A Comarca da Sertã nº308 13-08-1942

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Lotuondo Barata do Tila Coneia
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ==
RUA SERPA PINTO-SERTÃ

“PUBLICA-SE ÁS QUARTAS FEIRAS

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETARIO

 

ee FUNDADORES.

— Dr. José Carlos Ebrhardt>=“
— Dr: Angelo Henriques Mills.
—— Antônio Barata e Silvas ——
Dr. José Barata CorrBa é Silva
Eduardo Barata da Silva Corrêa

 

rtã

1
Composto A Impresso

NA
Ip, PORTELHA FEIO
CASTELO
BRANCO

ausson
TELEFONE
112

 

 

 

 

 

ANO VII.

 

Notas ie E

 

B nr do «Comércio do

je publicamos.

bi

dos», do Rio de Janeiro, enal
tece o génio português, afir-
mando ;
descendentes directos dos por-
tugueses, que foram os maio-
res descobridores, explorado-
res e pioneiros coloniais da
História. A extraordinária ha-
bilidade do povo brasileiro em
vencer dificnldades quási in-
superáveis no desenvolvimen-
to de vastas regiões tropicais
dêste país, não é exclusiva,
mente da sua nalareza pró
pria..O povo brasileiro herdou
estas qualidades dos sens an-
tepassados portugueses».
Numa outra passagem pres-

tas,

colonizadora dos portugueses
à saa extraordinária influên-
cia na expansão da Fé Crista
e innata capacidade comercial,
povo admirável que levou a
todo o mando a civilização
europeia; e no próprio Extre-
mo-Ortente marcou traços in=
deléveis do seu poderio.

bre.

am estrangeiro.

nm mito

trar p»pos-sêcos antes das 10 30
horas; sabido que esta quali
dade, de pão é a preferida para
o primeiro almôço, que em ge-.
ral! tôda a gente toma antes
daquela hora, pode caicalar-
se o transtôrno que faz a sua

fa

Segundo nos têm dita, o
amassador — que grande ma-
pador | — não está disposto. a
levantar se cedo para o servi-
çol –

“Assim, cai pela base aquêle

dito popular

: umpadeiro à meia-noite…»

ty

NTONIO FERRO, grande

Secretariado, da “Propaganda
cla da Emissora Na-

te

E não admira; porque António

Ferro, pelo seu saber e inteli

gência,.. valor marcante da a-

msi “geração, tem contribai=
o

“a aprozimação dos países

da

pos morais:e espirituais indes-
trutiveisse) que “núma “época
gloribsa, já distante, se deram

undo os esplendores da Ci-

viliz Cristã emprêsa he.
rói blime, sem paralelo
na

 

org ata estas afirmações, so=

N.º 308

 

Pórto» o editorial que ho-

eos

M jornalista e diplomata
americano, em artigo pu-
cado nos «Diários Associa

«Os brasileiros são

lhes esta pregunta :

se homenagem à vocação

ladrão.

São, para nós, motivo de

 

do quando proferidas por
e rose

Fere que na pada-

ria local se possam encon-

do que o ladrão,

«E levanta-se
Sra z

“ jornalista e, director do

nal, anda de visita a terras
Espanha sendo festivamen
recebido por tôda a parte.

perteza e manha,

extraordinâriamente para

Península, unidos por la-

mãos pura levar q todo o

 

at Fia’ da HamABiatad,

 

P
E

Hebdomadário regionalista, independente, defensor dos interêsses da comarca da Sextã: concelhos de Sertã
| Oleiros, Proença-a-Nova-e Vila de Rei; e freguesias de Amêndoa e Gardigos (do concelho de Mação )

FINANÇAS

ECONOMIA

 

 

 

do Exército mandarem os alunos

celebrar uma missa todos 08 anos
por alma dos camaradas falecidos. Contou-
nos o saúdoso conselheiro Fernando de Sou-
sa que no seu tempo de aluno da Bempos-
ta fôra uma vez celebrante o ilustre bispo
de Viseu, Alves Martins, e êle, F. de Sousa,
um dos ajudantes. O bispo que era bondo-
so e engraçado, entreteve:-se uns minutos
em conversa com os dois cadetes que lhe
ajudaram à missa e a certa altura destechov-

Ro de ugo noutros tempos na Escola

— Os. senhores cadetes qual acham
preferível, um burro ou um; ladrão ?

Os dois cadetes responderam à uma :

— Um burro, senhor D. António.

— Pois eu prefiro um ladrão, respon-
deu o ilustre prelado, por duas razões: 1.º,
porque dum ladrão pode fazer-se ainda uma
boa pessoa e dum burro não se pode fazer
cuisa nenhuma; 2.º, porque numa horta faz
muito mais estragos um burro do que um

Muitas vêzes na vida tenho tido oca-
sião de verificar.a profundeza daquelas ver-
dades que Alves Martins enunciou em duas
frases pitorescas e incisivas. Dum burro
não se pode fazer coisa nenhuma, quer di-
ger, um burro será tôda a vida burro e só
podereis aproveitá-lo como animal de car-
ga on de tiro, Se quizerdes tuzer dôle ou-
tra coisa, não só perdeis o tempo e o feitio,
mas praticais uma acção má, porque idea
metô-lo na burta, onde fará mais estragos

E” claro que o burro se sente sempre
fadado para altas cavalarias e se lhe derdes
lta, ouvidos, vê-lo-eis alardear grandes propó
à aitos de bem servir o raras capacidades pa-
ra altus cargos e altos feitos, Mas não vos
fieis vós que sabeis que 8le é burro, porque
o que quer é ir para a horta, encher a pan-
ça e endireitar as costas,

: Qomo todo o animal, racional uu irra-
cional, o burro obedece cegamente à mais
respeitada de tôdas as leis que é a lei…
do menor estórço. E diga-se em abôno da
verdade que Muitas vezes consegue tugir
ao pêso-da albarda e ao apêrto do arrôchu
com sagacidade rara em qualquer espécie
animal e muito de admirar na sua, pará
tudo bronca, menos para as cunveniências
próprias, onde por vezes é um génio de es=

Ha muitas variedades de burros, A |
mais vulgar é a do burro boa pessoa, de boa
tamília, bom educado, de tôda a confiança,
a quem se pode entregar ouro em: pó, e, le-
vado pur estas boas qualidades, entregais-
lhe a horta, vossa ou a de outróm, onde êle
fará mais estragos do que um ladrão,

Desta espécie de burros está infectada
toda a economia naciunal. Nu
o nosso onde as élites | são raríssimas em
todas os vamos da actividade humana, é

um pais como

 

vulgaríssimo encontrarmos no caminho (bas.
tantes tem encontrado o signatário destas
linhas) pessoas cheias de talento e habili=
tações, sem terem onde ganhar o pão de
cada dia, havendo tantos lugares de res-
ponsabilidade ocupados por alarves de to-
dos os calibres, mas boas pessoas, bem edu-
cados, de boa família e de tôda a confiança,
Simplesmente no desempenho das suas fun-
ções, fazem mais estragos do que os ladrões,

A par do burro bua pessua, há o burro
grave, sisudo, calado, misterioso, com to
dos 08 aspectos da prudência, da tempe-
rança e até da fortaleza e da justiça, Esta
espécie de burros é mais rara e à primeira
vista duftcil de conhecer,

Era ainda estudantinho do liceu o si-
gnatário destas linhas quando foi apresen-
tado, em casa de pessoa amiga, ao ar. dr.
F., estudante universitário, e pessoa de ra=
ro talento, segundo lhe fui dito na ocasiao,
Era dia de testa na família e havia muitos
convidados para o jantar. À conversa era
cheia de animação, todos falavam e riam,
menos o gr. dr. F. que se mantinha silen-
cioso, grave e recolhido. Para mim tudo
aquilo eram manifestações de talento, mas
eu ardia em curiosidade de ouvir aquele
oráculo. Em certa altura a conversa enve
redou para a política, então assás agitada
(estava o-Conselheiro João Franco no po-
der) e a animação subiu de ponto, estabe-
lecendu-se pulémica animada entre o dono
da casa que era franquista ferrenho e 0 pl-
gaatário destas linhas que o não era. Na-
quele tempo nao havia estudantinho do li-
ceu que não tivesse parido político, e foi
oom surpreza que notei que o er. dr, F,
continuava recolhido na gravidade do seu
silôncio, indiferente à nossa polémica, im-
penetrável à nossa animação, Não me pude
Sonter que lhe não dissesse :

— kia V. Ex, er, dr, F., que lhe pa-
rece ?

O dr, F.; sempre sisudo e grave, levan-
ta vagarosamente os olhus do prato, vira-se
para mim, e diz:

— Hu sou ainda muito novo para me
ocupar dessas coisas !..,

E enquanto os convivas riam a bandei-
ras despregadas e eu gurava até à ponta
das orelhas, o sr. dr, F, recolhia de novo à
gravidade do seu silêncio, para, de olhos
pousados sôbre « pratu, continuar ensimes-
mado até ao fim do jantar.

Fiquei confundido com o talento da
resposta e com a gravidade du prócere e
quando dôle me despedi respeitosamente,
filo com a convicção de ter encontrado um
alento de primeira água,

Dois anos volvidos, fui encontrar em
Coimbra o nosso homem e só então vim a
saber que tinha fama e proveito de ser uma
das maiores azémolas que tinham passado,
na Porta Férrea !…

(Continua na 4º página)

ami
| AGOSTO
19492

 

“«. à lápis

 

 

 

 

 

BM Góis forinangorado am
belo campo de jogos.

A Sertã, então, que tem cas
verra de burro, contentou-se,
para o mesmo fim, com a ces
dência do acanhado largo em
frente do Matadonru, para o
que a Câmara, a pedido do
mertanense Foot-Ball Clnb,
mandou arrancar uma porção
de árvores, Fez-se isto há, tal=
vez, meia dúzia de anos; as
dendo contar-se os desafi
futebol que ali se da
até hoje; dêstes, muito poncos
foram promovidos pelo Serta-
nense, que nunca cardoy a vg.
ler dos desportos, não obs
tante ser essa uma das suas
principuis atribuições.

Foi sol de ponca dura esse
entusiasmo pelo fuibbul, que
noutras terras mais pequenas
tem ardentes qamiradores,

Derrubaram-se árvores sem
qualquer proveito, quando, se
houvesse verdadeiro interêsse
pela cultnra física, se podia
ter pedido à Câmara a expro-
priação idum terreno amplo
que existe na Abegoaria e que
reúne tôdas as condições para
o efeito, podendo lá instalar=
se um balneário, um vestiário,
etc. e sem o graveinconvenien-
ue de ver o campo continna-
mente espesinhado por anima-
lejos de tôda a espécie, espa- zh,
lhando dejectos, como sucede
na Carvalhal

Também, em tempo, iuns ras
pazes conseguiram instalar no
purque do Hospital um cumpo
de «tennis», pura ro que foi
necessário decepar algumas
boas árvores nêle existentes,
Pouca duração teve o jôgo. Ao
fim e ao cavo as vedações de-
sapareceram, porque ninguém
mais pensou em continuar o
salutar desporto, mas no lo-
cal não se plantaram outras
árvores, como a atestar des-
mazêlo e a fúria arboricida
do indígena,

Enfim, uma pândega pega-
dal ‘

O ao é:
ENQUANTO por aqgui’vimos
suportando um culor gãs
focante, nas praias a temperas
tura corre fresca, a brisa des
licia e preuispõe: bem aquêles
que se aventuraram até lá, *
buscando o tratamento hélio=
muartttmo, ontros ares e o re-
pozso de que care:

Só temos que os “imbejarf
pois, além da frescura das
manhazinhas gozadas na Fon-
te aa Pinta e dos banhes nas
ribeiras, nada mais temos ao
nusso dispor |

E mesmo assim dâmonos
por satisfeitos!

 

 

Este número foi visado pela | À
Comissão de Censura

 

de Caslelo Branço