mlu: de outrem.

Os ped: , os inteiros,
os mscumcos que vivem exclusi-
vamente do seu trabalho, consti-

damen-

(Continua na 2.º página)

AGUARELAS

Em tempos de alteração
socia! e política é que se vê a
pleno o alcance deste velho
brocardo que a sabedoria dos
séculos cunhou. E os comu-
nistas têm-nos ensinado o
quão acertados andam em se
arregimentar sob o toldo des-
sa mesma sabedoria. Mar-
cham unidos como se uma ca-
pa de tartaruga os .cobrisse
e não desatremam de seus
fins, com a mira muito fita
no que buscam e só não al-

cançam porque outras forças
os obstaculizam. Hoje mais
que nunca o homem político
abalança-se a movimentos de
larga envergadura e persua-
de-se que só impelindo gran-
des massas vinga obter o quer
que Seja na ordem social.
Antigamente houve um tra-
tado entre a Inglaterra e a
Holanda — duas nações que
se notabilizaram no comércio
marítimo onde nem sempre
evitaram a pirataria nem a
fama de meterem gancho ao
que lhes não pertencia. Esla-
droaram mais do que manda
a cartilha e enriqueceram à
custa alheia. Nas histórias
que escrevem escondem isso

A união faz a força

Por JOÃO MAIA

porque dizem que a roupa
suja a não põem nas sacadas
onde só luzem colehas e ta-
petes persas.

Fizeram então um tratado e
cunharam moeda celebrativa.
No anverso da moeida inscul-
piram uma junta de bois e por
baixo, em latim, puseram
duas palavras que diziam: —
«<Se formos _]untos seremos
fortes». Como vêem os ho-
landeses em peso e em peso os
ingleses já sabiam a força

que promana da união. Causa-
-nos engulho saber que os
marotos se uniam contra os
portugueses que, ao tempu,
andavam pelos mares e aí to-
pavam a cada passo com na-
vios dessas duas nações vc-
zeiras em assaltar-nos quan-
do vínhamos com a pimenta
e com a canela das bandas da
Índia.

E não foi uma mem duas
Vvezes que nos roubaram a car-
regação toda e se foram gau-
dir com ela para os portos
nortenhos. No reverso da
moeda, que insculpiram eles,
os tratadistas? — Inscuipi-

Continua na 3,º página

RENOVAÇÃO É

VIDA

Embora não sejamos um jornal po-
lítico ou partidário, não podemos
alhear-nos do momento político trans-
cendente em que vivemos. O político,
aliás invade, praticamente todos os
outros domínios.

E porque as directrizes emanadas
da cúpula são perfeitamente claras,
julgamos preferivel publicá-las com as
próprias palavras do General António
de Spínola, Será esta a melhor ho-
menagem de respeito e simpatia que
lhe pode-emos prestar.

Disse Sua Excelência, na
de posse do novo Governo:

tomada

DEMOCRACIA
É ACIMA DE TUDO
GARANTIA
DOS DIREITOS
E LIBERDADES
INDIVIDUAIS

Cabe ão Governo reparar às se-
quelas de meio século de paternalis-
mo e abrir campo à completa reali-
zação politico-social dos cidadãos,
dentro de uma sociedade onde não
tenham lugar desequilíbrios contrários
à condição humana, e onde todos os
es participem na gestão dos
seus destinos.

Situar-se-á nesta linha de governo
a promulgação de medidas legislati-
vas que consolidam o efectivo exer-
cício dos direitos e liberdades fun-
damentais, tal como se encontram
defíinidos em declarações universais.
Mas não poderá esquecer-se que à
democracia não é de modo algum a

Por;

vivemos

mera conversão dos oprimidos em
opressores, dos usurpados em usur-
padores, da prepotência de minorias
em prepotência de maiorias. Ela é,
acima de tudo, a garantia dos direi-
tos e liberdades individuais, só pos-
sivel em clima de respeito mútuo,
onde não cabem atentados contra
pessoas, opiniões, bens e direitos le-
gítimos; atentados que terão de ser
rigorosamente reprimidos, venham de
onde vierem. Será ponto essencial da
acção governativa a repressão de to-
dos os abusos, como crimes coóntra
a reconstrução nacional, passíveis,
portanto, de julgamento no âmbito da
justiça criminal comum.

Além do mais, deve ter-se presen-
te o facto de que todo o excesso
cometido por pessoas ou grupos de
que resulte ofensa dos direitos de ter-
ceiros redunda em reforço da argu-
mentação totalitária, sempre pronta à
denunciar a falta de preparação do
povo português para assumir a de-
mocracia.

A esta luz e prioritariamente, ha-
verá que tomar medidas tendentes a
institucionalizar a organização dos
partidos políticos; elaborar a nova lei
eleitoral e preparar às futuras elei-
ções legislativas; e fundamentar a no-
va orgânica politico-administrativa da
Nação sobre autarquias locais auten-
ticamente constituídas, assentes na
responsabilidade dos municipes e na
sua participação directa na esfera po-
litica dos respectivos órgãos,

Continua na 2.” página

O

carece de

No momento alto da nossa
história, na altura em que àa
calma, a compreensão, o senti-
do da responsabilidade, a me-
ditaçãço perfeita de qualquer
acto, se deve necessariamente
reforçar para que assim pos-
samos enfrentar com êxito todo
este perícddo de transformação,
não poderia deixar de fazer uma
pequena retrospectiva da evolu-
ção (?) da vila de Oleiros.

No momento em que o país
procura incessantemente refor-
mar-se a todos os níveis, utili-
zando métodos e meios de que
foi privado ao longo de quase
cinquenta . amos, é altura propí-
cia para que também Oleiros
saiba e queira traçar o seu fu-
turo, enquadrando um plano
estruturalmente bem definido
no desejo de todos quantos ali
vivem ou que por qualquer ra-
zão estejam intimamente liga-
dos com os Oleirenses.

Nesse plano, ter-se-4 neces-
sariamente que entrar em linha
de conta com problemas vitais
na educação, fundamentalmente
tendo em atenção a prática des-

UNIÃO E

LRO)S

progresso

portiva, criando centros de
convívio para as crianças, tão
sobejamente sabido o valor que
daí advém, conduzindo-as ao
gosto e à prática do teatro,
formando para tal grupos es-

colares teatrais que possam
por
LUIS DA SILVA MATEUS

efectuar as suas representações,
pelo menos, no sálão dos Bom-
beiros daquela vila.

Neste ponto, sabendo que a
educação no novo estabeleci-
mento de ensino está sendo mi-
nistrada por uma grande per-
centagem de jovens, estou cer-
to que se poderia efectivar algo
de extraordinário com e pelas
crianças, que frequentam assi-
duamente aquele estabelecimen-
to de ensino. É tudo um plano
de estruturação que os orien-
tadores da educação ali têm de
montar com vistas a uma me-
lhor similaridade com as crian-

Continua na 3.º página

A DEMOCRACIA É O GO-
VERNO DO POVO, PELO
POVO E PARA O POVO. A
DEMCCRACIA VIVE-SE,

Vividas as primeiras sema-
nas de natural explosão emo-
tiva, pontuada todavia por al-
guns excessos lesivos do cli-
ma de tranquilidade cívica
cuja firme salvaguarda se im-
põe, o País vai entrar numa
fase de reflectida ponderação,
iluminada pelo reconhecimen-
to de que democracia não si-
gnifica anarquia, e de que à
confusão dispersiva de actua-
ções descoordenadas não aju-
da, de modo algum, a cons-
trução do futuro que o Povo
Português anseia.

O desrespeito pela ordem
social decorrente de uma só-
lida fundamentação democrá-
tica e do perfeito funciona-
mento de instituições repre-
sentativas, foi sempre, em
todos os tempos e latitudes,
a porta por onde entraram
os ditadores. Bem gostaria-
mos de a ter encerrado defi-
nitivamente; mas só o conse-
guiremos quando cada portu-
guês impuser a si próprio,
em livre expressão da sua ca-
pacidade para o exercício da
cidadania, o mais alto padrão
de disciplina cívica, sem c
qual jamais poderá edificar-se
uma autêntica democracia.

Impõe-se-nos, antes de
mais, fazer um profundo exa-
me de consciência, para con-
cluir se será, de facto, demo-
crático o processo esboçado
de decidir e aplicar decisões
fraccionárias antes de o Povo
definir, em consenso, o tipo
de sociedade em que deseja
viver. É que a democracia é
o governo do povo, pelo povo
e para o povo, não podendo
entender-se senão na mais
inteira liberdade de expres-
são, associação, reunião, de-
bate e votação das decisões
colectivas pela via de insti-
tuíções legitimas, logo segui-
da da mais estrita observân-
cia das decisões assim toma-
das. Creio firmemente ser
essa a única forma de vida
política onde cabe a dignida-
de humana; de resto, foi em
nome desse ideal cívico que
as Forças Armadas libertaram
o País

A democracia não se con-
quista; talvez mesmo se não
construa; a democracia vive-
-se.

(General António de
Spínola, no discurso
de posse como Pre-
sidente da República)

PROGRESSO

 

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Página 2

O RENOVADOR

25 de Maio de 1974

De semana a semana O Momento Político em que vivemos

(De 13 a 19 de Maio)

EM PORTUGAL

13 — Sob a presidência do
cardeal-patriarca D. António Ri-
beiro, realizou-se a Peregrina-
ção Nacional ao Santuário de
Fátima com a presença de mui-
tos milhares de portugueses e
de estrangeiros.

** Foidissolvida a companhia
móvel da Polícia, conhecida
por «Polícia de Choque».

** Deram-se graves incidentes

na cidade da Beira (Mo-
cambique) entre brancos e ne-
gros. Os generais Costa Gomes
e Diogo Neto intervieram pe-
rante uma multidão exaltada
que vociferava contra a Freli-
mo.

** Nas Minas da Panasqueira,
1600 homens estão em
Breve.

15 — O general António de
Spínola assumiu as funções de
Presidente da República.

** Passaram à reserva 42 ofi-
ciais generais.

** A Junta de Salvação Na-

cional determinou a amnis-
tia de crimes militares pratica-
dos até 25 de Abril.

16 — Está constituído o Go-
verno Provisório do qual é pri-
meiro-ministro o dr. Adelino da
Palma Carlos.

** Foi divulgada a estrutura

constitucional que vai vigo-
rar no País enquanto não hou-
ver nova constituição política.

17 — O Governo Provisório
assumiu funções.

** Odr. Sá Carneiro, ministro

sem pasta, aceitou o encar-

go de desempenhar as funções

de adjunto do Primeiro-Minis-
-. MO:

** O ministro dos Estrangei-

ros, dr. Mário Soares, par-
tiu de avião para Dacar, a con-
vite do presidente Senghor do
Senegal.

** Após 47 anos de exílio, vol-

tou a Portugal o coman-
dante Sarmento Pimentel, um
dos fundadores da «Seara No-
Va».

** Faleceuo escritor Branqui-

nho da Fonseca que, con-
juntamente com José Régio e
João Gaspar Simões, dirigiu a
revista «Presença».

** Um relatórioda O.C.D.E.

revela que Portugal foi um
dos países que mais sofreu com
a inflação no ano de 1973.

18 — O ministro dos Estran-
geiros, dr. Mário Soares, encon-
trou-se em Dacar com Aristi-
des Pereira, secretário-geral do
PA IGOC:

19 — O Governo de Londres
está em contacto com Portuggl
acerca do cessar-fogo na Guiné.

** OM P.L A. pede aos sol-

dados portugueses estacio-
nados em Angola que deponham
as armas.

NO MUNDO

13 — Registaram-se violen-
tos tremores de terra na China,
onde houve vítimas e prejuí-
zos consideráveis, e na cidade
Skoply, da Jugoslávia, já tão
abalada por sismos anteriores.

** EmEFrança deu-se um aten-

tado contra a vida do fi-
lho de Mitterrand, que andava
em campanha eleitoral.

** O «New York Times» es-

creve que o presidente Ni-
xon não possui autoridade mo-
ral para dirigir os Estados Uni-
dos.

14 — No referendo, realiza-
do em Itália, sobre a lei do di-
vórcio, 59,1% dos eleitores ma-
nifestaram-se a favor da manu-
tenção daquela lei.

** Em Paris, o Comité de
Juristas Franceses para os
assuntos chilenos acusou a Jun-
ta Militar fascista que governa
o Chile de prosseguir numa po-
lítica de repressão brutal.

** Centistas americanos de-

ram um passo decisivo no
caminho da produção de elec-
tricidade a partir da fusão nu-
clear.

16 — Walter Schell foi eleito
presidente da República da Ale-
mamnha Federal.

** “Três terroristas árabes ata-

caram a escola de Malalot,
na Galileia, próximo da fron-
teira do Líbano, tendo causado
a morte de 16 crianças.

17 — Depois do massacre de
Malalot, vasos de jactos israe-
litas atacaram bases de guerri-
lheiros palestinianos, no sul do
Líbano, tendo causado 31 mor-
tos e 130 feridos.

** Helmut Schmidt foi eleito
chanceler da Alemanha Fe-
deral por 267 votos contra 225.

18 — A aviação israelita vol-
tou a atacar os campos pales-
tianos ao sul do Líbano.

** Um funcionário do Vatica-

no confessou, por entre so-
luços, ter roubado objectos do
Papa.

** A Comissão Internacional
de Juristas adverte que o

regime que damina o Chile pra-

tica a tortura sistemática.

** Os campos de detenção
existentes na Grécia são
um estigma para a Europa.

 

Manuel Mendes Murtinho
Júnior & Irmão

EMPREITEIROS

Fornecedores de materiais de construção e outros

Encarregam-se de todos os trabalhos de calcetamento de
granito, calcário, vidraço a branco ou incluindo qualquer dese-
nho, xisto, etc. com caixa, mão de obra e transporte.

ANSIÃO — Telefone 78

continuação da 1.º página

Simultaneamente, será preparada e
promulgada legislação básica atinente
a contemplar as condições de vida
e de integração social dos trabalha-
dores, e da sua participação efectiva
na vida da economia nacional.

SERÃO TOMADAS
PROVIDÊNCIAS.
IMEDIATAS
NO SENTIDO
DE TRAVAR A ALTA
DO CUSTO DE VIDA

Terá de substituir-se a orgânica
corporativa por um sistema institucio-
nal que, desde a empresa ao agre-
gado de trabalho, permita o contacto
e o entendimento indispensáveis entre
agentes económicos; definir-se-ão os
parâmetros da liberdade sindical que
defendemos, outorgando-se aos traba-
lhadores os instrumentos de afirma-
ção consagrados nas demais socie-
dades evoluídas do mundo em que
vivemos. Legislar-se-á sobre salário
mínimo e produtividade mínima; es-
truturar-se-á progressivamente um sis-
tema integrado de segurança social,
que garanta de facto a assistência na
terceira idade e na doença, e a re-
forma e protecção do trabalho femi-
nino — objectivos a conseguir através
de um serviço nacional adequadamen-
te estruturado. Tais medidas irão con-
templar igualmente a função pública,
em relação a cujos trabalhadores se
reconhece a inconsistência de quais-
quer medidas discriminatórias.

No domínio económico-financeiro,
terão de ser tomadas providências
imediatas no sentido de travar a alta
do custo de vida. O problema da in-
flação é um problema técnico de re-
solução muito complexa que, atenta a
inoperância de acções isoladas, deve-
rá ser tratado globalmente. Primeiro,
porque a componente importada nos
escapa; depois, porque a modificação
da estrutura de defesa nacional e a
consequente expansão da oferta pas-
sam, no nosso caso, pela solução de
problemas políticos muito delicados;
e finalmente porque aumentos de sa-
lários e congelamento de preços são,
na prática, factos incompatíveis, Tere-
mos de exercer desde já a nossa
acção no controlo dos preços nos
sectores que mais directamente one-
ram a despesa das famílias: alimenta-
ção e habitação. Há assim que legislar
no sentido de eliminar a especulação
sobre terrenos, principal factor da in-
flação das rendas de casa, e ainda
de travar a elevação destas rendas; e
terão de encarar-se medidas concre-
tas de congelamento de preços de
certos produtos básicos como recur-
so, se necessário, a empresas públicas
de distribuição.

Terão também de ser assegurados
o equilíbrio monetário e a solidez da
moeda, havendo para tanto que des-
bloquear os circuitos económico-mo-
netários internos e externos; promo-
ver a multiplicação dos investimentos
e o afluxo de capitais portadores de
tecnologias em ordem ao rápido cres-
cimento do produto nacional; tornar a
nossa indústria competitiva no mer-
cado externo; e reconverter a estru-
tura da actividade agrícola pela via
da livre cooperativização. O Gover-
no reserva-se, naturalmente, o direito
de intervir neste domínio sempre que
a iniciativa privada revele incapaci-

 

dade de resposta ao ritmo desejado
de desenvolvimento ou tenda a afas-
tar-se do quadro social em que se
perspectiva a nova sociedade portu-
guesa.

É NA ESCOLA
QUE SE FORMA
A CONSCIÊNCIA
DOS CIDADÃOS
LIVRES

No sector da educação, prossegui-
remos a reforma do ensino, demo-
cratizando a escola à luz do conceito
de que é nela que se radica e con-
forma a consciência dos cidadãos li-
vres. Terão de facultar-se a todos
idênticas oportunidades de acesso aos
bens da cultura e da educação, esti-
mulando paralelamente o florescimen-
to do nosso património cultural. Nes-
te domínio, há que consolidar a força
vinculadora da língua portuguesa co-
mo afirmação de uma História de que
nos honramos e traço de união das
comunidades lusiíadas ou lusófilas por
que essa via se manterão unidas in-

dependentemente de estatutos polí-
ticos.

Na ordem externa, o Governo Pro-
visório dará activa contribuição para
a paz e segurança internacionais, coo-
perando abertamente com a Organi-
zação das Nações Unidas. Serão res-
peitados os compromissos internacio-
nais a que nos vinculámos por força
de tratados e acordos celebrados, de-
signadamente com a OTAN, o Reino
Unido, a Espanha e o Brasil. Esfor-
çar-nos-emos por estreitar os laços
com a Comunidade Europeia e não
nos escusaremos ao estabelecimento
de relações diplomáticas com quais-
quer países.

Por último, empenhar-nos-emos em
dignificar o Poder Judicial, transfor-
mando-o em garante das liberdades
cívicas. Para tanto, haverá, antes de
mais, que situar o Poder Judicial na
mais absoluta independência do Exe-
cutivo, prestigiando-o e conferindo-lhe
total e real competência para a im-
pugnação e julgamento da constitu-
cionalidade e legitimidade dos actos
públicos.

As nossas reivindicações

continuação da 1.º página

tuem uma percentagein insigni-
ficante, em relação à grande
maioria,

Por outro lado, a emigração,
mesmo considerando a já pro-
gressiva mecanização de muitas
tarefas, levou para fora demasia-
dos braços, dos mais válidos, pa-
ra que se não sinta premente a
falta de mão-de-obra, para to-
das as tarefas agrícolas, para to-
das as actividades mais ou me-
nos diferenciadas.

São estes problemas, muito
específicos, para os quais se tem
que olhar. À ignorância, o indi-
vidualismo, o regime minifundiá-
rio da propriedade, o próprio sis-
tema de vida isolada e solitária
dei muitos, impede-os de se as-
sociarem, de conviver, de unir-se
para discutirem os seus proble-
mas. Tem que haver iniciativa
da partei de outro tipo de pes-
soas, que instrua, que esclareça,
que promova socialmente os que
pela sua incultura, pela suc
acanhada visão das coisas, es-
tão impossibilitados de o fazer.

Cremos que um regime coo-
perativo terá aqui vastíssimo
campo de possibilidades de re-
solver alguns dos problemas.
Mas quem o promove?

Pensamos em equipas de ser-
viço social, devotadas, que pe-
netrem nas aldeias, agrupem as
populações e iniciem todo um
estorço de consciencialização, de
associação, que nunca chegou
verdadeiramente a procurar-se.

Estamos já a ver que alguns
dos partidos políticos começarão
a enviar agentes de propaganda
para constituirem novos «ca-
ciques» de conquista dos votos
eleitorais. Mas se se recair no
velho sistema de há 50 anos, do
«caciquismo», à maneira da dis-
tribuição de um «copo» perto das
assembleias eleitorais, das fal-
sas promessas de uma estrada
ou de outro melhoramento, que
lucrará com tudo isso o Povo Por-
tuguês?

 

Interesses dos comerciantes

Continuação da 4 pàag.

te, terá delegações em várias zo-
nas, ao nível distrital ou outro,
ou ainda por outra forma que se
entenda melhor mas escolrida li-
vremente por todos os comer-
ciantes.

Que a longa experiência ce
quase meio século de isolamen-
to associativo lhes sirva de exem-
plo.

A Direcção do Grémio do Co-
mércio dos Concelhos de Sertã,
Proença-a-Nova, Vilad de Rei e
Oleiros, no desejo de servir o me-
lhor possível a classe que repre-
senta, acompanhará a evolução
dos acontecimentos e far-se-á re-
presentar em todas as reuniões
que se realizarem para aquele
fim e irá dando conhecimento aos
seus colegas do que for acon-
tecendo.

Oportunamente, serão convi-
dados para uma Assembleia Ge-
ral a fim de se apreciar e discutir
o estudo que aquela Comissão
está a elaborar.

A actual Direcção termina o
seu mandato em 31 de Dezembro
p. f., e está disposta a entregar
a sua missão aos seus colegas
comerciantes antes daquela data,
para que possam escolher novos
valores e com ideias jovens, que
com o calor do seu entusiasmo
levem por diante uma nova era
que despertou em Portugal, que
nós os de 50 anos não tivemos
esse privilégio e consumimo-nos
com esperanças jamais realiza-
das.

Viva Portugal!

Vivam as Forças Armadas!

Comerciantes unidos jamais
serão vencidos!

Toma-se absolutamente indis-
pensável criar um novo esforço
de aculturação das massas dos
analfabetos, formais e de facto,
mediante novas modalidades de
ensino e cultura. Mas com efeitos
reais, e não destinados a meras
estatísticas. É preciso transformar
integralmente os cursos de adul-
tos, intensificando-os de modo a
cobrirem em curto prazo, toda a
população, e modificando o en-
sino.

De que serve saber ler, se a
maioria dos letrados não conse-
gue, após o diploma, compreen-
der o que lê, ou não tem livros.
jornais ou revistas que lhe des-
pertem interesse?

Evidentemente que este es-
forço que tem de ser demorado,
só poderá ser eficaz e, nalguns
casos só poderá mesmo efecii-
var-se, economicamente, se pri-
meiro forem construídas certas
estruturas básicas de comunica-
ções rodoviárias, de distribuição
de energia eléctrica, além de ou-
tras indispensáveis à saúde e à
higiene.

Tais melhoramentos que as
populações anseiam há dezenas
de anos e que iam sendo satis-
feitas a um ritmo enervantemen-
te lento, constituem, por isso,
actividade prioritária em relação
a tantos outros melhoramentos.
sem dúvida úteis e necessários.

O espírito do NOVO REGIME
iniciado em 25 de Abril exige a
participação de todos os portu-
gueses. E os do meio rural do in-
terior do país, não o são meinos
que quaisquer outros. Mas é
também o sentido de justiça do
Movimento das Forças Armadas
que impõe a melhoria da condi-
ção de vida de todos os que
formam o todo nacional e não
apenas dos de um sector ou sec-
tores do país, de uma região ou
regiões.

Múltiplos e absorventes são os
problemas que vão preocupar o
Governo Provisório. Mas ele não
pode deixar de atender e ien-
tar lançar as bases para solução
dos que aqui simplesmente aflo-
ramos. Queremos liberdade no
progresso e não liberdade na
desigualdade e na miséria.

:-A

 

Hospital da
Misericórdia
SERTAÃ

Consultas – de

(Doenças de senhoras)

Ginecologia

Todos os sábados pelas 10 horas
da manhã por um conhecido
especialista de Tomar

A partir do dia 1 de Junho
próximo
Marcação de consultas pelo
telef. 74

 

@@@ 1 @@@

 

25 de Maio de 1974

OLEIROS

Continuação da 1.º página
ças que desfrutam do benefí-
cio positivo de viverem nos
grandes centros urbanos. Te-
remos que progredir, pois como
dizia Bertrand Russell, é difícil
simpatizar com a vida simples,
quando ela se tornma simples de
mais.

Como se pode admitir a hi-
pótese de Oleiros ter progre-
dido, se na simples e pequena
Tetrospectiva só encontro todo
um movimento regressivo?

Não tenho pelo menos a in-
tenção de tomar uma posição
de extremista, mas, quando à
velha vila de Oleiros se somam
mais umas pequenas e poucas
construções de imóveis, signifi-
ca por si só evolução?

Mantendo-me . tanto quanto
possível na posição de realista,
ainda tomo a ousadia de defen-
der a posição com pontos, que
dada a sua clarividência, dis-
pensam quaisquer comentários.

Todos quantos se prezam ser
daquela vila, sabem que ela vi-
veu momentos de franco pro-
gresso cultural, justificado com
a criação de um Rancho Etno-
gráfico, de um grupo teatral,
de um grupo desportivo, etc.,
etc. Mas, onde esta tudo isso?
E o que é mais extraordinário
ainda, quem foram os impulsio-
nadores de tudo isso? Quem, se
não pessoas desempenhando ali
funções ligadas aos C. T. T.
e igreja que nem sequer eram
nossos conterrâneos ?

Quem se arrojou a dar con-
tinuação real de modo a ates-
tar todo um conjunto digno e
«preciso», quando essas entida-
des por obrigações profissionais
foram obrigadas a abandonar
Oleiros?

Pois é verdade, nada teve
continuação e tudo se consu-
mou. Consequências: Uma vila
caindo progressivamente no iso-
lamento, quando alguém nessa
altura tinha nas mãos o poder
de contribuir para uma melhor
abertura do seu povo, um fu-
turo mais claro e objectivo.

Não, efectivamente não cabe
dentro das minhas pretensões
perguntar ou indicar culpados.
Direi apenas que são todos e
nenhum. Mas o que muitas ve-
zes pergunto a mim mesmo,
isso sim, é: Se em vez de duas
ou três — entidades estranhas
que ali estavam desempenhan-
do cargos, fosse um número
mais elevado distribuído pelos
cargos públicos, que sistemati-
camente vêm sendo entregues
aos nossos conterrâneos, esse
movimento progressista cultu-
ral teria encontrado o seu fim?

À ideia de que a Câmara Mu-
nicipal é pobre, vulgarizou-se
e realmente da maneira como
ôouvimos pronunciar a palavra
«pobre> —“convencemo-nos tam-
bém. Porém não poderemos per-
mutar de situações com os na-
turais de outros Concelhos, ou
teremos que procurar enviar os
nossos filhos a centros mais fa-
vorecidos pela receita das Câ-
maras ou outros serviços pú-
blicos ?

– ENE DAA E ET SE L RA ANA SU o

Manuel Nunes
da Silva

Agradecimento

Nazaré da Conceição Nunes,
Diamantino Nunes, mulher e fi-
lhos e António Nunes, mulher e
filhos, vêm por este meio agra-
decer a todos quantos se digna-
ram acompanhá-los na perda e
funeral de seu marido, pai, sogro
e avô, Manuel Nunes da Silva,
que foi ofícial de diligências na
Sertã.

Não será a altura de reunir
todos os esforços no sentido de,
junto de entidades competen-
tes governamentais expor o
problema e tentar solucioná-lo
de modo que a Câmara passe
a ser menos «pobre», para be-
nefício de todos quantos ar-
dentemente esperam ali uma
melhoria de situações a todos
os níveis?

Entregamo-nos ao destino e
esperamos pacientemente que o
Governo se lembre de nós?

‘Tenho conhecimento conereto,
que em situações idênticas foi
possível transferências de ver-
bas, aliás, o mnosso concelho
conta com um exemplo de al-
guém que interveio junto do
Ministério campetente e conse-
guiu uma verba razoável para
a sua Freguesia. Mas temos de
continuar sob a acção e inter-
venção de estranhos aos pro-
blemas internos da Câmara?

Para além disso, a sugestão
de um equipamento de projec-
ção de filmes em condições nor-
mais na sala dos Bombeiros
(uma vez não existir casa pró-
pria e terem sido já proviso-
riamente ali projectados al-
guns), o rápido arranjo do
campo para a prática do fute-
bol, o qual vem sendo utilizado
somente para a realização de
feiras, não me parece de modo
algum despropositado.

Mas tu, vila de Oleiros, tu
que te mostras tão amável, tão
estrondosamente afável, com
aquela afectividade que te é
peculiar, lutas assim com pro-
blemas tão graves?!!!

9 RENOVADOR

Constituição do

Governo Provisório

Continuação da 4º* pag.

Secretário de Estado do Planeamento Económico: Dr. Vítor
Constâncio
Secretário de Estado da Indústria e Emergia: Eng. José de
Melo Torres Campos
Secretário de Estado da Agricultura: (ainda não designado)
Secretário de Estado do Comércio Externo e Turismo: Dr.
Emílio Rui da Veiga Peixoto Vilar
Secretário de Estado do Abastecimento e Preços: Dr. Nel-
son Sérgio Melo da Rocha Trigo
Subsecretário de Estado das Pescas: (ainda não designado)
Ministro dos Negócios Estrangeiros: Dr. Mário Soares
Ministro do Equipamento Social e Ambiente: Prof. eng. Ma-
nuel Rocha
Secretário de Estado das Obras Públicas: Eng. Pedro Nunes
Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações: Eng.
Manuel Ferreira Lira
Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo: Arq. Nu-
no Portas
Secretário de Estado da Marinha Mercante: (ainda não de-
signado)
Subsecretáriode Estado do Ambiente: Arq. Gonçalo Ribei-
ro Telles
Ministro da Educação e Cultura: Prof. Eduardo Correia
Secretário de Esstado da Administração Escolar: Eng. Pros-
tes da Fonseca
Secretário de Estado dos Assuntos Culturais e Investigação
Científica: (ainda não designado)
Secretário de Estado dos Desportos e Acção Social Escolar:
(ainda não designado)
Secretário de Estado de Reforma Educativa: Prof. Orlando
de Carvalho
Ministro do Trabalho: Avelino Amntónio Pacheco Gonçalves
Ministro dos Assuntos Sociais: Prof. Mário Murteira
Secretário de Estado da Saúde: Dr. António Galhordas
Secretário de Estado da Segurança Social: Dr. Maria de
Lurdes Pintassilgo
Ministro da Comunicação Social: Dr. Raul Rego
Ministros sem Pasta: Dr. Alvaro Cunhal, Prof. Pereira de Mou-
ra e Dr. Sá Carneiro
Nos termos da . estrutura constitucional, aos ministros sem
pasta competem missões de natureza específica e funções
de coordenação entre Ministérios ou quaisquer outras que
lhes sejam delegadas pelo primeiro-ministro

 

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Página 3

—— NA MÃO
DE DEUS

D. Maria Farinha

No passado dia 13 de Maio
faleceu, na Sertã, a Srº D. Pal-
mira Farinha, de 77 anos de ida
de, casada com António Nunes,
barbeiro, a exercer a sua profis-
são nesta vila

Era irmã de Conceição Farinha
e de Luísa Farinha, residentes na
Sertã.

AGUARELAS

Continuação da 1.º página
ram dois púcaros de barro e
por baixo apuseram por igual
em latim: — «Se embatemos
um no outro escaqueiramo-
-nos!»

Bela lição entregue à nioe-
da celebrativa do tratado.
Duas nações húmidas e vis-
cosamente mercantis viram à
justa que unidas podiam ir
longe, inclusivamente na pi-
lhagem. Hoje na vida política
importa ter o sentido da uni-
dade. Dizem que vai haver
uma multidão de partidos que
tais cogumelos em quintal in-
vernio vão comer energias
populares e desnortear quiçá
o pouco senso npolítico das
turbas. Mau é isso. Em país
pequeno tudo o que mais que
meia dúzia de partidos é es-
frangalhar a fronde cívica e
aumentar a retórica no comi-
cio.

Se os meus leitores do «Re-
novador»> formarem partido
avisem-me porque eu estou
disposto a inscrever-me mas
não quero ficar com a sala
às moscas e eu a enxotá-las.

Quero ingressar num par-
tido forte, animado de bons
princípios e onde os discursos
não ultrapassem a meia-noite.
Quremos união, interesse pe-
la coisa pública e que não ha-
ja arrepelo de barba no final
dos discursos que todos serão
feitos sob a égide de Quinti-
liano e de Marco Túlio Cícero.

Vamos pensar a sério na
nossa vida política e nas van-
tagens da. união.

Cooperativa — Agrícola
do Zêzere

Continuação ds 4.º página
sição de terreno, escritura e si-
sa, 322.746$80; Secção de Máq.
Agrícolas, valor de aquisição,
250.520880. Soma 1.870.410540.

Total:; 2.013.657$10.

Exigível

A Curto Prazo: Devedores e
Credores, 151.816$90; Letras a
pagar, — 140.000$00; Soma:
291.8165890,

A Longo Prazo: Junta Coln.
Interna c/ Emp., 601.871$40.

Não Exigível

Reintegrações: Secção Olivi-
cultura, Fundo Amortiz. Imó-
veis, 67.000$00; Fundo Amort,
Máq. e Inst., 220.00$00; Fundo
Amort. Fer. Móveis e Utensí-
lios, 30.000$. Soma : 317.000500.

Secção Máquinas Agrícolas:
Fundo Amort. Máq. Agrícolas,
81.00$00. Soma : 398.000$00.

Situação Líquida Activa:
Junta . Nacional do Azeite,
50.00080; Capital Subscrito,
475.550800; Fundo de reserva
legal, 25.000$; Lucros e Perdas,
171.418$80. Soma: 721.968$80.

Total: 2.013,657810,.

Cernache de Bonjardim, 31
de Dezembro de 1973.

O Conselho Fiscal,

Bonjuma SARL, Fernando da
Mata Vaz Serra
Seminário das Missões Ultra-
marinas — O Reitor, José Fer-
nandes

A Direcção

Dr. Manuel António Dias da
Silva
António David Silva —Moreira
António Ferreira Leitão

 

@@@ 1 @@@

 

Página 4

O RENOVABDOR

25 de Maio de 1974

A Gooperativa Agrícola do Zêzere

com sede em Gernache do Bonjardim
apresentou o seu Relatório e Gontas

Com data de 15 de Março, a
Cooperativa Agrícola do Zêzere
apresentou aos sócios para
aprovação o relatório da sua
actividade e o Balanço relativo
ao ano social findo em 31 de
Dezembro.

Na impossibilidade de o
transcrevermos na íntegra, da-
remos alguns extractos do pri-
meiro e o Balanço geral.

«No Balanço, diz-se: permi-
timo-nos chamar a atenção pa-
ra as Imobilizações, que passa-
ram de 1.740.244$800, para
1.870.410$40, com uma diferen-
ça para mais de 130.000$00,
sendo o maior valor nas Máqui-
nas Agrícolas, que se cifraram
em 107.250$00, devido a liqui-
dação da apanhadora de azei-
tona, à compra e liquidação do

pulverizador para tratamento
de árvores e à compra do 1º0-
tocultivador. Na parte de des-
pesas o Exigível desceu de
326.816$90 para 291.816$90 ou
sejam 35.000$00 a menos e se
acrescentarmos as verbas des-
pendidas com a aquisição de
máquinas pode-se ver o esfor-
ço de tesouraria feito pela Di-
recção. As Reintegrações pas-
saram de 264.000$800 para
398.000$800 com um aumento
portanto de 134.000$00.

Nas diversas Secções o tra-

Tarde de

Pela tarde do dia 14 de
Maio, a Sertã alvoroçou-se! No-
tícias chegadas de Lisboa eram
de expectativa: a Senhora D.
Lídia piorara assustadoramen-
te

Pessoas amigas dirigiram-se
discretamente à residência de
Família, procurando indagar a
verdade. Com efeito, a Senho-
ra não estava bem e o seu esta-
do, que chegara a ser tão es-
perançoso, agravara-se irreme-
diavelmente…

Poucas horas depois a ocor-
rência triste, que todos repu-
diávamos do pensamento, viera
esmagar pessoas amigas ou
simplesmente “conhecidas; a
Senhora D. Lídia da Silva Bár-
tholo falecera!

Grande consternação, gran-

– de mágoa.

Esta Amiga que muitos de
nós perdemos era uma verda-
deira alma de eleição. Senhora
de excepcionais virtudes, distin-
ta e boa, afável e caridosa, no
verdadeiro e puro sentido, era
católica convicta e de grande
formação.

Tarde triste, a de 14 de Maio!
Notícia triste que à Sertã, e
não só, consternou profunda-
mente.

Dolorosa ocorrência que di-
lacerou para sempre os cora-
ções de suas extremosas Irmãs:

anegustia

tholo, D. Maria Emília da Sil-
va Bártholo e D. Maria Fernan-
da da Silva Bártholo.

Na inabalável Fé em Deus
que anima a sua vida espiri-
tual, encontrarão, sem dúvida,

estas distintas Senhoras,

leni-
tivo para tão grande dor que,

palavras vulgares não conse-
guem suavizar.

«Felizes 08 que morrem no

Senhoras D. Alda da Silva Bár- — Senhor.»

PROBLEMAS
DO ULTRAMAR

«Convirá repetir que os territórios onde soldados portu-
gueses jogam a vida constitui rendosa coutada de companhias
multinacionais: nos últimos dez anos abriram-se as portas à
«Krupp» nas minas de ferro, à «Gulf * Oil», americana, nos
petróleos, à «Compagnie Française des Petroles» associadas a
capitais belgas, americanos e sul-africanos na «Petrangob>, a
capitais sul-africanos e americanos na exploração de diaman-
tes, a um grupo japonês que explora enxofre. A «Anglo-Ame-
rican Corporation» surge na prospecção de diamantes e no cul-
tivo de açúcar e outros grupos igualmente poderosos tomam
nas mãos os melhores negócios. Evidentemente que toda esta
gente se mascara: cúmplices portugueses fazem-lhe o jogo.
Falava-se muito de patriotismo mas o verdadeiro rosto dos
factos há-de ver-se quando o inventário dos privilégios se fizer
com fFTigor e verdade.

Em escala infinitamente menor há os interesses dos por-
tugueses que se fixaram no Ultramar, ou dos seus descenden-
tes. Ora se uma solução de tipo rodesiano é não só impossí-
vel na prática como imoral nos objectivos, o abandono ime-
diato, sem cuidar dos bens legitimamente adquiridos pelos
nossos compatriotas seria, além do mais, uma covardia e uma
deserção.

Porque o problema se reveste de mil aspectos, complexos e
delicados, carece não só de estudo profundo mas também de
perfeita serenidade. E da urgência suficiente para não deixar
deteriorar o que durante anos foi apodrecendo à sombra da
máxima salazariana de que «adiar é resolver». Não era. Tra-
gicamente se vê que não era.» (Do «Jornal do Fundão»).

balho processou-se mais ou me-
nos normalmente e somente
queremos deixar dito que na
Secção de Fruticultura taemos
encontrado dificuldades com a
instalação de Estação Frutei-
ra, pois as dificuldades com a
construção do edifício têm sido
bastantes, pois os empreitei-
ros não querem fornecer orça-
mentos, pela dificuldade que há
na aquisição e alteração de
preços das diversas matérias-
-primas.» :

BALANÇO

Disponível
Caixa, 62.018$30; Depósitos
em bancos, 46.453$40. “Total:
108.4718$70.
Realizável
Subscritores — de
9.775800; Armazém,
Soma: 34.775$00.
Imobilizado
Secção de Olivicultura: Imó-
veis, 585.249$80; Mádq. e Instal.,
677.978$7TO0; Ferram. Móv. Ut.,
33.914$30. Soma: 1.297.142580.
Secção de Fruticultura: Aqui-

Continua na S.º página

capital,
25.0008.

 

ECOS
DE FUNDADA

Falecimento

Depois de três dias de inter-
namento e de todos os esforços
clínicos (que nada vieram a
resultar), faleceu no Hospital
de Santa Maria em Lisboa mo
passado dia 9, com 62 anos de
idade, a senhora Maria da Con-
ceição, natural e residente ma
povoação de Abrunheira Gran-
de, desta freguesia. Deixa viúvo
o senhor Manuel Mateus Doro
e os seguintes filhos: Lino Lei-
tão da Silva Mateus (nosso
estimado assinante), casado, re-
sidente em África do Sul; Ma-
ria Rosa Leitão Mateus, casa-
da com Manuel da Silva Ma-
teus, residentes em Abrunheiro
Pequeno; Bernardino Leitão da
Silva Mateus, em cumprimento
do seu serviço militar na nossa
Província da Guiné.

O funeral da extinta senhora
realizou-se dois dias após a sua
morte para o cemitério Paro-
quial desta freguesia, no qual
tomou parte numeroso povo,
que sentiu profundamente a sua
morte inesperada, que segundo
consta teve origem de uma he-
morragia menígea.

A toda a família enlutada
apresentamos — sentidas condo-
lências.

Reunião de proprietários

No passado dia 19, no nosso
salão paroquial, teve lugar uma
reunião, que teve por fim elu-
cidar os ditos proprietários, das
possibilidades e caminhos que
têm a seguir, para melhor ren-
tabilidade dos seus pinhais e
melhores condições de vida
nestes meios rurais (tão des-
protegidos), As elucidações fo-
ram-nos dadas através dos ór-
gãos directivos da SPROLEI —
que se dignaram deslocar-se a
esta localidade, acompanhados
de alguns técnicos da Direcção
Geral dos Serviços Florestais.
Desde já agradecemos todos os
esforços cometidos e fazemos
votos para que a dita reunião
venha a produzir os melhores
êxitos para bem de todos. —
(C.).

 

Firmino Miguel

meida Santos

no de Azevedo Coutinho
designado)

lhães Mota

meida

Leal
Cond

GConstituíção do
loverno Provisório

Primeiro Ministro: Prof. Palma Carlos
Ministro da Defesa Nacional: Tenente-coronel do CEM, Mário

Ministro da Coordenação Interterritorial: Dr. António de Al-
Secretário de Estado da Administração: Dr. Deodato Nu-
Secretário de Estado dos Assuntos Económicos: (ainda não

Ministro da Administração Interna: Dr. Joaquim Jorge Maga-

Ministro da Justiça: Dr. Francisco Salgado Zenha
Ministro da Cordenação Económica: Dr. Vasco Vieira de Al-

Secretário de Estado das Finanças: Dr. José da Silva Lopes
Subsecretário de Estado do Orçamento:

Subsecretário de Estado do Tesouro: Dr. Artur Luís Alves

Dr. António Costa

Continua na 3.º página

VILAR BARROGO

A IGREJA

Está concluído o muro com
vista ao alargamento do adro
na zona da construção da Igre-
ja. Também já se conseguiu al-
gum ferro, pelo que tudo leva
a crer que dentro em breve vão
começar a surgir os pilares.

Continuamos a mencionar as
ofertas recebidas e destinadas
a esta obra ao mesmo tempo
que vamos lembrando a neces-
sidade de que muitas mais sur-
jam. Particularmente aos natu-
rais desta freguesia, pedimos e
desejamos a melhor compreen-
são e boa vontade possível. Na
altura própria, contactaremos
com cada um, na intenção de
se conseguirem mais ofertas
para esta nossa obra.

Transporte anterior: 5 9958.

João Luís, Carpinteiro (Vi-
lar Barroco, 500$00; Joaquim
Dias Gonçalves (Vilar Barroco),
500$00; Joaquim Dias Peres

(Vilar Barroco), 50$800; Joa-
quim Almeida-Sénior — (Vilari-
nho), 100$00; Joaquim — Luís

Roque (Vilarinho), 300$S; Ma-
ria de Jesus Lopes (Póvoa de
Cambas), 100$00; José Almei-
da (Malhadancha), 300$00; Jo-
sé Mateus (Malhadancha),
200$00; Manuel Joaquim (Pó-
voa da Ribeira), 500$00.

Sama: 8 5458$00.

PARTIDAS

Mais uma vez, partiram para
França os senhores Joaquim
Dias (Gonçalves), Manuel Dias
Rei e Joaquim dos Anjos Al-
meida, de Vilar Barroco; Joa-
quim Almeida (Júnior) e José
de Jesus Roque, de Vilarinho.
— (C).

Novos
assinantes

A família de O RENOVADOR
foi aumentada com mais alguns
assinantes. Ficámos e devê-los
à dedicação e amizade de ou-
tros colaboradores desta empre-
sa que não é só nossa, mas de
toda esta querida Região:

António Antunes Abílio, resi-
dente no Barreiro, remetido pelo
nosso assinante, António Antu-
nes Júnior; D. llda da Costa
Sales, de Lisboa, enviado pelo
nosso amigo, José Antunes Ama-
ro, de Pedrógão Pequeno; José
Mateus, da Cova da Piedade, re-
metido pelo nosso prezado as-
sinante, senhor José Farinha
Lourenço, do mesmo lugar.

A todos o nosso MUITO OBRI-
GADO.

Inferesses dos tomertiantes

Do Grémio do Comércio de
Sertã, Proença-a-Nova, Oleiros e
Vila de Rei, recebemos com pedi-
do de publicação, a notícia e o
apelo que adiante gostosamente
publicamos.

Se todas as classes se rees-
truturam e organizam para defesa
dos seus legítimos interesses e
direitos, também a dos comer-
ciantes não pode ficar inerte. Por
isso aqui estamos ao dispor dela,
como aliás de todos os outros
para sermos o veículo público das
suas decisões e contribuirmos,
assim, para a maior participação
de todos os portugueses na vida
pública.

Realizou-se no passado dia 15,
em Coimbra, na Associal Comer-
cial (Ex-União de Grémios dos
Lojistas de Coimbra), uma reu-
nião de comerciantes para tratar
da reorganização dos Grémios de
Comércio, de acordo com a
actual Conjuntura Política Demo-
crática, instaurada em Portugal
pelas Gloriosas Forças Armadas.
Estiveram presentes comercian-

tes retalhistas dos Distritos do
Porto, Coimbra, Leiria, Santarém
e Castelo Branco; os concelhos
da Sertã, Proença a Nova, Vila
de. Rei e Oleiros, estiveram re-
presentados pelos Senhores Joa-
quim da Silva Lourenço Júnior
e Rogério Pacheco Serra.

É de registar o ambiente de sa-
tisfação que se notava em todos
os presentes, por poderem ex-
por livremente os seus proble-
mas, o que não acontecia no en-
terior regime.

Debateram-se inúmeros assun-
tos de interesse para a Classe
Comercial Retalhista.

Foi eleita uma Comissão cons-
tituída por dois elementos de ca-
da um dos Distritos ali repre-
sentados, que irão estudar as
bases para a reestruturação “o
Comércio através de uma gran-
de organização de carácter Na-
cional, Associação Comercial ou
Sindicato, ou ainda outro nome
que os comerciantes de Portu-
gal escolham livre e indepen-
dentemente, a qual, possivelmen-

Continua na 2.º página