Eco da Beira nº47 08-08-08-1915

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SEMANARIO

SE TO EEE e

 

 

“Assinaturas:
And Pot e,

Semestre cd do
Brazil (moeda brazileira)… 5000

Anuncios, na 3.2 e 4.º página 2 cen-
tavos alinha ou espaço de linha

 

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Editor e administrador —

PROPRIEDADE DO CENTRO REPÚBLICANO DEMOCRATICO
o – DIRECTOR — ABILIE

LB

MARÇAL.

 

 

RTO RIBEIRO ..

Publicação na Certã’ io

 

Redacção ie administração em.

SERNACHE DO BOMJARDIM

“Composto e impresso na-Tipografia Leiriense z

LEIRIA!

 

 

 

— ECONOMIA E MORALIDADE

 

Estamos quasi a 5 anos da
proclamação da República e ain-
da não cumprimos alguns arti-
gos do nosso programa.

‘ Toda a. gente sabe que a vi-
da e consolidação da República
teem corrido périgo pela divisão
antecipada dos republicanos. Ho-
je, que ninguêm pode ter dúvi-
das sôbre a sorte do regime ac-
tual, é necessário, urgente e ina-

diável cumprir algumas das pro-

messas feitas no tempo da pro-
paganda anterior a 5 de Outu-
bro-de 1910, porque se trata de
uma questão que envolve os prin-
cipios basilares da República —
economia e moralidade. Quere-
mos referir-nos ao limite máxi-
mo dos ordenados dos funcioná-
rios publicos e à acumulação de
emprepos. is

Porque na burocracia há or-
denados chorudos e acumula-
ções intoleráveis num. País po-
bre, a fauna dos bachareis em
Direito aumenta pavorosamente
dia a dia. O bacharel, de ordi-
nário, não vai para qualquer
Universidade com: outro intuito
do que o de adquirir o ambicio-
nado diploma, porque êle lhe.
permitirá fazer um bom casa-
mento ou entrar na burocracia.
Desde que êle não consiga fazer
um bom casamento ou anichar-
se num emprêgo publico é um
homem ao mar! Práticamente
inuteis por falta de preparação e
dotes naturais, constituem a le-
gião maior dos zângãos desta
colmeia que se chama sociedade
portuguesa. |

Surja aí um Parlamento de
homens enérgicos, intransigentes
e desprendidos que se resolva a
meter tudo isto nos eixos e ve-
remos desde logo diminuir a
fauna dos bachareis que nos as-
fixia. Tem-se perdido um tempo
precioso a discutir projecticulos
que só interessam a uma povoa-
ção ou a uma parte muito restri-
ta do País, emnquanto-*os altos
problemas de interesse geral se
conservam sem solução. Num
pais pobre como o nosso, onde
quasi tudo está por fazer, e on-
de o povo quasi morre de fome
para pagar as suas contribuições,
chega a ser deshumano não ha-
ver a preciza coragem para aca-
bar com os tubarões e acumula.
dores. Urge que os homens ho-
nestos se imponham e intimem

aa

 

aos seus representantes no Par-
lamento uma conduta enérgica
e intransigente que ponha termo
a tal regabofe.

E” lá possivel que um cidadão,
por muito activo, inteligente e
ilustrado que seja, possa desem-
penhar vários cargos com o zêlo,
assiduidade e proficiência que
as suas complexas atribuições
exigem?!

E” lá toleravel que qualquer
funcionario por muito habil e
trabalhador que seja, aufira uns
poucos de contos anuais! Isto
não faz sentido e tem de modifi-
car-se. Legislemno Parlamento a
proibição das acumulações e o
limite maximo de ordenados e
verão desde logo que o numero

de pretendentes a empregos pu- .

blicos diminue.

Agora que vai aplicar se a lei
da separação dos funcionarios
monarquicos, era oçasião pro-
pria para reduzir os quadros dos
empregados dos ministerios.

Todo o pais sabe que ha ne-
les gente de mais e dentro dêles
se conhece bem aquela que pro-
duz regularmente, ;

Poderia p:oceder-se assim —
exigir que os chefes ou subche-
fes de cada repartição indicas-
sem o numero de funcionarios
necessarios para terem sempre
em dia o trabalho proprio dê
cada uma delas.

Depois de reduzido, aumen-
tar-se-lhes o ordenado, e obri-
gá-lo a trabalhar.

Se há repartições e serviços
com excesso de empregados,
tambêm decerto as há onde o
numero dêles é deficiente. Esta-

beleça-se agora o verdadeiro

equilibrio. E? êste um assunto
importante que ainda não vi tra-
tado por nenhum dos jornais da
capital e que bem o merecia ser.
‘ E? necessário dar um golpe
fundo em todos os desperdicios,
a ver se ha dinheiro para rasgar
estradas, construir pontes e tra-
çar linhas férreas.
Quantas regiões do País se

não desenvolvem e mais produ- –

zem, porque lhes falta a viação

para colocarem os seus produ–

tos? Vai sendo tempo de se pen-
sar a sério no fomento darique-
za pública do Pais.

Acordem, dorminhocos !

Pº Cândido Teixeira,

h

 

Pela instrução |

Efectuaram-se no diá 18 último

as provas dos alunos do curso diur- |

no da escola móvel da Quintã. |.
Cêrca das 18″horas, chégaram ao
local da escola .os srs. dr. Virgílio

Nunes da Silva, Isidoro de Paula.

Antunes, Círiaco Santos e Carlos
Santos, que eram aguardados pelos
alunos e respectiva professora D.
Emilia de Almeida e pelas suasco-
legas D. Beatriz Soares Vasques e

D. Maria Pamplona.

Dirigindo-se para a sala da esco-
la que estava vistosamente enfeitada
a flores naturais, destacando-se ao
fundo um belo retrato do eminente

estadista dr. Afonso Costa, engrinal-:

dado a hera e cravos vermelhos,
constituiu-se a mesa sob a presidên-
ciadosr. dr. Virgilio secretariado pe-
los srs. Isidoro Antunes e Ciríaco
Santos, procedendo-se logo ao in-
terrogatório dos alunos que presta-
ram provas de leitura, escrita e ari-
tmética, obtendo 8 a classificação
de muito bom, 4 a de bom e 3 a de

“suficiente.

Uzando. da palavra, o presidente:
da mesa, fez um discurso verdadei-
ramente patriótico e sobremaneira

elogioso para a professora, que tão:

bem se havia desempenhado da sua
árdua missão. Nesta altura, o povo:
que ali se encontrava reúnido, ins-
tou perante a comissão Amigos da

– Escola—para que, junto do sr. Mi-

nistro da Instrução, servisse de in:
térprete da sua: vontade pela conti-
nuação desta missão, que tão bons
resultados produzira.

Em seguida foram distribuídos
peles alunos, vários objectos de ves-
tuário e calçado, adquiridos com o
subsídio de 30 escudos, concedido
pelo govêrno da República, sendo

contemplados 40 alunos, aos quais

foi oferecido, pela distinta professo-
ra, um lanche, de congratulação pe-

las melhoras do sr. dr. Afonso Cos-
ta, sendo servido pelas sr.ºs D. Lu-
dovina de Almeida, Beatriz Soares

e Maria Pamplona.

Todos estes actos revestiram uma
solenidade tocante e carinhosa, sen:
do entusiásticamente saudada a Pá-
tria, à República, o’ exército, a ar-
mada, o Ministro da Instrução eo

“povo português.
Finalmente, como prova do quan-

to foi apreciada esta missão, pelos
seus belos resultados, foi cumpri-
mentada à ex.”* professora, pela fi-
larmónica Bomjardim e por inicia-
tiva do seu ex.mº presidente o sr.
Isidoro de Paula Antunes, tocando
à Porluguêsa, que foi ouvida por
todos respeitosamente, saudando-se
novamente a Pátria e a República,
manifestando nessa ocasião todos os
presentes, por entre ‘aclamações as
mais estrondosas, Os seus veemen-
tes desejos pelas melhoras do gran-
de patriota que se chama Afonso
Costa, cuja entidade prestigiosa foi
evocada enternecidamente.

Pelos alunos foi entoada a Por-
luguesa, a Sementeira e a Canção
do soldado, queimando-se muitos
foguetes.

E assim, êste acto por todos os
motivos simpático, términou por

uma quete aberta pela sr. D. Emi-

 

lia-de Almeida, em favor das fami-
lias das vítimas: do r4-de’ Maio; que
rendeu três escudos e doiscentavos.

Novo Presidente da Re-
“pública – :

Na sexta-feira, 6 do corrente, em
cumprimento do estatuído na. Cons;
utuição. da. República. Portuguesa,
reuniu o Congresso nacional-para a
eleição: do, novo presidente da Re-
pública que ha de assumir. as fun-
ções do seu alto cargo no dia 5 de

“Outubro próximo, e como só se con-

sidera eleito o candidato que obti-
ver dois terços de votos, repetindo-
se a eleição as. vezes precizas até
obter êsse. resultado, nesta eleição
teve de se realizar.o acto três vezes,

até que no último. foi eleito o sr, dr. .

Bernardino Machado por 134 votos;
A eleição dêste ilustre homem: de

Estado foi magnificamente recebida

em Lisboa e em todo o país.
Saúdâmos o novo chefe do, Esta-

“do. e estamos, certos que a nação

logrará,’na, sua – gerência, obter . a
paz e prosperidades que tão neces-
Sárias se tornam na presente época.

bomenagem significatipa

Um velho soldado de 7o anos de
idade é 50 de serviço militar com
comportamento exemplar, parte dê-
le prestado na campanha de Massan-
gano contra o rebelde Bouga, cam-
panha que durou 5 anós e em que
foi gravemente férido a 27 de De:
zembro – de 1869,’ encontrando-se
actualmente na Certã, encarregou O
nosso amigo Albano Ricardo Fer-
reira de distribuir algumas esmolas
em sinal de regosijo pelas melhoras
do dr. Afonso Costa. Ao entregar
o dinheiro destinado a tal fim de-
clarou que homens como Afonso
Costa e o Marquês de Pombal nun-
ca deviam morreér ! Astra

Simpático velho e comovedora
homenagem! Para se ser bom pa-
triota não se necessita de ilustra-
ção, basta ter nas veias o puro san-
gue português, heroico no ataque e
sempre generoso após a vitória.

Quem se sabe bater pela Pátria
com valor e desprendimento, da vi-
da é quem melhor reconhece os ver-
dadeiros patriotas: exemplo—o fa-
cto citado. e

Les beaux esprits sé rencontrent.

ease
Fez exame de álgebra superior,
ficando. aprovado, o nosso: amigo
Adelino de Oliveira, distinto: aluno
da. Universidade. de Coimbra. Os

nossos parabens,’.

Em casa de seu avô, o sr. Veriís-
simo da Silva, onde há tempo se
encontrava gravemente doente, fale-
ceu há dias a menina! Amélia da Sil-
va Melo, extremosa filha do nosso
prestimoso amigo José David da
Silva. A

 

A êste nosso amigo é a suá ex.ma.

família, enviâmos sinceras é bem
sentidas condolências) Gus cb

psd ca ios cb

psd ca io

 

@@@ 2 @@@

 

NUM JARDIM

Flores, minhas amigas, berços
suavissimos das avesitas, faces ma-
tizadas dos beijos das borboletas,
deixai-me que eu vos celebre em
apoucado estilo vossa vida, vosso
amor, vossa candura, vosso seio
rescendente la du

E” junto a vós, no jardim, no cam-
po e na montanha, nestas manhãs
rociadas, vivificantes e esperançosas,
em que donairosamente vos visito
ao.surgir do belo horisonte os fios
doirados:que vos vêem: trazer aro-
mas e matizes, é junto a vós, sim,
que eu sínto minha alma a expau-
dir-se num céu invisível de inocên-
cia e ventura, e-meu espírito a ar-
rebatar-se em regiões longiquas de
deuses e santos e a extasiar-se com

sa religiosidade de vosso amor livre,
igual, fraterno e santo!…

Não conheceis as “flores do pen-
samento; falsas e traidoras.

Essas aniquilam-se com rapidez
igual à que despontam.

São como cirros tenuíssimos, que
se eSvaem ao primeiro-mover; dum
zéfiro nas alturas. dc

Inventam, mas: não realizam. Ele-
vam-se para mais descerem. Ani-
mam e logo humilham. Suas espe-
ránças são momentâneas e utópicas.

Vós, flores, minhas amigas, “sois
o atractivo dos canteiros, o adôrno
querido dos altares, o emblema amo-
róso nó peito dos jovens’e das vir:
gens é o brinco inocente das crian-

ças. Sois como as flores de alma,”

que mitigam às amarguras e as do-
rés dos torturados e olvidam a des-
ventura dos infelizes. .

Que contentamento, que ameni-
dade, que doçura, que esperanças
meu corpo e meu coração não sen-
tem, ao respirar vosso perfume de-
leitoso é inebriante !…

Sois o céu da terra… os” beijos
ofegantes dos anjos e as confidentes
das donzelas.. .

Sois o paraizo terrestre… paraí-
zo de rosas brancas… de” lírios
cândidos… de açucenas virgens…
de violetas ingénuas…. de suspiros
sinceros… de saudades tristes…
de pionias sentidas… de primave-
tas amorosas… de margaridas hu-
mildes… de jacintos submissos
de goivos doloridos… de gerânios
apaixonados. … de. dálias fi e
de crocus bondosos… de carpidei-
ras compassivas… de camélias ar-
dentes… de bugarins prudentes…
de adónis eternos… e de tantas ou-
tras flores, com seus perfumes, seus
amores, suas expressões e suas lin-
guagens !…

E” justo a vós, flores, minhas ami-
gas; sob êste azul purissimo do ceu,
aspirando vosso ar balsâmico, que
eu me sinto fóra dêste labirinto ter-
restre com a alma enlevada nas
obras inescrutáveis do Universo!…

Que poesia, que lirismo, que en-
cantos, que carícias, que alegrias,
que esperanças a minha alma não go-
za junto a vós, com tanta luz, tanta
vida, tanto júbilo, tanto amor, tanta
pureza, tantos perfumes!…

estas modulações das aves!…
e os beijos das mariposas!.-. e os
cicios das fontes!… e a frescura
das relvas!… e a suavidade dos
zéfiros!. .. e os matizes do orva-
lho!… e o barulhar das espu-

 

mas!… e o atractivo das som-
bras!… e a variedade dos aro-
mas!…

Como é dulcissima a vida entre
YbEd cs

Flores, minhas amigas, só vós
me dais alívio, resignação, alegria,
esperança e amor!

“azei que em meu coração se der
rame a inocência de vosso viver an-
gélico e em minha alma a pureza
de vossos perfumes !…

S. Ribeiro.

 

Com sua ex.m esposa, retirou
para Lisboa o nosso bom amigo sr.
João Nemésio da, Silva, que se en-
contrava na sua casa, de Sernache
do Bomjardim.

 

 

 

“LITERATUR

da

 

Capotes de saragoça

 

Só havia alguma coisa compará-
vel à rigorosa pontualidade com que
o rei D. José jogava o faraó todas
as noites: era a infalível exactidão
com que êle partia para a cafa to-

-das-as manhãs.

A’s vezes, a noite caia, tenebro-
sa; a madrugada apontava, rôxa é
varejada de chuva; os campos esta-
vam alagados, Mas D. José, que não
decidia nada por si, hesitava ainda ;
via luzir no postigo a claridade da
alva; sentia os eguariços no páteo
atrelando os urcos ao côche ; levan-
tava-se em camisa; enfiava uns chi-
nelos nos. pés; metia à cabeça um
barrete de campino,—-e, peludo, obe-
so, indeciso, balofo, lá ia pelos cor-
redores, às apalpadelas, bater com
os nós dos dedos à porta do quart
da rainha, É 7

— E’ «vocêr?-—gemia lá de dentro,
já levantada, a filha de Filipe V,
num tinido de potes de prata.

Uma cabeça encarapuçada de lã

“verde espreitava arredando a guar-

da-porta de Arrás; um ôlho papudo
luzia; alvejava uma fralda; o rei, na
voz fanhosa dos Braganças, arras-
tando o «você» familiar que era o
tratamento da moda entre casados,

dizia à mulher que chovia a cânta-

ros e que estava uma manhã de bru-
xas; mas a quarentona Mariana Vi-
tória, caçadora como um perdiguei-
ro, matinal como um téntilhão, de-
cidida a marchar com todo o tempo,
saracoteando já pelo quarto as «rou-
pinhas à húngara», respondia inva-
riávelmente, no seu sotaque de és-
panhola :

—E se estiar ?

Estiasse ou não, o rei ia porque
era vontade da rainha; a côrte ia
porque era vontade do rei,—e quan-
tas vezes, em manhãs tempestuo –
sas de outono, os pesados côches
e as enormes estufas de viagem da
Casa Rial ficavam a meio do cami-
nho, ao vento e à chuva, pingando
lama do tejadilho e encravados até
aos tapadouros no leito barrento das
estradas! Mariana Vitória já tre-
mia febres; o rei andava gosmento,
a tossir pelos cantos ; a côrte, exaus-
ta, queixava-se ; os médicos não. ti-
nham mãos a medir; obrigada a
acompanhar a riinha nas jornadas,
a condessa de Tarouca caía com
acidentes histéricos; o conde de Val
de Reis, mal via mudado o tempo,
metia-se na camae pedia um cirur-
gião para o-sangrar; o embaixador
de Espanha, marquês de Almodo-
var, a quem as caçadas de Salva-
terra perturbavam a sua, vida, de
duguesa-italiana, chamava a D, Jo
sé «Sua Magestade Pleuriz»; o pró-
prio monteiro-mór, cigano, arripiado
e vesgo, teria cumprido a promessa
de aferrolhar as pratas na casa do
Combro e de sair de Lisboa, —se o
ministro Sebastião José de Carvalho,
considerando quanto era vantajoso
para os negócios do Estado que el-
rei D. José continuasse a caçar, a
desbastar potros e a jogar o faraó,
não tivesse encontrado o decisivo
elemento de conciliação entre as ma-
drugadas montesinhas do rei e o ar-
tritismo friorento da côrte: os capo-
tes de saragoça, A côrte tinha frio ?
O remédio era simples: a côrte que
se abafasse. O espírito proteccionis-
ta de Pombal agarrou pelos cabelos
a ocasião. Não havia no reino boas
saragoças, quentes como tarde de
estio, bons; briches de lã da costa
da: ovelha, bons: jardos nacionais,
boas estamenhas, que por aí anda-
vam a “descorar | ao sol em chiotes
de frade capucho? Pois.bem: os cas-
quilhos e as casquilhas fidalgas do
Paço. que mandassem cortar nêles
os seus capotões amantados de ou-
tono e de inverno,—e, se queriam
dar nobrêsa à estamenha, que a for-
rassem. por dentro de sêda brança!
Dai a dias, o primeiro capote de

 

 

 

Saragoça apareceu: vestia-o o rei.
Era uma espécie de; reguingote,
enorme como uma capa de aspérges,

encapelado dum capuz gigantesco:

que se entestava sôbre um chapéu

holandês pequeno. cortado em rabo.
de pêga. Logo no outro dia, o se-:
gundo: vestia-o a rainha. Daí por,

diante, conta o irmão de Manuel de
Figueiredo, «viu-se logo em Lisboa
toda a mocidade vestida de sarago-
ça, com os tôrpes reguingotes, os
moústruosos. capuzes forrados de
baeta “côr de fôr dé alecrim, é os
desengraçados chapéus, que mais
pareciam almotolias». Não havia dú-
vida. A moda estava-lançada.

Mas tudo tem os seus inconvenien’
tes,—e, como «tudo, os capotes do
marquês tiveram-nos também. O
primeiro a experimentá-los foi o pró-
prio D. José. Um dia, em Vila Vir
cosa, junto à Porta dos Nós, um car-
rejão vê um homem, amantado num
capote grosseiro de saragoça, tra-
vando portuguesissimamente “dos
peitos duma rapariga; não reconhe-
ce o-rei; cresce para-êle ;-com um
pau de zambujo ferrado vira-lhe
uma cacetada à cabeça; e se o con-
de do: Prado não corre a aparar-lha
no braço, tão puxada e tão rija que
lhe quebrou um anel de diaman-
tes —o rei tinha ficado ali, Dou-
tra vez—conta Starhemberg para
Vienna dé Austria-a rainha, andan-
do às’perdizes em Salvaterra, distin-
guiu um vulto encapuzado na volta
dum. carrascal; mal afeita ainda Ã
moda dos-capotes, tambêm não re-
conheceu o rei; de encontro ao sol,
cuidou-o um espantalho feitó de al-
gum balandrau velho da Misericór-
dia; sem saber como, meteu! à cla-
vinaaos peitos e despejou uma
chumbada na cara do marido, Mas,
depois que o marquês de Pombal in-
ventou Os capotes de saragoça, houú-
ve alguma coisa que’saiu das cou-
tadas de: Mafra e de Almeirim, de
Salvaterra e de Vila Viçosa, em
pior estado ainda do que a face aus-
tríiaca do rei ou do que O anel de
diamantes do conde do Prado: foi a
honra dos maridos. Desde que o frio
e a moda deram àas-casquilhas da
côrte o direito de se esconder, como
bichos de sêda, dentro dum capote
de saragoça ou dé estamenha, e de
atravessar, ocultas num capuz for-
midável, os barrocais profundos das
tapadas e as alamedas de buxo dos
jardins,—as caçadas riais de Salva-
terra e os jogos de bola de Queluz,
numa poeira doirada de mistério,
transformaram-se pouco à potico, in-
sensivelmente, em. elegias -amoro-
sas de Tibúlio.e em festas galantes
de Boucher, A certa altura, só: dois
caçadores espreitavam, com convic-
ção, os coelhos que sahiavam das
moitas e as perdizes que revoavam
no ar; o rei e a rainha. O resto ama-
va pelas sombras. Era vê-los. Aqui,
um par de capuzes em êxtase, as-
sentados num claro de relva viçosa,
mordida de sol, as mãos entrelaça-
das, fulgindo joias; alêm;, na fres-
cura dum souúto de carvalhos, ou-
tros dois capuzes, de savagoça con-
fúndidos num beijo como um capuz
só: mais adiante, os cães de mostra
que surpreendem, ganindo, um ca-
puz adormecido sôbre outro capuz:—
e fôsse lá alguêm reconhecê-los, adi-
vinhá-los, identificá-los, se na névoa
indecisa das tapadas, dentro daque-
les sacos de saragoça amantados de
murças e forrados de sêda branca;
todos os homens pareciam o mesnão
homem e todas as mulheres a mes-
ma mulher! E, onde se metiam os
moços de monte ?—perguntar-se-ha,
Foram êles, precisamente, os mais
interessados em não incomodar os
pares de capuzes amorosos que noi-
vavam sôbre a relva. Porque ? Por-
que no dia seguinte eram certos, lu-
zindo no chão, agui e alêm, os brin-
cos e as trémulas de diamantes, e
ainda havia de nascer a primeira
mulher que fôsse capaz de reclamar
uma joia perdida nas coutadas de
Salvaterra… É

 

Júlio Dantas.
(Da Capital)

 

 

 

TAGRIGULIURA

 

 

“OS MILHOS

,

A base da alimentação do povo
português é sem dúvida alguma o
pão, e mais de metade do pão por
êle consumido é fabricado. com fa-
rinha de milho,

Este facto é por si só bastante
para–dar à cultura do milho uma

“enorme importância.

Se acrescentarmos que êle serve
para a alimentação dos animais do-
mésticos, para à ceva do gado sui-
no, para a alimentação. do homem
em diversas aplicações culinárias,
para o fabrico do amido é do álcool,
não teremos esgotado as aplicações
dêste precioso cereal. A sua folha-
gem e verdes colmos, e as suas fo-
lhas. bem curadas representam na
alimentação do gado bovino um im-
portante papel; constituindo “nalgu-
mas régiões o. alimento primacial
dêste gado. E

Na sua feição propriamente cul-
tural não é menos importante o mi-
lho que representa nos nossos afo-
lhamentos à principal cultura sacha-
da, e a mais, importante cultura de
regadio. Ê

À sua importância ‘ na nossa eco-
nomia rural é tão grandê qué o car-
ro de’ pão ‘constitué ‘uma “unidade
monetiria pela qual ‘se avaliam ren»
das, pagamento, transações de vá-
ria naturesa no Norte do País, com-
tudo o milho em Portugal, como no
Estrangeiro, tem atravessado um
periódo’ de crisé, pela guérra que
lhe tem movido outro: cereal, não
menos, importante, O trigo, com a
cumplicidade, permitam-nos a ex-
pressão, da sciência médica.

O comércio e moagem do trigo
organizou-se primeiro etem” báses
muito sólidas, e procurando alargar
a area do seu consumo, começou a
dar tais vantagens ao comerciante
revendedor que a breve trecho to-
dos podiam observar como a fari-
nha’-de “trigo se infiltrava nas (re:
giões de consumo: do pão de milho
procurando substituí-lo.

O. valor do milho sofria a con-
corrência e descia no mercado.

A predilecção pelo pão alvo, pelo
pão de trigo considerado como: pão
de: luxo atraiu tambêm o consumi-
dor, que o preferia sem vêr. que
perdia um alimento de maior valor
e depreciava um género de sua pro-
dução.

O milho diminuia ainda de valor.

A medicina-dizia. que o pão de
milho. era mais, pesado, mais indi-
gesto do que o pão alvo que às ve-
zes bem pouco tem que digerir, e
no estrangeiro, onde a maturação
dêste cereal se fazia: em: precárias
condições e onde as populações ru-
rais passavam as mais negras pri-
vações, atribuiam-lhe os estragos
causados pela peltagra. E

Noutros países onde ‘flórescia“a
indústria pecuária o-milho era des-
tronado pela beterraba forraginosa
e pelo prado artificial irrigado, fa-
vorecendo a formação da indústria
dos laticínios e permitindo a orga-
nização de’ uma nova agricultura
maisricae de feição: melhoradora.

O valor do milho descia sempre,

Um dia o seu valor desceu tanto
que foi possível transforma-lo em
alcool e êste produto invadiu todos
os mercados, deslocando o aledol
de outras: procedências, que, mal
fabricado, mal rectificado, tambêm
acabou por se desacreditar, creando
o flagelo do alcoolismo, – hoje tão
perseguido, e que só parece nocivo
quando produzido – pelos maus: al:
cools de indústria;

Aleguminosa, sobretudo o trevo,
poderá ser semeada juntamente com
o centeio, dando um primeiro córte
só de ceêntéio em! verde, aínda” no-
voy para alimentação do gado, – de-
pois a ceara: de. trevo encarnado,
magnifico alimento. para todo o ga-
do, mas sem rival para o gado bo-
vino, e a seguir ainda no mesmo
ano, o milho, feijão e abobora, quer
dizer tres cereais num só ano, con-
tando a ceara de verão como. uma£o como. uma

 

@@@ 3 @@@

 

só. colheita, embora ela-dê milho,
feijão e aboboras.
O que é necessário e da maior

vantagem para o progresso e. de-.

senvolvimento agricóla desta região,
“aumentando. enormemente a sua ri-
queza, é.a “introdução dos adubos

artificiais, sobretudo dos superfos-

fatos que por-si sós, e melhor jun-
tos ao alargamento da cultura das
leguminosas, e sôbre tudo as legu-
minosas forrageinosas podem elevar

a fertilidade destas terras aos limi- .

tes máximos só obtidos em condi-
ções de óptima fertilidade.

» Amiando-de Seabra
A água quente contra os para-
sitas das plantas cultivadas

“Tem-se feito últimamente larga
propaganda acêrca das experiências
do agrónomo francês Semichon, que
emprega a água quente, entre 55 e
65 graus, usada em abundância, por
meio de uma bomba, e que mata

assim os insectos sem que as plan- .

tas sejam prejudicadas. A essa tem-
peratura morrem tanto os adultos
como as larvas, e os ovos perdem
toda a vitalidade.

– «Afirmam que êste método seria
mais eficaz do que o emprêgo dos
arsenicais, do tabaco e outros,

A água quente destroe também

critogâmicas de micélio superficial,
como O oidió da vinha, bolot-das
roseiras e outros. A mesma tempe-
ratura destroe as frutificações exter-
nas de certas -critogâmicas, entre
elas os conídios da peronóspora da
vinha (mildio). do

Operando cedo, na primavera, a
água quente destroe os afidios que

invadem as árvores de fruto e os

ovos. RH er Ss

A temperatura elevada aumenta
tambêm a eficácia e adesão das cal-
das e soluções antiparisitárias. As
pulverizações quentes devem ser
abundantes.

 

Uma prisão de Estado
ignorada

Alfajates é uma pequena vila, si-
tuada na Beira Baixa, a 315 quiló-
metros de Lisboa.

Situada próximo da raia, foi fa-
mosa pelo castelo cujas ruinas ain-
da hoje se vêem. Sofreu a fortaleza
duros assaltos e resistiu a imuitas
incursões, sendo por fim destruida.

Em 1230, Afonso X de Leão
mandou-a reedificar e deu-lhe o no-
me de Castilo de Luna.

Mais tarde, em 1297, D. Diniz
ampliou-lhe as muralhas. |

Foi nêste castelo que D. Sancho
de Castela fez encerrar seu desdito-
so irmão. D, Garcia, rei de Portu-

gal e Galiza, em 1071, depois de

lhe ter usurpado a herança que-seu

pai, D. Fernando Magno, lhe tinha .

dado, e que consistia naqueles dois
reinos.

Não contente com isto, o déspota
mandou-lhe arrancar os olhos eme-
teu-o em fétida masmorra, onde o

desgraçado principe morreu passa-

do algum tempo.
PARA RIR.

“Na Biblioteca do Colégio das Mis-
sões existe um folheto jocoso intitu-
lado «Processo Criminal’em que é
Autora a Ilustríssima D. Pulga Fer-
nandes Saltante contra o réu Perce-
vejo Alves Ferrão», que foi publica-
do em 1849 por João Manuel Fer-
reira.* Pór ser curioso e engraçado
aqui o reproduzimos .

«Diz D. Pulga Fernandes Saltan-
te, moradora em Vale.de Lençóis,
Freguesia do Quente, Termo da Vi-
la da Cama; que, saindo a Supli-
cante a dar ó-seu: passeio honrada-
mente, e livre de vergonha do mun-
do, pela sua Quinta do Alto de -Ca-
misas, junto ao Vale de Costuras,
fôra perseguida por dois Oficiais
chamados dedos agarrantes; e te-

 

 

 

mendo ser apreendida por êles e
responder a um Conselho de Guer-
ra, na Praça da Palma da Mão, e

inocentemente morrer dé garrote nas
“Baterias das unhas, se viu obrigada

a retirar para o sítio das Pregas;
querendo os mesmos Oficiais arguir
a Suplicante do horroroso crime de

“»inguietadora sanguinária, criminan-
‘* do-a até -do atentado de procurar o

Meio da sua subsistência em certas
partes que a decência não permite;

e como por estas, é outras cousas .

que tais deixam os burros, os ata-
fais, e o principal motivo, não ser
crime procurar cada um aquilo, que

| lhe é necessário; contudo chegan-
– do-se à noite, a Splicante se reti-

rou para Vale de Lencóis, porêm

“encontrando-se com o Ex.”o Perce-

vejo Alves Ferrão, para escapar às
suas garras, se viu obrigada a dar
mais quatro saltos fora do seu cos-
tume, escondendo-se num alinhava-
do de Vale de Lençóis, onde se acha
agora. E

E” o motivo porque implora ao
Exmº. Conselho-da Razão: Natural,
haja por bem mandar tomar depoi-
mento sôbre êste causo, atendendo
que a Suplicante já recusou ser ca-
sada com o muito brioso; e bizarro
Piolho Nunes Filante, e querendo
guardar o decôro da sua honra, é o
motivo porque a
P. lhe seja conce-
“dida a graça -que
x humildemente im-
Despacho. plora.
E. Ro M.

Apresente teste-

“munhas, Conselho.

da Razão Natural,
trinta e onze do”
mês: do “cuco: de
mil setecentos e
noventa e quinze.
Cáranha.

Réplica—A Suplicante, alêm de
outras mais, apresenta as testemu-
nhas seguintes:

Cobertor Alvo Papão — Capote
Pirangueiro Cabeçudo–Manta Pe-
luda Costureira.

Segundo Despacho.

Depois de serem

. interrogadas as tes-

temunhas, passe o
processo para el-rei
D. Grilo, para que
mande aquilo que
fôr servido.
Cdranha,

Auto do Interrogatório das
Testemunhas.

O Doutor Brimbáo Antunes da
Silva Aranha; Desembargador -dos
Processos Criminais, Presidente da
Câmara do Conselho da Razão Na-
tural por el-rei D. Grilo &c. &c;

Atesto, que devassei, e ante mi-
nha presença foram intérrogadas as

“testemunhas acima mencionadas, as

quais juraram com evidentes provas
contra Percevejo Alves Ferrão; as-
sim como tambêm ser o perverso
desinquietador das criadas de servir,

“fazendo com que seús amos em dias

assinalados lhe indiquem o trabalho
de andarem pelos quartos de seme-
lhante assassinador, às quais lhes
tem escapado, por se emigrar nos
buracos das paredes dos quartos, on-
de as senhoras passam as sestas de

“verão. A” vista do conteúdo, el-rei

D. Grilo determine o que fór ser-

vido.

Secretaria da Apelação dos Agra-
vos, e Crimes, trinta e onze dó mês

do cuco de mil setecentos e noven- –

ta e quinze.
O Desembargador do Crime.
Brimbão Antunes da Silva Aranha.

Alvará

cs Grilo, por graça da Natureza,

Rei dos insectos Abelhões, Moscas,
Mosquitos, Carrapatos, Percevejos,
Pulgas, e Pulgões, invencível guer-
reiro contra o Leão, e mais quadrú-
pedes por mar e terra. &c.

Faço saber, que em consulta de

um processo, que me foi apreésenta-

“do pelo Conselho da Razão Natural,

 

contra o Réu Percevejo Alves Fer-
rão, perverso, e alucinador; e que-

– Tendo eu promover o quanto me fôr

possível para bem do socêgo públi-
co, e tranquilidade dêstes meus Rei-
nos de Pulgas, e Pulgões: Hei por
bem mandar que o referido Conse-
lho proceda a sentença contra o mes-
mo Réu, segundo as Leis da Razão
e da Justiça, estabelecidas pelo meu
antecessor o primeiro Rei D. Grilo-
to, no dia de. não sei quantos do
mês das lamparinas do ano de mil
setecentas e tantas galinholas. O

Presidente do Conselho da Razão

Natural assim o; tenha entendido e
faça executar, como nêle se contêm.
Palácio “da Cantarola, trinta e doze
do mês do ratão de mil setecentos
e noventa e quinze.

– Re:.
Sentença

Acórdão em Relação, que vistas e
autoadas as culpas, e crimes do
Réu Percevejo Alves Ferrão, por al-

X “q.
cunha o perseguidor, e ter tomado –

a tentativa de querer ultrajar a hon-
ra da [,”a D. Pulga Fernandes Sal-
tante, procurando-a no mesmo lugar

da sua residência de Vale de Len-.

cóis, junto ao Quarto do Pravessei-
ro, caminhando. para o Camarote da
Almofadinha, como provam as tes-
temunhas: mencionadas, e segundo
as notícias particulares dirigidas a
êste Conselho, pelo Il.mo D. Embigo
Tripeiro Barrigudo, e outros mais,
e sendo tudo um horroroso crime,
segundo as Leis dêste Reino, Capí-
tulo velho, calçado rôto ; e sendo-nos

presente o Alvará passado com fôr-

ça de Lei por el-rei D. Grilo: man-
damos, que o Réu seja morto com
água fervente em qualquer parte que
seja encontrado; e sendo em. Vale
de Lençóis será atordoado com su-
mo de tomates, espremidos em cima
do mesmo Réu; e quando isto se
não possa alcançar, será morto com
meia arroba de cêbo de formigas, e

um arrátel de corações de mosqui-.

tos fervidos em refregas de sol Ã
meia noite, reduzindo-os até ficar
em meia onça de sombra de pinhei-
ro bravo: sendo depois enterrado
nas solas dos sapatos, amortalhado
com sedas de lombrigas, levando
por palmito um dênte, que caiu da
boca de sacavem no sempo de sua
avó torta : ficando shjeitos ás pênas
declaradas na mesma, Lei todos os
seus descendentes, logo dl j
encontrados em flagrarite delito Co
selho da Razão Natural, trihtã e do-
ze do: mês da toupeira do ano de
mil setecentos -e-noventa-e Quinze:

 

 

 

Os Desembargadores

Brimbão Antunes da Silva Ara-
nha-—-Pião da Fonseca Andarilho
— Trambolho da Silva Palhaço —
Pampilho Furão Tarraoquinha-—
Jagodes ciniunes da Bréca-—iMa-
landro Pexinxa Trabuco.

Pagou: do Proces-
so formado, três
“tostões menos um
cruzado.»

Tambêm na dita Biblioteca existe
um outro folheto de poesias escritas
por Fr. Manuel de S* Lourenço, que
pela letra parecem ser. do século
XVII.

Entre várias décimas críticas, brê-
jeiras e eróticas aparece esta que se
transcreve para se avaliar a fórça
do fradinho !

DÉCIMA

Nas fábricas da escultura
Onde as figuras se engenhão,
Para que os fregueses venhão
Põem á porta hua figura.

Hoje as damas com loucura,
Seguindo seos desatinos

Huns bonecos pequeninos
Trazem no peito ás vezes,
Como, quem diz: O’ fregueses,
Aqui se fazem meninos !

Como amostra não é de todo
mã… ou ela não fôsse fradesca !

Gseneiro do dpã

“O unico que resiste 4 terrivel |

n-

 

 

 

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Acácio Lima Macêdo.

CERTA

 

moléstia, a filoxera, quê tão gra-
ves estragos tem produzidô nos
rossos soutos, é castanheiro do
Japão. A aa do

O castanheiro. japonez ofere-
ce-iguais vantagens que o ‘bace-
lo americano tem “oferecido no
caso da doença da antiga videi-

– Ta cujas vantagens são já bem

conhecidas. As experiencias teem
sido feitas não só ao norte-do

“ nosso: pais “mas principalmente

em França, onde o castanheiro

“foi primeiro; «que . em:«Portugal

atacado pela filoxera, e hoje en-
contram-se os soutos já comple-
tamente povoados de castanhei-
ros do Japão, dando um rendi-

“mento magnifico; »

‘ O castanheiro .japonez acha-
se à venda em casa de Manuel

Rodrigues, . Pedrogam Grande.

 

CARREIRA DE AUTOMOVEL

No dia 18 de Maio começou a
carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo « de Paialvo
a Figueiró dos Vinhos Começou: a
fazer carreira a 19 de Maio, de
Paialvo á Certã e vice-versa.

Parte o automovel de Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras ás 16
horas para Paialvo, aus

Parte de Paialvostodasasiauartas
feiras e sabados-depois do comboio
correio em direcção a: Certâ-saindo
dal ás 15 horas novamente para
Paialvo. De Paialvo parte para Fi-
gueiró dos Vinhos ás quintas feiras
e domingos depois do comboio
correio. Preços resumidos.

Lemos, Pedro, Santos & 6.º

Vendem-se todas as propriedades
rústicas, “que: pertenceram a: Possi
dónio Nunes da Silva; em Sernache

do Bomjardim.

“Quem” pretender ou desejar es-
clarecimientos, dirija-se ao sr, João
Carlos d: Almeida e Silva, de.

SERNACHE DO BOMJARDIM

PROFESSOR DE INGLÊS

Lecciona. Traduções de inglês,
francês e espanhol.

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quimica que a distingue de todas as outras até hoje uzadas na terapeutica.

E” empregada com segura vantagem da Diabetes—Dispepsias—Catar-
ros gastricos, putridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas ;—na convalescença das febres graves; —nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuberculosos, br ighticos, etc. y-—n0 8asin icismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc ele 1

Mostra a analise bateriologica que a Agua da Foz da Cer já: tal-como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada; como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogeneas
que podem existirem: aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco témpo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios Rr porém re-

sistencia. maior.

A Agua da Foz da Gertã não tem gazes livres, é limpída, de’ sabor le-
vemente scido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com

o DEPOSITO GERAM
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* “Telefone 2168 . |

 

 

Es* “Telefone 2168 . |

 

 

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