Eco da Beira nº50 29-08-1915

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Sc fp eo prece Tosse tio ha ana a e

 

 

 

Assinaturas :

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RRRTRESNES.. o ao de idas UPDO
Brazil, (moeda brazileira)… | 5pooo

 

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vtavOS à linha ou FEpaçO de linha

0 à iado oeul

 

 

 

E

Ito a! Alemanha

 

 

 

A actual guerra. não é apenas uma
luta entre nações, mas tambêm, uma
luta de princípios ideias.

Com a vitória da França, da In-
glaterra e da Itália, triunfarão o
progresso social, a: stiência e a de-
mocracia; com à da Alemanha, da
Turquia e da Austria triunfariam o
retrocesso;’0: obscurantismo, a de-
sigualdade social era opressão.! Por
isso a: Alemanha e as-suas associa-
das contam; com o: apôio-incondicio-
nal de todas. aquelas: fórças hostis
ao progresso:’e à democracia, que
procuram tenaz e sistemáticamente
fazer voltar a humanidade às trevas
-e aos absurdos do passado, em que
está interessado o clericalismorinter-
nacional dirigido superiormente pe-
los: jesuítas. – Isto; é tão; manifesto
que, mesmo em Portugal, cujos in-
teresses:e compromissos nacionais
São absolutamente: -antagónicos com
os-da Alemanha, pela qual-já fomos
agredidos, poucos padres se encon-
tram que não sejam declarada ou
encobertamente germanófilos. E ês-
ses poucos são, na sua quasi totali-
dade, pensionistas, cuja. incompati-
bilidade com a seita pç é bem
conhecida.

O clericalismo, dirigido. pel Ge.

suitismo, é, portanto; um aliado dis-
farçado, mas tenaz e fervoroso da
Alemanha, Austria ‘e Turquia, que
representam: na: Europa a reacção
religiosa, política e militarista. Este
aliado não tem território: próprio,
nem exércitos, nem esquadras; mas
nem por isso deixa: de: prestar um
importante concurso e auxílio à cau-
sa daquelas. três nações.

“Com uma’organização para a qual
não há: fronteiras, :e com adeptos e
agentes espalhados em: todos os paí-
ses do mundo que “obedecem: cega-
“mente ‘ao papa ou:ao geral-dos je-
-suítas, pode exercer por-toda a par-
te; sem se dar por isso, uma: acção
continua’e eficaz ‘a favor dos impé-
rios ‘reaccionários.-‘Só como con
curso: do ciericalismo. jésuítico: se
“podem explicar: os cometimentos e
sucessos extraordinários da. espio-
nagem germânica, mesmo naqueles
países’que estão em dúta; coma Ale-
manha.

Certamente que não é só com a
espionagem oficial-do kaiser que se
movem ‘ campanhas ‘germanófilas em
todas: as. partes do mundo, que se
praticam atentados, que se imontam
grandes empresas jornalísticas, pos-
tos de telegrafia-sem fios, bases na-
vais de abastecimento a submarinos
e se opera-uma espionagem tão imi-
nuciosa «e impalpável mesmo: nos
países beligerantes. |

Estes resultados: só podem ser
obtidos com a cooperação: da seita
jesuítica-que tem milhões de sequa-
ses: dessiminados: por: todos os paí-
ses e classés, que lhe obedecem ce-
gamente, ie cuja organização, se-
gundo os preceitos maquiavélicos
da Monta secreta, tem constituído
sempre uma vasta e formidável re-
de de espionagem mundial, Qnde

 

está um jesuíta ou criatura: que êle
receba inspiração, está” ipso facto
um germanófilo apto a transformar-
se em qualquer momento em ‘dissi-
mulado espião.

A tática do elericalismo interna-
cional e jesuítico para: auxiliaros
impérios reaccionários yaria confor-
me os países: naqueles que teem con-

dlitos de interesses ow antigas ques-

tões com as nações da Quádrupula
Entante acirram os velhos ódios e

“conflitos, como: tem’sucedido em

Espanha a respeito da Inglaterra,

se trata de nações que nunca pode-

rão combater ao lado da Alemanha,

“Austria ie Turquia, então o clerica-

lismo préga a paz, a neutralidade e
o medo, para evitar, aó-menos, que
essas nações “combatam- ao: lado; da
França e da Inglaterra.

“Foi’o que se deu na Itália, e o

“que se tem dado em Portugal, na
Romania, “na” Griciao e nos Estados
Unidos: E

Todas as vezes que uma: nação
está prestes a intervir na guerra a
favor dos aliados, aparece logo úma
campanha pacifista acompanhada de
preces pela paz e manifestações
neutralistas, como: sucedeu em Itá-
lia; antes dêste país se resolver de-
finitivamente a intervir.

O agente principal destas campa-
nhas pacifistas tem sido o papa, o
qual tem feito no: grande: conflito
europeu o tristissimo papel de um

fantoche movido constantemente pe-

los cordelinhos do kaiser. Este pre-

tenso representante de Deus sôbre

a térra não’só nunca teve uma-pa-
lavra de protesto contra as provo-
Cações e atrocidades alemãs, mas,

“até tem “vivido: no: melhor dos: en-
tendimentos : com: os “impérios cen-

trais, à ponto do órgão: oficioso do

“Vaticano quasi só publicar informa-

ções de origem alemã.
Ele tem procurado lançar a a’con-
fusão nos espíritos, fazendo ver que

“tantas culpas teem uns como outros

nesta guerra tremenda, como suce-

“deu com a célebre entrevista publi-

cada ha Liberté ; tem procurado di-

minuir o espírito guerreiro entre as
nações aliadas e as que lhes são afec-

tas,ordenando sistemáticamentepre-
ces pela paz’todas as vezes que aque-
las estão prestes a fazer algum es-
fôrço guerreiro contra a Alemanha,

Em suma, o Vaticano é um centro:
de onde irradia para-todo-o mundo.
A palavra de ordem vinda fe Ber-

lim ede Viena:

Todavia se o papa obedecido aos
mais rudimentares princípios da re-
ligião cristã e da justiça deveria es-

“tar incondicionalmente do lado da
“Bélgica, da França e Itália,

países
católicos, contra: a Alemanha. pro-
testante e a Turquia, tradicional
inimiga dos cristãos; êle; deveria
estar desde o principio contra a Aus-
tria e a Alemanha provocadoras
desta: guerra. e.ao lado. das nações
agredidas e oprimidas, como a Bél-
gica e a Sérvia. O papa e o cleri-
calismo . estão, porêm, ao lado da

 

tg
a

 

UE çãos na Ec

 

Redacção e administração Rua e

SERNACHE DO BONJARDIM

emseconmeemerss

Composto 8 impresso na Tipografia Leiriense

LEIRIA

 

 

 

Turquia maometana e da Alema-
nha protestante, porque elas repre-
sentam a causa da reacção e do ul-
tramontanismo; e estão contra a
França, a Inglaterra: ea Itália, por-
que representam a caúsa do pro-
grésso e da: democracia, Sim, por-
que desde há muito que a-igreja ca:
tólica só tem de cristã o-nome. Ela
é na realidade a agremiação mais
anti-cristã que existe na face da ter-
ra; Jesus Cristo foi um defensor

dos humildes; -a igreja católica está’

sempre ao lado dos poderesos; Je-
sus amava a pobresa e a simplici-
dade; a igreja; a riquesa ea: osten-
tação; aquele: prégava a-fraternida-
de e igualdade social; esta defende
à outrance a: desigualdade de iclas-
ses e espalha por toda-a pante a dir
visão ea sizania. As

A igreja não possúi dai
parcela alguina do: espírito; cristão,
e até pelo contrário é a genuina re-
presentante dos: fariseus hipócritas

e reaccionários que: fizeram crucifi-‘

car Jesus de: Nazaré como um here-
je sedicioso. Hoje a igreja-e o seu
mentor, O jesuitismo, constituem a

mais vasta conjuração contra o. pro- :

‘gresso, a sciência e a liberdade que
jamais as classes: sacerdotais: orga-
nizaram sôbre a Terra.

Eis a razão porque o clericalis-
mo jesuítico está ao lado da Tur-
quia, fanática, da Austria teocráti-
ca, e da Alemanha militarista e feu-
dal. Vendo que a sua-causa- está ir-
remediávelmente. perdida) em: face
da razão e da sciência, o clericalis-
mo espera que o triunfo da violên-
cia, da barbarie é da desigualdade
de classes destrua a sciência e à

» democracia moderna, fazendo vol-

tar a humanidade ao obscurantismo
do passado, em que os reis e os pa-
qe dt ReapP ue ae

JS.
“Do Munio)

Padres seladas 7

.e as excomunhões

Para. esclarecimento “dos nossos
patrícios ignorantes vimos dizer-lhes:
que nenhum padre . pensionista foi

| excomungado pelo’facto de ter re-

cebido a pensão…

Se fôsse: verdade, o “contrário,
tambêm os. bispos estavam: exco-
mungados porque, primeiro. incor-
riam naquela pêna por terem con-
«sentido que centenas de padres con-
tinuem no exercício de seu ministé-

“Tio, não como simples padres, mas

como párocos, o que é mais grave,
ministrando. sacramentos e. pasto-
reando freguesias populosas…

Era lá possível que os bispos con-
sentissem que centenas de padres
pensionistas se consenvassem a pa-
roquiar desde que estes tivessem in-
corrido em pêna de excomunhão ?

– Afirmar, pois, que os pensionis-
tas estão “excomungados é afirmar
que todos os. bispos o estão tam-
‘bêm, por, consentirem a frente das
paróquias padres fora do grémio da
Igreja, sem mesmo terem prevenido
os fiéis do grave, escândalo de se-
rem pastoreados. Por sacerdotes ex-

 

 

 

 

SA CE TA
; eão a máis que a mo-
narquia ; esta vendeu os conventos,
deixando. morrer de fome os. egres-
sos; vendeu os passais, Os bens
eclesiásticos, tudo. quanto. poude é
cujo cômputo sobe a muitos milha-
res de contos, e inscrevia na consti-
tuição que era católica, apostólica,
romana; a República não fazia pro-
fissão de fé alguma e garantia a
subsistência aos padres que quises-
sem aproveitar-se das pensões.. ,

Á monarquia. era, católica, mas
roubava. o clero eos bens eclesiás-
ticos, ficando os padres na miséria,
tanto que Alexandre Herculano le-
vantou a sua voz implorando um
óbulo a favor das: freiras de, Lorvão ;
a República já pouco encontrou que
vender e deu ao clero aquilo que a
monarquia nunça lhe deu, nem -da-
ria, O clero, pois,, deve mais à Re-
pública que à monarquia…

Os monárquicos eram bons. cató-
licos, roubando e espoliando a Igre-
ja; e deixando na miséria. milhares
de indivíduos ; a República, é hen teje
por não ter Seguido o exemplo da
monarquia, isto é, apossar-se de tu-
do, como aquela fez, e não dar. as
pensões. como os jesuítas e canas-
tras desejariam e. queriam ! ;

E todas as canastras são EstmA:
nófilas, porquê ?

E’ que os priores dormem e não
as elucidam, e, na Sua ignorância,
supõem, que a Alemanha porventu-
ra vencedora lhes restituíria o Ma-
nôlo, a forca e a, inquisição para
queimar todos os pedreiros Jivres
republicanos ! !

Almas ingénuas, patrícias inocen-
tes, se tal se desse o mínimo que
nos sucederia era ficarmos sob um
protectorado alemão dirigido. por
um principe da família do kaiser, e
vermos arrazadas todas as nossas
igrejas, ou, pelo menos transforma-
das em assembleias protestantes, .

Os alemães sãó inimigos do ca-
tolicismo como o teem provado no
arrazamento de todas as igrejas, ca-
pelas e cruzeiros católicos ondetem
chegado a sua, fúria iconoclasta,

Ísto tudo é indiferente às canas-
tras-da minha terra, que na sua:ce-
gueira apenas sabem, pregar, cansra
os republicanos.

Como costumamos. provar as nos-
sas afirmações mais graves, citamos
mais uma proeza da canastra mór.
Levou minha prima A. a não ircom

o marido a: minha casa ea quasi
e de vizitar as irmãs, o que: só
faz lá de mês a mês, porque os ma-
ridos delas: são Ra ni
e-conscientes >; neo – É

Ora o marido de minha! prima: a.
diz-se republicano – histórico, mas,
apezar disso, ainda não conseguiu
adquirir a coragem necessária para
intimar a esposa a ser boa católica,
como eu desejaria que fôsse: toda-a
mulher portuguesa, e a deitaf-se de
política de que nada sabe .. “nem
preciza saber!”

Para’se ser grande” senhora não
é necessário a-convivência com: ‘da-
mas que teem a petulancia de: se
suporem a fina flor aristocrática.
Basta que se fique sendo’o que nin-
guem Sep damázia autên-
tica. autên-
tica.

 

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Porquanto ainda não houve quem
disputasse Ou puzesse em dúvida as
belas qualidades dos damázios ver-
dadeiros, que sempre primaram pe-
la honra, pela hombridade de carac-
ter e pelo amor ao trabalho, poden-
do, sem favor inscrever-se nas se-
pulturas de nossos pais e avós esta
eloquente legenda: — «Foram católi-
cos verdadeiros e trabalharam hon-
rada e persistentemente toda a sua

– vida».

 

Oxalá a minha prima A. se con-.

tente com os pergaminhos honrosos
da” nossa família e dê apenas aos
estranhos “as deferências que êles
mereçam, obrigando-os a respeitar
as, pessoas do nosso sangie.

 

 

natbus! “agaBesss
Câmara Municipal

Sessão de 23 de Agosto
à de 1915

– Preside o sr. Carlos David, se-
cretariado pelos srs. António Mou-
ga e António Pedro da Silva Júnior.
* E!lida e aprovada a acta da ses-
são ântérior. Res ore
“O sr. Quintão pede, em nome da
maioria, que seja consignado na acta
um voto de sentimento pelo faleci-
mento do chefe da secretaria Antó-
nio Leitão. es E
O-sri Dias Bernárdo associa se a
êsse voto em nome da minoria.
“Passa-se à téitura do expediente.
A Câmara resolve enviar à Comis-
são Executiva uma representação de
alguns moradores da Cumeada pe-
dindó-um subsidio para obras de
que “carece a fonte da Albergaria é
a proposta apresentada pelo verea-
dor sr, dr. Marinha, para se orga:
nizar O Orçamento suplementar que
comporte a verba precizá para a
compra do terreno da cêrca do con-
vento, para edificações urbanas e
alargamento da alameda da Car-
valha. Resolve pôr em execução, pro-
visóriamente, O regulamento das ho-
ras de trabalho dos empregados do
comércio, até ao fim do mês de Ou-
tubro, passando a’ser cumprido de-
finitivamente sé até esta data não
aparecerem reclamações qué o con-
trariem.
– E lido e agreciado o relatório da
Comissão Executiva. e
Nomeia Olímpio Craveiro ama-
nuense dá secretaria da Câmara, é
chefe da secretaria, interinamente, o
primeiro amanuense Augusto Rossi.
Resolve pôr a concurso o lugar
de chefe da secretaria, vago pelo fa-
lecimento do sr. António Leitão.
“O sr. de. Marinha apresenta cin-
có. propostas que ficam sôbre a
mesa para serem discutidas noutra
Seas e o ds
“00ºsr Demétrio de Carvalho pede
quatro: candieiros para a alameda
da Carvalha. Gs
“U A-‘Câmara resolve pôr à venda
97m2 90’ de terreno baldio que O ci-
‘dadão Albano Ricardo pretende ad-
quirir para alinhamento do seu pré-
dio ‘em Santo António.
– O’sr Quintão pede uma licença
de noventa dias qué lhe é concedida.
sr. Domingues manda para a
mesa duas propostas que ficam. ‘pa-
Tarser apreciadas noutra sessão.
‘0O sr. Bernardo volta à carga com
«a já: célebre: história” da ponte da
‘Galeguia.: Responde-lhe o sr. Quin-
“Tao, : 8 3
“Por último resolve chamar os ve-
Teadores: substitutos: afim de serem
preenchidas as vagas dos vereadores
licenciados rs Sb obra
– Rectificação
-oNo’meuartigo—A Igreja e a Re-
pública: Portuguesa–publicado no
n.º48 dêste jornal, fazia uma: refe-
rência a cérto clérigo de quem afir-
mava «desflorou a Própria irmã-com
“Quem viveu maritalmente» frase que
oi tipógrafo estropeou; saindo— «com
quem »;ve maritalmente»; «Vireu é
.Queieu escrevi, € está certo como
“tudo 9 que tenho escrito, e que man-
tenho e-estou habilitado a provar!

Padre Cândido,

 

é Cândido Teixerra.

 

| Algreja e a República

Portuguesa
(Continuado do n.º 48)

Porque se perseguiram os padres
pensionistas ?
Unica e exclusivamente por serem

republicanos, visto que Pio X, quan- .

do consultado pelos bispos, respon-
deu:—«que os padres pobres as po-

“diam receber».
Se alguma dúvida alguêm tivesse
-a-êste respeito bastava-lhe lêr o fo-

lheto intitulado — «Causas da deca-

dência do catolicismo em Portugal», –

recentemente publicado pelo Dr. Au-

“gusto Lisboa, cónego da Sé de Lis-

boa.
Convêm dizer que a opinião de
tal sr. é insuspeitissima porque se

trata dum padre monárquico. não

pensionista.

“Do folheto referido vamos trans-
crever várias passagens para eluci-
dação do clero e fieis que o não: lê-
ram. + so

Parodiando-a frase talássica «an-
tes Afonso XIII do que Afonso Cos-
ta»,—escreve o cónego Lisboa : «Por-
tugal quanto à religião teria sido
muito feliz, sob o domínio hespa-
nhol e, quanto à sua independência,
saíu das mãos dos hespanhois, nos-
sos visinhos e veio a cair nas unhas
dos ingleses, nossos exploradores.
Não era preferível o Leão ao Leo-
pardo ?» : é
“Entrando própriamente no princi-
pal assunto: do seu folheto, o cóne-
go Lisboa, trata da biografia epis-
copal “do Patriarca de Lisboa, dei-
xando-o a “escorrer sangue. Assim
afirma :—«que não é fácil encontrar
nasua longa carreira episcopal—
pouco mais ou menos 30: anos:com-
pletos-==uma’ acção notável à altura
do báculo e da mitra:; nem um exem-
ploida vida cristã à altura do carde-
ter “episcopal; nem, finalmente, um
feito ilustre à altura do.seu elevado
posto hierárquico !» SOR

Falando depois dos bispos portu-
gueses que eram políticos, brinda-os,
afirmando que «eram grandes ho-
mens quando o seu partido estava
no podcr; mas na oposição, bem co-
mo quando foi proclamada a rêpú-
blica, as qualidades, os merecimen-
tos, a importância dos mesmos bis-
pos dava o seguinte resultado: três
vezes nove vinte e sete noves tóra,
nada.»

Tratando: do sr. patriarca e-do
seu coadjutor, o arcebispo de Meti-
lene, diz: que êles reprovavam sole-
nemente o procedimento dos católi-
cos tímidos e pusilânimes, persua-
dia-se por isso muita gente, de que
êstes ex.mºS srs, eram dos hombres
valientes? Efectivamente tivemos a
ocasião: de apreciar a intrepidez ou
valentia dos mesmos distintos atle-
tas da nossa religião. Uma vez, mal
lhes cheirou a pólvora, fugiram am-
bos, um para Gouveia, qutro para
Leimibeb 510 E

O cónego Lisboa apreciando o va-
lor intelectual dos três áulicos pa-
triarcais, escreve :— «Os três habi-
tuais frequentadores do Paço de S.

Vicente, muito conhecidos no nosso
meio eclesiástico, convenceram-se de

que nada mais era preciso para ser
bispo, arcebispo, patriarca, etc., que
saber assinar a papelada e, concluí-
ram logo, que êles tambêm eram
competentes para tão altos cargos.

Um dêstes é o tal Chicrichi en-
fatuado, que não cabe na pele e que
anda por êste mundo de Cristo a
celebrar pontificais de galão branco.

Outro que não sabia pegar nos li-
vros da moral e que já se conside-
rava bispo eleito de Angola,

O terceiro, o topa a tudo, não se
córa ide vergonha ao dizer que lhe

fôra oferécida a mitra de Beja é que

lhe fôra prometido o lugar de Su-
perior do Colégio das missões ultra-
marinas!!! Ora quando os tipos as-
sim, uns imbecis, outros políticos,
outros incompetentes, ocupavam en-
tre nós altos postos eclesiásticos, o
cristianismo devia ser necessária-
mente um montão de ruinas»

Estes três tonsurados eram mon-

senhores, sendo dois, cónegos da Sé

 

ECO DA BEIRA

patriarcal, e o restante, aquele de
quem já falei que levou para França

os 15 contos das esmolas da Bula !.

Referindo-se de novo ao arcebis-

po de Metilene afirma que êle não
– podia com o pêso do cargo; «por-

que, êle próprio o diz, é doente e

diabético; tem lesão cardíaca e apen-

dicite; tem todas as doenças; é um
hospital.»

Mais adiante frizando a falta de
zêlo do sr. patriarca, o citado autor
diz: «O sr. D. António no tempo
da monarquia não saía do seu paço,
e actualmente faz o mesmo; então
não cumpria os seus deveres pasto-
rais, actualmente idem; então limi-
tava-se a assinar a papelada da sua

“secretaria, hoje idem; em suma éle

faz hoje o que fazia ontem, e se êle
andava ontem com a papelada, hoje
está ocupado com a papelada; ama-

-nhã também com a papelada; depois

de amanhã tambêm com a papelada;

sempre com a papelada e coma pape-

lada per omnia soecula soeculorum.»
Depois de tratar do patriarca, do

“arcebispo de Metilene e dos três au-
licos do paço daquele sr., brinda”

dois dos seus fâmulos assim: dois
dêstes jovens, (refere-se o autor aos
jovens turcos do clero português,
classificação que um austero prior
de Lisboa deu a meia dúzia de cle-
rigos novos mais esturrados contra
os padres pensionistas) arranjaram
em tempo uma espécie de varandim
mourisco; com torreões ao lado de
S. Vicente de Fóra, onde se reco-
lhiam: em cavaco ameno com…,
cantando e tocando simultâneamen-
te o psaltério e acitara. Os visi-
nhos dêste varandim, surpreendidos
com a verdade de certos factos, bap-
tizaram-o varandim com o nome de
harem.» ide
Deixemos, por hoje, de fazer mais
transcrições do folheto, e passemos
agora a reflectir com certa calma
nas conclusões a que se prestam.
Todos sabem que o patriarca de
Lisboa é o chefe da igreja portugue-
‘sa e que O patriarcado é a maior e
mais importante diocese do Pais.
Sendo a cabeça a parte pensante
e orientadora de todo o corpo, co-

-mo poderá êste ser são se aquela

enferma ?:

Ora o Cónego Lisboa, afirmou e
provou: que o patriarca não traba-
lha, não prega, não faz a visita pas-
toral; é tímido e foge; é vaidoso e
egoista ; gostando do fausto ede não
ter quem veja mais do que êle e o
contradiga. e

Se êle se rodeou de inúteis e não
consulta o seu cabido; se êle trata
arrogantemente o seu clero e se…
deixa correr o marfim, que fará o
resto do: episcopado e da clerezia?

Se o seu estado maior é com-
posto de ignorantes e desmoraliza-
dos, onde irá achar apoio para ser
enérgico e se impôr? Se êle ama-o
luxo, se êle explora o próprio clero,
como poderá aconselhar a abnega-
ção, o desprendimento, o sacrifício
heróico?! rt

Que imenso abismo que os ton-
surados abriram para enterrar a Igre-
ja?!

Coveiros hediondos a sepultar uma
causa nobre e sôbre cuja campa, O
dedo: da justiça, apênas / poderá
gravar: estas frases – incorrutíveis
e firmes: imbecis inúteis, egoístas
sem consciência, homens sem brio,
esperam aqui o juízo final!

* (Continua)
P.e Cândido da Silva Teixeira.

 

“LITERATURA.

 

Minhuetes bréjeiros

 

E” pena que a mulher portuguesa
do período pombalino não tivesse,
como à «zentildona» veneziana do
seculo XVII, um Pietro Longhi ca-
paz de fixar em pequeninos quadros
as suas atitudes, as suas intimida-
des, as suas preferências. O bispo
do Grão-pará falou dela para lhe
chamar «bêbeda»; “Twiss, para a
considerar «uma mulata com olhos

 

bonitos e muitos topázios»; Manuel
de Figueiredo, nos «Pais de Famí-
lias», acuza-a de «vestir á mangala-
ça como os homens»; Dalrymple
atribúi-lhe predilecções escandalo-
sas «pour les amours du genre de
Sapho»; o autor dum folheto de
cordel, a «Mulher da Moda», entre-
têm-se a descrever o rapé, mais ou
menos fulvo, que fungavam na sua
caixa doiro as elegantes pombali-
nas;—nenhum dêstes inimigos da
mulher portuguesa nos deixou se-
quer um traço vivo e flagrante do,
seu caracter, da sua sensibilidade,
da sua fundamental ternura, da sua
graça de amorosa, das suas intimi-
dades galantes, que o «ci-devant
duc du Chãtelet», em 1777, reputa-
va, ao mesmo tempo, «tão perigosas
e tão faceis». Para conhecer, para
suspeitar ao menos a sensualidade
ingénua e grosseira do nosso século
XVIll—tão indiferente da volúpia

– eminenten ente intelectual do século
XVIII francês, que fez dizer a Ga-

liani: «les femmes de ce temps nºai-
ment pas avec le coeur, elles aiment

“avec la tête»— é precizo descer a um

género fugaz de baixa literatura
que entrou: em todas as ruas de Lis-
boa, que nem por isso viveu mais do
que o tempo que vivem as rosas, e
que.’a fácil moral pombalina desi-
gnou: pelo nome pitoresco de «mi-
núetes bréjeiros.; cume ve

“O. que foi, na Lisboa de 1750;:0

«minuete bréjeiro» ?

A Françae a freira tinham-se deli-
ciado no principio do século XVII,
com os tonos à viola do Marques-e
do Castela, do Filigrana e do Bor-
rinha. Em 1730; as/operas’ de bone-,
cos e às cómicas italianas encarre-
garam-se de trazer “ao sentimento
amoroso da casquilha lisboeta uma
nova expressão melódica: o minue-
te. Daí por diante, o minuete, co-
mo, mais’ tarde, os lunduns chora-
dos e as modinhas brazileiras, inva-
de tudo, —corros de comédias ere-
câmaras do Paço, merendas: do Al-
feite e carrilhões da Capela Real.
Canta-se, dança-se, tilinta, gorgeia,
palpita, por toda a parte nas corda-
gens de cobre dos cravos e das vir-
ginais, nas caixas axaroadas de oiro
dos relógios de Londres, nos sinos
de todas as egrejas e de todos os
mosteiros, nas flautas de ‘marfim
com que os mestres de solfa, pinta- ‘
dos de carmim e pingados de minas
batem o compasso da «mirontela»
sôbre o tampo de harmonia das es-
pinetas. D. João V, depois de ensi-
nar o canto gregoriano aos arrábi-
dos de Mafra, creados ainda no ri-
tual capucho, passa horas esqueci-
das ao uvir tocar minuetes nos carri-
lhões do convento. «Já se puzeram os
sinos no carrilhão de N. Sr.2 do Lo-
reto—diz o «Folheto de Lisboa» de
14 de setembro de 1743 —e tocaram-
se com grande harmonia minuetes e
contra danças». O minuete conquista
a liturgia, penetra nas próprias comu-
nidades monásticas. Frei José do
Espirito Santo, organista e mestre
de cravo, vai tocar minuetes a Sant-
Ana, para as freiras dançarem.
Monsieur Le Beau, Monsieur Louis,
mestres dé dança franceses, estabe-
lecem-se na côrte e enriquecem en” .
sinando aos casquilhos de Lisboa,
por duas peças cada duzia de lições
o «minuete liso», o «minuete afan-
dangado» e o «minuete da cidade».
Cantado, dançado, tilintado em
sinos, gemido, em clavicórdios, zan-
garreado em violas, o minuete, in-
separavel dos outeiros de Abadessa-
do e dos serenins de Queluz; das
óperas das Paghert: e das missas de
pontifical, tornou-se a expressão de
toda a vida portuguesa do século
XVIH. Quis o acaso que êle se tor-
nasse tambêm, nas bocas das cas-
quilhas do Mocambo e do Rocio,
pequeninas como vintens navarros,
a expressão da sua forte e ingénua
sensualidade. Como? Pelos «minue-
tes brégeiros». Com o tiplé Leo-
nardi, com o: alemão (Goenmann,

| como flautista Rodilo, que a rainha

Mariana Vitória rouxera a pêzo de
oiro para Porv 2. sinha vindo um
moço maestro ‘ Avendaho, a
quem Twiss se recre no seu livrorecre no seu livro

 

@@@ 3 @@@

 

de viagens: «On fait ici, à Lisbonne,
grand cas des menuets composés
par le nommé D. Pedro António
Avendafio. Tanto : morna-voluptuo-

sidade dêsses minuetes se infiltrou

na alma amorosa da casquilha pom-
balina, que os papeis de solfa de
Avendafio voavam de mão em mão
corriam todos os cravos fidalgos da
cidade, passavam á viola marcheta-
da das sécias-damas do Rocio e aca-
bavam assobiados. pelos alfamistas
de capote na sombra sangrenta das
ruas-sujas. Todos os minuetes de Pe-
dro’ António foram estimados; mas
houve um que ficou célebre: o emi-
nuete do maroto». Apenas por que
a musica era bela? Não. Principal-
mente. porque a letra, escrita por
um poeta ignorado, o dr. Jeronymo
Tavares de Mascarenhas, soube tra-
duzir naquele momento, com, fla-
– grante exactidão, a linguagem e,
um pouco, a psicologia amorosa da
mulher portuguesa do século XVIII.
Está inédito ainda. Transcrevo-o,
com as alterações indispensáveis da

menos mutilada das copias subsis-:

tentes: a dum códice da«Colecção:
Pombalina» Um «casquilho maroto»,
de óculo de oiro e cabeleira «à la
greca», persegue, escudeirando-a
pelas alamedas de buxo de Queluz,
como numa pintura de azulejos, cer-
ta açafata borrifada de diamantes,

que ao mesmo tempo lhe sorri e .

lhe foge; atinge-a; perto do-jogo da
“bola, sob as árvores copadas que
traçara João Baptista Robillon; quer
derrubá-la. sôbre um banco de tijo-
lo; ela simultaneamente repele-o e
beija-o, entrega-se e recuza-se, ne-
ga-se e dá-se:

«Senhor maroto.
Tome uma figa!
Não me persiga…
“Mas venha cá.

Quer um beijinho ?.
– —- Sabe onde eu vou?
— Pois não lho dou…
Mas tome-o lá.

Deixe-me, amores,
Não me persiga…
Caiu-me a liga,
Falta-me o ar

cdi, minha vida,
Não faça isso.

Ai, meu feitico,
Que eu vou gritar!

Ai, não me bula,
8 | Meu amorinho…
Devagarinho. —

Não me carregue,
Que me amofina:
Eu sou menina,

Posso quebrar…

Você queria

— Cuida que escapa? —
Comer a papa,

Depois safar?

Meu lindo mano,,
Não me persiga
Foge-me a liga.
Falta-me o ar…»

Ao «minuete do maroto», por on-
de passa, numa revoada de Amores
côr de rosa, a alma galante de La
Fontaine, — outros se seguiram, pin-
turas fugitivas da mulher portugue-
sa do período pombalino, ao mesmo
tempo graciosa e humilde, voluptuo-
sa e casta, risonha e triste. A série
dos «minuetes bréjeiros» continuou.
Vieram outros músicos: nenhum co-
mo Avendahio. Vieram outros poe-
tas: nenhum como Jerónimo Tava-
res. Em casa do conde de Pombei-
ro, entre os lírios de prata da sua
assentada de ‘Ménalo, já a viola do
mulato Caldas gemia os primeiros
lunduns. O «minuete maroto» ago-
nizava. la começar o reinado da
– modinha. brazileira.

Júlio Dantas.

AGRICULTURA
AS ÁRVORES

 

 

:
A importância da vegetação arbó-
rea num país como o nosso é mani-

 

N

ECO DA:

festa.

Com efeito, Portugal, pela sua
tão extensa costa marítima, pelo seu
tão acidentado relêvo, pelo clima da
maioria das suas regiões, quente e
sêcó, falto de chuvas no estio—é um
país mais apropriado à exploração
das plantas lenhosas, do que às cul-
turas herbáceas.

A exploração das árvores pode
ter Como fim principal a colheita dos
frutos ou o aproveitamento dos pro-
dutos lenhosos :-no primeiro caso es-

tamos debaixo do dominio da arbo-

ricultura, no segundo da silvicul-
tura. o

A primeira é essencialmente ca-
racterizada por um tratamento inten-
sivo para cada indivíduo vegetal:
cada arvore recebe a poda, a limpe-

za a enxertia que em especial lhe
convém.

Na silvicultura o tratamento é
geral; —aplicado ao macisso como
conjunto.

E m . A :
No país uma e outra são impres-

cindíveis: a arboricultura em perfei-
ta harmonia com a divisão da pro-

priedade; a silvicultura para, por

meio das florestas, obter a protecção
contra as dunas litorais, impedir a
deslocação das camadas aráveis das
montanhas, regularizando os cursos
de água, evitando as inundações dos

terrenos marginais justamente os

mais férteis, e, por último, benefi-

ciando o clima dos pontos mais áfas-

tados dos mares.
II

Apezar de tantas vantagens lan-
cemos os olhos para o passado – e
percorramos o que se tem feito:

Sem embargo das leis tendentes
a conservação das árvores, o egois-
mo sempre crescente dos homens
reduziu de forma bem desoladora
as extensões arborizadas.

E” que plantar árvores, para que

“êsse trabalho sirva de exemplo na

ocasião e para que as futuras gera-
ções venham à gozar os benefícios,
é uma virtude, e como tal -— é rara.

E com as culturas herbáceas o

“trabalho e a despesa são compen-

sados por meio de um lucro obtido
no mesmo ano; é um trabalho que
tem em si mesmo o estímulo, é vul-

gar á humanidade, e como tal —é.

frequente.

Mas a cubiça tem ido mais longe,
tem olhado com avidez para as for-
tes remunerações que advem das se-
menteiras feitas nos locais das flores-
tas, remunerações garantidas pelo va-
lor das madeiras derrubadas e pela
fertilidade de terrenos onde os detri-
tos orgânicos foram-por largos anos
acumulados. E

Na arboriciltura o lucro é mais
próximo, o regimen, sendo explora-
do intensivamente em áreas mais
restritas, é mais esmerado: os pro-
gressos apresentados pela pomicul-
tura são já sensíveis, mas de forma
alguma são ainda de molde a har-
monizar-se com as boas condições
dos mercados dos centros mais con-
corridos, e as tentadoras vantagens
que claramente transparecem nos
mercados estrangeiros, cujas portas
teem estado sempre bem patentes
ás nossas frutas.

— A arboricultura sendo objeto de
explorações mais particulares vai
progredindo mercê de propagandas
intensas, exposições diversas, e da
vêrdadeira absorção dos seus pro-
dutos no estrangeiro caminha sob a
pressão da boa vontade que sempre
inspira maior e mais seguro lucro,
Na silvicultura, a rearborização

das nossas serranias pode dizer-se |

sob a influência do Estado: aos té-
cnicos oficiais compete êsse proble-
ma de tão magna importância,

A êles pertence a escolha das es-
sências que hão-de guarnecer os ci-
mos das montanhas de maior altitu-
de; a determinação das espécies que
pela fórma da sua radicação melhor
sustenham as camadas superficiais
das encostas, etc.

si

Nos últimos tempos uma corren-
te se estabeleceu no sentido de pro-
teger as árvores, não só as dos po-
mares qu florestas, mas todas em

(

 

 

BEIRA

geral: as que guarnecem as avenidas
das cidades e as que marginam as
estradas das aldeias; as que formam
Os macissos ornamentais dos jardins
e as que sombreiam as frescas fon-
tes nas pedregosas veredas.

Vemos empenhados na campanha
homens das mais diversas categorias

Sociais; vemos associações fundadas,
leis do país que as consideram de.

utilidade pública, e tais elementos
de luta muito podem logo que si-
gam uma orientação prática, cons-
cienciosa e acertada.

IV
Definição de árvore

Pela denominação de árvore se

entende o indivíduo vegetal de cau-
lé perene e Tenhoso (tronco) que a
certa altura se ramifica.
– E esta altura que considerada no
auge de desenvolvimento da planta
serve de base á divisão dos vegetais
lenhosos em árvores, arbustos e sub-
arbustos.

Os últimos de base lenhosa, ex-
tremidades tenras, ramosos desde a
parte inferior do caule, pouco exce-
dem um metro; as árvores atingem
sete metros; os arbustos formam os
termos intermediários.

Partes componentes
A árvore diferencia-se em raiz,
tronco e copa.

RAIZ –é a parte que se alonga
na terra; compõe-se de um eixo (ga-
vião) que se ramifica (raizes late-

rais) em partes. cada vez mais del-.

gadas (rad:culas).

A raiz desenvolve-se no terreno
em harmonia com o desenvolvimen-
to da parte aérea, e ou apresenta o
eixo principal muito desenvolvido
em relação ás ramificações, e diz-
se raiz aprumada ou se dá o con-
trário e se chama fasciculada.

A fórma da raiz é factor que im-
porta considerar na escolha do ter-
reno e na profundidade que deve ser
adoptada para os amanhos prepara-
tórios das plantações.

As árvores de raiz aprumada re-
querem, é claro, terrenos e amanhos
mais profudos que as de raiz fasci-
culada; dêste assunto noutro ponto
dêste trabalho nos ocuparemos mais
em especial.

A raiz tem um duplo papel da
maior importância: fixar a árvo-
re ao solo e dêste tirar os elemen-
tos que lhe são necessários á sua
nutrição, por meio dos chamados
pêlos radiculares.

TRONCO-—E’ o eixo da rami-
ficação ascendente. :

No tronco novo a parte superficial
da casca é lisa e unida (epiderme),
de ordinário, porêm, não pode acom-
panhar o engrossamento do tronco
produzindo-se fendas arredondadas
e convexas (lenticulas), que mais
tarde se transformam em verrugas.

A” proporção que o tronco engros-
sa; estas verrugas vão alargando,
transformando-se em placas que
são o inicio da esfoliação da casca;
a parte esfoliada fica constituída
por um tecido que, por modificações
diversas, vem a originar, segundo
as idades e as espécies, a cortiça
mole e elástica dos sobreiros, o
rhytidoma fendido dos pinheiros,
as placas que se desprendem dos
plátanos, etc.

Nas árvores adultas, de maiores
dimensões, não é raro encontrarem-
se simultaneamente todas estas pro-
duções: a epiderme, nos rebentos ;
a cortiça, nos ramos mais novos; Ó
rhytidoma, nos ramos mais grossos
e no troco.

A parte do tronco que vai do so-
lo até ás primeiras ramificações

“chama-se fuste.

COPeA -E’ formada pelo con-

“Junto dos ramos e folhas.

Os primeiros e mais grossos ra-
mos gue saem dos troncos das arvo-
vores chamam-se pernadas ou ar-

Tancas, que se dividem nas ramifi-

cações intermediárias (ramos pró-
priamente ditos); delas saem os re:
bentos novos mas já lenhosos (ra-

“minhos) que por sua vez originam

ramificações ainda herbáceas (reno-

 

1

vos ou rebentos).

Nas extremidades dêstes rebentos
ou nas axilas das folhas,, notam-se
umas entumescências que se denomi-
nam olhos; do desenvolvimento dos
olhos se originam: os botões, que
pela sua abertura (desabrolhamento)
dão origem às folhas e às flores.

Quando os botões dão origem
exclusivamente às fôlhas dizem-se
folhosos, e são geralmente mais es-
treitos e aguçados. senda

Quando produzem essencialmen-
te flôres chamam-se florais, sendo
quási sempre mais grossos, ovoides,
entumescidos e mais ou menos obtu-
sos. a

Quando vão originar eixos” com
fôlhas e flôres dizem-se nix’tos.

Pela posição – podem: ser termi-
nais ou laterais, segundo aparecem
nas extremidades dos. rebentos -.ou
nas axilas das fôlhas. OSHO

O conhecimento da natureza dos
botões importa para.a execução das
podas. à In OS

Dos botões folhosos – e. mixtos
saem as fólhas, cujas formas. são
bem diversas: largas como na fi-
gueira, delgadas como no: eucalipto
lineares como nos pinheiros; 5,

No-estado-de maior diferenciação,
a fôlha compõe-se. de. uma parte
que a liga aos ramos (bainha), do
pé (pecciolo), é de uma: parte” mais
ou menos larga (limbo) composta
de duas superfícies (páginas).

A disposição na árvore de cada
fôlha e destas umas ‘para com as
outas chama-se folheação.

As fólhas são os órgãos que es-
tabelecem “a* comunicação entre a
planta e a atmosfera: onde se ela-
‘boram os princípios imediatos.

A duração das flôres:é muito va-
riável: nalgumas árvores” dura um
só período vegetativo: desabrolham
na primavera e caem no fim do ou-
tono próximo; são as árvores de

 

 

 

 

-fólha caduca (carvalhos, castanhei-

ros, freixos). recem mm

Noutras espécies lenhosas as: fô-,
lhas duram mais de um período ve-
getativo e não caem sem que outras
hajam nascido: são árvores sempre
verdes ou de fôlha persistente (pi-
nheiros, sobreiros, buxos).

ae

FLORAÇÃO –Em determinada
edade, variável com as espécies dos
botões florais desabrolhamas flôres,
orgãos de reprodução da planta.

Nalgumas árvores as flôres con-
teem os dois gametas: masculino e
feminino (pereira); nalgumas os or-
‘gãos masculinos estão nas flôres de
um indivíduo e as femininas-nas de
outro (alfarrobeira).

As flôres podem ter dois invólu-
cros florais (calice e corola)’como
nas acácias, só um dêstes invólucros
(ulmeiro) ou não terem invólucro, e
dizem-se núas (salgueiro).

A fecundação opera-se passando
o pó fecundante (polen) dos ep pdes
masculinos (estâmes) para os femi-
ninos (carpelos); a esta passagem
chama se polinização, que, seguin-
do as leis da natureza se diz natu-

“ral e sendo provocada pelo homem

se chama artificial. . :

Nestes delicados processos está
a base dos métodos aperfeiçoados
de cruzamentos e hibridações, de:
que falaremos.

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FRANCISCO SIMÕES

“236, RUA DOS: FANQUÉIROS, 238 LISBOA | ss

 

“Agua daí Foz da Certã.

 

A a did minero- edita da Firoi da Gertã apresenta uma: composição

quimica que a disungue de todas as butras até hoje uzadas na; terapeutica.

– E empregada com segura vantagem, da ‘Diabeles— Dispepsias— Catar-
ros gastricos, putridos ou parasitarios;—nas preversões digesturas derivadas

“das doenças infeciosas ;—na convalescença das febres: graves; —nas atonisa

gastricas dos diabeticos, tubérculosos, brighticos,- etc.,—no – gastnicismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc.y etc.

Mostra à analise bateriologica que a “Agua da; Fo da: Certã, tal como
se encontra nas garrafas, deve ser doneilcghda como: microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem . nenhuma das especies patogencas
que podem existir em aguas. Alem disso; gosa de uma certa acção microbi-
cida O B. Tífico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios APrPRaNACE potém re-,
sistencia maior,

— A Agua da Foz da Certá não tem e livres; limpida, de sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida: pura, quer misturada com

ao DEPOSITO GHEORAL o:
RUA DOS FANQUEIROS—34— LISBOA
Telefone 2168