Eco da Beira nº46 01-08-1915

@@@ 1 @@@

 

“Hno 1º

“Certã, 1 de Kpost de 1915

 

 

 

Assinaturas à

Angra ML IQUoI ds 120
Semenpelos. 215122), Papo bo
Brazil (moeda brazileira). .. 5ooo

 

Anuncios, na 3,2 e 4.2 página 2 cen-
tavos a linha ou espaço de linha

Uma obra benemórita
la República

No: extinto: regime todos os
governos se esforçaram por con-
servar a ignorância do povo, pa-
ra assim O ter seguro e mais su-
jeito aos seus caprichos…

A República enveredou por
um caminho diametralmente o-
posto, entendendo e bem que o
povo deve ser um pouco mais
do que um simples autómato, e
por isso tratou, desde que se im-
plantou, de desenvolver a instru-
ção, querendo assim ter cida-
dãos conscientes dos seus deve-
res e direitos. a

Para conseguir tal’ desidera-
tum criou novas Universidades,

“reformou o ensino e deu um
grande impulso à difusão das
Escolas Móveis pelo Método
João de Deus.

Esta última instituição, bene-
mérita do País, que já tão bons
serviços havia prestado na guer-
ra contra o analfabetismo e na.
propaganda republicana, recebeu
da República tão carinhoso e va-
lioso auxilio e impulso que é de
presumir que em 10 anos o nú-
mero de analfabetos esteja redu-
pa fo a

‘Calculamos isto à vista dos ma-
gnificos resultados colhidos nes-
ta freguesia durante êste ano es-
colar. As três missões que aqui
funcionaram tiveram uma média
de 200 alunos a frequentar os
dois cursos diurno é nocturno.

– Se muitos desanimaram a meio
do caminho e por eventualida-
des da vida não frequentaram a
escola até ao fim da missão, ou-
tros ficaram sabendo ler, escre-
ver e contar! O numero dêstes
vai além de 100, o que é bastan-
te animador e proveitosissimo
não só para os que aprenderam
mas tambêm para a propaganda
da República e estímulo para os
pais mandarem os filhos à esco-
la no próximo ano escolar.

Como membro da Comissão

dos Amigos da Escola do Pam-.

pilhal fomos alino domingo ulti-
mo assistir às provas dos alunos
do curso diurno e tivemos ocasião.
de vercomprazer queas 12 crian-
ças que’fizeram exame se apre-
sentaram magnificamente prepa-
radas, e tanto assim que foram
classificadas 6 de ótimo, 4 de
bom e 2 de suficiente.

“Aºs provas assistiram Hermi-
nio José Quintão, Presidente da

 

E

Jr

ERRA

 

 

PROPRIEDADE DO CENTRO REPUI

DIRECTOR — ABILIO MARÇAL

Editor e administrador ALBE

SEMANARIO FPOLTTIOO:

ICANO. DEMOCRATICO

 

 

 

O RIBEIRO

Publicação na Certã .

 

Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM:

Composto e impresso na Tipografia Leiriense É
LEIRIA

 

Comissão Executiva da Câmara
da Certã; sua esposa, D. Anto-
nina Quintão; a sr. D. Lidia
Marçal Corrêa Leonor; osmem-
bros da Comissão Amigos da
Escola e muitos pais e mães dos
alunos, etc.

A sala da Escola achava-se

ornamentada pelos alunos, assim
como a rua em frente da casa
onde ela funcionou.
Após as provas o sr. Hermi-
nio Quintão enalteceu os esfor-
ços da professora, a aplicação
dos alunos e todos os elementos
que concorreram para os bons
resultados que acabava de apre-
ciar. Dirigindo-se aos pais dos
alunos felicitou-os e estimulou-os
a fazerem a: propaganda neces-
sária para que todas as familias
mandem à Escola os seus filhos,
e por fim chamou-lhes a atenção
para esta obra benemérita da
República, incitando-os a reco-
nhecer os altos beneficios que
ela, desde 5 de Outubro de 1910,
vinha prestando ao povo e a
amá-la como ela o deve ser por
todos aqueles que muito prezam
a Pátria Portuguesa.
Terminou a sua alocução por
um vibrante viva à Pátria e Re-
pública Portuguesas, que foi por
todos calorosamente correspon-
dido.
A seguir foram distribuídas 52
lembranças-prémios aos alunos
mais assiduos e aplicados, a fim
de os estimular a voltarem à. Es-
cola no próximo ano para se
aperfeiçoarem e despertar nos
restantes o desejo de os imita-
rem. Os prémios constavam de
fazendas para artigos de vestuá-
rio à vontade dos contemplados.
Por ultimo lavramos a acta de
exames, que todos assinaram de-
pois de ser lida e reconhecidas
as expressões justas de aprêço
que nela faziamos da professora
D. Julia Dantas, a quem princi-
palmente se deviam os óptimos
resultados obtidos, provados não
só nas provas do curso diurno
como nas do nocturno, em que
apresentou 14 alunos, os quais
obtiveram 5 a classificação de
ótimo, 3 de muito bom, 4 de
bom e 2 de suficiente.

Ainda na mesma acta foi trans-
mitido ao Ex.Ӽ Inspector das
Escolas Moveis o desejo que ali-
mentam-os membros da Comis-
são dos Amigos da Escola de
que a referida professora seja re-
conduzida no proximo ano.

Terminou a festa por uma re-
feição oferecida aos alunos, por
descantes populares entremeados

 

 

dos hinos nacional e «Maria da
Fonte», e baile das familias dos
alunos e seus convidados.

Foi uma festa eminentemente
republicana, onde a alegria esfú-
siante das criancinhas inebriou
de contentamento os peitos dos
bons velhotes, modestos e igno-
rantes.

Por muito que peze aos impe-
nitentes talassas, o amor pela
Republica vai-se assim infiltran-
do lenta, mas firmemente, na al-
ma popular.

Festas na Certã

Deçcorreram com grande brilho é
animação os festejos com que a ca-
pital dêste concelho solenizou a con-
clusão e entrega à direcção do Gré-
mio Certaginense do edifício feito
por subscrição pública para tal fim.

A entrega fez-se com solenidade
no dia 55. meo

À noite houve récita e no dia 27
baile que decorreu animadamente é
foi, ao que se diz, o clou dos fes-
tejos.

No dia 29 realizou-se o pie-nic
em Gonçalo-Mogam.

Tendo sido êste jornal excluido
dos festejos não podemos dar dêles
mais desenvolvida notícia nem mes-
mo da récita, pois nem bilhete para
êste espectaculo pudemos alcançar
—tal foi o entusiasmo com -que êles
foram disputados.

Segundo ouvimos, porêm, distin-
guiram-se no desempenho os srs.
Adrião David, Frutuoso Pires é Au-
gusto Rossi.

De resto os distintos amadores
nem teem a pretenção de fazer car-
reira pela arte de Talma nem quem
ao teatro concorreu pretendeu ver
artistas, e sómente associar-se a
uma festa de regosijo e passar uma
noite de boa convivência é alegria,
o que, em verdade todos consegui-
ram, tanto as pessoas da Certáã, que
ali acorreram é que pela comissão
e por todas as pessoas da Certã
foram recebidos mui gentilmente.

O Eco da Beira reitéra as suas
felicitações e as suas saudações.

O Club Bomjardim, de Sernache
enviou à direcção do Grémio Certa-
ginense o seguinte telegrama:

Presidente Grémio Gertaginense

Certá
Club Bomjardim associa-se com
prazer e regostjo vossas festas e a
todos saúda afectuosamente.

Presidente da Direcção
Abílio Marçal

SEDES

Melhoramentos locais

A Direcção do Club Bomiardim
poz no dia 25 em arrematação as
obras de alvenaria: e ferro, para
conclusão do- Mercado Bitencourt,
de Sernache.

As obras a fazer foram orçadas
em 2:500%09.

(ZEBRA

Sei Sai Ena
n a

 

Meu querido -e velho amigo
Augusto: Rossi

Na tua pessoa amiga, de bom e
dedicado republicano, eu venho de-
pôr o grato encargo de transmitires

“aos teus patrícios as minhas cor-

| deais felicitações pelo grandioso

melhoramento com que dotastes a
vossa queria terra. Que nenhum
dos teus patrícios ilustrados supu-
nha, nem de leve, que os progres-

“sos da Certã causam engulhos ou

inveja aos meus patrícios inteligen-
tes. E não digo ilustrados porque
para estes Os vossos progressos ser-
vem apenas de incentivo, certos co-
mo todos estamos de que do pro-
gresso da Certã e Sernache mutúa-
mente gozam as duas povoações,
rivais apenas em pretenderem su-
plantar-se uma à outra. Suplanta-
ção que não envolve da parte de
Sernache qualquer ideia de absor-
ção daquilo porque a Certã vive e
é conhecida. Claro está que ponho

de parte aqui as glórias históricas
das nossas terras. Sernache quer

apenas tornar-se grande, e um dia
independente, mas só quando o me-
recer pelo seu desenvolvimento e
riqueza.

Entretanto cada uma das povoa-
ções lutará pelos seus progressos e
juntas por todos aqueles que às duas
interessarem —exemplo—a ponte da
Bouça, a ligação telegráfica com
Figueiró e Ferreira, a linha ferrea,
etc.

A Certã tem já o que: Sernache
está longe de ter esperanças de rea-

lizar–—-uma Misericórdia e Hospital. .

Sernache vai ter um Jardim Escola,
Liceu, Observatório, Museu, Biblio-
teca pública, etc., que a Certã .só
muito tarde poderá conseguir. Uma
e outra povoação precizam de coi-
sas que ainda não teem : — escolas
centrais, asilos para inválidos de
trabalho, estradas, pontes, ilumina-
cao eleeihca Cu a
Qual das povoações conseguirá

primeiro estes melhoramentos ?

E” dificil prever, mas o que é in-
dispensável é que nos demos as

mãos para impulsionar a nossa re-‘

gião.
É O meu bairrismo não é um bair-
rismo exclusivista, absorvente e ir-
redutível, Desejo apenas ver a mi-
nha terra engrandecida sem ter in-
veja nem o menor receio de que a
Certã progrida. Trabalhem e façam
grande à vossa terra que com isso
apenas me fornecem um estimulan-
te ensejo de fazer agir os meus con-
terrâneos. o e
Porque assim penso e sinto é
que eu te felicitó e encarrego de
transmitir as minhas felicitações aos
teus patrícios. Tornem grande a
Certã emquanto Sernache vai lu
tando pelos seus progressos, certos
todos, como estamos, de que mu-

* tuamente somos beneficiados com

qualquer melhoramento que no nos-
so concelho se realize. ae
Venha donde vier a iniciativa,
seja aqui ou aí que mais um passo
se dê na senda do progresso, nós
todos lucraremos: só os cégos é
que não veem isto.

Sae sa

Carta aberta E]

Certã

Ex.» Sr. Adrião David

Evid

E

 

@@@ 2 @@@

 

Vivemos numa região arqueoló-
gica e mineralógicamente inexplora-
da. E’ lá possível que em todo o
concelho não haja uma pedreira cal-
cárea? Quantos castros e antas não

existirão por êsses outeiros? Quan-.

tos metais preciosos não pizarão os
nossos pés inconscientes ?
Quanta coisa a fazer, meu ami-
o VERM A aaa EO Dam
Quando a fauna dos bachareis es-

tiver reduzida ao- estritamente ne- .

cessário e os nossos jovens pátricios
enveredarem para outras carreiras
mais produtivas-e práticas; quando
tivermos meia duzia de conterrà-
neos agrónomos, engenheiros de mi-
nas, naturalistas, arqueólogos e qui-
micos: a-nossa região deixará. de
ser o que é agora: Então os nossos
netos, mais felizes do que nós, sa-
bedores, empreendedores e activos,
realizarão o que nós hoje não sabe-
mos e por isso não podemos levar
Eles fabricarão a cal e o-tijolo
que nós importamos; centuplicarão
a produção dos terrenos actualmen-
te cultivados; desbravarão os res-
tantes; explorarão o ferro da Foz
de Alge, fazendo com êie pontes,
pontões, viadutos é várias constru-
ções; descobrirão e explorarão as
minas de ouro que hoje é arrastado
para as areias do alveo do ZeZETE
e ribeiras convisinhas ; pesquizarão
todos os outeiros e ravinas dos nos-
sos montes em busca dos velhos
castros, romanos e atalaias mouras
assim como as antas é OS restos
dos utensílios das épocas preistóri-
cas; analizarão as águas de todas
as nascéntes determinando as suas
propriedades medicinais; finalmen-
te, crearão um novo habitat onde
viverão felizes é contentes.
Entretanto, com os recursos de
que dispomos, façamos diligência
de irmos contribuindo para êsse
bem estar, deixando historiado o
passado e o presente para que o
futuro nos não alcunhe de inuteis €
improdutivos. |
Assim, não me sendo indiferente
qualquer melhoramento realizado
no nosso concelho, ainda o mais
minúsculo, eu venho abraçar na tua
pessoa os teus patrícios neste dia
de alegria e glória para vós todos.
Que não seja êste o último ensejo
que tenha para té felicitar e aos
teus conterrâneos são os votos sin-
ceros que hoje faz o teu velho e de-
dicadíssimo amigo e correligionário

Ps Candido

 

Sernache
25-7- 1915
Uma «graiha» curiosa!
No último número dêste jornal
publicamos uma notícia, intitulada
— O seu estado dalma déles—A se-
guir no mesmo linguado estava uma
outra notícia que se intitulava—lgi-
doro de Paula’ Anlunes—e que re-
solvemos não publicar. |

Mas, riscando a notícia, não ris-
camos, por inadvertência, o. nome
que lhe servia de epigrafe.

Daqui resultou que o seu título
veio publicado como assinatura de
autor da local anterior.

– Esta é da responsabilidade do di-
-rector dêste jornal.

Releve-se-nos o. lapso.
| EM GOIMBRA

Acaba de fazer acto o nosso par-
ticular amigo sr. Acácio da Silva
Ríbeiro, laureado aluso da faculda-
de de medicina, obtendo a honrosa
classificação de 19 valores, nas ca-
deiras de Anatomia Patológica, Pa-
rasitologia e Bacteriologia. Enviá-
mos-lhe sinceras felicitações.

6) x

o j

Sairam ontem: para a Figueira
da Foz, onde tencionam demorar-se
a veranear, as sr.’* D..Clotilde Nu-
nes da Mata, D. Maria Amélia Cor-
reia Ribeiro e António da Silva Ri-
beiro, dignissimo professor oficial,
na freguesia do Carvalhal, cêste
concelho,

 

ECO DA BEIRA

A Igreja e a República
“ Portuguesa
(Continuado do n.º 45)

Passo agora a expôr a causa e a
fórma porque me foi imposta. a sus-
pensão do exercício das minhas Or-
dens.

Em Dezembro de 1911 requeri

que me fossem renovadas as licen-
ças para celebrar, pregar e confes-
‘sar, é como em Janeiro seguifite ain:
da não-estivesse deferido o meu re-
querimento e ..me constasse que ia
ser suspenso, enviei ao Patriarca de

Lisboa o ofício seguinte:

«Exmº e Rev.mº Sr. Patriarca de

Lisboa, Ens
Tendo enviado à Secretaria pa-

“triarcal, em tempo legal, um reque-

rimento -dirigido à V. Ex. Rev mr
em que solicito 4 renovação da li-
cença canónica para celebrar, con-
fessar e pregar, com desgósto e gran-
de’ surpresa vejo que, até hoje, não
obteve despacho o referido requeri-
mento. Levo, por êste meio, ao co-

nhecimento de V. Ex.º Rev.ma êste

facto, pois que, por certo, atento o
silêncio feito sôbre o assunto, V. Ex.º
Rev.ma ignora: a existência dêsse re-

querimento na Secretaria patriarcal.
Ora, todo e qualquer requerimento,

enviado a uma secretaria, quer civil
quer eclesiástica, exige um despa-
cho, seja’ qual fôr, da autoridade à
quem é dirigido. E” êsse despacho
por escrito, lançado no meu reque-
rimento por V. Ex.? Rev ou por
quem o substitua no govêrno do Pa-
triarcado, que eu venho reclamar.
Se-—hipótese que eu não posso
admitir, fôr indeferida a minha pe-
tição, digne-se V. Ex Rev–to-
mo manda a justiça, a verdade e a
rectidão em que deve sempre inspi-
rar-se um Prelado no govêmo da
sua diocese—declarar a causa canó-
nica. que acaso motive a recusa de
Voo Ex. à, Rey.Ba a fim. de.. que
eu, padre católico obediente ao meu

‘“Prelado, procure remover essa cau-

sa canónica no sentido de ser por V.
Ex.2 Rev.ma julgado habilitado: a
exercer as minhas Ordens. A minha
consciência não me acusa de ter pra-
ticado qualquer acto indigno da mi-
nha qualidade de padre, porquanto
se tal tivesse acontecido, por certo,
V. Ex.2 Rey.ma -Prelado recto e jus-
ticeiro—teria tomado as providên-
cias que os meus erros ou irregula-
ridades. exigissem, mandando ins:
taurar-me um processo canônico em

“que fósse julgado e acaso condena-

do, depois de ser-me concedida am-
pla liberdade de defesa.

Tal não aconteceu até êste mo-
mento e, por isso, considero-me, pre-
suntivamente, autorizado por V. Ex.?
Rev.mê a exercer as minhas Ordens
visto que, essa autorização foi con-
cedida por um documento lavrado
em conseguência dum despacho de
V. Ex.? Rev.D: e só poderá, lógica-
mente, ser revogada por um despa-
pacho.contrário lançado no meu re-
querimento existente na secretaria
patriarcal, baseado num fundamento
canónico.

Esse despacho é tanto mais ne-
cessário e indispensável quanto é cer-
to que me assiste o direito de recor-
rer para as instâncias competentes
quando me julgue vítima: dum êrro
que, de boa fé e por má informação,
seja praticado pelo meu Ex.Ӽ Prela-
do. EO O
E” isto que pede a razão, a justi-
ça e a lógica.

Como acima digo: continão a ce-
lebrar até. V. Ex.” Rev.m2 lançar um
despacho em contrário no meu re-
querimento.

Permita-me :V. Ex. Rev.D* que,
na minha qualidade-de padre católi-
co, lhe envie as minhas homenagens
de respeito e verdadeiro acatamen-
to que devo à autoridade de que V
Ex.º Rev.m está investido.

Saúde e Fraternidade,

Lisboa, 28 de Janeiro de 1912,

P. Cândido da Silva Teixeira.

Dezoito dias depois foi lançado
nêste oficio, e não no requerimento:
como era legal, o despacho seguinte ;

 

y

«Por ordem de S. Ex.2 Rev.M2, osr.
Patriarca, indefiro a petição do Rev.“º
sinatário, porque O seu procedimen-
to, em face das leis da Igreja a que
pertence como padre católico, im-

porta a cessação do exercício das |
Ordens Sacras, as quais, conseguin-
“temente, não poderá continuar a exer-

cer sem incorrer ipso-facto nas pê-
nas cominadas: pelas leis canónicas
aos que sem a devida autorização
ousam exercer as Sagradas Ordens.

Paço- de S. Vicente de’Fóra, 15
de Fevereiro de 1912.

Cónego Sá Pereira,

Governador do Patriarcado.»

Este despacho foi-me mostrado no
referido Paço de S. Vicente de Fó-
ra, onde O copiei perante Os srs. có-
nego Pontes e Mgr. Carlos Costa.

Oficialmente foi-me transmitido o
indeferimento do meu requerimento
pelo ofício que segue, no qual, co-
mo vão vêr, não vem transcrito O
supra citado despacko, nem implici-
ta nem explicitamente declarada a
causa canônica da minha suspensão.
O oficio-diz:
“dm? e Rev mº Sr.

O Revmº Vigário Geralinterino;
encarregado do govêrno po Patriar-
cado, incumbe-me de . levar ao co-
nhecimento de V. S.* (sic) para os
devidos efeitos, que por ordem de
S. Em.is foi indeferida a petição de
V. S.º para lhe serem renovadas as
faculdades para uso de suas ordens;
pelo que não pode V. S.º continuar a
exerçê-las de hoje em diante sem fi-
car ipso-facto incurso nas pênas ecle-
siásticas impostas aos que sem legt-
tima autorização ouzem exercer as sa-

– gradas ordens. Deus Guarde a V. 5.8

Paço de S. Vicente de Fóra, em
15 de Fevereiro de 1912. I.Mº’e
Rev.mo Sr. P.e Cândido da Silva Tei-
xeira. Cônego – Secretário Joaquim
Martins Pontes.»

Devido’a considerações várias aca-
tei a suspensão arbitrária que assim
me era imposta e após quatro meses
dirigi ao Patríarca de Lisboa o ofi-
cio seguinte :

Ex.mo Revy.mo Sr, Patriarca de Lis-
boa.

“Faz hoje quatro meses que deixei
de ‘celébrar porque V. Ex. Rey.Ha
entendeu negar-me a renovação do
exercício de minhas Ordens. Talre-
cusa equivale a uma suspensão; ex-
informata consciência visto não me
ter sido instaurado processo canóni-
co..

Porque fui “suspenso ?

Por ter aceitado a pensão ofereci:
da na lei da separação e ter colabo-
rado na execução da mesma lei na
parte que, trata de pensões ao clero
pobre a’ quem (não é hoje segrêdo
para-ninguêm) ‘a Santa Sé permitiu
recebê-las? OU ni

Assim duplamente .V. Ex.º Rev.mº
desobedeceu às instruções da Santa
Sé porque esta há muito proibiu aos
Prelados aplicar a suspensão ex-in-
formata consciência, é, quando con-
sultada pelosbispos portugueses, per-
mitiu que o clero pobre, ‘como eu,
aceitasse as pensões.

A minha suspensão representa
pois uma arbitrariedade que dura há
quatro meses!

Quando é que V.: Ex.2 Rev.ma en-
tende mandar que me sejam reno-
vadas as minhas licenças? Quatro
lóngos meses: parece-me período su-
ficiente para expiar o grande crime
de colaborar na execução da parte
da lei de;Separação que tratadas
penspesd

Demais eu não fui prevenido por
V. Ex.a Rev.mi como mandava a ca-
ridade cristã, para que me abstives-
se de prestar tal: colâboração.

Assim venho pedira V. Ex.ºRey.ma
se digne dar por. findo o meu casti-
go, mandando que me sejam reno-
vadas as licenças.

Esperando resposta em: breve,
subscrevo-me. com a consideração
devida de.

E pe Rev
súbdito respeitoso.

Lisboa, 15 de

Junho de 1912; é

Pe Cândido da Silva Teixeira,

 

Este ofício não teve resposta al-
guma o que eu já esperava porque

– nunca. me iludi com a suposição de

que os Bispos arrepiassem caminho.
Abyssus abyssum invocal…
Esperei pacientemente mais 2 me-

“ses, findos os quais, enderessei ao
– sr. Patriarca o último ofício que pas- |
“so a transcrever para o público ava-
liarsã minha correcçad ms

 

Diz assim:

“Exmº e Rev.mo Sr, Patriarca de

“Lisboa;

Pela última vez. venho,.por-êste
meio, rogar a: V.iix.à Rev.Ma se di-
gne- mandar renovar as minhas. li
cenças para ceiebrar, confessar e
pregar. V. Ex.* Rev.Ma deve vêr que
a suspensão -como. me foi imposta
nunca poderia obrigar em consciên-
cia, todavia acetei-a: porque não
quis pôr em cheque o meu supe-
rior hierárquico. O Episcopado por-
tuguês continúa a viver na sua ctor-
luar e ilusão», é a melhor ar-
maque achou para defender a igre-
ja foi atacar os pensionistas—os seus
cooperadores. Um:futuro muito pró.
ximo lhe mostrará que seguiu cami-
nho errado.

Como provávelmente V. Ex?
Rev.” se não dignará responder-me,
como é próprio dos sentimentos pa-
ternais, do desastrado. Episcopado
português, aviso a V. Ex.º Rey.mi
que, se no prazo de oito dias me
não tiver respondido, ficarei assim
implicitamente: autorizado“ por.V.
Ex.: Rev.m a recorrer da-minha
suspensão para Roma.

Saúde e Fraternidade.

Lisboa, 23 de Agosto de 1912.

Pe “ândido da Silva Teixeira.»

 

 

Por agora-só estou fazendohistó-
ria, deixando para depois:os comen-
tários e crítica devidos. =

(Continúa) o tos a
PeiCândido: Teixeira.
Visitantes ilustres

Sernache, a aldeia das camélias,
o oasis inebriante em meio de ser-
ros escalvados, matagal bravio e
floresta de pinheiros, continúa:a ser,
diaja dia, visitado por-figuras de
destaque a quem foram transmiti-
das.as belesas dêste poético canti-
nho. Canteiro tivemos nós tentação
de escrever e, se o fizessemos, nem
por “isso: faltariamos “ao: rigor-ida
verdade, pois que- canteiro florido,
jardim. delicioso. é êste onde, como
em pais próprio, se veem .vegetar,
desenvolver e florir grande número
de plantas, arbustos e arvores: tro-
picais, ao lado das plantas-e arvo-
res frutiferas de Portugal. so
Tudo. isto tiveram ocasião de
apreciar os srs. António Monteiro
dos Santos, Francisco Borges é Joa-
quim Teixeira da Silva Júnior, co-
merciantes honrados e capitalistas
abastados da praça: do Pôrto, aqui
trazidos pelas relações pessoais de
Abílio Marçal e António, Costa. Du-
rante 24 horas que estiveram em
Sernáche colheram as impressões
mais lisongeiras e que: tiveram a
gentilesa de stransmitir-nos. O «sr.
Monteiro dos Santos, depois de ver
o Colégio e de examinar detida-
mente todas as’suas dependências
incluindo as“aulas, biblioteca, gabi-
nete: de física, “química e: história
natural, etc., declarou que êste Es-
tabelecimento de Instrucão honrava
a bela terra em que se encontra é
que muito devia concorrer para o
seu progresso, opinião sensata que
o’sr. Francisco Borges confirmou
coin entustasmos ils esco fo
Todos os nossos, visitantes, pelo
seu trato franco e leal, conquista-
ram aqui afeições sinceras e dura-
doiras, estando nós certos-dé que
pelas: boas: impressões: que colhe-
ram, em: breve, e mais duradoira-
mente: nos honrem com uma nova
visita. Si,
“O nosso querido patrício António
Costa, sufragando a alma de” sua
dedicadissima: esposa tão: permatu-
ramente roubada aos seus carinho- carinho-

 

@@@ 3 @@@

 

sos afectos, deixou em poder da
Ex.ma-Sr a D.- Maria Amália Cor-
reia Nunes 3500 escudos para se-
rem distribuidos pelos pobresinhos
da nossa freguesia. Bem haja!

É mais uma nota “do seu afecto
reinado «amor Aue-vota a
terra qnd reste qoer

0 fim da mentira

NO rdias Jung, da Univer-
sidade de Zurich, e Pi de
Nova- York, dedicam: “se a descobrir

 

 

agora a máquina de explorar o co-
ração com um aparêlho que se cha-.

ma o psicómetro eléctrico. Consta
de um polo de zinco é de um polo
de carvão, que cornunicam por in-

termédio de uma máquina eléctrica,
que permite medir com precisão a |

intênsidade dos movimentos da al-
mae assim determinar se êles cor-

respondem: e concórdam com as pa.

lavras que traduzem.

“O psicómeétro é o: tênrivel demio
ciante da mentira e é-.pela luz-de.
uma lâmpada que sobe ou desce

que se verifica a intensidade da co-

moção e se o indivíduo sujeito à sua
acção fala verdade ou mente. Esta-
rão’os sábios iludidos ? O invento
corresponderá aos” seus “desejos?
Se assim fôr. chegou-se ao fim da
mentira: a-humanidade-vai.ser fe-
lz, porque nunca mais-um-homem
poderá ludibriar outro porque nunca

mais no mundo, mercê dum pouco,

de zincó e dum pouco de carvão,
| seu-semelhante.
O psicómetro prestará relevantes
serviços em todas as manifestações

da vida social. Por exemplo, nunca “

mais haverá dramas de amor.

Uma mulher, sorrindo, jurando
com os lábios e com os olhos a-sua-—

paixão, não poderá enganar, por-

que todo o, homem usará o seu psi-.

cómetro e terá’o cuidado de ao ouvir

tais. juramentos pedir- lhe para segu-

rar nas pilhas de zinco e de carvão.

A vida do teatro será tambêm
modificada. O esposo, numa scena
terrível, de dúvida, aí por- alturas
do 4.º acto, depois de receber todos
os protestos, de ver correr todas as
lágrimas que comovem o especta-
dor, exclamará:

—Sim… o psicómetro dirá se
falas verdade !…

O seu dedo trémulo tocará o bo-
tão de. uma campaínha, e para o
criado grave, como são todos os
criados de teatro, ordenará de olhos
acesos em ira:

«O psicómetro…» Depois, to-
mando com fúria as mãos da espo-
sa e aplicando- as ao aparélho, aca-
bará or bradar :

—Oh! Enganas-me !

Ou então dirá :
—Sou feliz…
indigna de ti… e

E assim o de hagtAdor de olhos
rasos de água, abençoará os profes-
sores Jung, de Zurich, e Petersen,
de Nova-York.

Nas transacções comerciais será

era uma suspeita

tudo modificado. Nunca mais se po- .

derá fazer um negócio que vá alêm
dos limites do rasoável, porque
quando o comerciante nos jurar que

vende pelo preço do custo, O: psicó-
metro acusará do contrário. Nas ta-

boletas das lojas aparecerão invoca-

ções dêste género : :«Fulano:& Fu-.
lanos, mercadores, .vendas a psicó-.,

«metro», ou. então: «Ao psicómetro
de Zurich, modas e confecções».

– Ossacerdotes usarão psicômetros
eva «penitência será tanto maior
quanto forem as acusações que a
lâmpada fará .a cada mentira, do ca-
tólico:;: Os: juizes;sservir-se hão. do
psicómetro não .só. para os crimino-
sos, nas ainda para-as testemunhas,

 

e em cada: mesa, dos – tribunais; ema;

vez do sagrado, Evangelho, sôbre 0
qual se jura dizer a verdade, haverá
o instrumento que..os: sábios julgam
ter inventado…«Ponha a mão nêsse
psicómetro e diga o que sabe»—or-
denarão os circunspectos: magistra-
dos, na certeza de que tudo virá pa-
ra alí a fim de ser feita a mais ca-
– bal justiça.

 

 

ECO DA BEIRA

Quando -um homem nos falar dos
seus antepassados, da sua fortuna,
“da sua vida larga, das suas aman-
“tes, dos seus triunfos, O psicómetro
a encarregar- -se há de mostrar se êle
realmente descende de D. Fuas ou
de um almocreve, se tem os milhões
do Perú ou dívidas no alfaiate, se
«come túbarasf ou açorda, se a du
– quesa que. diz amá-lo não é apenas

“uma. costureira, se- os triunfos não.

são-.antes derrotas,

Nos parlamentos o psicômetro ti-
rará todas as dúvidas: É

«Sr. ministro, v. ex.º falta à ver-

dade! Isso não é asstmt… V. es

não pode “provar!…» E o minis-
tro, a tremer, a suar, titubiante em
face do clamor indignado de todas
as bocas, sentir-se-ia desfalecer an-
“te a voz calma de um deputado que
gritará: —«Sr. presidente : Requeiro
que se aplicado o psicometro a
Si sex)

E logo no meio do: silêncio. Ha
câmara tudo será descoberto, mer-
cê daquele pedaço de carvão, da-
quele polo de. zinco, das. oscilações
– daquela lâmpada sagrada como um
“fogo celeste.

“Emfim, em todos os actos dá vi-
da, em, todas as manifestações do

* homem, o psicómetro terá o seu
lugar, êle imporá a Verdade e dará
caborda Mentira, o que equivale a
destruir uma velha e convencional
sotirdada,

Elsesta- à esperança: de: alguns
bons espiritos, tão bons-e tão ingé-
nuos que não lhe ocorreu logo esta
observação :—= O psicométro nunca
mais poderá ser adoptado, porque o
homem sema mentira seria como
o > peixe fóra de água.

De duas uma: ou o não adoptam
ou falsificam- -no.

 

“Exames do 1. a em Serna-
che do Bomjardim

: Realizaram-se no dia 23 de Julho
“último os exames de 1.º grau dos
alunos da escola para o sexo mas-

culino, de Sernache do Bomjardim,:

que, em número de 20, obtiveram
as classificações seguintes :

Abilio da Graça, Albino Gaspar
Nunes da Silva, António, Barata
Dias, Joaquim António da Silva,
Joaquim Emídio da Silva, Joaquim
Leitão Gomes, Júlio Mendes Del-
gado .e Marcelino Rosa Carriço,
óptimo.

Joaquim Nunes Pessoa, José Mar-
tins, Marcelino Joaquim” Bastinho,
Tobias Jacinto, Manuel Coelho, An-
tónio Antunes Alexandre, José Mar-
tihs e Joaquim dos Santos, bom.

João Eduardo dos Santos, João
* Pereira, João Mendes e José” dos
Santos, suficiente.

—No dia 24, realizaram-se os das
álunas da escola para o sexo feimi-
nino, em número: de 4, obtendo as
seguintes classificações :

Maria Aurora da Silva Santos e
Maria Emilia dos Santos e Silva,
óptimo.

Maria do. Sacramento Ferreira
Biscaia, bom.

Emilia Nunes da Silva, suficiente.

— Tambêm fizeram exame no mes-
-mo dia, as sr. D. Maria José Mar-
“çal Correia, Antúnes, D. Olga Mar-
çal Correia. Antunes, “Gil Marçal
Correia Antunes e José António da
Silva Girão, de ensino particular,
obtendo . todos. a classificação. de
óptimo. E Antônio Martins ade su-
indiciados

AGRIC SUL. TURA

A lagarta db Pinheiros

 

 

“Aqueles penachos brancos – que
nesta época dão .uma nota, de .des-
taque, salpicando aqui e: ali, com
mais ou menos bastesa, o tom ver-
de dos pinhais, são sacos .ou bolsas
artisticamente tecidas. por um insec-
to, que assim 0$S construiu para se
precaver contra Os frios do inverno,
fazendo dêles a-sua moradia duran-
te muitos meses.

Este insecto, na sua fase de la-
garta, Ou larva, vive naqueles saços

 

 

em numerosas colónias, que só dê-
les saem aos rebates da primavera.

Então rompem os ninhos e: veem
espalhar-se sôbre as agulhas dos
Pinheiros, de que se sustentam, de
preferência: sôbre os rebentos novos
e tenros, que devoram, pelo que Os
ninhos se encontram sempre, ou na
flecha terminal, ou nas pontas de al-
guns ramos laterais:

Quando descem’ das árvores, para
irem procurar a outras melhor pas-
to, ou para se introduzirem debai-

xo do chão, onde ficam no estado –

de crisálidas ou ninfas, até se trans:
formarem em- borboletas, aquelas
lagartas marcham em um longo cor-

dão, umas atraz ‘das «outras; como –
em procissão, e daqui veio o dar-

se-lhes o nome de Processionária.

Mais tarde, as borboletas nasci-
das das largatas vão pôr os ovos
nos ramos dos Pinheiros, morrendo
depois; mas dêstes ovos nascem no-
vas gerações de lagartas, que se-
guem a mesma evolução da vida.

A Processionária pode causar
grandes estragos nos pinhais, se o
ataque fôr violento, como em mui-
tos anos acontece e então é de toda
a conveniência sair-lhes ao encon-
tro, dizimando-a sem piedade. .

Os meios mais recomendados são:

introduzir dentro dos ninhos umas

gotas de petróleo; as lagartas contor-:

cem-se umas; contra as outras.e mor
rem.

Melhor do que isso, porêm, é o
fogo : até onde. se possa chegar sem
custo, cortam-se as pontas dos Ta-
mos com os -ninhos, reúnem-se e

faz-se uma fogueira para a guia,

do Pinheiro, que se não deve cor-
tar, e para os ramos altos, on-
de se não chega com facilidade, há
umas almotoliás próprias, que se
põem na ponta de uma vara e com
as quais se injecta o petróleo nos ni-
nhos.

Há ainda umas pequenas lâmpa-.

das de álcool e de petróleo tambêm,
que se adaptam a um cabo, para fa-
zer a queima directa dos ninhos nas
árvores, sem cortar os ramos,
Para os ramos superiores podem
empregar-se com vantagem as, te-
souras da poda alta, bem conheci-
das de todos; para com elas se cor-
tarem os ninhos para as fogueiras.
De forma que o: que nos parece
mais prático;é o corte das extremi-
dades dos ramos laterais que tive-
rem ninhos, queimando-os depois, e
tratar pelo petróleo apenas. as guias

“ou ramos terminais dos. Pinheiros,

e aqueles a que se não possa che-
gar, quer coma mão, quer com a
tesoura-de-cabo-alto.

Nestes trabalhos bom serviço po-
dem prestar rapazes que, por serem
leves, trepam fácilmente pelas ár-

vores, mas é preciso que todo o.

pessoal tenha um “certó cuidado,
porque dos ninhos e das lagartas
desprende-se um pó fino que cain-
do sôbre os olhos, sôbre a pele ou
ao alcance da respiração, “se, torna
muito incómodo.

as

Tude M. de Sousa.

MOSAICO

De volta ao lagar

Gerez.

 

 

Na testada dos bois, o moço lavrador
Faz um aceno, e pára o carro gemedor.

Tira o amplo sombreiro, e, co’ as costas da mão

Limpa as bagas da fronte. E’ fraca a’vitação.

D’entre a: camisa aberta, ostenta-se, robusto,
Do peito, Juvenil. O primoroso busto.

Foi bravia a ladeira: a dora trasbordante.
Todo em suor 0 gado, apezar de possante.

Fins de setembro já, porém calmoso dia!
Debaixo dum chorão referve a fonte fria.

Arqueja o lavrador, de sêde e de fadiga.
Põe-lhe o cântaro à boca esbelta rapariga.

Tentadora mulher ! viva como: uma estrela !
O seio, aquele mar de duas ondas túmidas,
Palpita-lhe feliz, na virginal procela !

Ele bebe. -. E, matando a sede dágua cresce-lhe
Mais a sede do amor, cravando os olhos nela.

BULHÃO PATO

mancebo, cujo rosto. se t

 

Um assassino-poeta

Entrou um dia-em casa do gran-
de escritor dramático francês Eugé-
nio Scribe um mancebo robusto,
muito pálido, com: um manusgrito
para o qual lhe pedia à sua colabo-
ração.

—Pois’ bem, respondeu- hei Scri-
be, vou ler. a vossa peça e podeis
vir pela resposta daqui a oito dias.

No dia, determinado, o. rapaz; vol-:

 

tou, e, com uma emoção muito com
preensivel, esperou 9 veredito,
Senhor, «diz-lhe Scribe,

 

 

 

ND. respondeu. simplesme e.

 

ajuntando passados, instantes: ;
—Sou tão pobre…

“Seribe abriu “uma gaveta onde
havia alguns luizes> em: oiro e eia

se-lhe. .
“—Firai daqui o que vos fôr préciso.

O outro lança febrilmente as mãos’

crispadas ao dinheiro, apodera-se
de várias moedas e safa-se; balbu-

ciando agradecimentos e desculpas:

Pois êste rapaz, êste homem de

quem” Scribe não quis-a colaborar:
– Lacenaire, o celeéberri=:
mo assassino

ção, era..

er Pas prio

“lr para adeira sem..
sapatos “-

 

Consta que deu origem ao dito
=—lr para CÁveiro sem sapatos, o
facto seguinte: |

Estando doente o marquês de
Pombal, os criados arearam a cal-
çada para atenuar ‘o- barulho dos
trens.

Um padre,.que..tinha pretensões

 

a engraçado, passando..pela frente
do” palácio, ‘descalçou Os sapatos
por troça.

“O marquez não gostou da brinca-
deira (são antigos os lamechas) e
mandou residir o padre para Aveiro.

Daqui, -dizem,–se e o tal

dido

ANÚNCIOS
Carro de alúguer

Preços baratissimos.: Pedidos a
Acácio Lima Macêdo.” “+

«AO = CER PÁ e)
CARREIRA DE AUTOMOVEL

No dia 18. de Maio. começou a
carreira de automovel de Barqueiro
(Alvaiázere) a Paialvo e de Paialvo
à Figueiró dos Vinhos “Começou a
fazer carreira a 19 de Maio, de
Paialvo á Certã e vice-versa.

Parte o automovel de. Barqueiro
todas as terças e sextas-feiras, ás 16
horas para Paialvo.

Parte de Paialvo todas as quartas
feiras e sabados depois do comboio
correio. em direcção a Certã saindo

davi o um

 

 

 

«+ dali ás .15-horas novamente para

Paialvo. De Paialvo parte para Fi-
gueiró dos’Vinhos ás quintas feiras
e domingos depois, do | “comboio
correio. Preços résumidos.

Lemos, Pedro, Santos & C.*

PROFESSOR DE INGLÊS

Lecciona. Traduções de inglês,
faneãs e espanhol.

GUARDA-LIVROS

Escrituração comercial esagrícola.
Cotrespondencia.
“Trata-se comoF. Tedeschi; Se

nache do Bomjardim.

ANUNCIO

Vendem-se todas as propriedades
rústicas, que pertenceram a Posst-
dónio Nunes da Silva, em: peace
do Bomjardim. ..

Quem pretender ou desejar ‘es-
clarecimentos, dirija-se -ao sr; João
Carlos de Almeida e Silva, de

SRRNASR DO BOMJARDIM.

 

 

 

tem qualidades, mas . francamentes;
– não me; parece que.sirva…

n sfgurou,

 

 

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Agua, da Foz da: Certa

A Agua minero-medicinal da Fog da Certã apresenta uma composição
quimica que a distingue de todas as outras até hoje tizadas na terapeutica.

E” empregada com segura vantagem da Diabetes— Dispepsias— Catar.
ros gastricos, putridos ou parasitarios ;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas ;=na convalescença das febres graves; —nas atoónisa
gastricas dos diabeticos, tuber culosos, br ighticos, etc.y—no gasiricismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica- que a “Agua da Fox da Certã, tal como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogéneas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Agua da Foz da Cerlá não tem gazes livres, é límpida, de sabor je:
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturáda com

Ea DEPOSITO GERAT
RUA DOS FANQUEIROS-—-84—LISBOA
* “Felefone 2168 |