A Nympha do Zêzere nº5 12-05-1897

@@@ 1 @@@
gs
qa
Nº 5
A NYMPE
Certã
— Quarta feira, 12 de maio de 1897 7
A DO ZEZE
RE
Semanario noticioso e litterario
DE SANDE MARINHA
Dmecror — E.
ASSIGNATURA
Certã e Coimbra . 80 reis
Fóra da Certa . 350 por
Brazil, anno, 43500 reis.
Numero avulso, 25 reis
Africa, anno, 1800 reis. :
mensaes
4 mezes
publicados.
REDACÇÃO
Toda a correspondencia deve ser dirigida à redacção d’A NYMPHA
DO ZEZERE, Certa. é
Os originaes recebidos, não se restituem,
quer sejam ou não
REPAREMOS NO QUE VAR EM AFRICA |
E” agora ahi extremamente difficil
a nossa soberania. A Gazalandia em
revolta, a Guiné a affrontar-nos, as re-
publicas sul-africanas em vesperas de
uma guerra inevitavel com a Inglater-
ra, Lourenço Marques, no seu explen-
dor crescente, a aguçar a cubiça das
nações:—eis o espectaculo que actual-
mente se nos depara em Africa.
Excepcional momento!
A Europa, n’uma avidez insaciavel,
tem os olhos pregados n’aquella parte
do mundo. O nosso sonho de grande-
za futura, que não é irrealizavel, tem
lá o seu apoio, e é para lá que a nossa
imaginação bate azas d’ouro, deva-
neando!…
Reparemos, pois, no que vae em
Africa.
Essa imúrensa região, envola ain. ra grie-paladO Seios
— Os regeneradores? — Os republica-
da em mysterios e esbatida em nevoas,
torna-se agora, como nunca, sagrada
para nós. — E” a nossa saudade pelo
que nos recorda; ê a nossa esperança,
pelo que nos promette.
Ouçamos!
Quando navios portuguezes, como
estrellas a boiar, se adeantaram no ca-
minho dos mares, lá foram marinhei-
ros nossos assentar os primeiros mar-
cos, OS primeiros marcos da civilisa-
ção!
Desde então aquelle terrivel Ada-
mastor que o Gama defrontou, de pas-
Sagem para a India, ninguem mais 0
viu. Desde então o continente negro,
tão vasto e tão grande, começou de
agitar-se para a vida humana! O povo,
porém, que primeiro o bafejou, n’um
desejo d’aventura epica, é que desfal-
leceu em Alcacer-Quibir, embevecido
n’um sonho!…
E hoje, essa Africa d’outr’ora, como
que deslumbrada ainda dos antigos
vultos lendarios que por lá passaram,
mostranos os braços, como incitamen-
to, para a trazermos à historia.
E” para ella, com effeito, que nós, |
n’uma decadencia bem triste, anciosa-
mente corremos. Mas, —com a breca!
— mesmo na decadencia, ainda crepi-
tam faúlhas, aos nossos passos!
Coollela dá arrojo e Chaimite sa-
code nervos; Angola floresce e Lou-
Valor militar e genio colonisador
= tudo se conjuga para nos imprimir
um caracter. Só alguma coisa nos falta
que, num impulso valente, nos dirija
a acção fecundante.
Governos immundos teem tido em
suas mãos os destinos deste paiz, e |
ministros assalariados teem conduzido
esta nação ao nivel da miseria.
Está ainda por apparecer um ho
mem de pulso, que seja salvação.
E não é que elle nos falte, feliz-
mente! E” que, nos modernos proces-
sos eleitoraes, o suffragio converteu-se
numa burla; é que, na vida politica
d’esta nação, pullulam especialmente
os corruptos e os vaidosos.
E o abysmo escancara-nos as goel- |
las, e os cambios veem descendo as-
sustadoramente!…
De que é isto? Quem trouxe 0 paiz
nos talvez, com a sua attitude hostil?
Não. Foram todos!
À corrupção invadiu tudo, gangre-
nou tudo. Os politicos que mexem a
administração d’este paiz, são uma
massa pôdre, que é preciso atirar para
longe. Mas quanto antes! Os partidos
monarchicos com as suas imposições
facciosas, e os republicanos com as
suas aggressões systematicas—todos,
à uma, teem a responsabilidade da
miseria nacional.
Ninguem sabe. n’esta hora dolo-
rosa da patria, de que é feito 0 aço
duma consciencia, nem a dignidade
d’um individuo!
E eu tremo, tremo, pela nossa
Africa !
E eu tremo, tremo pela nossa in-
dependencia! Tremo pela terra de Ca-
mões, tremo pela terra de meus paes!
A ambição réles dos nossos homens
publicos vae talvez cahir, como já tem
cahido, nas mãos habeis d’outras na-
ções.
Ha rumores tristes.
Falla-se na venda de Lourenço Mar-
ques, falla-se na cessão de territorios,
falla-se em esbanjamentos, falla-se em
escandalos. E ninguem surge, no meio
d’esta Babilonia, a dar um correctivo
formal. E ninguem surge que branda
um chicote, e escorraça os vendilhões.
renço Marques progride.
E” a agonia que chega!…
Os progressisias 2
| Aljubarrota, terra d’assombro, re-
| Yolve as tuas ossadas e levanta o bri-
lho das espadas que te illuminaram !
Velha India, manda-nos os restos
desses heroes que deslumbraram a
Asia! E E
Valentes da minha patria, queridas
reliquias do meu paiz, sabi do tumulo,
e vinde ver o que resta da vossa epo-
peia! A tempera antiga, que rebrilha-
Va em vossas frontes, que arrebatava
por vós as multidões em admiração,
não sei que foi feito della! Creio que
exista, mas falta quem saiba affeiçoal-a.
— Ergueivos, pois, e vinde salvar a
vossa obra!
ERRATAS
Por descuido de revisão, escapa-
ram alguns lapsos no numero anterior,
== uus que a-intelligencia-do leitor fa-
cilmente supprirá, e outros que pela
sua importancia, aqui rectificamos.
— No artigo sobre Camillo, onde
está, «assim como acontece a um gran-
de navio a arder no alto mar, assim a
sua alma»—deve ler-se, «assim como
acontece a um grande navio a arder
no alto mar e que depois se submerge,
assim a sua obra».
—Onde está: «Mas, por sobre tudo
e acima de tudo, reune, em vivas con-
stellações a grandeza do seu genio»,
deve ler-se: «Mas, por sobre tudo, aci-
ma de tudo, refulge, em vivas constel-
lações, a grandeza do seu genio».
— Onde está: «Eis porque a sua
alma merece do seu paiz uma atten-.
ção especial», —deve ler-se: «Eis por-
que a sua obra merece do seu paiz
uma attenção especial».
Onde está: «Esse homem que tra-
balhou e soube trabalhar», —deve ler-
se: «E esse homem que trabalhou e
soube trabalhar».
— Onde está: «hoje que os desen-
volvimentos materiaes convém ajudar
os desenvolvimentos intellectuaes» —
deve ler-se: «hoje que aos desenvolvi
mentos materiaes convém ajuntar os
desenvolvimentos intellectuaes».
————sED p= —
Aos nossos leitores
| Circumstancias imperiosas, teem
impedido a publicação regular d’ested’este@@@ 1 @@@
sr
A NEMPHA DO ZEZERE
jornal, Pedimos desculpa d’essa falta
involuntaria, e prometemos obviar a
uma tal irregularidade.
Aos nossos estimaveis assignantes,
ser-lhes-ha descontado um mez quando
se proceder à respectiva cobrança.
—w—
———
LITTERATURA
NINHOS VASIOS
Pela janella aberta ao sol de inver-
no—emquanto um fogo claro flambava
no fogão, — elles olhavam para o céo,
onde as nuvens passavam lentas, pe-
sadas, com indolencias de enormes ani-
maes brancos que se tivessem espoja-
do na neve e se lavassem no azul. O
talude do rio sinuoso, como uma fita
de setim desenrolada, o prolongamen-
to, entre os esqueletos das arvores,
da grande avenida pallida, até ao tan-
que que parecia, um pouco inclinado,
um fino crescente azul, as collinas ao
longe, onde se recortavam na bruma
os ramos descarnados, davam à paiza-
gem uns longes infinitos e vagos, muito
frescos; e as chammas da lenha, entre
os reposteiros e cortinados da sala
faziam correr em volta d’elles um in-
timo calor de alcova. Estavam em sua
casa, diante do grande espaço. Lá fóra,
toda à natureza, alli, elles sós.. Como
é bello o espectaculo da immensidade
celeste, tão pura e tão diaphana, que,
às vezes, se julgar ver apparecer os
anjos! Como é doce o aconchego ter-
no de dois corações na estreiteza aca-
riciadora do quarto adorado! Os pe-
quenos paraizos valem bem os grandes
céos. Bons dias, meu Deus ! e beijam-
se nos labios. Ella, porém, que leva a
hypocrisia da innocencia — a mã! —
até à perfeita ingenuidade, põe-se a
dizer, de repente, batendo com a mão-
sinha na mesa: «Quero ir acordar as
aves nos ramos do bosque». Elle não
lhe objectou que se estava no inverno,
que não havia folhas nas arvores, nem
aves nos ninhos. Tinha perdido ha
muito tempo o habito de resistir, mes-
mo em pensamentos, aos caprichos da
implacavel creança; a cada um dos de-
sejos de Julieta, elle-dizia: «Prompto,
meu senhor !»
Abafada nas pelles, ella correu, e
elle seguiu-a ao longo da avenida pal-
lida; é quando chegaram ao bosque
onde corriam um vento e um sol bem
frios, ella foi em busca dos ninhos nos
silvedos e nos ramos baixos, com sal-
tinhos e gritos de collegial. Achou os
ninhos, raas vasios, ninhos de prima-
vera passada, onde nem sequer havia
uma penugem. Procurou mais; nem
um pobre pisco desplumado, nem uma
tutinegra semi-núa, que tirita abrindo
o bico amarello. «Ah! é verdade! é
porque estamos em fevereiro!…» De-
pois, acrescentou, chegando se mnito
a elle; cariciante, com o ar de uma
treança que tem medo que lhe batam:
«Sou uma tola, não é verdade? Tenho
a certeza de que ha de troçar de mim».
Mas elle respondeu, com a melancho-
lia das queridas esperanças evoladas:
«Terei eu o direito de me rir de si,
Julieta, eu que, sob a neve do seu co-
ração vasio e gelado como um ninho
d’inverno, espreito ha tanto tempo, em
vão, o acordar da ave-Amor?»
CatTuULLE MENDÊS.
ANJO, VI=TB!
Anjo, vi-te!… Ergueu-se 0 veu,
Que te escondia!
Vi-te, aurora do meu ceu,
Que ao ceu pedia!
Vi-te, e da vida no mar
Vi nas aguas florejar,
E minha alma repassar,
Nova poesia!
Teus olhos formosos vi,
Fulgindo escuros;
Queimavam, mas eu bebi
Seus raios puros;
E na doce embriaguez
Ando perdido, talvez,
N’estes passos que tu vês
Tão mal seguros.
Vi tua face descahir
No braço liso;
Vi teus labios entre abrir
N’um teu sorriso;
“E ao ver-te a ardencia da côr,
Ao ver sórrir essa flor,
Vi, n’um desejo d’amor,
O Paraizo!
De teus cabellos pender
Vi aura leve,
E a violeta a rescender
Invejas teve;
Vi roseo branco botão
Córar de tua insenção,
Quando ao peito o poz tua mão
Tão linda e breve!
Vi-te, e amei-te… mas não ha
Um crime n’isto…
Por te amar?! Então será
Por te ter visto!
“Não, não póde ser tambem,
Que os olhos culpa não tem,
‘ Se a luz do sol cá lhes vem
Dizer — existe.
Anjo, vite!… Agora O veu,,
Que te escondia,
Não me esconde aquelle ceu,
Que em sonhos via,
Hei de viver de te amar,
E tu da vida no mar
Has-de-me sempre inspirar,
Nova poesia.
João de Lemos.
O ULTIMO BEIJO DE MAH
Quedou-se, de pé, hirta, o braço
“esquerdo ao longo da coxa, a mão di-
reita sustendo o lenço humido, apoiada
na borda do caixão, o cabello desali-
nhado, o chale deslocado e um pouco .
cahido para traz, mostrando o arfar fe- –
bril do peito branco e magro.
Esteve assim tres minutos talvez;
immovel, como se uma corrente ma-
gnetica a dominasse, alheia, absorta,
esquecida. Subito, porém, o seu olhar
dolente começou de toldar-se por um
veu humido e brilhante, o thorax co-
meçou por levantar brutalmente o seio,
a bocca abriu-se como no perigo de
uma: sofiocação imminente, os joelhos
vergaram-se-lhe, e ao tempo em que
as lagrimas, soltas de novo, oscillavam
e cahiam das pestanas semi-cerradas,
ella cabia, sobre os joelhos, apertando
a cabeça entre as mãos, rojando a face
pela lagea fria da capella.
Então, como se uma ebullição in-
terior se tornasse patente, o corpo co-
meçou a arquear-se na expulsão d’uns
soluços cavos e profundos, que pare-
clam percorrel-o, como os jactos de
vapor impellidos pelo embolo da loco-
moilva.
Os ultimos vapores da noite come-
cavam a elevar-se lentamente dos val-
les batidos por um fraco nordeste, que
sacudia as perolas brancas da folha-.
gem das oliveiras. Aqui e além ouvia-
se o som intermittente do chocalho cam.
pestre d’um guia de rebanho.
Emmudeciam, por grãos, os ribei-
ros e as correntes; os ápices negros
dos montes perdiam as vagas figura-
ções phantasticas e appareciam na luz
crescente, como enormes capacetes de
prata, esquecidos por titans. Dentre a
relva orvalhada, as cotovias saltavam
encastellando, soltando as notas crys-
tallinas do seu canto, alegre como uma
alvorada de maio e terno como um
beijo de nupcias.
Para o oriente, um resplendor enor-
me de cores rubras, diluidas n’um
branco mate, elevou-se lentamente, en-
rubescendo as aguas e os montes.
Os passaros sacudiam entre as fo-
lhagens as azas humidas do orvalho
da noite, e ensaiavam cantos.
A manhã opproximava-se: o dia
alegre, apparecia, cheio de luz, de
amor, de cantos e de orvalhos do ceu.
No emtanto, a mãe quedava-se como
morta ao sopé do cadaver. O frio in-
tenso despertou-a. Elevou primeiro a
cabeça, depois, aos poucos, o corpo.
A luz clara entrava pelas duas ja-
nellas esguias e fazia esmorecer as lu-
zes dos tocheiros, emquanto tornava
mais nitida a pallidez do crucificado.
Concertou o chale sobre o peito e
| limpou apressadamente o rosto.
Nisto, o marido appareceu à por-
ta, pallido e perturbado.
Pe@@@ 1 @@@
do
A NEMPHA DO ZEZBHE
Ella. que ia beijar o filho susteve- |
Se, Como recelusa, como ficaria uma
“ereança apanhada em flagrante delicto
de transgressão de ordem paterna, e
olhou-o perplexa…
—Então, disse elle approximando-
Se, queres matar-te ?
Ella cahiu lhe nos braços.
Elle apertou-a contra o peito e, mal
sustendo as lagrimas, beijava-a na tes-
ta, dizendo, com a voz velada:
—Então! Deus não quer que te-
nhamos filhos, que se ha de fazer?
Ella debulhava-se em lagrimas; €
-como elle a fosse arrastando mansa-
mente para a porta susteve-o:
—Não, não, Manuel, deixa-me bei-
jal-o… é a ultima vez, é o ultimo
beijo.
O marido retinha-a:
– —Não o beijaste ainda ? isto faz-te
mal; desde quando estás aqui?
— Ha pouco vim; ainda ha pouco;
mas deixa-me beijal-o, um beijo só €
Sahirei…
E libertando-se dos braços do ma-
rido, cambaleante, tremula, pallida,
como se sahira d’um tumulo, abeirou-
se do filho e apoiou os braços em cruz
nas bordas do caixão.
Como se olhasse um abysmo, fitou-
lhe.o rosto.
Depois curvou-se insensivelmente,
respirando afílicta, a fazer ondear com
o bafo os cabellos do morto.
A sua cabeça desceu… desceu…
“Tentamente: o olhar esmorecido fitava-
se com insistência no morto, approxi-
ma-se, meigo, indescriptivel, a esmo-
recer n’um cansaço ultimo d’um ulti-
mo desejo.
O corpo vergou-se de todo; os bra-
cos affrouxaram, collou os labios aos
“labios do filho, e quedou-se.
— Vem, vem, aconselhou cheio de
dôr. o marido, levantando-lhe a cabeça…
Mas a cabeça cahiu novamente!
N’isto, o sol rompera o horisonte,
iluminando jardins e serranias.
Por junto aos ninhos, animadas
pelo calor do sol, as aves cantavam,
docemente, essas canções que só as
mães sabem cantar junto ao berço dos
filhos.
A natureza illuminava e enchia de
cantos a estrada por onde, a essa hora,
a alma da mãe subia, buscando os ca-
rinhos do filho.
MARCELLINO DE MESQUITA.
CARNET LOCAL
Esteve n’esta villa o sr. dr. Anto-
nio de Mendonça, d’Alvaro.
Já regressou de Lisboa, o sr. José
dos Santos Coelho Godinho, digno es-
crivão e tabelião d’esta comarca.
Sahiu para Pedrogam Grande, o
sr. Francisco Farinha David Leitão.
Esteve entre nós, retirando-se já
para Figueiró dos Vinhos, o nosso ami-
go, dr. Accacio de Sande Marinha.
A inspecção dos reservistas d’este
concelho, é no dia 15 do corrente mez.
Nas eleições realisadas no dia 2,
foi eleito deputado governamental por
este circulo, o sr. dr. João Pinto Ro-
drigues dos Santos, conservador pri-
vativo da comarca de Fundão.
Sahiu para Villa de Rei, o sr.
Adriano Dias Vera, secretario addido
à camara municipal d’este concelho.
Tem passado incommodado de sau-
de, o nosso amigo Augusto Justino
Rossi.
Promptas melhoras.
Em Sant’Anna da Cumeada, foram
apprebendidos 100 pês de tabaco, pela
columna de guardas da companhia de
tabacos aquartelada n’esta villa.
Continua incommodado de saude,
o sr. Alberto Eugenio de Carvalho Lei-
tão, digno escrivão de direito em Fi-
gueiró dos Vinhos.
Um completo restabelecimento.
Tem passado bastante incommoda-
do de saude, o sr. padre Luiz Ribeiro
Cardoso.
Desejamos-lhe um completo resta-
belecimento.
No domingo passado, foi ministra-
do aos presos da cadeia d’esta villa,
o Sacramento da Eucharistia.
ANNIVERSARIOS
Passaram no dia 2 do corrente. os
anniversarios natalicios da ex.m2 gr.?
D. Maria de Sande Lemos Nunes e do
sr. dr. Guilherme Nunes Marinha.
No dia 6, o do sr. José d’Azevedo
Bartholo, digno contador do juizo de
direito d’esta comarca.
Passou tambem no dia 140, o anni-
versario natalício do nobre conselheiro
“| Baima de Bastos, digno director geral
dos negocios ecclesiasticos no ministe-
rio da justiça.
AS nossas cordeaes felicitações.
Agradecimento
Manuel Antonio dos Santos, e sua
mulher, filhas e genro, vem por este.
meio agradecer a todas as pessoas que
se dignaram acompanhar à sua ultima
morada seu chorado filho, irmão e cu-
thado, Joaquim Martins dos Santos, e
especialmente à Philarmonica Certa-
ginense, que tão expontaneamente e
sem remuneração alguma se prestou |
a acoropanhar o prestito funebre; —
protestando a todos eterna gratidão.
Certã, 4 de maio de 1897.
Manuel Antonio dos Santos.
Joaquim dos Santos.
Cecilia dos Santos.
Maria Carolina dos Santos.
José Christovão Pires.
CORRESPONDENCIAS
Coimbra, 7.—0 ministerio da Rus-
sia convidou a Universidade a fazer-se
representar no proximo congresso in-
ternacional de geoologia, que se rea-
lisará em S. Petesburgo, sob a presi-
dencia do grão duque Constantino.
— O ponto nas faculdades de Theo-
logia e Direito, é no dia 26 do corrente,
principiando os actos no dia 1 de ju-
nho.
— Deve reunir segunda feira o
curso do 5.º anno juridico afim de re-
solver se accede ao convite que lhe
foi dirigido para representar na capi-
tal a sua peça Ipsis Verbis.
— À companhia do theatro do Prin-
cipe Real, de Lisboa, vem brevemente
a esta cidade dar tres espectulos de
assignatura nos dias 19, 20 e 24 do
corrente, levando à scena Os que tra-
balham, de Ernesto da Silva, 4 Mor-
gadinha do Val-flór, de Pinheiro Cha-
gas, e À vida dum rapaz pobre, de
Fenillet. Espera se grande concorrên-
cia.
— E”. no dia 1.º de junho a inau-
guração d’uma sociedade que se inti-
tula Estudantina Recreio Fraternal, que@@@ 1 @@@
ça
A NTZMPEA DO ZEZERE
tem por fim a instrucção e o recreio
por meio da arte dramatica. Os pro-
motores d’esta sociedade envidam to-
dos os seus esforços para dar maior
brilho à sua festa, havendo no dia da
inauguração um brilhante sarau litte-
rario, dramatico e musical,
A. B.
Olleiros, 7. — Não dá quem tem,
mas quem quer bem, diz o proverbio.
Não escreve penna auctorisada, mas
quem deseja agradar, obedecer, ao ca-
valheiro sympathico, intelligente, que
teve a lembrança de nos encarregar
correspondente d’A Nympha do Zezere.
Vimo-nos cercados de caracteres
. dignos, espiritos cultos, que habilmente
se desempenhassem d’essa missão; in-
dicando-nos d’entre tantos, não accer-
taram na escolha, mas, como cada um
póde dar do que tem, accedemos de
boa vontade. E assim, com dobrada
força, mostramos o desejo que senti-
mos de podermos ser uteis e agrada-
veis.
Fica feita, sem mais etiquetas, a
nossa humilde apresentação 4º Nym-
pha do Zezere.
Saudamol-a € interessamo-nos com
os demais leitores e colaboradores pela
longa vida e prosperidades.
THoMAZ NAMORADO.
“Polo estrangeiro
GUERRA TURCO-GREGA
Noticias de Athenas dizem que o
governo hellenico entregou aos minis-
tros das potencias uma nota, dizendo,
que em breve tempo, procederá à re-
tirada gradual das tropas de Creta.
Considera-se imminente a regula-
risação da questão de Creta, pois as
potencias, em consequencia d’essa no-
ta, offereceram a sua mediação, exi-
gindco, com tudo que a Grecia confie
nas potencias.
Chegou a Athenas o coronel Vas-
sos. Presume-se que vae haver um ar-
misticio de 15 dias.
Os gregos continuam a occupar
Imaret e Salagoza, no Epiro; os tur-
cos occupam Volo.
Amilcar Cipriani, que havia parti-
do para a Grecia à frente d’um bata-
lhão de voluntarios italianos, foi preso
em Athenas por haver provocado de-
sordens. Dizem que vae ser expulso.
O presidente da Republica Pran- |
Ceza enviou no dia 7 um presente de
preço ao sr. Braudt, d’Altona, que ce-
lebrava as suas bodas de prata. Braudt,
salvou em 1872, a vida a Felix Faure,
tirando-o do rio Elba, onde cahira por
accidente. Desde então, o actual pre-
sidente da Republica Franceza, não
| esqueceu o seu salvador, e já por di-
versas vezes lhe tem dado provas do
seu Peconnecinento:
A fortuna do fallecido duque de
Aumale, avalia-se em mais de 405000
contos. Na Scicilia, onde morreu, era
o mais rico proprietario e o maior ex-
portador de vinhos.
CONGO BELGA.
* O vice-governador do Estado Livre
do Congo, participou ao seu governo
que uma columna de soldados indigi-
nas se revoltára contra os officiaes que |
a commandava em Ndirifi Welle. Os
revoltosos trucidaram o major Lerole,
commandante da columna, e mais qua-
tro officiaes, Spelier, Verhellen, Adrian-
no e Defecourt.
——— cio
Morte d’um explorador
Morreu em Londres, onde havia
chegado ha pouco, de regresso d’uma
viagem à Africa, o celebre explorador
Theodoro Bert. Foi elle que, acompa-
nhado de sua mulher, estudou pela
primeira vez, em 18914, as ruinas phe
nicias de Zembaleye, em Machonaland.
Fez viagens interessantes, na Abys-
sinia.
Recentemente, explorou uma par-
te pouco conhecida da Arabia austral;
em vez de encontrar desertos aridos,
habitados por nomadas, encontrou val-
les verdejantes, muito ferteis e habi-
tados por beduins pastores.
BISPO DE HYMERIA
O sr. bispo de Hymeria não accei-
tou o offerecimento de bispo de Co-
chim, pelo facto de não querer ausen-
tar-se da provincia de Moçambique,
onde deseja continuar na sua obra mis-
sionaria.
SECÇÃO ALEGRE
Um estudante, ao passar por uma
senhora, disse:
—Eis a mais linda mulher que te-
nho visto.
achando-o muito feio, respondeu:
—Sinto muito não poder dizer ou-
tro tanto.
— Pois minha senhora, redarguiu
o estudante, faça como eu, minta.
x
N’uma reunião:
À um ignorante que se vangloriava
de ter viajado por todo o mundo, dis-
seram-lhe:
—Então deve conhecer bem a geo-
graphia?
—Nunca lá estive, respondeu elle.
Porém, devo ter andado muito proximo
della.
*
A” porta d’um cemiterio:
—Por cima da porta d’um cemite-
rio do districto de…, mandou à junta
pintar o seguinte aviso:
«Neste cemitério sómente se en-
terram os mortos que vivam na fre-
guezia».
Costi pio ia A
BIBLIOGRAPHIA
Recebemos a visita dos seguintes
collegas, que muito agradecemos: De-
feza da Beira, de Castello Branco; Povo
de Guimarães, de Guimarães; O Alem-
tejano, de Montemór-o-Novo: Jornal da
Louzã, da Louzã; O Herminio, de Gou-
vela; e La Consciencia Libre, de Va-
lencia.
Vamos estabelecer permuta.
a
ANNUNCIOS
BILIOTHECA AMOROSA
E” uma nova collecção de contos
engraçados, estylo realista, suave, Lran-
sparente, sem vocabulos pornographi-
cos. Cada volume, que consta de 32 a
64 paginas, impressas em bom papel
assetinado e ornamentado com 3 boni-
tas gravuras, custa apenas 60 réis.
Cada serie de 10 contos ou sejam
320 paginas e 54 gravuras, 500 réis.
Vende-se nas principaes livrarias
de Lisboa e Porto, provincias, ilhas,
Africa e Brazil, devendo os pedidos ser
dirigidos à
LIVRARIA EDITORA
DE
Francisco Silva
89, Rua de Santo Antão, g1
LISBOA
o Re PE
AVENTURAS D’UMAS BOTAS…
3 volumes elegantemente encader-
-nados a percalina. Preço 35000 réis.
COIMBRA — IMPRENSA ACADEMICA,
A senhora olhando para elle, e –
eso