Eco da Beira nº69 27-04-1918
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“ASSINATURAS :
Ano-=1820. Semestre —$60.: Brasil (moeda
PBeês np rastigira 54000 réis –
Anúncios, na grega pagiha, D cêntavos:
a linha’ou espaço de linha”.
ES e
AR
E.
PUBLICAÇÃO NA CERTÃ – ‘
“Redacção e “administração em e
SERNACHE DO BOMJARDIM
Composto e impresso na so na Tipografia Leirionso,
SE DSR :
| E BEN
2!
Sr. Doutor:
M ado me PA Es dizer por um
amigo comum=-e’ não se tem cança-
do de o apregoar—que foi por inter:
venção sua que não se fez a sindi-
cância tão apregoada aos meus actos
de director do Instituto; de; Missões
Coloniais. otros
O senhor ter-secia oposto a tal
acto, . sobretudo, para evitar. maus
precedentes, e a sua vontade :decisi-
va teria. sido sem reservas respeitada:
“Não lhe aceito nem agradeço, o fa-
vor, e até lícito me seria perguntar-
lhe: para quê, e-com-que direito; O
senhor se veio. meter. na minha. a
profissional, que nada tem, ou devia
ter, com-a-minha vida politica. –
“Porque é preciso notar: o. entoê
não me teria livrado duma acusação
nem duma .condenação-—teria ape-
nas evitado que .o ministro deferisse À
ao mem. pedido: submetendo-me ao
Julgamento que eu reclamava.
Porque a sindicácia eu a.vinha re-
querendo há muito tempo.
sua intervenção teria sido uma
impertinência e, assim, uma afronta
e não um favor.
“Mas não foi. O senhor em “nada
interveio.
Não, não foi, por magnanimidade
sua que ela se não fez—não tenha-
mos disfarces nem hipocrisias. ,
Não se fez porque não havia ma-
téria’ de sindicância. Porque a mi-
nha administração foi honesta e foi
depot “SP e
Se.eu não estivesse protegido pelos
meus “actos, dos seus nada tinha a
esperar. A: sindicância havia de fa-
zer-se. Õ senhor apenas interviria… a
para que ela se não demorasse!
Não lhe agradeço pois. a apregoa-
da intervenção, mas aceito-lhe a cof-
fissão e registo 4 preponderância de
que se gaba.
O senhor teve autoridade e força
para evitar um “acto de investigação
obrigando o ministro a anular todos
os actos para tal fim já ordenados
eosrealisados.
Miúito bem.
“Metade de toda essa autoridade e e
força” chegaria para evitar a minha
exoneração: todavia eu fui exonera-
do. O senhor não interveio.
Foi ouvido: consentiu. Quis.
Porque não impediwessa violência?
E’ assim, um acto de sua inteira, |
resporisabilidade: “nem “o senhor
pode declinar. Descance, que não
lhe peço contas. Ab contrário, agra-
deço-lho.
Eu tenho por essa patustada poli-
brado dasprero e Seitivemiesia ames-
quinhado’ se fôsse obrigado à “exer- ||
cér uma função pública em uma tal
al
situação política. O senhor evitou-
moeaí é que me fez o favor a que
estou reconhecido.
| Fara
caMas não é só para registo e tes
temunho público do meu ‘reconheci-
mento que eu lhe estou escrevendo
esta carta.
E” para outras considerações: quei-
ra ouvi-las.
Fenha» paciência!
Vejo-o, sr. dr. em plena esivit
dade política, diligente e sorridente.
Triunfa. Segundo a’sua própria
declaração, a sua vontade é sobera-
na. Manda discrecionáriamente.
Não sei- se aceitará as minhas fe-
licitações: por isso não me atrevo a
dar-lhas. E” de notar que o- senhor
só aparece nestes momentos tumul-
tuários da. vida pública: surge sem-
nre nas águas turvas da político por-
tuguesa.
– Tema sua predilecção, que: os po-
liticos. tambêm teem as suas especia:
lidades.
Asua.é a das ditaduras.
-Com qualquer regime !
Serviu a do João Franco, serviu a
do Pimenta de Castro e serve agora
ado sr. Sidónio, Fóra disto ninguém
o vê.
Tem roda de engeitados políticos.
Em havendo um monstrengo a expôr,
vão logo’ deixar-lho à porta. E: adop-
ame certa.
? uma espécie de andor de irman-
so rica, que outras confrarias, em-
bora de dificuldades, vão buscar pa-
ra conduzirêm os seus deuses.
“O senhor não quer saber do san-
mo: Só quer saber da senha.
Que seja contra mim, e tanto bas-
ta !
Êsse único motivo o move.
Com ésse prazer se dá generosa-
mente: recompensado.
Eº certo que a ditadura franquista
lhe dei um emprêgo, que, seja dito
de passagem, nuncalhe fez proveito.
Mas ‘êsse prémio não foi uma recom-
pensa de serviços : foi o preço dum
mau acto seu, do qual nem a sua
própria consciência o terá absolyi=
do; e que insensatamente deixou de
reunir snão encerrando q sua vida
politica no dia em que’o seu chefe,
por sua vez; encerrou a déle.
De ditadura em ditadura, o se-
nhor tem-se diminuido’e piorado de
situação. No tempo do franguismo
serviu com alguns homens. de mere-
“cimento.
Já não foi tão feliz no govérno de
à Picha de Castro.
: Agora vive com detritos políticos.
Num pântano!
“Serve uma causa má com elemen-
tos péssimos. a
rios. Ora, nem o senhor nem os seus
viata às meninas recolhidas. Isso que
| sões, cheio de decepções, algumas ve-
“a minha dedicação, enquanto o se-
Eu vejo-o cercado de indivíduos
que publicamente se acusaram dos
actos mais desonestos, chegando mes-
mo a declararem-se possuidores de
documentos. comprovativos, da deso-
nestidade uns dos outros. .
A sua própria honra e a sua pró-
pria dignidade, a honra e dignida-
de de membros da sua família, não
escaparam à difamação dêsses pro-
fissionais da maledicência.
“E com esta: gente que o senhor
está fazendo. política num concelho
em que ela algumas vezes se tem
exercido com paixão mas nunca per-
deu de todoo pudor.
A tais colaboradores não os move
o interêsse pelo bem dêste concelho
nem os anima o amor duma ideia.
São almas inacessíveis a um sen
timento nobre—a quadrilha de Ser-
nache, como lhes chama um dos mais
aatenorizados: chefes unionistas dês-
te concelho, que só é menos exacto e
injusto quando lhe dá como chefe
uma pessoa demais seriedade do que
êle e que com tal gente não tem pon-
tos de contacto.
– Dizem que o senhor tem um fun-
a bom: aceito-o sem relutância.
Veja como não me cega a paixão
e-como a minha justiça é bem diver-
sa da sua !.. E concedo-lhe até di-
gnidade de sentimentos, mesmo-con-
tra a revelação que está fazendo da
sua falta de senso e de escrúpulos
na escolha de tais companhias.
Cada um déles com o seu propó-
sito mas todos com o mesmo interês-
se, ninguém ignora que os intuitos
dos seus companheiros se dirigem à
administração do Instituto de Mis-
sões Coloniais.
Sentem-se já os rumores do assal-
to. Parece que vem aí uma reforma.
Para servir amigos, para satifazer
interêsses, pára: perseguir adversá-
colaboradores nem os seus patrões
teem ideais ou competência para me-
lhorar à actual.
Os senhores teem do problema co-
lonial. nêsse seu aspecto, a mesma
noção que eu tenho do interior da
terra.
Não o afronto nem é
“nha.
Se eu me julgasse menos compe-
tente e menos inteligente comprava
um realejo e um macaco e ia-me por
êsse mundo de Cristo tocar a Tra-
* vaidade mi-
aí está representa o esfôrço de sete
anos de trabalho dedicado e persis-
tente, tantas vezes crivado de desilu-
zes roçando pelo desânimo £ tombar»
dona descrença.
Deilhe todo o meu carinho, toda
e
nhor se divertia, sem encargos para
o seu patriotismo, ainda virgem! *
De tanta canceira, de tanto sacri-
fício, surgiu afinal essa obra que aí
está, que alguma coisa representa
como afirmação dum pais colonial,
que tudo éno progresso desta região.
Está aí o futuro da nossa terra
em admiráveis condições a sua trans»
formação, em excelentes bases des sua
prosperidade.
Tem aí um liceu, uma escola. agrt-
cola, um hospital, oficinas, tudo—
mais do que nos seria lícito desejar.
A educação dos nossos filhos, o
bem estar dos nossos patrícios, a
grandeza desta região.
Não lhe bula. O senhor não é car
paz de fazer melhor. –
A sua acção como político “tem SÊ
do absolutamente inútil 0 que já. em
si é um mal. –
– Não queira “aviltar-se fazendo-a
destruidora, o que seria um. crime.
Tenha cautela !
Er posso perdoar-lhe que conten-
da comigo, o que pode mesmo divers
tir-me.
“Não lhe consinto que ataque os
interêsses da minha, da sua terra, o
que pode ser-lhe bem desagradável.
Os seus patrícios podem tolerar-
lhe que o senhor seja um político
absolutamente inútil-a sua politica
tem-lhe demonstrado claramente e
de si nada podem esperar.
Mas contra a sua acção ruinosa e
destruidora, em assômos de malva-
dez numa cega paixão de ódios tôr-
vos, próprios ou alheios, porventura
mais instrumento dos alheios, aque
não sabe nem quer ser superior, con-
i tra essa politica intolerável se levani
itará a indionaçõo desta região, que
poderá manifestar-se em termos vi-
brantes e enérgicos, que o senhor de-
ve evitar
Assim lho recomendo.
*
Mas, um outro: incidente da sua
actual vida politica eu quero abor-
dar.
Estão marcadas para o. dia 28
umas eleições quaisquer.
Nêsse trabalho anda afanosamen-
te trabalhndo.
Todos os outros partidos se: abs-
teem.
Está só em campo.
Desta vez deve ganhar…
Dou-lhe os parabens,
Mas, quero agora, perguntar-lhe :
que comédia é essa, que o senhor an-
da representando, distribuindo aos
seus politicos o triste e autêntico pa-.
pel de comparsas ? E
nem são.os seus candidatos ?
nde veem ? o que fazem ?
ue compromissos tomaram. para
com êste concelho ?
Não digo já do problema da po-
dítica geral e constitucional que se
debate, que não tiveram, nem o sem
nhor nem êles, tempo de estudar,
mas do que respeita “aos interêsses’espeita “aos interêsses’
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Sig,
desta região .-
A sua eterna inconsciência !
A sua incorregivel leviandade.
Faz politica como quem faz um
“frete!
Ás seduções duma amizade pes-
soal, às vezes bem mal correspondi-
da, à vaidade de nomear um rege-
senhor tudo sacrifica-—o bem
desta terra e a consciencia dos
eleitores, amesquinhando-os e redu-
zindo-os a um rebanho de carnei-
ros. Não, senhor doutor: é preciso
tratá-los com outra consideração e
outra. educação cívica. Não lhe con-
vem: diminuir-lha. Já lhe pagaram o
seu tributo, para- que o senhor al-
cançasse um emprêgo. Bom ou mau, |
foi o que pediu.
Está bem.
«Mas para estar melhor, teem eles
agora, . temos nós todos, que pagar
esse tributo eleitoral pelas prosperi-
dades e pelo progresso deste conce-
lho, coisa que para si será indife-
rente, mas que para outros:é perma-
nente preocupação. .
“E? preciso dar aos povos outra no-
cão do seu. dever e do seu valor!
“Outra. compreensão dos seus di-
reitos.
-. Outra educação cívica. –
“Educação republicana, civismo re-
publicano, enfim!
» Foi como eu fiz: e o senhor devia
ter o capricho de não fazer menos !
“Senão por patriotismo, ao menos
por brio e capricho!
“Quando e por circunstâncias que
me . dispenso. de expôr, eu me apre-
sentei ao corpo eleitoral deste conce-
lho, disse-lhe logo o que ia fazer.
Tudo. E.tudo cumpri!
– Tomei compromissos e não faltei
aum!
“Eu disse aos meus eleitores que
faria a ligação dêéste concelho com
o de Fígueiró dos Vinhos, a sua
maior aspiração, e a ponte e a es-
trada estão em conclusão.
“Eu prometi fazer a reforma do
colégio das missões, criando nele um
liceu, e o liceu aí está a funcionar,
único no país !
“Eu tomei o compromisso de ligar
este concelho, telegraficamente, com
o suldo país, e essa obra está feita !
“Uma estrada através o Cabril, lá
tem a-sua dotação. –
Guarda republicana, escolas, tu-
do fiz. Mais do que prometi. O po-
vo.-sabia para onde ia. Sabia o que
tinha a esperar-do seu voto.
“Deu-mo—nada me deve.
“Cumpri o que lhe prometi— nada
lhe devo !
Estamos quites !
E’ assim que se educa o povo. E”
assim que se faz a política repu-
blicana, dessa República, de que o
– senhor, monárquico impenitente, im-
penitente inimigo é.
“E tomo procede o senhor ?
Apresentando-se aí com uns iis-
tres desconhecidos, sem dizerem ao:
que veem nem o que querem, ames-
quinhando o seu concelho e reduzin-
do-o á condição dum burgo, sem
vontade nem. dignidade política.
Não, isto não é terra de pretos !
” Compare o seu procedimento com
o meu. Compare e consulte a sua
consciencia politica e pense em que
circunstâncias deprimentes anda aí
à pedir o voto do seu patrício. Con-
sulte e se ela lhe fôr insensível». –
então siga para diante !
Poderia regosijar-me, e não rego-
sijo!
Poderia. rir-me, e não rio !
+O senhor nasceu nesta mesma mi-
nha terra: não pode negá-lo !
“Os nossos avós eram irmãos, quer
queira, quer não.
ess
f
|
ECO DA BEIRA
E’ um homem diplomado, o que
não lhe deve ser indiferente.
Devia marcar nêste meio, e apenas
é a marca dum bando de maus e im-
becis, que hoje o incensa e que on-
tem o injuriou.
Podia ser útil aos seus concida-
dãos seus patrícios, cujo bem estar
devia zelar, e, afinal, só serve os in-
tuitos ruins e interesseiros ilegitimo s
duns aventureiros que na sua terra
cairam para a explorarem e nela me-
drarem..: à sua custa!
Tenho pena.
Mas tambem. reconheço que é o pri-
meiro acto político em que o senhor
não pode fazer mal á sua terra.
O senhor não vale mais nem me-
nos do que essa farça. .
Em merecimentos egualam-se.
Em. merecimentos e duração! –
Pode pois continuar, por agora
—consinto-lho.
Mas peço-lhe que mude de vida e
de orientnção, para o futuro.
Por seu interesse.
A bem, da nossa terra !
Abílio Marçal
Recomendando…
Sôbre a local que com êste título
aqui publicamos no último número
temos a ponderar o seguinte:
Não temos por hábito provocar
nem afrontar ninguêm. Sabemos
bem distinguir, dentro duma socieda-
de ou dumia família o que é bom’e
o que é mau, e prestar a nossa con-
sideração ao que é digno e respei-
tável, em qualquer situação pessoal.
Tão pouco negamos. o nosso res-
peito as crenças e aos actos religio-
sos de quem com sinceridade e tam-
bêm com dignidade os pratique.
Ninguêm mais do que nós tem
dado provas dessa tolerância= para
com “homens, para com senhoras e
para com instituições.
– Não nos provoquem-—directa nem
indirectamente.
Nunca fomos nem reservados nem
rogados da resposta: Encontram-nos
sempre,
Defeito ou virtude, fôrça ou fra-
queza, é umã qualidade que comnos-
co nasceu,
Com ela vivemos e, já agora, com.
ela, impenitente, morreremos.
Liberdade de imprensa
Por decreto de 13 do corrente fo-
ram restabelecidas as leis de im-
prensa de 9 de Junho de 1912 e 28
de Março de 19106. Estes diplomas
são os que estabeleceram a censu-
ra, por motivo da guerra e a sus-
pensão de jornais, quando foi das
“ncursões do bando de Paiva Cou-
ceiro.
Estas leis foram, em sua maior
parte, da responsabilidade do par-
tido democrático e contra êle, por
tal motivo, foram dirigidas as mais.
acerbas censuras. Todavia e logo
ue as circunstâncias o permitiram,
em Julho de 1917, foi pelo govêr-
no da presidência do sr. dr. Afonso
Costa publicada uma outra lei de
censura, mais benévola e mais pre-
cisa que estava em vigor ao tempo da
revolta de Dezembro e logo revoga-
da pelo govêrno do sr. Sidónio Pais.
Agora resuscita a tão negregada
lei que o próprio partido democrá-
tico havia já revogado.
Não pensavamos que tão depres-
sa começasse a ser feita justiça e a
reabilitação dos actos e dos homens
dêsse partido e por êsse mesmo go-
vêrng que proclamou a sua destrui-
ção e a da sua obra!
| Justiça!
O sr. dr. Hfonso Gosta julgado
pelos setis inimigos
Todos se recordam sem dúvida
da imunda campaaha de difamação
que para aí se esvurmou contra o
chefe-do partido democrático
As riquezas por êle acumuladas
como ministro eram escandalosas.
“i udo isto excedia em impudor é
—difamaram e infamaram êles!.
Pois bem.
Faz-se a sedição: saqueiam-lhe a
casa e-o: escritório; revolvem-lhe os
papeis, ainda os mais íntimos e re-
servados. .. a
Tudo roubam e destroem e sa-
queiam. criada
E nem um documento por suspei-
to que fôsse; nem um papel por du-
vidoso que seja. essa gente conse:
guiu descobrir e exibir. como corpo
de delito da sua acusação.
A sua vida, a sua fortuna é cla-
ra, transparente e honrada, desa-
fiando confronto com a dos seus acu-
sadores! ]
Nem um ceitil arrecadado duran-
te a sua gerência da pasta das finan-
ças! ç Ri
“Apenas o pecúlio das suaseco-
nomias «e do seu trabalho arrecada-
do até o 14 de Maio e desde então
não mais aumentado! E, assim, a
dois dias da difamação se faz Justi-
ça ao caluniado !
, :
Eis como o primeiro ministro das
finanças do govêrno do sr. Sidónio
fala da honestidade e da correcção
do sr. Dr. Afonso Costa:
Até agora ainda se não encon-
trou matéria de culpa pela qual
possa ser processado. Ainda não foi
possível encontrar um único docu-
mento da gerência do sr. dr. Afon-
so Costa que ofereça duas interpre
tações diversas.
Assini falou o sr. António dos
Santos Viegas!
xs :
O perfil de Afonso Costa é assim
traçado por um dos seus mais inteli.
gentes admiradores : .
«Afonso Costa é um notável juris-
consulto. E um insigne tribuno. E
um eloquente propagandista. E” um
grande parlamentar. Mas acima de
todos estes atributos, que resumem
tão brilhantes qualidades, o povo,
que o admira e ama, coloca uma,
primacial: acção. Afonso Costa é a
acção personificada, e tudo quanto
nesta palavra se pode concretizar
de energia criadora, de trabalho fe-
cundo, de audácia vito-iosa, basta
o seu nome para o exprimir. Para o
povo português, o dr. Afonso Costa
é mais do que uma esperança, é a
certeza de. que, enquanto êle exis-
tir, enquanto lhe pulsar o coração
e lhe fulgurar a inteligência, a Re-
pública terá sempre um braço que
a defenda até à última extremidade
dos seus destinos. Haverá quem di-
virja da sua política. Tem adversá-
rios, e adversários facciosos, como
todos. os que são grandes e fortes.
Mas esses mesmos não poderão ne-
gar que está ali um colosso que,
elaborando a lei, tem rasgos de Pom-
bal, e, defendendo a ideia, gestos de
Danton. A República fez-se emtrin-
ta e seis horas de combate, mas na
realidade, êle, mais que nenhum ou-
audácia as ladroeiras da monarquia
Mo, a preparou numa luta-de anos,
‘e depois a consolidou com os seus
i grandes decretos do período revolu-
: cronário, visto que os regimes na
: realidade só se consolidam quando
“os princípios em que se baseiam se
| convertem nas !eis que lhes corres-
; pondem. Hoje há dissidências entre
trepublicanos, mas perante a Re-
| pública, essas dissidências não exis-
tem. Para todos os verdadeiros re-
publicanos, qualquer que seja o ar-
raial em que se encontrem, Afonso
Costa não pode ser considerado se-
não. como uma coluna da Repú-
blica. Amanhã, se for necessário
recorrer aos prodígios da acção pa.
ra salvar êste país, ninguêm, abso-
lutamente ninguêm ! se, colocaria
adiante dêle, a ocupar o posto de
maior-responsabilidade-e de maior
glória. O povo não se engana. Pre-
za a vida, fôrça dêste homem co-
mo a fôrça e a vida da própria Re-
pública. Não é uma manifestação de.
idolatria: é uma manifestação de
consciência. –
Mayer Garção.
(Das «Notasà Margem» do «Mun-
do» de. 18 de Março de 1912.)
Sôbre a sua obra e os seus ser-
viços à República fala assim o actual
ministro da instrução: ne
«Afonso Costa, que possui às mais
admiráveis faculdades de talento pos-
tas ao serviço da máis formosa al-
ma que jamais conheci, é de todos
nós o mais amado e o mais odiado,
porque’ é o mais forte, A sua’obra
é enorme, a obra qué todos temos
a realizar sob a sua direcção é co-
lossal, se bem soubermos escutar é
compreender as reivindicações da.
soberania popular. A revolução foi
apenas preságio fecundo. Temos de
fundar uma civilização. Conquistá-
mos Portugal as fôrças conjugadas
de todas as reacções. Vale a pena
ajuda-la à nascer… a
Alfredo de Magalhãos. |
E assim que dêsse grande homem
de estado falam os seus mais des
caroáveis inimigos. ai
A sua honestidade é inconcussa !
“* Admiráveis as suas faculdades de
trabalho. sa
“A sua alma a mais formosa.
A sua obra é colossal, confessam
os seus inimigos. E” da pátria por-
tuguesa o mais forte e o que mais
vale.
“Por isso mesmo é o mais odiado,
diz osr. Alfredo de Magalhães. .
Por isso o mesmo sr. Alfredo de
Magalhães nêle cevou os seus ódios,
tendo-o prêso 141 dias, às ordens do
sr. major Sidónio Bernardino, actual-
mente residente em Belem. ss
Como êsses homens nos aparecem
pequenos e míseros e como ao lado
dêsses pigmeus da política nos sur-
ge brilhante e dominadora a figura
dêsse grande português, serenamen-
te dominando e confundindo os
seus inimigos, dando a todos nós o
legítimo orgulho da sua direcção e
a segura confiança em que dela e da
sua grande alma dejpatriota dias me-
lhores virão para a República e
para a Pátria Portuguesa.
Paços municipais
Sôbre: êste assunto da maior im-
portância para êste concelho publi-
cou o nosso presado colega o .Cer-
taginense um excelente artigo, no
seu último número. o
A êste caso e às observações fei-
tas pelo nossa ilustre colega devemos.
@@@ 3 @@@
EGO DA BEIRA .
mui largas considerações, que fica-| cheia do relato de carnificinas em
rão para O primeiro número,
Há coisas que êste concelho não
deve ignorar-—-os meandros da sua
política e as intenções e actos dos
seus políticos. CAs
E’ preciso que tudo se saiba e
tudo se esclareça. E as situações se
definam.
o a
uem, como nós, tem responsa-
bilidades na vida
rmanecer calado.
Falaremôs,
7
política dêste con- |
sois; porque dos nossos:
| que se massacram crenças rivais. .
(Notas à margem)—Mundo
– Ae 20 de Abril de TOLO:
Mayer Garção.
Vozes…
actos explicações devemos aos nos- | mandou-nos pelo correio, com uma
sos- eleitores. me 17 À pajestampilha: de um centavo, um nú-
E
Passou no dia 20 o sétimo aniversá-
mero qualquer do «Jornal da Tar-
des, is ;
Já; sabiamos: já estávamos pre-
Menidos Ph ui
Mal empregados dez réis!
E logo nos cheirou a resina, e
| samos de largo. ….
Toda a cautela é pouca!
rio-da promulgacão da lei que te-| Em todo o caso, obrigadinho.
gulou à situação entre o estado ci- | Que o papel está pelas horas da
vile a igreja.
morte, mesmo para usos reserva-
E’ o diploma mais apaixonada- | dos!…
mente discutido da legislação da Re-.
pública, o mais diversamente inter-
pretado e sem dúvid!
as intenções de quem essa lei ela-
borou. Do sey merecimento:fala: com:
idas’de boã’ dá |
fé, mal compreendido e“caluniadas
*
Carta . que recebemos de Pedró-
gam Pequeno: diz o seguinte :
«Consta aqui que vai-tambêm ser
dissolvida a mesa administrativa da
critério e verdade um inteligente jor- | Misericórdia, contra cuja adminis-
nalista no artigo que a segtir PU-! tração zelosamente presidida por
blicamos.
«Festeja Se bvjco segundo aniver= |”
ag A à ep: 2 e “Et dé
sário da lei de aração, ústo
Adelino Marinha nunca houve uma
queixa. e : E ash e da pe o É
“ Pois! será possivel: ‘que daquele
lugar.seja:yiOlentamente tirado quem
que se festeje, como é justo que: se] com tamanha “dedicação e honesti-
lhe chame a lei basilar da Repúbli-
ca. Com efeito, de todas as amplas,
rasgadas medidas do. velho progra-
dade tem cumprido o seu dever?
– E quem há aí, ao menos com tan-
ta competência como êle para exer-
ma republicano; gor é-que-se en! cer tal lugar do.
contra realizada de uma maneira
5 do – 3 = qe E E : ;
efectiva e sólida ? E” a da separação |; fisie nosso amigo ainda é de bom
da igreja e do Estado. E é para as-.
sinalar o facto de que precisamen-
te seja esta a lei que mais apreen-
tempo.
Não tenha dúvida nenhuma qu
leva com’o pinheiro !…
sões calsava aos espíritos timora-| – Dissolver é o destino desta gente.
tos, embora sinceramente democrá-
ticos, pelas possiveis consequên-
cias da sua execução ! Esses receios,
de resto, eram -justificados. Num
país: de-velha-tradição católica, em-
bifftecido por padres, jesuitas e in-
quisidores, mergulhado nas som-.|
bras de uma ignorância espessa em
que de propósito o mantiveram, du- |
rante séculos; os Seus senhores, ha-
via motivos para temer a reacção
Homem de competência e hones-
tidade? o Manuel Henriques.
Mas o posto é para político mais
graduado!…
“Nas alturas da provedoria respi-
ra-se bem! : :
Preto tambêm ser gente…
o Ca
incônsiderada da pobre gente iludi- | : xtraordinário !
da, O grande mérito de Afonso |
“Gosta, o” que autentica-as suas al-.
tíssimas qualidades de “estadista,
está em ter reconhecido que a igno-
rância dêste povo não significava
“Afirmam-nos que, num dos údlti-
“mos domingos, no mercado de Ser-
| nache, a câmara na venda de milho
que êle fôsse estúpidói Pelo con» ao povo tirava um litro em cada al”
trário: há no nosso povo uma inte- queire.
al, uma intuição. nati-
ligência-nat o-na
Ss suas, deficiências
va. que sup)
de educação. O inis
justiça” do govêrno provisório sou-
be: distinguir bem entre a sua reli-.
giosidade, que é uma característica
“da sua-alma, e o fanatismo que lhe
atribuiam os padres e que a sua in-
“cultura deixára presumir. Por isso
a-lei de Separação que a República
Francesa só fez depois de quarenta
anos, a República Portuguesa-de-
cretou-a em menos de um. E ela,
está feita, está segura, sem ter ha-
‘vido tumultos, sem sé desencadear
a guerra civil, sem apar
çá, semyscodeções| de
“Apenas e
política, os reaceionários de todos
“os matizs. O povo, não. As suas
erênças não foram atingidas. Por
isso mesmo o dia é de festa, e com
festa séscdene:
atos de fôr-
ontra ela protestaram, por
|» Não verificâmos.o facto, mas por
tal forma êle nos é garantido que
“audaz ministro da temos de aceitá-lo como verdadeiro,
| por mais extraordinário que êle seja.
– Um “amigo-nosso, indignado “e
apoplético e classificando o acto co-
mo êle realmente deve ser chama-
‘do, pergunta-nos se isto pode con-
tinuar assim.
“Pode, sim senhor.
Não se zangue nem se irrite.
-Não-vale a pena!
Desta gente in
| Ninguém dela pode esperar coisa
melhor:” das assess atada ss
“Tiram um litro em cada alqueire?
= Vamos: lá côm Deus que podiam
logo. tirar. dois, . e ou
“E que é isso, um litro de milho?
‘ São duas brôas.
: Enão vale a pena um pobre dei-
‘xar de comer duas brôas só para.
elebrar. orfacto de–gosan as delícias-desta república no-
uma medida desta ordem não ter va do cidadão Martins? !…
feito derramar uma gôta de sangue,
quando-a-história-das religiões está” essas aumentam, =
| O contrário das sacas de arroz:
&
| quando assim nos cheira nós pãs-.
ada há que adtirar. ,
E’ um sistema métrico um tanto |. Tudo é menti
arrevesado, mas dá resultados; pa-
ra. quem sabe lidar com êle…
A que estado chegou” esta pobre
terra! Si
Como tudo isto se faz e se con-
sente! .
Como esta câmara acode a misé-
ria e à fome dêste bom povo!
Vendendo-lhe o pão a 1d8o o al-
queire mas logo maquiado de um
me E a | litro.
O homem dás sacas de arroz |.
Duas maquias-—uma para o mo-
leiro outra para a. senhora câma-
Dale, er
Vai bem!
As grandes medidas
A comissão municipal dêsté con-
celho, que foi lá: dentro; mudar de
fato e já vem, teve nasua primeira
fase duas resoluções damais genial
lucubração. Hi
Primeiras: ;
Aumentou o ordenado dos médi-
cos em coisa como 36000 por ano.
Fez bem. E má Ms
Às circunstâncias. financeiras do
município são excelentes: e tendem
a melhorar.
Não havia, pois, que hesitar,
Igual pedido fizeram -os demais
empregados da câmara, mas não
foram atendidos, e-com: razão.
Ora essa! Vivam. com o que teem,
que isto não é. para os pequenos,
demais a mais democráticos. :
À comissão não está lá para ser-
vir a demagogia,
Ainda-se, ao menos, tivessem uma
costela alemã, .. as
São. de: marca democrática, e a
comissão não está lá: para-servir a
demagogia. Das Es
Se a lei lhes dava: êsse; direito e
aos médicos a negava-é porque a
lei é tôla e por isso bem fizeram os
ilustres edís em sôbre ela saltarem
sidônica e soberanamente.
Segunda :
»- Resolveu–convidar- o sr: Sidónio
Bernardino, actualmente residente
em Belem, a visitar a Certã.
Excelente! |
O-sr. dr. Afonso Costa, quando
presidente do ministério, também
aqui veio, ha 3 anos. a
Da sua visita resultou a reforma
do Colégio-das missões, a constru-
ção da ponte da Bouçã, a linha te-
legráfica para Ferreira, etc.
Alguma coisa, enfim para êste
concelho.
» A“vinda do-sr. Sidónio, essa dei-
xará sem dúvida de si um saco de
maná !…
-» A nobre comissão resolveu. fazer
a recepção e os condignos festejos
à custa do município.
* Não temos senão que aplaudir tão
patriótica e honrada resolução, que
o bom povo dêste concelho recebeu
com inequivocas manifestações de
alegria. Re
Quendo aqui esteve o sr. dr.
Afonso Costa, os seus amigos re-
ceberam-no à sua custa.
festação mas que saíu do bolsinho
particular de quem quiz subscrever
—no que não foram muito atilados,
figos om ums j
pal aonde tambêm podiam meter as
mãos…
Sempre é gente democrática !
“Está coisa de se dizer que o con-
celho vai entrando numa temerosa
crise; que não tem pão, nem fontes,
nem estradas, nem poços munici-
paso
Tendo ali à mão o cofre munici ,
Este município nada em felicida-
de e abundância é o povo: ficou ra-
diante quando soube que o dinheiro
dos impostos arrancado: à sua:des-
graça e à sua miséria ia ser gasto
em champagne e foguetes ao sr.
Sidónio Bernardino, «que-em menino
jogou: o botão ali na Carvalha.;
E” assim mesmo que se governa,
sim senhor. Lu
» Lidimos patriotas, honrados «e
conscienciosos administradores do
dinheiro do município!
Literatura
O JORNAL DE UMA MÃE»
(FRAGMENTO)
Ontem, minha “filha entrou no
meu quarto debulhada em lagrimas.
O «eu coraçãosinho de nove’anos
estava cheio de soluços. aee,
-— O que tens tu minha filha! O
que tens tu? Eh 9
“ Sevuúiu-se uma narrativa entrecot-
tada pelas lagrimas. Há dois anos
tenho ao meu surviço uma criada
chamada Júlia que, apesar do seú
caracter um tanto difícil, me agrada
bastante. Inteligente, aceiada,“cora-
josá, altiva, o seu’ marido, ao mor-
rev, deixou-lhe uma filha um pouúco
mais nova doque a minha e que ela
deixou em casa da avó, no campó.
A pequena caíu doente com umã
febre mucosa. Participaram-o’ esta
manhã a Júlia. Vem dai’a sua dor
e tambêm atristeza de minha filha:
Viu a“sua criada chorar e-chorou!
Viu-a desesperar-se e desesperou-se
tanto como ela. Enfim a criada dis-
sera soluçando : «E lembrar-me que
estou a dez horas de distância de
minha filha’e que não posso ir vêla!
Que está doente e que a não posso
tratar! Que talvez morra e que não
lhe diga adeus !» 5 Ma
“ Ao curir isto, a minha querida
Magdalenasinha deitou a correr pa-
| ra mim.
— Deixe-a ir, deixe-a ir mamãsi-
nha. Só quatro dias de licença; o
tempo de a ver e de a beijar…
— Sim minha filhinha, dou lhe oito
dias de licença, dez se fôr preciso.
Magdalena partiu toda alegre 8
voltou dali a-pedaço tóda triste.
— Júlia agradece-lhe muito, ma-
másinha, mas não pode ir. A via-
gem, ida e vulta, custa oitenta fran-
cos… e oitenta francos é muito
para ela que os não tem, ;
Minha filha muito contristada foi
para a sua costura. Eu voltei ao meu
bordado e, ao passo que trabalhava,
fazia mil reflexões sôbre a sorte dos
criados; depois a minha agulha co-
‘meçou a andar com o meu pensa-
| mento,: isto é, muito depressa, fe
brilmente.
Isto sucede muitas vezes. Quando
o bomom na rua anda muito depres-
sa, nem sempre são as pernas que
; |correm, é a cabeça..
*-Fez-se-lhe uma estrondosa mani- |
Reflectia: pois, quanto: êsse nome
de mãe tão querido para nós é do-
loroso para as criadas. Tudo para
elas é privações, sacrifícios, martí-
rios na maternidade. Apenas vêem
o filho, abraçam-o e sem lhe pode-
rem dar uma gota de leite— porque
est: santa comunhão do filho para
com a mãe, é-lhes proíbida—entre-
gam a pobre criança às mãos de uma
estranha a quem talvez não tenham
visto senão uma vez, de quem não
conhecem nem o caracter nem O
coração e que a levará para o mais
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7 longe possível Boer o mais bara-
“ dnstala-se.
to; eis começam as angustias da
espa à
Primeiro: “aspecto de terror ! A
ertança suportará a-viagem? Basta
um-golpe dar para a matar. Chega,
mento: nêsse’ lugar desconhecido,
onde:ela’ vive. Dentro em breve o
único laço que existe entre a mãe e
a filha é, de tempos a tempos, uma
«Carta que -Se”resume-num pedido :
«Participo-lhe: que já não há açúcar.
Queira enviar-me sabão, pano ou
vestidos». A confeção dêstes peque-
nos toiletesé-a-únita alegria da mãe.
* titue uma ordem religiosa de gafos.
A” noite, depois de acabar O seu
trabalho, vê-se a infeliz curvada até
à meia noite sôbre uma saiasinha de
fustão, sôbre alguns sobejos’ do |
guarda roupa de seus amos, que ela
concerta, que ela remenda e que
envia para longe,-não sem os ter
beijado mais de uma vez como se
êles devessem levar os seus beijos
ao ausente. A’s vezes, grande acon-
tecimento, algum fotógrafo ambu-
lante passa pela aldeia e ela recebe,
no ‘dia; de jano bom, -o retrato da-
quela… que ela não reconhece por-
que–apenas a. entrevios-e. está tão
mudada, idesde então pára-Cás
:: Nada de mais.doce para nós, mães.
ricas, que assistir a todas as meta-
morfoses, do. rosto, a todas as: con-
quistas:-da- inteligência; e ao desa-
brochar físico e moral de: nossos -fi-
lhos;::os:olhosique;se abrem; o olhar
que. nasce, a boca que.sorri,. Os ca;
belos–que crescem, os. dentes que
rompem, a lingua que balbucia, são
alegrias. e esperanças… Pois bem,
essas felicidades. .que: são . simples
felicidades naturais, que deveriam
pertencer a-todas as mães, são igpior
radas pelas: griadas..
“A criança ao saír da; ama não
voita a casa… a mãe não tem ca-
sa, e é-lhe preciso: como Júlia, achar
algum parente no: campo que edu:
que;a filha no seu.lugar. ;,
“>: Não pode nem vigiar a sua saúde,
nem combater os seus defeitos.
nem fazer-se ramar… enfim… se
como. Júlia sabe: que, ela. está doen:
te, moribunda… não pode… «oh!
não está mais. na minha mão. “Seria
cruel. . Oitenta francos são alguma
cousa no; meu pequeno orçamento
pessoal; e depois. sonhava para o
dia. em que fizesse trinta anos com
uma bonita toileite.. Ora! uma
bonita toileite de menos, uma boa
acção de mais… Tenho tudo a ga,
nhar! que fevantando- me vivamente-
corro E ‘minha secretaria… pego
em oitenta francos e digo : a Mada-
fena:
. —Yai dar isto a Júliae que se
ponha j já a caminho.
“O salto de alegria de minha filha,
à sua avalanche de beijos e os agra- :
E
decimentos da mãe, pagaram-me ge-
nerosamente O meu sacrifício.
“ERNESTO Leconvê
us nacionais
“Santa E Tiso!
ni “século: XII aó século XIV a
lepra ‘devastou”o reino. Os “egafos»
—que era como na velha Espanha
sé chamava aos leprosos, — andavam
à monte, em manadas, aos uivos,
cobertos de. “chagas e de farrapós,
escóndidos no mato como feras bru-
taS, varejados de pragas e de pedras,
pérsegtidos de pavores e de maldi-
ções. O horror do contágio eo es-
tigma divino dé abominação excluiam
| o Tepróso do direito universal à vida.
Jhe a porta como uma cruz negra; per-
Sacravam-no, consumiam-ho no fogo,
«Onde 2» Comó ? nem ao
menos «a pode, Seguir com o pensa-
“dos: colonos estrangeiros. A lepra,
‘como uma labareda, ateára-se pelos
fazendo estalar entre os dedos a
: ( deira assistência ‘ãos leprosos. A al-
EGO DA. BEInA :
à gibosraa,
LEIRIENSE
“PROPRIETÁRIOS
NL DC TRE SL
Quando um desgraçado adoecia do p
«fogo’ selvagem» resava-se “diante
dele o ofició dos: mortos; marcavam-
e
q
E
seguiam-no, sequestravam-no;, tijas- E af
atiravam-no aos lobos e aos “cães. ”
Era o mal de S. Lázaró; eta’a con-
sequência da’ vinda “dos cruzados e
%
&
burgos e pelos campos de Portugal.
“Mas; inesperadamente, a favor.
dessa miséria maior do que-a pró-
pria morte, levanta-se um clamor
gigantesco de piedade.
Em Viterbo, o papa Dâmaso ins
As princezas e as infantas, vestidas
de ouro e cobertas: de joias, lavam
pelas “suas mãos-as chagas dos le-
prosos. Sancho 1, penitente e devo-
rado de terror, deixa ao abade de
Alcobaça dez mil morabitinos para
uma gafaria em Coimbra: E os lá-
zaros, cobertós com as suas peles,
bREdO TT
iss
“Esta antiga dbogrfa está habilitada a executar com
a maxima rapidez é perfeição todos, os trabalhos. de gran- .,
“de é pequeno formato, para o que possui as competentes
“máquinas e grande variedade de tipos nacionais e’ estran-
– geiros.
É
8
TO Sao ;
aos tre, OUIO mt
Bilhetes de visita, participações: de casa Era
a mento e livros. , Ra
matreca, num ruido sêco;— podem,
enfim descer aos povoados, entrar
nas egrejas, conhecer’o próprio:pa
go dos reis. No fim do século XII
cria-se já em Portugal uma” verda-
fo
e
dei
ma-dessa assistência é Santa Izabel!
A tranquila doçura dos seús olhos
verdes faz pródigios de bondade.
Fundamsse ou desenvolvem-se, por
toda a parte, em – Obidos, em Lei
ria, em Santarêm; em Odivelas’hos
pitais “para os gafos.Na” noite “de
Cona; Domine, vinte mulheres le-
prosas lavam ‘os pés, em’ bacias de
práta, na camara da rainha: O -pa-
vor do contagio atenua-se. Os lá-
zaros deixam de ser perseguidos co.
mo-os cães. E Santa Isabel, que so-
nhara ainda um asilo em Torrés No-
vas, para! mulheres perdidas, morre
LABGO ‘Do- PASSEIO “eg
num sorriso, deixando em testamen-
to aos gafos de Odivelas ‘todos-os
panos de sêda e ouro “ «encontrados DEAD RSA
na hora da sua morte. e
Ena NIM LE ig
=== [UC =
Sociedade anónima-de responsabilidade limitada
Sedes social provisória: R. do Comércio, 35, 3 LISBOA.
TELEFONE 4085-GENTRAL
eee
és) Depósito de impressos para pará, lá,
dc PUNIÇÃO e particulares AY
ato
eee ig
É
ni 1] a ma E ma si em ABL DOO tos te m og com it [ nr mn
mm By Dor autáo, pagos em a Teses mao
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Quem desejar subserever com-uma: ou mais acções dirilose, em –
Carta Jechada, à sede social PEODISÓRIA. |RIA. |