Eco da Beira nº12 01-11-1914

@@@ 1 @@@

 

Xno 1.º

 

— SEMANARI

 

POLITICO

Numero 12

 

 

Assinaturas :

ANO. ds lo cs A E)
SemeSEC alias CE mL OO
Brazil (moeda brazileira). … 5booo

 

Anuncios, na 3.º e 4.2 página 2 cen-
tavos a linha ou espaço de linha

— Dee —

Uma vez mais, homens que se
dizem portugueses, monárquicos
mascarados de bandidos sairam
das suas cavernas para a praça
pública e para os campos a cons-
pirar contra os supremos inte-
resses da pátria!

Esses celerados, que se cens-
tituiram em malta profissional
da conspiração política e da de-
sordem pública mais uma vez
assaltaram o bom nome eo so-
cêgo da Republica!

Os sequazes de D. Manuel
deram. nisto — em. salteadores!

Em Portugal, ser monárquico
é armar em desordeiro.

Os inimigos do regime enqua-
drilharam em horda de selva-
gens, matando: os ócios da va-
diagem nesta derivente hedion-
da de fazer política destruindo
pontes com explosões de dina-
mite e levantando as linhas fér-
reas, para fazerem descarrilar os
comboios que conduzem gente.
inocente e indefesa.

Desta vez os salteadores obra-
ram por conta alheia: foram ao
Club Alemão, de Lisboa, receber
o santo e a senha.

E o preço do crime |…

Bem pagos.

Não, não são criminosos po-
líticos.

São reus de crimes comuns:
assalariados conspiradores con-
tra os supremos interesses da
sua pátria.

Revolucionarios, êles, essa
Mosilap ico

Pode lá ser?!

Uma revolução, digna dêsse
nome, é um movimento respeitá-
vel, um supremo esfôrço de de-
sespêro, em nome e defesa dos
interesses da pátria contra uma
situação que os seus agentes lhe
supõem funesta.

Revolucionários foram todos
“os republicanos, que prégarama
revolução e a justificaram como
acto legítimo de política patrió-
tica. qu ol

Mas rão confundamos êsse
gesto nobre e héroico como ban-
ditismo dêsses salteadores, sem
honra nem ideais políticos.

Nisto vamos passando o tem-
po, cançando as energias da Re-
pública e aviltando-nos perante
o mundo civilizado.

Neste fraterno regime de cor-
dealidades, em generosas expe-
riências de anistias.

‘Os resultados aí estão.

Num dos momentos graves
da nossa história politica, nesta
melindrosa e ;pavorosa crise uni-

 

8
Ea

| PROPRIEDADE DO CENTRO
Eca

| * Editor e administrador— A. L,

versal, a malta sai para a rua &
pedir a monarquia e a fazer de-
sordens!..

Mas êste estado tem de aca-
bar numa liquidação enérgica e
decidida, que deixe de si me-
mória. Ê

Sem contemplações nem ate-
nuantes.

Todos os processos brandos e
generosos estão esgotados e fa-
lidos. .

A República foi empurrada
para um último recurso.

Use dêle, sem compaixão nem
hesitações.

Execute-o quem tiver decisão
e energia para tanto.

Para salvação do regime.

Para socêgo publico.

Por vergonha e dignidade de

nós todos! ra
E’ o pais que assim o pede e
quer.

– Não tenha o govêrno duvidas.

Basta de cordealidades, que |

morremos todos asfixiados—es-

-tupidamente, miserávelmente! |

Ummovimento detibieza, nes-.
tc momento, é tão criminoso co-
mo o acto de banditismo dessa
malta que se diz monárquica!

ss
POLITICA LOCAL

re DE

No artigo que, em conversa ame-
na, escrevemos no nosso último nú-
mero, pozemos em relêvo os pro-
pósitos, afirmados pela câmara, de
não alimentar rivalidades locais e
a presistência e serenidade com que
ela nesta atitude se tem mantido
contra a-oposição descaroável e ir-
ritante que lhe vem sendo feita pe-
lo partido unionista.

Não escrevemos uma banalidade
nem nos servimos dum artifício de
discussão.

Não fazemos afirmações gratuitas
nem procurâmos armar em vitimas.

Expozemos factos reveladores du-
ma situação orientada por um. cri-
tério desapaixonado em homens que
sabem o que a si devem e às res-
‘ponsabilidades dos seus cargos.

Não pretendemos acusar aqueles
que anteriormente haviam adotado
processos fundamentalmente diver-
sos, com um espírito acanhado dum
bairrismo desparatado e estéril:
“quizemos apenas fazer justiça aos
que bem diversamente se tem orien-
tado e estabelecer o contraste de
atitudes e de intenções.

A demonstração vamos fazê-la
hoje, não já para os unionistas que
há muito fecharam os olhos à luz
da verdade e agora parecem surdos
à voz do bom senso, mas para os
homens desapaixonados que, com
critério imparcial, hão-de a os
factos e apreciar as responsabilida-
des duma situação que vai certa-
mente, pela surdez e miopia dos
nossos adversários, na inconsciência
da sua teimosia, oferecer aspectos
novos e modificar a situação admi-
nistrativa dêste concelho.

Os melhores e mais elucidativos

 

– DIRECTOR — AB

 

 

UBLICANO DEMOCRATICO
IO MARÇAL

RIO RIBEIRO

 

apresentar, sã
municipal.

Não há prova mais simples e cla-
ra, do que a lição dos números.
VEMOS:

“A comissão unionista que geriu
os negócios municipais até 31 de
Dezembro último, tinha inscrito no
seu orçamento a verba de 100900,
para uma fossa Mourá, junto dos
Paços Municipais, pois a actual cá-
mara ainda elevou essa verba para
I207)D00.

Em edificios da câmara na sede
do concelho foram já gastos no
actual ano 78%45, alem da quantia,
aproximadamente de 200:%00, gasta
com o quartel da guarda republi-
cana.

Em fontes e exploração de água
para abastecimento da Certã, gas-
taram-se já, no corrente ano 97:71.

Nas calçadas da vila, 148339.

Com arborização, 13:47.

Com a pintura dos bancos da
Certã consumiu-se já toda a verba
orçamental e lá vae já uma nova
dotação no orçamento extraordiná-
rio.

Com o cemitério já está, há mui-
to tempo, esgotada a respectiva ver-

o os do orçamento

ba, e até excedida, motivo- porque |

Vae ser reforçada num novo orça-
mento.
“Eo que se tem gasto no resto
do concelho ?

Absolutamente nada!

Nem em, fontes, nem com cami-
nhos, nem com arborização, nem com
cemitérios, a câmara tem gasto cin-

“co réis!

Apenas a verba de uns 2300
astos no concerto duma calçada de
Rargache

Tudo o mais tem sido para a
Certã, com a odiosa excluzão de to-
do o resto do concelho! ;

E porque a câmara teve em tem-
po o atrevimento de votar a misera
quantia de 3o escudos para concêr-
to dum caminho numa freguesia,
logo aí, dum canto se levantou um
grito sórdido e insidioso a pergun-
tar quantos votos tinha rendido a
dádiva!

Que afinal não chegou a ser uma
rialidade, porque a Certã esgotou
toda a verba.

Veja o leitor a lisura de inten-
ções e a correcção de crítica dêstes
arautos! E a dignidade com que
lhes responde a câmara… de Ser-
nache!.

Mas, vamos para diante. |

Para à conclusão da estrada da
Várzea votou a câmara 33900, que
lá foram gastos. Em parte alguma
do concelho se construiu mais um
palmo de estrada!

Para construções ainda de novas
estradas, incluiu a câmara no seu
orçamento a quantia de 600%00.

Desta verba ninguem se serviu,
ninguem dela tirou um real senão a
Certã, com 232%h46. Para êstes gas-
tos não têem os patriotas receio do
tal cataclismo que há-de vir arrazar
o mundo, depois da guerra. Os co-
mediantes! Os sinceros e previden-
tes autores daquela mirabolante pro-
posta que suspendia as despezas da
câmara, não se agastaram com es-
tas benéficas sangrias nas principais
verbas orçamentais.

Os puritanos !

 

rova, que podemos |

Publicação na Certã

 

Redacção e administração em.

18 SERNACHE DO BOMJARDIM

Composto 6 impresso na Tipografia Leiriense

LEIRIA

 

“mento da câmara-—a Cer

adjacências !
O resto são verbas de despeza

“obrigatória.

Percorra-se todo o concelho: a
parte alguma se acudiu com um be-
nefício do cofre da câmara. . as

Gastaram-se em Sernache 180:%00,
com a iluminação, e roojpoo em Pe-
drogão; mas lá está a Certã, que,
só à sua parte, consumiu 3o0oo !

A Certã e sempre a Certã!

Com uma, grande e tolerante con-
descendência, para não levantar atri-
tose afirmar os seus propósitos de
pacificação, esta câmara tudo foi con-
cedendo, esquecendo por completo
o resto do concelho, como se êle só
tivesse obrigação de pagar para os
luxos e caprichos da sede “do “mu-
nicípio ! asse

A nossa câmara de: Sernache, a
tal câmara que para aí havia devir,
sedenta de ódios e vinganças para
arrazar a Certã, má invenção ge-
nial dum patarata de mioleira-,en-
cardida!

Os unionistas não -quizeram acei-
tar-lhe as boas disposições nem con-
ceder-lhe a sua lial cooperação, nem
sequer, fazer justiça aos seus actos…

Oxalá não venham a arrepender-

*

Nós já estamos a ouvir, de todos
os cantos, em assomos de indigna-
ção e triunfo, zelosos e vigilantes
patriotas a perguntar-nos, de voz
em grita:

—E a ponte da galeguia? .

– E verdade, a tal ponte que e o
pezadelo de tanta alma atónita e su-
. cumbida. fes

A câmara mandou fazer aquela
obra, que arrematou, em praça, pe-
la quantia de de 639g%oo. |

Ninguem se atreveu ainda a con-
testar a importância daquela ponte,
que é um grande benefício não só
para determinadas freguesias, mas
para uma importante região dêste
concelho.

As apopléticas criaturas só- vêem
a quantia que lá se gasta, querendo,
no seu egoismo tôrvo que esses úl-
timos réditos municipais se gastas
sem já agora na vila, no tal quar-
tel da guarda republicana.

Mas vão ao mentor para que lhe
tire as cataratas dos olhos, e-vejam
no orçamento uma outra verba, que
lá está como uma mancha negra,—
é a verba de Gorp62 para pagamen-
to do juro e amortização do em-
préstimo de. 10:404%00 . contraido
-pela câmara. Bafo

E sabem os povos dêste conce-
lho em que foi gasto êste dinheiro?

«Na construção dum. matadouro,
canalização de água, construção, de
um, chafariz e um mercado» E a
cópia textual do orçamento.

Tudo feito exclusivamente; na
Certã.

Do orçamento municipal sairam
todas as verbas que deixâmos indi-
cadas, para despezas no presente,
com desprêso-do resto do concelho,
e mais 60202, por conta de ;des-
pezas do passado, feitas com: -des-
prêso não menor. Est

Não nos parece demais que ia-câ-
mara vá retirando do orçamento
uma verba aproximadamente igual
para ir beneficiando outras fregue-
sias, que tambem fazem parte: do
concelho.

 

Eis quem tem consumido o orça-

Ex.mo g, =

&–e suas

Se da sua caprichosa obcessão!…

Almirante Tasso so
fe

Bueirêdo

Ceriãiã

 

@@@ 2 @@@

 

Se os ilustres antepassados dos
unionistas, quando levantaram êsse
empréstimo tivessem empregado
metade em fomentar a riqueza do
concelho, pela abertura de estradas
e construção de outras pontes, em
logar de o enterrarem todo na Certã,
em obras de duvidosa necessidade,
outra séria-a situação e riqueza dês-
te-concelho-e, pelo menos, não ha-
veria tanta necessidade a opôr à
construção da ponte da Galeguia.

Se os unionistas fossem. anima:
dos de bom senso, êles seriam os
primeiros a reconhecerem e a que-
rerem que, pezando a Certã no or-
çamento com uma verba anual, cer-
ta e fatal, uma quantia igual se fos-
“se distribuindo a acudir às necessi-
dades dos outros povos do conce-
lho, procurando remediar os erros
do passado. ed

“Mas, não querem.

E porque uma câmara, que tudo
lhes tem dado, se permitiu o atre-
vimento de ter uma iniciativa e uma
vontade, contra ela se levantou uma
tempestade de imprecações, chegan-
do ao desvario de levantar protes-
tos contra a regularidade duma ar-
matação, a inflamada indignação
dum zeloso vereador que ia gastan-
do na construção da fossa 120900
sem para tal abrir praça, nem mes-
mo com irregularidades!…

Parece-nos ter demonstrado bem
que não fizemos uma afirmação gra-
ciosa quando invocâmos, como mo-
dêlo de correcção, a isenção e pro-
pósitos conciliadores com que esta
câmara tem procedido a respeito
da Certã e dos seus interesses.

Contra a má vontade dos unio-
nistas exteriorizada numa campanha
violenta e atribiliária, a câmara, se-
renamente, só atendeu os interesses
‘da Certã, contra a qual não teremos
gesto dehostilidade.

Essa atitude registâmos.

E temos dito.

o GSE
PROVIDÊNCIA ACERTADA

Prevendo o agravamento da crise
que vamos atravessando e no intyi-
to de assegurar quanto possível, no
país, o abastecimento dos mercados
de trigo e de farinha, fez o Govêrno
publicar, no Diário do Govérno de
26 do mês findo, um Decreto orde-
nando um imediato e rigoroso arro-
lamento, da quantidade de trigo em
grão ou em farinha que existe, quer
nos celeiros particulares, quer em

– armazens por grosso, quer em quais-
quer outros estabelecimentos.

Para cabal cumprimento dêste de-
creto, os regedores teem de exigir
dos proprietários e negociantes das
suas freguesias que, no praso de três
dias, lhe entreguem. uma nota de
quantos litros de trigo em grão, ou
kilos de farinha teem em depósito,
ou em trânsito de qualquer: ponto
para sua casa,

Esta declaração deve ser nos se–
guintes termos:

 

F… residente em… freguesia
de.,. declara que tem em depósi-
to… (no seu celeiro ou estabeleci-
mento) sito na freguesia de… ..
litros de trigo em grão e . . kilos
de farinha, (deve tambêm declarar,

se tiver em trânsito para receber, ..

qual a quantidade).

Esta declaração deve ser datada
e assinada.

Se o declarante tiver celeiros ou
estabelecimentos em mais de uma
freguesia, deve fazer uma declaração
com referência a cada uma.

Os’ regedores, logo que tenham
recebido as declarações de todos os
produtores e negociantes daquele gé-
nero, farão remessa delas à admi-
nistração do concelho no prazo de
24 horas.

Segundo o determinado no Decre-
to acima citado, a falta de apresen-
tação das declarações e a falta do
cumprimento dos prazos, são factos
considerados como desobediência
na pelo artigo 188.º do Código

enal.

Igual penalidade será imposta aos
que dêem falsas declarações, sendo
tambêm punidos com a multa de 20
centavos por cada litro de trigo e

 

ECO DA BEIRA

40 centavos por cada kilo de farinha

que sonegarem nas suas declarações, |
sendo-lhe sómente permitidas as to- .

lerâncias de 3 por cento nas quanti-
dades declaradas.

Estas faltas podem ser conheci-
das da autor’dade por denúncia que
lhe seja feita, tendo o denunciante

parte. nas multas, o que constitui .

um perigo para os que deixem de.
apresentar as suas declarações.

O arrolamento deve estar conclui-
do nos distritos até ao dia 10 do
corrente mês, para ser publicado no
Diário do Govêrno do dia 20.

caso

Para a guerra! .

— pa

Há por aí indivíduos, com fórma –
e figura humana, nascidos nesta be-
Ja pátria portuguesa e que por isso,

por uma concessão genérica do có-
digo civil, se chamam portugueses,
usando, assim, um património glo-
rioso, feito grande e heroico, pelos
feitos sublimes de nossos antepas-
sados, uns indivíduos, diziamos nós,
a quem repugna a nossa compartici-
pação no conflito europeu.

Dizem êsses bastardos lusitanos
que não sabem porque nós vamos
para a guerra.

Nesta parte damos-lhe razão.

Quem não tem sangue nas veias

não pode ter miolos que compreen- .

dam êste dever.

Não devem ter cérebro que com-
preenda um raciocínio claro ou gere
uma ideia nobre aqueles que não
teem um coração que sinta e acalen-
te um sentimento bom, êste amôr
generoso e intenso pela terra que
nos viu’abrir os olhos e nos deu os
primeiros sorrisos, êste ideal alevan-
tado do amôr pátrio, que é a digni-
ficação de todo o cidadão duma pá-
tria livre. Que não percebem, que
não admitem : e em verdade, nós, ao
menos por caridade, temos de des-
contar-lhes a sandice por estupidez…

Mas percebem os outros, os de
tóra.

Eis como num jornal espanhol se
refere ao caso Perez Caballeiro, an-
tigo embaixador de Espanha em Pa-
ris e ex-ministro dos negócios ex-
trangeiros do país visinho :

Os portugueses teriam podido desenten-
der-se sem acudir aos seus aliados, seguin-
do uma política tortuosa, facilmente expli-
cavel pela carencia de suficiente prepara-
ção e de diversos elementos; mas, aparte
o desdouro, que tem tambêm as suas con-
sequências que não são apenas de ordem
morai, correriam assim mais riscos dos que
pode proporcionar-lhes o honrado cumpri-
mento dos seus deveres. Em assuntos de
ordem internacional como em assuntos

essoais, o caminho mais seguro é o da

onra e do dever. Isto sentiram e com-
preenderam os portugueses e a sua resolu-
ção deve merecer de nós espanhois a maior
simpatia e o mais profundo respeito.

Assim é.

Nós vamos para a guerra por um
duplo dever de honra. :

Por patriotismo e por um com-
promisso que tomámos.

Defendendo a pátria e a sua inte-
gridade e servindo um tratado, que é
hoje para nós porventura de obriga-
ções e encargos, mas que doutras ve-
zes nos foi de direitos e benefícios, de
que largamente usamos e colhemos.

Ao lado da Inglaterra nós não te-
mos sómente uma situação de alia-
dos, nós temos tambêm uma posi-
ção de iniciativa própria e altiva e
tradicional da raça portuguesa, co-
mo pioneiros da civilização e solda-
dos da liberdade. H

Pois de que factos é feita a nos-
so história senão das conquistas da
civilização através todos os mares e
correndo todos os continentes do
mundo ! Que páginas de glória tem
ela que não sejam iluminadas pelo
sol da liberdade? Vamos bater-nos
ao lado da Inglaterra: somos velhos
companheiros e amigos nestas bata-
lhas pela humanidade.

Quando Napoleão quiz despeda-
çar as conquistas sublimes da Revo-
lução Francesa, avassalando o mun-
do e enxertando reis seus em todos
os troncos dinásticos da Europa,
duas nações houve que êle não do-
minou e que, dando as mãos, ali, na
serra do Bussaco, assinalaram o oca-
so da estrela de Austerlitz!

 

Já nêsse tempo por cá andaram

Os ingleses a pelejar, fóra da sua pá-

tria, defendendo a nossa.
Cem anos volvidos, nêste século de

liberdade, em que fômos nós quem

deu o último e mais audacioso gri-
to, um guerreiro ambicioso preten-
de novamente estrangular essas con-
quistas liberais e dominar o mundo.

Contra tão tresloucada ambição
se levanta a Inglaterra.

Para essa titânica luta, em que se
batem os gigantes militares, do mun-
do, ela, a velha Inglaterra, quer ês-
te pigmeu lusitano.

Para essa: longa caminhada ela

chama o seu velho companheiro:

pois bem, o seu velho companheiro

“lá irá com honra e galhardia e cer-

tamente que boas notícias dará da
sua chegada aos soldados de Sua

“ Magestade Imperial…

Não será pela posição confiada á

legião portuguesa que êles abrirão

caminho !

Diz o jornal espanhol que Portu-
gal bem podia ter feito ouvidos de
mercador, mas vai comentando que
êsse acto seria de desdouro e seria
um êrro.

Mais do que isso—seria uma vila-
nia degradante.

E Portugal não comete infâmias,
porque o país não é só dêsses criti-
cos degenerados, maus cidadãos que
por aí andam conspirando contra a
honra nacional!

E o jornal vai já prevendo e re-
gistando a nossa futura situação in-
ternacional nos seguintes termos :

«Não é possivel prever ainda os resulta-
dos que Portugal colherá com a sua inter-
venção na guerra. Não se trata de maior
ou menor contingente que ofereça, nem de
maiores ou menores louros que conquiste.
O importante é a posição que toma e essa
favorece -indiscutivelmente a sua situação
diplomatica e concede-lhe por direito pró-
prio voz e voto no congresso ou conferen-
cia da Paz, que num dia, por infelicidade
ainda longínquo, ha-de constituir a nova
Europa. Quando chegar esse momento,
Portugal não se encontrará como nós no
congresso de Viena em 1815, sem orienta-
ção fixa, por conseguinte isolados. Portu-
gal saberá de antemão que se alemães e
austriaços se voltarem contra ele, ingleses,
franceses e russos o apolarão decisivamen-
te e que se estes ficarem vitoriosos poderá
receber cornpensações.

Se a nossa comparticipação na lu-
ta não fôra para nós uma questão
de honra e um acto humanitário,
alêm da defesa da nossa integridade
continental e do nosso património
colonial, a situação que daí nos ad-
virá, e fica esboçada nas palavras
que ficam transcritas, seriam, de per
si só, uma generosa compensação
de todos os sacrifícios que fisesse-
mos.

Já aqui o dissemos: esta confla-
gração será um dos aconrecimentos
guerreiros mais notáveis da história
da humanidade.

Dela resultará a mais profunda
alteração que se tem feito, na cons-
tituíçao das nacionalidades de todo
o universo.

Será uma remodelação completa.
Ficará um mundo novo, com cen-
tros de influência novos.

Essa transformação será talhada
pelas seis nações vencedoras, reuni-
das em congresso, e que daí ditarão
os destinos dos povos e as leis ao
mundo.

Lá teremos um lugar, conquista-
do pelo heroismo dêsse punhado de
valentes que em breve vão receber
em seus braços a honra e os deésti-
nos da sua querida pátria, que de
patriotismo esforçado de seus filhos
tem vivido gloriosamente através se-
te séculos de existência.

Seremos ainda uma nação: livre:
manteremos o nosso velho lugar en-
tre os povos do universo, porque a
bandeira portuguesa tremulará co-
mo lábaro triunfante no fragor das
batalhas e não será um último farra-
po para mortalha dum povo dege-
nerado, como querem alguns portu-
gueses abastardados!

ease e

Inaugurou-se no dia 25 último, a
escola do Pampilhal, de que é inte-
ligente e zelosa professora a sr.2 D.
Júlia Dantas.

Foi uma festa escolar verdadeira-
mente simpática, cheia de entusias-
Mo.

 

Nela tomaram parte desenas de

– pessoas, daquela e de visinhas po-
|. voações, cuja presença revelava o

interesse e bom acolhimento que
lhes merece a instrução.
Em frente da escola, caprichosa-

“mente enfeitada com verduras e flo-

res, estavam as crianças que, dis-
postas em semi-círculo entoaram a
“Portuguesa e o ino das escolas.
Eram 16 horas.
Constituída a mesa pelos srs. Her-
mínio . Quintão, padre Cândido e
Carlos Santos, usaram da palavra

“aqueles dois senhores, que enalte-

ceram as vantagens da instrução, e
os beneficios feitos pela República
a esta região, e, estimulando todos
a frequentarem a escola com àssi-
duidade, terminaram levantando vi-
vas à República Portuguesa, que fo-
ram correspondidos com verdadei-
ro entusiasmo. : É

en co

Em volta da guerra |

Por um pedaço de pão!

Um alferes de infantaria france-
sa colaborador da Information, en-
via-lhe uma carta em que se lê êste
trecho interessante:

«Muitos alemães se aproximam das
nossas trincheiras, sem armas, ofe-
recendo render-se mediante um pe-
daço de pão. Ontem, três prussia-
nos, feitos prisioneiros nestas con-

“dições, pediram que os deixassem
ir buscar alguns camaradas esfomea-
dos. Foi-lhe permitido. Uma hora
depois voltaram com 64 soldados
de infantaria alemã que havia dias
não comiam.» a

Telegramas historicos

Pela imprensa europeia correa
notícia de que o famoso Kaiser en-
viou ao rei Alberto, da Bélgica, lo-
go que começaram as hostilidades,
o telegrama seguinte:

«Se te opuseres à passagem das
minhas. tropas, considerar-te-hei co-
mo inimigo pessoal e devastarei o
teu país.»

O rei Alberto, com a dignidade
própria ide um homem que defende
o povo de que é representante, se-
gundo a constituição, responde em
outro telegrama:

«Sinto que um rei não possa em-
punhar uma espingarda. A minha
primeira bala seria para ti.»

Nestas palavras tão veementes
vai, numa, linguagem violenta, a al-
ma de um povo, que precisa reivin-
dicar a sua autonomia. E é assim
mesmo-—pela fórmula que o rei Al-
berto lamenta não poder empregar,

Efeitos da guerra

Devido á guerra, tem-se notado.

nos portos das nossas colónias grande
diminuição de movimento maritimo,
havendo dias de completa ausencia
de vapores.

A cirurgia na guerra

As últimas comunicações feitas à
Sociedade de Cirurgia sôbre a ci-
rurgia de guerra mostraram que era
necessário, pelo menos a propósito
de projecteis de «shrapnelis» e da
estilhaços de granada, recorrer de
novo a certas práticas que pareciam
desusadas, como a antisépsia e a
operação de desbridar feridas. Esta
última é de prática corrente, per-
mite a drenagem, a própria limpe-
za do trajecto, e alêm disso o nitra-
cto de prata que pode ser aplicado
nos orifícios de entrada e saída,
apressa singularmente a: cicatriza-
ção d’estas feridas.

O sr. Toussaint, membro corres-
pondente, recordando na última ses-
são da Sociedade de Cirurgia, os
seus princípios, fez notar que era
necessário, depois desta larga aber-
tura destinada a desinfectar as feri-
das, evitar toda a tentativa da feri-
da se fechar. Com efeito observou

dois casos em que as feridas assim.

formadas se tinham fechado estem-
poraneamente pela aplicação dos
pequenos e cómodos instrumentos
que se chamam «agrafes de Mi-
chel». Nos dois casos, o fledo foi
secundariamente portador dum fle-m fle-

 

@@@ 3 @@@

 

e Eae ans

 

 

ECO DA BEIRA

 

gmão ou produto septico a que foi

necessário dar saída. Só assim se
conseguiu chegar à cura, e num dos

casos depois de drenagem da ferida.

E” preciso portanto, concluiu o sr.
Toussaint, quando osstecidos e a pe-
le estão infectados, apesar do toque
do iodo, limitar-se asdebridar e não
fazer de qualquer.sutura e «agrafe».
O -emprêgo deste último não se jus-

tifica e pode ser prejudicial, motivo-

porque é necessario denunciar como
perigoso o seu emprego, afim de
que o cirurgão se mantanha dentro
do intangível princípio do tratamen-
to das “chagas inflamadas, devidas
aos: prójecteis de’guerra, a saber:
cortar, sem coser nem usar «agra-
fes».

 

Recordações
Um caso triste

O introito desta pequena história
ê vulgarissimo:-decerto não-.valeria

a pena-ser-narrada, senão fossem os :

desejos, que em mim albergo, ha

perto de seis anos, de torna-la co-‘

nhecida e patentear um contraste
invulgar, que o destino, talvez por
capricho, nos revelou, tendo, segun-
do parece, em vista deitar por ter-
ra tiradas de grande fôlego, para
demonstrarem que a verdadeira fra-

ternidade só poderá existir entre in-

divíduos-da mesma raça.

O Joaquim Solinhas — é êste o
apelido da principal personagem des-
ta despretenciosa . narrativa, talvez
por êle cultivar a arte de S. Coris-
pim— era um homem inculto e de
– génio boliçoso, mas de bom fundo.
Teve um dia a infelicidade de dar

um correctivo, forte de mais, ao”

conquistador da sua única irmã…

E por êsse facto lá foi parar ao in-.

terior de Angola, fazer: companhia

ao-seu tio. e padrinho, o. Joaquim .

das Aguas Belas, que ao tempo exer-
cia o cargo de guarda-fio, por ter
sido sempre um. degredado . exem-
plar

Os visinhos do Solinhas comen-
taram-o crime a seu modo, não fal-
tando quem. dissesse, que êle tinha
sido praticado, . porque O seu autor
andava dominado pela ideia, de ir
fazer companhia ao padrinho…

O abismo atrai! Mas, fôsse como
fôsse, não acompanharei os visinhos
do Solinhas nas suas: cogitações
«calungulares»… o que’importa é
saber-se que, algum tempo depois,
apareceram em (ambabi, vivendo
na mais íntima camaradagem, (ca-
maradas de ofício e da desgraça) os
dois Joóaguins, extremanhos: Ben
Ali Zafrin, asiático; João Guiné,
congolês e o pardo (mulato) Março
Cassanda, êste aprendiz de sapatei-
ro e os outros guardas do fio. De
todos-o mais instruído era o asiáti-
co; as narrativas fabulosas do seu
pais, eram sempre-escutadas com a.
máxima religisidade, o pelos seus
companheiros.

Eu, não sei porquê, mas tive seim-

pre por aquele grupo, “em que real-
çava um bi-hibridismo,que-osmeus
olhos jamais hão de. tornar a ver,
uma certa inclinação, que se apro-
ximava muito da simpatia!

O -Solinhas era o mais; novo do
grupo. Diz ô vulgo, «amorte não
escolhe»; mas daquela vez escolheu

o pobre Joaquim, sobrinho, envian–
lhe, como guarda avançada, uma.

pneumonia, que o prostrôu no fim
“de três dias. PSU Sadi

““Eor com respeito, que-eu vi, aque-‘

les quatro companheiros “do ínfeliz
morto, envoltos em’profunda e sin-
cera dôr, sem que os seus respecti-
vos deuses Cristo, Vinós, Alá é Idru
lhes levassem’a mal tão expontânea
confederação de sentimentos religios
sofa

No seguinte dia passava pelas ruas
da ‘vila-o enterro do pobre Solinhas;
pegavam’ as argolas do Caixão um
branco, um amarelo, um pardo e
um negro!

Certã, 2010-914. :

Cyríaco Santos

de creras caporcorera cena cercam mam

BHáxima:
Nunca abuseis dum coração que
vos ama.

Vitor Hugo.

 

Novo. cometa

O eminente astronomo francês Ca:

milo FlammariDny-assimala na Sua
adtevista d Astronomia» a descober-
“a pelo Observatorio de Plevna (Bal-
saria) d’um soberbo cometa, visivel
a-olho nú, no ceo boreal, entre a
Ursa -Mator-e a constelação dos Ger
meos, e Comênta : «Para os Supers
ticioSos Este “cometa será ÚM sinal
de paz-ou de guerra?!» e acrescen-
ta: Para os astronomis é simples-
mente o magnifico cometa. de Del-
van, cuja orbita tem sido atentames-
te seguida ha alguns mêses’ no
Observatorio de Juvisy. Desapare-
cido ha algum tempo devido á sua
passagem na zona dos fogos solares.
aumenta hóje em srandeza e brilho,
desenrolando cada vez mais a sua
ondulenta cabeleira»

 

Este coimeta deve sér’o que,
pouco depois de escurecer, se avis-

ta sobre a serra do Caramulo.

“Vem a proposito notar, a simples .

titulo–de –curiosidade;- a estranha
coincidencia, mera comcidencia, da
aparição. inesperada d’estes astros
com as guerras que mais teem fla-
gelado o mundo.
Em 1066, Guilherme, o conguis
tador, invade a Inglatéria; eim tida,
Frederico I d’Alemanha invade a
Halia;* em vigi Ricardo I d’Ingla-
terra, morre depois de ter tomado
parte nas. batalhas da 3.º cruzada;
en 1249, Frederico IF d’ Alemanha,
morre tambem depois de ter toma-
do pa’te na 6.º cruzada; etc., etc.
Mas a mais celebre das suas apa-
rições foi, sem duvid», 4 de 1456,
pouco depois da tomada de Cois-
tantinopla pelos turcos. A Europa
ainda estava comovida por este ter-
rivel acto quando apareceu em Ju-
nbo-d’esse ano um grande cometa,
que apresentava o aspeto duma
chama ondulante. Julgaram ser um
sinal «certo. da: colera – divina Em
vista: de um caso tão perigoso;-o
Papa Calisto III ordenou que se to-
cassem- os sinos de todas as egre-
ijas“todos os dias o meio-dia, é con-
vidou.os fieis a dizerem uma oração
para conjurar, O cometa e… os
turcos. -«Conservou se. este uso em
todos- os. povos. catolicos, apesar
de já não termos medo dos come-
tas e-ainda menos dos turcos: é de
ai que vem o toque das Avé Manias
Depois desta as mais importantes
foram a de:1811, quando Napoleão
Bonaparte estava no «eu apogeo, e
a dagora em que nove nações. hor-
rorosaiente se degladiam.

 

VARIEDADES

A honra –

 

Quando a honra periga, o devêr
manda salvá-la do abismo em que

“se vê despenhar-se. Todo o sacrifi-

cio que se emprega para êsse fim,
não é nada, comparativamente com
a satisfação que se experimenta em
se livrar de peias o que mais no
mundo Se preza: a própria dignida-
de. Embora para se consegui-lo se
fique nuie sem real, livra-se pelo
menos do vitupério a que inegavel-
mente está sujeito o homem que se
deshonra. +
Pode-se-viver sem” pão, mas vive-
se com a fronte levantada; pode-se
ter o nome de andrajoso, mas tem-

sea alma e a conciência limpa. |

Sendo a honra uma preciosidade de
tal natureza, que uma vez perdida é
difícil recuperar-se; que grande, sa-
tisfação não é a do homem que a
pode manter ileza: a do. homem
que pode afoita e desassombrada-
mente dizer : a

—«Se sou pobre, se sou andrajo-
so;:Se-sómente a miséria. obriga «O
meu tugúrio, tenho porêm sem má-
cula a minha honra.

J. D. Cordeiro da Mata:
x

Ó Marquez de Pombal

O marquez de Pombal um li-
bertador. Foi êle quem dessoldou
as Gargalheiras de ferro que estran-
gulavam a inteligência. Se governou
arbitrariamente, convertendo o car-

 

E
go de minisico.em escora de despo-
tismo, sº parodiou sinistramente ês-

se personagem ensanguentado, cuja
púrpura de cardeal.parece-ainda-es-
tar escorrendo o sangue de tantos

 

nobres: supliciados nos cadafalsos e

nas bastilhas de França, se fez pas-

“Sar -sôbre a nação- inteira a rasoura
inezorável da onipotência monárqui-
Ca-—mais opressiva e insolente do

que em nenhnm outro período da
nossa existência nacional, é inegável
que ao seu sôpro poderoso de esta-
dista a inteligência se revigurou,
alando-se livre, solta das algemas

jesuíticas que a comprimiam. Esse
resurgimento tão vivaz, operado por

“Sábios professores—tais como Eran-
“zini, Tallier, Vandelli, Ciera, Ve-

lasco, Brunelli, Cecchi e outros, que

– se reflecte não só nas regiões scien-
tíficas mas nas esferas da indústria,
na grande colmeia do trabalho, é a

glória inextinguível de Pombal. A

“geração moderna, saudando-o, sau-

“quem

da o instrumento enérgico de mui-

tas reformas salutares, o semeador

de muitos germens. de progresso.
D.rrocou abusões fundos, arrostou
cóleras monacais, desafiou os ódios
da seita negra, e êsses ressumbram,
através dos séculos, como.uma-man-
cha negra que cada vez mais.se
alastra. – E” nas “sacristias, onde se
aninham os morcegos do obscuran

tismo, que. julgam poder “com as

azas negras interpôr-se à luz irra-
diante do sol. Aplaudâmos, pois,o
vivido entusiasmo que. referve-na
mocidade das escoias; regosijemo-
nos de que nessas.tenras plantas de
juvenilidade humana’circule moral-
mente a mesma seiva impetuosa que
nessa quadra germinativa reanima
e avigora os vegetais… Que belo es-
pectáculo “o dessa mocidade empe-
nhada em fazer conferências, empres-
tar homenagem à memória de-um
grande homem que teve defeitos e
que cometeu grandes faltas; mas
tambem que os escureceu e as res-
gatou por assinalados benefícios à
inteligência, à educação nacional, às
sciências, à indústria e ao comér-

cio! E’ do marquez de Pombal

que datam o adiantamento e a im-
portância progressiva das classes
laboriosas. Estas devem-lhe estima
e reconhecimento. Sem aquela mão

poderosa, “que as poz no foco da ”

lua, “continuariam, — não sabemos
por quanto tempo,—a arrastar-se,
como reptis, pelos tremedais da
domesticidade política, divorciadas

“das forças vivas da nação, consti-

tuindo a grande e obscura massa
anónima —vilipendiada. e .opressa—
dos servos/-é dos escravos sociais.

Visconde de Benalcanfor.
*
* Xe
invocando o amparo
da virgem

Tu por Deus entre todas escolhida,

Virgem das virgens, tu, que do assanhado
Tartáreo monstro com teu pé sagrado
Esmagaste a cabeça entumecida :

: ia :
Doce abrigo, santissima guarida

De quem te busca em lágrimas banhado,
Corrente com que as nódoas do pecado
Lava uma alma, que geme arrependida;

Virgem de estrelas, nítidas c’roada,

Do Espirito, do Pae, do Filho eterno
Mãe, filha e esposa, e mais que tudo amad::

Valha-me o teu poder e amor materno ;
Guia êste cego, arranca me da estrada,
Que vae parar ao tenebroso inferno.

Bocage.

a E cs *-
. O pague:

Quem tem a chave dos pensamen-
tos reconditos, quem desce à cons-
tencia com a luz das consolações,
2 julga nos tribunal do. foro inti-
mo do homem auctorisado por Deus
abraçado pela creatura incompreen-
sivel mesmo no seu domínio, ao;
vermos a docilidade com que seus
irmãos lhe franqueiam os mais pe-
rigosos segredos da sua vida? E” .o
padre, é o «sal da terra», que só
não pode obstar -á dissolução : pu-
trida dos nobres sentimentos do co-
ração, quando a alma recusa assi-
milá-lo’ as. suas aspirações fínitas,
mortais, é primitivamente terrenas.
Se quereis a história da civilização

 

 

européa, se quereis civilizar a Ásia,

 

 

estudai-a no Padre que passou, e
encarregai-a ao Padre, cujas prero-
gativas não poderam ainda os civi-
lizadores da espada substituir entre
os selvagens, Dai-lhe essa-grande
missão de sacrifícios incríveis, e não
cuideis que ele a recusa, porque o
século lhe tirou suas honras e rique-
zas. O bastão do peregrino, e o
Evangelho no coração, êsse é que
ninguem pode uzurpar-lhe e são es-
sas as suas armas de triunfo; e os
seus cantos de glórias são as pala-
vras de benevolência para “os – seus

perseguidores. E’ que a margem que.
ão é.

 

o Padre ambiciona aportar:
dêste mundo; mas é’ele a ponte
que reúne as duas margens—a do
tempo e a da eternidade-—assim co-
mo S. Paulo o intitulára—pontelan-
çada entre o céo e a terra. e

 

Camilo Castelo Branco.

 

AGRICULTURA.

 

Re

Conservação da fructa

Quási todos os lavradores gostam
de guardar fructa, para irem comen-
do pelo inverno a diante. Para se
conseguir êste fin, é preciso ter fruc-

ta própria e um fructeiro convenien-‘

te. Ha qualidades de Uvas, Pêras e
éMaçãs que amadurecem tarde, con-
servando-se muito tempo. E’ claro
que são estas as que devem prefe-
rir-se para encher o fructeiro, pois
que não valerá a pena lá pôr fruc-
tas que se conservam apenas poucos
dias
O sítio, onde se guarda a fructa
deve satisfazer a certas condições,
que vou indicar muito-por alto. Não

“me ocuparei aqui da construção de

um fructeiro com todos os requisitos,
que a sciência e prática aconselham,
porque isso custa dinheiro e só o po-

dem ter as pessoas ricas. O que.

vou dizer, porêm, destina-se aos la-
vradores, que teem poucas posses.

O fructeiro, ou sítio onde se quer
guardar a fructa, deve ser um quar-

to absolutamente isento de humi-.

dade e exposto ao norte; isto é,

deve ficar na parte da casa que não

é batida pelo sol. «ste quarto não

– deve ser nem muito quente, nem

muito frio, e é indispensável que
não esteja sujeito a grandes mudan-
ças de temperatura, devendo esta
conservar-se sempre entre 5 e 10
graus centigrados. Não convêm, pois,
as aguas-furtadas, sobretudo quando

são de telha vã. O melhor é um.

compartimento da loja, com a condi-
ção de não ser húmido.

O ar ea luz são prejudiciais à
conservação da fructa. E” conveni-
ente renovar pouco o ar, mesmo
para que o gaz carbónico, que se
desenvolve da fructa e ajuda a con-
servá-la, se demore no local.

Quando se notar humidade” no

– fructeiro, é preciso colocar lá em

diversos sítios, pedaços de cal vir-
gem, que a absorvem rápidamente.
A fructa é posta sôbre palha, bem

-Sêca, e de modo que não toque uma

na outra. E preciso, pelo” menos
uma vez por semana, retirar todos
os fructos que tenham apodrecido.
Isto é indispensável, porque cada
vez aparecem mais fructos bichosos
devido á estúpida e criminosa des-
truição das aves úteis à agricultura,
e êstes estragam-se fácilmente e
contaminam os que estão próximos.
, Castelo de Patva.

J. Salema.
(Do Lavrador)

 

 

 

Câm da Silva Teixeira

 

SERNACHE DO BONJARDIN

Interessante monografia de pro-
fundas investigações históricas, ilus-
trada com excelentes gravuras.

Obra dividida em 11 capítulos,
com um: prólogo e notas curiosas.

1 volume de 378 páginas

Preço— 850.

 

 

Eus

Ática

 

@@@ 4 @@@

 

E

 

“Conta”:

PULLMAN:

“O carro modêlo ideal.

 

Mada de Ser introduzido no nosso mercado esta soberba marca de amtomóveis:

— TORPEDO MODELO 1914

É | ) E
-6 cilindros em dois blocos: 957/n>X<1337/n46,5 HP a 1200 rotações.

Allumage: Bosch alta tensão.

Mudança de velocidades: Electrica Vulcan.

Wuripação: Electrica Westinghouse.

ilômetros: Stewart.

Mise-enemarche: Electrica Westinghouse.

Roda sóbrecelente, Faroes e lanterna, Busina electrica, Bomba-
enche-pneumáticos e Capota

Em outros países teem estes carros já obtido o mais extreordinário su-
cesso, porque, alêm de suplantar todos os aperfeiçoamentos introduzidos
nos de outros fabricantes, ocupam um lugar de destaque pela solidez da sua
construção, elegância, velocidade, duração e economia de combustivel.

– Teem uma longa distância entre os eixos, baixo centro de gravidade,
todas largas com grandes pneumáticos, excelente sistema de lubrificação au-
romática e estofamento Turkish de 11”.

A sua marcha é da maior confiança, tanto nas ruas das cidades, como
nas peiores estradas de rodagem e nas subidas não teem rival.

E, alâm de todas estas vantagens, são extraordinariamente mais baratos
do que os de todos os outros carros de luxo até hoje apresentados no nosso
mercado.

Representantes em Portugal:

SEQUEIRA LOFES & O.

“ESCRITÓRIO: Avenida das Côrtes, 17 a
– GARAGE: Rua 24 de Julho, 50-E e 50-F

— —AISBOA— |
CAMISARIA CYSNE
Alfredo Silva

“166, Rua Augusta, 168— LISBOA

 

 

– “Artigos que ninguem deve comprar

sem ver o sortimento e preços desta casa

 

CAMISAS PYJAMAS BOTOES.
– ‘CERQULAS CAMISOLAS SUSPENSORIOS

– . “PUNHOS PEUGAS BENGALAS
COLARINHOS LIGAS GUARDA-CHUVAS
‘GRAVATAS LENÇOS “ IMPERMEAVEIS

Sempre novidades recebida directamente de Londres e Paris

o PREÇOS MÓDICOS |
Estabelecimento de géneros:alimentícios, louças, vidros
e tabacos

Grande sortimento de conservas de primeira qualidade, de carnes, pei-
Xes e mariscos.
Licôres nacionais e estrangeiros, vinho do Porto e de pasto, etc.

Preços lemitadíssimos

ANTONIO LOPES

Sernache do Bomjardim

DAE amfopee cond eo cos A

 

“FABRICA DA SALGADA

“Moagens e fabrico de azeite
Venda de cereais e farinhas.
‘ Recebem-se cereais e azeitona à maquia.

ANTONIO PEDRO DA SILVA JUNIOR

Sernache do Bomjardim

OURIVESARIA E RELOJOARIA

 

“ANTONIO DA COSTA MOUGA

SERNACHE DO BOMJARDIM
Um excelente sortimento de relógios de todos os
sistemas e variados autores
Objectos de ouro e prata de fino gôsto, mui pró-
prios para brindes.
Concertos garantidos.

EGO DA BEIRA

 

Á

 

 

 

n formato, para o que possue as competentes maquinas e gran-
de variedade de tipos nacionais e estrangeiros.

 

IMPRESSÕES à CORES OURO E PRATA

Bilhetes de visita desde 24 ctv. o cento. Participa- |
ções de casamento e livros

 

 

Larso do Passeio — LEIRIA

DRESS,

COPIOGRAFO

Preparado por FRANCISCO SIMOES

O mais aperfeiçoado e mais barato

| Miguel da C. Trindade
Esta intiai tipografia está habilitada a executar com a ma-
xima rapidez e perfeição todos os trabalhos de grande e peque-

 

4 DEPOSITO DE IMPRESOS PARA REPARIÇÕES E PARTOULARES

 

 

Com este aparelho obtem-se 100 cópias de qualquer autógrafo como:
preços correntes, circulares, mapas, ‘avisos, facturas, cartas, oficios, dese-
nhos, plantas, caricaturas, anuncios, etc.

– E’o único que está sempre a tuncionar,. porque se póde lavar COM
AGUA QUENTE EM UM MINUTO.

E’ muito útil nos escritórios comerciaes, govêrnos civis, administrações
de concelho, câmaras municipais e, finalmente, em todas as repartições pú-
blicas e particulares em algumas das quais funciona com inexcedivel êxito.

E’ o único que dá tantas provas nitidas e que pode funcioner cinco
minutos depois de ter servido, por se lhe tirar a tinta com água quente em
menos de dois minutos. Garante se o bom resultado, restituindo-se o impor-

PRECO DO APARELHO

Para tirar bilhetes de visita. … : 5oo réis
“FolmatoS cc ra cd o e o die 600 »
» Ps CSS ds. 800 »

» comercial. un ou o Ode ar o 1$400 »

ms “OINTaÇO me do ls GC 18700 »

» »QUpIO. ds a can 38400 »
Massa-—Latasde.quilos . cuca co rc ais 18400 »
> mco quloj,. acicscdane o rs dao 7oo »
Finta-eFrascogrande…c su… .css co vera 280 »

» »- Ipogueno eo ear a, 150 »

Para as províncias acresce mais 100 réis por aprêlho.

 

Todos os pedidos devem ser dirigidos a

FRANCISCO SIMÕES

236, RUA DOS -FANQUEIROS, 238—LISBOA

 

Agua da Foz da Certá

A Agua minero-medicinal da Fog da Certã apresenta uma composição
quimica que a distingue de todas as outras até hoje uzadas na terapeutica.
” E’ empregada com segura vantagem da Diabetes—Dispepsias— Catar-
ros gastricos, putridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas;—na convalescença das febres graves; —nas atonisa

“gastricas dos diabeticos, tuberculosos, brighticos, etc.,—no gastricismo dos
* exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica que a Agua da Foz da Certã. tal como
se encontra nas garrafas, deve ser considerada como microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogeneas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
cida O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de sabor-le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com

ads DEPOSITO GERA
RUA DOS FANQUEIROS-—84—LISBOA
“Telefone 2168