O Renovador nº212 30-03-1974
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Ano V — N.º 212 — AVENÇA
30 de Março de 1974
– D RENDURDODR
SEMANÁRIO DEFENSOR DOS INTERESSES DA REGIÃO FLORESTAL DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO
CONCELHOS DE: SERTÃ, OLEIROS, PROENÇA-ANOVA E VILA DE REI
Rua Lopo Barriga, 5-
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
1/c — SERTA — Telef. 131
DIRECTOR E PROPRIETÁRIO:
JOSE ANTUNES
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO:
Gráfica Almondina — Telef. 22109 — Torres Novas
0 LAR E À ESCOLA
na Educação da bGriança
A mãe e o professor primário
são duas forças prodigiosas que
a sociedade tem todo o interes-
se em conquistar, pois o hábito
é tão forte que até chega a so-
brepor-se à natureza. Assim, o
lar e a escola são dois grandes
cadinhos onde se molda a tenra
consciência da criança, isto é,
onde se prepara o futuro do ho-
mem, da família e a da Pátria.
E, como a lição do exemplo
vale imensamente mais que a ti-
rada retórica a que falta o apoio
convincente da prática, com-
preender-se-á que no cenário da
vida quotidiana é que a criança
deve ser educada pela força cria-
dora do exemplo dado pelos
que assistem aos seus verdes
anos: a mãe, o pai e o professor
primário.
Predicar higiene aos filhos e
ter a casa necessitada de vassou-
ra e o corpo e a roupa a clama-
rem por sabão, é certamente mui-
to menos eficaz do que dar-lhes
o exemplo prático da higiene que
deverá começar pelo próprio pre-
dicador. E isto porque a crian-
— caé lmpress;onada pelo que vê
fazer aos pais e aos professores
reflectindo quase sempre na ati-
tude deles.
Há que persuadir pelo exem-
plo, não impor pelo castigo que
gera a revolta e a dissimulação.
Um pai violento dificilmente con-
sequirá que os filhos sejam sen-
satos e compreensivos. Ao pro-
fessor compete ensinar amorosa,
compreensiva e pacientemente,
tal como aconselham os grandes
pedagogos.
E se é doutrina incontestada
que é útil arejar as habitações,
lavar frequentemente as roupas
e o corpo, mastigar cuidadosa-
mente os alimentos, respeitar os
velhos e os doentes e amparar
os pobres, isso deve ser feito,
principalmente, com a força per-
suasiva do exemplo, e já a crian-
ça, na verdade, aprende, sobretu-
do, imitando,
Porque há garotos desmazela-
dos, falando uma linguagem
Contina na 2.º página
Novos melhoramentos
no Goncelho da Sertã
A Câmara Municipal da Sertã
mandou recentemente proceder
à elaboração dos seguintes pro-
jectos de obras:
Calçadas — Marinha do Vale
Carvalho, Carvalhal Cimeiro e
Fundeiro, Seixo, Trísio e Serra
de São Domingos e Serra do
“Pinheiro.
Estradas e Caminhos Munici-
pais — Caminho municipal de
Vale Godinho a Portela dos Be-
zerrins; Porto dos Fusos a Vár-
zea de Pedro Mouro; Ermida a
Castanheiras; Cruz do Seixo a
Fojo (limite do concelho).
Electrificação — Encontram-
-se em elaboração os seguintes
wprojectos: Macieira, Ermida (to-
da a freguesia), Carvalhal (Tro-
viscal), Palhais, Marmeleiro, Va-
le do Pereiro.
Helicópteros e aviões
na vigilância e ataque
a incêndios
A Direcção-Geral dos Servi-
ços Florestais e Aquícolas adju-
dicou o aluguer de do’s helicóp-
teros e oito aviões, para vigilâãn-
cia e ataque à incêndios em re-
giões “florestais. AÀA adjudicação
fez-se por meio de concurso, a
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
DE OLEIROS
Serviços prestados pelo Corpo
Durante o ano de 1973 o cor-
po de bombeiros de Oleiros pres-
tou os seguintes serviços huma-
nitários:
Em incêndios, 25; sinistros di-
versos, 39; transporte de doentes,
s8.
Nas suas deslocações foram
percorridos 16 654 quilómetros e
gastos 2430 litros de combustí-
veis.
Contas da Gerência
Na sua última reunião a Direc-
ção da Associação dos Bombei-
ros Voluntários de Oleiros apro-
vou a conta de gerência do ano
de 1973, a qual apresentava oS
seguintes números: Receita (in-
cluindo o saldo do ano findo),
630 610$20; despesa, 457 5685.
Saldo para-o ano de 1974,
173 042$20.
RENOVAÇÃO É
FALECIMENTO
Após prolongado sofrimento
faleceu na sua residência, no lu-
gar de Fozes, no dia 18 do cor-
rente, o Sr. José Luís, viúvo, pro-
prietário, de 77 anos de idade.
Pessoa muito considerada na re-
gião, realizou-se no dia seguinte
o seu funeral com grande acom-
panhamento. Era pai da Srº D.
Beatriz de Jesus Barata, casada
com o Sr., Francisco Martins dos
Santos (assinante do nosso jor-
nal), avô da Srº D. Aura Luís
Barata Martins Dias, casada com
o Sr. António João Dias, e bisavô
dos meninos Elisa Maria, Maria
de Fátima, Lúcia Cristina e Fran-
cisco José Martins Dias, — (C.)
VIDA
nas florestas
a partir do Gabeça Rainha e outras pistas
que concorreram três empresas,
que ficaram com a incumbência
de fornecer esses aparelhos e
outro material, no âmbito do
plano de prevenção estabeleci-
do por aquele departamento.
Nos termos dos contratos fir-
mados, aquelas empresas forne-
cerão, também, as tripulações
dos aparelhos e outro pessoal
especializado na luta contra fo-
gos, ficando a cargo dos Servi-
ços Florestais o fornecimento
das caldas retardantes a lançar
sobre os avos. O montante to-
tal que será dispendido por aque-
la Direcção-Geral, em .conse-
quência dos acordos estabeleci-
dos, é superior a 10 mil contos.
O aluguer dos helicópteros,
segundo foi revelado, oscila en-
tre os cinco mil e os dez mil
Continua na 4.º página
OS PRESIDENTES
das Gâmaras Municipais
e outras entidades
cumprimentaram o Senhor Governador Civil
do Distrito por motivo do primeiro aniversário
da sua posse ocoreido no
No passado dia 25 de Março
os Presidentes das Câmaras Mu-
nicipais do Distrito e outras en-
tidades deslocaram-se a Castelo
Branco a fim de apresentarem
cumprimentos e felicitações ao
Senhor Capitão Manuel Geraldes
wNunes por motivo do primeiro
aniversário da sua posse.
Passou realmente um ano em
que o Senhor Capitão Manuel
Geraldes Nunes deu já a medida
da sua capacidade de acção, de
simpatia e de coordenação de
todos os movimentos distritais
no sentido do seu progresso.
Homem bom, atencioso e dedica-
do, vive para o Distrito e o Dis-
trito de Castelo Branco muito
tem a esperar da sua actividade.
Pela nossa parte, cumpre-nos
lembrar neste momento e entre
outras acções, a sua persisten-
te acção no sentido de que a
Zona do Pinhal pudesse dispor
de uma unidade industrial de
aglomerados de madeira que ser-
visse para o seu desenvolvimen-
to e promoção.
«O Renovador»> associa-se gos-
AGUARELAS
O LADRÃO
Uma noite de inverno, por
uma estrada da Beira, seguia
um automóvel que levava den-
tro o homem mais amigo de
dar boleias que imaáginar-se po-
de, Creio que ficava até com
pena dos coelhos que se es-
gueiravam, encandilados pelos
faróis, pois de bom grado lhes
daria boleia até à próxima horta
a que os conviídasse o repolho.
Era homem que não gostava
de andar sozinho. Assim, em
todo o tempo, dava boleias co-
piadas das antigas diligências
do Minho, quero dizer metia no
carro gente até a deixar como
UNIÃO E
Por JOÃO MAIA
DE BOLEIA
sardinhha em canastra. Pois
agora o temos rolando na es-
trada, olho à direita, olho à es-
querda a ver se lhe surdia quem
pudesse enfiar no carro para
aligeirar as horas dando à lin-
gua. Nem por sorte. No cotove-
lo da via rompendo de um pi-
nhal negrusco vê uma fraca
figura armada de um rmísero
taleigo.
— O senhor para onde vai?
O outro fez um gesto com
a mão na direítura do carro.
— Então entre, homem de
Continua na 2.º página
passado dia 25 de Março
tosamente à homenagem que lhe
foi prestada e augura para Sua
Excelência longos anos de per-
manência à frente do Distrito.
OLEIROS
TERRA
DE GONTRASTES
Temos ido muitas vezes à vila
de Oleiros. Adormecida junto à
ribeira que ali tem o nome de Ri-
beira de Oleiros, começamos à
vê-la alvejante, do alto de Casal
Novo, onde a estrada torcicolan-
te e perigosa tarda em deixar
atingi-la,
Fechada quase em redor por
montes e gargantas recurvadas,
mantém o seu ar serrano e a vi-
da que a agita não passa do Do-
mingo em que os habitantes dos
arredores se agarram, de manhã
à noite, à taberna sombria cam-
baleando nas ruas e entarame-
lando a fala. Nos dias de feira o
reboliço é outro: pastoso e alga-
raviado, como numa praça norte-
-africana, mas sem o seu colori-
do.
A vila de Oleiros, com peque-
nas excepções de algumas mora-
dias airosas construídas à beira
da E. N. 351, na direcção de Cas-
telo Branco, e, de uma ou outra
casa renovada no coração do
aglomerado, pouco tem crescido
em construção urbana.
Presentemente, porém, e nos
últimos três anos, seis grandes
edifícios de carácter público tra-
zem ao património urbano da
vila um certo ar de valorização.
Referimo-nos ao Quartel dos
Bombeiros Voluntários, à Escola
‘Preparatória Padre António de
Andrade, aos Paços do Concelho,
à Fábrica de Resina de Alfredo
Fernandes, ao Mercado coberto
e ao Super-mercado.
O quartel dos B. V. O. é um
Continua na 3.º página
Instituto Vaz Serra
de Cernache
do Bonjardim
Os alunos do Instituto Vaz
Serra de Cernache do Bonjardim
realizaram nos dias 13 e 14 do
corrente o seu passeio anual.
Percorreram as Caldas da Rainha,
Matfra, Torres Vedras, Lisboa,
Serra da Arrábida e Setúbal, on-
de visitaram algumas instalações
industriais e monumentos artís-
ticos.
PROGRESSO 48 ABR, 1974
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O RENOVADOR
30 de Março de 1974
DB Ssemana à semana Escrevem os nossos leitores
(De 18 a 24 de Março)
EM PORTUGAL
18 — Faleceu o jornalista Ferseira
da Costa.
19 — A Secretaria de Estado da
Informação — divulgou uma nota em
que esclarece que os oficiais deti-
dos por estarem implicados na insu-
bordinação do Regimento de Infan-
taria 5 são em número de 33.
— O Ministro dos Estrangeiros, Dr.
Rgi Patrício, . declarou, durante uma
confeência de imprensa, no Consu-
lado de Portugal no Rio de Janeiro,
que Portugal não aceita ingerências
estrangeiras nas questões relativas às
suas províncias do Ultramar.
20 — Num acidente ocorrido du-
rante a instrução no C. 1. 0. E, em
Lamego, morreram dois militares e
catoze ficaram feridos. O desastre
foi provocado pela deflagração de
uma granada-armadilha.
21 — Entrevistado para a TV Fran-
cesa o general Spínola disse que o
seu livro não foi devidamente inter-
pretado e que não tem «divergên-
cias fundamentais de opinião» relati-
vamente à política portuguesa.
22 — O Ministro da Educação re-
velou que, este ano, foram concedi-
dos 135 mil contos de subsídios ao
ensino particular.
0 lar e à Escola
Continuação da 1.º página
grosseira, que se comprazem em
maltratar os animais, que andam
descalços, que escarram nos lo-
gradouros públicos, que fumam,
que cometem mil tropelias, que
enveredam pelos caminhos da
delinquência? Não poderiam eles
ser meninos bem comportados?
— Sim. Mas, pobres inocentes
que são, a Sua maneira de agir
reflecte 05 maus exemplos colhi-
dos no ambiente familiar, onde a
miséria moral e a insuficiência
material são causa do pior des-
regramento.
Pensemos nestes problemas e
consideremos que os primeiros
anos da vida da criança são mar-
cos a balizar toda à sua existên-
cia, deles dependendo, muitas
vezes, a sua felicidade ou a sua
ruína.
Eis por que a influência do lar
e da escola primária é de suma
importância na formação da per-
sonalidade dos pequeninos. Per-
sonalidade que se desenvolverá
pela vida fora sobre os alicerces
em que assenta.
(Do «Jornal do Oeste»)
24 — Encontra-se em Lisboa o es-
tadista alemão Franz-Josef Strauss
que, em entrevista concedida ao «Diá-
Tio de Notícias», declarou que, para
enfrentar o desafio dos preços é pre-
ciso que os países. europeus harmo-
nizem entre si as suas políticas e
cooperem estreitamente com a Amé-
rica,
— À entrada de Castelo Branco
explodiram dois camiões ao passarem
um pelo outwo. Um dos veículos pe-
sados transportava cargas explosivas
e detonadores para as minas da Pa-
nasqueira. Tiveram morte imediata
quatro ocupantes das duas viaturas,
que ficaram destroçadas. Foram des-
truídos os cabos condutores da ener-
gia eléctica da zona industrial da
cidade.
NO MUNDO
18 — Responderdo ao discurso de
Nixon, que endureceu as relações
norte-americanas com o Ocidente, o
Ministro dos Estrangeiros da França,
iMichel Jobert, disse que a Europa
e os Estados Unidos são os dois
pilares que sustentam a NATO.
19 — Sete países árabes voltam
a fornece;: petróleo aos Estados Uni-
dos. A Líbia e a Síria recusaram-
-sSe a levantar o embargo.
20 — Um laboratório médico anun-
ciou, em Londres, que, dentro de pou-
cOS meses, estará preparado para de-
tectar o cancro antes de se mani-
festar.
— O canal do Suez vai ser des-
minado pelos ame-icanos.
— Nixon declarou que o levanta-
mento do embargo petrolífero árabe
significava não ser necessário o ra-
cionamento de gasolina nos Estados
Unidos.
21 — A princesa Ana, de Inglater-
ra, e o marido, escaparam ilesos de
um atentado a tiro. Quatro pessoas
ficaram feridas, Foi uma tentativa de
rapto, “evelada por uma carta encon-
trada no local do ataque.
Casamento
No passado dia 2 de Março,
O nosso assinante, senhor Florin-
do Lopes, natural de Figueiredo,
no concelho de Sertã, consor-
ciou-se com Maria Astride Vieira
Leal Lopes, ambos funcionários
da TAP.
A viagem de núpcias foi passa-
da no Rio de Janeiro, donde nos
escreve este nosso patrício.
Ao jovem casal deseja «O Re-
novador» as maiores felicidades.
O RENOVADOR É O SEU JORNAL
ASSINE-O
E ENVIE-NOS NOVAS ASSINATURA
Manuel Mendes Murtinho
Júnior & Irmão
EMPREITEIROS
Fornecedores de materiais de construção e outros
Encarregam-se de todos os trabalhos de calcetamento de
granito, calcário, vidraço a branco ou incluindo qualquer dese-
nho, xisto, etc. com caixa, mão de obra e transporte.
ANSIÃO — Telefone 78
Continuação da 4º pág.
suas posses, para auxiliar o cus-
to daquelas obras.
Estranheza me causa, porém,
que passado tanto tempo, não
tenham as referidas obras sequer
iíniciado.
Daí nasceu a pergunta que ser-
ve de abertura à presente carta.
Uma certeza porém, é que todos
os naturais de Figueiredo aguar-
dam com ansiedade ver publica-
da no jornal que V. Ex dirige, a
notícia do princípio das obras da
ígreja de S. João Baptista, Pa-
droeiro da minha terra natal.
Agradecendo a atenção dis-
pensada, subscreve-se um con-
terrâneo do Figueiredo,
Elias de Jesus Lopes
E P. n.º. 1867
Luanda
Ex.Ӽ Senhor
Director de «O Renovador»
Permita-me que através do
jornal que V. Exº com muita di-
gnidade dirige, faça o seguinte
apelo.
Desde há muitos anos que o
caso da montagem da luz eléctri-
ca na povoação de Ríibeira de
Milrico, na freguesia de Oleiros,
anda a ser ventilado.
Porém, os anos passam-se e
os habitantes desta laboriosa lo-
calidade vêem gorados os seus
desejos de olharem esta tão im-
portante obra. E, diga-se com
justiça, não anseiam nem espe-
ram por um direito que não me-
reçam, pois não pedem mais do
que aquilo que outros cidadãos
neste século XX não tenham já
há largos anos.
Não sei quem terá direito de
resolver este problema, e por es-
te motivo e ainda como também
nesta povoação de gente ordeira
e trabalhadora eu nasci, apelo pa-
ra a autoridade competente, pe-
dindo-lhe encarecidamente se di-
gne debruçar sobre este assunto,
a fim de satisfazer os anseios e
necessidades duma povoação cu-
jos habitantes tão abnegadamen-
te dão o seu contributo para o
bem comum.
Cabo Delgado, 14 de Março
de 1974,
José Augusto dos Santos Mateus
S. P. M. 0444
É COM AÀ MAIOR DAS-ANSIF-
DADES QUE ESPERO
PELO «RENOVADOR»…
Genêve, 17-3-1974
Ex.*º Senhor
Director de «O Renovadom
Sou assinante do vosso con-
ceituado jornal, desde Janeiro.
Encontro-me bastante satisfeito
com ele e é com a maior das
ansiedades que espero sempre à
terça-feira, pois é o dia em que
o recebo. É por ele que vou sa-
bendo sempre algo àí dos nossos
cantinhos tão lembrados, sobre-
tudo da Fundada, a terra que me
serviu de berço tão querido.
Esta minha carta tem o fim de
lhe pedir que o próximo jornal
me o mande para a nova morada
que índico, dado que vou mudar
de residência.
E já agora aproveito para lhe
perguntar se já recebeu o paga-
mento da minha assinatura deste
ano, que enviei em Fevereiro, pe-
lo correio, a importância de 200$8.
Com o meu muito obrigado ter-
mino enviando-lhe os meus res-
peitosos cumprimentos para V.
Exº e sua Ex” Família,
Subscrevo-me sempre amigo
de «O Renovadom».,
José Rosa Filipe
NOTA DA REDACÇÃO — Obri-
gado Amigo. Recebemos o seu
pagamento. Desejamos-lhe mui-
tas prosperidades.
José Luis
de Fozes — Oleiros
AGRADECIMENTO
A família de José Luís, das Fozes
(Oleiros), agradece muito reconhe-
cida, a todas as pessoas que a acom-
panharam na sua dor, quer durante
a enfermidade quer com aà sua pre-
sença até à última morada do extinto.
CONTRIBUTO PENITENCIAL
Ex.”* Senhor:
No Semanário que V. Ex.º diri-
ge («O Revenadom — n.º 210
de 16 do corrente mês de Março)
vem na segunda página uma
transcrição de «Ecos do Sor», na
qual se diz: «Só por doença ou
por idade se está dispensado».
Refere-se à abstinência.
A transcrição intitula-se CON-
TRIBUTO PENITENCIAL.
Tenho ouvido dizer que a ida-
de — 60 anos — dispensa do je-
jum; mas que a abstinência é
obrigatória toda a víida
O jejum refere-se à quantidade.
A abstinência refere-se apenas
à abstenção de carne,
Em face do artigo referido,
agradecia que publicasse um es-
clarecimento, para que os seus
leitores ficassem informados.
Com respeítosos cumprimen-
tos,
Raimundo Eusébio de Albuquerque
NOTA DA REDACÇÃO — «O
Renovador» não é responsável
pelo artigo, transcrito do nosso
prezado colega, «Ecos do Sor»,
como nele se . Parece-nos,
na verdade, e só agora nos da-
mos conta disso, que a passa-
gem não prima pela clareza. Não
somos canonistas, nem temos
autoridade para esclarecer auten-
ticamente o assunto. No entanto,
afigura-se-nos que, realmente, o
nosso leitor tem razão. A absti-
nência deve referir-se a toda a
vida, enquanto o jejum abrange
apenas as pessoas até àãos 60
anos. AÀ não ser que se considere
a idade, como uma doença, (e,
em certos casos sê-lo-á), dispen-
sando nessa hipótese do cumpri-
mento da abstinência.
Continuação da 1.º página
Deus, para aí vou eu e ambos
os dois o caminho fica mais cur .
to.
O homem do taleigo enfiou,
sentou-se e ficou logo debaíxo
da gula de conversa do condu-
tor. Donde vinha, quem era, que
ventos o traziam por ali.
— Eu, se quer que lhe diga,
sou um gatunito maneiro, ou
melhor um carteirista sem sor-
te. Tenho roubado coisa pou-
ca, bolsitas de peregrinos para
Fátima, argumas moedas em ci-
ma do balcão onde o parceiro,
com os copos, já não acerta a
ver se lhe troco a minha car-
teira pela dele e assim sucessi-
vamente.
Este sucessivamente parece
que lacerou o condutor que fi-
cou todo arrepiado.
— Mas então, você…
— Eu venho da cadeia, esti-
ve lá uns dias bem aborreci-
dos. Nanja que não comesse
bem. Até coelho me deram, e
Condições
de Assinatura
VIA NORMAL
Portugal Gontinental
e Ultramarino, Brasil e Espanha
100800
Estrangeiro: 180800
VIA AÉREA
(Pagamento adiantado)
Províincias Ultramarinas: 2008.
Estrangeiro: 250800
NOTA — Tcu.. àas importâncias
nos podem ser remetidas em
vale de correio, cheque ou di-
nheiro de qualquer nacionalida-
de ou ainda os Srs. Assinantes
encarregarem quem nos efec-
tue directamente as liquidações.
As assinaturas devem ser pa-
gas adiantadamente.
Para o Ultramar Português
e Estrangeiro não fazemos co
branças através dos C.T.T.
a cabeça que é o bocado que
mais aprecia cá o rapaz.
O homem do carro já não sa-
bia de que terra era. Deixou
uma das mãos no volante e
com a outra deu um jeito à
carteira lá para as profundas
do . bolso e encomendando-se
aos santos. Depois desarvorou
por ali fora na ânsia de ver lu-
zes e casas onde sob qualquer
pretexto apeasse aquele mal-
sim. la na brasal Eis senão
quando um assobio de polícia
ou coisa equivalente. Abran-
dou, parou e das sombras do
oleado invernio, já de lapiseira
e caderneta o homem das mul-
tas.
— O senhor vaí com excesso
de velocidadel /sto é que é
modo de andarl A quantos qui-
lómetros?
— Ó senhor, olhe que eu
costumo andar a pisar ovos, se
agora o acelerador destempe-
rou nem dei por tal. Homem
mais acautelado do que eu não
AGUARELAS
anda nas estradas de Portugal.
— Bom, mas o senhor não
vê em que períigo põôe os ou-
tros? É que até chiava o carro-
tel
— Veja lá, eu sou precavido.
Doenças lá em casa, que lá is-
so com pressa vou eu.
— Mas realmente não devia
precipitar-se deste modo, —
disse o ladrão de carteiras pe-
quenas!
Fíicou siderado por ver que
o homem a quem dera boleia
se passava para o lado do polí-
cia em vez de o ajudar a ele.
Ali estiveram em contenda e o
ladronico sempre acolitando o
guarda. Este fez vistoria ao car-
ro tirou prolixos apontamentos
e a multa ficou lavrada. Conti-
nuaram ainda a discutir e por
fim o homem do carro, cabis-
baixo, pôs-se ao volante e qual
não foi a sua surpresa ao ver
que o meliante carteirista en-
fiava de novo e de novo se-
guia com ele! Encheu-se de co-
ragem e, de esguelha, foi-lhe
dizendo:
— Eu, se quer que lhe diga,
estou banzado com o seu pro-
ceder. Então eu dei-lhe boleia
e o senhor em vez de estar por
mim faz-se com o homem da
multa, que a tenho mais certa
que esta noite que nos cobre!
— Não senhor, o senhor não
tem a multa nada certa, nem
eu consentia em tal coisa. O
homem parou o carro ao ouvir
tal. Mas então… O carteirista
tirou a caderneta do polícia,
com àa boca cheia de riso dis-
se: — Trabalhinho acabado!
Enquanto ele ralhava consigo
e eu ajudava, cá por minhas
boas artes, fui-lhe tirando es-
te missal onde estão apontadas
as multas, e a sua em lugar ca-
beiro. O polícia agora nem tem
a matrícola do seu carro nem
sequer sabe para onde vai O
amigo. Eu fico já ali adiante ao
direito dessas casas!
João Maia
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30 de Março de 1974
9 BENOVADOR
Página 3
O URÂNIO NA METRÓPOLE:
Jazigos nas regiões da Guarda,
Urgeiriça e Alto Alentejo
O Gabinete de Estudos e Pla-
neamento da Junta de Energia
Nuclear publicou recentemente
um estudo sobre a determinação
do teor do minério das regiões
da Urgeiriça, Guarda e Alto Alen-
tejo, abaixo do qual é mais con-
veniente a sua lixiviação estática
junto das minas do que a sua
lixiviação nas oficinas clássicas
respectivas e estimação das
correspondentes quantidades de
minério.
Este trabalho de investigação
constitui uma primeira contribui-
ção para a resolução do proble-
ma, tendo já apresentado — se-
gundo o boletim da Junta Nacio-
nal de Investigação Científica e
Tecnológica — as seguintes con-
clusões:
1 — Os recursos metropolita-
nos de urânio actualmente conhe-
cidos situam-se nas regiões da
Guarda, Urgeiriça e Alto Alentejo.
Na região da Guarda esses recur-
sos períazem um total de apro-
ximadamente 1400 t U3 O6 e en-
contram-se dispersos por 57 ja-
zigos. Por sua vez nas regiões da
Urgeiriça e Alto Alentejo existem
cerca de 3 800 e 3600 t de U3
OB6 distribuídas, respectivamente,
por 23 e 21 jazigos.
2 — Ao considerar-se a explo-
ração dos recursos metropolita-
nos de urânio há, assim, que es-
tudar o problema do transporte
do minério para oficinas de tra-
tamento —químico conveniente-
mente localizadas, face à possi-
bilidade de lixiviação desse mi-
nério junto das minas.
3 — Na realidade; sob o ponto
de vista económico, pode ser
mais conveniente transportar-se
o minério para uma oficina de
tratamento químico, onde a re-
cuperação é maior, do que fa-
zer-se a sua lixiviação local, junto
das minas, que conduz a menor
Tecuperação, desde que o valor
do urânio recuperado a mais pelo
primeiro processo equilibre a di-
ferença de custo de tratamento
e de transporte. O custo do trans-
porte na economia do tratamento
dos minérios de baixo teor tem,
efectivamente, um grande signi-
ficado. S
4 — Por isso, prevê-se que à
redução da importância desse
factor permita conseguir econo-
mias de relevo.
179 AUTORIZAÇÕES PARA À
INSTALAÇÃO DE UNIDADES
INDUSTRIAIS EM MOÇAMBIQUE
Durante o ano de 1973 e no
âmbito do condicionamento a ní-
vel territorial os serviços de in-
dústria de Moçambique concede-
ram 173 autorizações para a ins-
talação de novas unidades indus-
triais. Estas iniciativas vão origi-
nar investimentos de capital fixo
de montante global superior a
1 400 contos e a criação de 7 600
novos empregos. 3
Neste programa de investimen-
tos tomam particular relevo as
indústria têxteis, químicas e ali-
mentares, que, no seu conjunto,
vão garantir 4111 postos de tra-
balho e um investimento global
de 991 mil contos.
O número de empreendimen-
tos autorizados, envolvendo in-
vestimentos iguais ou superiores
a 5 mil contos, é de 48 distribuin-
do-se pelas indústrias têxteis
(11), de alimentação (10), da
construção de máquinas (5), do
fabrico de produtos metálicos
(4), transformadores diversos
(4), de papel e artigos de papel
(3) e outras (11).
Embora seja o distrito de Lou-
Tenço Marques aquele que reúne
maior número de empreendimen-
tos programados, é de salientar
que, nos distritos do norte de
Moçambique, os investimentos
Manta de Retaálhos
oscilam entre 500 e 550 mil con-
tos, assumindo posição bastan-
te destacada, em relação aos
restantes, os distritos da Beira,
de Moçambique e da Zambézia.
O INGLÊS MÉDIO GANHA 40
LIBRAS POR SEMANA
Pela primeira vez, em Outubro
de 1973, os salários brutos dos
trabalhadores ingleses (com ho-
ras suplementares incluídas) ul-
trapassaram as 2000 libras por
ano, ou seja 40 libras por sema-
na.
Esta média esconde, porém,
certas distorsões importantes en-
tre os trabalhadores manuais (37
libras, em média, por semana) e
os trabalhadores não manuais
(47 libras por semana).
As .mulheres, como sempre,
encontram-se numa «categoria
de vencimentos» diferente, com
uma média. de 22 libras por se-
mana de 40 horas.
A FORMAÇÃO
DA LiNGUA PORTUGUESA
A língua portuguesa, elemento
essencial dum povo e duma cul-
tura, nem sempre foi portadora
daquela — comunicabilidade — ex-
pressiva e harmoniosa que hoje
possui: já foi rude e pedregosa.
A língua que todo o português
fala é o resultado do convívio
social e do esforço de muitos es-
critores através dos séculos.
O português nasceu: da lenta
e gradual evolução do latim que
os colonos romanos trouxeram
para a Península, após a conquis-
ta, três séculos antes de Cristo.
Não era este latim aquela lin-
gua apurada e culta da Antiga
Roma e Grécia (latim clássico),
mas o latim falado pelo povo (la-
tim vulgar). Caso curioso, às
gentes que habitavam a Penín-
sula assimilaram de tal modo o
latim vulgar que ele resistiu a to-
das as invasões por parte de Ger-
manos e Árabes, com línguas di-
ferentes.
Como todas as línguas, tam-
bém a nossa estaria em cons-
tante evolução. E assim, assisti-
mos a uma adaptação desse la-
tim vulgar aos hábitos linguís-
ticos dos povos da Península, e
ao enriquecimento do vocabulá-
rio com palavras germanas e ára-
bes. Desta adaptação nasceria o
«Romanço», * língua confusa e
hesitante da qual brotaram as
línguas românicas ou novi-latinas
(português, espanhol, francês,
italiano e romeno). Na Galiza e
na zona onde mais tarde seria o
reino de Portugal, o «Romanço»
tinha características especiais e
uniformes; por isso, ficou conhe-
cido por «Galaico-Português».
Finalmente, a língua portugue-
sa apareceu em dois documentos,
dos fins do séc., Xll: uma cantiga
de amor e um auto de partilhas.
O primeiro é uma manifestação
poética de Paio Soares Taveirós.
O segundo, é um documento em
prosa sem qualquer valor |lite-
rário. Anteriores a estes só en-
contramos documentos notariais,
escritos em latim bárbaro; o por-
tuguês que se deduz através des-
tes documentos costuma cha-
mar-se português proto-histórico
(data dos séc. IX, X, XI).
Com o século XIl inicia-se a
fase arcaica da língua portuguesa
que vai até meados do séc. XVI
e durante a qual o português se
vai diferenciando do Galego. Nes-
ta fase é notável a acção do Rei
D. Dinis: institui o português co-
mo língua obrigatória nos pro-
cessos judiciais e culmina com a
criação da primeira Universidade
em Portugal.
Lenta, mas gradualmente, o
português vai criando alicerces
na cultura portuguesa e enrique-
cendo o seu vocabulário até que
um dos maiores génios criadores
da humanidade, Camões, abre
novos caminhos à Poesia e à
Língua Portuguesa. E já que a
poesia se havia libertado do
abismo das imperfeições, é mo-
mento da prosa se libertar e ga-
nhar fluidade. Esta tarefa cabe ao
grande orador do séc. XVIlI, Pa-
dre António Vieira.
E é com à obra deste orador e
escritor que a língua portuguesa
adquire coesão e se levanta co-
mo meio de expressão dos gran-
des valores espirituais do homem.
Produção de: ÓRBITA V
(De «A Voz de Cambra> n.º 63)
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OLEIROS
Terra de contrastes
Continuação da 1.º página
belo edifício de linhas sóbrias,
bem situado junto à E. N., fun-
cional e bem acabado. Importou
em cerca de 2000 contos, em
parte comparticipados pelo Esta-
do, e por particulares.
A Escola Preparatória construíi-
da em material pré-fabricado en-
contra-se de igual modo excelen-
temente situada, lançando sobre
a vila, a seus pés, um excelente
panorama. Montada pelo Estado,
custou, no entanto, à Câmara
cerca de 1 000 contos, em terra-
planagens, instalação eléctrica,
redes de águas e esgotos.
O Mercado coberto não honra
Oleiros. Alapardado junto a uma
barreira, escasso e baixinho, qua-
se diríamos uma casinha de pre-
sépio, tal a impressão de brin-
quedo que nos deixa, observado
de longe. Custou, no entanto
cerca de 800 contos.
O edifício dos Paços do Con-
celho, ainda longe de concluído,
apresenta já, no entanto, a sua
estrutura exterior de certa gra-
vidade e grandeza. Diríamos mes-
mo, de certa. elegância, Os co-
mentários que se ouvem, contu-
do, são todos em desfavor da
sua localização. E, de facto, em-
biocado numa baixa, perde o ar
de imponência e de esbelteza que
a sua arquitectura parecia em-
prestar-lhe. Ouvimos . também
pareceres desfavoráveis quanto à
sua funcionalidade. No entanto,
não podemos pronunciar-nos so-
bre o assunto, dado que o edifí-
cio ainda se não encontra acaba-
do e algumas das suas divisões
poderão ainda ser modificadas.
É pena, contudo, que uma obra
que nos dizem ir custar cerca de
5000 contos não valorize urba-
nisticamente a vila, como pode-
ria fazê-lo,
Tudo depende, porém, segun-
do cremos, da urbanização dos
terrenos que o rodeiam a qual po-
derá emprestar-lhe nova dimen-
são. E isso ainda está em tempo.
Consta-nos encontrar-Sse o pro-
jecto respectivo em elaboração.
A fábrica de resina de Alfredo
Fernandes, situada do outro lado
da Ribeira, junto à estrada muni-
cipal para Sardeiras, dá ao bur-
go movimento e interesse, No
entanto, do ponto de vista urba-
nístico, em nada veio valorizar a
vila. Quem visita Oleiros, nor-
malmente não chegará a vê-la, a
não ser que precise de ali se
deslocar. Afastada do traçado
das estradas nacionais feitas e
previstas, não poderá impressio-
nar o viajante que ali se não de-
tenha.
Outro grande empreendimento
em construção rápida é o super-
-mercado. À ele se poderia refe-
rir mais apropriadamente o títu-
lo desta crónica. Impressionou-
-nos a sua grandiosidade, a sua
área coberta. Os comerciantes
de Oleiros agrupados na CON-
COL — Centro de Alimentação e
Comércio Geral de Oleiros, mos-
tram vistas largas, vontade de
união e progresso. Um estabele-
cimento que pelo seu tamanho e
pela sua imponência (únicos as-
pectos que para já afloram), po-
de fazer inveja a muitas outras
vilas mais desenvolvidas, ou mes-
mo cidades. Dizem-nos que à
sua construção irá custar mais
de 1500 contos.
Por esta breve descrição, fa-
cilmente verificamos encontrar-
-se Oleiros numa fase de ampla
renovação urbanística que pro-
gnostica desenvolvimento, pro-
gresso. Ao lado de estruturas hu-
manas e materiais arcaicas, ves-
tígios do seu isolamento durante
muitos anos, aparecem-nos sinais
visíveis de renovação. Um con-
traste que há-de ser a nota sa-
liente de todas aàs nossas peque-
nas vilas do interior.
@@@ 1 @@@
Página 4
O RENOVADUK
30 de Março de 1974
Escrevem os nossos leitores Madeirã presente..
O PIQUENIQUE DO GRUPO DOS
AMIGOS DO CONCELHO DE
OLEIROS (G. A. C. O.)
Lisboa, 19 de Março de 1974
Ex.Ӽ Senhor
Director de «O Renovador»
Oleirense radicado em Lisboa
há mais de 30 anos, leitor e assi-
nante do vosso e nosso presti-
moso jornal «O Renovador», e
também eu, como outros conter-
râneos da nossa Comarca, venho
pedir-lhe a publicação desta na
Secção ESCREVEM OS NOSSOS
LEITORES.
Por vezes oiço dizer que o re-
gionalismo é palavra vã. Outras,
que, nesta imensa cidade de Lis-
boa não se encontram rostos
nossos conhecidos (às vezes já
se não vêem desde os bancos
da escola… é verdade! ).
Pois fiquei maravilhado. Como
foi possível, nos tempos que se
atravessam (em que todos têm
imensos afazeres…), que o G.
A. C. O. conseguisse reunir cer-
ca de 200 pessoas, numa quinta
a 20 km. de Lisboa, no Restau-
rante denominado «Cozinha Sa-
loian…?7 200 pessoas!… Que al-
moço… Bem servido… Fartura…
Fados… Acordeão… Baile… Um
nunca acabar…
E quem se via nesse almoço?
Caras conhecidas que há muito
se não cumprimentavam. Todos
de Oleiros, radicados em Lisboa.
Famílias inteiras… Já com os fi-
lhos e netos, a ensinar-lhes o ca-
minho da sã camaradagem beirã.
Pessoas que se deslocaram de
Oleiros a Lisboa, os Grupos Fe-
derados na Casa da Comarca da
Sertã, e esta, bem representada
pelos seus ilustres directores,
que proferiram palavras que me
inundaram de alegria.
Amigos que não nos conhe-
ciam e da nossa terra não são,
ficaram maravilhados de tanta
lealdade e coração e bondoso e
camarada, destas gentes de Olei-
ros.
O que aqui descrevo nada é do
que foi realmente ao vivo.
Daqui endereço um MUITO
OBRIGADO aos Senhores do G.
A. C. O., de que sou sócio. Fa-
çam mais festas iguais à esta, on-
de quer que seja. E que o pique-
nique já prometido, não demore.
Um Oleirense
Um oleirense
P. S. — Uma notícia ainda, que
me veio de Oleiros, muito agra-
dável: — A nossa Filarmónica
ensaia a cerimónia dos Passos e
da Semana Santa…
— E, já que falo em Filarmónica:
— encontra-se no Hospital de
Santa Maria, internado, e em pe-
rigo de vida, o nosso antigo e
PELO
GOVERNO
CIVIL
Por Sua Ex“* o Subsecretário
de Estado da Segurança Social
foi aprovado o piano de trabalho
de 1974, da Comissão Distrital
para a Promoção e Acção So-
cial, presidida pelo Sr. Governa-
dor Civil
No Governo Civil, e perante
os directores dos estabelecimen-
tos de ensino e os presidentes
dos clubes desportivos da cida-
de, o Chefe do Distrito conferiu
posse do cargo de Delegado do
Ministério da Educação — Nacio-
nal para a Educação Física e Des-
portos no Distrito de Castelo
. Branco, ao Sr. Artur Vicente Va-
lente, nos termos do art.º 12.º,
do decreto n.º 42800, de 11 de
Janeiro de 1960.
estimado mestre de música, José
Augusto (Mestre Moucho).
Que Deus o melhore.
PARA QUE DATA FORAM
ADIADAS AS OBRAS DA
IGREJA DE &. JOÃO BAPTISTA,
PADROEIRO DA FREGUESIA
DE FIGUEIREDO?
Luanda, 19 de Março de 1974
Ex.””º Senhor
Director de «O Renovador»
Amigo e Senhor,
Com os meus cordiais cumpri-
mentos dirige-se a V. Exº um
filho dessa terra, que milita por
Angola, com o pedido de publi-
cação no nosso jornal, da pre-
sente carta,
Em tempos que já lá vão no-
mearam uma comissão angaria-
dora de fundos destinados à re-
modelação da lgreja do nosso
Padroeiro.
Estendeu-se por Angola e Mo-
cambique o peditório para aque-
le fim, tendo, pelo menos na par-
te que toca a Angola, todos ou
quase todos, contribuído para
aquelas obras que seriam, quan-
do realizadas, motivo de orgulho
das gentes que tão bem fizeram.
Já lá vão quase dois anos.
E como tenho a minha terra
no coração, interesso-me por tu-
do o que lhe diz respeito, inclu-
sivamente pela igrejá que os
meus familiares frequentam.
Soube que todos os habitantes
da freguesia, foram colectados
com importâncias relativas às
(Continua na 2.º página)
Faleceu no lugar de Ribeiras
(Várzea dos Cavaleiros)
o Sr. António Joaguim Nogueira
No passado sábado, dia 16 de
Março, faleceu no lugar de Ri-
beiras, da freguesia de Várzea
dos Cavaleiros, o Sr. António
Joaquim Nogueira, conhecido in-
dustrial e uma figura de grande
prestígio na sua freguesia e no
meio dos negociantes de resina.
Desde 1920 que se dedicava
à transformação da gema do pi-
nheiro, tendo, com seu irmão
Manuel, construído, em Vale do
Pereiro, uma fábrica daquela in-
dústria.
O seu maior orgulho eram os
filhos. Casado com a Sr.º* D. Ma-
ria Luísa Nogueira, dela teve nu-
merosa prole que, com Sacrifício
e a maior dedicação, soube edu-
car, tendo dado a quase todos um
curso superior. António Joaquim
Nogueira revia-se nos seus fi-
lhos, espalhados ‘hoje pela Me-
trópole e pelo Ultramar, muitos
em iugares-chave de grande res-
ponsabilidade e relevo social.
Numa época em que o estudo
nesta região estava longe de ser
uma generalidade, mesmo ‘wpara
as melhores famílias, soube com-
preender que importava mais
dar aos filhos um modo de vida
digno através do seu esforço in-
telectual do que deixar-lhes
grande riqueza.
Profundamente religioso, du-
rante duas dezenas e meia de
anos foi tesoureiro da Comissão
Paroquial, garantindo ao respec-
tivo Pároco uma confiança sem-
pre útil e proveitosa.
Enquanto pôde nunca deixou,
também, de politicamente apoiar
os governantes que desde 1926
têm estado à frente dos desti-
nos de Portugal, tendo muita
honra em que o designassem
para delegado da comissão elei-
toral na sua freguesia.
Exemplo de bonus pater-fa-
mílias, será relembrado ainda
por muitos anos por quantos o
conheceram.
Deixa viúva a Srº D. Maria
Luísa Dias Nogueira e os se-
quintes filhos: António Dias No-
gueira, casado com a Srº D.
Georgina Moreira Lopes Noguei-
ra, industrial de Vale do Pereiro;
João Joaquim Nogueira, com o
Curso Superior de Estudos Ul-
tramarinos, director do Rádio
Clube do Uige, industrial e co-
merciante, casado com a Sr.º D.
Ofélia Ferreira Lima Nogueira, re-
sidente em Carmona (Angola);
Joaquim Dias Nogueira, estu-
dante de Direito, casado com a
Sr.º D. Maria José de Figueiredo
Alves — Nogueira, residente em
Lisboa; Eng. Manuel Dias No-
gueira, casado com a Srº D.
Laurinda Martins Alves Noguei-
ra, Director da Missão de Exten-
são Rural de Angola e Investiga-
dor do 1.1.A.A., residente em
Nova Lisboa; Armando Dias No-
gueira, proprietário, casado com
a Srº D. Maria Celeste Martins
Farinha Nogueira, residente em
Ribeira Fundeiras; Álvaro Dias
Nogueira, casado com a Sr.º D.
Maria Alice Nunes Nogueira, téc-
nico de contas, residente em
Lourenço Marques; Eng. Alberto
Dias Nogueira, casado com a
Sr.º D. Maria de Lurdes Cordeiro
Nogueira, residente em Alfragide,
Lisboa; Eng. José Dias Noguei-
ra, alferes miliciano, casado com
a Srº D. Maria Florence Noguei-
ra, residente em Luanda; Dr. Ga-
briel Dias Nogueira, também al-
feres miíiliciano, residente em
Luanda; e Maria Luísa Dias No-
gueira, aluna do quarto ano da
Faculdade de Letras da Universi-
dade de Lisboa.
O funeral de António Joaquim
Nogueira realizou-se na passada
segunda-feira, dia 18 de Março,
para o cemitério de Várzea dos
Cavaleiros € constituiu talvez o
maior acompanhamento que se
terá visto naquela freguesia. Foi
precedido de missa de corpo
ipresente e de ofício de defuntos.
Nele se incorporaram pessoas de
toda a freguesia, em número su-
perior a muitas centenas, da
Sertã, da Ermida, sua freguesia na-
tal, de Lisboa, Proença-a-Nova,
Oleiros € outras terras, sobre-
tudo das freguesias vizinhas de
Figueiredo, Marmeleiro e Sobrei-
ra Formosa,
«O Renovador» e o Director
apresentam à numerosa família
enlutada, entre a qual contam al-
guns amigos, a expressão do
seu prafundo pesar.
Homem
abegão ou postor
Para guardar gado bovino, 30
a 40 cabeças; durante o dia a
pastar no campo e à noite deitar
pasto nas manjedouras e mato
nos currais. Ao domingo apenas
deitar comida nas manjedouras
e descanso. Condições: dá-se
casa para habitação com luz
eléctrica e alguns utensílios do-
mésticos, excepto roupas. Indi-
car por escrito ou pessoalmente
o salário que pretende, sendo
solteiro, ou para o casal. Res-
posta para este jornal ou para
Ângelo Pereira, Rua Vítor Cor-
don, 11-1.º, em Lisboa — Telef.
360595.
OS NOSSOS PROBLEMAS
Têm os jornais o dever moral
de zelar pelos justos anseios dos
seus leitores. «O Renovador», fiel
amigo do povo, desde que o co-
nheço, deu nas suas colunas prio-
ridade a casos de interesse ge-
Tal das populações da nossa re-
gião, fazendo eco dos seus ape-
los, no intuito de que essas suas
legítimas exigências encontrem
o seu apoio junto das entidades
que têm a seu cargo os destinos
da Nação Portuguesa.
Por vezes ficamos pensando
que vários apelos de todos nós,
leitores e colaboradores, não são
ouvidos por quem de direito ou
então são arquivados ou ainda
ficam esquecidos nas gavetas
das secretárias.
Desde há algum tempo tenho
dado a conhecer muitas das nos-
sas necessidades, para o Bem
Comum, do Concelho a que te-
mos orgulho de pertencer (Olei-
ros). Já falei de algumas fregue-
sias: Amieira, Álvaro, Cambas e
Madeirã. No futuro irei falando
das restantes localidades, para
que mais uma vez se dêem a co-
nhecer as nossas necessidades,
O nosso atraso e os nossos de-
sejos, a fim de que sejam ouvi-
dos e resolvidos pelos nossos
Governantes.
Para que as populações se fir-
mem à terra que os viu nascer,
necessariamente terá que haver
apoio dos mais directos respon-
sáveis pela administração pública
local.
Porque será que estas regiões
não conseguem sair da sua po-
breza, enquanto outras benefi-
ciam de riquezas que não cessam
de crescer?
Porque é que não temos sido
atendidos decentemente nas nos-
sas necessidades fundamentais…
enquanto outras enriquecem atra-
vés de tudo e todos.
Bem sabemos as medonhas
dificuldades com que a maioria
dos municípios se debatem. Mas
para se alcançarem alguns fins,
será necessário que os responsá-
veis pelas municipalidades dêem
a conhecer aos Governantes es-
sas carências, permitindo que
estes se inteirem dos casos mais
flagrantes e, no fim de algum
tempo, possam aquilatar os
meios ao seu alcance e ajudem
ao aperfeiçoamento e consecuti-
EE s EA E E a E A la
humento
do custo de vida
de 1971 a 1973
PRODUTOS ALIMENTARES
EM MÉDIA 75,3%
Alguns colegas nossos da Im-
prensa Não-Diária têm ultima-
mente acentuado a ideia de que
o aumento do custo de vida em
Portugal nos últimos anos é o
segunlo mais elevado da Euro-
pa. De alguns números colhidos
pelo semanário «Notícias da
Amadora», aproveitamos os se-
guintes:
A pescada congelada subiu
100%; o linguado, 128%: o ro-
balo, 180%; a sardinha, 100%;
a enguia, 100%; as lulas, 185%.
A carne, no. mesmo período
de 1971 a 1973, aumentou um
pouco menos: tripas de porco,
60%; vazia de vaca, 77%; jar
rete, 61%; língua de vaca, 60%;
fígado de vitela, 71%; perna com
osso, 71%. .
Outros produtos diversos: ba-
tata, 11Aº%: nabiças, 100%; gre-
los, 100%; cebola, 600%; bró-
culos, 150%; tomate, 100%:;
queijo da serra, 50º%; queijo fla-
mengo, 22%; leite, 6%; bolos e
pastéis, 37% e 18%; torrefacção
de café, 60%.
Sintetizando e tirando a média,
o aumento geral dos produtos
entre 1971 e 1973 foi de 75,3%.
vo progresso dos agregados ru-
rais.
Aqui deixamos o apelo de al-
gumas populações laboriosas
que, por detrás dos ecos da vida
moderna, aguardam novos ru-
mos, orientando-se para que aàs
realizações vão, finalmente, ão
encontro das suas legítimas as-
pirações.
Como órgão defensor de todos
nós, não nos podemos alhear e
ninguém conseqguirá calar a nos-
sa voz. Acreditamos no Portugal
do Futuro. No. Portugal dos por-
tugueses e para todos eles. Num
Portugal e numa zona em que
o progresso seja, na verdadeira
acepção da palavra, uma realida-
de.
2.3.1974.
Josáé Domingues Mendes
Helicópteros
e aviões
na vigilância
e ataque
a incêndios
nas florestas
Continuação da 1.º página
escudos à hora, e o dos aviões
entre os 6 800$00 e os 7200%
Todos estes aparelhos opera-
rão a partir de diversas pistas,
nomeadamente as de Cerval, Mi-
nhéu, Santo —António das Ne-
ves, Lousã, Cabeço da Rainha
e a do aeródromo de Viseu,
além das de Coja (próximo de
Arganil) e de uma outra, perto
de Águeda, que se encontram
ainda em construção, mas que
se prevê estejam aptas a serem
utilizadas antes do Verão.
A Direcção-Geral dos Servi
ços Florestais e Aquícolas en-
carrega-se, igualmente, do for-
necimento do pessoal necessá-
rio à conservação das pistas re-
feridas e ao abastecimento dos
diversos aviões e helicópteros.
O facto de agora se ter deci-
dido utilizar apenas oito aviões,
número inferior em relação a
anos anteriores, não significã
necessariamente uma diminuição
da eficiêícia dos serviços de
combate a incêndios, pois as
unidades a utilizar este ano têm
uma capacidade de transporte e
de acção superiores às que, nor-
malmente, estavam ao dispor
desses serviços.
O mais caro dos helicópteros
adjudicados servirá, sobretudo,
para o transporte de brigadas
especializadas, aptas a actuarem
em emergências e com grande
rapidez.
Novos
assinantes
À amizade dos nossos assinan-
tes ficamos a dever a indicação
de novos nomes e moradas que
vêm aumentar a família de «O
Renovador»:
António Antunes Martins, de
Moscavide, Lisboa, remetido por
José da «Costa, do mesmo lugar;
Armando António Herdade, de
Caluguembe, Angola, remetido
por António Carlos Martins, do
Lobito; Luís da Silva Mateus, do
Lavradio, Barreiro, remetido pelo
nosso colaborador José Domin-
gques Mendes, de Vale de Figuei-
ra, Corroios; Francisco Mateus,
de Póvoas, Álvaro, por intermé-
dio do nosso amigo Américo An-
tão da Cruz; Ataíide Ga’cia Guer-
ra, aspirante de finanças de Olei-
ros, por intermédio do nosso
correspondente naquela vila, Nu-
no Martins Ferreira.
A todos o nosso sentido BEM HAJAM.