Eco da Beira nº3 30-08-1914

@@@ 1 @@@

 

100 00 +.

Ld2zo
p6o
Brazil (moeda brazileira). .. – ooo

eccca coro. a

 

“Anuncios, na 3.2 e 4.2 página 2 cen-
tavos a linha ou espaço de linha

NOBRE GESTO

Di

No nosso último artigo referi-
mo-nos às probabilidades da res-
tauração do reino da Polónia,
como uma das grandes conquis-
tas humanitárias da actual guer-
ra.

Não nos enganamos.

Esse desditoso povo que a
ambição imperialista oprimiu e
afogou em ondas de sangue, vai,
emfim, ser uma nação livre.

Assim lh’o prometeu o impe-
rador da Rússia em uma procla-
mação, nos termos seguintes: |

« Polácos, soou a hora em que
o sonho sacrosanto de vossos pais,
de vossos antepassados pode ser
rializado. Há um século e meio
que o corpo vivo da “Polónia foi
esfacelado, mas a suarsalma não
morreu. Ele vivia da esperança
que, para o povo poláco, víria ho-
ra da ressurreição e da reconci-
liação fraternal com a grande
Rússia. As tropas russas trazem-
vos a solene nova dessa reconci-
liação.

Que o povo poláco se una sob
o scetro do Czar russo. Sob esse
sceptro renascerá a “Polônia li-
vre na sua religião, na sua lin-
gua e na sua autonomia. A Rús-
sia não espera de vós senão o res-
peito pelos direitos dessas nacio-
nalidades às quais a história vos
legou. Com o coração aberto,
com a mão paternalmente. esten-
dida, a grande Rússia vem ao
vosso encontro.

A espada que combateu os ini-
migos perto de Grunwald ainda
não está embainhada. Desde as
margens do Oceano Pacífico, até
aos mares setentrionais singram
as esquadra russas.

A aurora duma nova vida re-
começa para vós. Que nesta au-
rora resplenda gloriosa a Cruz,
simbolo do sofrimento e da res-
surreição dos Povos».

Os representantes de todos os
partidos políticos e agrupamen-
tos sociais da Polónia. dirigiram
um telegrama ao Gran-duque Ni-
colau, generalissimo do exército
russo, respondendo à proclama-
ção do Czar nos seguintes ter-
mos : É

«Cremos firmemente — decla-
ram — que o sangue vertido ao
mesmo tempo pelos filhos da Po-
lónia e pelos filhos da Rússia, em
luta contra o inimigo comum, se-
rá a melhor garantia de uma no-
va era de paz, conforme às tradi-
ções dos dois povos slavos. Nesse

 

 

a

oa
E

a
&

dia histórico, em que nos foi diri-
gido vosso apelo, tão significativo
para o povo poláco, fizemos votos
calorosos para que o exército rus-
so obtenha a vitória, e esperamos
o seu triunfo completo nos cam-
pos de batalha».

Os: representantes do povo
poláco rogam ao Gran-Duque
que comunique seus anhelos e
a expressão de seus leais senti-
mentos ao Czar.

Na tempestade de tanta. notí-
cia horrorosa: assoprando como

um vendaval destruidor faz bem

esta aragem de bondade, conso-
la esta brisa refrigerante de li-
berdade e fraternidade.

A Polónia vai, emfim, ser
uma pátria livre e independente,
porque temos. cada vez mais
confiança em que será a liber-
dade que nesta luta horrorosa
triunfará !

– CUMPRIMENTOS

Do nosso presadocolega O Mundo:

«Eco da Beira»

Com êste titulo começou a publicar-se
na Certã um semanario político, proprie-
dade do Centro Republicano Democrático
daquela vila da beira Baixa. O director do
novo colega a quem damos as boas vindas,
é onosso ilustre amigo sr. dr. Abilio Cor-
reia da Silva Marçal, que fo! administrador
daquelie concelho no govêrno do Partido
Republicano Português..O Eco da Beira
prestará certamente, valiosos serviços aos
nossos correligionários da Certã, defenden-
do os legítimos interesses do concelho, da
Patria e da República. Desejamos longa vi-
da e prosperidades ao Eco da Beira, a
quem cumprimentamos,

Do Noticias da Beira:

«Eco da Beira»

Começou a publicar-se na Certã um no-
vo semanario republicano democratico. In-
titula-se Eco da Beira e é dirigido pelo
nosso amigo sr. dr. Abilio Marçal, antigo
administrador do concelho e ilustre vogal
da Comissão Distrital Republicana,

Recebemos o primeiro numero, que vem
excelentemente redigido e que agradece-
mos.

Desejamos ao nosso novo e presado co-
lega as rnaiores prosperidades, não só pela
estima que nos merece o seu ilustre direç
tor como tambem pelos interesses superio-
res do glorioso partido a que ambos nos
orgulhamos de pertencer.

A êstes nossos distinctos colegas
e os demais que nos receberam com

“palavras de amabilidade e favor os

nossos agradecimentos.

FS Ss

Descanço semanal

Tendo o sr. dr. António Victori-
no abandonado já a direcção da Voz
da “Beira no número em que pode-
ria responder-nos e tendo tomado
aquela decisão por o jornalter en-
veredado pelo caminho de ferir a
nota pessoal, nós dâmo-nos por en-
tendido e abandonâmos também o
caso

Sómente diremos como explicação
e em homenagem à verdade, que
nunca supozémos que o sr. dr. Vic-

“torino tivesse escrito aquela notícia

que sôbre ser uma mentira masca-
rara uma infâmia.

DIRECTOR — ABILIO

Editor e administrador— ALBERTO RIBEIRO

+

 

 

LICANO DEMOCRATICO [5

MARÇAL

[ERR

“POLITICA LOCAL

Do sr. senador Tasso de Figuei-
redo recebemos a seguinte carta:

“. Sr. “Redactor
do «Eco da Beira:

Tendo V. no seu jornal de 16 do
corrente transcrito do jornal «O
Figueiroense» um artigo intitulado
Nas margens do Zézere, em que se
fazem afirmações que necessitam cor-
recção, rogo a V. a extrema ama-
bilidade de publicar no seu jornal a
carta que hoje envio, e que nesta
mesma data dirijo à redacção da-
quele jornal, comunicando a V. que
igual pedido faco à redacção do
jornal «Voz da Beira», como inte-
ressado nos assuntos desta região.

De V. etc.
“Domingos Tasso de Figueiredo.

Certã, 19-6-g14

O ilustre sinatário da carta vem
pedir-nos um reclame político.

Invocou a nossa amabilidade : não
o fará debalde.

Muito confiou na nossa generosi-

-dade-e na nossa lialdade: a essa
confiança corresponderemos.

O director do Eco da Beira esti-
ma-o e considera-o, mui sincera-
mente.

Quando chegou à idade em que a
convivência e o conhecimento das
pessoas o autorizou a julgar dos ho-
mens, só teve que confirmar e forti-
ficar em critério próprio êsses mes-
mos sentimentos de respeito e afei-
ção, que recebeu em herança pa-
terna.

Essa amisade foi-lhe provada.

Esse justo conceito do seu legiti-
mo valor foi-lhe afirmado em públi-
ca manifestação.

Quando os seus aduladores de
hoje o descobriram por pontos de
referência às suas dragonas de almi-
rante, já nós havíamos saúdado os
seus galões de tenente de marinha.

Quando os seus patrícios o acei-
taram para senador, já os nossos o
haviam querido para deputado.

Não o foi porque a sua terra o
não quiz, inventando uma subtileza
política, que, afinal, ficou de cará-
cter permanente, para demonstração
da sua boa vontade e do seu patrio-
tismo nas demais eleições que se lhe
seguiram.

Hão de ter aqui mais larga refe-
rência estes factos, que muitos des-
conhecem, é o sr. Tasso parece ter
esquecido, inebriado pelo fumo do
incenso que em volta de si queimam
uns turibulários desastrados: hoje,
se os invocâmoós, é para nos abonar-
mos na afirmação de estima que fi-
zemos e para lhe pedir que, nas con-
siderações que vamos fazer, se pa-
lavras encontrar de sentido duvidoso
ou áspero, as entenda sempre como
escritas com a intenção de não que-
brar o respeito que devemos à sua
individualidade particular e com o
propósito de não sermos incorrectos
nem desprimorosos para com um
adversário político. É ao

Em pleno período eleitoral e mal
tinhamos aberto esta tenda, apresen-
tou-se nela o sr. Tasso de Figueire-
do a reclamar um crédito político.

Não o chamamos nem êle cá apa-

receu incautamente.

 

 

* Publicação na Certã

Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

– Composto e impresso na Tipografia Leiriense

LEIRIA

No frontispício está bem claro o

aviso de que esta fôlha é um: jórnal
político, ao. serviço dum partido,
que não é o seu.
-Não teve, pois, a pretenção de
pedir-nos um favor: veio, antes,
com o propósito de provocar-nos a
uma discussão, e do desafio tomou
logo testemunhas. ode
Vamos lá, pois, a acertar contas.
Queira o’sr. Tasso de Figueiredo,
como pede, apresentar as suas.
Verá no fim que estão erradas.
E’ do teor seguinte a sua recla-
mação:

Exmo Sr, Redactor
do «O. Figueiroense»

Só hoje a propósito duma trans-
crição feita pelo jornal. «Eco da-Bei-
ra» vi no seu jornal de: 25 de Julho
de 1914:um artigo com o titulo Nas
margens do Zézere em que V. Ex.º
faz e perfilha uma. afirmação que
não é, absolutamente . a expressão
exacta da verdade,

Refiro-me. a atribuir ao valimento
e patrióticos esforços do Exmº Sr.
Dr. Abílio Marçal-o início dos tra-
balhos e dotações da: ponte sôbre o
Zézere que ha de ligar os concelhos
de Figueiró dos Vilhos e Certã.

O caso da primeira dotação da-
quela ponte passou-se da seguinte
maneira :

Em 1912 na época própria da dis-
tribuição de fundos, eu, desejoso de
vêr realizado esse melhoramento,
que sempre reputei de altíssima im-
portância não só para os nossos dois
cóncelhos, mas para os dois distri-
tos e para o desenvolvimento do
País, mas preferindo que êle fôsse
devido. não. a um indivíduo nem a
um partido, mas sim á República,
redigi de acôrdo-com os parlamen-
tares representantes do Círculo:Nor-
te de Leiria e Sul de Castelo Bran-
co, uma representação ao Ex.Mº
Ministro do. Fomento, e que fomos
todos entregar-lhe ao. seu gabinete
no Ministério. Os sinatários da re-
presentação eram os senhores depu-
tados Vitorino Godinho, Ribeiro de
Carvalho, Silva Barreto, Mórais Ro-
sa e Américo Olavo, e senadores
José Nunes da Mata, Martins Car-
doso e o sSinatário desta carta, que,
como; V, Ex. vê representam todos
os partidos políticos.

Neste ano, de 1912 .a nossa pre-
tenção não poude ser atendida pela
exiguidade da verba orçamental.
Em 1913 repetimos idêntica repre-
sentação que desta: vez foi entregue
ao Ex.mo Ministro no próprio parla-
mento, vendo coroados os nossos

esforços com a primeira dotação da

ponte. No: presente ano de 1914
não era necessária: nenhuma. lem-
brança porque, por força da lei da
República, de Fevereiro de 1913,
tendo tido dotação o ano: passado
devia. tê-la êste ano e assim suces-
sivamente até à sua conclusão. Eis
como os factos se passaram.

Se por ventura só de mim se
tratasse eu não reivindicaria a sua
primazia, mas tratando-se de cole-
gas meus, de quem eu solicitei o
apôio e que com o maior entusias-
mo me acompanharam, eu não po-
dia deixar de estabelecer a verdade
dos factos.

Evidentemente esta narração de
factos não quer dizer que o Ex.mº
Sr. Dr. Abílio Marçal não envidasseenvidasse

 

@@@ 2 @@@

 

4

 

Mi

também os seus esforços para a efe-
ctivação | dêsse melhoramento e as
conversas que em tempos tive com
S. Ex.? sôbre o assunto levam-me a
crêr que assim fosse porque tan-
to êle como eu reconheciamos a im-
portância de tal melhoramento.
Agradecendo desde já a publica-
ção que V. se dignará fazer desta

carta sou com toda a consideração.

De V. m.to Att.º e V.or

“Domingos Tasso de Figueiredo…

Certã, 19-8-914.

O sr. Tasso de Figueiredo escu-
da-se, para a publicação da sua car-
ta-no apropósito da; transcrição no
Eco duma notícia do nosso presado
colega «Figueiroense».

Salvo o devido respeito, a sua
carta não tem apropósito nenhum.

E, senão, vejamos de que se trata.

Numa reunião de amigos, trocan-
do: entre si impressões de prazer e
entusiasmo por: verem, -alfim, em
princípio de realização uma obra,
que. é uma das maiores aspirações
desta região, um deles, mais espan-
sivo e amável, fez um brinde ao di-
rector dêste jornal, saudando nele
os esforços que empugara para a
realização daquela obra.

E a notícia veio num jornal.

Eis tudo.

Um incidente da vida intima dal-
guns amigos, em que um deles, em
manifestação de carinhosa amizade,
quis atribuir ao trabalho doutro efi-
cácia e valor que ele não tem.

Excesso de generosidade ?

De acordo. Mas que teem os es-
tranhos com isso?

Um brinde é um cumprimento
de amizade que envolve sempre um
favor na apreciação dos factos e’das
virtudes do brindado.

E’ um acto de delicadeza, a que
o brindado tem dé fazer numa con-
veniente correção.

Se tem critério. Mas, se não o
tem, nem êle fica valendo ‘ mais
nem os outros ficam diminuidos.

Ao autor do brinde deve aquela
obra mais interesse e mais trabalho
do que ao sr. Tasso: todavia, foi
tão generoso e tão delicado, que tu-
do escondeu em si, para tudo atri-
buir e festejar em nós, num requin-
te de amizade, que nos contundiu
mas que não nos fez delirar de vai-
dade.

Só o sr. Tasso de Figueiredo se
agastou e veio reclamar por duas
representações que tinham a sua as-
sinatura e foram de sua iniciativa.

E’ certo que nesse momento não
se fez a resenha das representações
em que se pediu a ponte.

Levaria muito tempo-—tantas fo-

ram as que fizeram as câmaras eos
povos interessados, nestas ultimas

dezenas de anos.
Mas também ninguem excluiu
nem negou as do reclamante, sen-

do, assim, sem fundamento o seu

acto de reivindicação.

Nesse mesmo ano de 1913, alêm
do sr. Tasso e dos seus companhei-
ros, representaram as câmaras mu-
nicipaís, as comissões do partido re-
publicano e houve, alêm disso, uma
representação dos povos desta re-
gião, com 234 assinaturas.

Certos de que o ministro não se
determinou pela categoria das pes-
soas mas pelos fundamentos do pe-
dido, nós teremos que contemplá-
los a todos, em partes eguais, na
repartição das glórias que derivam
de tal facto.

E bem poderia ser que as câma-
ras municipais tivessem direito a
um maior quinhão, porque elas, re-
presentando, é que estavam no exer-
cício do seu direito, e não os depu-
tados, que, êsses, teem uma outra
função e meios diversos de exercê-
la. Re

A intervenção, pois, do’sr. Tasso
na “dotação da ponte consistiu na
iniciativa e apresentação das duas
representações a que éle insinua
uma grande senão decisiva virtude,
embora em cooperação com outros.

Eis, pois, o trabalho do ilustre
senador.

Ágora o nosso.

O director dêste jornal também
promoveu e assinou representações

e em muito maior número e há mui-

.

 

 

“ECO DA

to mais tempo do que o sr. Tasso,
mas reputa estas iniciativas de tão
minima importância que nem nelas
quer falar.

Só uma referirá um caso.

Em 13 de Maio de 1913, veio a
Sernache o sr. dr. Afonso Costa,
então presidente do ministério, a
quem, neste mesmo lugar em que
estamos escrevendo, pedimos dois
favores de natureza política.

Foi um a conservação do colégio.

das missões em Sernache e a sua
reforma. Assim o prometeu, horas
depois, num brinde que fez no Club
Bomjardim, quando ali foi recebido.

E logo nesse ano, alêm da sua
dotação ordinária, aquele instituto
teve no orçamento: geral: do: estado
um subsídio de 5:500 escudos para
obras, que actualmente se estão fa-
zendo. O outro pedido foi o-da cons-
trução da ponte da Bouçã, que lhe
apresentamos como obra da maror
importância para esta região e de
absoluta necessidade para a sua ex-
pansão comercial. e agrícola, sobre-
tudo. Dois meses depois, comunica-
va-nos o sr. dr. Afonso Costa que a
ponte seria dotada com 5:000 escu-
dos. E; foi.

Nós poderiamos perguntar ao cri-
tério do leitor quem teria consegui-
do o benefício—se: a recomendação
do sr: dr. Afonso Costa ao seu mí-
nistro: do fomento, se a repetição
da representação do sr. Tasso já fa-
lida do ano anterior.

Mas-não perguntamos nada:

São-nos indiferentes as glórias:
deixo-as todas “ao ilustre senador.
Contento-me: com o praser que te-
nho-de-ver a obra em via de con-
clusão. Mas, como político não temos
condescendências nemtransigências.
Também reclamamos.

O sr. Tasso fez a primeira repre-
sentação em 1912, estando na pasta
ministros do seu partido, e nada
conseguiu deles. e

Em 1913, estando no govêrno do
país um ministério retintamente par-
tidário, do Partido Republicano Por-

tuguês, repete a representação e

consegue dele, logo, à dotação !

Veja o sr. Tasso: o Partido Re-
publicano Português, sem querer
saber que quem pedia era um ad-
versário político, que em seu bene-
fício exploraria o favor, como explo-
rou ; atendendo sómente ao bem pú-
blico e inspirando-se na suprema
razão das necessidades dos povos,
concedeu a dotação !

Veja o concelho: o sr. Tasso de
Figueiredo, alta individualidade e
figura preponderante na política, ba-
te à porta do seu partido pedindo-
lhe um melhoramento para a sua
terra e o seu partido nega-lho !

Recorre ao Partido Republicano
Português, é os interesses dêste
concelho foram logo atendidos é ser-
vidos !

Não sabiamos de nenhum serviço
do sr. Tasso ao seu concelho. Tem
êste. Ele o reclama e o diz… .

Mas quem, lho fez foi o Partido
Republicano Português !

Em 1912, diz, um tanto compro-
metido, o ilustre senador, a verba
não chegou para nós.

Muito bem. ;

Mas em 1913, com um orçamen-
to ainda-mais reduzido em todas as
dotações, para conseguir um supe-
ravit de 3.000:000 de escudos, O go-
vêrno do. Partido Republicano, en-
controu ainda em suas economias,
numa assinalada dedicação e amor
por êste concelho, .5:000 escudos
para conceder para uma ponte! .

Alêm de 5:500%00 para a amplia-
ção dum. seu instituto!

E o sr. Tasso. continua, ainda a
pertencer ao. outro partido e guer-
reia o Partido Republicano Portu-
guês! ;

Nem, ao menos, o sentimento da
gratidão o dominou!

Nem o bem dêste concelho!

Bem lhe: dissemos nós que as
suas contas estavam erradas.

Mas vamos tirar-lhe a prova,

Já que o sr. Tasso teve a amabi-
lidade de aparecer nesta casa a me-
ter conversa política, aproveitare-
mos a sua agradavel vísita.

Temos mais que dizer.

Mas ficará para o próximo núme-
ro, Queira descançar,

 

 

 

BEIRA

dy OoZes eo

Diz a da Beira, referindo-se a to-
das as camaras que teem gerido os
negócios municipais, pelo desprêso

que teem dado ás necessidades das |

freguesias :

«Povos engeitados de alêm ribeira lhes
chamou alguêm e com razão, tão carecidos
teem-andado de que-com êles se reparta o
património municipal.»

— Tem-razão!

Os de alêm ribeira e os outros.

Ha freguesias que não teem a
memória dum benefício camarário.
E a pagarem todos os anos!

*
E a seguir:

“Estando agora à discussão a aprovação

“ duma ponte que vá beneficiar aquelas gen-

tes, e isto sem prejuízo de outras obras já
aprovadas, parece gravemente acintoso o
embaraço que se tem posty à sua apro-
vaç 10»

— Assim é.

Tambêm nos parece que pade-
ceu: de precipitação a proposta. tra-
vão da minoria, que veio impedir
a discussão dêsse caso da ponte,
que estava marcada para esta ses-
são de agosto.

E o acinte já vem de longe.

Ha 3 anos que o projecto, a plan-
ta ca proposta estão na câmara
sem que esta lhe tenha dado a sua
aprovação.

Mas podem ter a certeza que es-
ta vereação examinará essa: ques-
tão, com espirito de justiça.

x .
‘A mesma, bradando álerta:

«O concelho não pode nem deve pagar
mais.» .

—Já cá se sabia.
Ea prova é que ficam pagando
menos. Bi
*
Ainda a gritar:

«São os seus representantes, é a maioria

nã : ç o

da Câmara que se diz eleita pelos munici-
pes que-agora os quer espoliar.»

—Mal empregado latim!

Havia mais de 15 dias que toda
a gente sabia que a maioria pensa-
va em diminuir as contribuições.
Já a proposta deixou de ser apre-
sentada no 6.º dia de sessão por
causa dos tumultos dos arruaceiros.

A minoria queria uma tributação
de 46 º[y:’a maioria propoz e votou
que ela descesse a 45ºfo.

E a sentinela a bradar que a
maioria é que quer espoliar o po-
vo lan;
Andais fóra de compasso, meni-
nos! Que desafinação!

Foi o diabo, foi!…

*.

O ideal. matrimonial duma mu-
lher de Vale de Porco:

«Todas as senhoras (senhoras, virgula)
que desejem encontrar um marilo ideal,
devem procural-o num velho de 70 anos
ou mais, muito atacado de reumatico, e
por isso com probabilidades bem reduz’das
duma longa vida, uma fortuna de 50 a 100
contos e nada cium nto».

—Com. vista á administração do
concelho.
*

Outro ideal:

«Qual é o marido ideal 2…» Um gentil
cavaisheiro que seja rico, amável, bom do-
no de casa, que saiba c:sinhar para assim
evitar que a mulher tenhã trabalho.

— Associação dos cosinheiros por-

tugueses, Rua da Barroca, 17 —

Lisboa, ga!

Senão quer que ele faça mais na-

dam
Continúa
E

A da Beira continúa a bradar pe-
la limpeza do busto do Dr. Nunes
Marinha, mas ninguem a ouve.

Pois o vereador a quem compete
é da grei unionista, patrulha do ex-
partido regenerador.

Tratam do busto do que foi seu
honrado e venerando chefe com a
mesma consideração e com o mes-
mo carinho com que lhe trataram a
familia.aí por principios de Março de
I9IL, 14

 

Recorremos nós ao sr. presidente
da comissão executiva. :
A ver se somos mais felizes.

*
Da mesma:

Porque é que a’gúns camaristas na ses-
são da 2.º feira, á primeira puchada do
cordelinho, se foram raspando à formiga
como quem vai ali e já vem… e não vol-
taram?«

—=Porque agora é um tanto-arris-
cado. ficar para o encerramento da
sessão. Vieram mais cordelinhos do
que cabrestos!…

“Câmara municipal
“7º DIA DE SESSÃO

Presidência do sr. Ciríaco Santos.
Secretários-—Garlos David. e Antó-
nio Pedro. . bm E

Lida e aprovada.a acta, logo O sr.
Hermínio Quintão apresentou a pro-
posta de redução de contribuições a
que nos referimos no último núme-
ro. cat y
O sr. Luís Domingues congratula-
se com a maioria e com o sr. Her-
mínio Quintão pela apresentação da
proposta, ao mesmo tempo que feli-
cita os contribuintes.

Lembra que numa das últimas
sessões apresentára uma proposta
que muito se aproximára da do sr.
Quintão.

O sr, Tasso de Figueiredo con-
cordou com as considerações dosr,
Domingues, menos em. felicitar os
contribuintes. :

Lá se entende,

“A proposta é aprovada por unani-
midade. oi cOn,

O mesmo vereador reclama todo
o rigor contra os arruaceiros, lem-
brando as disposições legais quere-
gulam o caso…

Bem melhor era não os mandar
para lá.

O sr. Quintão apresenta uma pro-
posta: no’sentido de’se representar
ao -govêrno; pedindo para êste con-

“celho 4 escolas móveis, sendo uma

para Pampilhal e outra para a Quin-
tã, e que para estas se indiquem,
respectivamente, as professoras Jú-
la Dantas e Emília Almeida.

– O. sr.. Tasso não. concorda com o
pedido de professoras.

O sr. Mouga explica que não se
trata dum pedido mas duma indica-
ção. Que legítimo é e de-interesse
público lembrar professoras boas:
é o reconhecimento dos seus méri-
tos e evita que venham professoras
más, contra as quais tenha de se
reclamar e promover a sua substi-
tuição, como já aconteceu nêste con-
celho, i

Alêm disso, tendo elas já feito o
ensino dêste. ano, de indiscutivel
conveniência é que o venham conti-
nuar.

Fica para a sessão seguinte.

Nomeiam-se. duas: comissões —
uma..para elaborar o regulamento
das sessões camarárias e outra pa-
ra dar parecer sôbre propostas que
interessam à vila. E levanta-se a
sessão.

x

A propósito dos tumultos da últi-
ma sessão escrevemos: «Tendo uns
arruaceiros maltrapilhos impedido a
câmara de funcionar, não poude a
maioria apresentar a seguinte pros
posta.»

Foi oque nós escrevemos.

A. Voz da Beira relata assim o
incidente :

«O sr. Figueiredo requer que se
dê a matéria por discutida.:

Posto à votação O requerimento
é rejeitado.

Perante umas observações do sr.
Figueiredo sôbre a maneira como
decorre a votação o sr. presidente
titubia.

A assistência manifesta-se com
palmas e gargalhadas.»

Expliquemos nós.

Houve um equivoco.

A maioria entendeu que se votava
a proposta do sr. Tasso de Figuei-
redo, que pretendia que continuasse
em exercício o vereador substituto,

sr, Manuel Marçal,Manuel Marçal,

 

@@@ 3 @@@

 

“O sr. Mouga, emcontra-prova, ia
explicar O equivoco.
* Procura-se explicar o caso.
Foi então que a assistência se ma-
mifestou com palmas e gargalhadas.
E em seguida ocorreu o seguinte,
q dizer insuspeito do mesmo jor-
nal:

«O sr. presidente ergue a voz pa-
ra responder ás manifestações. Não
compreende: como o seu equívoco
fosse alvo de gargalhadas e garridi-
ces (sic) Em voz maguada diz: eu
chego quasi achorar por ver que as-
sim se corresponde ao trabalho dos
que aqui estão a trabalhar pelos in-
teresses de todos. Está encerrada a
sessão ! Está encerrada a sessão!

O tumulto longe de serenar au-
menta de proporções. Trocam-se
palavras azedas entre os assistentes
e alguns vereadores da maioria.
Avançam uns para os outros. Ha
scenas de pugilato em perspectiva,
evitadas a tempo por alguns mais
calmos. ins:

Ao descerem a escada alguns ve-
readores, grita-se: Fóra ! Fóra !»

Era o dia 20 de Agosto de 1914:
sSeRs
Cândido Teixeira

Fixou a sua residência em Serna-
che êste nosso amigo e ilustre au-
tôr da interessante monografia sôbre
a sua terra, da qual é um entusias-
ta e desvelado amigo.

O padre Cândido dar-nos-á a sua
valiosa colaboração do próximo“nú-
mero em diante, O qué com muito
prazer anunciâmos aos leitores.

SAR esto

A GUERRA
A guerra vai tomando proporções
verdadeiramente pavorosas. Até ha
pouco: era só na velha Europa que o
duélo gigantesco se travava, mas os
jornais chegados hontem, dão já co-
mo veridica a intervenção das ar-

mas japonezas, se a Alemanha não ‘

lhe atender duras’exigencias, que
vão desde a retirada de barcos de
guerra, dos portos que possui no
Extremo Oriente, até á alienação de

possessões em beneficio da China.

‘ Se o governo de Berlim não sa-
tisfizer as clausulas do ultimatum…

E não satisfará. O rompimento
antolha-se-nos por isso inevitavel.

A China estremece, tem a previ-
são duma, visinhança desordeira e é
por isso muito provavel que a estas
horas já se esteja preparando para
o que der e vier.

O incendio alastra, é já um bra-
zeiro monstruoso !…’

A neutralidade da Italia !…

O historico quadrilatero de Man-
tua—Verona, Pasquiro e Lenago—
encontra-se ocupado por 200:000 sol-
dados !

O governo da Holanda ordenou a
mobilisação de 27:000 homens !

Quanto custa assegurar a neutra-
lidade !…

A Espanha move-se a ocultas, se-
renamente, sem precipitação nem
alardes. A sua neutralidade será
mantida, afirma o sr. Dato, aos jor-
nalistas que o assediam. *

Portugal é aliado da Inglaterra. e
a nossa. intervenção no conflito se

não pode ser garantida, tambem não

poderá ser desmentida. Se alguem
pode adivinhar o que o futuro nos
reserva, :

O Kaiser parte para a guerra,
anunciam as agencias telegraficas,
acompanhado d’um numeroso e lu-
zido estado maior. A loucura guer-
reira que o impeliu para,a luta tre-
menda, vae saciar se nos horriveis
espetaculos das barbaras matanças,

Talvez o derradeiro vôo da aguia
germanica. E’bria de sangue, quan-
do tudo estiver perdido, hade pre-
cipitar-se no colossal brazeiro que
ateou.

Será o tragico fim d’uma ambi-
ção sem limites… AD A o

 

 

ECO DA BEIRA

 

LITERATURA |

“Um jantar de frades

Apenas a procissão de Corpus
Christi se recolhera à Sé. D. João
de Ornelas, a quem o exercício e o
suor, que: largamente. dispendera
através da atoucinhada pele, tinham
despertado com extrema energia a
habitual apetência, marchara para a
estudaria a passo acelarado à fren-
te dos seus frades, com grande in-
cómodo do reitor, cujo não menos
santo afecto à sólida pitança era
combatido pelas dores agudissimas
de inveterada podagra.

Alêm das apertadas exigências do
próprio estômago, o reverendo ca-
pitão mór de Alcobaça lembrava-se
de que havia convidado a jantar o
prior dos domínicos e o guardião

 

“dos franciscanos, e de que a hora
-aprazada não tardaria a bater. Por

isso deixará o pobre-reitor morder
os beiços e bufar a cada topada que
dava nos seixos das naloradadas
ruas, e só moderára o ímpeto loco-
motivo quando vira abrir de par em
par a porta do colégio de S. Paulo,
junto da qual, e perfilado com ela,
o porteiro: Frei Julião ia fazendo
gradualmente eclipsar na penumbra
da grenha revolta o seu rosto ré-
chonchudo-e arrebolado, na descen-
são da fronte pela ecliptica de uma
profunda reverência.

Depois da .volta -á estudaria pas-
sara apenas meia hora, que.o che-
fe dos monges brancos. aproveitara
em comentar com os reverendos
prior domínico e guardião francisca-
no o caso da tia Domingas, caso
que. fizera: grande ruido, e em que
por toda a parte se falava, quando
fôra advertido de que a meza aba-
cial estava servida, e de que o rei-
tor O esperava e aos seus raspeitá-
veis hóspedes para fazer as honras
da casa, depois de haver: devorado
á pressa com (os ledores, estudantes,
e mais fradaria do colégio, a sim-
ples mas reforçada: pitança mona-
cal no refeitório comuim.

A fragância do verdadeiro jardim
monástico, de um bufete vergando
sob o pêso de substanciosas e pican-
tes iguarias, que. acirrava ainda
mais O espicaçado apetite de sua re-
verendíssima, e que o arrebatara
numa espécie de êxtasis exterior,
não lhe impedira então valer-se da-
quele ensejo para inculcar as suás
doutrinas de severa austeridade.

O estomacal cosido, o suculento
assado, as irritantes conservas, os
pastelões indigestos, tudo lhe minis-
trara temas de profundas reflexões
ácerca da vaidade e do transitório
cuja demonstração prática eram o

– mastigar e o deglutir vertiginoso dos

três reverendos.

Ao abrir uma empada, que, pu-
xando-a sôfregamente para si, com-
parara ao sepulcro do evangelho,
tinha-se espraiado em recordações
saudosas dos bons tempos, nos quais,
companheiro do reitor no noviciado,
podia livremente:ceder às suas pro-
pensós para a sobriedade.

Cada copo de vinho que virava

“fôra seguida de uma ou outra alu-

são aos antigos padres do ermo,
que alimentando-se de ervas e raizes,
e Ssaciando-se no arroio do vale, ti-
nham chegado, não só ao ápice da
santidade, mas tambem a velhice
robusta e dilatada,

Os doces, ou confeitos, como en-
tão lhes chamavam, servidos ao pos-
pesos haviam dado matéria às ze-
ozas invectivas do apostólico varão
contra a desenfreada cubiça de ve-

nezianos é genoveses, que abarrota-.

vam a Europa de assucar, transpor-
tado de Suez a Alexandria, e dali
nos navios daquelas opulentas repú-
blicas aos mercados do ocidente,
sem temor das censuras canónicas
contra o comércio com os infieis.
Nesta parte do assucar o abade
fôra um monstro de eloquência, e
houvera um momento em que, pelo
tortuoso e estreito espiráculo, que
as trouxas de ouvos deixaram nas
fauces dos seus dous ‘comensais
(perfeitamente acordes com ele em
opiniões austeras), os aplusos ti-
nham prorompido impetuosos,

 

 

O lauto jantar terminara, emfim,
por uma peroração apologética, em
que D. João de Ornelas demonstrara,
a bem dizer matematicamente, que,
se o vão esplendor, os aparatos
mundanais, as’ papazanas é come-
zainas alastravam de espinhos a
carreira da sua vida mística, era ao
cumprimento de um dever, ao des-
empenho das rigorosas obrigações,
que lhe impunha o seu caracter de
alcaide-mór, fronteiro, é rico homem
de Portugal, que êle sacrificava as
inclinações à humildade, a singeleza
e a abstinência, que constituam o
âmago da sua indole.

O veneravel prelado concluira
com uma espécie de parenese aos
circunstantes sôbre os perigos que
corriam as pessoas religiosas em
aceitarem cargos eclesiásticos ou ci-
vis das mãos dos príncipes, como
lhe sucedera a êle antigo esmoler
de“el-rei D. Fernando, o que mais
tarde ou mais cedo não podia dei-
xar de acarretar graves tropeços ao
progresso da perfeição espiritual.

Assim o abade, ao passo que
constrangera o silêncio as clamoro-
sas exigências do próprio estômago,
edificara os seus hóspedes e sobre-
tudo o reitor, O qual escutava com
as lágrimas -nos olhos aspiedosas
reminiscências da juventude, que
evocára o reverendo prelado.

Satanaz, que tambêm tem uma
providência a seu modo, não tardá-
ra a remomerar D. João de Ornelas
da longa ironia em que espargira
com a agua lustral da mortificação
as delícias da sensualidade. Pede o
rigor da história que digamos aqui
uma grande verdade.

Os comensais do chefe cistercien-
se abundavam absolutamente nas
suas, doutrinas, e por isso-haviam
mostrado resignação heroica ajudan-
do-o a aguentar a cruz de martírio,
que sôbre êle pesava.

Repletos. como..a. giboia que de-..

vorou o novilho.dos pampas ameéri-
canos, tinham depois seguido à ris-
ca o exemplo do seu anfitrião, refas-

telando-se nas respectivas poltronas,

quando os esófagos, ameaçados de
bestial invasão, lhes começavam já
a clamar—basta !-—e as línguas lhes
vendavam e desvendavam sucessi-
vamente O iris, e os estômagos proe-
minentes lhes arfavam com um mo-

vimento peristáltico demasiado sen-.

sível.
Alexandre Herculano.

o do cume

CONTEMPLAÇÃO

Estava a donzela pálida,

Já noite, no seu eirado,

A” grade o braço encostado,
Encostada a face à mão.
Alvo rosto melancólico-…
Leves anéis lhe afagavam,
Que travessos volteavam

A sabor da viração.

Eram loiros, quasi fúlgidos,
Descendo, como em delírio,
Sôbre um colo, de que o lírio
Fôra vencido rival.

Crêreis ver doidas carícias
Do amoroso sol de maio,
Quando vibra o fulvo raio
Sôbre o jaspe e o faz cristal.

Longos festões odoríferos
Lhe serviam de moldura,
Toda esmaltando a verdura
O perfumado jasmim: E
Como requestando-a, súplices,
Tinha aos pés, sob as janelas,
Menos alvas, menos belas,

As camélias do jardim.

Arfava-lhe o seio túmido,
Prisioneiro impaciente,
Como o anhelito fremente
Das curvas ondas do mar.
De sedas o-airoso cárcere,
Claustro púdico e discreto,
De tesouro e de afecto,
Rangia quasi a estalar.

«Porque a vista fitas cúpida,
O? virgem, na argêntea lua?
Contemplas a pátria tua

Na etérea amplidão dos ceus?
Namoras acaso, extática,
As estrêlas rutilantes,

Ou miras, de olhos radiantes,
Nesse azul o azul dos teus?

 

Que mandava ao coração

 

«Que secretos votos férvidos

Por êsses olhos impeles

Para os astros, irmãos deles,

E invejosos, bem que irmãos ? :
Não tens tu-em série espléndida,

Longa e nunca intertompida,

Cheia de flôres a vida,

De flôres cheias as mãos?

«Que te falta para os júbilos 7?”
Porque um-ai, quasi um lamento,
Te enleia à cada momento,
E suúspiras, tanta vez?

Porque te pende uma lágrima,

Que na pálpebra scintila,

E te humedece a pupila

Essa ignota languidez?

«Porque assim te elevas túrbida ”
Num sonhado paraizo, *

Sôbre os lábios inda em flôr? –
Não peças aos mundos êxtasis |

O segrêdo dêsse abalo, .

Se queres sincera achá-lo, ‘ ‘
Menina, chama-sé amor.» 00

José da Silva Mendes Leal.
ma ks

‘NÃO ÉS TU

Era assim, tinha êsse olhar,

A mesma graça, o mesmo ar,

“Corava da mesma côr,

Aquela. visão que-eu.vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim: o porteraltivo,

 

“O. semblante pensativo, e «Latas

E uma suave tristeza

Que por toda ela descia,

Como um veu que lhe envolvia,
Que: lhe adoçava a’ beleza.

Era assim; o seu falar,

Ingénuo e quasi vulgar,
Tinha o. poder da razão
Que penetra, não seduz:
Não-era-fogo-era-ltiZ. mc meme

 

 

Nos oihos tinha êsse lume,.”
No seio o mesmo. perfume, .
Um cheiro a rosas.celestes,.
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestés.

Mas não és tú… aí! não és:

“Toda a ilusão se desfez.

Não és aquela que eu vi,

Não és-a mesma visão,

Que essa tinha coração,

Tinha, que eu bem lho senti!
SH9 | -Almolda: Garrett,

sines

Instituto Branco Rodrigues

Exames oficiais dos alunos

cegos BO Ueitsm 5 29x

Terminaram no dia’o20 de-Agos-
to, na Escola Oficial: de «Cascais, os
exames de instrução primaria do 2.º
grau, oito alunos deste Instituto, que
tem a sua nova sede em edificio
próprio; no Estoril:

José Carvalho, de Alemquer; José
Castro, de Cascais; Inacio Cotrecha,
de Panoias; Carlos Agostinho, de
Santarem; Palmira Mendes, de Lis-
boa; José Duarte Elias, de Saboia;
Serafim João, de Messines; e Fran-

cisco Martins, de Chaves; obtendo

distinção estes ultimos quatro alunos.
Alem dêstes fizeram nesta epoca
exames singulares de Português,
correspondentes ao 5.º “ano dos li-
ceus, no liceu Passos Manuel de
Lisboa, quatro alunos cegos, dys
quais dois obtiveram distinção; um
outro; aluno. fês exame de instrução
primária de 1.º grau e outro obteve
distinção e louvor no exame do
Curso. de Musica, .que fês no Con-
servatorio de Lisboa. Ao todo os alu-
nos cegos dêste Instituto fizeram es
ano 14 axames e alcançaram 7 dis-
tinções. Estes resultados obtidos com
o ensino dos cegos, e comprovados
oficialmente mostram á evidencia que
a privação do o’gão visual não im-
pede que as crianças cegas possam
receber instrução como as que teem
vista. Mas geralmente as crianças
cegas são pobres e necess tam de ser
educadas em estabelecimentos espe-
ciais tão uteis á sociedade como o

 

Ega

 

“Instituto Branco Rodrigues.

São por, isso dignas de béneme-
rencia todas as pessoas que por
qualquer forma auxiliem a manúu-

tenção destas casas de ensino espe-

cial e de beneficencia.

 

@@@ 4 @@@

 

“A CEREJEIRA.

A cerejeira é uma das árvores de
fruto, cuja, cultura é fácil; acomo-
da-se a todas as exposições e emito-
dos os terrenos; enxertada em cere-
jeira galêga, prospera. em terrenos
substanciais e frescos; enxertada em
cerejeira brava, dá-se bem em ter-
renosáridos, pedregósos e calcáreos,
emfim, sobre cerejeira comum adap-
ta-se perfeitamente aos terrenos .si-

lícicos, de aluvião .e terras metidas”

de vinha…

Sómente os terrenos frios, lama-
centos e argilósos lhe são contrários,

As raízes da cerejeira, tendo pou-
ca tendência para se entranharem
profundamente não exigem uma ca-
mada muito espessa de terra vege-
tal,

Não há árvore mais fértil que a
cerejeira.

Seja qual fôr.a qualidade de, ter-
reno e a sua exposição dá sempre
abundante fruto e delicado ; é pouco
exigente com relação à Poda à qual
se mostra de resto, muito dócil, po-
dendo submeter se a todas as fór-

 

EGO. DA BEIRA

 

E

mas. A póda da cerejeira é muito
simples; para esta árvore, como pa-
ra: todas as árvores de fruto de ca-
rôço, não se deve fazer uso do ser-
rote, mas únicamente do podão, por-
que arrefece os troncos e produz, a
gôma.

E” iuútil submeter a uma póda re-
gular as grandes cerejeiras; basta
fazer-lhe uma ligeira limpesa para
as desembaraçar dos ramos muito
numerosos que que se desenvolvem
no interior da árvore, impedindo a
circulação do ar e-da luz.

Quando a cerejeira é submetida a
tormas simétricas, cortam-se as has-
tes. á altura dos olhos que devem
produzir os ramos destinados a for-
mar a cópa; estes ramos:devem ser
cortados bastante compridos,

Os raminhos que dão o fruto, se-
vão, pelo contrário, cortados e pin-
çados durante o verão; as gêmas
desenvolvem-se e dão o fruto no ano
seguinte.

À, cer rejeira, deve ser podada des-
de o, primeiro ano da plantação; as
pódas feitas nos velhos troncos não
lhes. são favoráveis.

 

CAMISARIA CYSNE

== DE =

ALFRED O SILVA

ora od oie E a 3329

 

166, sa Augusta, 168-—LISBOA |

Artigos que. ninguem deve comprar
Sem 1 Vero sortimento e Preços esa casa

 

CAMISAS

PYJAMAS sotóEs
CEROULAS | CAMISOLAS SUSPENSÓRIOS

— PUNHOS ‘ “PEUGAS “* “BENGALAS
COLÁRINHOS LIGAS | GUARDA-CHUVAS
GRAVATAS LENÇOS IMPERMEÁVEIS

 

Sempre. novidades recebia directamente ke Londres, é Pari

PREÇOS MÓDICOS |
MERCEARIA

Estabelecimento de géneros alimentícios, louças, vidros
e tabacos . |

tera sortimento de conservas de primeira qualidade, de carnes, pei-
xes e mariscos.
Licôtes nacionais e estrangeiros, “vinho do Porto e de pasto, etc.

Preços lemitadíssimos..

ANTONIO LOFES

Sernache do Bomjardim

FABRICA DE SALGADOS

– Moagens e Tabrico de azeite

 

 

Venda de:cereais e farinhas.
Recebem-se cereais e azeitona à maquia.

FNTONIO PEDRO DA SILVA JUNIOR

sernache do Bomjardim

OURIVESARIA É RELOJOARIA

“ANTONIO DA COSTA MOUGA
“SERNACHE DO BOMJARDIM

Um excelente sortimento de relógios’de todos os
sistemas e variados autores |
“ Objectos de ouro e prata de fino gôsto, mui pró-
prios para brindes. n
Concertos garantidos. à

 

 

ff ano Eres

|

 

PROPRIETARIO

Miguel da C. Trindade

y Esta antiga tipografia está habilitada a executar com a ma-

xima rapidez e perfeição. todos os trabalhos de grande e peque-
no. formato, para o que, possue as competentes maquinas e gran-
de variedade de tipos nacionais e estrangeiros.

 

IMPRESSÕES À CORES OURO E PRATA

Bilhetes de visita desde 24 ctv. o cento. Far nas
“ções de casamento e -cduues

 

“DEPOSITO DE IPRESSOS PARA REP ARTIÇÕES E PARTICULARES
Larôo do Passeio — LEIRIA a

 

 

 

 

 

Preparado por FRANCISCO SIMÕES.

O mais aperfeiçoado e mais barato

Com este apareiho obtem-se too cópias de da nldlise intao como:
preços correntes, circulares, mapas, avisos, facturas, cartas, oficios, dese-
nhos; plantas, caricaturas, anúncios, eic.

“io único que está sempre a tubcionar; Ronquis se em póde lavar COM
AGUA QUENTE EM UM MINUTO.

E” muito útil nos escritórios comerciaes, govêrnos civis, administrações
de concelho, câmaras municipais e, finalmente, em todas as repartições pú:
blicas e particulares em algumas das guais funciona com inexcedivel êxito,

E’ o único que dá tantas provas nitidas e que pode. funcioner.. cinco
minutos’ depois de ter servido, por se lhe tirar a tinta com água quente em
menos de dois minutos. Gar-nte se o bom esultado; restituindo-se o impor-

º “PRECO Do APARELHO

Pora–tirar bilhetes dei visita 250… ., : 500 réis
EFormmto Bucci pipa airege, SOPRO. o da 600.»
» Ro da o pu PSV. Ei di a 800, »

o cometdialo, :iopiços Usa. q. So AG4O0 vi
postoaimaçoARHTA de, LPS. d.. Cc 18700 »

» » dupheipo coviag .) JON. s es! sc “+ 38400»
Massa-=Lata’ de quilo .’. 0. 4. ds! PuSpIQeçE, Sanstal 18400 »
mtimeio quilos SL Bos. po COM PR OUE Rc, a RO
Tinta—Frasco grande… .. 0. do PG QU PsEdAIG Rijo) de SiSdityl
» $io7 pegusnOS. IBM Lo. cao e SPO 150»

Para as províncias acresce mais 100 réis por aprêlho.

Todos os pedidos devem ser dirigidos a

FRANCISCO SIMÕES

236, RUA DOS FANQUEIROS, 238—LISBOA

 

Agua da Foz” da Certa.

A dia minero-medicinal da Foz da Certã apresenta uma composição
quimica que a distingue de tolas as outras até hoje uzadas na terapeuútica.

E” empregada com segura vantagem da “Diabetes — Dispepsias— Catar-
ros gastricos, pulridos ou parasitarios ;—nas’ preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas;—na convalescença das febres graves; —nas atonisa
gastricas dos diabéticos, tuberculosos, brighticos, “etc. rn gastr icismo ar
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica que a Agua da Fo da Certã. tal “como

“se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente

pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das: especies patogentas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa-de-uma certa acção microbi-
cida. O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios à presentam porém re-
sistencia maior.

A Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de: sabor le.
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada-com

vinho.
DEPOSITO GH ERA

RUA DOS, FANQUEIROS— —84LISBOA
emieloloue 2168

 

E RT E 0 E Ei 0 E Ei