O Renovador nº215 20-04-1974

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Ano V — N.º 215 — AVENÇA

20 de Abril de 1974

D RENDVUADDR

SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO

DISTRITO DE CASTELO BRANCO — CONCELHOS DE: SERTA, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REI

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Rua Lopo Barriga, 5-r/c — SERTA — Telef. 131

DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSE ANTUNES

COMPOSIÇÃO E
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas

IMPRESSÃO:

Vamos criar o Grupo

dos Amigos da Sertà

Por Ántónio Domingos Barata

Porque não havemos de traba-
lhar em grupo, movidos pelo
mesmo ideal, com uma força in-
quebrantável de antes quebrar
que torcer, a fim de colocar a
nossa Sertá no promontório a
que ela tem direito por muitas
razões?

De maneira nenhuma acredito
que os filhos da Sertá a tenham
esquecido, a tenham abandona-
do.

Isso nunca. Seria um crime
que os vindouros !hes não per-
doariam.

Portanto, toca a unir fileiras,
a formar o GRUPO DOS AMI-
GOS DA SERTÃ.

Creio que os seus filhos ainda
não perderam aquela fibra que
levou D. Nuno Álvares Pereira a
formar aqui o Ala dos Namo-
rados.

Ainda para aí há muita gente
que deve lembrar-se de um Gru-
po de Homens e amigos desta
nossa terra que desde o prin-
cípio do século e até por al-
turas de 1930, sem grandes re-
cursos, contando mais com a sua
boa vontade e com o seu bair-
rismo do que com as compart!-
c’pações do Estado, fizeram pro-
dígios e até milagres:

— O abastecimento de água
de Gonçalo Mógão à Sertã,
cuja distância não é pequena

— “Construção da antiga Pra-
ça da República.

— Construção do cemitério,
que ainda hoje satisfaz.

— Construção cdo Hospital,

obra admirável,
grandeza.

— A majestosa construção
dos Paços do Concelho.

— A construção do Clube,
que muitas grandes cidades do
país desejariam ter.

E tudo isto foi feito, como?

Com .a união de uma dezena
de carolas, que, lançando fora
canseiras e sacrifícios, e, sabe
Deus quantas vezes recorrendo
aos seus magros recursos, tapa-
vam buracos de toda a espécie.

De 1930 a 1959 (perto de 30
anosl…) quase nada se fez.
Apenas a ‘electricidade, algum

Continua na 3.º página

em toda a sua

benteos de Juvenfude

O Decreto-Lei n.º 446/71
criou o Secretariado para a
Juventude que se encontra em
funcionamento na Secretaria de
Estado da Juventude e Despor-
tos desde Outubro de 1971.

A sua principal acção tem-se
exercido através dos Centros de
Juventude espalhados por todo
o País, com o objectivo de
preenchimento dos tempos li-
vres dos jovens de uma manei-
ra simultaneamente recreativa,
esclarecedora e formativa.

Os Centros de Juventude
actuam com carácter massifi-
cado, como por exemplo coló-
nias de férias, campos de tra-
balho, etc., e constituem verda-
deiramente clubes de jovens
que organizando-se por sua li-
vre iniciativa são apoiados fi-
nanceira e tecnicamente pelo
Secretariado nas manifestações

UM AGRA

Todos, mas todos nós, deve-
mos ao nosso jornal «O Reno-
vador» um agradecimento.

À nossa região, uma região
outrora vulgarmente chamada
charneca, cujo nome significa
terra inculta, hoje podemos di-
zer que mudou de roupa e pas-
sou de chamneca a uma terra
fértil e progressiva. Verdade se
diga, não fomos nós os naturais
que fizemos este milagre; mas

Sentado num pequeno escabeio,
trançadas as duas mãos uma na ou-
tra em cima de uma mesita enxo-
valhada, melifluo e redondo de cara-
-di-lo-ieis um “buda fugido à China
comunista, fugido com a doçura e
os remédios, as benditas ervas
cheias de aromas e de virtudes.
Ponto é conhecê-las e ele conhecia-
-as de antigo. É cada vez as co

‘ nhecia mais. Alí estava a erva de S,
Roberto, a rainha das ervas quando
se tratava de acudir ao nariz, à gar-
ganta, à laringe, aos gorgomilos de
tanta gente aflita. Ali estava a gies-
ta branca, mais além o chá de ma-
cela, de rosmano… Todos aqueles
molhinhos pendurados ao longo da
parede eram remédios certos que,
preparados com infusão e tomados
aos goles, valiam por mil boticas.
Os campos são a mesa posta por
Deus para nos alimentar e curar.
Cocei a cabeça com cepticismo e

AGUARELAS

por

O ERVANÁRIO

JOÃO MAIA

avancei: mas os médicos a modos
que não vão na maré dos chás. lsso
sei eu, mas nanja que eles curem
mais gente do que eu. O chá não é
para se tomar à laburda. É preciso
saber quando, como e por quem de-
ve ser tomado. Quer que lhe conte
uma história? Sou doido por elas;
uma história para mim é meia cura.
Pois então aí vai: como sabe os
médicos arrenegam dos ervanários,
no melhor dos casos riem-se deles
e o riso, valha a verdade, não nos
aleija. Ora aconteceu, já lá vão uns
anitos, que um médico cá dos si-
tios se viu a braços com uma doen-
ça que por modos não vinha nos
livros e os remédios mais a atiça-
vam. Uns febrões que não lhe digo
nada. Os parentes vão ter com ele
e porque a alguns os tivesse eu
amezinhado pegam a apertar com

Continua na 2.º página

RENOVAÇÃO É

NA

EGIMENTO

sim a evolução do tempo que
vai decorrendo, e de mos ca-
lhar a nós, terra própria para
uma floresta como não há igual
no país e talvez na Europa. À
vida tem estes caprichos e gra-

Por
JOAQUIM M. ALMEIDA

ças a eles, nós possuímos então
o que há de bom actualmente
em qualquer parte do mundo:
MADEIRA! Tão rico é o nosso
terreno em pinhal, que nem se-
quer necessitamos de o semear.
Ele nasce e cresce sem qualquer
empate monetário dos seus pro-
prietários. Qual a cultura hoje
melhor?

Que esperamos nós para o
manter?

Tudo tem sido dito pelo nosso
jornal «O Renovador». Graças a
ele, hoje temos um pouco de
valor na nossa região, não só
defendendo os seus interesses
no que toca principalmente ao
nosso património, como nos elu-
cida de preços e orienta, como
e onde podemos actuar na de-
fesa dos nossos interesses. Não
tenhamos dúvidas de que o nos-
so PORTA-VOZ tem demons-
trado uma orientação decidida
mo desenvolvimento e engran-
decimento da nossa região.

Assim, aqui apelo para todos,
mas todos os naturais dos con-
celhos de SERTÃ, OLEIROS,
PROENÇA-A-NOVA e VILA
DE REI, que assinem, Jleiam,
divulguem o nosso jornal por-
que, com ele, todos andarão
mais bem informados das ne-
cessidades da sua terra.

Da minha . parte, apenas agra-
deco a «O Renovador» tudo
quanto tem feito por uma re-
gião que bem abandonada es-

Continua na 3.º página

DA

UNIÃO E

de natureza desportiva, cultu-
ral, simplesmente recreativa ou
mesmo técnica,

Assim é que nalguns Centros
disseminados pelo País em ci-
dades e vilas se têm desenvol-
vido já autênticos estaleiros de
jovens dedicados à fotografia,
à publicação de jornais de pa-
rede, à organização de recor-
tes sobre os mais diversos te-
mas, à pesca desportiva, ao té-
nis de mesa, ao xadrez, €tc., se-
gundo o esprito de iniciativa,
as qualidades manifestadas por
alguns e as possibilidades dos
seus participantes.

Muitos se queixam de que -os
jovens não têm interesse por
certas manifestações do espíri-
to, pelo próprio desporto, pelos
grandes ideais cívicos.

Mas já se lhes abriram por-
tas, já se lhes deram possibili-
dades de cultivarem e aperfei-
coarem as suas inclinações?

Foram criados os CENTROS

ma falámos.
ideia sido suficientemente de-
senvolvida para atrair os jo-
vens, para os levar a agrupa-
rem-se e a constituirem-se em
organismo activo e dinâmico?

Neste jornal publicou-se há
tempos a notícia de que havia
sido solicitada pelo senhor Pre-
sidente da. Câmara Municipal da
Sertã a criação de um CEN-
TRO DE JUVENTUDE na Ser-
ta. Acrescentaremos hoje que
foi instada essa criação pela
mesma em

Mas à Juventude” Essa já
comecçou a organizar-se a pen-
sar no que vai ser o seu CEN-
TRO.

Não basta que alguns tenham
manifestado um desejo vago de
terem o que outros têm. Não
basta que as nossas autoridades
estejam atentas e desejosas de
proporcionarem aos jovens o
que pensam lhes pode ser útil.

É indispensável que estas ini-
ciativas partam de baixo para
cima, Que surjam dos próprios
jovens as actuações concretas.

Só assim se poderá dizer que
o CENTRO DE; JUVENTUDE
será um CENTRO DE JOVENS
e PARA JOVENS.

— Sabemos que a Igreja
está abalada na firmeza dos
seus princípios e na projec-
ção da sua doutrina. Ouvi-
mos falsos profetas pregar
doutrinas de perdição e ve-
mos padres solidarizados
com os que querem aniqui-
lar a própria Igreja. Mas sa-
bemos que a Igreja, que tem
fundamento divino, vai pre-
valecer, para além das con-
tradições de alguns que di-
zem representá-la. Vemos já
o seu chefe temporal apelar
para a urgente espirituali-
zação do seu clero e recor-
dar a máxima evangélica de
dar a Deus o que é de Deus
e a César o que é de César.

Nós, somos o poder civil e
estamos cônscios das nossas
responsabilidades e dos nos-

sos direitos pelo que confia-

IDEÁRIO

damente esperamos que de-
terminados eclesiásticos se
não imiscuam negativamen-
te na reforma social que nos
incumbe realizar e que rea-
lizaremos.

— Sabemos que temos
uma economia que assenta
na iniciativa privada e na li-
vre empresa, pois acredita-
mos que esta é a melhor for-
ma de assegurar o progres-
so da Nação, Repudiamos,
portanto, as soluções socia-
listas e de colectivização da
riqueza; mas repudiamos
com a mesma força um ca-
pitalismo sem sentido social
e opomo-nos decididamente
ao que Salazar designou um
dia de «flor do mals «do
pior capitalismo — a pluto-
cracia. Lutamos também pe-
la concretização de uma so-
ciedade assente ma justiça
social e no bem comum e
para o conseguir repudiamos
igualmente quantos procu-
rem — patrões ou sindicatos
mal orientados — fazer
frente ao poder político e às
leis do Estado, empregando
as mais variadas formas de
influência, de intimidação e
de pressão.

Ú o E EE EA E a :
— —.

(Dr. César Moreira Bap-
lista, Ministro do Interior,
em 6-3″74).

MEN’DO DA ESTRADA 534
DA SEDE DESTA. FREGUE-
SIA ATÉ à POVOAÇÃO DE
VILAR DO RUIVO?

Já por diversas vezes, nos
debruçcámos (neste prestimoso
periódico) sobre o assunto em
epigrafe e mais uma vez, em

nome de todos os utentes da
dita via, com a máxima con-
sideração e respeito, vimos ape-
lar para quem de direito (e

dentro das — possibilidades do
nosso Governo), para que o
mais breve, possível, se venha
a pôr termo de Tnverno aos
lamaçais (que tantos têm sido)
e de Verão às grandes nuvens

Continua na 2.º página

PROGRESSO

 

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Página 2

De semana a semana

(De 8 a 14 de Abril )

EM PORTUGAL

8 — O presidente da Finlân-
dia esteve, em visita de passa-
gem, em Ponta Delgada.

— Angola produziu, no últi-
mo ano, mais de cem mil quilos
de açúcar.

9 — A linha ferroviária de
Sintra vai ser amplamente re-
modelada e aumentada a ca-
pacidade da estação do Rossio.

— Em Luanda foi inaugura-
do o IV Congresso da Sociedade
Amnatómica da África Austral.

— Será inaugurado dentro
de um ano, em Lourenço Mar-
ques, um edifício com 33 anda-
res que será o maior imóvel de
todo o espaço português.

10 — O Conselho de Minis-
tros, sob a presidência do dr.
Marcelo Caetano, aprovou di-
plomas muito importantes, en-
tre os quais o decreto que esta-
belece providências especiais para
defesa do consumidor, podendo
levar à requisição, por parte
do Governo, de produtos ou
mercadorias. Também foi cria-
do um serviço de recepção e
apoio a portugueses afectados
por medidas tomadas contra
eles em países estrangeiros.

— O paquete «Niassa» foi al-
vo de um atentado quando se
preparava para largar. — Num
dos porões, deflagrou um enge-
nho explosivo que causou leves
ferimentos em quatro militares
e alguns danos materiais. Algu-
mas horas depois, o navio se-
guiu viagem.

— A Petrosul, encarregada
da construção do complexo de
Sines, firmou contrato, no va-
lor de 200 milhões de dólares,
com as empresas de engenharia

francesa Technip e Procofran-
ce, para o projecto e construção
de uma refinaria de petróleo,
com uma capacidade para 10
milhões de toneladas de ramas
de petróleo por ano.

11 — O antigo ministro das
Relações Exteriores da Espa-
nha, prof. Lopes Rodó, encon-
tra-se no nosso País, a convite
do dr. Marcelo Caetamo.

— Portugal participa num
congresso internacional —sobre
economia e finanças realizado
em Varsóvia.

— Chegou ao Tejo o barco
americano «Seismic Surveyor»,
de prospecção sísmica, que vai
investigar os recursos petrolí-
feros da nossa plataforma con-
tinental.

NO MUNDO

8 — Começou, em França, a
campanha eleitoral.

— A cidade de Harrar, a 400
quilómetros ao sul de Adis Abe-
ba, foi ocupada pelo Exército
etíope.

10 — A Bolívia pretende re-
cuperar os territórios na costa
do Pacífico que perdeu na
guerra de 1879-83 com o Chile,
a fim de obter uma abertura
para o mar.

— Apesar do embargo árabe,
os Estados Unidos continuam a
receber ramas de petróleo.

— Golda Meir apresentou a
demissão assim como a de todo
o governo israelita, do qual é
primeiro-ministro.

13 — Os israelitas atacaram
o interior do Líbano em respos-
ta ao «raid» à cidade de Kyriat
Shmona.

Fnleceu o Emboixador de
Portugal no México

continuação da 4.º página

diante concurso, em 1947, tendo
ascendido aos vários graus da
hierarquia tanto na Secretaria de
Estado como no serviço externo.
Quando promovido a 1.º secretá-
rio de legação, em 22 de Dezem-
bro de 1959, foi-lhe. confiada a
chefia de Secção de Cifra, daí
transitando para a Embaixada em
Paris.

Foi observador à 11.º sessão da
Conferência Geral da UNESCO,
reunida em Paris em Novembrio
de 1960. Esteve em comissão na
Embaixada de Carachi. Fez parte
das delegações portuguesas àSs
reuniões do Conselho Ministerial
da NATO também realizadas em
Paris. Promovido a conselheiro de
legação em 1963, após aprova-
ção em concurso, foi colocado
em comissão no consulado de S.
Paulo, onde veio a ser cônsul-
-gezal no mesmo ano. Transitando
um ano depois para a Secretaria
de Estado, é elevado à categoria
de ministro plenipotenciário de
2.º classe, desempenhando nes-
sa qualidade as funções de ad-
junto do director-geral dos Ne-
gócios Políticos. Foi membro da
delegação portuguesa ao Vl Co-
lóquio Internacional de Estudos
Luso-Brasileiros, “realizado em
Boston e Nova lorque, além de
outros.

Em 1969, já embaixador, são-
-lhe confiadas, sucessivamente,
as embaixadas de Portugal em

– Buenos Aires, em Assunção €,

ultimamente, na Cidade do Mé-
Xico.

Possuía as seguintes conde-
corações: oficial da Ordem Mi-
litar de Cristo; grande oficial da
Ordem do Rio Branco; grande
oficial da Ordem de Mérito, da
República Federal da Alemanha;
grande oficial da Ordem de Isa-
bel, a Católica; e oficial da Or-
dem do Cruzeiro do Sul.

À família enlutada sentidos
pêsames.

Condições
de Assinatura
VIA NORMAL

Portugal Continental
e Ultramarino, Brasil e Espanho
100800
Estrangeiro: 180800

VIA AÉREA
(Pagamento adiantado)

Províncias Ultramarinas: 2008.

Estrangeiro: 250800

NOTA — Tce..u- as importâncias
nos podem ser remetidas em
vale de correio, cheque ou di-
nheiro de qualquer nacionalida-
de ou ainda os Srs. Assinantes
encarregarem quem nos efec-
tue directamente as liquidações.

As assinaturas devem ser pa-
gas adiantadamente.

Para o Ultramar Português
e Estrangeiro não fazemos co-
branças através dos C.T.T.

O RENOVADOR

“ontinuação da 1.º página

ele para que me mandasse chamar
— que eu tinha chá para tudo, e
porque tira e porque deixa. Ao doen-
te ouriçaram-se-lhe os cabelos e
disse dos ervanários o que Mafona
não disse do toucinho. As pessoas
benzeram-se e saíram porta fora no
ar de quem levava a saúde e o
enfermeiro teimou em rejeitá-la! Mais
uns dias se passaram e a doença
mais filada nele que dente de cão
danado em boa canela. Por fim o
homem consentiu em que eu fosse
lá vê-lo. Fui de meu vagar, entrei
com outras visitas e breve me aper-
cebi dos males que enfebreciam o
meu homem. Foi só voltar para trás,
desatar meia dúzia de molhinhos e
voltar ao quarto do enfermo. Levan-
tei-o maneiras, meti-lhe nos dedos
um lápis de carpinteiro, grosso, e
mandei-o escrever. A custo e sor-
rindo assentou o horário: às seis da
manhã este chá; daí a três quartos
de hora, aquele; segue-se-lhe este. E
assim sucessivamente até ao sol-
-posto! — E curou-o? Pergunta vo-
cemecê se o curei! Anda aí mais lam-
po a receitar drogas de botica que
é certo que em cada dez cinco
pôem os doentes às portas da mor-

AGUARELAS

te! Também, honra lhe seja, nunca
mais implicou comigo nem com a
minha freguesia, que é maior que
a dele pela simples rázão de que
os meus remédios são melhores.
Mas vamos ao seu caso. Atirou-me
um lápis para as unhas e ditou-me
um horário draconiano. A cumpri-lo,
eu estaria todo o dia e toda a noi-
te junto dum fogareiro a cozinhar
e a beber chás e em seguida com
a obrigação de anotar num canhe-
nho as variações do estado sanitá-
rio. Trouxe a receita mas não a
cumpri. Não me posso lamentar de
não ter curado. Mas tenho quase a
certeza de que se fosse mais dili-
gente e nada mais fizesse na vida
senão acender o fogareiro, sentar-
-me junto dele como o filósofo Des-
cartes, e beber chávena atrás de
chávena — tenho quase a certeza
que estava hoje mais que curado.
Agora uma pergunta: O que eu faço
na vida valerá a estância junto do
fogareiro? Se eu lá estivesse a bo-
tar lenha e a provar, com colher de
mandarim, as ervas de tanta virtude
não escrevia este artigo para «O Re-
novador». Perdia-se muito! Olha a
perda, que é como se diz lá nos
meus sítios…
JOÃO MAIA

ECOS
FU

continuação da 1.º página

de poeira que se levantam,
quando da passagem dos veícu-
los automóveis. Lamaçais e
poeira tão prejudiciais para
aqueles que, obrigados, se vêem
envolividos no meio deles e que
só deixarão de se ver quando
na mesma via for aplicado o
tão desejado e necessário betu-
minoso.

Mais uma vez humildemente
pedimos às Esferas Superiores
que se debrucem com um boca-
dinho de interesse sobre estes
humildes e respeitosos Beira-
baixenses que ainda nunca fa-
lharam nem esperam falhar
nas horas mais difíceis para a
Nação Portuguesa.

Não será de lastimar… (para
quem se encontra à frente dos
destinos de uma freguesia) além
de outros dissabores, já ter ou-
vido dizer: se não fôssemos tão
humildes, tão pacíficos, tão or-
deiros e se não tivéssemos dito
sempre um sim e nunca um
não… talvez tivéssemos algo
de melhor (meste quase centro
geodésico da Pátria em que ti-
vemos a honra de nascer). AÀA
pessoa que, com o dever e di-
reito em nome dos habitantes
da freguesia (que lhe foi con-
fiada) vos está batendo à por-
ta e expondo a necessidade, por
mera casualidade, é proprietá-
rio e motorista de táxi. E per-
mitam-me que vos diga com a
máxima consideração e respei-
to: sinto-me envergonhado e
bastante magoado, quando me
encontro circulando na dita via
(e tantas são as vezes) condu-
zindo e olhando * pelo espelho
retrovisor, verifico à minha re-
taguarda tantas pessoas (prin-
cipalmente ao domingo quam-
do vêm para a missa) envolvi-
das em lama ou obrigadas a
inspirar autênticas nuvens de
poeira.

FALECIMENTO

Depois de quase vinte anos
de sofrimento, faleceu no pas-
sado dia um de Abril, na sua
residência na povoação de Vilar
do Ruivo, desta freguesia, o sr.
João Leite. Deixa viúva a sr.º
D. Margarida Maria. Tinha 76
anos de idade. Era pai do sr.

DE
NDADA

José Leitão (nosso estimado as-
sinante), casado com a sr.º D.

Maria de Lurdes Leitão, de
Carlos da Silva Leitão (nosso
estimado — assinante), casado

com a sr.º D. Irene Lourenço
Leitão, e das senhoras D. Ma-
ria de Lurdes, casada com o sr.
Isidro da Silva Martinho (tam-
bém nosso estimado assinante),
D. Maria Leonilde Silva Leitão
Domingos, casada com o sr.
João Domingos, D. Laurinda do
Rosário Silva Leitão Vasconce-
los, casada com o sr. Luís Vas-
concelos, e D. Alda da Silva
Leitão Mendes, casada com o
sr. Joaquim Nunes Mendes, to-
dos residentes em Lisboa e ar-
redores. Deixa 10 netos. Era
pessoa de muito bons sentimen-
tos e estimado e respeitado por
todos quantos o conheciam.

Sentidas condolências a toda
a família.

Paz à sua alma. — (C.).

Escreverm
OS NHNOosso:
leitores

“continuação da 4.º página

ras da Sertã, que lhe dão um pano-
rama especial e são como duas sen-
tinelas em guarda permanente à Vila
Encontram-se em construção algu-
mas estradas na comarca da Sertã,
que muito vêm valorizar a região,
que, embora pobre, devido ao isola-
mento em que tem viívido, possui
matéria-prima de muita valia para o
seu futuro.

A Sertã precisa de uma pensão de
categoria para albergar futuramente os
visitantes que espera, já que a sua
situação lhe confere um ambiente pri-
vilegiado e agradável. Ainda não tem
o problema da poluição. As pessoas
que precisam de repouso têm aqui o
local apropriado para tal fim.

Sr. Director, agradeço a publicação
desta carta dando-lhe o relevo que
entender e a devida correcção.

Subscreve-se muito respeitosamen-
te o assinante,

FRANCISCO BARATA DIAS

20 de Abril de 1974

OBRAS EM
ANDAMENTO

v

Foi aberta ao trânsito, em-
bora ainda não esteja concluí-
da, a avenida de acesso ao Mer-
cado Municipal na vila da Ser-
tã. O trânsito poderá já fazer-
-se por ali com algumas van-
tagens.

Entraram numa fase acelera-
da os trabalhos de empedra-
mento e alcatroamento da Es-
trada Municipal do Amioso. A
obra está a ser devidamente
fiscalizada e aparenta ficar em
condições.

Foi enviado para o Diário do
Governo o Anúncio do Concurso
da obra de empedramento e
revestimento betuminoso da Es-
trada Municipal do Figueiredo,
cuja base de licitação é de 900
contos, abrangendo, nesta fa-
se, a extensão de cerca de 3
km.

Encontra-se em fase bastante
adiantada a construção da ca-
pela do Amioso de que é gran-
de empulsionador o nosso ami-
go e ilustre amiosense, senhor
José Lopes. Espera-se que este-
ja concluída em Agosto.

Notícias
Pessoais

JOAQUIM DINIS DA SILVA

Tivemos o grato ensejo de
cumprimentar nesta redacção o
nosso estimado conterrâneo e
assinante, senhor Joaquim Di-
nis da Silva que por contingên-
cias tristes da política interna-
cional teve de sair da Repúbli-
ca do Zaire onde fizera grande
parte da sua vida e granjeara,
pelo seu trabalho e qualidades,
uma posição digna.

Reside agora em Castelo
Branco onde.pretende refazer a
sua existência.

Que tenha pleno êxito são os
nossos votos.

ÂNGELO RAFAEL BAPTISTA

Foi-nos sumamente grato
abraçar, mais uma vez mesta
vila o nosso amigo e conterrâ-
neo, natural de Cabeçudo, se-
nhor Ângelo Rafael Baptista,
industrial da construção civil
em Lisboa.

Apareça mais vezes por esta
sua terra, pois o nosso prazer
é igual ao seu.

Caseiro
Precisa-se

Para Vinha Velha — Madei-
rã. Oferecem-se excelentes con-
dições. Resposta e pedido de in-
formações para o telefone 1 de Madeirã.

 

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20 de Abril de 1974 9 RENOVADOR

Página 3

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A POPULAÇÃO MUNDIAL
AUMENTOU NUM Só ANO
EM 76 MILHÕES DE ALMAS

Num só ano a população mun-
dial aumentou em 76 milhões de
almas atingindo um «record» de
3 782 milhões de habitantes em
meados de 1972, segundo reve-
lam estatísticas da O. N. U.

Mais de metade do total da
população vive na Ásia — 2 154
milhões de pessoas — com a
Europa ocupando um distante
segundo lugar: 469 milhões de
almas. AÀ população da América
do Norte foi indicada como sen-
do de 332 milhões de habitan-
tes, e a da União Soviética de
248 milhões.

A China (800721000 ha-
bitantes), a Índia (563 494 000),
a União Soviética,y, os Esta-
dos Unidos (208 842 000), a In-
donésia (121630000), o Ja-
pão (105994000), o Brasil
(98 854 000), a República F. da
Alemanha (61 874 000), o Ban-
gla Desh (60675 000) e a Nigé-
ria (38020000) são os «top-
-ten> mundiais em termos de
população.

A Grâ-Bretanha encontra-se
em 12.º lugar, com 55788000
almas, e a França em 15.º, com
51 700 000.

Londres achava-se em quinto
lugar entre as cidades mais po-
pulosas do Mundo, tendo
7418000 habitantes (recensea-
mento de 1971). Em ordem
ascendente, Pequim tinha
T570000 habitantesó, Nova
York 7 894 862, Tóquio 8& 830000
e Xangai 10 820 000.

Paris não está incluída nas
primeiras 25, pois, explicam as
estatisticas, embora tenha uma
grande área urbana, a própria
cidade compreende apenas
2590 771 habitantes.

TEMPERATURA E HUMIDA-
DE NOS LOCAIS DE TRA-
BALHO

ÀA humidade e a temperatura
têm uma estreita — interdepen-
dência no que diz respeito às
condições de salubridade.

Uma temperatura incómoda,
especialmente quando por ex-
cesso, fatiga o trabalhador e
embota a percepção sensorial,
contribuindo para um descon-
trole de movimentos.

A temperatura ideal é de 13º
para trabalhos de muito movi-
mento; de 15º a 18º para os de
esforço e movimentos médios;
e de 18º a 20º para as tarefas
sedentárias e de concentração
mental.

A humidade ideal é a de cerca
de 40%.

À excessiva secura do am-
biente provoca, pelo contrário,
desidratação, sede e angústia.
Nos ambientes demasiadamente
aquecidos a secura pode ate-
nuar-se colocando recipientes de
água sobre os irradiadores.

VOLTA AO MUNDO À BO-
LEIA EM SEIS ANOS

Um francês de 35 anos re-
gressa à pátria, depois de ter
passado 18 anos no estrangeiro,
seis deles gastos numa volta ao
Mundo de boleia.

André Brurigoux, natural da
região parisiense, que se encon-
trava agora na Bélgica, passon
nove anos a estudar línguas, vi-
vendo em vários países euro-
peus. Em seguida foi para o
Canadá, onde durante três anos
arranjou um pecúlio.

Durante a volta ao Mundo, à
boleia, André Brurigoux dispu-
nha diariamente de um dólar
para viver.

No decorrer do périplo, que
lhe permitiu visitar 137 países,
só dormiu no hotel uma noite.
A Inturist obrigou-o a pernoitar
num quarto em Moscovo.

Taxado de revolucionário e
acusado de pirataria na Améri-
ca do Sul e de espionagem em
Israel, esteve preso sete vezes,
foi vítima dos ladrões seis ve-
zes e espancado nas favelas do
Rio de Janeiro.

Viveu em climas — desde 45
graus abaixo de zero, no Alas-
ca, até 50 graus no deserto aus-
traliano, ombreando com todo
o género de sociedades, desde
os «hippies> de San Francisco
aos cortadores de cabeças do
Bornéo, dos bonzos de Bangkok
aos pioneiros dos «Kibbutzim»
de Israel.

André Brurigoux, diplomado
por uma escola de hotelaria aos
17 anos, sempre encontrou tra-
balho e tenciona voltar ao ofí-
cio depois de ter escrito um li-
vro a que vai dar o título de
«A volta ao Mundo, a melhor
das universidades».

Um Agradecimento

Continuação da 1.º página

tava, facto que nunca consegui
compreender dado que se trata
não só de uma região hoje ri-
ca, como de belezas naturais
bem dignas de serem conheci-
das não só pelos portugueses
mas também pelos estrangeiros
que nos visitam.

A propósito:

Fiz uma viagem há dias pe-
los nossos sítios e parei junto
ao penedio da Serra do Mora-
dal, ali pelas alturas de Vilar
Barroco. Subi acima de um
morro (a muito custo) e tirei
umas fotografias daquelas re-
dondezas. Depois pus-me a pen-
sar: que lindo local para de-
senvolver turisticamente!… Na
região do TIROL, na Austria, e

EA

MANUEL MENDES

& IRMÃO

MURTINHO JUNIOR ã

ANSIÃO

Extracção de Britas de Calcário
Pedreiras no Alto da Serra a 2 quilóm. de Pontão — à

beira da E. N. 237
Preços de concorrência.

Escritório-Sede — Ansião — Telefone 78

MOTOSSERRISTAS

A Cooperativa Florestal da Sertã precisa de motosserristas,
com ou sem o curso respectivo.

Oferecem-se as melhores condições. Lugar de futuro. In-
formações pedidas a SPROLEI —

Serta.

até na parte da Suíça, €u co-
nheço como estão exploradas
aquelas serras. Precisamente na
serra mais alta, 3000 metros,
está instalado um autêntico
campo de repouso onde não fal-
ta nada ao turista.

‘A serra do Moradal tem,
quanto a mim, belezas que jus-
tificam que algo se faça turisti-
camente. O Turismo tanto apre-
cia serras e montes como praias
ou planíceis. Tudo depende do
gosto de cada um, Eu, por
exemplo, no mês de Maio, ado-
ro o Alentejo. Há quinze dias,
fui ver a serra da Estrela e
dentro em pouco vou até ao
Minho.

Não tenhamos —“dúvidas que
Portugal turisticamente não é
só o Algarve. Portugal é um
autêntico jardim que, a todo o
passo, tem motivos para apre-
ciar. Os portugueses têm o prin-
cipal que é o que Deus lhes deu.
Agora é completar aquela ma-
ravilhosa obra, que é:

Uma hboa rede de estradas na
região. E nisso já não estamos
muito mal. Desenvolver estân-
Cias, criar restaurantes € ho-
téis onde os turistas e toda a
gente possa comer e repousar.
Se conseguirmos fazer estas
coisas, não tenho dúvida algu-
ma que a nossa região virá a
ser frequentada grandemente.

DE DEUS

Faleceu, na Sertá, o Sr. Ma-
nuel Nunes da Silva, vulgo Me-
nino Jesus, oficial de diligências
aposentado, que tinha 90 anos
de idade.

É seu filho Diamantino Nunes,
industrial de transportes em au-
tomóvel ligeiro.

_I_ NA MÃO

Faleceu em Vila de Rei a Srº
Maria da Conceição Martins Co-
bra, esposa do Sr. António Mar-
tins Cobra, proprietário do res-
taurante «Cobra» de Vila de Rei.

O livro «Compêndio de Quíi-
mica» para o 1.º ano liceal (an-
tigo 3.º), da autoria dos drs.
José A. Teixeira e Adriano B. S
Nunes, insere, logo no início, 5
seguinte: «Programa (nota forne-
cida pela Inspecção do Ensino Li-
ceal, e em vigor a partir de 1970-
-71, que transcrevemos com a
devida vénia). Quanto ao pro-
grama de Quimica haveria van-
tagem em o orientar do modo
que se expõe:

Alterações: Começar por dar
1 água, terminando com a noção
de substância pura, e mostrando
quais são os compostos da água
Seguir com o estudo do are o
das propriedades do oxigénio e
propriedades do hidrogénio; ac-
ção dos ácidos sobre os metais.
As rubricas a tratar serão as mes-
mas do programa anterior.

Supressões: Experiências ‘de
Lavoisier e histórias da descober-
ta do oxigénio, do hidrogénio e
da decomposição da água. Leis
de Lavoisier e de Proust; compo-
sição centesimal, fórmulas, peso
atómico e peso molecular».

A primeira estranheza que sus-
cita a leitura do que acima fica,
é a facilidade com que um decre-
to é tão profundamente alterado
por uma simples nota de uma
Inspecção.

Depois há a considerar a pu-
blicidade restrita (naturalmente
restrita pela sua natureza) que
pode prejudicar bastante os in-
teressados. É certo que estes de-
fendem-se estudando toda a ma-
téria, ignorando os cortes e ou-
tras alterações, pois o seu abjec-
tivo é o exame e a prática atesta
aue os pontos, embora oriundos
da mesma Inspecção, não são
feitos, ou parecem hão ser feitos,
pelos mesmos autores. embora
digam respeito a idêntica disci-
plina.

Muitas das supressões passa-
ram para anos mais adiantados.
O critério não é novo e, já no
preâmbulo do decreto agora re-
vogado pela mencionada nota,
se dizia que a necessidade(?)
de simplificar os programas dos
dois primeiros ciclos, obrigava
a sobrecarregar os do terceiro
Não estará aqui uma das causas
do elevado número de reprova-
ções nos últimos anos do curso?

Os autores do mencionado
compêndio referem, em nota pré-
via, o carácter transitório dos re-
feridos programas. Mas estes já

por Daniel Gouveia

vão em cinco anos. Lemos algu-
res, não nos recorda já, nem
quando nem onde, que os cigar-
ros «Definitivos» e os cigarros
«Provisórios» são feitos com o
mesmo tabaco…

Em Coluyn Bay, no País de
Gales, a queda de um meteorito
produziu um grande alarme na
população por ter provocado uma
explosão que se sentiu numa
área de noventa quilómetros.

As pedras que caem do céu
têm uma origem sobre a qual os
sábios nem sempre estão de
acordo. Sabe-se, de positivo, que
os espaços interplanetários não
se encontram vazios. À matéria
abunda neles. Embora grandes
nomes, como Lavoisier, tivessem
repelido energicamente a hipó-
tese de que fragmentos minerais
pudessem circular pela camada
celeste, estudos muito mais re-
centes, feitos com uma técnica
avançada, provaram que os bóli-
des possuem uma tal constitui-
ção.

George Claus e Bartholomero
Nagy, dois jovens americanos,
analisaram profundamente, em
1960, 10 gramas de um meteo-
rito caído em Draueil, na França.
Verificaram que ele continha cin-
co tipos de moléculas muito
complexos, umas “semelhantes
aos esporos das algas, outras
colorindo-se em contacto com
reagentes que servem para de-
tectar os microorganismos.

Os meteoritos, conclusão evi-
dente, não são fragmentos esté-
reis. Testemunham que existe vi-
da, talvez de forma diferente, fo-
ra da Terra.

Os bólides deslocam-se à ve-
locidade de 40 quilómetros por
segundo. AÀ Terra gira à veloci-
dade de 30 quilómetros, varren-
do, em cada dia, uns 100 000 mi-
lhares de milhões de metros cú-
bicos de ar, e recebe, neste mes-
mo espaço de tempo, uma massa
de 5 toneladas de meteoritos. À
atmosfera é uma protecção na-
tural, um escudo, pois torna in-
candescentes, devido ao atrito,
essas pedras do céu que acabam
por se desmantelar. Sem a pro-
tecção atmosférica, a Terra esta-
ria recoberta por uma camada de
poeira cósmica de 5 a 10 metros
de espessura.

VAMOS CRIAR O GRUPO
DOS AMIGOS DA SERTÃ

continuação da 1.º página

arranjo na Carvalha, a Fonte da
Pinta, o Matadouro, mas tudo
isso ainda a expensas da Câ-
mara Municipal.

A união pareceu ressurgir no-
vamente com a construção do
Colégio.

Mas foi sol de pouca dura.

Após aquela data, a Sertã re-
novou-se: reforçou-se o abaste-
cimento de água, abriram-se ave-
nidas, construiu-se o mercado
municipal, remodelaram-se os
Paços do Concelho e o seu Lar-
go, modernizou-se a Praça da
República, o Largo de São Se-
bastião, o Largo de Santo Ama-
ro, construiu-se o Quartel dos
Bombe’ros, prepararam-se espe-
lhos de águas nas duas ribeiras,
com uma piscina natural, etc.,
etc.

Mas tudo isto foi quase só
obra da Câmara Municipal. Os
particulares, desunidos, pouco
fizeram além do quartel dos
B; V.S

Agora que se avizinha uma no-
va época, justo se torna que
honremos esse grande grupo de
bairristas e amigos da Sertã, do
princípio do século, dando um
pouco do nosso concurso, da
nossa vontade ao Bem Comum,
ao progresso da nossa terra.
Trabalhando juntos pelo cdesen-
vovimento da nossa querida
Sertã promoveremos iniciativas,
secundaremos —sugestões váli-
das, colaboraremos com a Câ-
mara e as entidades oficiais nos
programas que assim o exijam.

E a Sertã precisa ainda tanto
do nosso concurso… O Castelo,
a Carvalha..

Sacudamos de vez a incúria
e a indo!lência que se tem apo-
derado de alguns dos seus fi-
lhos. E, com o GRUPO DOS
AMIGOS DA SERTÃ iniciemos
uma nova época de união e pro-
gresso para o futuro da nossa
terra — que pode ser um grande
futuro se nós, todos nós, qui-
sermos.

António Domingos Barata

 

@@@ 1 @@@

 

Página 4

O RENOVADOR

20 de Abril de 1974

Temos noticiado dispersa-
mente vários empreendimentos
de vulto na vila da Sertã cuja
concretização se anuncia para
breve. Porque algumas pessoas
se nos têm dirigido a perguntar
pelo seu andamento, aqui rela-
tamos o estado em que as coi-
Ssas se encontram.

PAVILHÃO
GIMNODESPORTIVO

Embora se não encontre de-
finitivamente fixado o local da
sua implantação, foi já posta
a concurso, juntamente com a
de outros, a empreitada de
construção, programada para 2
corrente ano. No passado dia
11 de Abril esteve na Sertã o
Senhor Eng. Costa Ramos, da
Direcção Geral dos Desportos,
a fim de examinar os locais su-
geridos para o efeito. Com àa
Sua visita, além das hipóteses
previstas (junto à E. N. para
Vila de Rei, e terrenos anexos
à Escola Industrial), foi admi-
tido como francamente favorá-
vel o terreno futuramente per-
tencente à Escola Preparatória,
no topo Norte da Avenida Eng.º
Arantes e Oliveira.

Em definitivo a escolha passa
a pertencer, assim, à Direcção
Geral da Administração Esco-
lar.

CASA DO POVO DA SERTÃ

Prevista também para o cor-
rente ano o lançamento da em-
preitada de construção da-Ca-
sa do Povo da Sertã. A locali-
zação depende da implantação
do pavilhão gimno-desportivo
pois está considerado que »
pavilhão desportivo municipal
deverá ter função polivalente,
servindo tanto para a juventu-
de escolar como para os sócios
da Casa do Povo.

ASILO
PARA A TERCEIRA IDADE
A Santa Casa da Misericór-
dia da Sertã que previra para
o dia 28 do corrente a venda
em hasta pública do seu prédio
onde esteve instalado o Asilo
António Ferreira Alberto, teve

virtude de os Serviços oficiais
exigirem nova avaliação para
efeitos de fixação da base de
licitação, dado que a anterior-

EMPREENDIMENTOS DE VULTO
NA VILA DA SERTÃ

em perspectiva
de breve concretização

de cancelar aquela praça por *

mente fixada está muito de-
sactualizada,

Pensa-se na construção de
novo edifício a levantar na cer-
ca do Hospital, terrenos da
Santa Casa da Misericórdia,
com vista a tornar mais econó-
mMica à administração de todos
os serviços dependentes da
Santa Casa. Fizeram-se já as
primeiras diligências no senti-
do de entregar o projecto à
técnico competente.

AMPLIAÇÃO DO BAIRRO
COMENDADOR JOSÉ FARI-
NHA TAVARES.

Como noticiámos, a verba.
resultante da remissão da pen-
são legada pelo Comendador
José Farinha Tavares à Santa
Casa da Misericórdia da Sertã,
foi depositada na Caixa Geral
de Depósitos e aguarda, se-
gundo pensamento da actual
Mesa, a sua aplicação na am-
pliação do respectivo Bairro
perto da Abegoaria. Para o efei-
to, legou também aquele insi-
gne benemérito uma área de
mais 3500 metros quadrados
junto às casas já construídas é
para o lado Nascente.

Para o efeito da elaboração
do projecto da ampliação de-
ram-se também já os primeiros
passos, procurando-se que o
mesmo seja feito com a assis-
tência do Gabinete Técnico da
Junta Distrital de Castelo Bran.
o e comparticipado pelo Es-
tado.

Deste modo, à verba da San-
ta Casa disponível para o efei-
to, poderia juntar-se a da com-
participação estadual através
da Secretaria de Estado do Ur-
banismo e Habitação, o que da-
ria possibilidades de constru-
ção de maior número de habi-
tações.

JARDIM DE INFÂNCIA

Para concretização do pedi-
do feito pela Câmara Munici-
pal para a criação nesta vila de
um Jardim de Infância, foram
já fornecidas elementos desti-
nados a determinar qual a en-
tidade mais interessada na sus
criação e manutenção: — Mi-
nistério da Educação Nacional
ou Ministério das Corporações
e Trabalho.

O assunto está em andamen-
to e espera-se que não caia em
ponto morto.

POR UMA INSTITUIÇÃO CENTENÁRIA

Filarmónica União Sertaginense
SERTÃ

Relação dos donativos para *
construção da sua sede própria
durante o mês de Março.

Transporte — 30 000$00.

Isidro Marçal & Filho, Lda.
2000$00; José Lopes Ferreira,
1 000$00; José dos Reis Teixeira
da Costa, 1 000$00; Virgílio da
Silva, 500$00; António da Silva,
500$00; João Carlos da Concei-
ção Duarte, 250$00; Maria da Sil-
va, 200$00; Manuel Antunes Ri-
beiro, 100$800: Manuela Lopes,
B50$00:; Frigideira, 50$00;: Raul
Américo Simões, 50$00; José Lo-
pes Martins, 50800; António Ur-
bano, 50$00, todos da Sertãa; Sr.
Francisco (Chico), Riachos; Ma-
nuel Farinha Marçal, Várzea dos
Cavaleiros; Talho Figueiró, Ser-

1ã; José Ribeiro Mendonça, Mon-
tes da Senhora; Lúcio Santos,
Auto Santo Amaro (Sertã); An-
tónio Amaro, Sertã; António Do-
mingos da Silva, Outeiro da La-
goa; Manuel Antunes Faval, Fon-
te Branca (Sertã); Sr. Abílio, Au-
to Santo Amaro (Sertã); Anó-
nimo, Sertã; Reinaldo Nunes, Ser-
tã: e Virgílio Tavares Marcelino,
Chão da Forca (Sertã), todos
com 20$00; António Cerejeiro,
Malha Pão (Nesperal), 15$00;
José Maria, Sertã; Anónimo, Gra-
ça; Anónimo, Mira de Aire; Fran-
cisco Martins Júnior, Venda da
Pedra (Sertã), todos com 10$00;
e António Casimiro (pedreiro),
Sertã, uma semana de trabalho.

A transportar — 36 095$00.

TRABALHOS
AGRÍCOLAS
NO MÊS

DE ABRIL

Começam as lavouras prepa-
ratórias nos pousios.

Semeia-se milho e feijão, chi-
charo, feijão frade, soja, grão,

arroz, girassol, linho, alpista,
sorgo, erva-do-sudão, luzerna,
trevos, beterraba, abóboras,

agriões, cenouras, coentros, sal-
sa e favas (para colher em
Agosto). s

Plantam-se pimentos, toma-
teiros, batata, batata-doce, al-
face, cebolo, morangueiros e
Ccouves.

Sacham-se os milhos já nas-

cidos e aplica-se nitrato em co-
bertura. Amontoam-se os es-
Ppargos.

Nas vinhas começam os tra-
tamentos contra o míldio. Ter-
minam as cavas e estrumações,
enxertias, as plantações e as
empas.

Nos pomares fazem-se as úl-
timas plantações de citrinos.
Enxertam-se pereiras, maciei-
ras, cerejeiras e castanheiros e
verificam-se as ligaduras dos
enxertos anteriormente feitos.
Executam-se os primeiros tra-
tamentos de Primavera.

Nas matas abrir e limpar acei-
ros, para diminuir a propaga-
ção e facilitar o combate dos
incêndios.

ESCREVEM

OS NOSSOS LEILORES

A vila da
encontra-se em

LISSOA, 5 DE ABRIL DE 1974

Exº Senhor

Director de O RENOVADOR

Acabo de regressar de umas (fé-
rias passadas na região da Sertã, co-
marca a que tenho à honra de per-
tencer, e notei que esta Vila se en-
contra em ftranca expansão, taánto no
que se refere à educação (os edifi-
cios escolares são prova disso), como
à habitação, comércio e indústria.
Pressente-se já o seu querer em ir
mais longe. Ainda bem que assim su-
cede para orgulho da própria Sertã
e da sua boa gente

Pude também apreciar a boa apre-
sentação dos seus estabelecimentos
comerciais de todos os ramos, que
lhe conferem bastante categoria, tan-
to no aspecto como nas mercadorias
que vendem e expõem. Até o am-
biente humano é mais agradável que
alguns anos atrás. Nos dias de feira
apareciam uns amadores do copo que
tornmavam o ambiente em si um pou-
co desagradável. Mas até isso desa-
pareceu. Pouco ou nada se nota. Ain-
da bem que assim é.

Um caso me suscitou muito in-
teresse, embora eu seja um leigo em
assuntos dessa natureza: o morro ou
Castelo da Sertã

E. N. 351

Alegando que as autoridades
competentes consideraram o pri-
meiro projecto de beneficiação
da nossa estrada muito dispen-
dioso, encontra-se entre nós o
Sr. Eng.º Borges de Aguiar, da
Póvoa do Varzim, a elaborar um
projecto mais simples e econó-
mico para o troço da E. N. 351
entre Álvaro e Casal Novo. Se º
primeiro projecto tivesse sido le-
vantado há três ou quatro anos
teríamos ficado com uma ópti-
ma estrada-caminho para a tão
desejada ponte no Zêzere — mas
agora, com todas as dificuldades
surgidas, teremos de nos con-
tentar com menos.

Esperamos que mesmo assim
a estrada fique em boas condi-
ções, po’s sempre será uma es-
trada beneficiada em 1974.

PESCA DESPORTIVA

Ultimamente bastantes pesca-
dores têm procurado esta vila
para passar um belo dia pescan-
do o saboroso achigã e dando
inesquecíveis passeios nas águas
límpidas do Zêzere.

Nas últimas semanas algumas
centenas de quilos do apetecido
peixe passaram por esta vila nos
sacos dos alegres pescadores à
caminho das suas terras disper-
sas por uma vata zona que se
estende desde Castelo Branco até
Tomar.

Álvaro oferece razoáveis con-
dições para a pesca desportiva
Os pescadores não necessitam
de percorrer grandes distâncias a
pé, pois os carros podem ir mes-
mo junto do Rio que passa con-
tíguo a esta vila.

Cremos que se a A. N. 351 es-
tivesse nas devidas condições e
se houvesse uma pensão condi-
gna o número de pescadores que
nalguns domingos já tem atin-
gido várias dezenas, iria além da
centena.

TURISMO

Todos quantos nos visitam, e
ultimamente o Senhor Presidente
da Junta Distrital, ficam encan-
tados com as belezas de toda 2
ordem e as grandes potenciali-

e Álvero

dades turísticas que esta nobre e
histórica vila e seus arredores
oferecem. Porém também são
muitos os lamentos devido ao
péssimo estado da E. N. 351 e à
carência duma pensão condigna.
No início deste ano abriu um
café, propriedade do Sr. António
Antunes Correia, facto a realçar
e que veio preencher uma lacuna
que de há muito se fazia sentir.

A gente boa e hospitaleira, o
rio com todos os seus atractivoc,
as águas e os ares puros e lim-
pidos a beleza das serras e a sua
riqueza florestal, as grandes pre-
ciosidades históricas da vila, são
alguns dos principais factores de
Álvaro como ponto importante à
considerar no turismo de provin-
cia. Oxalá que todas as autorida-
des assim o entendam.
SEMANA SANTA

No seguimento duma antiga
tradição, mais uma vez tiveram
lugar .nesta vila as comoventes
celebrações do grande Mistério
da Paixão, Morte e Ressurreição
de Cristo. Foi distinto pregador o
Rev.º pároco de Alvito da Beira

Sertã
franca expansão

Eu já li algumas vezes n«O Re-
novador» notícias referentes ao Cas-
telo. Segundo elas, há interesses
eclesiásticos e particulares sobre o
terreno circundante.

Ora se ele é da Sertã, eu como
estranho ao assunto, alvitrava aos in-
teressados que o doassem à Sertã
para nele ser instalado um IMMuseu
Regional e assim não deixar desapa-
recer os elementos e vestígios da
História da Sertã e até da nossa pró
pria Pátria. O local onde se encontra
precisa ser tornado mais atraente.
Como está, é pena vê-lo sumir-se
na voragem do tempo.

Sobre este assunto, lembro ainda
que além da sua própria história (ca-
so se venha a concretizar o meu al-
vitre), o Museu da Sertã
contivesse também assuntos etnogrãá-
ficos de que a Sertã, julgo eu, é
rica e, como tal, citar o eminente
etnógrafo, Dr, Jaime Lopes Dias, na-
tural do nosso Distrito e grande ami-
go da Sertã. Ele, com à sua bondade,
ofertará aão Museu da Sertã muito
material dos seus estudos.

futuro

O Museu será o repositório da pró-
pria alma dos Sertaginenses, Não deve
perder-se mais esta oportunidade de
valorizar a História da Sertã

No tocante ao turismo, a Sertã
também tem uma palavra a dizer. E,
embora se tenha que fazer muita coi-
sa, a sua situação geográfica é-lhe
favorável.. Com mais saliência cito
alguns valores, tais como o triângulo
Sertá-Castelo Branco-Oleiros, o AÁlto
do Arteiro, na freguesia da Madeirá,
que poucos Sertaginenses conhecem,
o Mirante da Senhora da Contiança e
a Barragem do Cabril em Pedrógão Pe-
queno, o Mirante de Snnta Madalena
em Cernache do Bonjardim, as Ribe”-

(Continua na 2.º página)

SILENGIO…

É TUDO

O Director do jornal «A
Comarca da Sertãp mimo-
seou-me mais uma vez, na
passada semana, com um
ataque pessoal. AÀ resposta
foi-lhe dada, ao abrigo da Lei
da Imprensa, e será publica
da naquele periódico. Por mim
não ataco ninguém. Mas pre-
ciso de defender-me. Essa
defesa, contudo, diz apenas
respeito aos leitores do jor-
nal onde fui atacado. O as-
sunto que originou o ataque
está esc!’arecido

Por isso, silêncio é tudo.

FALECEU O EMBAIXADOR
DE PORTUGAL NO MEXIGO

Dr. João Marçal de Almeida

natural de Cernache do Bonjardim

Faleceu subitamente na cidade
do México, por ocasião de uma
intervenção cirúrgica, o embaixa-
dor de Portugal naquele país, Dr.
João Osvaldo Marçal Corrêa An-
tunes de Almeida, filho do Dr.
Eurico de Almeida e de D. Maria
José Marçal de Almeida, casado
com a senhora D, Dulce Marçal
de Almeida. Tinha 50 anos de
idade e fora já embaixador na
Argentina.

Deixa um filho: Pedro Marçal
de Almeida.

O Dr. João Marçal de Almeida,
de seu nome completo João Os-
valdo Marçal Corrêa Antunes de
Almeida, nasceu em 30 de Abril
de 1923 em Cernache do Bon-
jardim. Licenciou-se em Direito c
entrou para a caárreira diplomá-
tica como adido de legação, me-

(Continua na 2.º página)